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FARMACOLOGIA APLICADA I

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Autoras: Profa. Marília Tavares Coutinho da Costa Patrão
 Profa. Sandra Heloísa Nunes Messias
Colaboradores: Prof. Flavio Buratti Gonçalves
 Profa. Laura Cristina da Cruz Dominciano
Farmacologia 
Aplicada à Biomedicina
Professoras conteudistas: Marília Tavares Coutinho da Costa Patrão / 
Sandra Heloísa Nunes Messias
Marília Tavares Coutinho da Costa Patrão
Graduada em 2002 pela Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) em Ciências Biológicas – Modalidade Médica. 
Mestre (2005) e doutora (2009) em Ciências, com ênfase em Farmacologia, pela Unifesp e licenciada em Química pelas 
Faculdades Oswaldo Cruz (2011).
É professora titular da UNIP desde 2010, onde leciona disciplinas como Análise Físico-Química, Bases Analíticas 
do Laboratório Clínico, Embriologia e Farmacologia para os cursos de Biomedicina, Enfermagem e Nutrição. Também 
ministrou a disciplina de Farmacologia para o curso de Medicina do Centro Universitário São Camilo (2010-2011).
É coordenadora auxiliar do curso de Biomedicina da UNIP, campus Chácara Santo Antônio, desde 2011. Na mesma 
instituição, foi membro do Comitê de Ética no período de 2011 a 2017 e, desde 2012, atua na Comissão de Qualificação 
das Avaliações (CQA).
Sandra Heloísa Nunes Messias
Biomédica graduada pela Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), mestre em Farmacologia pela mesma 
instituição e doutora em Patologia Ambiental e Experimental da Universidade Paulista (UNIP).
É professora titular de Farmacologia e, atualmente, é coordenadora geral do curso de Biomedicina da UNIP, 
conselheira honorária do CFBM-CRBM, membro do Comitê de Ética de Pesquisa em Animais da UNIP, do Corpo 
Editorial do Journal of the Health Sciences Institute – Revista do Instituto de Ciências da Saúde (UNIP) – e do Banco 
de Avaliadores (BASis) do Inep, e delegada do Conselho Regional de Biomedicina (CRBM-1) na região de Descalvado, 
em São Carlos.
© Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta obra pode ser reproduzida ou transmitida por qualquer forma e/ou 
quaisquer meios (eletrônico, incluindo fotocópia e gravação) ou arquivada em qualquer sistema ou banco de dados sem 
permissão escrita da Universidade Paulista.
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
P314f Patrão, Marília Tavares Coutinho da Costa.
Farmacologia Aplicada à Biomedicina / Marília Tavares Coutinho 
da Costa Patrão, Sandra Heloísa Nunes Messias. - São Paulo: Editora 
Sol, 2020.
248 p., il.
Nota: este volume está publicado nos Cadernos de Estudos e 
Pesquisas da UNIP, Série Didática, ISSN 1517-9230.
1. Farmacologia. 2. Farmacocinética. 3. Farmacodinâmica. I. 
Patrão, Marília Tavares Coutinho da Costa. II. Messias, Sandra Heloísa 
Nunes. III. Título.
CDU 615
U508.12 – 20
Prof. Dr. João Carlos Di Genio
Reitor
Prof. Fábio Romeu de Carvalho
Vice-Reitor de Planejamento, Administração e Finanças
Profa. Melânia Dalla Torre
Vice-Reitora de Unidades Universitárias
Profa. Dra. Marília Ancona-Lopez
Vice-Reitora de Pós-Graduação e Pesquisa
Profa. Dra. Marília Ancona-Lopez
Vice-Reitora de Graduação
Unip Interativa – EaD
Profa. Elisabete Brihy 
Prof. Marcello Vannini
Prof. Dr. Luiz Felipe Scabar
Prof. Ivan Daliberto Frugoli
 Material Didático – EaD
 Comissão editorial: 
 Dra. Angélica L. Carlini (UNIP)
 Dr. Ivan Dias da Motta (CESUMAR)
 Dra. Kátia Mosorov Alonso (UFMT)
 Apoio:
 Profa. Cláudia Regina Baptista – EaD
 Profa. Betisa Malaman – Comissão de Qualificação e Avaliação de Cursos
 Projeto gráfico:
 Prof. Alexandre Ponzetto
 Revisão:
 Lucas Ricardi 
 Jaci Albuquerque
Sumário
Farmacologia Aplicada à Biomedicina
APRESENTAÇÃO ......................................................................................................................................................9
INTRODUÇÃO ...........................................................................................................................................................9
Unidade I
1 FARMACOCINÉTICA ........................................................................................................................................ 11
1.1 Formas farmacêuticas e vias de administração ....................................................................... 14
1.1.1 Vias de administração local ................................................................................................................ 16
1.1.2 Vias de administração sistêmica ....................................................................................................... 17
1.2 Absorção .................................................................................................................................................. 21
1.2.1 Transporte através das membranas biológicas ........................................................................... 22
1.2.2 Características teciduais que influem na absorção dos fármacos ...................................... 24
1.2.3 Influência do pH na absorção dos fármacos ............................................................................... 27
1.2.4 Interações medicamentosas que alteram a absorção dos fármacos ................................. 33
1.3 Distribuição ............................................................................................................................................. 33
1.3.1 Cinética de distribuição dos fármacos ........................................................................................... 36
1.3.2 Interações medicamentosas que alteram a distribuição dos fármacos ........................... 36
1.4 Biotransformação ................................................................................................................................. 37
1.4.1 Reações de fase I ..................................................................................................................................... 39
1.4.2 Reações de fase II ................................................................................................................................... 41
1.4.3 Interações medicamentosas que alteram a biotransformação dos fármacos ............... 41
1.5 Excreção ................................................................................................................................................... 42
1.5.1 Excreção renal .......................................................................................................................................... 43
1.5.2 Excreção biliar .......................................................................................................................................... 44
1.5.3 Outras vias de excreção ........................................................................................................................ 45
1.5.4 Interações medicamentosas que alteram a excreção dos fármacos ................................. 46
1.6 Parâmetros farmacocinéticos de importância na prática clínica ..................................... 46
1.6.1 Concentração máxima (Cmax) ou pico de concentração plasmática ............................... 47
1.6.2 Área sob a curva (AUC) ......................................................................................................................... 47
1.6.3 Tempo de meia-vida plasmática (t1/2) .......................................................................................... 47
1.6.4 Volume de distribuição ......................................................................................................................... 48
1.6.5 Clearance .................................................................................................................................................... 49
2 FARMACODINÂMICA ..................................................................................................................................... 49
2.1 Alvos moleculares da ação de fármacos: enzimas, canais iônicos e 
proteínas transportadoras ........................................................................................................................51
2.1.1 Enzimas ....................................................................................................................................................... 51
2.1.2 Canais iônicos ........................................................................................................................................... 53
2.1.3 Proteínas transportadoras ................................................................................................................... 54
2.2 Alvos moleculares da ação de fármacos: receptores ............................................................. 55
2.2.1 Receptores ionotrópicos ...................................................................................................................... 56
2.2.2 Receptores enzimáticos ....................................................................................................................... 57
2.2.3 Receptores acoplados à proteína G ................................................................................................. 58
2.2.4 Receptores intracelulares .................................................................................................................... 62
2.2.5 Regulação da atividade dos receptores ......................................................................................... 65
2.3 Farmacologia experimental: estudos da interação fármaco-receptor ........................... 66
3 FARMACOLOGIA DO SISTEMA NERVOSO SIMPÁTICO ...................................................................... 72
3.1 Sistema nervoso autônomo: visão geral..................................................................................... 72
3.1.1 Principais características anatômicas ............................................................................................. 73
3.1.2 Principais aspectos da fisiologia do sistema nervoso autônomo ....................................... 74
3.1.3 Neurotransmissores autonômicos: biossíntese e biotransformação ................................. 75
3.1.4 Subtipos de receptores adrenérgicos e muscarínicos .............................................................. 79
3.1.5 Etapas da neurotransmissão autonômica .................................................................................... 81
3.1.6 O mecanismo de retroalimentação negativa e o controle da atividade 
dos nervos autonômicos ................................................................................................................................. 82
3.1.7 Principais ações do sistema nervoso autônomo ........................................................................ 83
3.2 Farmacologia do sistema nervoso simpático ............................................................................ 85
3.2.1 Simpatomiméticos de ação direta: visão geral ........................................................................... 85
3.2.2 Simpatomiméticos de ação direta: catecolaminas endógenas ............................................ 86
3.2.3 Simpatomiméticos de ação direta: catecolaminas sintéticas............................................... 89
3.2.4 Simpatomiméticos de ação direta: outras monoaminas ........................................................ 91
3.2.5 Simpatomiméticos de ação indireta ou mista ............................................................................ 92
3.2.6 Simpatolíticos de ação direta ............................................................................................................ 93
3.2.7 Simpatolíticos de ação indireta/mista ............................................................................................ 97
4 FARMACOLOGIA DO SISTEMA NERVOSO PARASSIMPÁTICO, DO GÂNGLIO E 
DA JUNÇÃO NEUROMUSCULAR ................................................................................................................... 98
4.1 Farmacologia do sistema nervoso parassimpático ................................................................. 98
4.1.1 Parassimpatomiméticos de ação direta ......................................................................................... 98
4.1.2 Parassimpatomiméticos de ação indireta ...................................................................................103
4.1.3 Parassimpatolíticos de ação direta ................................................................................................106
