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Conceitos Básicos em Farmacologia

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FARMACOLOGIA 
 
CONCEITOS BÁSICOS EM FARMACOLOGIA 
Farmacologia pode ser definida como a ciência que estuda os efeitos das 
substâncias químicas sobre a função dos sistemas biológicos. Segundo Paul 
Erlich: 
“A AÇÃO DE UMA DROGA DEVERÁ SER ENTENDIDA EM TERMOS DE 
INTERAÇÕES QUÍMICAS CONVENCIONAIS ENTRE AS DROGAS E OS 
TECIDOS “ 
 
Droga: qualquer substância de origem natural (animal, vegetal, microbiológica, 
mineral), sintética ou semissintética que ocasiona uma alteração no 
funcionamento biológico por suas ações químicas sobre o organismo vivo. 
Efeito benéfico - fármaco - Farmacologia 
Efeito tóxico - agente tóxico - Toxicologia 
 
• O OBJETIVO DO USO DE UM FÁRMACO É UTILIZÁ-LO NO 
TRATAMENTO, PROFILAXIA E DIAGNÓSTICO 
• VEÍCULO FARMACOLÓGICO: MEIO EM QUE A DROGA SE 
ENCONTRA DISPERSA 
• FORMA FARMACÊUTICA: É COMO A DROGA SE APRESENTA PARA 
USO: xarope, comprimido, cápsula, drágeas, injetáveis, líquidos, 
pomadas etc. 
 
O estudo das interações entre as drogas e o organismo é feito através de duas 
vertentes da Farmacologia: FARMACOCINÉTICA E FARMACODINÂMICA 
1. A FARMACOCINÉTICA ESTUDA AS AÇÕES DO ORGANISMO SOBRE AS 
DROGAS. Absorção (vias de administração), distribuição, metabolização, 
excreção. 
2. A FARMACODINÂMICA ESTUDA AS AÇÕES DAS DROGAS SOBRE O 
ORGANISMO. Estuda os efeitos fisiológicos, bioquímicos e o mecanismo de 
ação dos fármacos. 
 
OS MANDAMENTOS PARA O USO ADEQUADO E ADMINISTRAÇÃO DE 
DROGAS: 
• DIAGNÓSTICO CORRETO 
• DROGA CORRETA 
• DOSE CERTA 
• VIA DE ADMINISTRAÇÃO ADEQUADA 
• HORÁRIO MAIS APROPRIADO 
 
Para garantir eficácia terapêutica, o médico deve avaliar previamente: 
• A relação eficácia/toxicidade 
• Variabilidade individual na resposta 
• Interações farmacológicas 
 
Identificação: 
1. NOME QUÍMICO: N - ( 4-HIDROXIFENIL ) ACETAMIDA 
2. NOME GENÉRICO: ACETAMINOFEN 
3. NOME DE MARCA OU FANTASIA ( ® ): TYLENOL 
 
Denominação Comum Brasileira (DCB) - denominação do fármaco ou 
princípio farmacologicamente ativo aprovada pelo órgão federal responsável 
pela vigilância sanitária. 
 
Denominação Comum Internacional (DCI) - denominação do fármaco ou 
princípio farmacologicamente ativo recomendada pela Organização Mundial da 
Saúde. 
 
Nome comercial: designação do produto, para distingui-lo de outros, ainda que 
do mesmo fabricante ou da mesma espécie, qualidade ou natureza. 
 
Remédio: palavra utilizada pelo leigo como sinônimo de medicamento. Na 
realidade remédio pode ser considera todo e qualquer dispositivo que sirva para 
tratar o doente ou que alivie uma condição não desejada. Um banho frio, uma 
bolsa de gelo, uma massagem, um medicamento, entre outros, são exemplos de 
remédios. 
 
Fármaco: substância química conhecida e de estrutura química definida, dotada 
de efeito terapêutico e que é o princípio ativo do medicamento. 
 
Droga: qualquer substância capaz de alterar uma determinada função biológica 
através de suas ações químicas. 
 
Medicamento: produto farmacêutico, tecnicamente elaborado, com finalidade 
profilática, curativa, paliativa ou para fins de diagnósticos. É uma forma 
farmacêutica terminada que contém o fármaco, geralmente, em associação com 
adjuvantes farmacotécnicos. Preparações com drogas de ação farmacológica 
que são utilizadas de acordo com suas indicações e propriedades. Pode ser 
magistral ou oficinal. 
 
Medicamento oficinal: medicamentos que são preparados nas próprias 
farmácias de acordo com normas e doses estabelecidas nas farmacopeias e com 
uma designação uniforme. A farmacopeia é o livro que oficializa as drogas de 
uso corrente e consagradas como eficazes e úteis. 
 
Medicamento magistral: é aquele preparado por manipulação em uma 
farmácia a partir de uma fórmula prescrita por um médico. O medicamento 
magistral requer uma elaboração artesanal, personalizada e precisa que confere 
a preparação qualidade, segurança e eficácia 
 
Especialidade farmacêutica: são medicamentos de fórmula conhecida, ação 
comprovada, com uma forma estável e que são comercializados preparados e 
embalados (especialidade farmacêutica) e que recebem um nome de marca ou 
fantasia, sendo produzidos pelos laboratórios farmacêuticos. 
 
Medicamento Inovador - medicamento apresentando em sua composição ao 
menos um fármaco ativo que tenha sido objeto de patente, mesmo já extinta, por 
parte da empresa responsável pelo seu desenvolvimento e introdução no 
mercado no país de origem, e disponível no mercado nacional. Em geral, o 
medicamento inovador é considerado referência, entretanto, na ausência do 
mesmo, a ANVISA indicará o medicamento de referência. 
 
Medicamento de Referência – medicamento inovador registrado no órgão 
federal responsável pela vigilância sanitária e comercializado no País, cuja 
eficácia, segurança e qualidade foram comprovadas cientificamente junto ao 
órgão federal competente, por ocasião do registro. Geralmente encontra-se há 
bastante tempo no mercado e tem marca comercial conhecida. 
 
Medicamento inovador: medicamento apresentando em sua composição ao 
menos um fármaco ativo que tenha sido objeto de patente, mesmo já extinta, por 
parte da empresa responsável pelo seu desenvolvimento e introdução no 
mercado no país de origem, e disponível no mercado nacional. Em geral, o 
medicamento inovador é considerado medicamento de referência, entretanto, na 
ausência do mesmo, a ANVISA indicará o medicamento de referência. 
 
Medicamento Similar - aquele que contém o mesmo ou os mesmos princípios 
ativos, apresenta a mesma concentração, forma farmacêutica, via de 
administração, posologia e indicação terapêutica, preventiva ou diagnóstica, do 
medicamento de referência, mas não tem sua bioequivalência comprovada com 
o medicamento de referência. Não é intercambiável. É registrado no órgão 
federal responsável pela vigilância sanitária, podendo diferir do medicamento de 
referência somente em características relativas ao tamanho e forma do produto, 
prazo de validade, embalagem, rotulagem, excipientes e veículos, devendo 
sempre ser identificado por nome comercial ou marca. 
De acordo com a orientação da Anvisa (Resolução 92/00), os medicamentos 
similares terão que comprovar sua equivalência farmacêutica e bioequivalência 
com o medicamento de referência (ao longo do tempo), transformando-se em 
genérico ou medicamento de marca e, neste caso, não poderão utilizar nome 
genérico. 
 
Medicamento Genérico – é aquele que contém o mesmo fármaco (princípio 
ativo), na mesma dose e forma farmacêutica, é administrado pela mesma via e 
com a mesma indicação terapêutica do medicamento de referência no país, 
apresentando a mesma segurança que o medicamento de referência, podendo, 
com este, ser intercambiável. É geralmente produzido após expiração ou 
renúncia da patente e de direitos de exclusividade, comprovando sua eficácia, 
segurança e qualidade através de testes de biodisponibilidade e equivalência 
terapêutica, e designado pela DCB ou, na sua ausência, pela DCI. 
A intercambialidade, ou seja, a substituição segura do medicamento de 
referência pelo seu genérico, é assegurada por testes de bioequivalência 
apresentados à Agência Nacional de Vigilância Sanitária, do Ministério da 
Saúde. De acordo com a Resolução nº 135, de 29/05/2003 foi permitido ao 
farmacêutico a substituição do medicamento de referência prescrito, 
EXCLUSIVAMENTE, pelo genérico correspondente e, neste caso, deve apor seu 
carimbo, constando do seu nome, inscrição no CRF, datar e assinar. Todavia, 
as restrições expressas pelo prescritor, de próprio punho, deverão ser 
observadas. 
Para obter registro como genérico, deve-se comprovar que o medicamento é 
equivalente farmacêutico e bioequivalente (no caso de comprimidos, cápsulas, 
suspensões ou outros, para os quais o teste de bioequivalência seja indicado), 
em relação ao medicamento de referência, indicado pela GGMEG-ANVISA, 
garantindo, assim, a intercambialidade e a substituição genérica. As bases 
técnico-científicas da intercambialidade têm como suporte as definiçõesda Lei 
9787 e da Resolução RDC no 10. 
 
Equivalentes Farmacêuticos - são medicamentos que contém o mesmo 
fármaco, isto é, mesmo sal ou éster da mesma molécula terapeuticamente ativa, 
na mesma quantidade e forma farmacêutica, podendo ou não conter excipientes 
idênticos. Devem cumprir com as mesmas especificações atualizadas da 
Farmacopeia Brasileira e, na ausência destas, com as de outros códigos 
autorizados pela legislação vigente ou, ainda, com outros padrões aplicáveis de 
qualidade, relacionados à identidade, dosagem, pureza, potência, uniformidade 
de conteúdo, tempo de desintegração e velocidade de dissolução, quando for o 
caso. 
 
Biodisponibilidade - indica a velocidade e a extensão de absorção de um 
princípio ativo em uma forma de dosagem, a partir de sua curva 
concentração/tempo na circulação sistêmica ou sua excreção na urina. 
 
Bioequivalência - consiste na demonstração de equivalência farmacêutica 
entre produtos apresentados sob a mesma forma farmacêutica, contendo 
idêntica composição qualitativa e quantitativa de princípio (s) ativo (s), e que 
tenham comparável biodisponibilidade, quando estudados sob um mesmo 
desenho experimental. 
 
Medicamentos Bioequivalentes - são medicamentos que, ao serem 
administrados na mesma dose molar, nas mesmas condições experimentais, 
não apresentam diferenças estatisticamente significativas em relação à 
biodisponibilidade. 
 
