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Metodologia Científica_Unidade II

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METODOLOGIA CIENTÍFICA
Unidade II
2 CIÊNCIA: LINGUAGEM, GÊNEROS E ORGANIZAÇÃO
Em um curso de especialização como este, o ingressante é mais do que aluno; é um iniciante na 
carreira ou já profissional e, em ambas as situações, trata-se de uma pessoa que está à procura de um 
aprofundamento em sua área. Nesse aprofundamento, depara-se com a dupla função: ser melhor em 
sua profissão (como docente, tradutor ou outro campo de atuação dentro da área de língua) e dar início 
à vida de pesquisador.
Para tanto, o curso oferece disciplinas voltadas à língua, as quais ajudam o aluno a conhecer melhor 
com base teórica mais atual, e exige um texto no final do curso – seja artigo científico ou monografia – 
em que o aluno mostrará sua inserção no mundo da ciência.
Nesta unidade, alguns fatores para leitura e produção de texto científico são abordados justamente 
como um suporte a mais nessa inserção ao mundo da ciência, agora com o aluno no papel de pesquisador.
Assim, esta unidade trata da noção de gênero textual voltado ao discurso científico-acadêmico 
e à linguagem com exemplo de sua manifestação em texto científico. Indica também como fazer 
levantamento bibliográfico e como organizar os dados coletados durante as leituras teóricas para a 
produção do texto científico. Além disso, aponta para a estrutura de três gêneros: projeto de pesquisa, 
artigo científico e monografia.
2.1 Iniciação à pesquisa científica
2.1.1 Gêneros científicos
O contexto universitário leva à produção de textos, cujos objetivos são muito específicos. Um artigo 
científico, uma resenha, monografia, por exemplo, têm funções diferentes, sendo cada um desses gêneros 
reconhecido pela particularidade com que é construído (MOTTA-ROTH; HENDGES, 2010).
Exemplo de aplicação
Antes de um aprofundamento sobre a especificidade dos gêneros que ocorrem no meio científico/
acadêmico, indique com (c) os gêneros que você conhece e com (√) os que você já escreveu. Acrescente 
outros que você conheça:
( ) Artigo. 
( ) Monografia.
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Unidade II
( ) Dissertação (mestrado).
( ) Tese.
( ) Trabalho de Conclusão de Curso (TCC)
( ) Projeto de pesquisa.
Outros: .......................................................................................................
Os gêneros de textos acadêmicos constroem-se, levando-se em conta:
• Tema e objetivo do texto: o que se deseja realizar ao publicar o texto.
• Público-alvo: para quem se escreve (para alunos de graduação, alunos de doutorado, público 
leigo?).
• Natureza e organização das informações inclusas no texto: seções para cada parte da pesquisa 
como revisão da literatura, metodologia e resultados.
Os gêneros acadêmicos/científicos fazem parte do contexto de trabalho do professor/pesquisador 
de língua e literatura. Relacionam-se à linguagem e não podem ser tratados como a-históricos, pois 
são, ao contrário, atravessados pelas representações já constituídas sobre o seu (de cada gênero) uso. 
Essa perspectiva dada à relação linguagem e trabalho do professor é o interacionismo sociodiscursivo, 
na formulação de Bronckart (1999). Nessa visão, os gêneros acadêmicos encontram-se à volta do 
professor/pesquisador, sendo elaborados e fornecidos pelo meio social em que o professor/pesquisador 
se encontra. O professor/pesquisador, no papel de autor de um gênero de texto acadêmico, discorre 
sobre o tema estudado, dando interpretações, avaliações ou reformulações, além de enfatizar o que lhe 
parece relevante. O seu leitor, por sua vez, também apresenta a sua interpretação ao fazer recortes do 
texto lido, resumos, ampliações, dando ênfase a um outro aspecto observado etc.
Nessa interpretação, o agente (autor) e o observador (leitor) centram-se em alguns elementos 
constitutivos, tais como:
• As razões que levam o autor/leitor a agir de uma determinada forma.
• A intencionalidade, ou seja, a finalidade das ações do autor/leitor.
• Os recursos e as fontes, que são os instrumentos usados no agir (na produção/na leitura de um 
gênero textual).
Assim, a relação entre autor/leitor representa diferentes formas de agir expressas em um texto, 
podendo distinguir os actantes em geral – aqueles que produzem algumas modificações no mundo ou 
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que são vistos como agentes, sem intenção, motivo, capacidade sobre o agir; ao contrário dos agentes, 
há os atores, com sua situação, motivos, responsabilidade.
Ao produzir um texto, então, o actante encontra-se em situação física – autor, leitor, espaço-tempo 
do ato de produção – e situação social – tipo de interação social, finalidades possíveis, papéis atribuídos 
aos protagonistas da interação. Tais paramentos situacionais definem o tipo de agir verbal, incluindo os 
conhecimentos temáticos do texto, bem como a organização textual.