4.1.4 Parassimpatolíticos de ação indireta ............................................................................................ 110
4.2 Farmacologia do gânglio autonômico e da junção neuromuscular .............................110
4.2.1 Fármacos que atuam sobre o gânglio autonômico ................................................................ 110
4.2.2 Fármacos bloqueadores neuromusculares ................................................................................. 112
4.2.3 Outros fármacos que atuam sobre a junção neuromuscular ............................................. 114
Unidade II
5 FARMACOLOGIA CARDIOVASCULAR E RENAL ..................................................................................120
5.1 Antiarrítmicos e cardiotônicos .....................................................................................................120
5.1.1 Antiarrítmicos ....................................................................................................................................... 122
5.1.2 Cardiotônicos......................................................................................................................................... 125
5.2 Anti-hipertensivos e diuréticos ....................................................................................................129
5.2.1 Fisiopatologia da hipertensão arterial ........................................................................................ 129
5.2.2 Regulação da hipertensão arterial................................................................................................ 130
5.2.3 Fármacos anti-hipertensivos ........................................................................................................... 134
5.2.4 Associações de fármacos no tratamento da hipertensão arterial ................................... 140
6 FARMACOLOGIA DA DOR E DA INFLAMAÇÃO ...................................................................................141
6.1 Mecanismo de transmissão da dor .............................................................................................141
6.2 Papel dos prostanoides na regulação da sensação dolorosa ............................................145
6.3 Atuação de fármacos sobre a transmissão do estímulo doloroso ..................................146
6.4 Anti-inflamatórios não esteroidais (Aines) ..............................................................................147
6.4.1 Mecanismo de ação dos Aines ....................................................................................................... 148
6.4.2 Principais Aines ..................................................................................................................................... 154
6.5 Anti-inflamatórios esteroidais ......................................................................................................155
6.5.1 Mecanismo de ação dos glicocorticoides .................................................................................. 157
6.5.2 Principais glicocorticoides utilizados na clínica .......................................................................161
6.5.3 Principais efeitos adversos ............................................................................................................... 162
6.6 Analgésicos opioides .........................................................................................................................164
6.6.1 Mecanismo de ação dos analgésicos opioides......................................................................... 164
6.6.2 Principaisopioides utilizados na clínica ..................................................................................... 167
6.6.3 Tratamento da sobredosagem e da dependência aos opioides ........................................ 168
6.7 Anestésicos............................................................................................................................................169
6.7.1 Anestésicos locais ................................................................................................................................ 169
6.7.2 Anestésicos gerais .................................................................................................................................171
Unidade III
7 FARMACOLOGIA DO SISTEMA NERVOSO CENTRAL .........................................................................178
7.1 Aspectos funcionais ..........................................................................................................................178
7.1.1 Atividade neuronal .............................................................................................................................. 178
7.1.2 Neurotransmissores .............................................................................................................................181
7.1.3 Relação entre as disfunções na neurotransmissão e as patologias do SNC ................ 185
7.2 Fármacos de ação central ...............................................................................................................185
7.2.1 Ansiolíticos, sedativos e hipnóticos .............................................................................................. 186
7.2.2 Antidepressivos ..................................................................................................................................... 189
7.2.3 Estabilizadores do humor ................................................................................................................. 196
7.2.4 Neurolépticos ........................................................................................................................................ 197
7.2.5 Anticonvulsivantes ...............................................................................................................................201
7.2.6 Antiparkinsonianos ............................................................................................................................. 203
7.2.7 Tratamento da doença de Alzheimer ........................................................................................... 206
8 FARMACOLOGIA DO SISTEMA ENDÓCRINO .......................................................................................208
8.1 Mecanismos de ação hormonal ...................................................................................................209
8.2 O eixo hipotálamo-hipófise e a secreção hormonal ............................................................211
8.2.1 O eixo hipotálamo-hipófise-tireoide ............................................................................................212
8.2.2 O eixo hipotálamo-hipófise-testículo ..........................................................................................216
8.2.3 O eixo hipotálamo-hipófise-ovários .............................................................................................221
9
APRESENTAÇÃO
A presente disciplina tem como objetivo estudar os aspectos básicos da farmacocinética e da 
farmacodinâmica aplicados aos principais fármacos de uso terapêutico e experimental, com enfoque 
nas alterações fisiológicas que eles provocam.
Este livro-texto foi elaborado de modo a apresentar, inicialmente, os conceitos relativos à cinética 
do fármaco no organismo (que compreende as etapas de absorção, distribuição, biotransformação e 
excreção) e a ação do fármaco em alvos moleculares específicos, o que explica os mecanismos pelos 
quais ocorrem os efeitos terapêuticos e adversos dessas substâncias. Em seguida, serão abordados os 
fármacos que atuam sobre o sistema nervoso autônomo e sobre o sistema nervoso somático (junção 
neuromuscular), o que é de extrema importância, visto que o sistema nervoso autônomo regula o 
funcionamento de virtualmente todos os órgãos e tecidos do organismo, e o sistema nervoso somático, 
a atividade do músculo voluntário.
Na sequência, iremos estudar a ação de fármacos sobre os principais órgãos e sistemas. Serão 
abordados os fármacos que atuam sobre o sistema cardiovascular (antiarrítmicos, cardiotônicos e 
anti-hipertensivos) e renal (diuréticos), sobre a dor e a inflamação (anti-inflamatórios, analgésicos 
simples, anestésicos locais e gerais e analgésicos opioides), sobre o sistema nervoso central (ansiolíticos, 
antidepressivos, antipsicóticos, antiparkinsonianos e anticonvulsivantes, além do tratamento do mal de 
Alzheimer e do transtorno bipolar) e sobre o sistema endócrino (fármacos que atuam sobre a tireoide e 
sobre os órgãos sexuais masculinos e femininos).
Durante o seu estudo, é importante ficar atento às seguintes informações:
•	 Qual o mecanismo de ação do fármaco?
•	 Como eu explicaria sua ação terapêutica?
•	 Quais os principais efeitos adversos e como posso explicá-los?
Ao final da disciplina, esperamos que você esteja familiarizado com o uso de diferentes fármacos, 
tanto na terapêutica como na experimentação.
Bom estudo!
INTRODUÇÃO
De acordo com Katzung (2017), a farmacologia é a ciência que estuda os fármacos (do grego 
pharmacon – fármaco e logos – estudo). Em um sentido amplo, estuda a interação entre substâncias 
químicas e os sistemas orgânicos. No campo da farmacologia, qualquer substância química que possa 
produzir uma resposta biológica num organismo vivo é considerada um fármaco.
10
 Observação
O termo droga é utilizado por alguns autores para designar as 
substâncias farmacologicamente ativas. O uso desse termo não é 
recomendado, devendo ser utilizada a designação fármaco.
A farmacologia é uma ciência que integra o conhecimento de diferentes áreas (como a bioquímica, 
a fisiologia e a patologia) e abordagens diversas a respeito dos fármacos. A partir do estudo da ação das 
substâncias no organismo, é possível explorar não só alternativas terapêuticas, mas também aspectos 
da fisiologia que são elucidados através do estudo da interação de diferentes substâncias com os 
sistemas orgânicos.
Há divisões teóricas da farmacologia, dependendo do aspecto a ser estudado. A farmacocinética 
estuda o caminho percorrido pelo fármaco no organismo vivo, desde sua administração até sua 
completa eliminação. A farmacodinâmica estuda o local e o mecanismo de ação, ações e efeitos, efeitos 
terapêuticos e efeitos tóxicos dos fármacos. A farmacoterapêutica refere-se à orientação do uso dos 
medicamentos para prevenção, tratamento e diagnósticos das enfermidades. A farmacognosia estuda 
a origem, as características, a estrutura e a composição química dos fármacos no seu estado natural e 
na forma de extratos. A farmacologia clínica preocupa-se com os padrões de eficácia e segurança da 
administração de medicamentos aos animais ou seres humanos, comparando informações obtidas na 
população saudável com as obtidas na população doente. Outras subáreas têm surgido nos últimos 
anos (imunofarmacologia, farmacogenômica, entre outras), em função dos avanços biotecnológicos na 
área biomédica.
11
FARMACOLOGIA APLICADA À BIOMEDICINA
Unidade I
1 FARMACOCINÉTICA
O estudo das ações dos produtos naturais sobre o organismo tem suas origens nos primórdios da 
humanidade, desde quando o homem começou a usar substâncias obtidas na natureza com finalidades 
medicinais, ou até mesmo visando efeitos nocivos. No entanto, foi somente a partir de meados do século XIX 
que a farmacologia se consolidou como ciência, como consequência da evolução de outras áreas afins 
de conhecimento (fisiologia, patologia, bioquímica etc.). Desde então, os fármacos têm sido purificados, 
caracterizados quimicamente e atémesmo sintetizados em laboratório. Até o momento, desenvolveu-se 
uma ampla variedade de novos fármacos altamente potentes e seletivos, cujo mecanismo de ação, na 
maioria das vezes, já foi elucidado. Esse conjunto de informações faz da farmacologia a espinha dorsal 
da terapêutica racional.
Os principais termos utilizados no estudo da farmacologia estão listados a seguir:
•	 Fármaco é qualquer substância ou produto que é usado ou se destina a ser usado para modificar 
ou explorar sistemas fisiológicos ou estados patológicos. Em outras palavras, os fármacos são 
substâncias químicas que, ao interagirem com alvos específicos presentes nas células, são capazes 
de promover alterações das funções fisiológicas pré-existentes. Existem fármacos que são usados 
como parte da terapêutica de diferentes doenças, enquanto outros apresentam importância 
puramente experimental. O termo princípio ativo é um sinônimo de fármaco.
