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FUNÇÃO SOCIAL DA ESCOLA

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3
TÓPICO 1
UNIDADE 1
PRINCÍPIOS NORTEADORES DA 
ORGANIZAÇÃO ESCOLAR
1 INTRODUÇÃO
Caro acadêmico, neste primeiro tópico da disciplina "Gestão Educacional" 
estudaremos sobre assuntos referentes à escola, educação e sua função social com 
e na sociedade. Comentaremos brevemente sobre o processo de organização da 
função social da escola, ao longo dos anos, até se constituir como o conhecemos 
atualmente. 
Para compreendermos a função do gestor escolar, necessitamos da 
apropriação do conhecimento sobre os fatores que contribuíram para a constituição 
da escola hoje. A concepção da função social da escola advém de um processo 
cultural, vivenciado em determinados períodos históricos de acordo com o 
pensamento da sociedade de cada época. 
A partir do entendimento da construção histórica, cultural e social de 
uma determinada situação, conseguimos compreender a sua conjuntura atual, 
assimilando suas potencialidades e fragilidades. Nesse sentido, iniciamos nossos 
estudos sobre Gestão Educacional com o entendimento dos princípios que 
nortearam a organização da escola, do início até os dias atuais.
No decorrer de sua leitura, lembre-se de assinalar no texto os principais escritos. 
Grife com caneta marca-texto, cole etiquetas de avisos indicando os pontos importantes. 
Organize esquemas, sínteses, faça apontamentos no decorrer do texto. Busque formas de 
organizar seu pensamento e construir um conhecimento significativo! Bons estudos!
ATENCAO
2 FUNÇÃO SOCIAL DA ESCOLA 
A escola, enquanto instituição construída socialmente para realizar a 
formação humana nas diferentes temporalidades de vida, se tornou, no movimento 
histórico, dever do Estado e direito do cidadão, sendo indispensável seu 
reconhecimento para formação social das pessoas, nas relações que estabelecem 
entre si e com os conhecimentos científicos.
UNIDADE 1 | GESTÃO EDUCACIONAL NO CONTEXTO NACIONAL
4
A ação educativa tem por finalidade a humanização do homem por meio da 
identificação dos elementos culturais acumulados historicamente. À escola cabe 
selecionar e identificar, dentre esses elementos, os necessários e indispensáveis a 
serem desenvolvidos nas práticas educativas. A descoberta das formas adequadas a 
esse trabalho, a organização dos meios, conteúdos, espaço, tempo e procedimentos 
são de responsabilidade do currículo escolar que deve estar contido no projeto 
pedagógico elaborado com base na realidade.
 A escola, como responsável pelos processos de ensino e aprendizagem, 
necessita propiciar, a todos que a ela tiverem acesso, os instrumentos necessários 
à aquisição do saber sistematizado. Desta forma, por meio da apropriação desse 
saber, da ciência, justifica sua existência na sociedade atual. Segundo os autores 
Libâneo, Oliveira e Toschi (2005, p. 117):
 
devemos inferir, portanto, que a educação de qualidade é aquela 
mediante a qual a escola promove, para todos, o domínio dos 
conhecimentos e o desenvolvimento de capacidades cognitivas e 
afetivas indispensáveis ao atendimento de necessidades individuais e 
sociais dos alunos. 
Percebemos, então, que a escola se constitui numa instituição social com 
objetivo explícito de aprimorar as potencialidades físicas, cognitivas e afetivas dos 
estudantes. O desenvolvimento ocorre por meio da aprendizagem de conteúdos, 
conhecimentos, aprimorando as habilidades, atitudes e valores, de maneira 
contextualizada e participativa. 
Assim, entendemos algumas das funções sociais gerais da escola, mas 
precisamos analisar sobre a real função social da escola. Você saberia dizer? Pois 
bem, para conseguirmos responder a esse questionamento, necessitamos refletir 
sobre as intenções do Projeto Político-Pedagógico da escola, das perspectivas da 
gestão educacional e a organização curricular proposta. Elementos que servirão 
de estrutura para entendimento sobre as concepções ideológicas da escola e sua 
relação com a comunidade.
O ato educativo deve ser um processo dialógico visando a transformação 
social, combatendo assim a reprodução de um sistema excludente, baseado na 
simples reprodução de saberes. Neste sentido, Luckesi (1994, p. 30) entende que:
A educação dentro de uma sociedade não se manifesta como um 
fim em si mesma, mas sim como um instrumento de manutenção ou 
transformação social. Assim sendo, ela necessita de pressupostos, de 
conceitos que fundamentem e orientem os seus caminhos. A sociedade 
dentro da qual ela está deve possuir alguns valores norteadores de sua 
prática.
