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Farmacologia e Terapeutica T e TP resumo

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FARMACOLOGIA E 
TERAPÊUTICA 
T E TP 
NATHÁLIA AZEVEDO 
 
 
2020/2021 
 
 Nathália Azevedo | 
1 Farmacologia e Terapêutica 
1. Noções gerais de Farmacologia 
 
1.1. Fármacos e Ações Farmacológicas 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Farmacologia é a ciência que se dedica ao estudo das substâncias químicas e à sua 
interação com os sistemas biológicos. 
Farmacologia atual 
 
 Nathália Azevedo | 
2 Farmacologia e Terapêutica 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Farmacologia Geral (estuda os 
efeitos comuns dos fármacos)
- Farmacocinética (o que o
organismo faz ao fármaco)
- Farmacodinamia (o que o
fármaco faz ao organismo)
Farmacologia Especial 
(fármacos aplicados 
especificamente)
Farmacologia Clínica (vai se 
aplicar aos Ensaios Clínicos)
Farmacoeconomia (quantifica 
em termos económicos os 
custos e benefícios dos 
fármacos para uso terapêutico)
Farmacognosia (efeito das 
plantas)
Farmácia (produção)
Farmacogenética (estudo 
das influências genéticas na 
reposta aos fármacos) e 
Farmacogenómica (uso da 
informação genética para 
escolher o tratamento 
farmacológico mais 
indicado para cada caso)
Toxicologia (estudar os 
efeitos tóxicos e outros 
venenos no organismo)
 
 Nathália Azevedo | 
3 Farmacologia e Terapêutica 
1.1.1. Fármaco 
É uma substância química, seja ela nociva (tóxico) ou benéfica (medicamento) para 
um organismo vivo, com atividade endógena ou que exerce funções farmacológicas. 
É um agente químico capaz de modificar as funções dos seres vivos. 
 
 
 
 
Fármaco = substância ativa 
❖ Toda a matéria de origem humana, animal, vegetal ou química, à qual se 
atribuiu uma atividade apropriada para constituir um medicamento 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Fontes dos fármacos: 
❖ Origem natural 
➢ Mineral (cálcio) 
➢ Vegetal (reserpina, digoxina) 
o Morfina e codeína são opioides extraídos da tintura do ópio 
(muito rica em substâncias ativas e é utilizada para tratamento) 
– dor, tosse, toxicodependentes 
o Digoxina – usada em pacientes com problemas cardíacos 
➢ Animal (insulina, hormona de crescimento) 
➢ Microbiana (penicilina, vacinas) 
É uma substância que tem atividade no 
organismo e que, geralmente, é utilizada para a 
produção do medicamento 
Fármacos 
usados nos 
medicamentos
Efeitos 
terapêuticos
Efeitos de 
diagnóstico
Efeitos 
preventivos
 
 Nathália Azevedo | 
4 Farmacologia e Terapêutica 
❖ Síntese química (quase todos) – é a mais eficaz e a mais utilizada 
❖ Engenharia genética (insulina humana, alteplase) – custo acrescido 
➢ Produz em laboratório as mesmas moléculas que são extraídas dos 
animais – é mais pura e a ação mais eficaz 
o Insulina do porco – mais parecida com a humana, mas causava 
muitas vezes reações alérgicas 
Ao modificar as funções dos seres vivos, os fármacos provocam ações farmacológicas 
de que resultam: 
❖ Efeitos terapêuticos 
❖ Efeitos laterais 
➢ Efeitos tóxicos 
➢ Efeitos não tóxicos 
1.1.2. Medicamento 
“Toda a substância ou associação de substâncias apresentada como possuindo 
propriedades curativas ou preventivas de doenças em seres humanos ou dos seus 
sintomas ou que possa ser utilizada ou administrada no ser humano com vista a 
estabelecer um diagnóstico médico ou, exercendo uma ação farmacológica, 
imunológica ou metabólica, a restaurar, corrigir ou modificar funções fisiológicas”. 
 
 
 
 
❖ Ganhos em saúde 
❖ Melhor qualidade de vida 
❖ Aumento da esperança de vida 
❖ Impacto significativo no crescimento económico 
❖ Redução dos custos da doença 
➢ Doentes diabéticos – medicamentos têm custo 0 para o paciente (fica 
mais barato ao Estado pagar a prevenção da diabetes do que pagar as 
morbilidades) 
 
É uma preparação química que, no geral, mas não necessariamente, contém 
um ou mais fármacos e cuja administração pretende provocar um efeito 
terapêutico 
 
 Nathália Azevedo | 
5 Farmacologia e Terapêutica 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
1.1.3. Formas farmacêuticas 
É o estado final que as substâncias ativas apresentam depois de serem submetidas às 
operações farmacêuticas necessárias, a fim de facilitar a sua administração e obter o 
maior efeito farmacêutico desejado (comprimido, supositório…). 
Composição: 
❖ Matéria-prima: qualquer substância, ativa ou não, e qualquer que seja a sua 
origem, empregue na produção de um medicamento, quer permaneça 
inalterável, quer se modifique ou desapareça no decurso do processo 
❖ Excipientes: qualquer matéria-prima que, incluída nas formas farmacêuticas, 
se junte às substâncias ativas ou suas associações para lhes servir de veículo, 
possibilitar a sua preparação ou estabilidade, modificar as suas propriedades 
organoléticas ou determinar as propriedades físico-químicas do medicamento 
e a sua biodisponibilidade 
➢ não têm atividade 
➢ Ex: emolientes, edulcorantes, corantes, conservantes e, 
principalmente, excipientes, para dar forma e consistência ao 
medicamento 
 
Outros 
efeitos
Efeitos terapêuticos (são efeitos benéficos 
no tratamento das doenças)
Efeitos laterais ou secundários (Os que
não concocorrem para a melhoria da
situação patológica que está a ser tratada,
mas não são necessariamente nocivos)
são previsíveis e devem ser 
conhecidos;
ex: anti-histamínicos - sonolência é 
um efeito lateral, mas também pode 
ser terapêutico (tratamento de 
insónia)
Reações adversas (qualquer reação nociva 
e involuntária a um medicamento que 
ocorra com doses geralmente utilizadas no 
ser humano para profilaxia, diagnóstico ou 
tratamento de doenças ou recuperação, 
correção ou modificação de funções 
fisiológicas)
tem sempre uma conotação negativa
 
 Nathália Azevedo | 
6 Farmacologia e Terapêutica 
As formas de apresentação dos medicamentos dividem-se segundo o seu estado 
físico: 
Formas farmacêuticas sólidas 
1. Comprimidos (são obtidos principalmente por compressão mecânica de 
granulados ou misturas de pós de uma ou várias substâncias ativas, com adição de 
excipientes ou aditivos) 
❖ Drageias: são comprimidos que recebem um ou mais revestimentos externos, 
seguido de polimento, com o objetivo de se evitar a alteração de certos 
princípios ativos e a ação ulcerativa sobre mucosas, eliminar o sabor e odor 
desagradáveis. São revestidos por uma camada de açúcar 
❖ Revestidos: com superfície recoberta com uma ou mais camadas de 
substâncias. Esse revestimento pode ser de açúcar ou uma película feita de 
material hidrossolúvel 
❖ De libertação modificada 
 
 
 
❖ Dispersíveis 
❖ Efervescentes: dispersos em água; devem ser dissolvidos completamente, num 
copo com água, antes de serem ingeridos 
❖ Bucais: devem ser mantidos na cavidade oral, onde se dissolvem, libertando 
a substância ativa para que produza efeito local 
❖ Sublinguais: colocados debaixo da língua para serem dissolvidos e absorvidos 
pela mucosa oral, de modo que exerçam efeitos sistémicos. 
2. Cápsulas (são constituídas por um recetáculo ou cobertas por gelatina hidratada e 
contêm no seu interior determinada quantidade de fármaco e excipientes) 
❖ Duras: contêm um pó – a cápsula existe para proteger o conteúdo; ao abrir a 
cápsula, altera-se a maneira como o princípio ativo vai ser absorvido 
❖ Moles 
❖ De libertação prolongada 
Formas líquidas farmacêuticas 
1. Solução oral: formas farmacêuticas que contêm um ou mais fármacos dissolvidos 
em líquido e são administradas por via oral e dosificadas por volume 
2. Emulsão oral: mistura de água e óleo – geralmente tem de se agitar antes de 
administrar 
Não podem ser partidos ao meio porque são comprimidos 
formulados em camadas – ao parti-lo, altera-se a sua 
biodisponibilidade 
 
 Nathália Azevedo | 
7 Farmacologia e Terapêutica 
3. Suspensão oral: mistura de pó em água; para homogeneizar a fórmula tem de ser 
agitado 
4. Xarope: preparações aquosas que contêm elevadas quantidades de açúcar 
(sacarose) – bastante uso na pediatria (sabor agradável) 
5. Elixires: soluçõeshidroalcoólicas (não indicado para crianças) 
6. Loções 
7. Linimento 
8. Injetáveis 
❖ IV 
❖ IM 
❖ SC 
Formas farmacêuticas semissólidas 
1. Pomadas: formadas essencialmente por óleos (mais difícil de espalhar) 
2. Cremes: mistura de óleo e água (mais fácil de aplicar; indicado para áreas maiores) 
3. Géis: muito suáveis e com grande % de água 
4. Pastas: mistura de pomadas, que contem uma elevada quantidade de pós 
5. Supositórios via retal 
6. Óvulos via vaginal 
Formas farmacêuticas gasosas 
Inalador por dose calibradas; de pó seco; solução para inalação. 
Outros 
1. Via oftálmica: preparações líquidas estéreis – ao fim de uma semana já está 
contaminada 
2. Via nasal: na forma de gotas ou aerossóis 
3. Via auricular: utilizadas principalmente para tratar afeções do conduto auditivo 
externo 
4. Via transdérmica: constituída por sistema adesivo que contém um depósito de 
substâncias ativas, que vão sendo libertadas lentamente na pele 
 
 
 Nathália Azevedo | 
8 Farmacologia e Terapêutica 
1.1.4. Nome das substâncias ativas 
Denominação comum internacional (DCI) 
• DCI pela OMS para substâncias ativas do medicamento, de acordo com 
regras definidas e que não pode ser objeto de registo de marca ou de nome, 
ou, na falta desta, a designação comum habitual ou nome genérico de uma 
substância ativa de um medicamento 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Medicamento de referência 
É o medicamento que foi autorizado com base em documentação completa, incluindo resultados 
de ensaios farmacêuticos, pré-clínicos e clínicos. 
 
