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desenv humano na infancia e adolescencia uniritter

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DESENVOLVIMENTO HUMANO NA 
INFÂNCIA E ADOLESCÊNCIA
UNIDADE 2 – DA GRAVIDEZ AO FINAL DA 
INFÂNCIA
Autoria: Taís Feitosa da Silva – Revisão técnica: Camila Moreno de Lima Silva
- -2
Introdução
Nesta unidade, você encontrará conhecimentos sobre as teorias sociocultural e humanistas, além de entender
todo o processo biológico, físico e psicossocial durante a gestação, o parto e o pós-parto, culminando com o
transcurso da infância. Você já parou para pensar como a gestação é um fenômeno complexo para a mulher? Já
pensou na quantidade de alterações físicas, emocionais e sociais que ela vive ao ter um filho? E quanto à criança,
você faz ideia da intensidade e velocidade na qual as mudanças estruturais e cognitivas acontecem na infância?
A Teoria Sociocultural, assim como todas as outras teorias que embasam o desenvolvimento humano, também
busca entendê-lo, porém pela ótica da influência da sociedade e das relações interpessoais e da cultura na qual
as pessoas estão inseridas. Já as teorias humanistas, que também buscam entender o desenvolvimento dos
indivíduos e os respectivos fatores influenciadores, tomam como base o fato de que todo ser humano deve se
transformar na melhor pessoa que deseja se tornar, aliando-se a ferramentas e instrumentos que possam
colaborar com isso. As teorias humanistas têm como ponto central a existência de particularidades de cada ser
humano, suas complexidades e singularidades, seus motivos e interesses.
Vamos entender, nesta unidade, como surgiram estas teorias citadas anteriormente e como são utilizadas
atualmente para compreender o processo de desenvolvimento humano que acontece com tanta intensidade.
Além disso, vamos estudar como acontecem os fenômenos de concepção, gestação, parto, pós-parto e infância,
fases que são determinantes para o desenvolvimento humano e que marcam grandes mudanças e aprendizados,
tanto para a criança quanto para a mãe. Então, aproveite a oportunidade, entenda todo esse conteúdo referente a
esse período da vida da mulher e da criança que é tão delicado, importante e influenciador de todo o
desenvolvimento humano.
Bons estudos!
1.1 Teoria Sociocultural
Entre as teorias que existiram ao longo da história e que abordam o desenvolvimento humano, todas têm uma
característica em comum, que é a busca pelo entendimento de como se forma o ser humano e quais fatores
podem ou não influenciar esse processo de evolução e amadurecimento.
A Teoria Sociocultural também surgiu com este objetivo de entender o ser humano desde sua concepção até a
morte. No entanto, Lev Semyonovich Vygotsky, ao criar essa teoria, teve como base a influência da sociedade
sobre o desenvolvimento humano individual e enfatiza a interação e o relacionamento entre as pessoas e a
cultura na qual estão inseridas (CAMPIRA; ARAÚJO, 2012).
Sendo assim, vamos entender melhor como foi criada a teoria de Vygotsky e como ela é tratada atualmente,
dentro do processo de desenvolvimento humano.
1.1.1 Teoria de Lev Semyonovich Vygotsky
Lev Semyonovich Vygotsky foi um psicólogo russo e um grande pensador da sua área e da época em que viveu,
sendo ainda muito lembrado e estudado atualmente. Ele foi considerado por muitos um pioneiro na área do
desenvolvimento intelectual de crianças a partir da interação social e das condições de vida apresentadas. Ele
estudou e se formou na Universidade popular de Shanyavski em Moscou e faleceu em 1934, deixando um grande
legado sobre o que desenvolveu ao longo de sua carreira (SOUZA, 2011).
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Figura 1 - Prédio em universidade na Bielorrússia cujo nome homenageia Lev Semyonovich Vygotsky
Fonte: iStock, 2020.
#PraCegoVer: a figura mostra a fotografia de um prédio de uma universidade na Bielorrússia, cujo nome
homenageia Lev Vygotsky.
Vygotsky acreditava que o desenvolvimento da criança acontecia de forma contínua por meio da aquisição de
controle sobre algumas funções físicas e cognitivas que antes eram tidas como passivas (SOUZA, 2011). Segundo
o teórico, a capacidade de transformar estruturas complexas em algo que pode ser visto de forma mais simples é
um grande instrumento da inteligência humana e faz com que, por meio de contatos com novos conceitos, a
criança possa resgatar essa simplicidade e não necessitar de uma reestruturação mental completa para poder
incorporá-los. Nesse sentido, a utilização do brinquedo possibilita à criança perpassar um mundo imaginário
onde é possível realizar os seus desejos.
Esse importante estudioso foi o primeiro a associar aspectos da psicologia cognitiva com conhecimentos da
neurologia e da fisiologia humana, afirmando que atividades cerebrais produzem as funções psicológicas do ser
humano. Nesse sentido, ele acreditava em dois conceitos: 1) materialismo dialético: simultaneidade entre corpo
e alma, de maneira que um fenômeno possui uma história que se modifica e explica mudanças nos processos
psicológicos; 2) materialismo histórico: mudanças na sociedade produzem mudanças no ser humano, afetando
diretamente a evolução dos seus processos psicológicos (SOUZA, 2011).
Por isso, no início do século XX, tentando entender uma estagnação vivenciada na área da psicologia, esse teórico
desenvolveu vários estudos que resultaram na demonstração da influência social no desenvolvimento das
funções cognitivas, fazendo com que hoje possamos entender que as funções psicológicas tenham como base a
atividade cerebral, que o funcionamento psicológico fundamenta-se nas relações interpessoais e que a relação
entre o homem e o mundo também é influenciada por sistemas simbólicos (CAMPIRA; ARAÚJO, 2012).
Nesse sentido, Vygotsky divergiu de outras teorias, como a behaviorista e a de Jean Piaget, pois, segundo ele, a
trajetória da formação do pensamento acontece no sentido sociedade-indivíduo e não no sentido indivíduo-
sociedade, como essas outras teorias acreditavam. Por isso, ainda segundo Vygotsky, o pensamento não é
formado com autonomia e independência, mas sob condições determinadas, e é influenciado pela cultura que se
apresenta ao redor do ser humano em desenvolvimento (SOUZA, 2011).
