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1 Beatriz Machado de Almeida Emergências obstétricas – Aula 13 ANAMNESE - IDENTIFICAÇÃO • Paciente de 25 anos, natural de Ipirá, procedente de Simões Filho, branca, união estável, grau de instrução 2º grau, católica, vendedora. Grau de informação: bom. • Dia desta consulta: 12/09/2018. • Queixa principal: Disúria há 2 dias. • História da doença atual: Paciente refere dor pélvica há 1 semana, não procurou maternidade, pois não tinha como deixar o trabalho. Há dois dias piorou a dor pélvica, que evoluiu com disúria procurando o atendimento na Tysilla Balbino. • DUM: 07/03/2018. • USG (15/06/2018): 15 semanas. QUAL A IDADE GESTACIONAL? Não iniciou o pré-natal. Trabalha como vendedora na Av. Sete de setembro, tem uma barraquinha e refere “se deixar de trabalhar deixa de comer” (SIC). Quais hipóteses diagnósticas até o momento? • P1: Disúria e dor pélvica → ITU; vulvovaginites. • P2: Sem pré-natal. Antecedentes: • Ginecológicos: D.U.M. 07/03/2018, ciclos regulares, fluxo de ++/IV, duração de 3 dias, nega dismenorreia. Menarca aos 10 anos. Faz uso irregular de contraceptivos. • Sexuais: Coitarca aos 14 anos, não sabe referir quantos parceiros. Refere passado de sífilis. Nega outras DST´s. • Obstétricos G5P3A1. 1ª Gestação: aos 15 anos, sem morbidades, parto normal, a termo, sem complicações; filho com 10 anos no momento. Peso RN 3500g. 2ª gestação: aos 17 anos, sem morbidades, aborto provocado, com curetagem; 3ª gestação: com 19 anos, aumento da pressão arterial na gestação, parto cesariano, acha que foi por causa do peso do bebê, filho vivo com 6 anos. Peso ao nascer 4kg. Considerações: Na anamnese obstétrica é interessante que se escreva o máximo de dados que puder, com a intenção de buscar fatores de risco. 4ª gestação: aos 22 anos, sem morbidades, parto cesariano, a termo, sem complicações; filho vivo com com 03 anos no momento. Peso ao nascimento 4200g. Fez tratamento para sífilis nesta gestação. Relembrando que dois desses bebês foram grandes, um de 4kg e outro com 4.200g, sendo fator de risco para DMG. Ela poderia ter tido DMG e desconhecer. Sendo que na obstetrícia quando ocorre uma vez, pode se repetir subsequentemente, ou seja, todas as patologias da obstetrícia, se a paciente apresentou uma vez, pode apresentar de novo. • Familiares: pai falecido quando ela era pequena, não sabe dizer o porquê, mãe diabética. • Cirúrgicos: 02 PSAC, último há 3 anos. • Patológico: passado de sífilis. HÁBITOS DE VIDA: Nega tabagismo, nega etilismo social e nega uso de outras drogas. HISTÓRIA PSICOSSOCIAL: Mora em casa, com água encanada, com saneamento básico, com luz elétrica. Infecção Urinária na Gestação 2 Beatriz Machado de Almeida Emergências obstétricas – Aula 13 Trabalhava como vendedora. Tem boa relação com a família. Atualmente está com o pai da criança que está esperando, embora ele não mora na casa delas com os enteados. • Exame físico: ❖ BEG, LOTE, corada, anictérica, acianótica, eupneica, afebril.PR: 72 bpm, FR: 16 ipm; TA: 120 X 80mmHg; Sat O2: 98%; Tax: 36,5ºC. ❖ ACV: BRNF em 2T sem sopro sistólico. ❖ AR: MVBD sem RA ❖ ABD: gravídico, FU: 21cm, abdome flácido, indolor, BCF 148 bpm, MS ausentes. ❖ AGU: Ao exame especular: fluxo branco grumoso, sem odor. ❖ Ao toque vaginal: colo fechado. ❖ Ext.: sem edemas, sem varizes. ATENTAR para os sinais que possam indicar complicação de uma infecção, como sepse. Esse exame físico deixa mais tranquilo pelo fato de não apresentar complicação. Qual a suspeita ginecológica desse fluxo branco e grumoso? Lembrando que caso ela tiver diabética e ainda não souber, pode apresentar risco aumentado tanto para infecções urinárias quanto para candidíase. Sendo que podem também apresentar queixa de disúria ou ardência. Sempre que houver queixa de disúria realizar o exame especular, pra saber se não tem o fluxo vaginal alterado também. A principal causa de