 
 
 
 
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ti
v
a nome químico: estrutura química
(N-acetil-p-aminofenol)
nome comum, DCI ou genérico
Paracetamol
nome comercial: atribuído pela 
empresa responsável pela sua 
comercialização e detentora da patente
(Ben-u-ron)
Existe no mercado porque teve uma aprovação para 
ser comercializado – para ter essa aprovação teve 
que passa por vários testes 
 
 Nathália Azevedo | 
9 Farmacologia e Terapêutica 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
1º tem de ser testado em animais (Farmacologia Experimental) 
• Têm de garantir que, antes de testar em seres humanos, o medicamento não 
é extremamente agressivo 
• Se se provar que não é letal 
2º ensaios clínicos (Farmacologia Clínica) 
• Da farmacologia clínica à comercialização, tem de passar por três fases 
fundamentais: 
1. Fase I 
2. Fase II – é a fase da eficácia (testar em seres humanos – 1ª vez) 
3. Fase III – é a fase da eficácia comparada 
➢ Ensaios clínicos controlados e aleatórios 
 
 
 
 
 
Ponto mais complicado – até esta fase já foi investido muito 
dinheiro e a partir daqui o investimento vai ser maior (por 
isso é que há muitas desistências nesta fase) 
 
 Nathália Azevedo | 
10 Farmacologia e Terapêutica 
 
 
 
 
 
 
 
 
Ciclo conducente à aprovação e introdução de medicamentos no mercado 
Entidades Reguladoras dos 
Medicamentos 
Introdução de medicamento no 
mercado 
Na UE: Agência Europeia do 
Medicamento (EMA) 
Pedido à EMA de Autorização de 
Introdução no Mercado (AIM) – 
processo centralizado 
Em Portugal: Instituto Nacional 
da Farmácia e do Medicamento 
(INFARMED) 
Pedido à INFARMED de AIM – 
processo nacional 
Nos EUA: Food and Drugs 
Administration (FDA) 
 
 Documentação necessária: 
 Documentação – farmacêutica, 
farmacológica, toxicológica e 
clínica 
 Resumo das características do 
medicamento – RCM 
 Folheto informativo 
 Renovação da AIM de 5 em 5 anos 
 
 Nathália Azevedo | 
11 Farmacologia e Terapêutica 
Medicamento genérico: 
É um medicamento comercializado por outros 
laboratórios após ter caducado a patente do laboratório 
responsável pela comercialização do fármaco. É um 
medicamento essencialmente similar ao medicamento 
de referência. 
Medicamento que têm o mesmo/a: 
• Princípio ativo 
• Formulação 
• Indicação 
• Biodisponibilidade (avalia a % de fármaco que 
chega à corrente sanguínea) 
 
Ter 500g de aspirina num comprimido e 500g noutro 
não significa que vai passar a mesma quantidade para o 
sangue. A biodisponibilidade mede a forma como e a 
que velocidade o princípio ativo é absorvido para a 
corrente sistémica (grau e velocidade de absorção do 
princípio ativo). 
Hoje em dia admite-se que se um medicamento tem a 
mesma biodisponibilidade, vai ter um efeito igual. 
 
Entra-se no conceito de bioequivalência – é um 
conceito deduzido da biodisponibilidade; se um 
medicamento for absorvido com quantidades e 
velocidades iguais para a corrente sanguínea, terá o 
mesmo efeito. Para saber isto, são feitos ensaios de 
bioequivalência. 
 
 
 
 
 
Medicamento genérico 
Medicamento com a mesma composição 
qualitativa e quantitativa em substância ativas, 
a mesma forma farmacêutica e cuja 
bioequivalência com o medicamento de 
referência haja sido demonstrada por estudos 
de biodisponibilidade apropriados. A 
equivalência terapêutica é assegurada pela 
EMA e pelo Infarmed. 
Só são autorizados quando: 
 Caducam os direitos de propriedade 
industrial relativos às respetivas 
substâncias ativas ou processo de 
fabrico; 
 Não se invocarem a seu favor 
indicações terapêuticas diferentes 
relativamente ao medicamento de 
referência já autorizado; 
 Demonstrarem a sua bioequivalência 
Biodisponibilidade 
É um termo farmacocinético que descreve a 
velocidade e o grau com que uma substância 
ativa ou a sua forma molecular 
terapeuticamente ativa é absorvida a partir de 
um medicamento e se torna disponível no local 
de ação. A avaliação da biodisponibilidade é 
realizada com base em parâmetros 
farmacocinéticos calculados a partir dos perfis 
de concentração plasmática do fármaco ao 
longo do mesmo tempo. 
Bioequivalência 
Quando dois medicamentos considerados 
equivalentes têm as biodisponibilidades 
consideradas similares (entre 80-125%), os seus 
efeitos, no que respeita à eficácia e segurança 
dos mesmo serão essencialmente os mesmos. 
A avaliação da bioequivalência é um método 
indireto de avaliar a eficácia e a segurança de 
qualquer medicamento contendo a mesma 
substância ativa que o medicamento original, 
cuja ação seja dependente da entrada na 
circulação sistémica. 
 
 
 
 Nathália Azevedo | 
12 Farmacologia e Terapêutica 
1.1.5. Avaliação da biodisponibilidade/bioequivalência 
 
 
 
Se os dois grupos de medicamentos (genérico e de referência) forem testados, nunca 
vão ser exatamente iguais. Apesar de ser necessário ter a mesma biodisponibilidade, 
dá-se uma margem. 
 Um medicamento para ser considerado um medicamento genérico, de uma 
maneira geral, pode ter uma biodisponibilidade entre 80-125% da 
biodisponibilidade do medicamento de referência 
 Ou seja: pode absorver mais ou menos, desde que esteja dentro daquela 
margem 
Medicamento genérico 
Vantagens Desvantagens 
São medicamentos cujas substâncias ativas se 
encontram no mercado há vários anos (perfil de 
segurança bem conhecido) – oferecem garantia de 
eficácia 
Casos polémicos em que a substituição 
por genéricos pode ser inadequada 
 Fármacos para as quais a dose 
tóxica é só ligeiramente mais 
elevada do que a dose 
terapêutica 
São 20 ou 35% mais baratos do que o medicamento 
de referência 
 
AIM de medicamentos genéricos está sujeita às 
mesmas disposições legais dos outros medicamentos, 
estando dispensada a apresentação de ensaios pré-
clínicos e clínicos desde que demonstrada a 
bioequivalência 
 
Maior rapidez na obtenção de AIM, associada a uma 
simplificação de todo o processo 
 
Parâmetros avaliados: 
- AUC (área sob a curva): quantidade de fármaco que 
atingiu a circulação sistémica 
- Cmax (concentração máxima do fármaco no plasma): 
tempo necessário para atingir a concentração máxima – 
dá ideia da velocidade de absorção 
Estes dois parâmetros dão-nos a medida da quantidade 
de princípio ativo queefetivamente passou para o sangue 
 
 Nathália Azevedo | 
13 Farmacologia e Terapêutica 
1.1.6. Prescrição terapêutica 
Ordem prescrita por um médico que contém as informações terapêuticas: 
1. DCI 
2. Formulação farmacêutica (comprimidos, ampolas,…) 
3. Vias de administração (oral, injetável,…) 
4. Dose 
5. Posologia (frequência de administração) 
1.1.7. Outros conceitos 
Dose terapêutica: dose necessária para que se obtenham efeitos terapêuticos. 
Dose tóxica: dose em que aparecem manifestações de toxicidade. 
Margem terapêutica: diferença entre a dose tóxica e a dose terapêutica. 
Semivida: intervalo de tempo requerido para que a concentração do fármaco no 
sangue caia para 50%. É importante para o planeamento do esquema terapêutico 
(posologia). 
Iatrogenia: é a doença provocada por medicamentos. As reações provocadas pelos 
medicamentos são a principal causa de manifestações iatrogénicas em todas as 
idades. O risco é maior em doentes hospitalizados e em idosos. O idoso é um paciente 
de risco porque: 
❖ Tem múltiplas doenças crónicas 
❖ Consome múltiplos medicamentos (medicamentos prescritos e medicamentos 
de venda livre, como laxantes, analgésicos, antiácidos e vitaminas) 
❖ Consulta múltiplos médicos (de várias especialidades) 
 
 
 Nathália Azevedo | 
14 Farmacologia e Terapêutica 
1.2. Ciclo Geral dos Fármacos no Organismo 
É o conjunto de processos responsáveis pelo movimento dos fármacos no organismo. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
É o conjunto de fenómenos biológicos a que o fármaco está sujeito desde a sua 
administração até atingir o local de ação. Para atingir o seu local de ação, o fármaco 
vai percorrer um longo percurso e vai sofrer uma série de transformações: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Corresponde ao aparecimento do 
fármaco disponível para ser absorvido 
Farmacocinética 
 
 Nathália Azevedo | 
15 Farmacologia e Terapêutica 
A farmacocinética envolve a: 
• Absorção 
• Distribuição 
• Metabolização 
• Excreção 
 
Este ciclo temos como finalidade a eliminação do fármaco. 
 
 
 
 
Não é sequencial – podem ocorrer 
simultaneamente 
Visão geral
Absorção - a forma mais comum de administração é a via oral. Quando o 
fármaco chega ao estômago, em determinadas situações, pode ser absorvido 
(fármacos ácidos), mas a absorção ocorre principalmente nos intestinos. Quando 
tem acesso à corrente sanguínea, o fármaco vai ser metabolizado ou eliminado
Distribuição - através das proteínas plasmáticas, essencialmente a albumina. Esta 
vai se ligar, de uma forma não específica, aos fármacos na circulação. Isto vai 
fazer com que exista sempre uma parte do fármaco que está ligada às proteínas 
plasmáticas, em equilíbrio com a parte livre do mesmo. Quando o fármaco está 
ligado à proteína plasmática, não tem atividade e, por isso, não pode ser 
metabolizado ou excretado
Metabolização - corresponde a uma transformação do fármaco. Geralmente, vai 
tornar-se menos tóxico e vai ter menos atividade farmacológica. Ocorre, 
essencialmente no fígado, mas outras células também podem metabolizar.
* citocromo P450: grupo de sistemas enzimáticos, que favorece as reações 
químicas de transformação
Excreção - a via mais comum para eliminação dos fármacos é a via renal 
(eliminação pela urina); também pode ser eliminado pelas fezes, através da via 
biliar
 
 Nathália Azevedo | 
16 Farmacologia e Terapêutica 
1.2.1. Absorção 
É a passagem do fármaco desde o local de administração até ao sangue – para isto 
acontecer, tem de atravessar várias barreiras (permear membranas biológicas). 
 