A produção verbal envolve, de um lado, a adoção de um gênero textual adequado à situação sócio-
histórica e, de outro lado, a adaptação desse gênero às características particulares da situação em que 
se encontra o agente. Assim, o texto produzido será marcado por determinadas características genéricas 
e também por características individuais e estilísticas.
Complete o quadro proposto por Machado (2005, p. 68) com o que você sabe sobre a situação de 
produção de textos acadêmicos/científicos:
Quadro 7 
Situação de 
produção
Dissertação 
(mestrado) Tese (doutorado) TCC ou monografia Projeto de pesquisa
Autor Nome
Papel social do autor Aluno de graduação
Imagem de si que o 
autor quer passar
Autor/pesquisador; 
alguém que tem 
uma informação 
importante a passar 
ao leitor
Papel social do leitor Professor, 
prioritariamente; 
outros alunos 
e professores 
eventualmente
Imagem do leitor Leitor interessado 
naquilo que o autor 
diz
Efeito que o autor 
quer produzir no 
leitor em relação à 
sua própria imagem
Que aproveitou o 
curso; que sabe 
pesquisar; que sabe 
expor um texto de 
modo científico
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Instituição social 
em que o texto vai 
circular e/ou meio 
possível 
Instituição escolar/ 
acadêmica
Oral ou escrito; 
digital
Momento possível da 
produção 
Final de curso de 
graduação
Efeito que o autor 
quer produzir sobre 
o leitor
Que compreendam 
os pontos principais 
do trabalho; que 
julguem pertinentes 
as questões 
levantadas; que o 
conhecimento tenha 
aumentado; que o 
leitor se convença 
das afirmações e tese 
central do autor
Neste curso, o gênero que será produzido por você, aluno, é a monografia com a possibilidade de 
entrega de um projeto de pesquisa como ação anterior à produção monográfica.
2.1.2 Linguagem científica na produção
Ao escrever o texto científico, há um formalismo geral na linguagem, alcançado por meio de 
estratégias. Exemplo:
O autor diz/afirma que o conceito de gênero é produtivo na análise do discurso da Ciência. Os 
resultados de certos/ inúmeros/ 50% dos projetos têm sido bons/ encorajadores no que tange ao 
desenvolvimento regional.
informal – impreciso/ formal - específico
Figura 6 
Pelo exemplo, verifica-se o cuidado na seleção de palavras, a qual pode recair em carga semântica 
com significado bem geral, impreciso e até mesmo informal. Os termos empregados não apenas precisam 
ter sentido específico, como também ter caráter mais formal.
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 Observação
A expressão “revisão da literatura” é empregada para designar a parte 
de um texto científico, a qual resume, faz paráfrase e discute a teoria 
existentesobre o tema. Em uma monografia, a revisão da literatura é o 
capítulo teórico.
Em relação aos marcadores linguísticos da revisão da literatura, as citações podem ter diferentes 
formas verbais, mas os padrões nas áreas humanas são:
• Passado. Exemplo: “Fulano (1990) investigou a concepção de gêneros do discurso...”.
— A ênfase recai no que os pesquisadores anteriores fizeram.
• Pretérito perfeito composto. Exemplo: “A concepção de gêneros do discurso tem sido investigada 
(FULANO, 1990; SICRANO, 2000; BELTRANO, 2008...).”
— A ênfase recai na atividade do pesquisador. A referência é feita a uma área de pesquisa e não 
ao pesquisador como agente.
• Presente. Exemplo: “A concepção de gêneros do discurso é complexa (SICRANO, 2000; BELTRANO, 
2008). Parece haver um conjunto complexo de elementos envolvidos na concepção de gênero...”.
— A ênfase recai no resultado de pesquisas. A referência é feita ao estatuto corrente do saber e 
não à atividade do pesquisador.
Para fazer referência, os verbos de citação tendem a ser os:
Quadro 8 
Sugerir, argumentar, mostrar, explicar, descobrir, destacar
em Linguística Aplicada
Descobrir, sugerir, notar, reportar, demonstrar, fornecer
em Educação
Dizer, sugerir, argumentar, alegar, destacar, pensar
em Filosofia
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Há diferença entre esses verbos na carga semântica. O verbo, por exemplo, “dizer” é mais neutro 
e menos avaliativo do que o verbo “sugerir”, que é mais carregado de modalização, indicando menos 
certeza do que “dizer”.