parto prematuro é infecção, no geral, dentre as infecções: a urinária; Vaginose bacteriana, candidíase... Suspeitas diagnósticas: • P1: disúria e dor pélvica – ITU. • P2: Sem pré-natal. • P3: Vulvovaginite. • P4: Passado de DHEG. P5: Fator de risco para DMG. • P6: Vulnerabilidade social. • P7: Prematuridade. Quais exames devem ser solicitados? • Sumário de Urina. • Urocultura. • Rotina DHEG (se estivesse à nível ambulatorial, por conta do passado dela, é importante ver se tem alguma lesão de órgão - alvo, embora no momento estar com tudo controlado). • VDRL. No pré-natal precisaria de vários outros exames, mas essa é a consulta da emergência, ou se ela tivesse uma apresentação clínica mais grave. A princípio não tem necessidade de fazer USG, pois não vai mudar a conduta, se o bebê estiver mexendo. Mas o resultado de um sumário ou PCR pode mudar a conduta. Quando for algo mais sistêmico, pode ampliar esses exames. CASO CLÍNICO O nitrito está positivo, o que chama atenção para ITU. A proteinúria de uma + pode estar relacionado com um processo de infecção. VDRL 1:2 está compatível com um passado de infecção, como uma cicatriz. A urocultura não dá tempo de sair na emergência, é necessário pegar depois no ambulatório. A CONDUTA DO MÉDICO: paciente foi liberada com os exames e prescrito creme vaginal (pomada para candidíase – miconazol). Uma semana depois: • Paciente voltou no dia 18/09/2018 depois com febre, calafrios e dor lombar. • No exame físico, apresentava contrações 1 em 10 min de 30 segundos. • Ao toque vaginal, colo de 1 polpa e apagado 50%. Há uma semana, a infecção era baixa, era uma possível cistite. Por conta da conduta do médico, que esqueceu de prescrever antibiótico, evoluiu para pielonefrite. A paciente usou apenas creme vaginal, 3 Beatriz Machado de Almeida Emergências obstétricas – Aula 13 o que não tratou a infecção dela, evoluindo para um quadro mais grave, com febre, ou seja, mais sistêmico. Associado a isso, paciente evoluiu também para um trabalho de parto inicial. Hipóteses diagnósticas: • P1: febre + calafrios + dor lombar. Infecção trato urinário → piolonefrite, • P2: contrações + modificação cervical → Trabalho de parto prematuro, • P3: Vulvovaginite em tratamento. • P4: passado de DHEG. • P5: Fator de risco para diabetes gestacional. • P6: vulnerabilidade social e sem pré-natal. • P7: prematuridade. Em relação a pielonefrite, o que mais poderia ter sido pedido? Pielonefite é um caso grave, por isso é bom uma avaliação do bebê, ver o líquido, o perfil físico. Infecções altera questões metabólicas. • Hemograma: precisa ver bastões e formas novas: Na gestante, os bastões podem chegar até 15000. Ou até um pouco mais, em algumas referências. • PCR e VHS. • USG do bebê. • USG de vias urinárias e função renal (ureia e creatinina): ver e avaliar o rim. • Sumário de urina: pode ser repetido para observar os sedimentos (cilindros hialinos, granulosos). • Urocultura: na vigência dos antibióticos, pode dar alterada. • Rotina de infecção. NOVO EXAME DO CASO A ureia e a creatinina modificaram, havendo um aumento. Então, está havendo uma lesão renal por conta da infecção urinária. O leuco também aumentou, com bastões. Além disso, o PCR aumentou. Esses valores indicam quadro infeccioso sistêmico grave. Então, é necessário ficar atento a sepse, fazer o q-SOFA. Atenção a função do rim, se a paciente vai ficar anúrica, oligúrica, que já seria um critério de disfunção de órgãos para sepse. Qual a conduta? • Internamento. • Antibioticoterapia. É necessário internar!! Tem infecção sistêmica, precisa monitorizar o estado geral da paciente, na hemodinâmica, diurese, sinais vitais. Antibiótico o quanto antes. Nesse caso, venoso, com grau de cobertura melhor. • No caso de cistite ou de uma infecçãoassintomática (bacteriúria assintomática): ATB oral – cefalosporina de 1ª geração. • Quadro sistêmico: cefalosporina de 3ª geração, de preferência