 
 
 
 
 
A travessia das membranas lipídicas depende da via de administração utilizada: 
❖ Epitélio gastrointestinal se for por via oral 
❖ Paredes capilares se for por via intramuscular ou via subcutânea 
A absorção é importante para todas as vias de administração, exceto para a via 
intravenosa (IV). Nesta via, o fármaco é introduzido diretamente na corrente 
sanguínea, logo não é absorvido. 
Os fármacos vão atravessar as membranas, essencialmente, por 3 processos: 
1. Difusão passiva 
2. Difusão através dos poros 
aquosos 
3. Transportadores específicos 
 
 
 
 
no intestino, a absorção é 
favorecida por causa do seu epitélio 
característico 
na pele, a absorção é mais difícil. Utilizam-
se fármacos transdérmicos, como os 
anticoncecionais – são moléculas pequenas 
que conseguem permear o epitélio da pele 
 
 Nathália Azevedo | 
17 Farmacologia e Terapêutica 
As membranas biológicas são constituídas por uma bicamada fosfolipídica. 
 
 
 
 
 
 
 
Se for por difusão passiva, os fármacos têm de ser lipofílicos (implica a permeação 
das membranas). Mas também se forem pequenos e com características hidrofílicas, 
conseguem passar pelos canais aquosos. 
Em farmacologia, os transportadores específicos são úteis porque não há 
necessidade de o fármaco ter, por exemplo, aquelas características lipídicas, pois o 
transportador vai fazer o transporte para dentro da célula, sem ter de permear as 
membranas. 
O mais importante, para farmacologia, é a difusão passiva – corresponde à passagem 
de um local com maior concentração para um com menor concentração. 
• Fármacos lipossolúveis atravessam facilmente a barreira lipídica. 
• Fármacos hidrossolúveis, utilizam proteínas membranares (transportadores, 
enzimas ou bombas, e canais) para serem absorvidos. 
• Fármaco ionizado (com carga) – é mais hidrossolúvel. 
• Fármaco não ionizado (sem carga) – é mais lipossolúvel. 
 
Exemplo de fármacos/moléculas que conseguem permear as membranas 
 
Gases: são moléculas muito pequenas e, por isso, 
conseguem difundir através das membranas. 
Benzeno: substância tóxica que consegue permear 
facilmente a membrana, pois é uma molécula pequena e 
com características lipídicas. 
 
 Nathália Azevedo | 
18 Farmacologia e Terapêutica 
Etanol: é uma exceção, porque, apesar de ser uma molécula hidrofílica, consegue 
permear devido ao seu pequeno tamanho e às suas características lipídicas. 
 
 
Exemplo de substâncias que não conseguem permear a membrana por 
difusão 
 
 
 
 
 
 
 
Glucose: é uma molécula fundamental para o organismo. Para ter acesso à célula, 
vai necessitar de transportadores, porque por difusão não consegue permear as 
membranas (é uma molécula com características hidrofílicas). 
Moléculas carregadas (a.a. e iões/eletrólitos): como têm carga, são moléculas mais 
polares e hidrofílicas, necessitando, portanto, de transportadores. 
Outros mecanismos de travessia de membranas 
Nas células existem transportadores que vão permitir a passagem de moléculas sem 
haver necessidade de possuírem aquelas características descritas anteriormente. 
Estes transportadores estão, essencialmente, localizados nestes locais, que são 
fundamentais para a farmacologia: 
❖ Túbulo renal (eliminação pela urina) 
❖ Trato biliar (fármacos passam para a bílis) 
❖ Barreira hematoencefálica (fármacos vão ter dificuldade em atingir o SNC, 
mas os transportadores que existem na BHE podem facilitar este processo) 
❖ Trato gastrointestinal (permite a absorção se o transportador for no sentido 
GI→sangue) 
 
O tamanho da molécula vai influenciar na 
difusão – quanto mais pequena (e lipofílica), 
melhor é a travessia 
 
 Nathália Azevedo | 
19 Farmacologia e Terapêutica 
Transportadores seletivos: 
1. Glicoproteína-P 
É um transportador transmembranar que vai gastar ATP para fazer o transporte. Este 
transportador ativo está localizado na BHE, TR, TGI, etc. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
A glicoproteína-P vai fazer o transporte ao contrário: vai pegar em substâncias 
xenobióticas (substâncias estranhas ao organismo), que estão no interior da célula, e 
vai expulsá-las para fora → transporte de efluxo. 
Esta proteína é importante porque funciona como desintoxicante, uma vez que vai 
fazer com que as substâncias estranhas saiam das células. 
❖ No trato GI vai impedira absorção 
❖ No túbulo renal vai favorecer a eliminação 
❖ Na BHE vai impedir a entrada dos fármacos no SNC 
Portanto, vai ser importante para Farmacologia porque impede a entrada da 
molécula no organismo, favorecendo a sua eliminação. Também é uma proteína que 
pode ser induzida (> produção desta proteína) ou inibida (impede que a molécula 
atue). 
A glicoproteína-P (gpP) é uma proteína expressa na superfície celular (lúmen 
intestinal, hepatócitos, túbulo renal, BHE) que funciona como uma bomba de efluxo 
ATP-dependente, ou seja, promove ativamente a saída de vários xenobióticos 
(digoxina), do interior da célula, limitando a sua absorção a partir do lúmen intestinal, 
favorecendo a excreção renal e biliar dos seus substratos e protegendo os tecidos mais 
vulneráveis. 
 
 
 Nathália Azevedo | 
20 Farmacologia e Terapêutica 
Isto é um ponto preocupante em Farmacologia. 
❖ Estes fármacos são anticancerígenos 
❖ Muitos doentes desenvolvem resistência ao tratamento, sendo que um destes 
mecanismos é pela gpP, porque à medida que o doente começa a fazer o 
tratamento, vai haver indução das gpP 
❖ O fármaco vai deixar de estar disponível dentro das células, ou seja, perdem 
a sua ação 
A gpP é um transportador importante devido a esta implicação de resistência a alguns 
fármacos, mas também pelo seu poder de desintoxicação – no caso dos fármacos, 
estes fazem falta dentro das células, mas se for uma substância tóxica já é suposto 
que seja eliminada. 
2. Transportador de oligopéptidos (PEPT-1) 
O PEPT-1 vai transportar os péptidos. Alguns fármacos, como as aminas β-
lactâmicos e os inibidores da ECA (enzima de conversão da angiotensina; são 
fármacos anti-hipertensores) podem ser absorvidos usando este transportador. 
 
3. Transportador de a.a. neutros de cadeia longa 
Exemplo da L-dopa (fármaco usado no tratamento do Parkinson) 
É necessário no SNC, mas na verdade não é da L-dopa, mas sim da dopamina 
(neurotransmissor). 
A dopamina não tem capacidade de permear as membranas, então, o fármaco é 
administrado na forma L-dopa, pois, esta forma consegue penetrar a BHC através 
deste transportador de a.a. neutros de cadeia longa. Quando chega ao SNC, as 
enzimas vão transformar a L-dopa em dopamina. 
 
Pró-fármacos: fármacos que são administrados numa forma inativa para favorecer 
a biodisponibilidade e fazer com que haja maior quantidade da forma ativa no local 
de ação 
 
O PEPT-1 é um transportador localizado no epitélio intestinal e medeia a captação de di e 
tripéptidos do lúmen para os enterócitos. 
Esta proteína tem um papel importante na absorção de alguns fármacos peptidomiméticos. 
 
 Nathália Azevedo | 
21 Farmacologia e Terapêutica 
4. OAT e OCT 
São transportadores de aniões (carga negativa) ou catiões (carga positiva) orgânicos. 
Têm importância em Farmacologia, porque as substâncias carregadas, têm mais 
dificuldade em permear as membranas – estes transportadores favorecem a passagem 
de fármacos de forma seletiva. 
 
Apenas os fármacos com determinadas características é que podem ser transportados 
pelos OAT e OCT. 
Exemplo: transportadores localizados nos hepatócitos. O hepatócito é local de 
metabolização. Estes transportadores existem neste local para os fármacos poderem 
ser transportados para a bílis. 
 
 
 
 
 Nathália Azevedo | 
22 Farmacologia e Terapêutica 
Características/fatores que vão influenciar a absorção 
 
pH e ionização dos fármacos 
Uma molécula, para permear, necessita ter características lipídicas e ser pequena. 
Por outro lado, a molécula pode encontrar-se ionizada – com ou sem carga. Isto está 
relacionado com o facto de a maioria dos fármacos que são utilizados serem ácidos 
ou bases fracas. 
 
O que é que isto significa? 
❖ São moléculas que têm tendência para ceder ou captar protões 
Por isso, na terapêutica, a maioria dos fármacos são ácidos ou bases fracas. 
 
 
 
 
Um exemplo de um ácido fraco é a aspirina. 
Quando a aspirina é administrada, vai existir sempre nestas duas formas: 
❖ HA – não tem carga; vai ter mais facilidade para atravessar a membrana 
❖ A− (consegue ficar nesta forma quando liberta um protão) – tem carga 
negativa; vai ter mais dificuldade em permear a membrana 
 
A maioria dos fármacos usados na terapêutica são 
ácidos ou bases fracas, existindo simultaneamente na 
forma ionizada (não lipossolúvel) e na forma não 
ionizada (lipossolúvel). 
A proporção relativa entre estas duas formas depende 
de: 
- pKa do fármaco (tendência para se ionizar) 
- pH do meio em que está dissolvido (ácido ou base) 
 
 
 Nathália Azevedo | 
23 Farmacologia e Terapêutica 
A tendência que um fármaco tem (neste caso, ácido) para libertar um protão, tem a 
ver com a força do ácido: 
❖ Se for um ácido forte, tem tendência para libertar mais protões 
❖ Se for mais fraco, tem pouca tendência para se ionizar 
 
Isto é dado pelo pKa – é uma característica dos fármacos que mede o seu grau de 
acidez (força do ácido ou da base) 
❖ Quanto maior for o pKa, mais fraco é o ácido 
❖ Quanto maior for o pKa, mais forte é a base 
Esta questão é importante porque o pH do organismo não é uniforme e os fármacos 
vão ter tendência a acumular-se devido a este efeito da ionização, que depende de: 
 
 
 
A percentagem da forma ionizada ou não ionizada vai depender do pH do meio onde 
o fármaco vai se encontrar: 
 
 
 
 
 
 
(exemplo da aspirina) 
A aspirina é administrada via oral e vai atingir o estômago, que vai ter um pH ácido. 
Relembrando que a aspirina existe nas formas HA e A− → o meio do estômago vai 
ter uma elevada quantidade de protões (H+), em comparação à quantidade de A−e, 
por isso, vai deslocar o equilíbrio para a forma HA. 
 
Vai favorecer a passagem para o sangue 
pH do meio
pKa dos ácidos 
ou bases fracas
 
 Nathália Azevedo | 
24 Farmacologia e Terapêutica 
Quando chega ao plasma, uma vez que tem um pH neutro ligeiramente alcalino, vai 
acontecer o contrário: HA atravessou a membrana e, como é um meio básico, não 
há tanto H+ → o HÁ vai se converter em A− (esta forma ionizada vai fazer com que 
fique retida no plasma). 
 