•	 Medicamento refere-se ao fármaco (princípio ativo) ou à associação de fármacos que apresentam 
alguma aplicação terapêutica e/ou diagnóstica, ou seja, destinadas a curar, diminuir, prevenir ou 
diagnosticar enfermidades.
•	 Remédio é um termo usado para todos os agentes que curam, aliviam ou evitam uma enfermidade, 
usado de forma abrangente não só para substâncias químicas (fármacos), como também para 
agentes físicos (massagens, duchas etc.).
•	 Placebo é toda e qualquer substância sem propriedades farmacológicas que é administrada a 
pessoas ou grupo de pessoas como se tivesse propriedades terapêuticas. O placebo não contém 
os princípios ativos e é elaborado de forma a ter a aparência exata de um medicamento real, 
porém é constituído somente de substâncias químicas inativas (como o amido, o açúcar e outros 
excipientes). Como as pessoas às quais foi administrado o placebo não o sabem, algumas sentem-
se melhor e outras chegam até a apresentar efeitos adversos, pois estão sugestionadas a acreditar 
que estão recebendo uma substância farmacologicamente ativa. Na atualidade, o placebo só 
pode ser utilizado na pesquisa clínica, que é o estudo da ação de novos medicamentos sobre 
voluntários saudáveis e doentes e, mesmo assim, com ressalvas.
12
Unidade I
De acordo com Fregnani (2015), no processo de desenvolvimento de um novo medicamento, os 
pesquisadores realizam estudos para compará-lo com o medicamento de escolha já disponível 
comercialmente. Na ausência de terapia medicamentosa já estabelecida, a comparação é feita 
com o placebo.
Geralmente, metade dos participantes do estudo recebem o novo medicamento e os demais 
recebem um placebo, de aspecto idêntico. Idealmente, nem os participantes e nem os 
investigadores devem saber quem recebeu o medicamento e quem recebeu o placebo (esse tipo 
de estudo chama-se estudo duplo-cego). Quando o estudo é concluído, todas as alterações 
observadas nos participantes dos dois grupos são comparadas e, para que se justifique seu uso, 
o novo medicamento deve ter um desempenho substancialmente melhor do que o placebo ou 
do que o medicamento já comercializado para tratar a doença.
•	 Forma farmacêutica corresponde ao conjunto de características físicas (apresentação) e químicas 
(composição) do medicamento. É comum um medicamento ser preparado com o mesmo princípio 
ativo e apresentar doses e formas diferentes. Por exemplo, o Diazepam é comercializado em 
dosagem de 5 mg e de 10 mg em comprimidos e ampolas. Nesse caso, as formas farmacêuticas 
são: comprimidos e ampolas. No preparo de uma forma farmacêutica, os fabricantes incorporam 
excipientes (“veículos” para o princípio ativo), que têm como função aumentar o volume do 
medicamento, melhorar o seu visual e sabor (por meio de revestimentos e corantes) e também 
definir o padrão de liberação do princípio ativo, para que ele seja absorvido. Além disso, eles 
também ajudam a conservar o medicamento.
Os medicamentos geralmente têm vários nomes. Para melhor entendermos essa nomenclatura, 
vamos descrever brevemente como é feito o processo de pesquisa e desenvolvimento de novos fármacos.
A primeira etapa consiste na descoberta de um composto (substância química) com atividade sobre 
um organismo vivo. Nessa etapa, o fármaco recebe um nome químico, que descreve sua estrutura 
atômica ou molecular. O nome químico é geralmente muito complexo para uso geral.
Na segunda etapa é feito o estudo pré-clínico, que inclui testes in vitro para avaliação das 
propriedades biológicas das moléculas ativas e também testes in vivo em animais para avaliação da 
farmacocinética e farmacodinâmica da substância química. É frequente nessa etapa já o uso de uma 
versão abreviada do nome químico ou um nome em código (por exemplo, PN200110) para facilitar a 
referência entre os pesquisadores.
Na terceira e última etapa do processo, denominada estudo clínico, são realizados estudos em 
humanos. Esses estudos, de acordo com Rang (2011), são divididos em quatro fases:
•	 Fase 1: o medicamento é testado em voluntários saudáveis. São testadas diferentes vias de 
administração e doses, e o padrão de absorção e de excreção do fármaco (perfil farmacocinético) 
é estabelecido.
13
FARMACOLOGIA APLICADA À BIOMEDICINA
•	 Fase 2: envolve estudos em um pequeno número de pessoas que têm a doença contra a qual o 
medicamento possivelmente é eficaz.
•	 Fase 3: uma quantidade maior de pacientes, tratadas em diferentes centros médicos de pesquisa, 
recebe o medicamento. Essa amostra maior de pacientes fornece informações sobre efeitos 
adversos raros ou pouco frequentes. A agência governamental (no Brasil, a Anvisa) aprovará o uso 
do novo medicamento se os estudos de fase 3 forem satisfatórios.
•	 Fase 4: é voluntária e envolve a farmacovigilância pós-mercado dos efeitos do medicamento. 
O fabricante do medicamento recebe relatos de médicos e de outros profissionais da área de 
saúde a respeito dos resultados terapêuticos e de efeitos adversos do medicamento. Alguns 
medicamentos, por exemplo, apresentaram efeitos tóxicos e foram retirados do mercado depois 
de seu lançamento inicial.
Quando um medicamento é aprovado para comercialização, o princípio ativo recebe um nome 
genérico (oficial) e um nome comercial (proprietário ou de marca). Por exemplo, a dipirona é um 
nome genérico, e Novalgina®, Neosaldina® e Anador® são nomes comerciais das formas farmacêuticas 
produzidas por diferentes laboratórios. Os nomes genéricos e comerciais devem ser exclusivos, para 
impedir que um medicamento seja confundido com outro. Para evitar possível confusão, todo nome 
comercial proposto deve ser aprovado pela Anvisa.
O nome comercial é desenvolvido pela empresa que solicita aprovação para o medicamento e o 
identifica como propriedade exclusiva de tal empresa (patente). O medicamento comercializado pelo 
laboratório que o desenvolveu em primeiro lugar é denominado medicamento de referência, pois foi 
a partir dele que foram realizados os estudos pré-clínicos e clínicos que descrevemos anteriormente 
(exemplo: Novalgina® é o nome comercial de referência do medicamento dipirona).
Quando o medicamento não está protegido por patente, a empresa pode comercializar seu produto 
com o nome genérico ou com um nome comercial. Os medicamentos genéricos são comercializados pelo 
nome oficial (exemplo: dipirona), enquanto os medicamentos similares são comercializados por outros 
laboratórios, utilizando outros nomes comerciais, diferentes do medicamento de referência (Neosaldina® e 
Anador®, por exemplo). Assim, em resumo:
•	 Os medicamentos de referência são os primeiros a serem comercializados, utilizando-se um 
nome comercial. Passaram por testes pré-clínicos e clínicos para a avaliação de sua eficácia e 
são patenteados.
•	 Os medicamentos genéricos são produzidos por outros laboratórios e comercializados pelo nome 
oficial do princípio ativo, após a queda ou a quebra da patente.
•	 Os medicamentos similares são produzidos por outros laboratórios e comercializados utilizando-se 
outros nomes comerciais, após a quebra ou a quedada patente.
14
Unidade I
Por determinação da Anvisa, os medicamentos de referência, genéricos e similares de um mesmo 
princípio ativo precisam ser bioequivalentes, ou seja, apresentar a mesma dosagem e a mesma taxa 
de absorção, o que garante que, em qualquer tempo, a concentração plasmática seja a mesma nos 
três casos.
A maioria dos medicamentos genéricos, embora mais baratos do que os medicamentos de nome 
comercial correspondentes, possuem a mesma eficácia e a mesma qualidade deles, exatamente pela 
necessidade de se realizar testes de bioequivalência com o medicamento de referência.
A farmacocinética é o estudo do movimento do fármaco no interior de um organismo vivo e envolve 
a avaliação de como o fármaco é absorvido, distribuído, biotransformado e excretado. Na prática, um 
fármaco deve ser capaz de alcançar seu local de ação pretendido após a administração, em quantidade 
e por tempo adequado para que seja observada ação farmacológica.
A partir de agora, vamos estudar as principais formas farmacêuticas e vias de administração dos 
fármacos. Em seguida, serão abordadas cada uma das quatro etapas da farmacocinética: absorção, que 
é a passagem do fármaco do local de administração para a circulação sistêmica; distribuição, que é a 
passagem do fármaco do sangue para os diferentes órgãos e sistemas; biotransformação ou metabolismo, 
que se refere às alterações da estrutura química do fármaco, visando sua eliminação; e excreção, que é a 
saída do fármaco do organismo. Veja a figura a seguir:
1 Absorção (entrada)
4 Excreção (saída)
2 Distribuição
3 Biotransformação
Fármaco no local da administração
Fármaco no plasma
Fármaco ou metabólitos na 
urina, na bile ou nas fezes
Metabólitos nos tecidos
Fármaco nos tecidos
Figura 1 – Etapas da farmacocinética
1.1 Formas farmacêuticas e vias de administração
Os medicamentos são apresentados em diferentes formas farmacêuticas, e esse parâmetro influencia 
a velocidade e a extensão da absorção do fármaco. As principais formas farmacêuticas estão descritas 
no quadro a seguir:
15
FARMACOLOGIA APLICADA À BIOMEDICINA
Quadro 1 – Principais formas farmacêuticas
Estado físico Forma farmacêutica Principais características
Sólidos
Pó O medicamento apresenta-se na forma de cristais, necessitando de diluente para sua administração
Comprimido É um cristal submetido a uma compressão em molde, geralmente discoide
Cápsula
O medicamento em pó é envolvido por uma camada de amido ou 
gelatina de consistência dura, a fim de impedir seu contato com 
a mucosa oral e facilitar a deglutição
Drágea
É um comprimido revestido com uma camada de açúcar, 
geralmente polido, com ou sem corante. O revestimento faz com 
que a absorção ocorra preferencialmente no intestino. Quando as 
drágeas são pequenas, são denominadas pílulas
Supositório
É uma forma sólida revestida por gelatina ou manteiga de 
cacau, que se desfazem à temperatura do corpo, possibilitando a 
absorção. Indicada para aplicação retal
Óvulo Forma sólida, revestida por gelatina, de formato ovoide, para aplicação vaginal.