As funções políticas e sociais da escola consistem em interesses diferenciados 
das classes sociais, nas quais as tendências pedagógicas trazem contribuição nas 
diferentes concepções da função escolar. O pensamento da sociedade no decorrer 
da história influenciou diretamente a concepção e a função social prevista na escola.
TÓPICO 1 | PRINCÍPIOS NORTEADORES DA ORGANIZAÇÃO ESCOLAR
5
Para Saviani (1993), na tendência tradicional a escola era vista como uma 
forma de se resolver os problemas sociais ligados à ignorância. Sua principal 
função consistia em repassar conteúdos e procedimentos simples, de maneira 
enciclopédica. Preocupava-se com a quantidade do conhecimento adquirido no 
processo de ensino e aprendizagem por estudantes, a despeito da qualidade.
Na Escola Nova, os desajustes estavam relacionados à falta de adaptação 
das pessoas às formas biopsicossociais. A escola deveria ajustar as pessoas ao 
convívio social, despertando o sentimento de aceitação da diversidade. A proposta 
da Escola Nova negava a Tradicional, substituindo a ênfase nos conteúdos pela 
valorização dos processos de aprendizagem. Nessa época surge o processo de 
psicologização da educação (SAVIANI, 1993).
DICAS
Acadêmico, faça a leitura do documento que regulamentou 
o Movimento da Escola Nova no seguinte endereço: 
<http://www.histedbr.fe.unicamp.br/revista/edicoes/22e/
doc1_22e.pdf>.
Você conhecerá a concepção de educação defendida no 
movimento, a finalidade e função social da escola para 
a época. Acesse e confira, amplie seus conhecimentos 
sobre o assunto!
FONTE: Disponível em: <http://maryhpc.blogspot.com.
br/2011/12/o-movimento-dos-pioneiros-da-educacao.
html>. Acesso em: 20 mar. 2017.
Com a ascensão do capitalismo e o aumento dos meios de produção, 
começou a surgir na sociedade um aumento na demanda de mão de obra 
industrial. Consequentemente, a escola começou a ter outra função social, a de 
formar e especializar os futuros trabalhadores. A tendência tecnicista surgiu no 
período militar no Brasil, servindo ao sistema produtivo gerador de lucro para 
os capitalistas, incorporando os princípios do taylorismo e fordismo (KUENZER, 
2000).
Podemos perceber que cada tendência influenciou a concepção educacional 
a serviço de uma intenção da sociedade na época. A Escola Tradicional buscava 
uma estrutura econômica agrária, e as escolas Nova e Tecnicista voltavam seus 
interesses para a estrutura econômica industrial capitalista.
UNIDADE 1 | GESTÃO EDUCACIONAL NO CONTEXTO NACIONAL
6
As teorias Crítico-Reprodutivistas apresentam concepções diferentes de se 
entender a função social da escola. Os principais nomes consistem em Bourdieu e 
Passeron (1982), com análises sobre a relação entre os sistemas de ensino e o social. 
Segundo os autores, a sociedade marca de maneira irreversível as formas de agir 
na escola, orientando socialmente e profissionalmente as pessoas. 
Para Bourdieu e Passeron (1982), a educação consiste no reflexo da 
desigualdade social imposta por meio da ideologia da classe dominante, 
perpetuando seus interesses por meio dos processos educativos institucionalizados 
nas escolas. A ação pedagógica como "uma violência simbólica enquanto imposição, 
por um poder arbitrário, de um arbitrário cultural” (BOURDIEU; PASSERON, 
1982, p. 20).
A expressão “violência simbólica” aparece como uma observação minuciosa 
de que qualquer sociedade se estrutura como um sistema de relações de força 
material entre grupos ou classes. Onde a classe dominante opera silenciosamentecom seus valores sobre a classe dominada, operando formas de agir, pensar e sentir 
segundo seus interesses.
A violência simbólica, para estes sociólogos, manifesta-se na escola 
por meio da ação pedagógica institucionalizada, onde o processo educativo 
aparece como resultado da “desigualdade de dotes”. Os dotes são utilizados 
para explicar que o sucesso e o fracasso escolar não dependem apenas da origem 
social, mas fundamentalmente da expressão cultural cultivada pelo indivíduo. As 
crianças das classes populares estariam em desvantagem em relação às de classe 
dominante, em decorrência do acesso e aproximação da cultura escolar, mais 
próxima da cultura dominante.