 
 
 
 
No caso de uma base… 
Uma molécula alcalina é capaz de aceitar um H+, ficando na forma ionizada. 
Se for administrada uma base, o pH muito ácido vai favorecer a forma BH+ (forma 
carregada positivamente). Assim, não vai passar para o sangue porque esta forma 
carregada não atravessa as membranas. 
 
 
❖ O pH do meio vai influenciar a % de forma carregada e forma neutra 
❖ A maneira como o fármaco vai se dispor no organismo depende do pH dos 
locais onde vai existir 
Quando os fármacos são administrados via oral, 
maioritariamente, vão ser absorvidos nos intestinos, pois possuem 
uma área de absorção muito maior e são mais irrigados. 
No entanto, os fármacos ácidos, devido à sua característica 
favorável à absorção, são também absorvidos pela mucosa gástrica 
Quando os fármacos estão carregados, não conseguem permear 
as membranas. Na forma HA ou B, já conseguem. 
 
 Nathália Azevedo | 
25 Farmacologia e Terapêutica 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Aspirina 
❖ No suco gástrico, existe mais na forma não ionizada 
❖ Quando passa para o plasma (7,4) ou até para uma urina alcalina, vai se dar 
a proporção inversa – passa a ter uma maior quantidade da forma ionizada 
(forma que fica retida) 
Meperidina (ou a Petidina) 
❖ Tem pKa de 8,6 o que significa que tem características de uma base fraca 
• fármaco ácido: está predominantemente ionizado em meio 
básico, e não ionizado em meio ácido. É absorvido no 
estômago, mas não se pode esquecer da questão fisiológica 
do intestino, que absorve tudo o que lá chega
• fármaco básico: está predominantemente ionizado em 
meio ácido, e não ionizado em meio básico. Devido ao pH 
ácido do estômago, quando lá chega não vai ser absorvido e 
passa para o intestino, local onde ocorre a absorção por ter 
um pHalcalino
EM SUMA
 
 Nathália Azevedo | 
26 Farmacologia e Terapêutica 
❖ No suco gástrico predomina a forma ionizada 
❖ Na urina alcalina vai ter mais a forma não ionizada 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Fármaco para permear as membranas
LIPOFÍLICO
CARGA NEUTRA
BAIXO PESO MOLECULAR
 
 Nathália Azevedo | 
27 Farmacologia e Terapêutica 
 
 
 
Vias de administração 
 
 
 
 
 
 
 
 
Endovenosa: não existe absorção, pois o fármaco é administrado diretamente na 
corrente sanguínea. A biodisponibilidade é 100%. 
Intramuscular: a absorção é mais rápida e, geralmente, em maior quantidade, o que 
quer dizer que há uma maior biodisponibilidade – o músculo é extremamente 
irrigado (fármaco vai conseguir permear rapidamente). Muitas vezes, é feita uma 
massagem no local para aumentar o tempo e a intimidade de contato. 
Subcutânea: apesar de a absorção ser melhor do que na via oral, tem uma 
biodisponibilidade menor, porque o tecido subcutâneo é muito menos irrigado. 
Fatores envolvidos na absorção
Relacionados com o fármaco:
- Lipossolubilidade
- Peso molecular
- Grau de ionização
- Concentração
Relacionados com o organismo:
- Área de contato (> AC, >
absorção)
- Tempo e intimidade de contato (>
T e IC, > absorção)
- Irrigação (> I favorece a absorção)
- Espessura absorvente (< E, >
absorção)
 
 Nathália Azevedo | 
28 Farmacologia e Terapêutica 
Oral: é a mais usada. A absorção é errática, pois depende muito de pessoa para 
pessoa, mas permite a administração de quase todos os fármacos, embora a 
biodisponibilidade seja menor em relação à vida EV. 
 
 
A maneira como o fármaco é administrado vai influenciar na quantidade que 
efetivamente atinge o sangue. 
 
 
 Nathália Azevedo | 
29 Farmacologia e Terapêutica 
A maioria dos fármacos é absorvida no intestino delgado. 
Por exemplo, a aspirina pode ser absorvida no estômago, mas o fator fisiológico vai 
se sobrepor. Embora, a aspirina esteja mais ionizada no intestino, a presença de 
microvilosidades, irrigação, grande área de contato, vai favores a absorção até 
mesmo deste fármaco (que é ácido). 
Cerca de ~75% do fármaco administrado é absorvido em 1-3 horas. São vários os 
fatores que vão influenciar a absorção por via oral: 
A. Velocidade de esvaziamento gástrico 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Estudo feito a um doente que estava a fazer paracetamol. Analisou-se a 
biodisponibilidade deste fármaco quando era administrado com água, propantelina 
e metaclopramida, verificando-se que: 
❖ Com água – biodisponibilidade menor 
❖ Com metaclopramida – biodisponibilidade passa a ser muito maior, pois a 
metaclopramida é um fármaco pro-cinético, ou seja, acelera o esvaziamento 
gástrico. Quando o doente conjuga estes dois fármacos, o paracetamol vai 
chegar mais rápido ao intestino e, consequentemente, é absorvido mais 
rápido. 
➢ Efeito mais rápido 
➢ Chega em maior quantidade 
➢ AUC é maior com a metaclopamida 
➢ Absorção é mais rápida porque já existe a concentração máxima 
Porque é que o paracetamol passa mais rápido e em maior quantidade com 
a metaclopramida? 
➢ Passa menos tempo no estômago e, por isso, está menos tempo sujeito 
às agressões dos conteúdos gástricos 
 
 Nathália Azevedo | 
30 Farmacologia e Terapêutica 
❖ Com propantelina – biodisponibilidade vai ser ainda menor do que com água. 
A propantelina é um fármaco que atrasa o esvaziamento gástrico. 
Quais são as consequências desse atraso? 
➢ Em geral, vai atrasar a absorção e, por isso, fica reduzida 
➢ A razão disto é porque o fármaco passou mais tempo no estômago e 
demora mais a chegar ao intestino – esteve mais tempo sujeito aos 
conteúdos gástricos e parte da molécula já não é absorvida 
 
B. Motilidade intestinal 
No caso da diarreia, pode não haver efeito porque o peristaltismo reduz o tempo e 
intimidade de contato. Para além disto, pode haver alteração da absorção dos 
princípios ativos. 
 
C. Fluxo de sangue 
Imaginar um doente com insuficiência cardíaca. O que acontece? 
➢ Vai ter um fluxo sanguíneo reduzido, o que pode diminuir a absorção 
 
D. Alimentos 
Os alimentos podem influenciar a absorção de várias maneiras, pois há 
medicamentos que devem ser administrados com alimentos e outros em jejum. 
❖ Anti-inflamatórios: devem ser administrados com alimentos porque são 
agressivos para o estômago. Os alimentos fazem com que não haja contato 
direto com o estômago e que haja uma redução da absorção 
 
- Fármacos com fraca estabilidade em meio ácido (a exposição gástrica prolongada 
degrada o fármaco). Ex: etritromicina, azitromicina, isoniazida 
- Fármacos que exigem ambiente ácido para serem absorvidos. Ex: itraconazol, 
cetoconazol 
- Fármacos cuja absorção é aumentada na presença de ácidos gordos. Ex: tacrolimus, 
carbamazepina 
- Fármacos que se ligam às fibras, reduzindo a sua absorção. Ex: digoxina 
- Fármacos que ligam ao cálcio (quelato), reduzindo a absorção. Ex: quinolonas, 
tetraciclinas 
 
 
 Nathália Azevedo | 
31 Farmacologia e Terapêutica 
❖ Bifosfanatos: devem ser administrados em jejum porque a presença de 
alimentos vai prejudicar a absorção e isto não é muito bom porque já possui 
uma biodisponibilidade muito fraca 
❖ Azitromicina e eritromicina: são melhor absorvidas se administradas em 
jejum porque a acidez do estômago está aumentada na presença de alimentos, 
ou seja irá diminuir a quantidade de fármaco absorvido 
❖ Antifúngicos: precisam dos ácidos para serem absorvidos 
❖ Tetraciclinas e quinolonas: são antibióticos (contraindicados em crianças) 
que na presença de cálcio formam um quelato, que não é absorvido. Os 
doentes que estão a fazer suplemento de cálcio ou que consomem lacticínios, 
vão absorver menos fármaco 
 
E. Propriedade físico-químicas 
 
F. Tamanho da partícula e formulação 
A maneira como os medicamentos são produzidos também têm influência na 
absorção: 
❖ Comprimidos: são as formulações mais usadas e são obtidos pela compressão 
do pó, que tem o princípio ativo e outras substâncias. Esta força de 
compressão aplicada aos pós, vai influenciar a maneira como vai se 
desintegrar. O princípio ativo só é absorvido de estar dissolvido. 
➢ força muito grande → comprimido não se vai dissolver, logo não há 
absorção do princípio ativo 
❖ Tamanho das partículas: quanto menor forem, melhor vai ser a absorção 
❖ Medicamento de libertação modificada 
➢ Medicamento de revestimento entérico: é colocada uma película à 
volta do medicamento que é sensível ao pH (resiste ao pH ácido, mas 
quando passa para um pH ligeiramente alcalino, vai libertar o 
fármaco). 
o São utilizados para anti-inflamatórios e aspirina 
 
- Desintegração do comprimido 
• Grau de compressão em comprimidos 
• Tipo de excipientes 
-Dissolução de partículas de fármaco no fluido intestinal 
• Tamanho das partículas 
- Medicamentos de “Libertação modificada” 
• Medicamentos de ação prolongada (morfina, nifedipina, paracetamol) 
• Medicamentos de revestimento entérico (mesalazina: revestimento sensível ao pH) 
➢ 5-ASA lançado no intestino delgado distal e colon 
 
 Nathália Azevedo | 
32 Farmacologia e Terapêutica 
o Também é utilizado no medicamento para o tratamento da 
doença de Crohn: o princípio ativo 5-ácido aminosalicílico 
tem como objetivo atuar no intestino e, por isso, vai ter o 
revestimento entérico para só ser absorvido na parte mais distal 
ou até mesmo no colon 
➢ Medicamento de ação prolongada 
o Morfina: analgésico forte que não apresenta uma boa 
biodisponibilidade via oral. Normalmente é administrada pela 
via subcutânea ou endovenosa. No entanto, existem algumas 
formulações que podem ser administradas por via oral – 
formulações de ação prolongada. Vai evitar que o doente esteja 
a tomar frequentemente o fármaco, pois, em vez de ser 
libertado de imediato, é libertado sustentadamente. Isto vai 
permitir que o fármaco exista na corrente sanguínea semprenuma concentração constante e melhora a adesão terapêutica 
 
O que pode acontecer no caso de alteração dos excipientes? 
 