Equivalentes farmacêuticos: são medicamentos que apresentam mesmo 
fármaco, mesma natureza química (mesma base, mesmo sal, éster ou derivado 
químico), mesma forma farmacêutica, mesmas especificações farmacopeias 
(identidade, pureza, potência, concentração, desintegração, dosagem e via de 
administração), mas podem diferir em excipientes, cor, sabor, forma, agentes de 
conservação, envase, tempo de vida útil dentro de certos limites. Em 
consequência, podem mostrar diferentes biodisponibilidades. Os medicamentos 
similares são considerados equivalentes farmacêuticos, e não equivalentes 
terapêuticos. 
 
Equivalência Terapêutica - dois medicamentos são considerados 
terapeuticamente equivalentes se eles são farmaceuticamente equivalentes e, 
após administração na mesma dose molar, seus efeitos em relação à eficácia e 
segurança são essencialmente os mesmos, o que se avalia por meio de estudos 
de bioequivalência apropriados, ensaios farmacodinâmicos, ensaios clínicos ou 
estudos in vitro. Os medicamentos genéricos são considerados equivalentes 
terapêuticos. 
 
Produto Farmacêutico Intercambiável - equivalente terapêutico de um 
medicamento de referência, comprovados, essencialmente, os mesmos efeitos 
de eficácia e segurança. 
 
Biodisponibilidade: trata-se da velocidade e quantidade do fármaco, contido no 
medicamento, que alcança a circulação sistêmica. 
Por se tratar de um parâmetro relacionado à absorção, não se aplica a fármacos 
administrados por via intravascular, uma vez que o processo de absorção não 
ocorre nesta via. A absorção é a transferência do fármaco do local de 
administração para a corrente sanguínea. Assim, por definição, um fármaco 
administrado por via intravenosa é 100% biodisponível, isto é, toda a dose do 
fármaco é administrada diretamente na corrente circulatória e está disponível 
para interagir com os receptores e desencadear o efeito farmacológico. 
Partindo do princípio de que a ação terapêutica de um fármaco depende da sua 
disponibilização no local de ação, numa concentração efetiva, durante um 
período determinado, é previsível que, na presença de resultados 
farmacocinéticos semelhantes, se obtenha uma ação terapêutica equivalente. 
Em outras palavras, se um mesmo indivíduo apresentar durante um período 
adequadamente estabelecido, concentrações plasmáticas semelhantes de um 
mesmo fármaco, a partir de dois medicamentos distintos, supõem-se que se 
observem efeitos similares. Surge assim o conceito de bioequivalência. 
Assim como os estudos clínicos são úteis para determinar a segurança e eficácia 
terapêutica, os estudos de biodisponibilidade são úteis para definir como sua 
formulação afeta a farmacocinética do princípio ativo. Podemos traçar, a partir 
dos testes de biodisponibilidade, uma curva de concentração X tempo na 
circulação sistêmica. 
Os testes de biodisponibilidade fornecem dois dados muito importantes: (1) a 
concentração máxima (Cmax) – quantidade máxima absorvida a partir da dose 
administrada ou pico de absorção; e (2) o tempo gasto para atingir a 
concentração máxima ou pico de concentração (tmax). 
Curva estabelecida com dados do teste de biodisponibilidade de um fármaco 
(quantidade absorvida = concentração plasmática X velocidade de absorção e 
excreção = tempo na circulação sistêmica) 
 
Bioequivalência: é o estudo de biodisponibilidade comparativa entre dois 
medicamentos administrados em uma mesma via extra vascular. Avalia os 
parâmetros relacionados à absorção do fármaco, a partir da forma farmacêutica 
administrada, contendo a mesma dosagem e mesmo desenho experimental. 
Dois produtos são bioequivalentes quando ao serem administrados na mesma 
dose e via, não demonstram diferenças estatisticamente significativas na 
quantidade de fármaco absorvido e velocidade de absorção. 
Os estudos de bioequivalência são realizados em voluntários sadios, em número 
mínimo de 12. Em alguns casos, esses ensaios requerem o emprego de 
pacientes (por ex. citotóxicos). Aos medicamentos que se destinam à aplicação 
local (tópicos, nasal, retal, vaginal etc.) e cuja ação não resulta de uma absorção 
sistêmica não são aplicáveis estudos de bioequivalência. Nestes casos devem 
ser realizados estudos relacionados à eficácia, ou seja, estudos clínicos. 
 
Ensaio de bioequivalência: análise pela qual se avalia a biodisponibilidade do 
medicamento teste (candidato a genérico) contra o medicamento referência, em 
voluntários sadios. São realizadas as dosagens da concentração da substância 
ativa ou metabólito(s) em fluidos biológicos em função do tempo. 
 
O teste de bioequivalência envolve três etapas: clínica, analítica e estatística. 
 
Etapa clínica: Nesta etapa elabora-se o protocolo clínico para a administração 
dos medicamentos teste e referência. Antes da administração dos 
medicamentos, é coletada uma amostra sanguínea de cada voluntário, que 
servirá de controle para a certificação de que não há fármaco no organismo. 
Após a administração do medicamento, são coletadas amostras sanguíneas, 
conforme um cronograma pré-estabelecido, no qual se garante a absorção de 
mais de 80% do fármaco. As amostras serão utilizadas para quantificar o 
fármaco absorvido. Esta etapa deve ser realizada sob Boas Práticas Clínicas 
(BPC). 
 
Etapa Analítica: É a etapa onde os fármacos são quantificados nas amostras 
coletadas durante a etapa clínica por um método bioanalítico validado. Os 
valores da concentração de fármaco são plotados em gráfico, obtendo-se uma 
curva de concentração plasmática em função do tempo. A partir dessa curva, 
são calculados os parâmetros farmacocinéticos necessários para estabelecer a 
bioequivalência: pico de concentração (Cmax) e tempo do pico máximo (tmax). Tais 
parâmetros são comparados estatisticamente. A etapa deve ser realizada sob 
Boas Práticas de Laboratório (BPL). 
 
Etapa Estatística: Após quantificação das concentrações do fármaco aplica-se 
um método estatístico apropriado para analisar os dados e verificar os 
parâmetros da análise de bioequivalência. Ao final desta etapa, emite-se um 
relatório integrado das 3 etapas onde consta o parecer com o resultado final da 
análise. 
 
A exigência destes testes está regulamentada pela Resolução da Diretoria 
Colegiada da Anvisa (Resolução-RDC) nº 133/2003. 
O registro dos medicamentos na ANVISA é revalidado a cada cinco anos. Todos 
os medicamentos similares deverão estar regulamentados até 2 de junho de 
2013, ou seja, a partir desta data, todos os produtos similares obrigatoriamente 
terão apresentado os estudos de equivalência farmacêutica e bioequivalência. 
 
Testes de bioequivalênciade uma formulação de amoxicilina e outra de losartan 
que demonstraram ser bioequivalentes ao medicamento referência. 
 
Como os genéricos chegam ao mercado? 
Após a definição da fórmula e do processo de produção, a empresa deverá 
cumprir uma série requisitos junto à Anvisa, cumprindo todas as etapas do 
processo, a saber: 
 
Pré-submissão: a empresa apresenta projeto para análise e aprovação junto à 
Anvisa, constando de fórmula padrão; processo de fabricação; equipamentos 
utilizados; protocolo com estudos de estabilidade e validação do processo; 
metodologia analítica utilizada; protocolo de estudos de bioequivalência, que 
deverá atender às normas estabelecidas na Resolução 10/2001. O projeto é, 
então, analisado e, se aprovado, a empresa receberá autorização para produção 
de lotes preliminares a serem utilizados nos estudos acima citados. 
 
Registro: a empresa terá que apresentar toda documentação exigida conforme 
a legislação vigente, como alvará de funcionamento; certificado de Boas Práticas 
de Fabricação; certificado de responsabilidade técnica; relatório técnico do 
fármaco, contendo aspectos farmacodinâmicos, farmacocinéticos, toxicológicos, 
resultados de estudos clínicos realizados. Caso o parecer do técnico seja 
favorável, após análise completa do processo, o medicamento será considerado 
genérico e terá seu registro publicado no Diário Oficial da União, após o que 
poderá ser comercializado, constando em sua embalagem os dizeres: 
“Medicamento Genérico, Lei 9.787/99”. 
 
Pós-registro: após a publicação do registro do produto, a empresa deverá 
comunicar à Anvisa, entre outros procedimentos, a distribuição de no mínimo 
três lotes para que a Agência, a seu critério, faça apreensão para análise de 
controle da qualidade; quais os lotes produzidos e distribuídos mensalmente e, 
periodicamente, enviar relatórios informando a ocorrência de reações adversas, 
para garantia do monitoramento da segurança e eficácia do medicamento 
genérico. Os profissionais de saúde, especialmente médicos e farmacêuticos, 
deverão comunicar à Anvisa, a ocorrência de reações adversas e/ou ineficácia 
terapêutica. 
 
Houve um grande avanço no processo do registro de medicamentos. A Anvisa 
deixou de ser um órgão cartorial, que se preocupava apenas com papéis e 
passou a exercer todo o seu potencial técnico, sendo de extrema importância na 
garantia da qualidade do Genérico, fator fundamental para assegurar a sua 
credibilidade junto à população. 
Ao farmacêutico cabe, agora, também um papel decisivo no processo, 
contribuindo em diversas atividades, como por exemplo: estudos de estabilidade, 
desenvolvimento de metodologia analítica, validação de processos produtivos, 
estudos de bioequivalência, farmacovigilância e assistência farmacêutica. 
 
Todos os genéricos terão que apresentar estudos de bioequivalência? 
Não. Para alguns medicamentos, incluindo soluções parenterais, a 
intercambialidade é adequadamente assegurada pela implementação das Boas 
Práticas de Fabricação. Para determinadas classes de produtos biológicos, 
como vacinas, soros, produtos derivados do plasma e do sangue humano, e 
produtos obtidos por biotecnologia, a intercambialidade depende também de 
outras considerações, requerendo muitas vezes estudos clínicos que 
comprovem sua eficácia terapêutica. Estão isentos dos estudos de 
bioequivalência: 
 
- medicamentos administrados por via parenteral como soluções aquosas ou pós 
para reconstituição que resultem em solução que contém o mesmo fármaco, na 
mesma concentração em relação ao medicamento de referência e, 
essencialmente, os mesmos excipientes em concentrações comparáveis; 
- soluções ou pós para reconstituição que resultem em solução de uso oral que 
contém o mesmo fármaco, na mesma concentração em relação ao medicamento 
de referência e que não contêm excipientes que afetem a motilidade 
gastrintestinal ou a absorção do fármaco; 
- gases medicinais; 
- soluções aquosas óticas ou oftálmicas que contêm o mesmo fármaco, na 
mesma concentração em relação ao medicamento de referência e, 
essencialmente, os mesmos excipientes em concentrações comparáveis; 
- medicamentos de uso tópico, não destinados a efeito sistêmico, que contêm o 
mesmo fármaco, na mesma concentração em relação ao medicamento de 
referência e, essencialmente, os mesmos excipientes em concentrações 
comparáveis; 
- produtos inalatórios ou sprays nasais, apresentados sob forma de solução 
aquosa, que contêm o mesmo fármaco, na mesma concentração em relação ao 
medicamento de referência e, essencialmente, os mesmos excipientes em 
concentrações comparáveis; 
- medicamentos de uso oral cujos fármacos não sejam absorvidos no trato 
gastrintestinal (por exemplo, antiparasitários). 
 