As teorias crítico-reprodutivistas apresentam o funcionamento da escola 
baseado na reprodução, mas não apresentam nenhuma alternativa pedagógica de 
melhoria para a situação. 
A proposta pedagógica de Freire (1997), denominada escola 
problematizadora, encontra fundamentação na concretude da existência humana, 
e entende que “cada homem é um ser no mundo, com o mundo, e com os outros” 
(FREIRE, 1997, p. 26). Na relação que estabelece com o outro, o educador seria 
um ser na práxis, capaz de olhar de fora, mesmo estando dentro do processo 
educativo. Na distância que estabelece de si possibilita uma análise do fazer de si 
mesmo, uma desconstrução-reconstrução constante do modo de pensar, gerando 
alterações no meio em que vive.
Freire (1997) afirma que a educação não é neutra, nem desinteressada, 
mas um ato político que não pode ser confundido como uma ação manipuladora. 
Nesse sentido, o educador que assume uma prática libertadora necessita assumir 
uma opção política e coerente com essa prática. A alfabetização não consiste no 
ponto de partida, nem de chegada, mas um aspecto importante no processo de 
construção do conhecimento, pensando na prática e não somente no "mundo dos 
pensamentos". 
TÓPICO 1 | PRINCÍPIOS NORTEADORES DA ORGANIZAÇÃO ESCOLAR
7
Na proposta de Freire (1997), a educação surge como um ato político e 
parte do processo de emancipação do ser humano, ou seja, sua libertação. O ato 
político se desvela nos momentos de discussões em que os envolvidos descobrem, 
por meio da palavra, a si próprios e o mundo em que vivem. Os oprimidos, 
cidadãos excluídos da cultura escrita, desfavorecidos nas condições mínimas de 
sobrevivência, encontram na palavra a possibilidade de pensar sobre o mundo e 
julgá-lo.
A tendência da Pedagogia Histórico-Crítica se contrapõe à pedagogia 
liberal burguesa, como uma alternativa para os que negavam o papel reprodutor 
capitalista nas práticas sociais e escolares. Nessa tendência, a educação consiste em 
uma atividade mediadora no centro da prática social global. As práticas educativas 
são vistas como formas de transformação social e humanização das pessoas.
A educação nessa tendência apresenta uma compreensão de que a escola 
pressupõe um papel mediador, articulando as relações sociais onde o conhecimento 
expressa um processo em construção. Para Saviani (1993, p. 80):
Se a educação é mediação, isto significa que ela não pode ser justificada 
por si mesma, mas tem sua razão de ser nos efeitos que se prolongam para 
além dela e que persistem mesmo após a cessação da ação pedagógica 
[...] Se é razoável supor que não se ensina democracia através de 
práticas pedagógicas antidemocráticas, nem por isso se deve inferir que 
a democratização das relações internas à escola é condição suficiente 
de democratização da sociedade. Mais do que isso: se a democracia 
supõe condições de igualdade entre os diferentes agentes sociais, como 
a prática pedagógica pode ser democrática já no ponto de partida? 
Com efeito, procurei esclarecer qual a educação supõe a desigualdade 
no ponto de partida e a igualdade no ponto de chegada. Agir como se 
as condições de igualdade estivessem instauradas desde o início não 
significa, então, assumir uma atitude de fato pseudodemocrática? 
Pense nos questionamentos e reflita sobre como as práticas educativas 
podem se basear numa mediação que promova a democracia em sala. De que 
forma localizamos os processos democráticos nas relações escolares? Perguntas 
que necessitam ser analisadas e repensadas no âmago de cada educador, na 
intencionalidade e percepção da função social que subjetivamente compreendeu 
ao longo dos anos. 
Para Saviani (1993), a escola apresenta uma função social como forma 
de propiciar a aquisição dos instrumentos que possibilitem o acesso à cultura, 
com as atividades escolares organizadas para esse fim. O professor como 
"aquele que possibilita o acesso à cultura, organizando o processo de formação 
cultural" (SAVIANI, 1993, p. 27). Existem importantes relações entre a educação 
e a transformação social, educação e estrutura social capitalista, educação e a 
possibilidade de superação do capitalismo, educação e revolução.