 
 
 
 
Os medicamentos genéricos são obrigados a ter a mesma biodisponibilidade, mas os 
excipientes não têm de ser os mesmos do medicamento de referência. 
O gráfico demonstra um exemplo de como um excipiente num medicamento pode 
interferir na quantidade que é absorvida. 
Havia uma indústria farmacêutica que produzia fenitoína (usado para o tratamento 
da epilepsia) e utilizava o excipiente sulfato de cálcio. Como era mais caro, 
resolveram substituir este excipiente para lactose, mas, mais tarde, foi observada uma 
epidemia de toxicidade da fenitoína. Quando os pacientes começaram a usar os 
medicamentos com lactose, os níveis de fenitoína dispararam, causando efeitos 
tóxicos. 
Ao passarem novamente para o sulfato de cálcio, retornou para níveis terapêuticos. 
CONCLUSÃO: os próprios excipientes, mesmo sendo substâncias inertes, podem 
alterar a absorção, podem interagir com o princípio ativo e alterar também a 
velocidade com que são absorvidos. 
 
 
 Nathália Azevedo | 
33 Farmacologia e Terapêutica 
Biodisponibilidade 
Biodisponibilidade ≠ Absorção 
 
A biodisponibilidade vai ser sempre feita em comparação 
com a via IV porque esta via é a que se considerada que tem 
100% de absorção. 
 
Biodisponibilidade absoluta ou farmacológica 
(relação entre a biodisponibilidade da via IV (100%) e da 
via oral) 
A biodisponibilidade relativa está relacionada com as ≠ de 
biodisponibilidade entre os medicamentos de referência e os 
genéricos (80-125%). 
 
A biodisponibilidade é a fração de fármaco que é absorvida 
por uma determinada via (quantidade de fármaco que atinge 
a circulação sanguínea). A preparação farmacêutica e a via 
de administração são fatores que interferem com a 
biodisponibilidade. 
 
 
 
 
Biodisponibilidade 
A quantidade de fármaco 
absorvida pode ser avaliada a 
partir da curva de concentração 
plasmática vs tempo, pela 
determinação da área total da 
curva de concentração (AUC). 
Por via IV: fração de absorção 
= 1 (AUC máxima) 
Por outras vias: fração de 
absorção (expressa entre 0-
100% ou 0-1) 
o F= AUC (via x) / AUC 
(via IV) 
Biodisponibilidade absoluta 
ou farmacológica: corresponde 
à fração de fármaco disponível 
para ação no organismo 
proveniente de diferentes vias 
de administração, que atinge a 
circulação sistémica. 
o F = AUC po / AUC IV 
Biodisponibilidade relativa ou 
farmacêutica: depende da 
formulação da forma 
farmacêutica 
o F = AUC MG + AUC 
REF 
o Ex: bioequivalência do 
medicamento de 
referência com o 
medicamento genérico 
 
 
 Nathália Azevedo | 
34 Farmacologia e Terapêutica 
1.2.2. Distribuição 
A distribuição corresponde à deposição do fármaco no organismo a partir do 
momento em que ele está disponível no sangue. 
O fármaco vai passar do sangue para outras partes do organismo e esta distribuição 
não é uniforme e vai ser influenciada por: 
• características físico-químicas do fármaco (lipossolubilidade, tamanho da 
molécula, grau de ionização) 
• fluxo sanguíneo 
• tipo de barreira a atravessar (a barreira placentária é de fácil travessia, ao 
contrário da barreira hematoencefálica que é difícil travessia) 
• pH 
• transportadores de fármacos 
Na distribuição é preciso ter em atenção o fluxo sanguíneo. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Quando o fármaco é administrado por via IV, os locais onde vai chegar primeiro são: 
• SNC 
• Elevada perfusão sanguínea (pulmões, coração, fígado) – locais mais irrigados 
vão ser “bombardeados” com maior quantidade de fármaco 
Isto tem tendência para equilibrar 
Fármaco muito lipídico – vai para o tecido adiposo. Apesar de ser difícil atingir este 
tecido, por ser pouco irrigado, se o fármaco for lipídico, tende a acumular aí. 
 
 
 Nathália Azevedo | 
35 Farmacologia e Terapêutica 
O organismo é constituído por uma grande quantidade de água, por isso, a 
distribuição dos fármacos vai depender também dos compartimentos que estão a ser 
considerados. 
 
 
 
 
 
 
A distribuição também vai depender de outras características: 
❖ Doente obeso: tem maior % de gordura. Se for um fármaco muito lipofílico 
vai estar mais na gordura e menos no plasma (pode ser necessário ajustar a 
dose) 
❖ Doente idoso: aumento da % de gordura e a diminuição da quantidade de 
água 
❖ Permeabilidade capilar: os fármacos vão atingir o fígado em grandes 
quantidades porque este órgão tem uma elevada permeabilidade 
 
Barreira hematoencefálica 
É uma barreira à passagem de moléculas, principalmente, às hidrofílicas. Se as 
moléculas forem muito lipofílicas e pequenas vão conseguir permear a BHE através 
da difusão simples – caso não seja possível, existem os transportadores. 
A BHE encontra-se mais permeável na meningite por haver uma inflamação nesta 
barreira. Numa pessoa saudável, a penicilina não atinge o SNC, mas neste caso irá 
atingir por estar mais permeável. 
 
Esta permeabilidade capilar é um impeditivo à passagem 
das moléculas para o SNC. Por isso, os fármacos com 
atuação no cérebro têm de ser distribuídos para o sangue. 
 
 
 
 
 
 Nathália Azevedo | 
36 Farmacologia e Terapêutica 
Barreira placentária 
Ao contrário da BHE, é uma barreira pouco impermeável. 
❖ Os fármacos atravessam a placenta por difusão 
❖ Fármacos lipossolúveis atravessam-na facilmente (opioides, antiepiléticos) 
❖ Fármacos teratogénicos 
Portanto, o que estiver na mãe vai passar para o feto. 
Os opioides não são teratogénicos, mas provocam síndromes no bebé. 
 
Ligação a proteínas plasmáticas 
A maneira como os fármacos se ligam às proteínas plasmáticas varia de acordo com 
a sua atividade. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
❖ Albumina (fármacos ácidos, ex. varfarina, AINES): é a principal e representa 
afinidade principalmente para fármacos ácidos (ou seja, é uma proteína com 
características básicas). 
❖ Glicoproteínas α-1 (fármacos básicos, ex. quinina) 
❖ Lipoproteínas (fármacos básicos) 
❖ Globulinas (hormonas) 
 
 
 Nathália Azevedo | 
37 Farmacologia e Terapêutica 
 
 
 
 
 
 
 
O fármaco pode se ligar de acordo com a sua afinidade, mas a sua ligação é, de uma 
maneira geral, rápida e irreversível. 
O fármaco existe no plasma ligado às proteínas plasmáticas, mas também existe em 
equilíbrio com a fração livre. 
 
 
Ou seja, existe sempre nestas duas formas 
Se uma molécula do fármaco sai do plasma, há tendência para restabelecer o 
equilíbrio. 
Portanto, a afinidade às proteínas plasmáticas vai ditar o tempo em que o fármaco 
vai ficar em circulação no plasma. 
Porquê? 
Quando o fármaco está ligado às proteínas plasmáticas não vai ter ação 
farmacológica. Isto porque as proteínas são macromoléculas e não atravessam as 
membranas. 
A maioria dos fármacos liga-se reversivelmente às proteínas 
plasmáticas (ligação não específica): 
 O fármaco ligado à proteína não atravessa as membranas 
 Apenas o fármaco na forma livre está disponível para a 
difusão através dos capilares, para a distribuição e para 
atuar nos locais de ação 
 O fármaco ligado à proteína não tem atividade 
 
 Nathália Azevedo | 
38 Farmacologia e Terapêutica 
Dois exemplos que mostram como a afinidade às proteínas plasmáticas vai 
condicionar a localização do fármaco: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
1) fármaco com pouca tendência para se ligar às proteínas plasmáticas 
 
 
 
Ou seja: conseguem uma distribuição 
mais facilitada
O fármaco pode atravessar os capilares e...
atingir os órgãos 
efetores
ser metabolizado
ser excretado (se 
tiver acesso ao rim)
 
 Nathália Azevedo | 
39 Farmacologia e Terapêutica 
2) fármaco que se liga fortemente às proteínas plasmáticas 
 
 
 
 
Outro exemplo ilustrativo do que foi dito 
anteriormente. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Ou seja: tem tendência para se manter no plasma
O fármaconão consegue atravessar os capilares e...
não é 
transformado
não é 
excretado
não sai para 
órgãos efetores
 
 Nathália Azevedo | 
40 Farmacologia e Terapêutica 
Ligações a proteínas plasmáticas e interações medicamentosas: 
A ligação dos fármacos às proteínas plasmáticas é responsável por interações 
medicamentosas entre fármacos quando são administrados simultaneamente porque 
vão competir para os mesmos locais de ligação. 
 
 
 
 
 
 
Estas interações de distribuição estão associadas à competição para as proteínas 
plasmáticas. 
Interação medicamentosa: quando são tomados simultaneamente dois fármacos e 
eles deixam de ter a mesma ação se fossem tomados isolados. Uma dessas interações 
está relacionado com as proteínas plasmáticas 
 
 
 
 
 
 
 
O doente está a fazer o fármaco A que tem elevada afinidade para as proteínas 
plasmáticas. Depois vai tomar o fármaco B que tem também elevada afinidade. Por 
isso, vai deslocar o fármaco A, que estava ligado às proteínas plasmáticas, fazendo 
com que haja uma maior quantidade de fármaco livre (maior quantidade de fármaco 
A). 
Quais são as consequências disto? 
❖ Quando estava ligado às proteínas plasmáticas, o fármaco A não tinha 
atividade farmacológica – mas agora, como está sozinho, vai exibir os seus 
efeitos farmacológicos 
❖ Se o fármaco A tiver uma margem terapêutica estreita significa que com a 
mesma dose, tomando o fármaco B, os níveis do primeiro vão estar mais 
elevados, ou seja, se for tóxico, rapidamente atinge-se a dose tóxica 
Quando dois fármacos (com elevada extensão de ligação às 
proteínas plasmáticas) são administrados concomitantemente vão 
competir para os mesmos locais de ligação 
 Há um aumento da fração livre de fármaco 
 Há um aumento dos efeitos farmacológicos 
 Importante para fármacos com margem terapêutica estreita 
 Importante para fármacos com toxicidade significativa 
 
 Nathália Azevedo | 
41 Farmacologia e Terapêutica 
Este deslocamento das proteínas plasmática pode resultar num aumento da fração 
livre do fármaco e, portanto, pode aumentar a toxicidade. 
 Exemplo: AINEs e varfarina (anticoagulante oral) – grande risco 
hemorrágico 
 
 
No caso de insuficiência hepática, há uma menor síntese de albumina e, por isso, há 
uma maior quantidade de fármaco livre – maior toxicidade, por haver uma menor 
ligação às proteínas plasmáticas. 
❖ Nestes pacientes, será necessário reduzir a dose do fármaco 
 