Por que os genéricos podem ser mais barato? 
Em geral, os preços mais altos dos medicamentos de marca permitem à empresa 
recuperar o seu investimento na pesquisa e no desenvolvimento de novos 
fármacos. Estudos elaborados nos EUA mostram que o desenvolvimento de um 
fármaco pode levar 11 ou 12 anos e tem um custo de cerca de US$ 200 milhões. 
Por sua vez, os fabricantes de medicamentos genéricos “copiam” um 
determinado medicamento – não necessitam fazer investimentos em pesquisas 
para o seu desenvolvimento. 
Além disso, esses fabricantes não necessitam fazer propaganda, pois não há 
marca a ser divulgada, o que também reduz os custos do medicamento. 
 
Dentre as divisões da farmacologia estão: 
 
- Farmacodinâmica: contempla o estudo do local e mecanismo de ação, efeitos 
terapêuticos e tóxicos de um fármaco. Considerada a base da farmacoterapia. 
 
- Farmacocinética: estuda as vias de administração, absorção distribuição, 
biotransformação e excreção dos fármacos. 
 
- Farmacognosia: estuda a origem, as características, a estrutura, e composição 
química das drogas no seu estado natural sob a forma de órgãos ou organismos 
vegetais e animais, assim como seus extratos. 
 
- Farmacovigilância: é o conjunto de atividades destinadas a identificar e avaliar 
os efeitos do uso agudo e crônico dos medicamentos na população ou em 
subgrupos de pacientes expostos a tratamentos específicos. Nasceu após as 
atenções que foram dispensadas a alguns desastres da terapêutica, como por 
exemplo, o caso da Talidomida no início da década de sessenta. 
 
FARMACODINÂMICA 
A farmacodinâmica estuda a relação entre os fármacos e seus alvos, bem como 
a resposta fisiológica decorrente desta interação e os respectivos mecanismos 
desta ação. 
É importante distinguir os termos “alvo” e “receptor” de fármacos, pois muitas 
vezes os alvos não são, necessariamente, estruturas de membrana 
denominadas receptores. 
Os alvos dos fármacos são basicamente de quatro tipos: 
· Enzimas 
· Moléculas transportadoras 
· Canais iônicos 
· Receptores 
Algo bastante interessante é que os fármacos não criam novos efeitos no 
organismo, mas em vez disso, modulam funções fisiológicas alteradas pelos 
processos patológicos. 
Para que haja a interação entre o fármaco e seu alvo é necessário uma íntima 
relação entre a molécula alvo e a molécula do fármaco, isto é, necessita-se de 
afinidade. Além da afinidade é imprescindível a especificidade, ou seja, o 
fármaco deve interagir exclusivamente com o seu alvo, visando minimizar efeitos 
não desejados. Esta afinidade/especificidade deve ser recíproca, tanto da 
molécula alvo pelo fármaco, quanto do fármaco por seus alvos. 
 
1. FÁRMACOS QUE INTERAGEM COM ENZIMAS 
As enzimas compõem um amplo grupo de moléculas alvo de fármacos. Muitas 
enzimas estão envolvidas nos processos patológicos e podem ter suas ações 
inibidas após interação com fármacos. Ou então, os fármacos podem atuar como 
falsos substratos, em que a molécula do fármaco sofre transformação química, 
formando um substrato anormal, subvertendo a via metabólica normal. 
Como exemplos de interação fármaco-enzimas, visando a modulação de 
processos patológicos temos: 
· Inibição da enzima conversorade angiotensina (ECA), responsável pela 
conversão de angiotensina I em angiotensina II, um potente vasoconstritor. Os 
inibidores da ECA (IECA) impedem que ocorra esta conversão e, 
consequentemente, resultam na redução dos níveis pressóricos devido à 
inibição da vasoconstrição. 
· Inibição da cicloxigenase (COX), enzima chave no processo de 
metabolização do ácido araquidônico e produção de prostaglandinas, 
mediadores químicos da inflamação. Os anti-inflamatórios inibem 
irreversivelmente a COX, culminando na redução do processo inflamatório 
decorrente da diminuição da produção de prostaglandinas. 
· O sulfametoxazol é análogo estrutural do ácido aminobenzóico (PABA) e 
inibe de forma competitiva uma enzima bacteriana, a diidropteroato sintetase, 
que é responsável pela incorporação do PABA ao ácido diidrofólico. Por 
conseguinte, bloqueia a síntese do ácido diidrofólico e diminui a quantidade de 
ácido tetraidrofólico metabolicamente ativo, co-fator na síntese de purinas, 
timidina e DNA. 
 
2. FÁRMACOS QUE INTERAGEM COM PROTEÍNAS CARREADORAS 
 São fármacos que atuam bloqueando o transporte de substâncias 
endógenas, ou de outros fármacos administrados concomitantemente no mesmo 
medicamento. Muitas vezes as proteínas carreadoras estão envolvidas na 
excreção renal de alguns fármacos (secreção tubular ativa) e o bloqueio deste 
transporte reduz a eliminação do fármaco, aumentando seu tempo de meia vida. 
Por exemplo: 
· Imipenem + Cilastatina: o imipenem é um antimicrobiano de amplo 
espectro utilizado em infecções graves. A associação de cilastatina na mesma 
formulação farmacêutica aumenta o tempo de ação do imipenem, pois a 
cilastatina inibe a proteína responsável pela secreção tubular do imipenem. 
Desta forma, a inibição da excreção de imipenem, realizada pela cilastatina, 
promove o aumento do tempo de meia vida. 
· A probenecida, quando associada às penicilinas, como por exemplo à 
ampicilina, aumenta o tempo de ação deste antimicrobiano em decorrência da 
inibição de sua secreção tubular. 
 
3. FÁRMACOS QUE INTERAGEM COM CANAIS IÔNICOS 
 Alguns fármacos interagem canais iônicos que modulam o influxo de 
determinados íons. O aumento ou a redução da quantidade intracelular do íon 
envolvido resulta em eventos bioquímicos intracelulares, e consequentemente, 
no efeito farmacológico. 
 Diferente destes, há canais iônicos regulados por ligantes, ou 
ionotrópicos, cuja ação é dependente da interação com seu ligante, os quais 
veremos adiante. 
· As sulfoniluréias (substâncias anti-hiperglicemiantes – secretagogos de 
insulina) bloqueiam os canais de potássio (K+) das células b das ilhotas de 
Langerhans no pâncreas. Este bloqueio promove o efluxo de íons potássio (K+), 
causando à despolarização da membrana celular, que permite a entrada de íons 
Ca+ e leva à liberação de insulina. 
4. FÁRMACOS QUE INTERAGEM COM RECEPTORES 
Os receptores são estruturas especializadas produzidas pelo organismo, com o 
intuito de reconhecer e responder a moléculas endógenas, as quais possuem 
grande afinidade. A interação entre a substância endógena (agonista) e seu 
receptor estabelece uma comunicação química que coordena as funções de 
diferentes células do organismo. Tal fenômeno é conhecido como transdução do 
sinal. 
Muitas substâncias exógenas, tais como os fármacos, possuem afinidade a 
estes receptores e são capazes de interagir com eles. Desta interação ocorrem 
respostas que resultam na alteração ou modulação de funções fisiológicas. Tais 
alterações e modulações são observadas sob a forma de efeitos terapêuticos. 
Os receptores dividem-se basicamente em quatro tipos: 
· Canais iônicos regulados por ligantes – Receptores ionotrópicos 
· Receptores acoplados à proteína G – Receptores Metabotrópicos 
· Receptores ligados à quinase 
· Receptores nucleares 
 Estas estruturas moleculares altamente especializadas, ditas receptores, 
são capazes de amplificar os sinais bioquímicos gerados da interação com seus 
ligantes. Muitas vezes ocorre a formação de metabólitos conhecidos como 
segundos mensageiros. Os segundos mensageiros podem se difundir pela 
célula e conduzir informações para uma ampla variedade de alvos, que 
respondem ao estímulo de um único receptor. Por exemplo, uma molécula de 
hormônio esteróide se liga ao seu receptor e inicia uma série de eventos 
bioquímicos que resultam na transcrição de muitas cópias de RNAm específicos, 
que por sua vez produzem várias cópias de uma única proteína. 
 
4.1. CANAIS IÔNICOS REGULADOS POR LIGANTES – RECEPTORES 
IONOTRÓPICOS 
Os receptores ionotrópicos são constituídos por macromoléculas contendo 
várias subunidades que, pelo modo como se distribuem na membrana celular, 
formam um canal central (ionóforo). Em pelo menos uma dessas subunidades 
encontra-se o local de reconhecimento de ligantes endógenos. 
Muitos fármacos atuam sob estes receptores mimetizando as substâncias 
endógenas, ora melhorando, ora bloqueando o fluxo de íons através do canal. 
Os receptores nicotínicos da acetilcolina, bem como os receptores dos ácido γ-
aminobutírico (GABA), são exemplos destes receptores. 
No caso dos receptores nicotínicos, há interação da acetilcolina e de uma das 
subunidades do receptor (especificamente a α) que resulta em uma alteração da 
configuração estrutural do receptor, ocasionando a abertura do canal, e, 
consequentemente, a entrada de íons Na+ para o interior da célula, gerando a 
transmissão do impulso nervoso. O tempo para a resposta celular após a ligação 
da acetilcolina pode ser medido em milissegundo, ou seja, extremamente rápido. 
 