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Outro ponto muito marcante da Teoria Sociocultural é a afirmação do papel fundamental de atividades infantis
na evolução da criança, pois, segundo Vygotsky, essa evolução é desencadeada pelas ações que a criança faz e
pela interação com objetos que modelam o pensamento. Dessa forma, a interação social e o convívio com
determinadas formas de agir vão fazendo com que a criança construa seus signos e símbolos, como por exemplo
a linguagem (SOUZA, 2011).
Nesse sentido, Vygotsky desenvolveu o que ele chamou de Zona de Desenvolvimento Proximal (ZDP), que ele
afirmou ter criado a partir de suas pesquisas pessoais. A ZDP é a distância existente entre o nível de
desenvolvimento real (onde existem soluções independentes) e o nível de desenvolvimento potencial (solução
de problemas sob a orientação de um adulto ou em colaboração com outras pessoas mais capazes). Vygotsky
afirma, com essa teoria, que determinadas atividades podem ser realizadas sem ajuda de outras pessoas, pelo
fato de que já foram internalizadas pelo aprendiz (SOUZA, 2011).
A partir da existência dessa zona, Vygotsky desenvolveu a Teoria Sociocultural, que começou a ser estudada
inicialmente pela escola de psicologia soviética. De fato, ele construiu na psicologia o conhecimento de que a
existência social não é apenas um “objeto”, mas é algo que na mente do indivíduo gera conceitos que ele
relaciona com signos (SOUZA, 2011).
Com base em tudo o que foi discutido, podemos claramente perceber como Vygotsky, sua teoria e seus
conhecimentos produzidos por seus estudos científicos foram e são influentes ainda nos dias de hoje por
diversos profissionais da psicologia e do desenvolvimento humano.
VOCÊ QUER LER?
O livro , de Lev Vygosky, publicado originalmente em 1978, falaA formação social da mente
sobre a teoria do desenvolvimento sociocultural, mostrando uma seleção dos ensaios mais
importantes de Vygotsky.
VOCÊ QUER VER?
O filme , lançado em 2007, sob direção e roteiro de RichardEscritoresda liberdade
LaGravenese, fala da história de uma professora idealista que chega a uma escola de bairro
corrompida pela agressividade e violência.
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1.1.2 Teorias humanistas
As teorias humanistas, também conhecidas como humanismo, tomam por base as particularidades de cada ser
humano, suas complexidades e singularidades. Por isso o processo de aprendizagem que considera as teorias
humanistas tem uma perspectiva de desenvolvimento da pessoa. Essas teorias surgiram na década de 1950 e
ganharam um grande desenvolvimento nas décadas de 1960 e 1970, tendo contribuído para humanizar os
atendimentos psíquicos (LIMA, 2018).
Essas teorias criticam fortemente o behaviorismo, pelo fato de que o humanismo não aceita a ideia de o ser
humano ser considerado uma máquina ou um animal, e em alguns pontos convergem com o construtivismo, uma
vez que se acredita que a aprendizagem é um processo individual tanto na representação quanto na
reestruturação cognitiva (LIMA, 2018).
1.1.2.1 Carl Rogers e Abraham Maslow
O grande nome fortemente influenciador das teorias humanistas foi Carl Ransom Rogers, muito conhecido como
um influente teórico dessas teorias e do estudo da personalidade, que também ficou conhecida como terceira
forma da psicologia. À medida que ele observava os comportamentos de seus pacientes na atuação como
terapeuta e psicólogo clínico, ele levou as teorias humanistas a uma evolução, fazendo com que estas
contribuíssem com a Abordagem Centrada na Pessoa (ACP) e com outras áreas, como educação e ciências
sociais. Segundo Rogers, pessoas psicologicamente saudáveis possuem um autoconceito verdadeiro e pessoas
psicologicamente não saudáveis apresentam uma desarmonia entre o autoconceito real e o autoconceito ideal de
si (LIMA, 2018)
Outro grande nome da psicologia humanista é Abraham Maslow, que também tem origem estadunidense e
acreditava na capacidade de uma pessoa se tornar autorrealizadora e chegar ao nível mais alto de sua existência.
Seguindo esse raciocínio, Maslow criou uma escala de necessidades que devem ser atendidas, e, quando isso
acontece, surgem outras necessidades, fazendo com que o indivíduo caminhe em busca da autorrealização.
VAMOS PRATICAR?
Agora que você conhece a Teoria Sociocultural, desenvolva um texto dissertativo de até uma
lauda, elencando e explicando três principais características dessa teoria.
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Figura 2 - Pirâmide das necessidades humanas de Maslow
Fonte: Adaptado de iStock, 2020.
#PraCegoVer: a imagem apresenta a pirâmide de Maslow, que hierarquiza as necessidades do ser humano: no
nível mais baixo (em vermelho), estão as necessidades fisiológicas, logo acima (em laranja) as necessidades de
segurança, seguido de amor e pertencimento (em amarelo), estima (em verde) e autorrealização (em azul), que
serão detalhadas no texto.
A escala de necessidades de Maslow é composta por cinco categorias das necessidades humanas, sendo elas:
necessidades fisiológicas, de segurança, de afeto, de estimas e de autorrealização. Essa escala tem uma estrutura
de pirâmide, na qual a base representa as necessidades básicas de sobrevivência do ser humano (MASLOW,
1975).
O segundo nível dessa pirâmide é a segurança. Quando nos sentimos seguros diante de perigos, como ter
proteção, ter estabilidade na vida, conseguir preservar seu emprego, poder planejar o orçamento da família,
além de fatores da própria segurança física, no que tange à exposição a acidentes, temos esse nível da pirâmide
suprido (MASLOW, 1975).
O terceiro, o quarto e o quinto níveis são considerados fatores psicológicos: social, autoestima e autorrealização.
O fator psicológico social diz respeito às necessidades de relacionamento com outras pessoas e inicia com o
contato com os pais e o nível mais elevado de relacionamento que pode acontecer é a presença dos filhos na vida
adulta (MASLOW, 1975).
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O quarto e o quinto níveis da pirâmide se referem à necessidade de autoestima para que possamos nos sentir
dignos, autoconfiantes e independentes. A autoestima possui duas vertentes. A primeira acontece a nível do
próprio reconhecimento de nossas capacidades. A segunda acontece com a necessidade de reconhecimento de
nossas capacidades por outras pessoas, nos dando prestígio (MASLOW, 1975). Na figura anterior, a primeira
vertente seria representada pelo nível 5 (mais no topo, em azul) e a segunda pelo nível 4 (em verde, logo abaixo).