Pastilha Comprimido achatado e circular indicado para dissolução na boca e absorção pela mucosa oral
Semissólidos
Pomada
O fármaco é dissolvido em uma base gordurosa, de consistência 
macia, devendo ser aplicado topicamente na pele ou nas 
mucosas
Creme O fármaco é dissolvido em uma base aquosa e oleosa. Também utilizado para aplicação tópica
Pasta É uma forma farmacêutica de consistência macia, aquosa, que contém 20% de pó
Líquidos
Solução É um preparado líquido que apresenta uma ou mais substâncias dissolvidas, formando uma mistura homogênea
Xarope À solução aquosa do fármaco são adicionados açúcar e aromatizantes
Suspensão
O pó contendo o medicamento encontra-se disperso no meio 
líquido, sem estar dissolvido, formando um sistema heterogêneo, 
bifásico. Quando em repouso, as partículas se depositam no 
fundo do frasco
Tintura É um preparado de álcool que contém o princípio ativo extraído de um vegetal ou mineral
Elixir Solução composta de álcool, açúcar, água e agente medicinal, destinada à administração oral
Gasosos
Gás
Para administração inalatória de substâncias que, à temperatura 
ambiente, encontram-se no estado gasoso. Exemplo: o anestésico 
inalatório óxido nitroso (N2O)
Aerossol As partículas sólidas ou líquidas do fármaco são distribuídas em névoa ou acondicionadas em recipiente pressurizado (“bomba”)
Fonte: Pivello (2014, p. 3-10).
Cada uma das formas farmacêuticas descritas é adequada para a administração por uma ou mais 
vias específicas. A escolha da via de administração apropriada em uma determinada situação depende 
de fatores relacionados ao fármaco e ao paciente.
16
Unidade I
São fatores que podem interferir na escolha da via de administração de um fármaco:
•	 propriedades físico-químicas (estado físico, solubilidade, estabilidade, pH, irritação);
•	 local da ação desejada (localizado e acessível ou sistêmico e não acessível);
•	 taxa e extensão da absorção do fármaco a partir de diferentes locais da administração, bem como 
volume a ser administrado;
•	 ação do suco gástrico e/ou de enzimas do trato digestório e metabolismo de primeira passagem;
•	 rapidez com a qual o efeito do fármaco tem que ser observado (tratamento de rotina ou de emergência);
•	 necessidade de se ter precisão na quantidade de fármaco absorvido (por exemplo, na via 
intravenosa, existe a certeza da quantidade de fármaco que atingiu a circulação sistêmica);
•	 condição clínica do paciente (idade do paciente e se ele se encontra consciente, presença de 
vômito e diarreia etc.).
 Observação
O metabolismo de primeira passagem é a biotransformação do fármaco, pelo 
fígado e/ou pela microbiota intestinal, antes de ele atingir a circulação sistêmica.
De forma geral, as vias de administração podem ser divididas em locais e sistêmicas.
1.1.1 Vias de administração local
Conforme Yellepedi (2016), as vias de administração local só podem ser usadas para lesões localizadas 
em regiões acessíveis e para administração de fármacos cuja absorção sistêmica seja mínima ou ausente. 
Assim, as concentrações ideais do fármaco são atingidas no local desejado, sem que haja exposição do 
restante do organismo ao fármaco. Consequentemente, os efeitos adversos sistêmicos ou a toxicidade 
são mínimos ou ausentes.
Para os fármacos que são absorvidos a partir de uma via local de administração (por exemplo, a pele), 
ela pode servir como via de administração sistêmica. Um exemplo é o adesivo transdérmico de fentanila 
(Durogesic®) aplicado na pele.
As vias de administração locais são divididas em:
•	 Tópica: refere-se à aplicação externa do fármaco numa superfície, para uma ação localizada. 
É geralmente mais conveniente para o paciente. Os fármacos podem ser administrados com 
eficiência nas lesões localizadas na pele, na mucosa orofaríngea e nasal, nos olhos, no canal 
auditivo, no canal anal ou na vagina.
17
FARMACOLOGIA APLICADA À BIOMEDICINA
Outras formas de administração tópica incluem os fármacos não absorvidos e administrados por 
via oral para ação na mucosa gastrointestinal (por exemplo, o sucralfato), a inalação de fármacos 
que atuam nos brônquios (por exemplo, o salbutamol) e as soluções aplicadas na uretra (por 
exemplo, a iodopovidona).
•	 Tecidos mais profundos: certas áreas profundas podem ser acessadas usando uma seringa e 
uma agulha, mas o fármaco deve estar em uma forma que a absorção sistêmica seja limitada, 
como ocorre na injeção intra-articular (por exemplo, o acetato de hidrocortisona na articulação 
do joelho) e na infiltração ao redor de um nervo ou injeção intratecal (por exemplo, a lidocaína).
•	 Suprimento arterial: a injeção intra-arterial próxima é usada para meios de contraste na 
angiografia; medicamentos antineoplásicos podem ser infundidos na artéria femoral ou braquial 
para localizar o efeito em condições de câncer nos membros.
1.1.2 Vias de administração sistêmica
O fármaco administrado por vias sistêmicas deve ser absorvidoaté a corrente sanguínea e distribuído 
por todo o organismo, incluindo o local da ação, através da circulação.
As principais vias de administração sistêmica são:
Oral
A administração por via oral é o modo mais frequente de administração de fármacos. É mais segura, 
mais conveniente, não invasiva e geralmente indolor. Para a administração por essa via, o fármaco não 
precisa ser estéril e geralmente não é necessária assistência de profissional qualificado para realizar a 
administração ao paciente, o que faz da via oral a via mais econômica.
As formas farmacêuticas sólidas (pós, comprimidos, cápsulas, drágeas, comprimidos) e líquidas 
(elixires, xaropes, emulsões, misturas) podem ser administradas por via oral. Fármacos administrados 
por essa via precisam ser engolidos, e a absorção ocorrerá principalmente na mucosa do estômago e 
do intestino.
Entre as desvantagens ou limitações da administração de fármacos por via oral, temos:
•	 O início da ação dos fármacos é mais lento e, portanto, não é uma via adequada para emergências.
•	 Fármacos com sabor desagradável (por exemplo, o cloranfenicol) são difíceis de administrar. Para 
contornar esse problema, eles podem ser acondicionados em cápsulas, por exemplo.
•	 A administração por via oral pode causar náuseas e vômitos.
•	 Não pode ser usado em pacientes não cooperantes, inconscientes ou apresentando vômitos.
18
Unidade I
•	 Após a administração por via oral, a absorção do fármaco pode ser variável e irregular, sendo que 
certos fármacos não são absorvidos (por exemplo, a estreptomicina).
•	 Há fármacos que são destruídos pelas enzimas digestivas (por exemplo, a penicilina G e a insulina) 
ou pelo fígado (por exemplo, a testosterona e a lidocaína). Esses fármacos geralmente são 
administrados por outras vias.
Sublingual
Na via sublingual, o comprimido contendo o fármaco é colocado sob a língua ou é esmagado na 
boca e espalhado sobre a mucosa oral. Apenas medicamentos lipossolúveis e não irritantes podem ser 
administrados por essa via.
A absorção é relativamente rápida, sendo que o início da ação pode ser observado em minutos. Embora 
seja um pouco inconveniente, pode-se cuspir a forma farmacêutica após a obtenção do efeito desejado. 
A principal vantagem é que o medicamento, uma vez absorvido, passa diretamente para a circulação 
sistêmica, sem sofrer metabolismo hepático de primeira passagem. Infelizmente, poucos medicamentos 
disponíveis no mercado podem ser administrados por via sublingual (por exemplo, gliceril trinitrato).
Retal
A via de administração retal pode ser usada quando o paciente está inconsciente ou está apresentando 
vômitos recorrentes. No entanto, a maioria dos pacientes a considera como uma via de administração bastante 
inconveniente e, muitas vezes, constrangedora. Certos medicamentos irritantes ou de sabor desagradável 
também podem ser colocados no reto, como supositórios ou como enema para efeito sistêmico.
A absorção pela via retal é lenta, irregular e muitas vezes imprevisível. O medicamento absorvido 
após a administração pela via retal passa para as veias hemorroidais externas (cerca de 50%) e cai na 
circulação sistêmica sem atingir o fígado, porém o medicamento absorvido que passa para as veias 
hemorroidais internas atinge o fígado, ou seja, sofre metabolismo de primeira passagem. Medicamentos 
irritantes podem causar inflamação retal.