4.2. RECEPTORES ACOPLADOS À PROTEÍNA G – METABOTRÓPICOS 
Os receptores vinculados às proteínas G, quando ativados, desencadeiam um 
processo de transdução e amplificação, cujo resultado final resulta de uma 
ativação em cascata de sistemas enzimáticos. Constituem a maior família de 
receptores de membrana. 
Primeiramente o ligante extracelular é detectado especificamente pelo receptor 
presente na superfície celular (afinidade e especificidade). Por sua vez, o 
receptor desencadeia a ativação da proteína G localizada intracelularmente, logo 
abaixo da membrana. A seguir, a proteína G ativada modifica a atividade de um 
elemento efetor, geralmente uma enzima ou um canal iônico. Este elemento 
modifica então a concentração do segundo mensageiro intracelular que 
desencadeia uma série de eventos bioquímicos, resultando na resposta 
fisiológica. 
Os principais segundos mensageiros são o monofosfato de adenosina cíclico 
(AMPc), íons cálcio (Ca+), os fosfoinositídios e o monofosfato de guanosina 
cíclico (GMPc). 
 
4.2.1. Monofosfato de adenosina cíclico (cAMP) 
O AMPc atua como segundo mensageiro intracelular, mediando vários 
processos no organismo. Exerce a maioria dos seus efeitos pela estimulação de 
proteínas cinases AMPc-dependentes. Essas cinases, quando ativadas, ganham 
a capacidade de fosforilar enzimas intracelulares, e podem originar diferentes 
efeitos. Entre outras coisas, o AMPc está envolvido na mobilização de energia 
armazenada; (degradação de carboidratos no fígado e triglicerídeos nas células 
adiposas) conservação de água pelos rins; aumento na freqüência e força de 
contração do coração, todas por meio da ativação de enzimas pelas cinases 
AMPc-dependentes. As ações do AMPc, quando o estímulo é cessado, são 
interrompidas por uma cascata enzimática e o AMPc é degradado. 
 
4.2.2. Cálcio e fosfoinositídios 
Alguns neurotransmissores, hormônios e fatores de crescimento podem originar 
essa via de segundos mensageiros. Pode ser desencadeada por receptores 
ligados à proteína G ou ligados à tirosina-cinase, que leva à estimulação de uma 
enzima de membrana, a fosfolipase C (PLC). Essa enzima atua em um 
componente da membrana plasmática, o fosfatidilinositol-4,5-bifosfato (PIP2), 
clivando-o em diacilglicerol (DAG) e inositol-1,4,5-trifosfato(IP3), que são 
segundos mensageiros. O diacilglicerol atua somente na membrana, onde ativa 
uma proteína cinase sensível a fosfolipídeos e ao cálcio, proteína cinase C. Essa 
proteína, uma vez ativada pode atuar em outras enzimas e desencadear vários 
processos. Já o IP3 atua no citoplasma (devido a sua maior hidrossolubilidade) 
e desencadeia a liberação de Ca2+ de suas vesículas de armazenamento. O 
Ca2+ em alta concentração pode se ligar à calmodulina, e este complexo pode 
ativar novas proteínas. 
 
4.2.3. Monofosfato de guanosina cíclico (cGMP) 
Apresenta um mecanismo muito semelhante ao cAMP, mas desempenha seu 
papel somente em alguns tipos específicos de células. Atua estimulando 
proteínas cinases cGMP-dependentes. É o mecanismo que medeia as respostas 
ao óxido nítrico (NO), e alguns agentes vasodilatadores utilizam-se dessa via 
para exercerem seus efeitos. Os mecanismos de sinalização nem sempre 
ocorrem isoladamente. Pode haver interação entre esses mecanismos, de 
maneira antagônica ou sinérgica. Por exemplo, fármacos vasopressores, que 
contraem o músculo liso do endotélio, atuam pela liberação de Ca2+, mediada 
pelo IP3, e fármacos que levam ao relaxamento da musculatura lisa atuam 
através do aumento do cAMP (ação antagônica). Na liberação da glicose pelo 
fígado, há uma atuação conjunta de cAMP e fosfoinositídios (ação sinérgica). 
 
4.3. RECEPTORES LIGADOS À QUINASE 
Os receptores ligados a proteínas de transdução são receptores de membrana 
que incorporam um domínio intercelular de proteína quinase (em geral, tirosina 
quinase) em sua estrutura. Podem fazer um acoplamento direto ou indireto. 
 
4.4. RECEPTORES NUCLEARES 
Os receptores nucleares são receptores que regulam a transcrição de genes. 
Alguns deles na verdade se localizam no citosol e migram para o compartimento 
nuclear na presença da ligante, mas a maioria se localiza no núcleo. 
Tipo de interação Força de Ligação (kcal/mol) 
Covalente 50 - 150 
Iônica/eletrostática 5 - 10 
Lig. de hidrogênio 2 - 5 
Hidrofóbicas 0,5 – 1 
 
Consequências da ligação fármaco-receptor 
Agonistas e antagonistas 
 
FARMACOCINÉTICA 
 
A farmacocinética é o seguimento da farmacologia que estuda quantitativamente 
os processos de absorção, distribuição, biotransformação e excreção dos 
fármacos, em função do tempo. Neste estudo, as concentrações dos fármacos 
e de seus metabólitos (produtos da biotransformação) no organismo são 
determinados, permitindo a obtenção de importantes dados sobre estas 
substâncias, tais como: 
• Determinação da via de administração, doses, posologia (intervalo entre 
as doses) e ajustes de dose segundo a disfunção de alguns órgãos 
chaves na farmacocinética, como insuficiência renal e alterações 
hepáticas; 
• Previsão de efeitos indesejados decorrentes de interações 
medicamentosas em nível dos processos de absorção, distribuição, 
biotransformação e excreção; 
• Determinação dos principais locais de biotransformação; 
• Determinação das vias de excreção. 
 
O efeito ou resposta terapêutica é o resultado dos fenômenos que ocorrem após 
administração de um medicamento e estes dependem, por sua vez, das 
características do fármaco, das características do indivíduo e, o mais importante, 
da interação entre estes dois fatores: fármaco e indivíduo. 
 
Os fármacos em geral passam através das células e não pelos espaços 
intercelulares que são diminutos, permitindo apenas o trânsito de água, 
eletrólitos e compostos de baixo peso molecular. A membrana celular é uma 
estrutura dinâmica, mutável e adaptável à passagem de diferentes substâncias. 
Seu comportamento funcional é bastante variável no organismo, o que explica 
as diferenças observadas na velocidade, quantidade e tipo de substâncias 
transportadas pelas diversas membranas celulares. 
 
A membrana plasmática consiste em uma dupla camada de lipídeos anfifílicos 
com suas cadeias de hidrocarboneto orientadas para dentro, a fim de formar uma 
fase hidrófoba contínua e suas cabeças hidrófilas voltadas para fora. Cada 
molécula de lipídeo na camada dupla pode movimentar-se no sentido lateral, 
conferindo à membrana fluidez, flexibilidade, grande resistência elétrica e 
relativa impermeabilidade a moléculas altamente polarizadas. 
 
A absorção pode ser definida como a passagem do fármaco do seu local de 
administração para a circulação sistêmica. Assim, a absorção é importante para 
todas as vias de administração, exceto para a intravenosa. 
 
“O ideal seria que os fármacos fossem administrados diretamente no local de 
ação”, isto aumentaria a eficácia farmacológica, diminuiria a dose necessária 
para a obtenção do efeito terapêutico e ainda atenuaria os efeitos adversos e 
tóxicos do fármaco. Porém, como isto não é possível na maioria das vezes, eles 
atravessam as membranas celulares por processos passivos ou por 
mecanismos que envolvem a participação ativa dos componentes da membrana, 
para chegar ao local de ação. 
 
 Dentre os mecanismos que o fármaco pode atravessar as membranas 
temos: 
- Difusão passiva: é o mecanismo mais comum em que os fármacos transpõem 
as membranas celulares, sempre a favor do gradiente de concentração. O 
movimento das moléculas vai das regiões de maior para as de menor 
concentração através da membrana, sem interferência e gasto de energia. São 
parâmetros importantes no processo de difusão passiva o tamanho da molécula, 
pois quanto menor mais rapidamente ela passará a membrana; e o seu 
coeficiente de partição lipídeo/água, isto é, quanto maior a lipossolubilidade da 
molécula, maior é seu coeficiente de partição e mais rápida será sua difusão. 
Apesar disto, não podemos esquecer que o organismo é uma sucessão de fases 
lipídicas e aquosas e que, portanto, um coeficiente de partição muito elevado ou 
muito baixo, pode constituir um obstáculo à difusão generalizada do fármaco. Na 
difusão passiva não é necessário um transportador, o mecanismo não é 
saturável e não há gasto de energia. 
Meio Extracelular 
Meio Intracelular 
 
Forma não-ionizada 
Forma ionizada 
 
Membrana Celular 
 
- Difusão por poros ou difusão através dos canais aquosos: ocorre para 
substâncias hidrossolúveis de pequeno tamanho (íons inorgânicos, uréia, 
metanol, água) e estas podem transpor a membrana através de poros, 
verdadeiros canais aquosos formados entre as proteínas; essa passagem 
envolve fluxo de água, resultante de diferenças de pressão hidrostática ou 
osmótica através da membrana, o qual arrasta pequenos solutos. O diâmetro 
dos canais é muito reduzido, permitindo somente a passagem de substâncias 
com peso molecular muito pequeno. Já nas células endoteliais dos capilares, os 
poros têm diâmetro maior que permite a passagem de moléculas maiores, mas 
impede a passagem de moléculas tão grandes quanto a albumina. Por isso 
fármacos ligados às proteínas plasmáticas não passam, em condições 
fisiológicas, ao líquido intersticial. 
- Difusão facilitada: transporte a favor do gradiente de concentração, que tem 
o auxílio de proteínas transportadoras ou carregadoras chamadas de 
permeases. A molécula se liga ao seu transportador, que sofre alteração 
conformacional, e libera as moléculas do outro lado da membrana, sem que haja 
gasto de energia. A glicose, por exemplo, é pouco solúvel nos lipídeos, no 
entanto, em condições normais, atravessa a matriz lipídica com relativa 
facilidade. Isso se deve à presença de carregadores. 
 