O papel mediador da educação no processo de transformação social é 
imenso, pois é um conceito de educação associado à mediação em meio à prática 
social, isto é, a educação torna-se uma importante ferramenta de transformação da 
UNIDADE 1 | GESTÃO EDUCACIONAL NO CONTEXTO NACIONAL
8
prática social. Não necessariamente uma educação mediadora que transformaria 
diretamente a sociedade, mas que, por meio da mediação, transformasse 
inicialmente a consciência das pessoas. Para, depois, as pessoas agirem conforme 
sua consciência, transformando a sociedade por meio de suas práticas sociais.
No plano social, a escola pode desenvolver, nos estudantes, reflexões sobre 
os cuidados com a saúde, a natureza, as questões da cidade, entre outros, uma 
consciência do que seja viver bem em sociedade. Articular discussões sobre as 
situações ao redor da escola, comunidade, estimulando uma consciência crítica, de 
participação, organizando e intervindo com ações políticas na sociedade.
Outro aspecto fundamental que está intimamente ligado à função social e 
política da escola consiste na dimensão democrática, conferindo a todos o 
direito de participar das discussões. A escola como instituição que pretende 
formar sujeitos democráticos deve vivenciar, criar e disponibilizar no 
cotidiano espaços e tempos para o exercício da participação. Inclusive, a 
LDB/96 reafirma no artigo 14º, entre seus princípios, a gestão democrática 
da escola através da participação da comunidade escolar e local 
em conselhos escolares ou equivalentes (BRASIL,1996).
Percebemos, até o momento, que a escola pode apresentar funções sociais 
diferenciadas de acordo com cada perspectiva e teoria de educação influenciada 
na concepção social. As ações individuais e coletivas desenvolvidas nas escolas 
intensificam os entendimentos sociais e políticos, contribuindo na formação 
do estudante. Na consciência de importância enquanto pessoa na sua família, 
comunidade, interferindo de forma crítica na realidade, sendo influenciado de 
maneira subjetiva por formas de pensar e agir socialmente construídas.
3 NOVAS DEMANDAS SOCIAIS NA ESCOLA CONTEMPORÂNEA
A partir da segunda metade do século XX, a sociedade, de forma geral, 
vivenciou algumas mudanças oriundas da presença das tecnologias da informação 
e comunicação. Dessa forma, a sociedade do conhecimento, internet, rede de 
recursos e serviços educativos disponíveis contribuem para desconstruir o 
pensamento tradicional de escola, reorganizando a relação formativa e informativa 
dos saberes (VILLA, 2007). 
Atualmente, com a vigência normativa legal, o acesso à escola se encontra 
democratizado e fiscalizado por órgãos fiscais, garantindo que todos em fase 
escolar estejam matriculados e frequentando a escola. A globalização da sociedade 
apresenta padrões de cultura global e a aproximação com outros povos e 
manifestações culturais, ou seja, com as formas de diversidade social e humana.
TÓPICO 1 | PRINCÍPIOS NORTEADORES DA ORGANIZAÇÃO ESCOLAR
9
A convivência com as diferenças torna-se uma necessidade das sociedades 
contemporâneas. A emergência da "sociedade do conhecimento", com novas formasde conceber a sociedade e os processos escolares, sobretudo a partir dos anos de 
1990. O uso das tecnologias da informação e da globalização induziu uma cultura 
escolar que requer a valorização, nas práticas educativas, da cultura escolar, saber 
sistematizado da cultura escolar. Práticas pedagógicas que entendem os processos 
de ensino baseados na mediação, tendo como parâmetros a cultura dos estudantes, 
contemplando as diversidades da turma.
Observe as vinhetas em quadrinhos e reflita sobre a mensagem implícita no 
diálogo entre os dois estudantes: 
FIGURA 1 – SOCIEDADE DA INFORMAÇÃO
FONTE: Disponível em: <https://nubiaaires.wordpress.com/2015/06/26/sociedade-da-informacao-
charge/>. Acesso em: 23 junho 2017.
Você percebe esse tipo de atitude na sociedade atual? Pois bem, os 
estudantes hoje possuem acesso imediato a todo tipo de informação, veiculada 
nas diversas mídias. Será que sozinhos conseguem transformar a informação em 
conhecimento, ou necessitam da experiência, dos processos de mediação que 
ocorrem nas práticas educativas voltadas ao ensino e à aprendizagem? Pense sobre 
o assunto!