venoso. Tem alguns antibióticos que não podem usar em gestante, são classe C, que tem riscos em animais, mas não sabemos descrever se pode atingir humano. Às vezes só terá da classe C, então veremos o risco- benefício. Ex.: tem uma urocultura que é resistente a tudo, menos a quinolonas; então, a depender do momento da idade gestacional, será discutido com essa paciente a prescrição. NOVOS CONCEITOS INFECÇÃO DO TRATO URINÁRIO 4 Beatriz Machado de Almeida Emergências obstétricas – Aula 13 As infeções do trato urinário (ITUs) são definidas pela colonização, invasão e proliferação de agentes infecciosos em qualquer parte do sistema urinário. A gestante tem mais predisposição a ter infecções urinárias, a explicação está na fisiologia. O rim da gestante: lembrar que o fluxo cardíaco aumenta muito, e com isso a filtração será maior. Tem volume e débito aumentados, então irá precisar que essa filtração acelere. Chega a aumentar 50% da filtração glomerular. Nesse aumento, pode ser que exista perdas de algumas moléculas, como por exemplo, molécula de açúcar, proteína, mas em pequenas quantidades, tanto que é tolerável até 150mg de proteína na urina, até 1+ de glicose. Dentre a fisiologia também, o relaxamento causado pela progesterona no ureter faz com que ele fique mais lenta a transição. Então, enquanto a filtração acontece mais rápido, a drenagem para bexiga pelo ureter será mais lenta. Aí terá uma bexiga que relaxa mais lentamente, que tem resíduo miccional, paciente urina toda hora, mas é como se não esvaziasse totalmente essa bexiga. Muitas vezes, dentro do resíduo miccional, terá a presença de glicose, proteína, criando um meio de cultura. Ai, vem a questão de defesa: a defesa no sistema hematopoiético imunológico da paciente gestante diminui um pouco a produção da resposta humoral. A celular aumenta, mas a função dessas células não fica tão boa, mesmo com valores aumentados. O leuco chega a ser 16.000, mas não tem uma função tão boa. Da parte da resposta humoral, os anticorpos também reduzem, principalmente a nível de IgA, que é uma das imunoglobulinas que protegem muito a nível urinário, principalmente contra a E.coli, que é uma bactéria que fica mais ou menos na região perineal, que às vezes pode transitar e adentrar na uretra, e não terá uma presença de IgA suficiente para criar um bloqueio para essa bactéria. Ela adentrando, chegará na bexiga, que terá um meio de cultura, que vai se proliferar, dando, muitas vezes, a bacteriúria asintomática, ou seja, colhe a cultura e dá o diagnóstico. Com um tempo pode ter sintomas, que é mais fácil de identificar, pois a paciente chega com dor pélvica, disúria, polaciúria. OBS. A poliúria é o aumento da frequência e da quantidade, já a polaciúria a quantidade é muito pequena. Se perguntar para a gestante no terceiro trimestre, ela responderá que vai no banheiro toda hora, e isso não caracteriza nem poliúria nem polaciúria, então ter cuidado. Quem já teve ITU sabe caracterizar muito bem a polaciúria, porque incomoda muito, pois vai toda hora no banheiro, não esvazia completamente, e arde. Isso tudo porque o próprio sistema urinário da gestante vai se adaptar para que isso ocorra, adaptar para resposta fisiológica, mas que invasores vão acabar aproveitando dessa situação. BACTERIÚRIA ASSINTOMÁTICA QUADRO CLÍNICO • 2 a 10% das gestantes; • Em 80% dos casos, a E.coli é o agente etiológico identificado. Então, quando vier um resultado positivo de urocultura, a primeira a se pensar é a E.coli, pois ela é a mais comum. DIAGNÓSTICO • Identificar a bactéria na urina que foi analisada, na quantidade de 100 mil unidades formadoras de colônias bacterianas por ml de urina confirmam. Menos que isso, não pode caracterizar como bacteriúria assintomática. • O tratamento é o mesmo para cistite, ou de acordo com a cultura e teste de sensibilidade. AGENTES Nas infecções não complicadas do trato urinário: • Escherichia coli (E. coli) é o patógeno mais frequente (75-95%). Outros agentes etiológicos: • Gram-negativos. ❖ Enterobacter sp. ❖ Klebisiella sp. ❖ Pseudomonas sp. • Gram-positivas, destacam-se: ❖ Staphylococcus saprophyticus. ❖ Enterococcus faecalise. ❖ Streptococcus agalactiae (do grupo B). 