- Transporte ativo: o movimento do fármaco se faz contra o gradiente de 
concentração, ou seja, as moléculas fluem da região menos concentrada para a 
mais concentrada. Há gasto energético pela célula e está energia é fornecida por 
hidrólise do ATP. Este sistema de transporte especializado é passível de 
saturação, ou seja, substâncias similares ao fármaco, endógenas ou exógenas, 
podem competir pelo mesmo carreadorna membrana. Muitas macromoléculas 
de fármacos. Por exemplo, no mecanismo da bomba de Na+ e K+ são observadas 
concentração de potássio muito maior dentro da célula do que no plasma 
sanguíneo, ocorrendo o inverso com o sódio. Este fenômeno só pode ser 
explicado por um tipo de transporte no qual há bombeamento constante de 
potássio para dentro e sódio para fora da célula. Este transporte é chamado ativo 
e só pode ser realizado com gasto de energia. 
 
ATP 
 - Fagocitose: é o englobamento de partículas sólidas pela membrana, 
mediante sua invaginação, seguida de estrangulamento, formando-se vesículas. 
- Pinocitose: é o englobamento de partículas líquidas pela membrana, mediante 
sua invaginação, seguida de estrangulamento, formando-se vesículas. 
 
Propriedades como a lipossolubilidade forma molecular e o tamanho da molécula 
são decisivas no processo de absorção dos fármacos. 
 
A velocidade de transporte de substâncias através de uma membrana é 
influenciada pelas características do fármaco, como tamanho da molécula, forma 
molecular (grau de ionização) e coeficiente de partição lipídeo/água. A constante 
de dissociação (pKa) da substância ativa e o pH do meio onde se encontra, 
também influenciam potencialmente a absorção dos fármacos. Para ácidos ou 
bases fracas, como são a maioria de nossos fármacos, o pH do meio determina 
seu grau de dissociação em solução. Para estes fármacos, a passagem passiva 
através da membrana dependerá da lipossolubilidade e da quantidade da forma 
não ionizada. 
 
O grau de ionização é dependente de dois fatores: 
· A constante de dissociação da substância ou pKa 
· O pH do meio onde se encontra a molécula, o qual pode ser diferente entre 
os lados da membrana 
 
O valor do pKa de uma substância representa o valor de pH do meio no qual a 
concentração da forma ionizada é igual a concentração da forma não inonizada. 
Qualquer pH diferente desse, origina proporções diversas das formas ionizada e 
não ionizada. Assim, ácidos fracos em meio ácido se dissociam pouco 
permanecendo predominantemente em forma molecular, mais lipossolúvel e 
com melhor capacidade de difusão. Na expressão geral para ácidos, abaixo, há 
predomínio do primeiro termo da equação: 
 
HA = H+ + A 
Onde: 
HA = Forma protonada do ácido, molecular, não ionizada. 
No mesmo meio ácido, bases fracas (aceptoras de prótons) estão, 
predominantemente, em forma ionizada, polar, mais hidrossolúvel e, portanto, 
com maior dificuldade para transpor membranas. Na expressão geral para 
bases, abaixo, há predomínio do segundo termo da equação: 
 
B + H+ = BH+ 
Onde: 
BH+ = Forma protonada da base, ionizada. 
 
Em pH básico, meio alcalino, os processos são inversos. 
Esta relação entre a forma molecular e a formula ionizada é conhecida como a 
lei de ação das massas, e é de extrema relevância no processo de absorção dos 
fármacos através do trato gastrointestinal (TGI), por exemplo, onde são amplas 
as variações de pH (1 a 3,5 no estômago, 5 a 6 no duodeno e próximo de 8 ao 
nível do íleo). 
A equação de Henderson Hasselbach nos permite hipotetizar o cálculo da 
quantidade de formas moleculares e ionizadas de um fármaco, partindo do 
conhecimento de seu pKa e do pH do meio. A equação é a seguinte: 
Para Bases: 
· pH – pKa = log [Formas não ionizadas] 
 [íons] 
 
Para Ácidos: 
· pH – pKa = log [íons] . 
[Formas não ionizadas] 
 
Logo, uma substância de pKa = 8, como a escopolamina (antiespasmódico) 
comporta-se da seguinte maneira: 
 
No Estômago: 
2 – 8 = log [forma não ionizada] 
 [íon] 
 
10-6 = [forma não ionizada] 
 [íon] 
 
10-6 = 1 . = 1 . 
106 1.000.000 
 
 1 . = [formas não ionizadas] 
1.000.000 [íons] 
 
 
No Intestino: 
6 – 8 = log [forma não ionizada] 
 [íon] 
10-2 = [forma não ionizada] 
 [íon] 
10-2 = 1 = 1 . 
102 100 
 
 1 . = [formas não ionizadas] 
 100 [íons] 
 
 
* 10.000 vezes menos formas ionizadas que no estômago 
Além da influência do pH, há de se considerar que o intestino é o órgão 
especializado em absorção, possuindo uma superfície de contato de ± 200 m2, 
enquanto que o estômago é menor, não especializado em absorção (órgão 
responsável pela digestão de alimento, e desintegração e dissolução dos 
fármacos) e revestido por uma espessa camada de muco. 
 
 Após a absorção o fármaco chega a circulação sistêmica e está 
disponível para ser distribuído, com isto surge o conceito de biodisponibilidade. 
 
Biodisponibilidade é a velocidade e a quantidade do fármaco, contido no 
medicamento, que alcança a circulação sistêmica. 
Por se tratar de um parâmetro relacionado à absorção, não se aplica a fármacos 
administrados por via intravascular, uma vez que o processo de absorção não 
ocorre nesta via. A absorção é a transferência do fármaco do local de 
administração para a corrente sanguínea. Assim, por definição, um fármaco 
administrado por via intravenosa é 100% biodisponível, isto é, toda a dose do 
fármaco é administrada diretamente na corrente circulatória e está disponível 
para interagir com os receptores e desencadear o efeito farmacológico. 
Partindo do princípio de que a ação terapêutica de um fármaco depende da sua 
disponibilização no local de ação, numa concentração efetiva, durante um 
período determinado, é previsível que, na presença de resultados 
farmacocinéticos semelhantes, se obtenha uma ação terapêutica equivalente. 
Em outras palavras, se um mesmo indivíduo apresentar durante um período 
adequadamente estabelecido, concentrações plasmáticas semelhantes de um 
mesmo fármaco, a partir de dois medicamentos distintos, supõem-se que se 
observem efeitos similares. Surge assim o conceito de bioequivalência. 
Assim como os estudos clínicos são úteis para determinar a segurança e eficácia 
terapêutica, os estudos de biodisponibilidade são úteis para definir como sua 
formulação afeta a farmacocinética do princípio ativo. Podemos traçar, a partir 
dos testes de biodisponibilidade, uma curva de concentração X tempo na 
circulação sistêmica. 
Os testes de biodisponibilidade fornecem dois dados muito importantes: (1) a 
concentração máxima (Cmax) – quantidade máxima absorvida a partir da dose 
administrada ou pico de absorção; e (2) o tempo gasto para atingir a 
concentração máxima ou pico de concentração (tmax). 
 
Concentração plasmática máxima (Cmáx): representa a maior concentração 
sangüínea alcançada pelo fármaco após administração oral, sendo, por isso, 
diretamente proporcional à absorção. Desta forma, depende diretamente da 
extensão e velocidade de absorção, porém, também da velocidade de 
eliminação, uma vez que esta inicia-se assim que o fármaco é introduzido no 
organismo. Para efeito terapêutico ótimo e seguro, este parâmetro deve estar 
posicionado, na curva de concentração. sanguínea X tempo, entre a 
concentração mínima efetiva (CME) e a concentração máxima tolerada (CMT). 
 
Tempo para alcançar a concentração máxima no plasma (Tmáx): este 
parâmetro tem íntima relação com a velocidade de absorção do fármaco e pode 
ser usado como simples medida desta. É alcançado quando a velocidade de 
entrada do fármaco na circulação é excedida pelas velocidades de eliminação e 
distribuição; absorção não pode, portanto, ser considerada completa neste 
estágio. 
 
Área sob a curva de concentração plasmática (AUC): representa a 
quantidade total de fármaco absorvido. Pode ser considerado representativo da 
quantidade total de fármaco absorvido após administração de uma só dose desta 
substância ativa. 
 
VIAS DE ADMINISTRAÇÃO DE FÁRMACOS 
A via de administração é o local que escolhemos para administração de um 
medicamento para que ele exerça seus efeitos de modo local ou sistêmico. 
 
• Enterais: 
· Oral(per os (p.o.) = pela boca) 
· Sublingual 
· Retal (RT) 
• Parenterais: 
· Intravenosa (IV) 
· Intramuscular (IM) 
· Subcutânea (SC) 
· Intra-arterial 
· Intracardíaca 
· Intra-articular 
· Intraperitoneal (IP) 
· Intratecal (IT) 
• Transmucosas: 
· Conjuntiva oftálmica 
· Epitélio alveolar 
· Mucosa rinofaríngea 
• Tópica ou Transcutânea 
1. VIAS ENTERAIS: 
 
1.1. Via oral: 
 Via mais utilizada. É a mais cômoda e de mais fácil administração 
(conveniência) promovendo dessa forma maior adesão do paciente ao 
tratamento. É possível a administração de diversas formas farmacêuticas, tais 
como comprimidos, drágeas, cápsulas, xaropes. É a via de mais baixo custo. É 
passível de intervenção em casos de sobredose. É a mais segura e ainda é 
indolor. Pode ser utilizada para efeito local (infecção intestinal, êmese) ou 
sistêmico (inúmeros processos patológicos – de dor a infecções). 
 Pode limitar a absorção de alguns fármacos devido a características 
físico-quimicas do fármaco – inativação/destruição pelas enzimas digestivas, 
pelo pH gástrico, presença de alimentos ou pela microbiota intestinal. Os 
fármacos estão sujeitos ao efeito de 1ª passagem. Alguns fármacos podem ser 
irritantes da mucosa gástrica, ou ainda induzir ao vomito (êmese). 
 
Importância da ingestão de água na administração de medicamentos por via oral. 
 