Um aspecto a ser levado em conta no momento da escolha de um verbo de citação é o cuidado 
que o pesquisador deve ter para não atribuir intenções ao autor citado. Considere o fragmento a seguir, 
exemplificado por Motta-Roth e Hendges (2010, p. 100):
Há divergências entre os examinadores acerca da utilização de dimensões 
adicionais na avaliação de grau, tais como a qualidade do treinamento e o 
ambiente onde a pesquisa foi desenvolvida, segundo a pesquisa realizada 
por Powell e McCauley (2002). Não obstante, a maioria dos examinadores 
prioriza a tese como elemento de avaliação, ponderando que os referidos 
itens não devem ser considerados na avaliação. Apesar desse aspecto, esses 
mesmos examinadores exprimem outros atributos como “competência 
do candidato”, “padrões de aprovação” e “julgamento do candidato” 
como dimensões a serem consideradas, mas não explicitam claramente 
a tese como reveladora dessas dimensões. Assim, questiona-se onde e 
de que forma elas poderiam ser analisadas. Uma hipótese é considerar 
que os examinadores utilizem o exame oral para esse fim. No entanto, 
a prioridade máxima que tem sido atribuída ao trabalho escrito tem também 
suscitado dúvidas quanto à necessidade e à importância do exame oral 
(PEZZI; STEIL, 2009).
Em geral, os verbos de citação podem ser usados em quatro situações:
• Com o nome do autor na posição de sujeito gramatical. Ex.: Sicrano (2000) mostra que o 
desenvolvimento sustentável é eficiente.
• Com o nome do autor como agente do verbo na voz passiva. Ex.: “Esse modelo foi desenvolvido 
por Sicrano (2000)”.
• Com um termo que designa uma classe (pesquisadores, autores, estudos etc.). Ex.: “Vários estudos 
na literatura usam modelos similares”.
• Com termos referentes ao processo ou produto da pesquisa que substituem o agente (resultados, 
conclusões etc.). Ex.: “Resultados de pesquisa recentes (SICRANO, 2000) mostram que o modelo 
tem ampla aplicabilidade”.
Os verbos de citações integrais mais empregados são:
• Apresentar, argumentar, afirmar, citar, defender, descrever, discutir, mencionar, postular, referir-se 
a, relatar, sumarizar.
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Existem algumas maneiras de fazer citações integrais. Entre elas (MOTTA-ROTH; HENDGES, 2010):
• As proposições de Fulano (2000) e Beltrano (2000) acentuam/ privilegiam...
• Isso se relaciona com o que Fulano (2000) denomina de...
• Tal abordagem foi/tem sido sugerida por Fulano e Beltrano (2000) e seus conceitos foram 
estendidos por Beltrano (2013)...
• X foi proposto por Fulana...
• Entre as características, Beltrana (2010) separou...
• Conforme Fulana e Beltrano (2010) é possível que...
Algumas maneiras de fazer citações não integrais são:
• X é/ significa... (FULANO, 2000).
• Esse sistema mostra Y..., porém algumas vezes, apresenta problemas... (FULANO, 2000).
Quanto aos verbos que se ligam ao relato de procedimentos e resultados de pesquisa, categorizam-
se em verbos de atividade experimental, verbos de atividade discursiva e verbos de atividade cognitiva.
Os verbos de atividade experimental apresentam-se como:
• Verbos de procedimento: usados para relatar métodos ou procedimentos em pesquisa.
— Exemplos: categorizar, conduzir, correlacionar, comparar, completar, avaliar, usar.
— Verbos que devem ser evitados por ser muito gerais, exceto se claramente associados a variáveis: 
examinar, estudar, analisar, investigar.
• Verbos de resultado: usados para relatar resultados de pesquisas previas. Eles podem ser verbos 
de objetividade e verbos de efeito. Os verbos de objetividade reportam pesquisas prévias de forma 
neutra:
— Exemplos: encontrar – observar – obter.
• Verbos de efeito: demonstram que você foi convencido pelos resultados em estudos prévios. São 
eles:
— Exemplos: mostrar – demonstrar – estabelecer.
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Os verbos de atividade discursiva apresentam-se como:
• Verbos de qualificação: usados para citar limitações ou restrições apontadas por autores de 
pesquisas prévias, indicando necessidade de mais investigação. São os verbos:
— Exemplos: alertar, levantar a questão, chamar a atenção para x, apontar.
— Exemplo: “Fulano (2000) chama a atenção para as variações apresentadas pelas três regiões 
do País.”
• Verbos de incerteza: podem ser verbos pré-experimento e pós-experimento.
— Os verbos pré-experimento são usados para citar hipóteses levantadas em pesquisas prévias: 
estimar, hipotetizar, prever, propor, postular, tentar estabelecer.
— Os verbos pós-experimento são usados para tirar conclusões ou fazer afirmações com base em 
pesquisas anteriores: sugerir, indicar.
• Verbos de certeza: usados para assinalar que a proposição citada funciona como argumento de 
apoio para sua pesquisa e por isso são interpretados por você para atender sua necessidade de 
embasamento.
— Exemplos: apresentar embasamento, citar/fornecer evidência, manter, concluir, invocar.
• Verbos de informação: verbos usados para relatar o que foi feito anteriormente de forma mais 
neutra, sem explicitar intenção persuasiva.
— Exemplos: documentar, reportar, referir-se a, notar, afirmar.