Prensky (2001) lembra que os estudantes presentes nas escolas constituem 
os chamados nativos digitais, ou seja, cresceram imersos na linguagem digital dos 
computadores, videogames e internet. Acostumados a receber informações com a 
rapidez com que acessam os recursos tecnológicos, respostas de forma instantânea, 
trabalham em rede com multitarefas paralelas e repudiam palestras, atividades 
com passo a passo que tomem tempo demasiado de sua atenção. Diferenciam-se 
dos imigrantes digitais, aqueles que tiveram contato durante sua existência com 
os recursos tecnológicos, mas que ainda guardam alguns vestígios condicionados 
ao uso de material impresso, como na impressão de informações veiculadas na 
internet para leituras posteriores.
UNIDADE 1 | GESTÃO EDUCACIONAL NO CONTEXTO NACIONAL
10
Os imigrantes digitais dividem espaço com os nativos, a diferença é que 
os primeiros ocupam lugares de autoridade social, seja na escola ou em outros 
espaços. Nas instituições escolares, os imigrantes digitais acreditam que explicações 
detalhadas, combinações de exemplos demorados garantem o aprendizado dos 
estudantes, lhes permitem o tempo preciso da compreensão sistematizada dos 
conteúdos. 
Entretanto, os nativos digitais acostumados ao uso das tecnologias, no 
aprender fazendo, na fluidez das informações, não acompanham o processo 
inferido, causando dispersões e choques de interesses. A escola voltada para a 
minuciosa explicação dos conteúdos entra em colapso com o surgimento de uma 
nova forma de aprender. Através das informações, a construção de conhecimentos 
por meio do diálogo, das interações colaborativas, das trocas que ocorrem no teclar 
em rede - nas relações estabelecidas entre as dúvidas e respostas. No acesso e 
seleção das inúmeras verdades disponibilizadas na internet, pela ação dialógica do 
professor com a turma, por meio do conhecimento que traz consigo referente à sua 
especialização docente, auxilia na garimpagem e desmistificação das informações 
(PRENSKY, 2001).
FIGURA 2 - NATIVOS DIGITAIS
FONTE: Disponível em: <http://www.educacaopublica.rj.gov.br/biblioteca/
tecnologia/0053.html>. Acesso em: 20 mar. 2017.
TÓPICO 1 | PRINCÍPIOS NORTEADORES DA ORGANIZAÇÃO ESCOLAR
11
O saber-fluxo, apontado por Lévy (2003), identifica os espaços de 
conhecimentos emergentes, abertos, contínuos, em fluxo, não lineares, organizam-
se de acordo com os objetivos ou contextos, onde cada um ocupa uma posição 
singular e evolutiva. O professor assume uma posição de animador da inteligência 
coletiva ao invés do fornecedor dos conhecimentos. As aulas, antes planejadas e 
que deveriam ser seguidas à risca, agora assumem fluxos de interação de acordo 
com as várias competências dos estudantes, independentemente da organização 
disciplinar estabelecida a priori pelo professor.
Lévy (2003, p. 161) sugere que "a emergência do ciberespaço não significa, 
de forma alguma, que "tudo" pode enfim ser acessado, mas, antes, que o todo está 
definitivamente fora de alcance". Ciberespaço "[...] como o espaço de comunicação 
aberto pela interconexão mundial dos computadores e das memórias dos 
computadores" (LÉVY, 2003, p. 92). Anterior à escrita, a sociedade baseava sua 
fonte de conhecimento na transmissão oral realizada dos mais velhos aos mais 
novos, pela comunidade viva. Com o surgimento dos livros, quem consegue ler 
domina o conhecimento. 
Após a invenção da impressão surgiram os cientistas, os saberes estão 
acumulados nas bibliotecas, organizados pelos que assumiram a missão de 
organizar os conhecimentos de forma que todos tivessem acesso. Mais recente, 
surge o ciberespaço, a transmissão pelas coletividades humanas vivas, que 
descobrem e constroem seus objetos e se conhecem como coletivos inteligentes 
(LÉVY, 2003). 
A virtualização do conhecimento se torna virtual no sentido do movimento 
inverso da atualização, na mutação da identidade, no desprendimento do aqui 
e agora, na desterritorialização presente, na externalização do interior e na 
internalização do exterior. A virtualização consiste numa ação heterogênea, no 
processo de acolhimento da alteridade de alguém. Na leitura dos hipertextos a 
sensação de percorrer, cartografar o que fabricamos e atualizamos, avalia-se 
de acordo com a subjetividade inferida. O texto como "[...] discurso elaborado 
ou propósito deliberado" (LÉVY, 1996), ou seja, discursos que geram textos 
socializados virtualmente. 