1.2. Via retal: 
 É uma via de alternativa quando, por diversos motivos, a via oral não 
pode ser utilizada (intolerância gástrica, inconsciência do paciente). As formas 
farmacêuticas destinadas a essa via são específicas, sendo o supositório – forma 
sólida em temperatura ambiente e liquido a temperatura corporal (mais utilizado), 
e os enemas – formas liquidas. 
 Esta via é muito utilizada em pediatria, psiquiatria, e geriatria. 
 Serve para ação local (laxativos) e sistêmica (inúmeros grupos 
farmacológicos, entre eles: antiinflamatórios – cetoprofeno). Possui absorção 
errática. 
 Evita em partes (cerca de 50%) o efeito de 1ª passagem, pois a irrigação 
inferior e mediana do reto fluem direto para circulação sistêmica através da veia 
cava inferior, e a irrigação distal as veias fluem para a circulação portal. 
 A motilidade intestinal pode influenciar na absorção do fármaco. 
 A maior limitação é a baixa aceitação do paciente. 
1.3. Via sublingual: 
 É uma via simples, segura e eficaz, apesar da área de absorção ser 
pequena, porém altamente vascularizada tem absorção rápida e proporciona alta 
biodisponibilidade do fármaco, permite a administração de fármacos de baixa 
estabilidade, devido ao pH da mucosa bucal ser relativamente neutro. 
 Fármacos absorvidos pela mucosa oral (bucal) vão para a veia cava 
superior, evitando dessa forma o efeito de primeira passagem hepática, e 
também a degradação que ocorre nos fluidos gástrico e intestinal. 
 É muito utilizada para a administração de nitratos orgânicos 
(nitroglicerina) – agente vasodilatador usado na angina pectoris. 
 Uma das desvantagens é que ela permite apenas a administração de 
pequenas doses de fármaco. 
 
2. VIAS PARENTERAIS 
 
Considerações das vias parenterais: 
· Mais onerosas 
· Exige pessoal treinado 
· Uma vez administrado o medicamento, não podemos impedir sua 
distribuição 
· Maiores concentrações iniciais aumentam os riscos de toxicidade 
· Por ser uma via invasiva aumenta os riscos de infecção 
· Reações alérgicas podem ser desencadeadas instantaneamente 
· Dolorosas 
· Rejeitadas por muitas pessoas 
· Os materiais devem ser estéreis e descartáveis 
 
 
2.1. Via intravenosa: 
 É via que oferece mais rápida e completa disponibilidade do fármaco, 
uma vez que ela evita a etapa de absorção. 
 Quase inevitável contornar os efeitos de uma sobredose. 
 Utiliza-se essa via principalmente: 
· Em emergências e em pacientes inconscientes (necessidade de inicio 
rápido da ação do fármaco) 
· Administração de grandes volumes 
· Administração de substâncias irritantes (paredes dos vasos 
relativamente insensíveis e o fármaco quando injetado lentamente é muito 
diluído pelo sangue) 
Desvantagens: 
· Reações adversas acentuadas (alta concentração de fármaco) 
· Dor 
· Incomodo do paciente 
· Não permite a administração de fármacos em veículos oleosos e 
suspensões 
· É necessário um profissional habilitado para infusão de fármacos por esta 
via 
· O medicamento deve ser administrado lentamente, monitorando a 
resposta do paciente 
· Anafilaxia 
 
Cuidados: assepsia, pH, tonicidade e pirógenos. 
 
2.2. Via intramuscular: 
 É uma via comumente utilizada, porém requer treinamento específico. 
 Volume de aplicação: até 3 mL. 
A absorção por esta via depende do fluxo sanguíneo local. 
 Pode-se modular a absorção (aumento da velocidade) através de: 
· Calor (compressa de água quente – vasodilatação) 
· Exercício (aumento do fluxo sanguíneo local e vasodilatação) 
· Massagem 
 
Nas mulheres a absorção de fármacos infundidos no glúteo é mais lenta devido 
à distribuição de gordura. 
 
 O músculo é mais vascularizado que o tecido subcutâneo, por isso tem 
absorção mais rápida. 
 
2.3. Via subcutânea: 
 É utilizada com freqüência. Esta via é a principal utilizada na 
administração de insulina, permitindo a auto-medicação. 
Tempo de absorção “Abdome > Braço > Coxa” 
A taxa de absorção de fármacos administrados por essa via costuma ser lenta e 
mantida, porém completa. 
A absorção pode ser modulada por influencia do veiculo, ou adição de 
substâncias vasoconstritoras. 
Permite a implantação de pellets sob a pele (liberação lenta do fármaco, 
podendo durar ate meses, ex: hormônios) 
Devem ser administrados somente fármacos que não provocam irritação 
tecidual, para evitar dor, necrose e descamação. 
 Volume máximo para aplicação é de 2 mL. 
 
2.4. Via intratecal 
 O fármaco é injetado direto no espaço subaraquinóide. 
Deve ser realizada apenas por especialistas. 
A barreira hematoencefálica e hematoliquórica são altamente seletivas e 
impedem ou reduzem a penetração de fármacos no SNC. Quando se deseja 
atingir as meninges (infecções do SNC – meningite) ou o eixo cerebroespinhal 
(raquianestesia) os fármacos são administrados diretamente no espaço 
subaraquinóide. 
 
 
2.5. Via tópica ou transcutânea 
 A camada córnea da pele funciona como uma barreira de proteção para 
a penetração das mais diversas substâncias em nosso organismo. 
 Para serem absorvidos, os fármacos administrados diretamente na pele 
precisam atravessar tal barreira, sendo para isso necessário alguns fatores 
como: baixo peso molecular, lipossolubilidade, etc. Pele inflamada (aumento do 
fluxo sanguíneo) ou queimada (perda de barreiras naturais) facilita a absorção 
dos fármacos. 
 Os fármacos são administrados por essa via tanto com o objetivo de ação 
local (géis de anestésico local, antiinflamatórios), quanto de ação sistêmica 
(adesivos de estrógeno – hormônio feminino). 
 No caso de ação sistêmica, esta via apresenta algumas vantagens: 
· Evita alguns fatores que possam prejudicar a absorção do fármaco no TGI 
· Evita efeito de primeira passagem 
· Tem baixa incidência de efeitos adversos 
· O tratamento pode ser suspenso a qualquer momento, através da 
interrupção abrupta do tratamento. 
· Indolor 
· Alta adesão dos pacientes 
 
3. IMPORTÂNCIA DO TEMPO DE INFUSÃO E DO ESQUEMA POSOLÓGICO 
DOS FÁRMACOS 
Diferença na concentração de meropenem dependente do tempo de 
administração. 
 
4. DISTRIBUIÇÃO 
Após absorção ouadministração direta na circulação sistêmica o fármaco se 
distribui nos líquidos corporais (intersticial e intracelular) chegando até o local de 
ação, onde desempenha sua atividade farmacológica, podendo ainda ser 
armazenado nos tecidos. 
 
O termo distribuição se refere à transferência reversível do fármaco de um local 
a outro dentro do organismo. Informações precisas da distribuição de um 
fármaco requerem seu doseamento nos diferentes tecidos, que é bastante difícil 
de ser realizado em humanos. Por isso estes dados são obtidos, 
frequentemente, em animais. 
 
Os padrões de distribuição de um fármaco refletem alguns fatores fisiológicos, 
como débito cardíaco, fluxo sanguíneo tecidual e propriedades físico-químicas 
do fármaco, bem como das características da membrana celular. 
 
Inicialmente os órgãos com melhor perfusão sanguínea como fígado, rins, 
cérebro e pulmões recebem a maior parte do fármaco, enquanto que em tecidos 
com baixa perfusão, como os músculos, gordura e pele, esta distribuição demora 
mais a ocorrer. 
 
Características do fármaco, como lipossolubilidade, forma e peso moleculares, 
dificultam seu transporte através da membrana celular. Já a distribuição pode 
ser limitada pela ligação do fármaco às proteínas plasmáticas. 
 
Muitos fármacos ligam-se a proteínas presentes no lúmen vascular, 
especialmente à albumina, no caso de fármacos ácidos, e à alfa1-glicoproteína 
ácida, no caso de fármacos básicos. Esta ligação costuma ser reversível. A 
fração ligada do total de fármaco no plasma é determinada por sua afinidade à 
proteína plasmática. 
 
É importante frisar que é a fração livre do fármaco (não ligada às proteínas) a 
responsável pela atividade farmacológica, pois a ligação às proteínas limita sua 
chegada aos tecidos, e consequentemente ao local de ação. Normalmente 
ocorre um equilíbrio entre as concentrações de fármaco livre no plasma, no 
líquido intersticial e intracelular, exceto quando há envolvimento de transporte 
ativo. 
 
Como a distribuição do fármaco é um processo dinâmico e ocorre concomitante 
à biotransformação e excreção, na medida em que as concentrações do fármaco 
livre vão sendo diminuídas rapidamente acontece a dissociação do complexo 
fármaco-proteína, mantendo-se a proporcionalidade anteriormente comentada. 
 
A ligação dos fármacos às proteínas plasmáticas é generalizada, ou seja, não-
seletiva (a maioria se liga às mesmas proteínas). Muitos fármacos com 
características semelhantes podem competir entre si ou com substâncias 
endógenas pelos locais de ligação às proteínas. Em algumas situações pode 
ocorrer o deslocamento da ligação de determinadas substâncias. Por exemplo, 
as sulfonamidas (antimicrobianos) podem deslocar a ligação da bilirrubina à 
albumina em recém-nascidos, devido à maior afinidade, ocasionando o risco de 
encefalopatia induzida pelo acúmulo de bilirrubina no cérebro (Kernicterus). 
Além disso, doenças hepáticas podem conduzir a hipoalbuminemia, levando à 
diminuição da ligação do fármaco às proteínas e ao aumento da fração livre. 
Nestes casos, atenção especial deve ser dada a fármacos com estreita faixa 
terapêutica, pois o deslocamento de 1% da ligação protéica de um fármaco que 
se liga 99% à proteína, terá duplicada a percentagem da fração livre, 
farmacologicamente ativa, podendo por isso ocorrer um aumento de sua 
atividade farmacológica ou aparecimento de efeitos indesejados. 
Hipotetizando: 
 
- Temos dois fármacos, A e B, sendo que A apresenta-se 30% ligado às 
proteínas plasmáticas e 70% livre. O fármaco B liga-se 90% à mesma proteína 
plasmática de A, deslocando a ligação de A, às proteínas, em 10%. Isto leva a 
um aumento da quantidade livre de A, ou seja, sua concentração livre passa de 
70% para 73%, um aumento de 5% da forma livre. 
 
- Por outro lado, se o fármaco A apresenta-se 98% ligado às proteínas 
plasmáticas e 2% livre e o fármaco B desloca esta ligação em 10%, a quantidade 
livre do fármaco A passaria de 2% para 12%, ou seja, um aumento de 600%, 
que poderia implicar em efeitos clínicos indesejados. 
 