Os verbos de atividade cognitiva associam-se a atividades mentais experimentadas pelos autores da 
pesquisa. Em geral, os verbos apresentam generalizações.
Exemplos: considerar, ponderar, pensar, reconhecer, observar, ver, pressupor, conceber.
Além desses usos, os verbos exercem função primordial nos textos científicos para indicar objetivo 
de pesquisa.
Tais verbos podem indicar objetivo pessoal e objetivo de pesquisa. Assim, ao esclarecer o objetivo em 
um projeto de pesquisa, por exemplo, você precisa distinguir o que é um e o que é outro, restringindo-se 
ao objetivo de pesquisa.
Exemplo de aplicação
I. Leia os dois trechos que fazem referência ao estudo de Pezzi e Steil (2009) — citação da página 38 
de nosso material — e indique qual dos dois verbos de citação representa com maior fidelidade o que 
diz o texto original:
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( ) Pezzi e Steil (2009) indicam a defesa oral como meio para o julgamento da competênciado 
candidato em exames de pós-graduação.
( ) Pezzi e Steil (2009) sugerem a defesa oral como meio para o julgamento da competência do 
candidato em exames de pós-graduação.
II. Faça o teste proposto por Machado (2005, p. 52), distinguindo os objetivos pessoais (A) dos 
objetivos de pesquisa (B):
( ) Com este trabalho, pretendo melhorar o ensino das línguas estrangeiras no Brasil.
( ) Este artigo objetiva melhorar a pronúncia dos alunos brasileiros de língua inglesa.
( ) Este trabalho se propõe a buscar uma compreensão mais ampliada do trabalho do professor no 
ensino de leitura com a utilização do diário de leituras.
( ) Esse estudo objetiva melhorar minha relação, enquanto professora, com meus alunos.
( ) Esse trabalho visa analisar os problemas de relação entre professores e alunos.
III. Sublinhe os verbos que introduzem os objetivos:
Exemplo: Este trabalho, ao discutir a construção da subjetividade individualizada, tal qual vem se 
apresentando na modernidade ocidental, pretende contribuir para a investigação dos modos de produção 
desse indivíduo e das possibilidades que lhe são apresentadas na qualidade de sujeito de seu projeto de 
vida, pretende, por fim, cooperar para o aprofundamento da desconstrução de discursos apresentados 
como únicos e naturais, contrapondo-lhes alternativas de reflexão sobre o desenvolvimento dos saberes 
sobre o homem, ao longo da história (MANCEBO, 2002).
a) Entretanto, para decidir sobre ações político-acadêmicas, faz-se necessário primeiro voltarmo-
nos para nós mesmos, tanto utilizando uma perspectiva histórica como fazendo uma análise crítica 
das tendências atuais. Foi essa tarefa que me propus realizar, como um preâmbulo para a discussão das 
questões que hoje nos preocupam (KLEIMAN, 1992).
b) Este trabalho visa discutir o processo de reconstrução do conhecimento do professor de inglês a 
partir do questionamento de suas ações instrucionais rotineiras (CASTRO, 1998).
São muitos os aspectos linguísticos referentes à produção de um texto científico e aqui foram 
tratados apenas alguns, considerados pertinentes. Ressalta-se, então, a abrangência da linguagem 
científica e a necessidade de aprofundamento sobre ela. Para fechar esse tópico sobre produção, algumas 
considerações culturais na publicação de textos científicos na língua inglesa por acadêmicos do terceiro 
mundo.
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Devido à globalização e à centralização de publicação científica em língua inglesa, aumentou a 
importância da publicação de trabalhos em revistas internacionais de renome. Assim, a primeira 
consideração é sobre as exigências linguísticas, pragmáticas e enunciativas do discurso acadêmico 
escrito em língua inglesa.
Ao contrário da comunicação oral – a fala –, os textos escritos sofrem pela falta de tolerância. Um 
brasileiro pesquisador, por exemplo, interessado em publicar seus últimos resultados não deve saber 
apenas o código, mas saber também como se expressar de maneira adequada e proficiente, tendo êxito 
na comunicação.
No esclarecimento de El-Dash (2007, p. 106-107), é o contexto da comunicação é crítico:
No contexto americano, onde é publicada uma boa porcentagem das revistas 
especializadas acadêmicas, a percepção da adequação do uso da língua 
reflete as expectativas dos próprios americanos, falantes nativos de inglês. 
Em outras palavras, os artigos precisam apresentar um formato linguístico 
aceitável ao julgamento de adequação sob o ponto de vista do nativo.
Uma das exigências é sobre as relações no nível lexical. O pesquisador brasileiro, por exemplo, ao 
escrever um artigo científico em inglês, precisa preocupar-se com as distinções sutis entre as palavras, 
uma vez que os falantes de inglês valorizam a precisão e a explicitude.