Sendo assim, identificamos que as teorias humanistas, tanto de Carl Rogers, como de Maslow, fundamentam-se
no ser humano em si, em suas necessidades e seus desejos, e que ele mesmo pode decidir o curso de sua vida e
de seus pensamentos e emoções.
1.2 Aspectos fisiológicos, psicossociais e afetivos de 
gravidez, parto e puerpério
Gerar uma pessoa é um papel inteiramente do domínio da mulher, uma vez que apenas mulheres podem gerar
uma criança. Porém, é necessária a participação masculina, com a presença do espermatozoide, para o que novo
ser humano seja gerado.
O fato é que gerar uma criança é um processo de muitas mudanças e adaptações para o ser que está sendo
gerado, para a mãe que o está gerando e para todos que estão por perto. Quanto à gravidez, também chamada de
gestação, não podemos esquecer dois momentos posteriores, que também são muito importantes para uma
mulher que tem um ou mais filhos. Estamos falando do parto e do pós-parto, também chamado de puerpério.
Vamos aprender sobre os aspectos fisiológicos, psicológicos e sociais da mãe e da criança nos conteúdos a seguir.
1.2.1 Aspectos fisiológicos da gravidez, do parto e do puerpério
O termo gestação tem como significado a ação de gerar, e o termo gravidez é um sinônimo, que tem como
significado o estado restante da fecundação de um óvulo pelo espermatozoide e que envolve subsequente
desenvolvimento uterino do feto a ser gerado, até que, em um momento adequado, o feto seja expulso do corpo
VOCÊ SABIA?
A pirâmide de Maslow atualmente é utilizada de forma ampla na estruturação e no
desenvolvimento de produtos digitais, para entender as necessidades da população e criar
soluções.
VAMOS PRATICAR?
Agora que você conhece a teoria humanista, confeccione um desenho da pirâmide de Maslow
identificando em seu contexto social, quais as suas principais necessidades para cada nível da
pirâmide.
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significado o estado restante da fecundação de um óvulo pelo espermatozoide e que envolve subsequente
desenvolvimento uterino do feto a ser gerado, até que, em um momento adequado, o feto seja expulso do corpo
da mãe e aconteça o nascimento.
Ao passar por esse momento, a mulher enfrenta diversos acontecimentos e muitas mudanças em seu corpo, suas
emoções, seus pensamentos, sua rotina e sua vida de forma geral. Porém, todas as pessoas que estão em torno da
mãe também passam por alguma modificação e sofrem influência da gestação. Entre essas pessoas estão a
própria criança que está sendo gerada, o pai dela e todos os outros membros da família que acompanham essa
jornada.
Figura 3 - Mulher gestante
Fonte: iStock Prostock-Studio, 2020.
#PraCegoVer: a figura traz a fotografia de uma gestante assentada de forma confortável e segurando a própria
barriga.
Todo esse processo é fisiológico e se inicia, de fato, como o termo sinaliza, com a fecundação do óvulo pelo
espermatozoide, e os primeiros sinais da gestação que surgem são: inibição do ciclo menstrual, enjoos e vômitos,
seguidos de aumento dos seios, da fome, do sono, da frequência urinária e da sensação de cansaço. Já nas
primeiras semanas da gestação a mulher começa a sentir esses sintomas, e alguns permanecem por toda a
gestação (PAPALIA; FELDMAN, 2013).
A gravidez leva a alterações em todo o corpo da mãe, provocando modificações em quase todos os sistemas, mas
principalmente: cardiovascular, respiratório, urinário, hematológico, gastrointestinal, hepatobiliar, endócrino e
tegumentar. Essas alterações no corpo da mãe vão acontecendo ao longo das fases do desenvolvimento
gestacional (PAPALIA; FELDMAN, 2013).
O decurso da gestação se dá em torno de 42 semanas, que são estruturadasem três fases, denominadas de
trimestres. O primeiro trimestre é o início da gestação; o segundo trimestre corresponde aos três meses que vão
do terceiro ao sexto mês; e o terceiro trimestre seria o final da gestação, que se encerra com o nascimento da
criança (PAPALIA; FELDMAN, 2013).
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Figura 4 - Estágios da gestação.
Fonte: Adaptado de iStock, 2020.
#PraCegoVer: a figura apresenta 13 fotografias em sequência de uma mulher nos diferentes estágios da
gestação, representando os três trimestres, até o nascimento do bebê.
O período denominado como primeiro trimestre da gestação é o momento da sua descoberta. Geralmente
assemelha-se com o período de tensão pré-menstrual, que acontece normalmente dias antes do ciclo menstrual
de rotina da mulher. Nesse período podem surgir enjoos e náuseas, que são muito comuns, e aparecem o inchaço
das mamas, a sensação de sonolência, e em muitos casos o desejo ou a repulsa por alguns alimentos e/ou aromas
(PAPALIA; FELDMAN, 2013).
O segundo trimestre é caracterizado como o período de lua de mel da gestante, pois nessa etapa os enjoos e as
náuseas muitas vezes diminuem ou acabam, e a barriga ainda não está tão grande a ponto de causar
desconfortos e inchaços nos membros inferiores. Então, normalmente é uma fase de mais tranquilidade e prazer
para a mãe aproveitar o desenvolvimento do bebê que está por vir. Nessa fase, muitas vezes a vontade de urinar
diminui, e podem acontecer episódios de prisão de ventre (PAPALIA; FELDMAN, 2013).
O terceiro e último trimestre é o mais próximo do momento do nascimento e também o de maior crescimento da
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O terceiro e último trimestre é o mais próximo do momento do nascimento e também o de maior crescimento da
barriga da mãe, o que causa muitas dores na coluna. Além disso, pode haver bastante desconforto no quadril,
pois o corpo da gestante está se preparando para o parto. Outros sinais que podem surgir nesse momento são
falta de ar e dificuldades para respirar como consequência do tamanho da criança e de seus movimentos dentro
da barriga, que já está se tornando um espaço pequeno para ela (PAPALIA; FELDMAN, 2013).
Ao longo de todo esse ciclo, o corpo da gestante muda e se adapta às necessidades de formação e conforto da
criança, que está evoluindo na formação de seu corpo e no crescimento, que irão culminar no nascimento de uma
criança saudável, na maioria dos casos.