Exemplos de fármacos que se ligam extensamente às proteínas plasmáticas: 
- Varfarina ≈ 99,5% 
- Diclofenaco ≈ 99,4% 
- Diazepam ≈ 99% 
- Amitriptilina ≈ 96% 
- Furosemida ≈ 97% 
- Propranolol ≈ 96% 
 
 
Alguns fármacos podem se acumular nos tecidos em concentrações maiores que 
as esperadas, a partir do equilíbrio estável de difusão. Por exemplo, o 
antimalárico quinacrina pode ter sua concentração hepática milhares de vezes 
maior que a do sangue, sendo tal acúmulo decorrente do transporte ativo 
associado à ligação às proteínas teciduais. Além disso, fármacos extremamente 
lipossolúveis podem se acumular no tecido adiposo, como é o caso do barbitúrico 
tiopental. Outros podem ainda se acumular nos osso, como é o caso das 
tetraciclinas. 
 
O acúmulo de um fármaco em determinado tecido pode atuar como um 
reservatório, prolongando sua ação nesse mesmo tecido ou em um local distante 
atingido pela circulação. 
 
Duas regiões do corpo humano são “guardadas a sete chaves”, ou seja, são 
compostas por barreiras funcionais que restringem a penetração de fármacos 
nestes locais, sendo o SNC, protegido pela barreira hematoencefálica, e o feto, 
nas mulheres grávidas, pela barreira placentária. Nestas regiões anatômicas, 
ocorrem capilares com junções endoteliais contínuas, sem zônulas de oclusão, 
portanto a penetração dos fármacos é limitada àqueles com alta lipofilia, não 
ligados a proteínas plasmáticas, não-ionizado, ou então àqueles que contam 
com o auxílio de transportadores de membrana. 
 
Além dessa formação anatômica diferenciada que os capilares apresentam 
nestas regiões, há a participação ativa da glicoproteína P, a qual atua retirando 
fármacos que penetram as barreiras hematoencefálica e placentária, tornando o 
SNC e o feto “santuários” farmacológicos. 
 
 
5. VOLUME DE DISTRIBUIÇÃO 
O volume de distribuição (Vd) relaciona a quantidade de fármaco no corpo com 
a concentração de fármaco no sangue. Este parâmetro avalia a extensão da 
distribuição da substância ativa pelo organismo, ou seja, reflete a extensão em 
que ele está presente nos tecidos extravasculares. 
 
O volume de distribuição é definido como o volume de líquido necessário para 
conter a quantidade total de fármaco no organismo, na mesma concentração do 
plasma. 
 
Considerando-se um homem saudável de 70 kg, teremos um volume total 
aproximado de 42 litros de líquido corporal; sendo 2 a 3 litros de plasma, 12 litros 
do líquido intersticial e 28 litros do líquido intracelular. 
 
Muitas vezes os valores do volume de distribuição de alguns fármacos no 
organismo mostram-se muito maiores que o volume de líquido corporal total de 
um indivíduo. Isto ocorre porque o Vd expressa o volume de líquido que seria 
necessário para conter a mesma quantidade do fármaco presente no tecido. Por 
exemplo, a digoxina possui o Vd de 650 litros. Isto indica que a digoxina distribui-
se preferencialmente pelos tecidos (principalmente adiposo e muscular), 
deixando uma quantidade muito pequena de fármaco no plasma. 
 
 
Vd (litros) Provável local de distribuição 
3 a 5 Plasma e sistema circulatório 
10 a 20 Fluido intersticial 
25 a 40 Fluido intracelular 
> 70 Acúmulo em tecidos 
 
6. TEMPO DE MEIA VIDA (t½) 
 A meia vida (t½) é o tempo necessário para as concentrações 
plasmáticas ou a quantidade do fármaco no corpo serem reduzidas à metade 
(50%). 
 
A caracterização de um evento farmacocinético pelo valor da meia vida 
possibilita uma estimativa da rapidez com que o processo ocorre, originando 
dados importantes para a interpretação dos efeitos terapêuticos ou tóxicos dos 
fármacos, da duração do efeito farmacológico e do regime posológico adequado. 
 
 
7. BIOTRANSFORMAÇÃO 
As características lipofílicas dos fármacos que promovem sua passagem através 
das membranas biológicas dificultam sua eliminação do organismo, uma vez que 
os compostos lipofílicos filtrados através do glomérulo sãoamplamente 
reabsorvidos para a circulação sistêmica durante a passagem pelos túbulos 
renais. 
 
A biotransformação dos fármacos em substâncias mais hidrofílicas é, portanto, 
fundamental para a eliminação desses compostos do corpo e também para o 
término da sua atividade farmacológica. A biotransformação submete o fármaco 
às reações químicas, geralmente mediadas por enzimas, que o converte em um 
composto diferente do originalmente administrado, conhecido como metabólito. 
Em geral, os metabólitos gerados são mais polares, inativos e rapidamente 
excretados do organismo. No entanto, em alguns casos, são gerados 
metabólitos com atividade farmacológica relevante ou propriedades tóxicas. 
 
Exemplos de metabólitos ativos, inativos e tóxicos: 
 
- Codeína (analgésico opiáceo central): após sofrer desmetilação gera seu 
metabólito ativo, a morfina, que é cerca de 5 vezes mais potente que a codeína 
quanto a sua atividade analgésica. A morfina por sua vez, é conjugada ao ácido 
glicurônico formando um metabólito ainda ativo. 
 
- Paracetamol (analgésico, antitérmico): após sofrer hidroxilação gera o 
metabólito NAPQI (imina N-acetil-p-benzoquinona), que é extremamente 
hepatotóxico. A dose terapêutica para adultos é de 325-650mg a cada 4-6 horas 
ou 1.000mg 3-4 vezes/dia, não devendo exceder 4 g/dia, devido ao risco de 
hepatotoxicidade. A toxicidade com o paracetamol, portanto, pode ocorrer com 
quantidades de apenas 3 a 4 vezes a dose terapêutica. 
 
- Diclofenaco (anti-inflamatório não-esteroidal): após biotransformação gera um 
metabólito inativo que é excretado pelos rins. 
 
O fígado é o principal e algumas vezes o único sítio de biotransformação de 
fármacos; ocasionalmente o fármaco é biotransformado em outros tecidos como 
os rins, pele, pulmões, sangue e trato gastrintestinal. 
 
As principais enzimas responsáveis pela biotransformação dos fármacos 
pertencem à superfamília de enzimas do citocromo P450. Esta superfamília 
catalisa uma ampla variedade de reações oxidantes e redutoras contra um grupo 
variado grupo de substâncias. Até o momento são conhecidas 12 famílias de 
enzimas do citocromo P450 humano. No entanto apenas as famílias CYP1, 
CYP2 e CYP3 são importantes na biotransformação de fármacos. Dentro dessas 
famílias, as isoenzimas 1A2, 2C9, 2C19, 2D6 e 3A4 são reconhecidamente as 
mais importantes para o metabolismo de fármacos. No gráfico abaixo estão 
relacionadas às principais enzimas do citocromo P450 (CYP 450) que participam 
da biotransformação de fármacos. 
 
 As reações de biotransformação dos fármacos são divididas em dois 
tipos, podendo ser de fase I ou de fase II. 
 
 As reações de fase I são classificadas como reações de alteração 
funcional, sendo as principais oxidação, redução e hidrólise. 
 
 As reações de fase II são tidas como reações de conjugação, nas quais 
o fármaco é conjugado ao ácido glicurônico, à glutationa ou são sulfatados 
 
 Muitos fármacos são administrados em formas moleculares inativas, 
necessitando, portanto, serem biotransformados para produzirem a forma 
molecular ativa. Estes fármacos são conhecidos como pró-fármacos. Estas 
substâncias não possuem atividade farmacológica até o momento em que seus 
metabólitos ativos sejam gerados. Esta “conversão” da forma ativa da molécula 
ocorre principalmente no fígado através de reações de fase I. São exemplos de 
pró-fármacos utilizados na terapêutica: prednisona (anti-inflamatório esteroidal), 
que após sofrer redução gera o metabólito ativo prednisolona; bem como o 
clopidogrel (antiagregante plaquetário) e o enalapril (anti-hipertensivo – IECA). 
 
 Devido à anatomia humana fazer com que as substâncias absorvidas 
pelo trato gastrointestinal sejam direcionadas diretamente à veia porta que irriga 
o fígado, muitos fármacos são biotransformados, e consequentemente inativos 
antes de serem distribuídos, a este fenômeno chamamos de efeito de primeira 
passagem. 
 
Efeito de primeira passagem 
 
O dinamismo do processo de biotransformação muitas vezes se resvala na 
alteração da atividade da maquinaria enzimática. Desta forma, algumas enzimas 
podem ter sua atividade aumentada ou diminuídas, ou seja, temos a indução e 
a inibição enzimática. 
 
A inibição enzimática faz referência à inibição da atividade de enzimas 
específicas que participam da biotransformação dos fármacos. As 
conseqüências são: 
- Diminui a velocidade de produção de metabólitos 
- Aumenta a meia vida do fármaco 
- Aumenta as concentrações plasmáticas do fármaco 
- Aumento dos efeitos farmacológicos se os metabólitos forem inativos 
- Redução da conversão de pró-fármacos em suas formas ativas 
 
A competição de dois ou mais fármacos pela pelo local ativo da mesma enzima 
pode diminuir a biotransformação de um destes agentes, dependendo das 
concentrações relativas de cada substrato e de suas afinidade pela enzima. 
 
A cimetidina e o cetoconazol são exemplos clássicos inibidores de reações 
oxidativas de biotransformação. O dissulfiram inibe a enzima 
mitocondrial Acetaldeído Desidrogenase e provoca a acúmulo de acetaldeído 
após o consumo de álcool. 
 
Na indução enzimática, certos fármacos induzem um aumento da síntese das 
enzimas que participam da biotransformação dos fármacos. A indução 
enzimática proporciona: 
- Aumento a velocidade de biotransformação hepática de determinados 
fármacos 
- Aumento a velocidade de produção dos metabólitos ativos dos pró-fármacos e 
consequentemente dos seus níveis plasmáticos e efeitos farmacológicos 
- Redução da meia-vida plasmática do fármaco 
- Diminuição as concentrações plasmáticas do fármaco droga livre e total 
- Aumento da toxicidade no caso dos fármacos que são biotransformados ativas 
ou tóxicas. 
 
 A rifampicina é um dos principais indutores enzimáticos, assim como o 
álcool e os barbitúricos. 
 
Variações genéticas: 
 
Uma anormalidade genética sobre os genes que controlam a produção de 
enzimas responsáveis pela biotransformação dos fármacos pode gerar 
alterações na resposta desses compostos, fazendo com que a administração de 
uma droga produza respostas inesperadas, determinadas por uma concentração 
plasmática anormal da droga. 
 