O sistema de adjetivos de inglês é considerado em pares. Assim, para cada par far [distante, longe] e 
near [perto], há um contínuo dicotômico e os membros desse par não são iguais. Nas perguntas neutras 
sobre esses adjetivos, normalmente apenas um desses elementos do par participa (no caso, far) para 
se referir ao contínuo geral de distância. Pergunta-se, então, “How far is...?” ou “The question of how 
far...”, não significando necessariamente que o objeto de interesse esteja longe. Porém, ao se formular a 
pergunta “How near is...?”, cria-se uma ideia negativa ao pressupor que o objeto se encontra próximo.
Quanto à pergunta “Qual é a distância?...”, o equivalente em inglês “What is the distance...?” é frase 
gramatical, mas não soa adequada. É aceitável perguntar a distância de maneira genérica, tal como 
“What do you know about the distance?”, mas, em indagações específicas sobre a grandeza de tal 
distância, exige-se a pergunta explícita com “How far?”.
A cultura que exige explicitude em relação ao vocabulário tende a responsabilizar a (falta de) 
compreensão para o falante, que (não) expressou bem. Podem existir gêneros – como a poesia – em que 
tal responsabilidade recai sobre o ouvinte, mas esses gêneros não são necessariamente adquiridos ou 
dominados por todos os falantes nativos.
Outra exigência da língua inglesa, que relega a responsabilidade da compreensão ao falante, é o 
aproveitamento de hipotaxe nas estruturas da sintaxe. Um exemplo é se o autor já mencionou que 
houve um aumento em alguma coisa, como o comprimento de uma linha. Quando faz referência a esse 
aumento, o autor brasileiro costuma escrever frases como “The change in the size of the line” (“A mudança 
no tamanho da linha”). O falante de inglês, no entanto, espera a recuperação explícita da direção dessa 
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mudança e o uso do item lexical adequado: “The increase in the length of the line” (“O aumento no 
comprimento da linha”). Para o falante nativo de inglês, a falta de explicitação relativa à mudança cria, 
no nível da oração, o efeito de esquivação, mesmo que o leitor recupere a ideia de aumento com base 
no texto como um todo. Ao mesmo tempo, não é aceitável o autor brasileiro reafirmar que “The length 
of the line increased” (“O comprimento da linha aumentou”), porque desvia o enfoque do argumento, se 
tal tamanho já foi constatado. A informação reiterada precisa ser clara.
Uma outra exigência diz respeito ao uso pragmático da língua inglesa quando se quer expressar 
um foco. Existem dois tipos de foco: um de identificação ou contraste (foco de ênfase) e outro que dá 
informação nova e não pressuposta na oração.
O foco de identificação na língua inglesa é geralmente resultado do movimento sintático do elemento 
específico para o final da frase em texto escrito. Trata-se de um recurso usado para enfatizar ou chamar 
a atenção do leitor para uma informação específica.
 Observação
Diferente da língua inglesa, a língua portuguesa recorre à anteposição 
de um termo para realçá-lo.
Entre os recursos para conferir a ênfase, há a voz passiva, a anteposição de advérbios e objetos, 
expressão existencial com “there” e as sentenças clivadas (“cleft sentences”), todos deixando em posição 
final o que deve ser destacado.
No caso do uso do adjetivo, tanto na língua portuguesa quanto na língua inglesa, o padrão de 
anteposição respeita as normas de ênfase da respectiva língua. Em condições normais, em texto em 
inglês, a informação nova fica no final da frase, pois a informação nova já é enfocada por ser nova e 
também por estar na posição em destaque no final da frase. Veja os exemplos dados por El-Dash (2007):
(1) Numerous studies of population growth.
(2) Numerous population growth studies.
No exemplo (1), os estudos tratarem do crescimento da população é informação nova e no exemplo (2), 
a questão de os estudos tratarem do crescimento da população é informação velha, já introduzida antes 
no texto, e a informação sobre esse crescimento fica então colocada antesda informação enfocada, que 
são os estudos. O problema é que no português os dois exemplos teriam a mesma tradução: “Numerosos 
estudos sobre o crescimento da população”.
Quando um adjetivo expressa uma informação nova, que envolve um foco especial no texto, ele 
tende a estar na posição pós-verbal, como adjetivo predicativo (“The snake is dangerous”). Quando essa 
periculosidade já foi estabelecida no texto e passa a ser vista como parte da informação, o adjetivo é 
colocado na posição pré-nominal para diminuir a ênfase e, assim, abrir espaço para a colocação de 
outras informações novas ou em destaque no fim da oração. Observe outro exemplo:
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(1) She was wearing a wedding dress, gorgeous and hand-made.
(2) She was wearing a gorgeous, hand-made wedding dress.
Frente a esses exemplos de exigência para publicar texto acadêmico em língua inglesa, o pesquisador 
brasileiro precisa conscientizar-se das normas linguísticas da cultura nativa do país onde se publica a 
revista.