1.2.2 Alterações nos sistemas orgânicos do corpo da gestante
A gestação produz alterações em todos os sistemas corporais da mulher que está gerando uma criança, e essas
mudanças acontecem de forma progressiva, de acordo com a formação e o crescimento do feto. A seguir, vamos
identificar e listar as principais mudanças que acontecem em cada um dos sistemas corporais da gestante.
• Sistema cardiovascular
As alterações nesse sistema corporal acontecem de forma crescente desde a concepção do feto até o parto. O
quadro a seguir lista algumas dessas alterações.
Quadro 1 - Alterações no sistema cardiovascular da gestante
Fonte: Elaborado pela autora, 2020, com base em PAPALIA; FELDMAN, 2013.
#PraCegoVer: o quadro é composto por uma coluna e quatro linhas e contém as alterações do sistema
cardiovascular da gestante: aumento da volemia; aumento do débito cardíaco; diminuição da resistência
vascular periférica; e diminuição da reatividade vascular.
A volemia, que está ligada à modificação da quantidade de sangue no corpo, começa a aumentar a partir da sexta
semana de gestação e pode subir em torno de 30% a 40% na semana 34. Esse incremento acontece para suprir a
demanda de sangue no útero e resulta num crescimento do volume plasmático e consequentemente dos
eritrócitos no sangue, o que pode resultar em anemia reativa, muito comum durante a gravidez. Pela ampliação
da volemia, outra alteração que surge é o aumento do débito cardíaco, que acontece por volta da décima ou
décima segunda semana de gestação. Além disso, acontece a diminuição da resistência vascular periférica pela
ocorrência de uma vasodilatação em consequência da maior produção das prostaciclinas na parede do sistema
circulatório (HALL, 2017).
• Sistema endócrino
Esse sistema passa por muitas alterações durante a gestação, pois, para que a criança se desenvolva e a mãe se
adapte a esse processo, são necessárias atuações hormonais. Nesse sentido, a gestação gera modificações nos
comportamentos da maioria das glândulas endócrinas do corpo da mãe por dois motivos: a placenta produz
hormônios, e a maioria dos hormônios que são produzidos circula sob a forma de proteínas ligadoras, que
também estão aumentadas durante a gestação. O quadro a seguir mostra as glândulas e os hormônios que se
alteram durante a gestação (HALL, 2017).
•
•
- -11
Quadro 2 - Alterações no sistema endócrino da gestante
Fonte: Elaborado pela autora, 2020, com base em MALINA; BOUCHARD; BAR-OR, 2009.
#PraCegoVer: o quadro é composto por uma coluna e doze linhas e cada linha contém os nomes dos hormônios
- -12
#PraCegoVer: o quadro é composto por uma coluna e doze linhas e cada linha contém os nomes dos hormônios
e suas respectivas ações durante a gestação: gonadotropina coriônica humana (beta hCG): previne a ovulação, o
crescimento do corpo lúteo e a produção de estrogênio e progesterona; estrogênio e progesterona: proliferação
de células e diferenciação de órgãos no feto, aumento e vascularização do útero, crescimento das mamas e dos
depósitos de gordura, preparação dos receptores de relaxina; progesterona: aumento do tamanho e peso do feto,
inibição da contração uterina, disponibilidade de nutrientes, sonolência, frouxidão articular, retenção hídrica,
alteração do apetite; hormônio semelhante ao hormônio tireoestimulante: estimula os hematócitos e causa
hiperplasia e aumento da vascularização; prolactina: produção do leite materno; corticotropina: identificação de
problemas nas glândulas pituitárias e suprarrenais; ocitocina: fundamental para trabalho de parto e
amamentação, auxilia nas contrações uterinas e liberação de leite materno; paratormônio: transporte de cálcio
para a placenta; cortisol: auxilia no crescimento do feto, distensão uterina, inibição da progesterona ao final da
gestação; aldosterona: mantém o equilíbrio de sódio por estimular sua reabsorção; relaxina: aumenta a
mobilidade articular na pelve, nos pés, nos dentes, nos dedos, nos joelhos e nas cápsulas articulares;
somatostatina: crescimento fetal, desenvolvimento das mamas, efeito diabetogênico.
• Sistema respiratório
O sistema respiratório tem como função suprir as necessidades de gases que devem entrar e sair das cavidades
pulmonares. No início da gestação, acontece a dilatação dos capilares da árvore respiratória. Posteriormente, o
crescimento uterino contribui para o deslocamento do diafragma para cima e para as laterais. Outra alteração
observada é a diminuição do tônus muscular do abdome, que sobrecarrega a atividade do diafragma. Acontece
um aumento de cerca de 65% do ar que entra e sai dos pulmões, além do acréscimo da capacidade respiratória
em 5% a 10% e uma diminuição da resistência pulmonar, como consequência da ação da progesterona
(MALINA; BOUCHARD; BAR-OR, 2009).
• Sistema urinário
Modificações corporais como aumento do volume vascular total, do fluxo plasmático renal e do volume
intersticial levam a alterações estruturais e anatômicas do sistema urinário nesse período da vida da mulher.
Uma dessas alterações é a retenção urinária por volta das semanas 12 e 14 da gestação, em gestantes com útero
retrovertido. Essa alteração é consequência de uma elevação e do aumento da tensão sobre a bexiga,
promovendo uma falha no seu processo de relaxamento. Da mesma forma, outro fenômeno que pode acontecer é
o aumento da taxa de filtração glomerular renal e consequente produção da urina, o que pode causar maior
frequência urinária e incontinência urinária se iniciando no primeiro trimestre da gestação e crescendo ao longo
da gestação. Outras alterações são o aumento do comprimento uretral funcional, da pressão uretral e da pressão
de fechamentouretral (MOLINA, 2014).
• Sistema gastrointestinal
Esse sistema é um dos que mais altera seu funcionamento durante a gestação e acaba gerando sintomas
marcantes para a maioria das gestantes. O aumento dos níveis de progesterona é responsável pela lentidão do
esvaziamento gástrico e do trânsito intestinal, ocasionando náuseas, vômitos e constipações, além da distensão
intestinal. Outra alteração gastrointestinal decorrente dos níveis de progesterona é o relaxamento do esfíncter
esofagiano superior, o que leva à maior pressão abdominal, provocando assim o refluxo e também cálculos
biliares (MOLINA, 2014).