Cutânea
Fármacos altamente lipossolúveis podem ser aplicados sobre a pele e serão absorvidos de forma 
lenta e prolongada até a circulação sistêmica. O fármaco pode ser incorporado em uma pomada, creme 
ou gel e ser aplicado em uma área específica da pele.
Sistemas terapêuticos transdérmicos são adesivos de várias formas e tamanhos que liberam o 
fármaco numa taxa constante na circulação sistêmica através da pele. Nesses sistemas, ele é mantido 
em um reservatório entre um filme de suporte oclusivo e uma membrana de microporos de controle de 
taxa, cuja superfície inferior possui um adesivo impregnado com a dose inicial do fármaco. A camada 
adesiva é protegida por outro filme que deve ser retirado imediatamente antes da aplicação.
19
FARMACOLOGIA APLICADA À BIOMEDICINA
O fármaco é liberado na superfície da pele por difusão para absorção percutânea na circulação. 
Embora mais caros, eles fornecem concentrações plasmáticas do fármaco sem flutuações, minimizando 
as variações interindividuais e os efeitos adversos. Eles também são mais convenientes – muitos 
pacientes preferem adesivos transdérmicos aos comprimidos orais do mesmo fármaco, o que garante 
maior adesão ao tratamento. Em alguns pacientes pode ocorrer irritação local e eritema, mas geralmente 
são manifestações leves.
Inalatória
Líquidos e gases voláteis são administrados por inalação para ação sistêmica (por exemplo, os 
anestésicos gerais halotano, isoflurano e o óxido nitroso). A absorção ocorre na ampla superfície dos 
alvéolos, e o início da ação do fármaco é muito rápido.
Quando a administração é interrompida, o medicamento difunde-se novamente do tecido para a 
circulação sistêmica e é rapidamente eliminado no ar expirado. Vapores irritantes (por exemplo, éter) 
causam inflamação do trato respiratório e aumentam a secreção.
Nasal
A membrana mucosa do nariz pode absorver facilmente alguns poucos medicamentos (por exemplo, 
insulina, agonistas do GnRH e desmopressina). Com isso, evita-se a ação dos sucos digestivos e o 
metabolismo hepático de primeira passagem.
 Observação
Em junho de 2019, a Anvisa autorizou a comercialização da insulina 
inalável. Trata-se de um pó, comercializado em cartuchos com três tipos 
de dosagem, semelhante às “bombinhas” para asma. A substância é levada 
ao pulmão e absorvida pela corrente sanguínea e, assim, reduz os níveis de 
glicemia (CONSELHO REGIONAL DE FARMÁCIA, 2019).
Além de evitar as injeções de insulina após cada refeição, o pico de 
ação da insulina inalável (50 minutos) é menor do que o da aplicada por 
via subcutânea (30 a 40 minutos), o que proporciona melhor controle 
da glicemia.
Parenteral
Convencionalmente, o termo parenteral refere-se à administração por injeção, que leva o fármaco 
diretamente ao fluido tecidual ou sangue, sem ter que atravessar a mucosa enteral (gastrointestinal). 
Assim, as limitações relacionadas à administração oral (enteral), como as náuseas e os vômitos decorrentes 
da irritação gástrica, podem ser contornadas com a administração parenteral.
20
Unidade I
O início da ação do fármaco administrado por via parenteral é mais rápida, o que é um aspecto 
importante em emergências. As vias parentéricas (ou parenterais) podem ser empregadas em pacientes 
inconscientes, não cooperativos ou com vômito. Não há riscos de interferência de alimentos ou sucos 
digestivos com o fármaco. Não há metabolismo de primeira passagem.
Quanto às desvantagens das vias parenterais, as principais são: a preparação deve ser esterilizada, o 
que torna essa via mais cara; a técnica é invasiva e dolorosa; é necessária a assistência de outra pessoa, 
embora a autoinjeção seja possível (por exemplo, insulina para diabéticos); há possibilidade de lesão 
tecidual local e, em geral, a via parenteral é considerada mais “arriscada” que a oral.
As principais vias parenterais são:
•	 Subcutânea (s.c.): o fármaco é administrado no tecido subcutâneo, que é ricamente suprido pelos 
nervos (fármacos irritantes não podem ser injetados), mas é menos vascularizado (a absorção é mais 
lenta que a intramuscular). Apenas pequenos volumes podem ser injetados pela via subcutânea. A 
autoinjeção é possível, porque não é necessária uma penetração profunda. Preparações de repositório 
(depósito) que são suspensões aquosas podem ser injetadas para ação prolongada.
•	 Intramuscular (i.m.): o fármaco é injetado em um dos grandes músculos esqueléticos – 
deltoide, tríceps, glúteo máximo, reto femoral etc. O músculo é menos rico em suprimentos de 
nervos sensoriais (irritantes leves podem ser injetados) e é mais vascularizado, o que aumenta a 
velocidade de absorção.É menos dolorosa, mas a autoinjeção geralmente é impraticável, porque 
é necessária uma penetração profunda (veja a figura a seguir). Preparações de depósito (soluções 
oleosas e suspensões aquosas) podem ser injetadas por essa via. Injeções intramusculares devem 
ser evitadas em pacientes tratados com anticoagulantes, pois podem produzir hematoma local.
Injeção 
subcutânea
Injeção 
intramuscular
Epiderme
Derme
Músculo Tecido 
subcutâneo
Figura 2 – Diferença entre a injeção intramuscular e a subcutânea
21
FARMACOLOGIA APLICADA À BIOMEDICINA
•	 Intravenosa (i.v.): o fármaco pode ser injetado na forma de bolus (administração da quantidade 
total do fármaco de uma só vez) ou pode ser infundido lentamente durante horas em uma 
das veias superficiais. O fármaco atinge diretamente a corrente sanguínea, e os efeitos são 
produzidos imediatamente, o que é extremamente útil em emergências. A camada íntima das 
veias é insensível, e o fármaco é diluído no sangue; portanto, mesmo fármacos altamente 
irritantes podem ser injetados pela via intravenosa, mas os riscos são tromboflebite da veia 
injetada e necrose dos tecidos adjacentes, se ocorrer extravasamento. Devem ser injetadas por 
via intravenosa apenas soluções aquosas (não é possível a administração de suspensões, pois as 
partículas do fármaco podem causar embolia). A dose necessária do fármaco é menor pela via 
intravenosa, pois a etapa de absorção é ultrapassada (100% do fármaco administrado atinge a 
circulação sistêmica) e podem ser infundidos até grandes volumes (veja a figura a seguir). Essa 
é a via de administração mais “arriscada”, pois os órgãos vitais como coração, cérebro etc. são 
expostos a altas concentrações do fármaco.
100
0
0 30 60
Tempo (minutos)
5 mg de midazolam por via intravenosa
5 mg de midazolam por via intramuscularC
on
ce
nt
ra
çã
o 
no
 p
la
sm
a 
(n
g/
m
L)
90
200
Figura 3 – Concentração plasmática do midazolam no plasma, após injeção de doses equivalentes (5 mg) 
por via intravenosa e intramuscular. Observe que o pico de concentração plasmática é maior quando 
o fármaco é administrado por via intravenosa, uma vez que, nesse caso, o fármaco é administrado 
diretamente na circulação sistêmica
•	 Injeção intradérmica: é uma rota utilizada apenas para fins específicos. O fármaco é injetado na 
pele, produzindo uma espécie de bolha (por exemplo, vacina BCG, testes de sensibilidade).
1.2 Absorção
Conforme Tracy (2011), absorção é a passagem do fármaco do local de administração para a 
circulação sistêmica. Essa passagem ocorre através do tecido íntegro e, portanto, envolve vários 
processos específicos, que incluem a administração do fármaco, sua dissolução nos líquidos corporais e 
a passagem pela membrana plasmática das células.
A medida da quantidade de fármaco que é absorvido a partir do local é denominada 
biodisponibilidade. Por definição, a biodisponibilidade é a fração do fármaco inalterado que 
atinge a circulação sistêmica. Quando duas formas farmacêuticas contendo uma mesma dose de 
determinado fármaco apresentam a mesma biodisponibilidade, dizemos que as formas farmacêuticas 
são bioequivalentes.
22
Unidade I
 Lembrete
Quando afirmamos que um medicamento genérico é bioquivalente ao 
medicamento de referência, estamos dizendo que a velocidade e a extensão 
da absorção desses dois medicamentos é a mesma.
Para que o fármaco seja absorvido, ele deverá atravessar barreiras biológicas, como as camadas 
da pele, o endotélio vascular, o epitélio gastrointestinal e a barreira hematoencefálica. Essas barreiras 
são constituídas de células, unidas entre si por diferentes tipos de junções intercelulares e banhadas 
por um líquido intersticial que apresenta composição química própria. A composição química desse 
líquido e as características físico-químicas da molécula do fármaco influenciam grandemente a 
absorção dos fármacos.
As principais características físico-químicas do fármaco que influem na absorção são:
•	 Lipossolubilidade: quanto mais apolar a molécula for, maior a solubilidade da droga na membrana 
plasmática, e mais fácil a travessia pelo mecanismo de difusão passiva.
•	 Hidrossolubilidade: fármacos polares e/ou muito grandes só atravessam a membrana das 
células quando existem sistemas transportadores específicos ou poros hidrofílicos que facilitam a 
passagem pela membrana. Esse parâmetro também influi na velocidade de dissolução do fármaco 
nos meios biológicos.
•	 Estabilidade química da molécula do fármaco: permite um maior tempo de ação.
•	 Massa molecular: é a estimativa do tamanho e do volume das moléculas do fármaco. Quanto 
maior a molécula do fármaco, maior a massa molecular e mais difícil será a passagem pela 
membrana plasmática.