2.1.3 Linguagem científica na leitura
Em cursos de graduação e pós-graduação, a leitura de gêneros de textos científicos é ação constante e 
predominantemente tanto para a construção/apreensão dos conteúdos de aula quanto para a produção 
textual dos alunos-pesquisadores.
O conteúdo científico é acessível por meio das leituras de livros ou capítulos de livros, artigos 
científicos, palestras, teses, entre outras. O primeiro passo na busca de material para leitura consiste na 
identificação do texto a ser lido. Deve-se ler:
• Título, que estabelece assunto e, às vezes, a intenção do autor.
• Data da publicação, certificando-se da atualização ou aceitação (pelo número de edição), a não 
ser que seja obra considerada clássica.
• Índice ou sumário para ter ideia dos tópicos abordados.
• Introdução ou prefácio para processar indício da metodologia, objetivos.
• Bibliografia para ver obras consultadas e linha teórica do autor.
Devido ao fato de o pesquisador lançar seu tema e problema de pesquisa, as leituras precisam 
sempre ter um objetivo para o leitor não recorrer a temas e teorias diversas, ou seja, para manter o foco 
e delimitar os textos lidos. 
Exemplo de aplicação
Faça a atividade a seguir, que mostra bem como o objetivo da leitura leva o leitor a identificar 
informações diferentes do mesmo texto. Leia o texto, levantando as características mais importantes da 
casa descrita, tendo uma finalidade: ser um possível comprador da casa:
Os dois garotos correram até a entrada da casa. “Veja, eu disse a você que hoje era um 
bom dia para brincar aqui”, disse Eduardo. “Mamãe nunca está em casa na quinta-feira”, 
ele acrescentou. Altos arbustos escondiam a entrada da casa; os meninos podiam correr 
no jardim extremamente bem cuidado, “Eu não sabia que sua casa era tão grande”, disse 
Marcos. “É, mas ela está mais bonita agora, desde que meu pai mandou revestir com pedras. 
Essa parede lateral estava vazia, exceto pelas três bicicletas com marchas guardadas aí”. Eles 
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entraram pela porta lateral, Eduardo explicou que ela ficava sempre aberta para suas irmãs 
mais novas entrarem e saírem sem dificuldade. Marcos queria ver a casa, então Eduardo 
começou a mostrá-la pela sala de estar. Estava recém-pintada, como o resto do primeiro 
andar. Eduardo ligou o som: o barulho preocupou Marcos. “Não se preocupe, a casa mais 
próxima está a meio quilômetro daqui”, gritou Eduardo. Marcos se sentiu mais confortável 
ao observar que nenhuma casa podia ser vista em qualquer direção além do enorme jardim. 
A sala de jantar, com toda a porcelana, prata e cristais, não era lugar para brincar: os garotos 
foram para a cozinha, onde fizeram um lanche. Eduardo disse que não era para usar o 
lavabo porque ele ficara úmido e mofado, uma vez que o encanamento arrebentara. “Aqui 
é onde meu pai guarda suas coleções de selo e moedas raras”, disse Eduardo, enquanto eles 
davam uma olhada no escritório. Além do escritório, havia três quartos no andar superior 
da casa. Eduardo mostrou a Marcos o closet de sua mãe cheio de roupas e o cofre trancado 
onde havia joias. O quarto de suas irmãs não era tão bonito quanto o de seus pais, que 
estava revestido de mármore, mas para ele era a melhor coisa do mundo.
Adaptado de: Pichert; Anderson (1977, p. 69).
Agora releia o texto, levantando as características mais importantes da casa descrita com base em 
outra finalidade:
• Para um assaltante.
• Para um engenheiro civil.
• Para contratar assistentes domésticos.
• Para um naturalista.
• Para um artista (pintor).
• Para um segurança.
Verifica-se o papel fundamental do estabelecimento do objetivo da leitura. Assim, quando se produz 
um texto científico e está em fase de pesquisa bibliográfica, o pesquisador precisa estabelecer seus 
objetivos de pesquisa e delimitar seu tema para concentrar suas leituras, e não correr riscos de dispersão 
nem fugir ao tema.
Devido ao número grande de leitura realizada, é preciso também ter em mente a memória. Aprender 
implica em elaborar conhecimento e retê-lo na memória de longo prazo; por conseguinte, ler de maneira 
proveitosa e útil implica ler porções textuais com elaboração mais adequada das informações para que 
estas fiquem arquivadas na memória de longo prazo. Para tal, durante a leitura, o pesquisador precisa 
documentar tais leituras por meio de resumo, fichamento, esquema ou outro meio.
Leitura volumosa e rápida não forma engramas na memória de longo prazo e seu resultado é ínfimo. 
A leitura elaborada, ao contrário, exige primeiramente um passar geral de olhos sobre todo o texto 
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com atenção e cuidado; uma segunda vez, ainda mais atenta, já analisando conceitos e proposições 
principais; finalmente, uma terceira vez, já elaborando sínteses e integrando as novas informações 
àquelas já existentes na estrutura cognitiva.