• Sistema hepatobiliar
Durante a gravidez, em decorrência do aumento do débito cardíaco e da frequência cardíaca materna, o fluxo de
sangue hepático é constante. Além disso, a ação da vesícula biliar fica reduzida, por consequência dos acréscimos
de estrogênio e progesterona no corpo da gestante, sendo maior a predisposição ao acúmulo da lama biliar e,
possivelmente, ao surgimento de cálculos biliares. Outra alteração decorrente da gravidez é a queda da albumina
sérica, em razão do maior volume plasmático, o que gera com muita frequência o surgimento de anemia,
principalmente no final do período gestacional (POLLO-FLORES, 2015).
• Sistema hematológico
Como já mencionado, durante a gestação, acontece um crescimento do volume sanguíneo total em cerca de 40%
a 50%. Isso leva ao aumento do volume plasmático, por ampliação dos eritrócitos e leucócitos circulantes, em
razão da hipertrofia do sistema vascular do útero que está crescendo. No entanto, a partir do segundo trimestre
•
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•
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razão da hipertrofia do sistema vascular do útero que está crescendo. No entanto, a partir do segundo trimestre
da gestação, acontece uma redução das células vermelhas, dos níveis de hemoglobina e dos hematócritos. Além
disso, a quantidade de plaquetas diminui moderadamente com a evolução da gestação, e existe um aumento das
necessidades de ferro tanto para a mãe quanto para o bebê, a placenta, o cordão umbilical e as perdas
sanguíneas que virão em decorrência do parto e do puerpério (LOTE, 2012).
• Sistema tegumentar
A pele, maior órgão do nosso corpo, sofre alterações durante a gestação em cerca de 90% das mulheres. O
aumento dos níveis de progesterona e estrogênio somados à distensão da pele são os principais causadores de
alterações no sistema tegumentar. Essas mudanças podem acontecer de três formas: alteração fisiológica da
gravidez, que ocorre durante essa fase, mas não se constitui doença; dermatose afetada pela gravidez, ou seja,
alguma doença de pele que existe antes da gravidez e que pode melhorar ou piorar durante esse período; e
dermatose específica da gravidez, que é alguma doença de pele que aparece durante a gravidez e está associada
a ela. Além disso, as alterações da cor da pele são muito frequentes e começam a aparecer já no primeiro
trimestre. São exemplos dessas transformações o surgimento da linha nigra, a linha marcada no centro da
barriga da gestante, e o cloasma, uma mancha escura que aparece no rosto da gestante e também é conhecida
como máscara de grávida, assim como as estrias (HALL, 2017).
Trazemos um breve resumo dessas informações, para facilitar a compreensão.
S i s t e m a
cardiovascular
Alterações de forma crescente: aumento de volemia e débito cardíaco, diminuição de
resistência vascular periférica e reatividade muscular.
S i s t e m a
endócrino
Modificações nos comportamentos da maioria das glândulas endócrinas do corpo da
mãe.
S i s t e m a
respiratório
Dilatação dos capilares da árvore respiratória; deslocamento do diafragma (lateral e
para cima); diminuição do tônus muscular do abdome; aumento de volume de ar e da
capacidade respiratória.
S i s t e m a
urinário
Aumento do volume vascular total, do fluxo plasmático renal e do volume intersticial
levam a alterações estruturais e anatômicas.
S i s t e m a
gastrointestinal
Lentidão do esvaziamento gástrico e do trânsito intestinal (náuseas, vômitos e
constipações), refluxo.
S i s t e m a
hepatobiliar
Fluxo de sangue hepático constante; ação da vesícula biliar reduzida (predisposição ao
acúmulo da lama biliar e cálculos biliares); queda da albumina sérica (anemia).
S i s t e m a
hematológico
Crescimento do volume sanguíneo total; aumento do volume plasmático; redução das
células vermelhas, dos níveis de hemoglobina e dos hematócritos (2º trimestre);
diminuição da quantidade de plaquetas; aumento das necessidades de ferro.
S i s t e m a
tegumentar
Pele: alteração fisiológica não patológica; dermatose afetada pela gravidez, preexistente;
ou dermatose específica da gravidez, que aparece durante a gravidez e está associada a
ela; alterações na cor da pele.
•
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1.2.3 Alterações fetais durante o período gestacional
O corpo da mulher que está passando pelo processo da gestação, de fato, apresenta muitas alterações. Porém, o
grande acontecimento da gestação é o surgimento de um novo ser humano, por consequência de diversos
acontecimentos celulares que lhe dão origem. Nesse sentido, existem eventos sucessivos que vão formando o
novo ser e fazendo com que ele ganhe seus órgãos, sua forma e suas características (MOLINA, 2014).
Essa fase pré-natal pode ser dividida, de forma geral, em três momentos: período do óvulo, período do embrião e
período do feto. Durante esses três períodos, muitas alterações acontecem no processo de desenvolvimento do
ser em formação.
Figura 5 - Estágios do desenvolvimento fetal
Fonte: Adaptada de iStock, 2020.
#PraCegoVer: a figura expõe de forma ilustrada as fases do desenvolvimento infantil pré-natal em seus nove
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#PraCegoVer: a figura expõe de forma ilustrada as fases do desenvolvimento infantil pré-natal em seus nove
meses, indicando início e término da formação das seguintes partes do corpo: sistema nervoso central, 2º-9º;
olhos, 4º -9º; coração, 3º-8º; membros superiores e inferiores, 4º-8º; dentes, 6º-9º; genitália externa, 7º-9º;
palato, 6º-9º; e audição, 4º-9º.
Todo esse processo já se inclui no desenvolvimento humano, além do que chamamos de crescimento, ou seja,
modificações celulares que levam ao aumento das dimensões do corpo da criança.
1.2.4 Aspectos psicossociais e afetivos da gravidez, do parto e do puerpério
Ao falarmos de aspectos psicossociais e afetivos da gravidez, do parto e do puerpério, estamos falando que, ao
passar por um processo de gestação, uma mulher enfrenta muitas mudanças fisiológicas. Entretanto, as
mudanças não param nesse âmbito. As experiências vivenciadas por uma mulher que se torna uma gestante – ou
seja, um corpo que gere, cria e desenvolve outro ser, e tem este para, a partir de então, cuidar, alimentar,
acalentar, cuidar de suas necessidades mais básicas e primitivas, dependendo física, mental e emocionalmente
dela por muitos anos – são transformações que vão muito além da condição fisiológica (MALINA; BOUCHARD;
BAR-OR, 2009).