5 Beatriz Machado de Almeida Emergências obstétricas – Aula 13 CISTITE Cistite é a evolução. SINTOMAS • Disúria. • Polaciúria. • Urgência miccional. • Dor retropública, suprapública e abdominal. • Hematúria. EXAMES COMPLEMENTARES • Exame do sedimento urinário. • Urocultura (padrão ouro). Não existe bacteriúria assintomática pelo sumário. Ex.: nitrito positivo = bacteriúria: ERRADO. Isso não é o conceito de bacteriúria, bacteriúria é quando tem 100 mil unidades formadoras de colônias bacterianas, não a presença de nitrito. O nitrito é sedimento, vai ajudar. Então, o padrão ouro é dar o diagnóstico fechado por urocultura. Mas muitas vezes a clínica é soberana, quando a paciente tem disúria, passou o espectro não viu fluxo, tem dor pélvica: até que prove o contrário, é uma ITU. Complementa com o sumário de urina, que pode ter sedimentos, como cilindros hialinos (perda de células de defesa), granulosos (muito relacionado a pielonefrite). Aumenta a permeabilidade no processo de infecção, favorecendo a perda de nutrientes, e verá esses cilindros no sedimento, verá o nitrito, que é uma reação a algumas bactérias produtoras da uréase, que reagem formando o nitrito positivo; e a contagem dos leucócitos, que colocam como piócitos. Ter cuidado com a avaliação do sumário, porque às vezes pode ter no sumário a situação onde tem 25 de piócito por campo (na gestante já pensa em ITU a partir de 8 piócitos e não 10), só que, as vezes tem numerosas células epiteliais. Isso é o sumário que a leitura fica ruim, então acaba que tratamos infecção onde não tem. Às vezes a urocultura vem negativa, mas o sumário vem com 25 piócitos. Então, por conta de ter essas falhas, que chamamos de sumário sujo ou insatisfatório, o padrão ouro vai ser a urocultura. Utilizar a clínica, pedir a urocultura, iniciar antibiótico, resgatar essa urocultura para ver se vai manter antibiótico ou não. TRATAMENTO A primeira escolha para o Ministério da Saúde era Cefalexina, hoje a Febrasgo já traz a Amoxicilina, inclusive a Amoxicilina com clavulanato (quando olha a classe do clavulanato vai ter alterações no bebê, mas tem que ver o risco-benefício). Ampicilina, Cefuroxina, Nitrofurantoína também são antibióticos que pode usar na ITU. Se ela tem infecções recorrentes, tem que fazer profilaxia com esses mesmos antibióticos, mas mudando a classe, por ex.: no momento que usa a Amoxi, a Nitrofurantoína pode entrar como profilático. A dosagem de Amoxi é completa: 500mg a cada 8h. Se fosse para fazer profilaxia, seria só 1 comprimido. PIELONEFRITE QUADRO CLÍNICO Febre (>38°), dor em flanco, náusea, vômitos, lombalgia e sensibilidade costovertebral; Piúria é sinal típico de pielonefrite; 6 Beatriz Machado de Almeida Emergências obstétricas – Aula 13 Punho percussão dolorosa da loja renal – “Sinal de Giordano”. Atenção para não confundir dor lombar com Giordano positivo. Conversar com a paciente, mas não avisar a manobra que será feita. Faz o exame físico, avalia, tentando distrair a paciente, e assim realizar punho percussão leve nas costas. Caso a manobra de Giordano esteja positiva, a paciente pula mesmo de dor. A tríade clássica da pielonefrite seria a febre, dor lombar e Giordano positivo. O achado primário do exame físico é a sensibilidade no ângulo costovertebral à palpação profunda durante a punhopercussão. Justamente para tentar acessar, mesmo que pouco, a cavidade que está mais próxima do rim, como temos a cápsula de Gerota e o rim está irritado/inflamado, qualquer sensibilidade no local provoca essa dor. Quando fazer profilaxia para a paciente que se apresenta com pielonefrite? Paciente com