•	 Comportamento da molécula do fármaco em diferentes pHs: fármacos de caráter ácido e de 
caráter básico comportam-se de maneira específica de acordo com o pH da solução.
1.2.1 Transporte através das membranas biológicas
Para que um fármaco possa atingir seus alvos intracelulares ou atravessar uma barreira, deve ser 
capaz de atravessar a membrana plasmática. Esse processo ocorre por difusão simples, por difusão 
facilitada, por transporte ativo ou por endocitose/pinocitose (veja a figura a seguir).
23
FARMACOLOGIA APLICADA À BIOMEDICINA
Difusão passiva Difusão facilitada
Transporte ativo
Endocitose/pinocitose
Fármaco
Fármaco Fármaco
Proteína 
transportadora
Meio 
extracelular
Ciroplasma
ATP ADP
Proteína 
transportadora com 
atividade ATPase
Fármaco com alta 
massa molecular
Membrana Membrana 
plasmáticaplasmática
Difusão passiva de um 
fármaco hidrosolúvel 
através de um canal 
ou poro aquoso 
(aquaporina)
Difusão passiva de um 
fármaco lipossolúvel a 
partir da dissolução na 
membrana plasmática
Figura 4 – Mecanismos de transportes do fármaco através da membrana
Todas as células do organismo humano são delimitadas por uma membrana plasmática constituída 
de uma bicamada de fosfolipídeos. Esses fosfolipídeos apresentam uma região hidrofóbica e uma região 
hidrofílica, posicionada em contato com os ambientes aquosos de dentro e de fora da célula.
Além dos componentes lipídicos, as membranas biológicas contêm numerosas proteínas diferentes. 
Algumas dessas proteínas estão apenas ancoradas à superfície interna ou externa da membrana 
plasmática, enquanto outras (proteínas transmembranares) atravessam a membrana plasmática e, 
portanto, estão em contato tanto com o meio intra quanto com o meio extracelular.
A porção hidrofóbica da membrana plasmática representa uma importante barreira para o transporte 
dos fármacos. As pequenas moléculas apolares são lipossolúveis e, portanto, são capazes de difundir-se 
facilmente através das membranas e atingir o meio intracelular. Um exemplo são os hormônios esteroidais 
(cortisol, estrógeno, testosterona etc.). Sintetizados a partir do colesterol, eles atravessam livremente a 
membrana plasmática das células, onde irão ativar seus alvos moleculares.
Conforme já discutido anteriormente, as moléculas apolares dissolvem-se livremente na camada lipídica 
da membrana, difundindo-se prontamente através das membranas celulares. A solubilidade do fármaco 
na membrana é função de seu coeficiente de partição óleo/água, parâmetro que indica a porcentagem de 
fármaco dissolvido nos compartimentos aquoso e oleoso do tecido, e de seu coeficiente de difusão, que é 
a medida da mobilidade das moléculas na camada lipídica. O transporte do fármaco através da membrana 
plasmática também depende da sua concentração no microambiente em que a célula está localizada.
O problema é que a maioria dos fármacos usados na terapêutica são moléculas grandes e polares 
(hidrossolúveis) o suficiente para que a passagem pela membrana plasmática seja prejudicada. As 
moléculas que não são suficientemente lipossolúveis precisam de processos especiais para atravessar as 
membranas biológicas, como canais hidrofílicos funcionais e sistemas específicos de transporte.
24
Unidade I
Algumas proteínastransmembranares possibilitam a passagem dos fármacos e de outras moléculas 
polares através da membrana. Essas proteínas podem ser carreadoras especializadas em transportar 
determinada substância endógena e, por extensão, também transportam o(s) fármaco(s) que apresentam 
estrutura química semelhante a ela. Após a ligação do fármaco com a superfície extracelular dessas 
proteínas carreadoras, ocorre uma alteração conformacional, que permite que tenha acesso ao interior 
da célula. O transporte realizado por proteínas carreadoras pode depender de energia, na forma de ATP 
(transporte ativo) ou não (difusão facilitada).
Alguns fármacos ligam-se a receptores de superfície celular específicos, deflagrando um processo 
denominado endocitose, em que a membrana celular sofre invaginação e forma uma vesícula, a partir 
da qual é subsequentemente liberado no interior da célula.
A difusão através das aquaporinas, glicoproteínas de membrana que formam um poro que atravessa 
a membrana também é importante. No entanto, os poros formados por essas proteínas apresentam 
diâmetro muito pequeno – em torno de 0,4 nm – para possibilitar a passagem da maioria das moléculas 
de fármacos (que geralmente excedem 1 nm de diâmetro).
O processo de transporte através das células pode ocorrer por endocitose ou por pinocitose. 
A pinocitose envolve a invaginação de parte da membrana celular e a captação, dentro da célula, de 
uma pequena vesícula contendo constituintes extracelulares. O conteúdo da vesícula pode, então, ser 
liberado dentro da célula ou estruído no outro lado desta. Esse mecanismo parece ser importante para o 
transporte de algumas macromoléculas (por exemplo, a insulina, que cruza a barreira hematoencefálica 
por esse processo), mas não para moléculas pequenas.
Em um modelo biológico ideal, o fármaco irá penetrar na célula por difusão simples até que suas 
concentrações nos meios intracelular e extracelular sejam iguais. A velocidade de difusão depende da 
área de exposição da membrana ao fármaco e da espessura e da permeabilidade da membrana e do 
gradiente de concentração do fármaco através dela.
1.2.2 Características teciduais que influem na absorção dos fármacos
No tecido epitelial, as células são justapostas, ou seja, mantêm muito pouco espaço entre si, pois 
estabelecem muitas junções intercelulares com as células vizinhas. Há muito pouco material extracelular 
entre essas células. Assim, para atravessar a barreira epitelial, as moléculas devem atravessar pelo menos 
duas membranas celulares (a interna e a externa). Isso também ocorre em relação à passagem pela 
mucosa gastrointestinal e do túbulo renal.
A passagem do fármaco pela célula endotelial, por sua vez, é facilitada, devido ao espaço entre elas. 
A célula endotelial é do tipo achatada, de espessura variável que recobre o interior dos vasos sanguíneos. 
Nos capilares, elas são organizadas de maneira descontínua, formando lacunas, que são preenchidas 
por uma matriz frouxa de proteínas que atuam como filtros, de forma que só permitem a passagem de 
moléculas menores.
25
FARMACOLOGIA APLICADA À BIOMEDICINA
A permeabilidade do endotélio varia de um tecido para outro: em alguns órgãos, especialmente no 
sistema nervoso central e na placenta, existem junções firmes (zônulas de oclusão ou tight junctions) 
entre as células endoteliais, e o endotélio vascular é envolvido numa camada impermeável de células 
periendoteliais, de forma que as substâncias pouco lipossolúveis não penetram facilmente, o que evita 
lesões no cérebro ou no feto. Em outros órgãos, como o baço e o fígado, o endotélio não é contínuo, 
tornando possível a livre passagem de substâncias químicas entre as células.
Outros fatores, como a vascularização do tecido no qual o fármaco foi administrado e a extensão de 
tecido disponível para a absorção, também interferem na absorção dos fármacos.
A via oral é a principal via de administração de fármacos e, por esse motivo, iremos estudar mais a 
fundo os fatores que regulam a absorção por essa via.
Em geral, cerca de 75% de um fármaco administrado por via oral é absorvido no período de 1 a 
3 horas, mas numerosos fatores, alguns fisiológicos e outros relacionados com a formulação, alteram 
essa absorção. Os principais fatores são: a presença ou não de conteúdo intestinal, a intensidade e a 
frequência dos movimentos peristálticos, o fluxo sanguíneo esplâncnico, o tamanho das partículas do 
fármaco e suas características físico-químicas, a forma farmacêutica etc.
Durante a primeira fase dos ensaios clínicos, a influência da alimentação sobre a absorção dos 
fármacos é analisada. A presença de alimento no tubo digestório altera fluxo de sangue esplâncnico e, 
quanto mais vascularizada a área de absorção, maior tende a ser a velocidade dela. De fato, diversos 
fármacos (por exemplo, o propranolol) alcançam uma concentração plasmática mais alta se tomados 
após uma refeição, provavelmente porque o alimento aumenta o fluxo sanguíneo esplâncnico.
No entanto, a absorção dos fármacos pela mucosa do trato gastrointestinal também resulta de 
outros fatores, como o perfil de lipossolubilidade/hidrossolubilidade do fármaco, as características 
do alimento ingerido e até mesmo a frequência dos peristaltismos. O movimento excessivamente 
rápido do conteúdo intestinal observado em alguns tipos de diarreia pode, por exemplo, comprometer 
a absorção.
O tamanho da partícula e a formulação exercem importantes efeitos sobre a absorção. Duas 
formas farmacêuticas contendo a mesma dose de determinado fármaco podem apresentar padrões 
distintos de absorção, por conta das características da formulação, daí a necessidade da realização 
dos testes de bioequivalência. Esses testes são realizados dissolvendo-se as formas farmacêuticas 
em condições controladas; elas serão bioequivalentes se o padrão de liberação do princípio ativo for 
idêntico entre elas.
Os produtos terapêuticos são formulados de modo a produzir as características de absorção desejadas. 
As cápsulas podem ser projetadas para permanecer intactas por algumas horas após a ingestão para 
retardar a absorção; os comprimidos podem ter um revestimento resistente para produzir o mesmo efeito. 