Ao passar por esse processo, a mulher sente seu corpo se modificando e precisa se adaptar a essas mudanças,
como quadris mais largos, abdome distendido, muitas vezes sinais na pele que, se saírem, podem demorar meses
ou anos para isso. Além disso, sua rotina não será mais controlada por seus desejos e suas tarefas, mas pelas
necessidades da criança (MALINA; BOUCHARD; BAR-OR, 2009).
Pensando um pouco antes, no parto, trata-se de um momento mágico, de uma elevação espiritual tamanha, em
que uma pessoa, uma simples mortal, é capaz de dar a vida a outra. Mas você já imaginou quanto a mulher se doa
nesse processo? Ela doa sua vida, seu corpo, sua rotina, suas prioridades, seus padrões físicos e sua atenção. E o
mais comum dos comportamentos é que, quando a criança nasce, as pessoas ao redor voltem sua atenção toda
para a criança, e a mãe deixa de ser “importante”. Pois, afinal de contas, a criança nasceu e o nascimento é uma
dádiva, mas a mãe está cansada, frágil, desgastada física e emocionalmente e ainda precisa lidar com uma
avalanche de hormônios agindo em seu corpo, deixando-lhe mais confusa ecansada do que já está (MALINA;
BOUCHARD; BAR-OR, 2009).
O fato é que não é incomum que mulheres desenvolvam baixa autoestima ou até depressão pós-parto, e é preciso
deixar claro que isso não significa não querer ser mãe, ou não amar seus filhos. Essas consequências têm a ver
com a falta de sensibilidade em relação à condição psicológica e afetiva de uma mulher que se doou tanto e agora
precisa de amparo. Porém, comportamentos de origem até mesmo cultural não permitem que se enxerguem
essas necessidades e angústias da nova mãe (MALINA; BOUCHARD; BAR-OR, 2009).
Um ponto importante a ser ressaltado é que o período gravídico-puerperal é o período de maior incidência de
transtornos psíquicos na vida da mulher, sendo necessária uma atenção especial e direcionada para sua saúde
mental, a fim de preservar seu bem-estar e sua relação com o bebê.
VAMOS PRATICAR?
Agora que você conhece todo o processo gestacional e pós-gestacional, monte um quadro
elencando as principais mudanças durante a gestação de uma mulher.
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1.3 Os ciclos da infância e seus processos biológicos, 
cognitivos, afetivos e sociais
A infância se inicia no momento do nascimento, em que a criança começa a viver o período pós-natal, e finaliza
na transição para a fase da adolescência. Durante todo esse período, a criança que se desenvolve está passando
por alterações no crescimento somático, no crescimento físico e na composição do seu corpo (MALINA;
BOUCHARD; BAR-OR, 2009).
Por isso, é muito importante entendermos o significado de dois termos muito comuns no contexto do
desenvolvimento humano durante a infância, principalmente no que diz respeito às funções físicas, corporais e
motoras, que são os termos crescimento e maturação.
1.3.1 Crescimento e maturação durante a infância
O crescimento humano tem como definição o aumento das dimensões corporais, que acontece como
consequência das atividades de duplicação celular, também chamada de hiperplasia celular, seguida pela
diferenciação celular, também chamada hipertrofia celular, além da ação dos líquidos intracelulares. Todas estas
ações levam ao aumento dos tecidos, ou seja, dos ossos, dos músculos, das articulações, dos órgãos viscerais, do
cérebro, levando ao aumento de todo o corpo humano (MALINA; BOUCHARD; BAR-OR, 2009).
Ao falarmos em crescimento, existem parâmetros que nos servem para que possamos observar esse processo
acontecendo. No entanto, como muitos autores afirmam, é difícil avaliar o crescimento de forma exata, uma vez
que só conseguimos avaliar o crescimento de forma indireta, por medidas somáticas, a partir da utilização de
medidas antropométricas, como alturas corporais, diâmetros corporais, circunferências dos membros do corpo e
dobras cutâneas.
Nesse sentido, existem alguns gráficos que são comumente utilizados por pediatras e outros profissionais que
acompanham o crescimento desde muito cedo, e servem de referência para identificar se a criança está
crescendo conforme o esperado para seu tempo de vida ou não. Esses indicadores são chamados gráficos de
crescimento.
Figura 6 - Crescimento infantil
Fonte: iStock, 2020.
#PraCegoVer: a imagem demonstra uma criança localizada à frente de uma régua de medida de altura tentando 
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#PraCegoVer: a imagem demonstra uma criança localizada à frente de uma régua de medida de altura tentando 
identificar a sua altura.
Outro termo, bastante utilizado nesse contexto do processo de desenvolvimento humano e muitas vezes
confundido com crescimento, é a maturação. Vamos entender seu conceito e qual a diferença em relação a
crescimento?
A maturação acontece ao longo do processo de desenvolvimento, em boa parte de sua duração, de maneira
paralela ao crescimento do indivíduo. Porém, a maturação é um processo bem mais complexo e está ligado ao
desenvolvimento das funções dos sistemas corporais. Então, à medida que a criança cresce, suas funções
corporais também vão se desenvolvendo, de maneira que o seu processo maturacional está em evolução
(PAPALIA; FELDMAN, 2013).
Ao final do processo de maturação, o indivíduo atingiu sua maturidade. Nesse sentido, necessitamos diferenciar
ainda esses dois termos: maturação e maturidade. O primeiro é um processo que acontece ao longo de um
período, que, ao final, culmina no segundo, ou seja, o indivíduo atinge o estado de maturidade.
1.3.2 Os ciclos da infância
A infância é entendida, portanto, como o período da vida que vai do nascimento até o início da adolescência e
pode ser dividida em fases que se iniciam e se finalizam ao longo do tempo de vida. Para que possamos entender
esse processo, é comum que os autores que estudam esse tema o dividam em fases (PAPALIA; FELDMAN, 2013).
Uma forma de dividir a infância é separá-la em ciclos. O primeiro ciclo de vida acontece até o final do primeiro
ano de vida, sem a inclusão do primeiro aniversário. Essa é uma definição aceita em todo o mundo. Nesse ciclo,
acontece um crescimento intenso da maioria dos sistemas corporais e do sistema neuromuscular (PAPALIA;
FELDMAN, 2013).
O primeiro ano de vida pode ser dividido também em: período perinatal, com duração do nascimento até o final
da primeira semana de vida; período neonatal, que acontece durante o primeiro mês de vida; e período pós-
natal, que vai do nascimento até o final do primeiro ano de vida (MOORE; PERSAUD; TORCHIA, 2016).