Ligação a outros locais 
 
 
 
 
 
 
A composição do nosso organismo não é homogénea. 
O tecido adiposo é pouco irrigado e, por isso, os fármacos têm dificuldade em atingi-
lo. Por outro lado, se o fármaco for muito lipofílico, como é o caso, por exemplo, do 
diazepam – o fármaco vai demorar muito tempo a chegar ao tecido adiposo, mas vai 
Quando é que a interação pode 
ser significativa clinicamente?
quando os fármacos têm elevada 
tendência para se ligarem às 
proteínas plasmáticas (ligado >90% 
às protéinas)
quando os fármacos têm margem 
terapêutica estreita (pequena 
variação da concentração plasmática 
pode originiar uma variação grande 
de efeito - subterapêutico, terapêutico 
e tóxico)
Tecido adiposo 
 Fármacos lipídicos 
 Reservatório estável 
 Ex: anestésicos 
Osso 
 Adsorção do osso 
 Reservatório – libertação lenta 
 Ex: tetraciclinas, metais pesados 
 
 
 Nathália Azevedo | 
42 Farmacologia e Terapêutica 
ter tendência a acumular-se nesse tecido (porque também é difícil fazer o processo 
inverso). 
Há determinados fármacos que têm afinidade para o osso: 
❖ um dos mais conhecidos é o flúor utilizado para a prevenção das cáries. 
Quando o flúor é administrado via oral, é absorvido e vai se depositar nos 
cristais de HA 
❖ tetraciclinas: são antibióticos contraindicados nas grávidas e nas crianças 
porque observou-se que aquelas que tomavam este antibiótico, 
desenvolveram manchas amarelas nos dentes. Têm também elevada 
afinidade para o cálcio, o que vai fazer com que elas se concentrem naquelas 
zonas 
❖ bifosfonatos: pela característica de quelatação, vão ter tendência a acumular-
se no osso, aumentando o risco de osteonecrose do osso mandibular 
 
Distribuição dos fármacos em diferentes compartimentos corporais 
COMPARTIMENTO EXEMPLOS 
Água corporal total Pequenas moléculas hidrossolúveis (ex: 
etanol) 
Água extracelular Moléculas hidrossolúveis maiores (ex: 
manitol) 
Plasma sanguíneo Moléculas altamente ligadas às proteínas 
plasmáticas, moléculas muito grandes, 
moléculas altamente carregadas (ex: 
heparina) 
Tecido adiposo Moléculas altamente lipossolúveis (ex: 
diazepam) 
Ossos e dentes Certos iões (ex: fluoreto, estrôncio) 
 
 
Volume de distribuição 
Parâmetro farmacocinético usado para avaliar a distribuição. 
É definido como o volume hipotético de líquido necessário para dissolver a 
quantidade total de fármaco existente no corpo, para que resultasse na mesma 
concentração do plasma sanguíneo. 
𝑉𝑑(𝐿) =
𝑞𝑢𝑎𝑛𝑡𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒 𝑑𝑒 𝑓á𝑟𝑚𝑎𝑐𝑜 (𝐷)(𝑚𝑔)
𝑐𝑜𝑛𝑐𝑒𝑛𝑡𝑟𝑎çã𝑜 𝑝𝑙𝑎𝑠𝑚á𝑡𝑖𝑐𝑎 (𝐶𝑝)(𝑚𝑔/𝐿)
 
Isto significa que o volume de distribuição seria um volume que teríamos de 
considerar para que a totalidade do fármaco no organismo ficasse numa 
concentração igual à concentração plasmática. Isto indica que, se o fármaco tiver um 
elevado volume de distribuição, o fármaco pode sair do plasma. 
 
 Nathália Azevedo | 
43 Farmacologia e Terapêutica 
É uma situação que acontece quando os fármacos são muito lipídicos – conseguem 
abandonar facilmente o plasma. 
Os que têm um volume de distribuição pequeno, são aqueles que se concentram no 
plasma – é um fármaco que vai ter dificuldade em sair. 
❖ Fármaco extremamente hidrofílico ou ionizado 
Grandeza independente da dose administrada. 
Alguma bibliografia ainda o refere como volume aparente de distribuição porque na 
realidade não é um volume fisiológico. Utilizado apenas para nos dar uma noção do 
local onde o fármaco se encontra no organismo. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
1.2.3. Metabolização 
 
É uma transformação química que ocorre na molécula (fármaco), dando origem a 
outros produtos, designados metabolitos. 
Os metabolitos são resultado da metabolização e resultam, geralmente, em produtos 
mais hidrofílicos – para tornar o fármaco mais facilmente excretado – e em produtos 
que têm menos atividade farmacológica. 
Modificação estrutural dos fármacos por reações enzimáticas mediadas por enzimas, 
formando-se compostos com diferentes compostos com diferentes características físico-
químicas e farmacológicas. 
Objetivo: transformar as moléculas em compostos hidrossolúveis e sem atividade 
farmacológica, por forma a poderem serem excretadas pelo organismo, ao nível renal e 
biliar, essencialmente. 
Ocorre predominantemente no fígado 
- enzimas do CYP – 
 
 
 Nathália Azevedo | 
44 Farmacologia e Terapêutica 
A metabolização ocorre virtualmente em todas as células, mas em maior quantidade 
no fígado (tem uma elevada taxa de metabolização devido à presença das enzimas 
de metabolização). 
As reações de metabolização podem originar: 
1) Transformação dos fármacos em compostos inativos (sem atividade 
farmacológica) 
2) Transformação dos fármacos em metabolitos que são farmacologicamente ativos 
(ou até mais ativos) – o diazepam sofre desmetilação originando um metabolito que 
é ativo e que tem um tempo de semivida mais longo 
3) Transformação dos fármacos em produtos hidrossolúveis (mais facilmente 
excretados pelo rim) 
4) Formação de metabolitos com maior toxicidade (ex: O paracetamol tem um 
metabolito com toxicidade elevada que é rapidamente inativado por conjugação com 
o glutatião) 
❖ Por norma, o paracetamol é um fármaco bem tolerado, mas uma das vias de 
metabolização do paracetamol dá origem a um metabolito mais tóxico, que 
pode causar hepatotoxicidade 
❖ Nos casos de administração de doses superiores às terapêuticas (intoxicação),o glutatião disponível é insuficiente para inativar o metabolito e este 
metabolito provoca lesão hepática 
5) Ativação de fármacos - pró-fármacos (fármacos administrados sob a forma inativa 
e só se tornam ativos após a metabolização – ex: Levodopa, simvastatina, ramipril, 
perindopril) 
❖ Melhoram a biodisponibilidade ou a ação do fármaco – fazer com que chegue 
ao local desejado, com menos efeitos adversos e com mais atividade 
❖ Justificação para a utilização de pró-fármacos: 
➢ Melhor absorção 
➢ Não há destruição pelo suco gástrico nem pelas enzimas intestinais 
➢ Há produção seletiva de metabolitos ativos em alvos específicos 
(citostáticos) 
 
6) Também existem certos fármacos que não passam pelo processo de metabolização 
– podem ser eliminados sem nunca terem sido metabolizados (ou seja, na forma 
original ativa). 
❖ Benzilpenicilina, Ofloxacina, Gentamicina 
 
 
 
 
 
 Nathália Azevedo | 
45 Farmacologia e Terapêutica 
Reações enzimáticas de metabolização 
As reações de metabolização são reações químicas 
catalisadas pelas enzimas de fase I e de fase II. Esta 
classificação é um pouco enganadora, pois dá ideia 
que primeiro ocorre a de fase I e só depois a de fase II 
– mas não é sempre assim. 
❖ Fase I: reações catalisadas principalmente 
pelas enzimas hepáticas (enzima do CYP 
450). Estas enzimas do CYP 450 são um 
grande conjunto de enzimas que estão 
envolvidas em reações que vão provocar 
alterações na molécula de maneira a 
tornarem-na mais hidrofílica – o objetivo é 
tornar a molécula mais ativa para ser 
eliminada 
❖ Fase II: são conhecidas como as reações de 
conjugação. A molécula do fármaco original 
ou o metabolito vão ser conjugados/ligados a 
uma molécula do organismo que tenha 
elevada hidrofilia – geralmente é o ácido 
glucorónico. Estes compostos com elevada 
hidrofilia são, geralmente, inativos. Há que 
chame a esta fase, a fase terminal porque o 
fármaco perde ação e pode ser eliminado. 
Os metabolitos de fase II podem ser 
eliminados através da bílis (sendo depois 
eliminados pelas fezes) 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Reações enzimáticas de 
metabolização 
FASE I – Geralmente antecedem 
as de Fase II (embora não 
necessariamente). 
Transformação da molécula, 
hidrolisando-a ou ainda 
retirando ou adicionando 
radicais que a tornem mais 
hidrossolúvel. As reações 
químicas que ocorrem são a 
hidrólise, oxidação, redução, 
desaminação, descarboxilação, … 
(ocorrem no reticulo 
endoplasmático fígado – enzimas 
do CYP 450). 
FASE II – Conjugação - os 
intermediários formados na fase 
anterior sofrem a adição de novas 
moléculas, como a glutationa ou o 
ácido glucurónico, ou seja, 
sofrem uma reação enzimática de 
conjugação. As reações de 
conjugação ocorrem geralmente 
no fígado e são reações 
metabólicas terminais, tornando-
as completamente 
hidrossolúveis. 
 
 
 Nathália Azevedo | 
46 Farmacologia e Terapêutica 
 
 
Alguns exemplos: 
 
 
 
 
 
 
 
Neste caso, a metabolização dá origem 
a um metabolito mais tóxico do que o 
próprio fármaco (exceção) 
 
 
 
 Nathália Azevedo | 
47 Farmacologia e Terapêutica 
 
 
 
 
 
 
 
O benzeno é um fármaco, mas não é usado como um medicamento – apresenta 
elevada biodisponibilidade, mas dificilmente é eliminado. 
Quando sofre reações de fase I – neste caso, há adição do grupo OH – mesmo assim 
continua com pouca hidrofilia. 
Importância da família CYP 450: 
 
 
 
 
 
 
 
 
Responsável pela metabolização da maioria dos fármacos usados na clínica. 
 
 
A metabolização dá-se de 
forma mais acentuada 
nos hepatócitos, mais 
precisamente no REL. 
Os CYP são enzimas 
membranares. 
 
 
 Nathália Azevedo | 
48 Farmacologia e Terapêutica 
Fatores que influenciam a metabolização 
 
 
 
FATORES GENÉTICOS: 
(polimorfismo genético) 
 
 
 
 
Uma das questões que mais influencia é a expressão destas enzimas de 
metabolização. Principalmente, o CYP2D6 é o que apresenta maior variabilidade 
genética. O CYP3A4 é aquele que metaboliza a maioria dos fármacos e apresenta 
pouca variabilidade. 
Portanto, observa-se o polimorfismo genético – numa população, vai haver várias 
maneiras de metabolizar porque são dependentes da expressão destas enzimas. 
 