cistite recorrente, que possui lesão renal, apenas um rim ou cistos renais, litíase renal, alguma alteração anatômica ou de função renal, bexiga neurogênica. Fazer a profilaxia para evitar que essa cistite evolua para um quadro mais grave (pielonefrite). EXAMES QUE DEVEM SER SOLICITADOS Ao suspeitar de infecções sistêmicas, não esquecer de solicitar a hemocultura. Lembrando que a cultura não deve atrasar a administração do antibiótico, ou seja, se já passou meia hora desde a sua suspeita até comunicar ao laboratório e ele colher (o ideal seria no momento do pico febril), mas que seja dentro da primeira hora desde que foi levantada a suspeita de possível infecção sistêmica – urocultura. Caso, na primeira hora, o laboratório demore de fazer a coleta ou não tenha sido possível o contato com o laboratório, por exemplo, não se deve aguardar que sejam feitas as culturas da paciente (quer seja hemo ou urocultura) para que seja introduzido o ATB. Cada hora que a paciente passa sem receber o antibiótico, principalmente nos quadros de sepse, aumentam as chances de a paciente vir a óbito. Então, a paciente chegou, o que solicitar? Sumário de urina, urocultura, hemograma, PCR, culturas, nos casos de pielonefrite é necessário solicitar função renal (ureia e creatinina), gasometria para avaliar lactato (até para se pensar na questão de sepse), USG de vias urinárias. Ficar atento para disfunção de órgãos! Lembrar que, para qualquer quadro de infecção, é necessário hidratar o paciente e entrar com antibioticoterapia. Na foto acima, fluxograma/terapêutica de uma sugestão do protocolo da Federação de Ginecologistas e Obstetras do Brasil, portanto, podem exercitar com o protocolo, que trabalha um pouco diferente, varia de um protocolo para outro. Ao término do tratamento, que varia entre 10 a 14 dias, e a depender da gravidade desta paciente, é necessário que seja feita a profilaxia (01 comprimido de um ATB de uma classe diferente durante toda a gestação até 06 semanas do pós- parto). Lembrar à paciente de manter os cuidados, esvaziar a bexiga e ficar observando. O quadro de ITU na gestante é semelhante ao da clínica médica, o que devemos ficar em alerta são os ATB, quais tem risco e quais não tem para a gestante, quais são permitidos durante à amamentação. É preciso analisar as classes de antibióticos que serão seguras para a mãe e para o bebê. Pela UFDA: • Classe A – Não há risco para animais ou humanos; • Classe B – Em geral, não demonstrou risco em animais, mas pode ser danosa para humanos, já que não foi testada neles; 7 Beatriz Machado de Almeida Emergências obstétricas – Aula 13 Muitas vezes utilizamos as classes A e B tranquilamente. • Classe C – Alterações em animais, não se sabe dizer se as mesmas alterações serão vistas em humanos; Para a classe C, é necessário mediar risco. Por exemplo, paciente com um quadro grave de infecção (sabe-se que ela tem resistência ou alergia aos beta lactâmicos e às cefalosporinas), então, não é possível administrar uma Ceftriaxone (cefalosporina), sendo necessário ir para outra classe de medicamento (um cipro – classe C). É uma paciente que está com uma infecção/pielonefrite, com um quadro mais grave, portanto, avaliar risco-benefício e conversar com a família, porque se não se aumenta a chance de óbito. Além disso, atentar para os cuidados de segmento, além de prescrever o ATB, a urocultura passa a ser mensal (urocultura de segmento) para aquelas pacientes que já tiveram uma pielonefrite, recorrência de infecções (ex: duas cistites), alteração (ex: litíase renal) com um episódio de infecção urinária já é para ser considerado como gravidade por ter maiores chances de evoluir com piora, nova infecção. Manter profilaxia de 01 comprimido por dia e explicar na receita que o uso é profilático para a paciente não ter problema no momento de pegar o remédio na farmácia.
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