Outra forma de dividir a infância em ciclos é a divisão em primeira infância, que vai do nascimento até os 4,9
anos, e a segunda infância, que vai dos 5 anos até o início da adolescência.
• Primeira infância
Nascimento até 4,9 anos.
• Segunda infância
5 anos até início da adolescência.
Alguns autores ainda dividem em primeira, segunda e terceira infância. Sendo assim, a primeira infância
abrangeria o período do nascimento até os 2 anos; a segunda infância, dos 3 aos 5 anos, também conhecida como
idade pré-escolar; e a terceira infância, dos 6 aos 12 anos, quando se inicia a pré-adolescência (MOORE;
PERSAUD; TORCHIA, 2016).
• Primeira infância
Nascimento até 2 anos.
• Segunda infância (idade pré-escolar)
3 a 5 anos.
• Terceira infância
6 a 12 anos.
•
•
•
•
•
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Em conclusão, a infância é dividida em fases, pois cada uma delas apresenta diferentes intensidades de
crescimento, fazendo com que o desenvolvimento siga em seu processo evolutivo. Os autores que criaram essas
divisões tiveram a intenção de nos fazer identificar as peculiaridades de cada período.
1.3.3 Processos biológicos e cognitivos da infância
Ao longo da infância, a criança passa por diversas alterações que acontecem de forma intensa, fazendo com que
ocorram muitas mudanças em sua aparência, nas formas de comunicar-se, nos comportamentos e nas
habilidades. Dessa forma, ao longo dessa fase da vida, a criança muda muito, e tudo isso se dá pelo seu processo
de crescimento e maturação que está acontecendo em alta velocidade.
Durante esse período da vida em que acontece o crescimento, a criança passa por evoluções a nível biológico e
cognitivo que a levam à evolução do processo de desenvolvimento humano. Durante tal processo, a cognição
evolui quando acontecem os processamentos de informações, ou seja, receber, integrar, compreender e
responder adequadamente aos estímulos recebidos (MARTORELL, 2014).
CASO
Marina é casada há 5 anos e quer muito engravidar, por isso, deixou de utilizar seu
medicamento anticoncepcional há algum tempo, em torno de seis meses. Há alguns dias,
Marina começou a sentir seus seios doloridos, algumas cólicas e náuseas. Logo pensou que
poderia estar grávida, porém como a data da chegada de seu ciclo menstrual estava próxima,
resolveu aguardar, pois poderia ser o ciclo menstrual, e não uma gravidez. Porém passaram-se
os dias e a menstruação não chegou, então ela resolveu realizar um exame de sangue para
confirmar. Pesquisando na internet, descobriu que o exame apropriado é da dosagem de beta-
hCG. Ao realizar o exame, o resultado foi de 45 mUI/ml, mas no exame não tinha a informação
confirmando o resultado. Depois de saber o resultado, logo ligou para suamédica informando
o valor e sua médica confirmou que ela estava grávida, pois para que a gestação seja
confirmada, o valor deve estar acima de 5 mUI/ml, então ela acrescentou que Marina estaria
grávida de aproximadamente 3 semanas.
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Figura 7 - Cérebro infantil
Fonte: iStock, Ismagilov, 2020.
#PraCegoVer: a figura exibe a foto de uma criança, com uma representação em desenho de seu cérebro em
desenvolvimento, com engrenagens, cores e setas indicando processos.
Para que o processamento cerebral de informações ocorra, é necessária a participação de diversas regiões do
cérebro, que, em conjunto, atuam de forma eficiente para efetivá-lo. Todavia, esse processamento só é possível
uma vez que essas partes estejam em seu estado maduro, ou seja, tenham suas capacidades funcionais
completamente desenvolvidas.
Como forma de viabilizar esses processos de interpretação de informações, também estão acontecendo
alterações biológicas que levam ao amadurecimento das funções cerebrais. Nesse sentido, o desenvolvimento
biológico e cognitivo ocorre de forma conjunta, para que as fases da infância transcorram de forma saudável.
Jean Piaget estudou o processo de evolução biológica e cognitiva na infância e acreditava que o desenvolvimento
da inteligência é consequência de uma adaptação ao ambiente. Além disso, ele acreditava que o desenvolvimento
acontece a partir da equilibração, processo no qual as crianças buscam um equilíbrio entre o ambiente em que
vivem e os processos cognitivos e biológicos pelos quais estão passando (PIAGET, 1973).
Nesse sentido, Piaget dividiu o processo de desenvolvimento cognitivo da infância em quatro estágios (motor,
pré-operatório, de operações concretas e operatório formal), que conheceremos a seguir. O estágio motor, que
vai de 0 a 24 meses, envolve o aumento na complexidade sensorial e motora, e as primeiras adaptações se dão no
âmbito reflexivo. Gradualmente, a criança vai adquirindo controle consciente e intencional de suas ações
motoras, sendo nessa fase o foco no que a criança pode perceber por seus sentidos. Além disso, ele acreditava
que existe um padrão de capacidade progressiva para formar representações mentais ao longo da vida
(PAPALIA; FELDMAN, 2013).
O segundo estágio, chamado de pré-operatório, vai de 1 ano até 6 ou 7 anos. Nesse período, surgem o
pensamento representativo e a comunicação verbal. Esta, ainda simplória e muitas vezes sem contexto, dá à
criança a capacidade de manipular conceitos, ainda que limitada. Esse período é muito rico em experimentação
com a linguagem e com objetos, o que leva a uma evolução gigantesca. Por sua vez, no terceiro estágio, de
operações concretas, que vai dos 7 aos 11 anos, a criança torna-se capaz de manipular mentalmente
representações internas, ou seja, possui memórias (PAPALIA; FELDMAN, 2013).
O quarto e último estágio, chamado de operatório formal, já está ligado ao fim da infância e início da
adolescência, e vai dos 11 anos em diante. Nesse período, o indivíduo consegue formular operações mentais
abstratas e simbólicas, assim como melhores noções de tempo e espaço (PIAGET, 2013).
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Além de todo esse processo de desenvolvimento cognitivo, existem alterações fisiológicas acontecendo
concomitantemente. Acontecimentos como o aumento da massa corporal, o remodelamento morfológico e a
maturação funcional surgem durante toda a infância (PAPALIA; FELDMAN, 2013).