Um outro aspecto do processo de leitura é a conexão. Com base na(s) leitura(s) feita(s), o pesquisador 
pode fazer conexão entre o texto e outro ou outros textos lidos anteriormente, verificando a ligação 
temática entre eles, o posicionamento de cada autor, resultados diferentes ou semelhantes, entre outras 
ligações pertinentes.
2.2 Levantamento bibliográfico: organização e funcionamento
2.2.1 Levantamento bibliográfico
Na busca de informações para sua pesquisa, tanto na internet quanto fora desta, há recursos.
Fora da internet, você pode:
• Frequentar bibliotecas públicas, perto da sua residência, para ler livros e revistas especializadas. 
As bibliotecas municipais possuem rico e variado acervo de várias áreas do conhecimento; 
além disso, o usuário tem o direito de fazer empréstimo e, com mais calma e tempo, ler as 
obras em casa.
• Ir à biblioteca da universidade para não apenas fazer levantamento de livros e revistas especializadas, 
mas, também, fazer empréstimo das obras e lê-las em casa.
• Atualizar-se com as últimas publicações da área pesquisada ao visitar e/ou comprar livros. As 
livrarias, geralmente, são especializadas em determinadas áreas e, por isso, é importante informar-
se sobre elas.
• Conseguir determinadas obras por meio dos sebos, que são livrarias de livros usados. Às vezes, é 
difícil conseguir uma obra por ser rara ou não mais editada ou é preciso pagar mais barato. Os 
sebos, então, resolvem esses problemas.
Pela internet, pode consultar:
• Páginas de departamentos e programas de pós-graduação da área pesquisada. Como exemplo 
de endereço, há o site: <www.universia.com.br>. Nesse endereço exemplificado, estão 
disponibilizados o Banco de Teses e Especial Teses.
• Site CNPq, nas páginas referentes a Grupos de Pesquisa no Brasil e Plataforma Lattes. A PlataformaLattes serve para consultar o currículo dos pesquisadores brasileiros de sua área.
• Portal Periódicos da Capes (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior) para 
localizar título de publicações nas principais revistas da área.
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• Sites das bibliotecas das universidades brasileiras e, no caso de conhecer outra língua, consultar 
sites estrangeiros.
A seleção dos textos pesquisados, os quais serão sua referência no texto a ser produzido, precisa 
marcar-se pela qualidade, cujos critérios são apontados por Motta-Roth e Hendges (2010):
• Qualidade da fonte em que os textos escolhidos são extraídos. No caso, por exemplo, de artigos 
científicos, a qualidade da fonte desse gênero textual advém de (1) o fato de impacto (número de 
citação que o artigo recebeu), (2) Qualis-Capes no Brasil e (3) indexação (o artigo é publicado em 
periódico que recebe um nº (índice) no sistema internacional de catalogação de periódicos.
• Importância dos autores na área (pela constância e qualidade de suas publicações).
• Recência desses trabalhos. Geralmente, buscam-se textos publicados nos últimos cinco anos, pois 
a tendência na academia é trabalhar com textos recentes para atualização.
Fazer referência à literatura prévia é definidor da pesquisa e da redação acadêmica.
2.2.2 Organização documental
Para produzir um texto científico, há necessidade de fazer leituras e leituras sobre o tema delimitado. 
Outra necessidade é guardar de forma ordenada e com critério o resultado de tantas leituras. Tem-se, 
assim, a documentação gerada.
Documentação é a organização do material importante e significativo para a pesquisa que se realiza. 
Consiste em arquivar e conservar em ordem o material bibliográfico obtido em fontes. Esse material 
pode ser o armazenamento de folhas escritas com anotação, resumos, fichamentos; cadernos com 
anotação, resumos etc.; fichas, pen drive e tantos outros materiais.
As leituras realizadas podem ser anotadas em diversas formas: em forma de anotações, esquema, 
fichamento, resumo, resenha. Esquema é a elaboração necessária na primeira abordagem do texto 
teórico, quando o leitor precisa adquirir a visão do conjunto dos temas desenvolvidos pelo autor.
Trata-se da forma mais visual de registrar dados recolhidos dos textos (fonte), lembrando-se de 
que não há regra fixa para elaboração de esquema, visto que sua estrutura depende da habilidade do 
pesquisador, do próprio conteúdo lido.
Exemplo:
Pensamento
Místico
mais elaborado 
baseado no mito
narrativa sagrada
mitos cosmogônicos
Figura 7 
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O fichamento de um texto consiste em extrair dele ideias principais; quanto mais detalhado o 
fichamento, maior sua utilidade para a redação do texto científico. Pode marcar hierarquia entre as 
ideias.