Em alguns casos, faz-se uma mistura de partículas de liberação lenta e rápida na mesma cápsula, a fim 
de promover uma absorção rápida, mas sustentada. Sistemas farmacêuticos mais elaborados incluem 
diversas preparações de liberação modificada que tornam possível administração menos frequente. 
26
Unidade I
Tais preparações não somente aumentam o intervalo entre as doses, como também reduzem os efeitos 
adversos relacionados com os altos picos de concentração plasmática após a administração de uma 
formulação convencional (veja a figura a seguir).
11 22 33 44 55
Forma farmacêutica:
1. Revestimento entérico
2. Comprimido cápsula
3. Xarope, solução
4. Liberação estendida
5. Liberação retardada
Figura 5 – Padrão de absorção dos fármacos por via oral, de acordo com a forma farmacêutica. 
As regiões do tubo digestório nas quais a absorção ocorre em maior velocidade estão sombreadas em vermelho
Quando os fármacos são engolidos, geralmente a intenção é que sejam absorvidos e causem efeito 
sistêmico, porém existem exceções. A administração da vancomicina por via oral, por exemplo, visa 
a eliminação do Clostridium difficile da luz intestinal em pacientes com colite pseudomembranosa. 
Caso se deseje que esse antibiótico produza efeitos sistêmicos, deve-se administrá-lo por via 
intravenosa, pois sua absorção por via oral é lenta e incompleta. Outros exemplos são a mesalazina, que 
é comercializada em formulações contendo revestimento acrílico que somente sofre degradação no íleo 
terminal, e cólon proximal, que constitui seu local de ação.
Fármacos administrados por via oral são absorvidos através do revestimento do estômago ou do 
intestino delgado. Em alguns casos, alguns alimentos ou algum outro fármaco podem reduzir a absorção 
de outro fármaco. Por exemplo, a tetraciclina é umantibiótico com capacidade quelante de íons cálcio, 
ferro, magnésio e alumínio. Dessa forma, a tetraciclina não é absorvida adequadamente se for tomada 
27
FARMACOLOGIA APLICADA À BIOMEDICINA
no período de uma hora após a ingestão de alimentos ou de complexos vitamínicos que contenham 
cálcio (por exemplo, o leite e os laticínios).
Além disso, a presença de alimentos no sistema digestório pode alterar a motilidade intestinal e 
interferir com a absorção do medicamento. Uma precaução importante é evitar a administração de 
alimentos por uma hora antes ou algumas horas depois de ter tomado um fármaco, ou tomar diferentes 
fármacos com um intervalo de pelo menos duas horas.
A forma farmacêutica de um fármaco pode interferir na absorção, de forma que os fármacos na 
forma líquida são mais bem absorvidos que aqueles na forma sólida, pois nesse último caso deve ocorrer 
dissolução para que haja absorção do princípio ativo.
Em relação à área de absorção e à concentração do fármaco, existe uma correlação positiva entre 
esses fatores e o grau de absorção. Ou seja, quanto maior a circulação sanguínea e/ou a concentração do 
fármaco na área de absorção, maior a taxa de absorção. A aplicação local de calor ou massagens pode 
aumentar a circulação local, aumentado a taxa de absorção do fármaco administrado. Por outro lado, o 
emprego de vasoconstritores pode limitar a circulação local e, consequentemente, a taxa de absorção.
1.2.3 Influência do pH na absorção dos fármacos
A capacidade de atravessar barreiras hidrofóbicas é fortemente influenciada pela lipossolubilidade 
do fármaco. A velocidade de difusão de uma substância depende principalmente de seu tamanho 
molecular, pois o coeficiente de difusão é inversamente proporcional à raiz quadrada da massa molecular 
da substância. Consequentemente, enquanto moléculas grandes se difundem mais lentamente do que 
as pequenas, a variação de acordo com a massa molecular é pouco significativa.
Os fármacos, em sua maioria, são substâncias químicas com propriedades de ácidos fracos ou bases 
fracas e, portanto, em solução aquosa se apresentam parcialmente ionizados. A proporção entre a fração 
ionizada e a fração não ionizada de um fármaco é determinada pelo pH do meio onde ele se encontra 
dissolvido e da sua constante de dissociação (pKa). A difusão desses fármacos através das membranas 
biológicas é grandemente afetada pelo seu grau de ionização.
A concentração do fármaco em cada um dos lados da membrana é determinada pela constante de 
dissociação de ácido (pKa) do fármaco e pelo gradiente de pH através da membrana.
Para os fármacos que são ácidos fracos – como o fenobarbital e a aspirina –, a forma protonada 
(HA) não apresenta carga elétrica e, portanto, atravessa a membrana plasmática com facilidade. Essa 
forma protonada predomina em pH ácido e, portanto, fármacos que são ácidos fracos apresentam alta 
velocidade de absorção em pHs ácidos, como no estômago. Ao atingir o meio intracelular, mais básico, o 
fármaco de caráter ácido é desprotonado, e passa a ter carga elétrica (A-), o que faz com que ele tenha 
menor probabilidade de atravessar novamente a membrana apical das células da mucosa e voltar para 
a luz do estômago (“sequestro”).
28
Unidade I
 Observação
O pKa é um parâmetro que representa o valor de pH em que 50% das 
moléculas do fármaco encontra-se em sua forma ionizada (com carga elétrica).
No caso dos fármacos que são bases fracas, é observado o oposto: a forma protonada apresenta 
carga elétrica (BH+) e, portanto, a absorção não é favorecida em pH ácido. Por outro lado, a forma 
não protonada (B), que predomina em pH básico (por exemplo, no intestino), conseguirá atravessar a 
membrana com facilidade. Ao atingir o meio intracelular, ocorre nova protonação, e a forma ionizada 
fica “sequestrada” no interior da célula (veja a figura a seguir).
Membrana 
lipídica
Membrana 
lipídica
Compartimento 
corporal
Compartimento 
corporal
Compartimento 
corporal
Compartimento 
corporal
A. Ácido fraco A. Base fraca
Figura 6 – Difusão da forma não ionizada de um ácido fraco (A) ou de uma base fraca (B) através da bicamada lipídica
Para um ácido fraco, A, a reação de ionização é:
HA 
Ka
 H+ + A-
Sendo:
HA = forma molecular, protonada, do fármaco de caráter ácido.
H+ = próton livre.
A- = forma ionizada, não protonada, do fármaco de caráter ácido.
Ka = constante de dissociação do ácido, que indica a relação entre as concentrações da forma 
protonada e da forma não protonada nas condições do equilíbrio.
No equilíbrio, a constante de dissociação do ácido, Ka, é expressa como:
29
FARMACOLOGIA APLICADA À BIOMEDICINA
] [
[ ]
A · H
Ka
HA
− + 
 =
Onde:
[A-] = concentração, em mol/L, da forma ionizada do fármaco.
[H+] = concentração, em mol/L, de prótons livres.
[HA] = concentração, em mol/L, da forma não ionizada do fármaco.
Rearranjando a equação e transformando-a em uma função logarítmica, que é a melhor forma de 
trabalharmos com concentração de prótons livres (H+) em solução, uma vez que a concentração deles 
cresce exponencialmente em resposta às condições do meio, temos:
[ ]HA
H Ka·
A
+
−
  =   
 
[ ]HA
log H logKa log
A
+
−
 − = − −   
 
Por definição, o valor negativo do logaritmo, na base 10, da concentração de H+ em solução (-log[H+]) 
é denominado pH (potencial hidrogeniônico). De maneira semelhante, -logKa passa a ser denominado 
pKa. Assim, temos:
[ ]HA
pH pKa log
A−
= −
 
 
ou, reorganizando a fórmula,
[ ]
A
pH pKa log
HA
− 
 = +
Essa equação chama-se equação de Henderson-Hasselbalch. Ela estima a relação entre as 
concentrações da forma não ionizada e ionizada do fármaco em determinado pH, de acordo com seu 
pKa (que expressa o pH no qual 50% das moléculas do fármaco encontram-se na forma não ionizada e 
a outra metade, na forma ionizada).
30
Unidade I
Podemos expressar a equação da seguinte maneira:
[ ]
[ ]
forma não protonada
pH pK log
forma protonada
= +
De maneira semelhante, aplicando-se a fórmula a uma equação de dissociação de uma base fraca 
que, em solução, comporta-se da seguinte maneira:
BH+ 
Kb
 B + H+
Sendo:
BH+: forma ionizada, protonada, do fármaco de caráter básico.
H+: próton livre.
A-: forma molecular, não protonada, do fármaco de caráter básico.
A equação de Henderson-Hasselbach correspondente é a seguinte:
[ ]B
pH pKb log
BH+
= +
 
 
Onde:
[B] = concentração, em mol/L, da forma não ionizada do fármaco de caráter básico.
[H+] = concentração, em mol/L, de prótons livres.
[BH+] = concentração, em mol/L, da forma ionizada do fármaco.
Por exemplo, consideremos o exemplo hipotético de um fármaco fracamente ácido com pKa = 4. 
No estômago, que apresenta pH = 1, temos:
[ ]
A
pH pKa log
HA
− 
 = +
[ ]
A
1,0 4,0 log
HA
− 
 = +
31
FARMACOLOGIA APLICADA À BIOMEDICINA
[ ]
A
log 3,0
HA
− 
  = −
[ ]
3
A
10
HA
−
−
 
  =
Ou seja, a proporção entre a concentração da forma ionizada e a forma molecular é igual a 10-3 ou 
0,001 (para cada uma partícula na forma ionizada A-, existem 1.000 partículas na forma molecular):
[ ] 3
A 1
HA 10
− 
  =
[ ]
A 1
HA 1000
− 
  =
Sob o ponto de vista da absorção, podemos afirmar que, no estômago, a forma protonada (HA, não 
ionizada) do fármaco encontra-se numa concentração 1.000 vezes maior do que a forma desprotonada 
(A-, ionizada), ou seja, 99,9% do fármaco estão na forma molecular, não ionizada, nesse ambiente ácido. 