Durante todo o período fetal e toda a infância, acontece o crescimento das membranas e cartilagens,
transformadas em ossos que formam a estrutura de fixação dos músculos. Toda a massa muscular aumenta de
tamanho durante a infância e geralmente atinge o seu máximo durante a puberdade. No entanto, no feto, o tipo
de fibra que predomina é a fibra de contração rápida, característica que vai se modificando depois do primeiro
ano de vida. Vale observar que as meninas não têm a mesma aceleração da quantidade de massa muscular
durante a puberdade como os meninos (PAPALIA; FELDMAN, 2013).
Outro fator biológico ligado ao crescimento é a gordura. Ela depende de três fatores para determinar a
quantidade de seu acúmulo: alimentação, prática de exercício físico e características genéticas. No nascimento,
cerca de 10% a 12% do corpo é constituído de gordura (PAPALIA; FELDMAN, 2013).
Sendo assim, ao longo de toda a infância, acontecem inúmeras modificações das condições biológicas e cognitivas
da criança, fazendo com que ela avance em seu processo de desenvolvimento humano.
1.3.4 Processos afetivos e sociais da infância
É impossível falar de desenvolvimento humano sem mencionar aspectos afetivos e sociais como influenciadores
desse processo, principalmente porque a infância é o período da vida de maior retenção de informações vistas
pelo ser humano e aprendidas e repetidas posteriormente. Sendo assim, quando a criança está inserida em um
ambiente com afeto e estímulos positivos para o seu desenvolvimento, suas ações serão de replicar esse cenário.
Por outro lado, quando a criança está inserida em um ambiente sem estímulos positivos e sem afeto, ela também
irá replicá-lo em suas ações, dando origem a um processo de desenvolvimento humano indesejado por muitos
(PAPALIA; FELDMAN, 2013).
Pensando no desenvolvimento humano, não conseguimos atribuir uma porcentagem de influência de cada fator,
seja para os fatores genéticos e biológicos, seja para a contribuição do ambiente para que esse processo
aconteça. Isso se dá uma vez que os fatores genéticos e biológicos dão origem a muitas características dos
indivíduos que não podem ser modificadas, como a cor dos olhos, a altura e a cor da pele. Porém, muitas
características atribuídas ao indivíduo sofrem influência do ambiente físico, dos estímulos afetivos, verbais,
visuais e comportamentais das pessoas a sua volta, e das oportunidades que a criança tem de experimentar suas
capacidades e habilidades adquiridas ao longo da vida.
Desenvolva um mapa identificando três características da criança em cada ciclo da infância.
VAMOS PRATICAR?
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Figura 8 - Afeto na infância
Fonte: iStock, 2020.
#PraCegoVer: a fotografia representa mãe e filha negras demonstrando afeto mútuo, por meio de um abraço.
Sendo assim, não podemos falar de desenvolvimento humano sem falar de ambiente social. Nesse sentido, é
possível encontrarmos diversos exemplos que nos retratam esse fenômeno. Imagine duas crianças de mesma
idade, que viveram um processo gestacional próximo ao esperado, sem grandes intercorrências. No entanto, uma
das crianças vive em um ambiente familiar harmonioso, mora em uma casa segura e limpa, estuda em uma
escola de boa qualidade, tem uma boa alimentação e uma boa relação com seus pais. Estes a estimulam a
experimentar coisas novas, conhecer seu corpo, tentar novos movimentos, aprender novas habilidades físicas e
cognitivas. A outra criança, contrariamente, vive em um ambiente familiar de violência, gritos e ignorância, tem
uma moradia precária, estuda em uma escola de má qualidade, onde tem que conviver com o consumo de drogas
e gravidez precoce, sua família é pobre e, por isso, não tem uma alimentação adequada para suas necessidades
energéticas. Os pais dessa segunda criança não a estimulam, nem lhe dão muita atenção, e, sempre que ela vai
experimentar algo novo, é incentivada a desistir. Tendo em vista esses dois contextos muito diferentes,
perguntamos: qual dessas crianças irá apresentar um processo de desenvolvimento de mais qualidade?
Sem dúvida, mesmo que dois indivíduos apresentem condições biológicas e fisiológicas idênticas ou
semelhantes, o ambiente em que eles vivem, a condição social, cultural, afetiva e emocional pode determinar o
fracasso ou sucesso de seu processo de desenvolvimento humano.
VOCÊ O CONHECE?
Urie Bronfenbrenner é um psicólogo americano conhecido por sua teoria dos sistemas
ecológicos, que tinha como base os diferentes contextos nos quais o indivíduo estava inserido
(BRONFENBRENNER, 2011).
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Conclusão
Nesta unidade, estudamos as teorias sociocultural e humanistas, além de entender todo o processobiológico,
físico e psicossocial durante a gestação, o parto e o pós-parto, culminando com o transcurso da infância.
Nesta unidade, você teve a oportunidade de:
• as teorias humanistas e Sociocultural, entendendo seus principais estudiosos ao longo da história;
• as características biológicas, afetivas, sociais e emocionais do processo de gestação, parto e puerpério;
• as características biológicas, afetivas, sociais e emocionais ao longo da infância.
Bibliografia
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https://www.ufrgs.br/psicoeduc/gilvieira/2011/02/02/teoria-historico-cultural-e-aprendizagem-contextualizada/
https://www.ufrgs.br/psicoeduc/gilvieira/2011/02/02/teoria-historico-cultural-e-aprendizagem-contextualizada/
	Introdução
	1.1 Teoria Sociocultural
	1.1.1 Teoria de Lev Semyonovich Vygotsky
	1.1.2 Teorias humanistas
	1.1.2.1 Carl Rogers e Abraham Maslow
	1.2 Aspectos fisiológicos, psicossociais e afetivos de gravidez, parto e puerpério
	1.2.1 Aspectos fisiológicos da gravidez, do parto e do puerpério
	1.2.2 Alterações nos sistemas orgânicos do corpo da gestante
	1.2.3 Alterações fetais durante o período gestacional
	1.2.4 Aspectos psicossociais e afetivos da gravidez, do parto e do puerpério
	1.3 Os ciclos da infância e seus processos biológicos, cognitivos, afetivos e sociais
	1.3.1 Crescimento e maturação durante a infância
	1.3.2 Os ciclos da infância
	Primeira infância
	Segunda infância
	Primeira infância
	Segunda infância (idade pré-escolar)
	Terceira infância
	1.3.3 Processos biológicos e cognitivos da infância
	1.3.4 Processos afetivos e sociais da infância
	Conclusão
	Bibliografia

Outros materiais