A discussão sobre o entendimento dos textos como aspecto social iniciou 
com os estudos de Soares (2003), que distingue o letramento como um estado 
ou condição de quem não apenas sabe ler e escrever, mas que exerce as práticas 
sociais ao usar a escrita. Rojo (2012) recorda que em 1996 aconteceu o colóquio 
do Grupo de Nova Londres (GNL), no evento houve a publicação do manifesto 
intitulado A Pedagogy of Multiliteracies – Designing Social Futures (Uma pedagogia 
dos multiletramentos – desenhando futuros sociais). 
Os multiletramentos na escola, como diversidade cultural de produção e 
circulação dos textos, no sentido da diversidade de linguagens que os constituem, 
interativos e colaborativos, transgridem as relações de poder estabelecidas; por 
estarem disponibilizados on-line, pertencem a todos, são híbridos formados por 
diversos tipos de linguagens, modos, mídias e culturas. Localizam-se nas "nuvens", 
UNIDADE 1 | GESTÃO EDUCACIONAL NO CONTEXTO NACIONAL
12
no ciberespaço e apresentam-se no formato de rede por hipertextos e hipermídias 
(ROJO, 2012).
O "letramento digital" designa o domínio das tecnologias para além do 
teclar comandos, mas na capacidade de utilização nas práticas sociais. Significa 
possibilitar, aos estudantes, condições para que possam incorporar o uso dos 
instrumentos, interfaces e signos das tecnologias digitais, que aprendam a ler e 
escrever manipulando os recursos midiáticos. Enfim, na busca da sofisticação do 
letramento, na participação da sociedade digital que orienta condições atuais para 
a inclusão social (ALMEIDA; VALENTE, 2012). 
O uso das tecnologias nas escolas, atualmente, permite um aprendizado 
duplo. Além de possibilitar o acesso a conceitos de temas pesquisados, necessita 
do conhecimento das ferramentas que fazem parte do recurso utilizado. A 
variedade de informações disponibilizadas no ciberespaço torna possíveis alguns 
questionamentos pertinentes à idoneidade dos textos veiculados virtualmente. 
O professor, como mediador no processo de ensino, apto pela especialidade 
formativa, auxilia no discernimento dentre a variedade disponível. Por meio do 
diálogo com os estudantes, estabelece critérios que devem ser seguidos na análise 
do conteúdo virtual, os aconselha de modo a navegarem observando as fontes de 
onde provêm as informações.
FIGURA 3 – CULTURA GLOBALIZADA
FONTE: Disponível em: <https://pescadordebits.com.br/web-livre-e-aberta/ 
>. Acesso em: 20 mar. 2017.
A cultura globalizadapassa a ser socializada por meio dos recursos 
tecnológicos, articulando-se com os lugares onde as pessoas acessam e passam a 
interiorizar costumes, valores e hábitos diferentes do local. Nesse sentido, as tensões, 
TÓPICO 1 | PRINCÍPIOS NORTEADORES DA ORGANIZAÇÃO ESCOLAR
13
os conflitos, práticas diárias, referências dos grupos sociais de um determinado 
local passam a ser considerados por meio da diversidade. Uma diversidade 
que expressa símbolos, significados, valores, atitudes, crenças e saberes de um 
determinado grupo, que vive em contexto específico, com identidade singular. 
A educação necessita ser repensada com base em todos os aspectos que 
envolvem a sociedade globalizada contemporânea. Atualmente, as práticas 
educativas suscitam a superação das dicotomias entre o público e o privado, 
conhecimentos cotidianos e científicos, aspectos cognitivos e afetivos, na 
desconstrução dos resquícios da escola tradicional e excludente. 
Pensar numa escola com a função social voltada para a formação de 
pessoas participativas na sociedade, baseada na valorização das experiências, 
problematização e conhecimentos dos estudantes, superando a fragmentação dos 
saberes escolares. Uma escola que articula ações juntamente com a comunidade, 
buscando a transformação social por meio da participação democrática de todos 
os envolvidos.
14
Neste tópico, você aprendeu que:
• O pensamento da sociedade, no decorrer da história, influenciou diretamente a 
concepção e a função social prevista na escola.
• A partir da segunda metade do século XX, a sociedade, de forma geral, 
vivenciou algumas mudanças oriundas da presença das tecnologias da informação 
e comunicação.
• A cultura globalizada passa a ser socializada por meio dos recursos tecnológicos, 
articulando-se com os lugares onde as pessoas acessam e passam a interiorizar 
costumes, valores e hábitos diferentes do local.
• A educação necessita ser repensada com base em todos os aspectos que 
envolvem a sociedade globalizada contemporânea.
RESUMO DO TÓPICO 1

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