Patológicos:
hepatopatias -
insuficiência hepática
Fisiológicos: espécie, 
população, idade, 
sexo, nutrição
Genéticos:
polimorfismos 
genéticos
Farmacológicos:
inibição ou indução 
enzimática
Fatores
As enzimas do citocromo P450 (CYP) são proteínas que 
constituem uma grande família de enzimas relacionadas, 
mas diferentes quanto ao substrato que metabolizam. 
Existem variações entre populações humanas e individuais. 
 
 Nathália Azevedo | 
49 Farmacologia e Terapêutica 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Nesta população, observou-se que este antidepressivo não funcionava da mesma 
maneira. 
Ao explorar melhor, verificou-se que estes metabolizadores ultrarrápidos não 
exibiam efeito antidepressivo. Os metabolizadores lentos exibiam efeitos adversos. 
Ou seja, o fármaco estava desenhado para os metabolizadores extensivos – maioria 
da população 
 
INDUÇÃO E INIBIÇÃO ENZIMÁTICA: 
A metabolização das enzimas hepáticas responsáveis pela metabolização dos 
fármacos pode ser estimulada (indução) ou inibida (inibição). Podem ocorrer 
interações medicamentosas como resultado de uma indução ou inibição destas 
enzimas. 
Indução Enzimática 
 
O fármaco ou substância pode aumentar a taxa de metabolização – é como se 
estivéssemos a tomar uma menor quantidade de fármaco, ou seja, pode haver perda 
do efeito terapêutico. 
Quando uma substância (fármacos, alimentos, poluentes, tabaco) aumenta a taxa de 
metabolização dos fármacos que são substratos das enzimas induzidas 
Diminuição da duração de ação do fármaco 
Ex: cigarro (ex: níveis de estrogénios diminuídos nas fumadoras), couve de Bruxelas, fenobarbital, 
rifampicina, griseolulvina, carbamazepina, isoniazida, clofibrato, erva de S.João 
 
 
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50 Farmacologia e Terapêutica 
A indução das enzimas hepáticas por um medicamento pode determinar a redução 
dos níveis de outro, comprometendo a sua eficácia. 
Inibição Enzimática 
 
Neste caso, observa-se exatamente o contrário – é como se estivéssemos a tomar uma 
dose muito superior do fármaco porque como as enzimas estão inibidas, vai haver 
uma redução da metabolização. Consequentemente, as concentrações plasmáticas 
vão aumentar. 
A inibição de enzimas hepáticas pode determinar o aumento dos níveis de outro com 
risco acrescido de toxicidade. 
 
 
 
 
 
 
Quando uma substância (ex: sumo toranja) diminui a taxa de metabolização dos fármacos que 
são substratos das enzimas inibidas 
A inibição da síntese das enzimas por outros fármacos pode diminuir a metabolização de alguns 
fármacos 
 Aumento dos níveis circulantes de fármaco 
 Aumento da duração de ação 
Ex: cimetidina, IMAO, cetoconazol, fenitoína, valproato, alopurinol, eritromicina, 
ciprofloxacina, verapamil, dissulfiram 
 
 Nathália Azevedo | 
51 Farmacologia e Terapêutica 
Alguns exemplos: 
 
 
 
 
 
 
 
 
O crixivan é um fármaco usado para o tratamento do HIV e perde a sua ação quando 
é administrado simultaneamente com o chá de ervas de S. João. 
 Muitas das substâncias que vêm nas ervas ou são hepatotóxicas, ou interferem 
com as enzimas 
Para além disto, o hipericão também pode reduzir o efeito dos contracetivos orais 
por indução do CYP3A4. 
 
 
Inibição do CYP3A4 – efeito das toranjas 
e tangelos. 
Estes frutos têm constituintes ativos que 
vão inibir estas enzimas. Como é o tipo 
de enzima que metaboliza a maioria dos 
fármacos, as toranjas acabaram por ser 
proibidas nos hospitais do EUA. 
 
 
 
 Nathália Azevedo | 
52 Farmacologia e Terapêutica 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
A ciclosporina é um medicamento usado nos transplantes – imunossupressor.❖ Rifampicina e erva de S. João: induzem as enzimas, por isso, o doente tem 
falha no transplante 
❖ Itraconazol: pode causar um aumento da ciclosporina, resultando num efeito 
nefrotóxico deste fármaco 
 
Em suma...
Indução: perda do 
efeito
Inibição: aumento 
da toxicidade
 
 Nathália Azevedo | 
53 Farmacologia e Terapêutica 
Fenómeno de 1ª passagem 
Há fármacos que quando são administrados por via oral podem nunca chegar a 
atingir a corrente sistémica, devido a fenómeno de 1ª passagem. 
É o efeito que ocorre quando os fármacos são administrados oralmente e são 
obrigados a passar pelo intestino e depois têm acesso direto ao fígado através da veia 
porta, antes de atingir a corrente sistémica. Ao passar pela parede do intestino para 
o fígado vai ser sujeito a metabolização (1º passo do metabolismo). Portanto, vai 
haver uma perda significativa do fármaco, fazendo com que não consiga atingir a 
corrente sistémica. 
Exemplo: 
❖ fármaco é administrado por via oral e chega 100% ao intestino 
❖ nos enterócitos, a gpP vai fazer com que o fármaco nem seja absorvido 
❖ as enzimas do CYP (que também existem nas células dos intestinos) vão fazer 
com que seja metabolizado, estando apenas 30% de fármaco para seguir pela 
veia porta 
❖ quando chega ao hepatócito, as enzimas de metabolização vão fazer com que 
apenas 15% do fármaco atinja a corrente sistémica 
Exemplo de um fármaco que tem um pronunciado efeito de 1ª passagem: 
 
 
 
 
 
 
 
 
Após absorção intestinal, uma parte do fármaco sofre extensa metabolização: 
1º A nível da parede intestinal nos enterócitos. 
2º Nos hepatócitos, que determinam uma menor quantidade disponível na circulação 
sistémica. 
É necessária uma maior dose via oral, se o fármaco sofre um forte efeito de primeira passagem ou 
optar por outra via de administração. 
Pela via oral os fármacos são absorvidos no trato gastrintestinal e transportados diretamente até o 
fígado por meio da circulação porta. O fígado tem a oportunidade de metabolizá-los antes de 
alcançarem a circulação sistémica (antes de atingirem seus órgãos-alvo). 
 
 Nathália Azevedo | 
54 Farmacologia e Terapêutica 
Exemplo de um fármaco que não sofre um efeito de 1ª passagem pronunciado: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Há alguma bibliografia que refere que este efeito de 1ª passagem não é apenas por 
causa das enzimas do fígado. 
Exemplo de interação provocada pela gpP: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
A gpP é um transportador de efluxo – pode fazer com que não haja absorção. 
Alguns fármacos ficam com a sua biodisponibilidade comprometida por causa da 
ação deste transportador: 
❖ Digoxina – é transportada pela gpP. A Claritromicina é um inibidor da gpP. 
Se estes dois fármacos forem administrados simultaneamente, a 
biodisponibilidade da digoxina aumenta para níveis tóxicos. 
Portanto, os fármacos que interferem com a gpP podem estar também na origem da 
alteração da biodisponibilidade. 
Veia porta 
100% 
 
 Nathália Azevedo | 
55 Farmacologia e Terapêutica 
1.2.4. Excreção 
Corresponde ao passo final com a eliminação do fármaco. 
A via mais importante para a eliminação é a via urinária 
– o rim desempenha um papel fundamental na eliminação 
dos fármacos. 
Também pode ocorrer por outras vias, pois são 
importantes para alguns fármacos. 
Para os fármacos/metabolitos serem eliminados pela 
urina, têm de estar na forma hidrofílica (contrário da 
absorção). 
Quando os fármacos chegam ao rim, vão ser submetidos 
a diversos processos de transporte. 
Inicia-se com a filtração e todos os fármacos vão passar 
para os túbulos renais. No processo de filtração 
glomerular, todo o fármaco livre vai passar para os 
túbulos – existem em circulação os fármacos ligados às 
proteínas plasmáticas, ou seja, não vão ser filtrados (a não 
ser que o doente tenha insuficiência renal). 
Se o fármaco possuir características lipofílicas vai voltar 
para trás, isto é, difundem rapidamente do fluido tubular 
para o sangue – vai ser reabsorvido (reabsorção tubular). 
Adicionalmente, também pode ocorrer a secreção tubular 
– transporte ativo do fármaco do sangue para os túbulos 
renais. Este processo ocorre através de transportadores – 
OAT e OCT desempenham um papel importante, pois 
alguns fármacos podem ser devolvidos à urina através destes transportadores. 
 
Excreção 
É a eliminação dos fármacos e 
dos seus metabolitos do 
organismo. 
O principal órgão de 
eliminação dos fármacos do 
organismo é rim, mas os 
fármacos podem ser 
eliminados por outras vias 
como: suor, fezes, respiração 
Podem estar envolvidos os 
processos: 
 Filtração glomerular 
 Reabsorção tubular 
 Secreção tubular 
(transportadores para 
fármacos ácidos e 
básicos; a excreção de 
penicilina é reduzida 
pelo probenacid) 
 
 Nathália Azevedo | 
56 Farmacologia e Terapêutica 
A eliminação renal depende de: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
- Velocidade de filtração glomerular 
O processo de eliminação renal é influenciado pela filtração glomerular. 
Os pacientes com insuficiência renal vão ter mais dificuldade em eliminar o fármaco 
pela urina – a dose tem de ser ajustada: 
❖ redução da dose 
❖ aumento do espaço entre as tomas do medicamento 
❖ utilizar fármacos que ficam inativos por metabolização (não estão tão 
dependentes da excreção para serem eliminados) 
- pH do fluído tubular 
A maioria dos fármacos utilizados são ácidos ou bases e, portanto, a sua excreção 
está dependente do pH da urina. Uma das formas desintoxicar os pacientes é alterar 
o pH urinário. 
Se a urina estiver ácida, o fármaco acídico vai existir em maior % na sua forma não 
ionizada – vai ter mais tendência a ser reabsorvido. Na urina ácida, os fármacos 
alcalinos vão ter um comportamento inverso – vai existir em maior quantidade na 
forma ionizada, que é a forma hidrossolúvel, então a urina ácida vai favorecer a 
eliminação de bases fracas. 
 
velocidade de filtração glomerular
pH do fluido tubular
quantidade de fármaco/metabolito 
excretado ativamente a nível tubular
taxa de reabsorção de 
fármaco/metabolito a nível tubular
 
 Nathália Azevedo | 
57 Farmacologia e Terapêutica 
Excreção biliar 
A via biliar é importante para a excreção de alguns fármacos – os metabolitos de fase 
II podiam ser eliminados através da bílis. 
A excreção biliar não exige que o fármaco seja hidrofílico, mas no caso dos fármacos 
lipofílicos pode acontecer reabsorção. 
Os fármacos/metabolitos que são excretados por via biliar atingem o intestino 
delgado e são transportados pela bílis. 
 