Como a forma molecular consegue atravessar a membrana plasmática com maior velocidade, a absorção 
do fármaco, nessas condições, é favorecida.
Se realizarmos o mesmo cálculo considerando o pKa do fármaco (pKa = 4) e o pH do plasma (pH = 7,4, 
porém vamos usar o valor aproximado de pH = 7), teremos o seguinte:
[ ]
A
pH pKa log
HA
− 
 = +
[ ]
A
7,0 4,0 log
HA
− 
 = +
[ ]
3
A
10
HA
− 
  =
[ ]
A 1000
HA 1
− 
  =
32
Unidade I
Portanto, no plasma, a relação entre a concentração das formas não protonada e protonadase inverte, 
e temos 99,9% do fármaco na forma ionizada, forma que praticamente não atravessa de volta a membrana 
plasmática das células. Portanto, nessas condições, o fármaco tende a ficar “sequestrado” no plasma.
Utilizando o mesmo raciocínio, para uma base fraca (por exemplo, petidina, pKa de 8,6) em um 
meio alcalino (por exemplo, no intestino), a maior parte do fármaco está na forma protonada (B, não 
ionizada). Em um compartimento de pH = 7,6, por exemplo, a forma protonada encontra-se numa 
concentração 10 vezes maior do que a da forma desprotonada (BH+, ionizada), de forma que 90% do 
fármaco encontra-se na forma molecular, sem cargas, nesse ambiente básico, e a absorção é favorecida.
Um cálculo semelhante para o estômago, cujo pH é de cerca de 1, demonstra que a situação é 
invertida, com a maior parte do fármaco na forma desprotonada, com cargas. Portanto, no estômago a 
absorção ocorre lentamente, pois a maioria das moléculas do fármaco encontram-se na forma ionizada.
Concluindo, a razão entre as formas ionizada e não ionizada de um fármaco é determinada pelo seu 
pKa e pelo pH do compartimento. Presume-se que a forma não ionizada possa atravessar a membrana 
e consequentemente alcançar concentrações iguais em cada compartimento do organismo, e que a 
forma ionizada não consegue atravessá-la.
O resultado é que, no equilíbrio, a concentração total (ionizada + não ionizada) do fármaco será 
diferente em cada compartimento do organismo, sendo possível fazer as seguintes generalizações:
•	 Fármacos de caráter ácido apresentam maior velocidade de absorção em compartimentos de pH 
ácido (nos quais predomina a forma HA) e maior velocidade de excreção em urina básica (na qual 
predomina a forma A-).
•	 Fármacos de caráter básico apresentam maior velocidade de absorção em compartimentos de pH 
alcalino (nos quais predomina a forma B) e maior velocidade de excreção em urina ácida (na qual 
predomina a forma BH+).
Deve-se mencionar que a partição pelo pH não é o principal determinante do local de absorção 
de fármacos no trato gastrointestinal. Isso ocorre em razão da enorme área de absorção das vilosidades e 
microvilosidades intestinais, comparada com a área de absorção do estômago, que é muito menor, diminuindo, 
assim, sua importância. Desse modo, a absorção de um fármaco ácido, como a aspirina, é aumentada por 
fármacos que aceleram o esvaziamento gástrico (por exemplo, metoclopramida) e retardada por fármacos que o 
reduzem (por exemplo, a propantelina), apesar de o pH ácido do estômago favorecer a absorção de ácidos fracos.
A partição pelo pH tem algumas consequências muito importantes na clínica:
•	 A acidificação da urina acelera a eliminação de bases fracas e retarda a de ácidos fracos, enquanto 
a alcalinização da urina tem o efeito oposto: reduz a eliminação de bases fracas e aumenta a de 
ácidos fracos.
•	 O aumento do pH do plasma (por exemplo, pela administração de bicarbonato de sódio) faz 
com que ácidos fracos sejam extraídos do SNC para o plasma. O oposto é verdadeiro, ou seja, a 
redução do pH do plasma (por exemplo, pela administração de um inibidor da anidrase carbônica, 
33
FARMACOLOGIA APLICADA À BIOMEDICINA
como a acetazolamida) faz com que ácidos fracos sejam concentrados no sistema nervoso central, 
aumentando sua neurotoxicidade.
Portanto, caso um paciente apresente intoxicação por ácido acetilsalicílico, por exemplo, deve-se alcalinizar 
a urina, o que pode ser atingido com a administração de bicarbonato de sódio ou de acetazolamida. Ambas 
aumentam o pH urinário e, portanto, facilitam a eliminação dos salicilatos. Por outro lado, o bicarbonato 
reduz a distribuição de salicilatos no sistema nervoso central, enquanto a acetazolamida a aumenta.
1.2.4 Interações medicamentosas que alteram a absorção dos fármacos
Em algumas situações, pode ser desejável retardar a absorção, para produzir um efeito local prolongado 
ou para prolongar as ações sistêmicas. Essas interações são denominadas benéficas ou intencionais, pois são 
vantajosas do ponto de vista terapêutico. Por exemplo, a adição de epinefrina (adrenalina) ao anestésico 
local reduz a absorção do anestésico na circulação sistêmica, prolongando apropriadamente seu efeito; a 
formulação de insulina com protamina e zinco produz uma forma de ação prolongada.
Outras interações causam prejuízo terapêutico e são, por esse motivo, denominadas interações 
não intencionais ou fortuitas. Por exemplo, o fármaco A pode interagir física ou quimicamente com 
o fármaco B no intestino e inibir a sua absorção: tanto os íons cálcio quanto os íons ferro formam 
complexos insolúveis com a tetraciclina, retardando a sua absorção; a colestiramina, uma resina de 
ligação ao ácido biliar, se liga a diversos fármacos (por exemplo, a varfarina e a digoxina), inibindo a sua 
absorção se for administrada simultaneamente.
A absorção gastrointestinal é retardada por fármacos que inibem o esvaziamento gástrico, como a 
atropina e os opioides, ou acelerada por fármacos que promovem o esvaziamento gástrico (por exemplo, 
a metoclopramida). Por esse motivo, é necessário examinar atentamente a bula dos medicamentos, a 
fim de saber se o medicamento em questão pode ou não ser associado aos medicamentos que alteram 
o trânsito intestinal.
1.3 Distribuição
Conforme Tracy (2011), distribuição é o movimento do fármaco pela circulação sanguínea sistêmica 
até os diversos tecidos do organismo (por exemplo, tecidos adiposo, muscular e cerebral) e dos tecidos 
para a circulação sanguínea sistêmica.
A distribuição de um fármaco ocorre primariamente através do sistema circulatório, enquanto 
o sistema linfático contribui com um componente menor. Na maioria das vezes, uma vez 
administrado, o fármaco será absorvido e passará para a circulação sistêmica, sendo distribuído 
rapidamente pelo organismo.
A distribuição não é uniforme em todo o organismo, sendo que os fármacos hidrossolúveis têm 
tendência de permanecerem no sangue e no líquido ao redor das células (espaço intersticial) e os 
fármacos lipossolúveis tendem a concentrar-se nos tecidos adiposos. Há ainda alguns fármacos que se 
concentram em órgãos específicos, porque os tecidos nessa região têm uma afinidade diferenciada pelo 
fármaco, promovendo sua retenção (por exemplo, o iodo na glândula tireoide).
34
Unidade I
A velocidade de penetração dos fármacos nos diferentes tecidos também é desigual, de forma que um 
fármaco altamente lipossolúvel atravessa rapidamente a barreira hematoencefálica, atingindo de forma eficiente 
o cérebro, ao passo que um fármaco hidrossolúvel não tem a mesma facilidade de atravessar essa barreira.
Alguns fármacos têm capacidade de se acumular em determinados tecidos, que atuam, portanto, 
como reservatórios. Esses tecidos liberam lentamente o fármaco na circulação sanguínea sistêmica, 
evitando a redução rápida dos níveis sanguíneos da substância e prolongando, assim, seu efeito. Alguns 
fármacos, como os que se acumulam nos tecidos adiposos, saem dos tecidos tão lentamente que 
circulam na corrente sanguínea por dias após a pessoa ter parado de tomar o medicamento.
A maioria das moléculas do fármaco, uma vez no compartimento sanguíneo, se ligam de maneira 
reversível às proteínas presentes no plasma – principalmente à albumina, mas também à betaglobulina e à 
glicoproteína ácida, entre outras. Esses fármacos geralmente são transferidos da corrente sanguínea para 
os tecidos muito lentamente, uma vez que somente a fração livre do fármaco tem capacidade de deixar 
o plasma para alcançar seu local de ação. Entre as frações livre e ligada do fármaco existe um equilíbrio 
dinâmico, de forma que quando a fração livre abandona a circulação, uma nova porção do fármaco ligado 
se libera das proteínas, refazendo esse equilíbrio. Dessa forma, a ligação às proteínas plasmáticas atua 
como um reservatório de fármaco potencialmente ativo na corrente sanguínea (veja a figura a seguir).
Efeito Efeito
Célula-alvo
Fármaco que Fármaco que 
não se liga não se

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