8. EXCREÇÃO 
A excreção é a passagem dos fármacos da circulação sanguínea para o meio 
externo; é através deste processo que os compostos são efetivamente 
removidos do organismo. As leis gerais de passagem através de membranas, 
também aqui se aplicam, só que em sentido contrário ao dos processos de 
absorção e distribuição. 
 
Os fármacos podem ser eliminados do organismo inalterado ou convertidos em 
metabólitos. Os metabólitos são substâncias mais hidrossolúveis que as 
administradas, visando favorecer a excreção. 
 
O rim é o mais importante órgão de eliminação dos fármacos e seus metabólitos. 
Outra via de excreção bastante comum é a biliar (entero-hepática), na qual os 
compostos são secretados diretamente no trato intestinal, e subsequentemente, 
eliminados. Pulmões, suor, glândulas lacrimais e salivares, mama (leite 
materno), também constituem vias de excreção de fármacos, todavia, bem 
menos relevantes que as anteriormente mencionadas. 
 
8.1. Excreção renal: 
Os mecanismos que asseguram a excreção renal de fármacos são os mesmos 
que intervém na formação da urina, isto é, a filtração glomerular, a secreção 
tubular ativa e a reabsorção tubular passiva. 
 
Em um primeiro momento o fármaco é filtrado ou secretado para a luz tubular; 
em seguida, podem ser eliminados com a urina ou reabsorvidos ativa ou 
passivamente, pelo epitélio tubular. A reabsorção dependerá do grau de 
ionização do fármaco, dependente do pH urinário, pois ionizado o fármaco não 
atravessará a membrana do túbulo renal. 
 
Desta forma, quando a urina tubular está mais alcalina, ácidos fracos são 
excretados mais rápida e extensamente, por estarem mais ionizados e a 
reabsorção ser reduzida. Já, quando a urina tubular se torna ácida, a excreção 
de fármacosácidos fracos é reduzida, e a de bases fracas aumenta. 
 
É importante lembrar que o comprometimento da função renal interfere 
diretamente na excreção dos fármacos que são eliminados por esta via. Estima-
se que durante a vida adulta há um declínio de aproximadamente 1% da função 
renal por ano, de modo que os idosos apresentam um importante grau de 
comprometimento. 
 
Determinados fármacos devem ter suas doses ajustadas de acordo com a 
função renal dos indivíduos. Tais ajustes são baseados no clearance de 
creatinina (ClCr), que permite estimar a taxa de filtração glomerular. O ClCr é 
calculado pela seguinte fórmula: 
 
Clearance da creatinina (mL/min) = (140-idade) x Peso/(72 x creatinina) 
 
* Para o sexo feminino = clearance x 0,85 
Idade: em anos; Peso: em kg; Creatinina plasmática: em mg/dl. 
 
8.2. Excreção biliar 
 Sistema análogo aos dos rins estão presentes na membrana dos 
canalicular dos hepatócitos, composto por proteínas carreadoras que secretam 
ativamente fármacos e seus metabólitos pela bile. Desta forma, os fármacos 
secretados no trato digestório são eliminados pelas fezes. No entanto, alguns 
fármacos podem ser reabsorvidos a partir do intestino, uma vez que metabólitos 
conjugados ao ácido glicurônico podem sofrer hidrólise pelas enzimas da 
microbiota intestinal. Esta “reciclagem”, se extensa, pode prolongar a meia vida 
do fármaco. 
 
8.3. Outras vias de excreção 
A excreção de fármacos no leite materno é importante porque pode produzir 
efeitos 
farmacológicos indesejados no bebê em sua fase de amamentação. Já a 
excreção pulmonar, por sua vez, é importante na eliminação dos gases e 
vapores anestésicos. 
 
 
INTERAÇÃO MEDICAMENTOSA 
 
Considerações gerais 
Em 1900 um médico dispunha de: 1 analgésico potente ( morfina), três 
antipiréticos-analgésicos (aspirina, acetanilide, antipirine), 1 antiespasmódico ( 
beladona), 1 antimalárico( quinino) 1 droga cardíaca (digital). 
Em média, nos EUA, um paciente hospitalizado recebe 14 drogas. 
Somando-se automedicação, tabagismo, álcool e alimentos industrializados o 
número de produtos aos quais estamos expostos aumenta. 
As interações podem ser benéficas, insignificantes ou deletérias. 
Tomar cuidado ao prescrever e ao retirar bruscamente drogas. 
O efeito de uma droga também é alterado por idade, o sexo e desnutrição. 
A administração de uma droga A pode alterar a ação de uma droga B por 
dois mecanismos gerais: 
• modificação da ação farmacológica de B (Farmacodinâmica) 
• alteração na concentração de B que atinge o local de ação 
(Farmacocinética) 
Farmacodinâmica (o que a droga faz com o corpo) 
Podem resultar em aumento ou redução da ação da droga. Dependem dos 
próprios efeitos das drogas, que podem somar- se ou inibir- se: 
Exemplos: 
• Bloqueador b -adrenérgico e agonista b -adrenérgicos 
(broncodilatadores), 
• Diuréticos e glicosídeos (predispõe à intox. digitálica por reduzir o K 
sérico), 
• Bloqueador de neurônio adrenérgico e drogas que aumentam a 
transmissão de Noradrenalina, 
• Vasodilatador e vasoconstritores, ou vasoconstritores e vasoconstritores, 
• Laxantes e constipantes. 
Farmacocinética (o que o corpo faz com a droga) 
Podem acontecer por 4 mecanismos básicos: 
1. Fase de absorção: 
A absorção de uma droga pode ser reduzida por drogas que diminuem a 
motilidade do trato digestivo (exemplos. atropina, opiáceos) ou acelerada por 
drogas procinéticas (exemplos: metoclopramida); as drogas que são ácidos 
fracos são absorvidas em meio ácido, logo sua absorção será diminuída por 
antiácidos (exemplos: bloqueador H2 e barbitúricos), o contrário vale para as 
drogas que são bases; a absorção pode ser reduzida pela formação de 
compostos insolúveis (com o Cálcio ou o Ferro); parafina pode reduzir absorção 
de drogas lipossolúveis ; IMAO’s impedem a degradação da tiramina no TGI, que 
se for absorvida numa refeição rica em tiramina pode causar efeito vasopressor 
agudo. 
2. Fase de distribuição: 
Ocorre pela competição das drogas por proteínas plasmáticas, depende da 
interação da droga A com albumina e da concentração da droga B. A droga livre 
é a que tem efeito, logo ao ocorrer deslocamento de uma droga haverá aumento 
dos efeitos e da toxicidade da droga deslocada. Exemplos de agentes 
deslocadores: fenilbutazona, aspirina, paracetamol, dicumarol, clofibrato, 
sulfonamidas. Exempls de drogas deslocadas: warfarin, tolbutamina, 
metotrexato. Também pode ser alterada por hipoproteinemia ou uremia. 
3. Fase de metabolização: 
A metabolização das drogas ocorre principalmente a nível hepático, pelas 
enzimas microssomais, para tornarem-se mais hidrossolúveis e serem 
eliminadas por via renal ou biliar. Existe a citocromo C redutase e o citocromo P 
450, que são um conjunto de enzimas. Estas enzimas podem sofrer indução ou 
inibição por drogas. Essas reações geram tolerância ou sensibilidade e têm 
reação cruzada, ou seja, o efeito de uma droga repercutirá no metabolismo das 
outras drogas que usam a mesma via metabólica. A indução enzimática causa 
diminuição nos efeitos e tolerância; exemplos:barbitúricos, fenitoína, rifampicina, 
etanol, carbamazepina, fenilbutazona, fumo, antihistamínicos, haloperidol 
griseofulvina. A inibição enzimática causa redução da eliminação, aumenta os 
efeitos e a toxicidade; exemplos: dissulfiram, corticosteróides, cimetidina, 
inibidores da MAO, cloranfenicol, halopurinol e.ISRS. 
4. Fase de excreção: 
Podem ocorrer por alterar a taxa de filtração, inibir a secreção tubular, diminuir a 
reabsorção, alterar o fluxo urinário, alterar o pH urinário. Quanto ao pH urinário: 
a urina ácida favorece a excreção de drogas básicas, sendo um exemplo que a 
excreção de anfetaminas e narcóticos é diminuída quando é administrado 
bicarbonato e aumentada com a ingestão de vitamina C. 
Com o progresso da medicina, a cada dia observa-se o surgimento de novas 
drogas, estas cada vez mais potentes, tanto em relação a sua eficácia quanto ao 
seu potencial de efeitos tóxicos. O conhecimento das propriedades básicas dos 
fármacos e de sua ação farmacológica é de fundamental importância para a 
realização de uma terapêutica adequada, considerando que o corpo humano é 
um sistema complexo formado por uma infinidade de substâncias que fatalmente 
entrarão em reação com os fármacos ingeridos. Além disso, no caso da 
introdução de mais de uma substância, para fins terapêuticos ou não, estas 
poderão interagir entre si. Se o médico não estiver ciente sobre a 
farmacodinâmica, as interações e possíveis efeitos colaterais das drogas 
poderão incorrer na possibilidade de estar aumentando os riscos de seu paciente 
a níveis, possivelmente, maiores do que aqueles inerentes à própria doença 
tratada. 
 
Interação medicamentosa pode ser definida como a influência recíproca de um 
medicamento sobre o outro. Ou seja, quando um medicamento é administrado 
isoladamente, produz um determinado efeito. Porém, quando este é associado 
a outro medicamento, ou a alimentos, ou mesmo a outras substâncias (como o 
tabaco, drogas de abuso, ou mesmo outras substâncias que o paciente possa 
entrar em contato, como inseticidas, produtos de limpeza, cosméticos, etc.) 
ocorre um efeito diferente do esperado, caracterizando uma interação. 
Estimativas quanto a incidência de interações medicamentosas oscila de 3 a 5% 
para pacientes que usam vários medicamentos e chegam até 20% ou mais para 
pacientes que usam de 10 a 20 medicamentos. 
Quando ocorre uma interação entre duas ou mais drogas, pode acontecer um 
indiferentismo farmacológico (quando cada fármaco age independente da outro, 
levando a uma resposta farmacológica diversa dos efeitos habituais daqueles 
fármacos) ou uma interação farmacológica ( quando uma das drogas interfere 
sobre as outras, alterando o efeito esperado, qualitativa ou quantitativamente, 
podendo ocorrer sinergismo, antagonismo parcial ou total, e antidotismo destes 
efeitos. Interações medicamentosas podem então apresentar efeitos benéficos 
para o organismo podendo

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