 
 
O ciclo entero-hepático é relevante porque vai fazer com que haja um prolongamento 
da ação do fármaco – como está constantemente em circulação, vai aumentar o 
tempo no organismo. 
Este ciclo também pode ser uma razão para as interações medicamentosas entre os 
anticoncecionais e os antibióticos – quando é um antibiótico de largo espetro, as 
bactérias dos intestinos vão ser destruídas, ou seja, o conjugado já não vai ser 
hidrolisado, nem eliminado nas fezes. 
 
 
 
Fármacos não lipofílicos (polares) são excretados nas fezes
lipofílicos podem ser reabsorvidos 
ciclo entero-hepático: a eliminação de substâncias via biliar para o lúmen
do duodeno pode levar a nova absorção para a corrente sanguínea (p.e.
anticoncecionais orais podem sofrer hidrólise pela enzima β-glicuronidase,
produzida pelos microrganismos da flora bacteriana intestinal, e voltar a
serem reabsorvidos). Este processo, quando acontece de forma significativa,
é responsável pelo prolongamento da ação de certos fármacos
 
 Nathália Azevedo | 
58 Farmacologia e Terapêutica 
 
 
Para além destas, também se referem secreções: gástrica, pancreática, intestinal, 
sudorípara e genital. 
 
Parâmetros que avaliam a metabolização e a excreção 
1. Tempo de semivida (t1/2) 
Tempo necessário para que a concentração do fármaco caia para metade 
É o tempo que ocorre entrea toma do fármaco e a passagem para metade da sua 
concentração plasmática. Esse tempo vai ser o responsável pela manutenção do 
fármaco no organismo. 
 
 
Só ao fim de 5 semividas é que o 
fármaco está eliminado do 
organismo. 
O que é que acontece se um fármaco 
tiver um tempo de semivida longo? 
❖ Vai haver tendência para 
acumulação 
Outras vias
Excreção 
ocular
Excreção 
salivar
Excreção 
pulmonar
(álcool, 
anestésico 
voláteis)
Excreção pelo 
leite
(amamentação 
- risco para o 
lactante)
 
 Nathália Azevedo | 
59 Farmacologia e Terapêutica 
O tempo de semivida vai condicionar a posologia dos fármacos – é o intervalo entre 
as tomas. 
❖ Se o fármaco tiver um tempo de semivida curto, o fármaco tem de ser tomado 
frequentemente 
❖ Se o fármaco tiver um tempo de semivida longo, geralmente toma-se uma vez 
por dia apenas, por exemplo 
 
2. Clearance ou Depuração – CI 
Mede o volume de sangue que é depurado de fármaco por unidade de tempo (L/h). 
No fundo, mede a capacidade que o organismo tem de eliminar o fármaco porque 
este desaparece da corrente sanguínea por metabolização ou excreção. 
 
É um parâmetro que pode ser avaliado matematicamente: 
Clrenal + Clhepática + Cloutra = Cl total 
Cálculo da clearance total 
Cl (L/h) = Vd x Ke 
ou, Cl = Dose ÷ AUC IV 
Quando não se conhece AUC via IV, calcula-se a clearance aparente ou clearance 
oral 
Cl = (Dose oral x F oral) ÷ AUC 
 
Clearance é o 
resultado de 
excreção do 
fármaco do 
organismo
metabolismo 
do fármaco
 
 Nathália Azevedo | 
60 Farmacologia e Terapêutica 
Inicialmente há uma concentração de fármaco, mas depois de algum tempo acontece 
que há o mesmo volume de sangue e menos quantidade de fármaco: 
 
 
 
3. Relação entre Clearance – Vd – t1/2 
 
Se o volume de distribuição, por analogia, é o 
tanque – um fármaco com elevado volume de 
distribuição vai ter um tempo de semivida 
longo. 
Se a clearance for a torneira – ao abrir muito a 
torneira, o fármaco vai ser eliminado 
rapidamente. 
Ou seja: a clearance é inversamente 
proporcional ao tempo de semivida 
→ clearance elevada – tempo de semivida curto 
 
Ke = Cl / Vd 
Já que, 
t1/2 = 0,693/Ke 
Então: 
t1/2 = (0,693 x Vd)/ Cl 
 
Importa saber estes parâmetros porque nas várias situações discutidas, há alteração 
do tempo de semivida, por isso pode ser necessário o ajuste de doses – alterações ao 
nível do fígado, rim, fenómenos de indução e inibição enzimática. 
 
 
 Nathália Azevedo | 
61 Farmacologia e Terapêutica 
1.3 Vias de administração dos fármacos 
1.3.1. Vias de administração sistémicas 
As vias de administração vão influenciar a absorção e biodisponibilidade, e são 
classificadas, de uma maneira geral, em dois grandes grupos: 
1. Entéricas – a absorção processa-se no tubo digestivo 
2. Parentéricas – não há fase de absorção, ou a absorção processa-se fora do 
tubo digestivo (inclui todas as formas de administração por intermédio de 
uma seringa, agulha ou cateter) 
 
 
Vias Entéricas 
VIA ORAL 
É a mais utilizada. A absorção é feita através da mucosa gástrica e da mucosa do 
intestino delgado, e é influenciada por: 
❖ Presença de alimentos no estômago 
❖ Esvaziamento gástrico 
❖ Motilidade intestinal 
❖ pH do estômago e do intestino 
❖ Natureza do fármaco (pequenas moléculas lipossolúveis são absorvidas mais 
rapidamente) 
❖ Velocidade de desintegração 
❖ Dissolução do fármaco no conteúdo gástrico 
❖ Fluxo sanguíneo do tubo gastrointestinal 
Vias de administração
Entéricas
- sublingual
- supralingual
- oral
- retal
Parentéricas
- endovenosa
- intramuscular
- subcutânea
- intratecal
- intradérmica
- inalatória
- dérmica (percutânea)
 
 Nathália Azevedo | 
62 Farmacologia e Terapêutica 
Existem muitas maneiras de fazer administração por via oral e a vantagem disto é 
permitir jogar com as diferentes absorções (problemas de serem irritantes gástricos, 
por exemplo). 
 
Vantagens Desvantagens 
Cómoda Necessidade da colaboração do doente 
Económica Grande tempo de latência entre o 
momento de administração e o início 
dos efeitos – não é útil em situações de 
urgência 
Possibilidade de autoadministração Irritantes 
 Por exemplo, não podem ser 
usados os fármacos para o 
tratamento do cancro 
Absorção satisfatória para muitos 
fármacos 
Inativação pelo conteúdo digestivo 
(penicilina, cálcio e tetraciclinas) 
 As penicilinas são inativadas no 
estômago e por essa razão 
desenvolveram-se as 
amoxicilinas e outros derivados 
da penicilina que apresentam 
resistência aos conteúdos 
gástricos 
Segura Interações entre vários fármacos 
(tetraciclinas com antiácidos) 
 Fenómenos de 1ª passagem (lidocaína, 
nitroglicerina) 
 A lidocaína não tem 
biodisponibilidade oral 
 Variabilidade da absorção 
 Variam muito com os alimentos 
 Não pode ser utilizada em doentes em 
coma nem em doentes com vómitos 
 
Notas para preparações para administração via oral: 
1. Comprimidos ou cápsulas – não devem ser cortados (exceto se existir uma marca 
de corte) porque há o risco de dose incorreta e também de irritação gástrica. 
2. Cápsulas de libertação lenta ou comprimidos revestidos – não devem ser 
manipulados, mastigados, triturados ou abertos. 
3. Emulsões – podem ser diluídas em água. 
 
 Nathália Azevedo | 
63 Farmacologia e Terapêutica 
4. Suspensões – devem ser bem agitadas, até que não haja material sólido visível. 
5. Elixir – não deve ser diluído, pois o diluente pode causar precipitação do fármaco. 
VIA RETAL 
É uma alternativa à via oral, mas não é muito prática. 
 
Vantagens Desvantagens 
Certas situações clínicas 
 Utilizada em bebés porque tem 
absorção mais rápida do que VO 
 Utilizada em doentes 
inconscientes 
 Utilizada em doentes com 
vómitos 
Absorção muito irregular 
 Porque a mucosa retal não é 
destinada à absorção 
 Há presença de fezes na ampola 
retal 
 Desperta rapidamente o reflexo 
de defecação 
Escape à metabolização hepática Ação irritante local (não deve ser 
utilizada em doentes com Síndrome 
hemorroidário) 
 Há deficiente absorção nos idosos 
porque há menor irrigação sanguínea, 
menor temperatura corporal e 
incontinência fecal (por perda de 
controlo esfincteriano) 
 
Notas sobre preparações para administração por via retal: 
1. Supositórios – por exemplo, Paracetamol (controlo da febre) e Diazepam (controlo 
das crises convulsivas). 
2. Enema de retenção – por exemplo, resina permutadora de iões (controlo de 
hipercaliemia nos insuficientes renais). 
 
 
 Nathália Azevedo | 
64 Farmacologia e Terapêutica 
VIA SUBLINGUAL 
É utilizada em situações particulares, como em doentes com AP. 
 
Vantagens Desvantagens 
Absorção rápida (porque a mucosa 
sublingual tem pequena espessura e 
uma rica vascularização) 
Ação irritante local e sabor 
desagradável (por isso é usado em casos 
raros 
Autoadministração Necessidade de reter o fármaco no local 
Escape à metabolização hepática 
Via útil em situações de urgência (AP 
ou controlo de crises hipertensivas) 
 
 
Notas sobre preparações por via sublingual: 
1. Comprimidos sublinguais – são colocados debaixo da língua e retidos até serem 
dissolvidos ou absorvidos. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
O isosorbide tem uma biodisponibilidade muito maior e a absorção é muito mais 
rápida na via sublingual. Por via oral, os nitratos sofrem os efeitos de 1ª passagem. 
 
 
 Nathália Azevedo | 
65 Farmacologia e Terapêutica 
VIA SUPRALINGUAL 
É de absorção rápida. 
Exemplos: Loperamida (para controlo da diarreia) e Ondasetron (para controlo dos 
vómitos). 
Vias Parentéricas 
VIA ENDOVENOSA 
É de uso frequente, na impossibilidade de usar outra via. 
 
Vantagens Riscos/Limitações 
Concentrações sanguíneas máximas 
imediatas (situações urgentes) 
Soluções aquosas (apenas) 
Uso de fármacos mal absorvidos por 
outras vias ou parcialmente destruídos 
antes

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