Exemplo (ideia principal e ideias subordinadas):
I. Pensamento místico:
1. mais elaborado;
2. baseado no mito:
a. narrativa sagrada;
b. mitos cosmogônicos;
c. explicação da criação do universo.
2.2.3 Referência bibliográfica: organização
Após a leitura e a organização na forma de documentação, é necessário identificar as fontes. Há uma 
normalização internacional para o registro de todas as formas de pesquisa bibliográfica e ela é divulgada 
no Brasil pelo Instituto Brasileiro de Bibliografia e Documentação (IBBD) e pela Associação Brasileira de 
Normas Técnicas (ABNT).
As notas de referência podem aparecer em notas de rodapé ou ao final de um artigo científico, em 
lista de referência de fontes utilizadas em trabalhos acadêmicos e encabeçando resumos.
Considerando as normas fixadas pela ABNT, os principais elementos de uma referência devem ser:
• Sobrenome do autor (em letras maiúsculas), seguido de vírgula.
• Prenome e nome do autor (apenas as iniciais maiúsculas seguidas de ponto ou completos, com a 
primeira letra de cada nome em maiúscula), seguido de ponto final.
• Título completo da obra, em itálico ou negrito, sendo só a primeira letra maiúscula (exceto se 
houver nomes próprios), seguido de ponto final, se não houver subtítulo.
• Subtítulo (se houver), antecedido de dois pontos depois do título, em letras minúsculas (exceto 
nomes próprios), sem nenhum destaque e seguido de ponto final.
• Tradução (opcional e se houver), na forma Tradução: mais nome completo do tradutor, em ordem 
direta (com iniciais maiúsculas), seguida de ponto final.
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• Edição (exceto a primeira), número mencionado na obra acompanhado da abreviação ed. e seguida 
de vírgula.
• Imprenta, isto é, cidade de publicação (apenas a primeira letra maiúscula), com menção opcional 
do estado (abreviação antecedida de vírgula), seguida de dois pontos.
• Editora, em letras minúsculas, de forma grafada na obra, seguida de vírgula.
• Ano de publicação (aaaa), seguido de ponto final.
• Notas complementares (opcionais), seguidas de ponto final (ALMEIDA Jr. In: CARVALHO, 2013, 
p. 142).
Exemplo geral:
BAUDRILLARD, Jean. A transparência do mal: ensaio sobre os fenômenos extremos. Tradução: Estela 
dos Santos Abreu. 8. ed., Campinas, SP: Papirus, 2004.
No caso de lista de obras, a ordenação das entradas é alfabética, por sobrenome dos autores e, para 
facilitar a identificação, as entradas devem ser alinhadas somente à margem esquerda do texto em 
espaço simples e separadas entre si por espaço duplo.
O nome de autor de vários títulos pode ser substituído, nas entradas seguintes à primeira, por um 
traço sublinear (equivalente a seis espaços), seguido de ponto final.
Exemplos particulares:
• Livros:
— Com um só autor:
WEG, Rosana Morais. Fichamento. São Paulo: Paulistana, 2006.
— Com até três autores:
JESUS, Virginia; WEG, Rosana Morais. Acordo ortográfico da língua portuguesa no Brasil: alterações 
na ortografia de expressão brasileira. São Paulo: Esfera, 2008.
— Com mais de três autores:
PULINO, Daniel et al. Linguagem e suas aplicações no Direito. São Paulo: Paulistana, 2006.
— Com autor e tradutor:
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LEWIS, C. S. As crônicas de Nárnia. Tradução: Paulo Mendes Campos e Silêda Steurnagel. São Paulo: 
Martins Fontes, 2005.
• Periódicos:
— Revista no todo:
LINHA D’ÁGUA. n. 16, São Paulo: Associação de professores de Língua e Literatura da Faculdade de 
Filosofia, Ciências e Letras da Universidade de São Paulo, 2003.
— Artigo de revista:
MULLER, Ana Lúcia. Pronomes e anáforas: o estado da arte. Linha d’Água, São Paulo, n.16, p. 17-37, 
set. 2003.
— Periódicos extraídos da internet:
CRUZ, Valdo. O lado bom da crise. Folha online. São Paulo: 18 nov. 2008. Disponível em: <http://
www1.folha.uol.com.br/folha/Pensata/valdocruz/ult412ou468768.shtml> Acesso em: 12 nov. 2008.
 Observação
Abreviações e expressões usadas:
• ed. = edição;
• il. = ilustrado;
• p. = página;
• rev. at. = revisto e atualizado;
• v. = volume;
• n. = número (fascículo);
• et al. (expressão latina) = e outros;
• jan., mar., jun., ago., (meses do ano, exceto maio)... = janeiro, março, 
junho, agosto...
Outras normas:
• Normas de Vancouver: seguem as convenções estabelecidas pelo Committee of Medical Journal 
Editors. São usadas para normalização de referências bibliográficas nas áreas de Medicina, Ciências 
da Saúde e Ciências Exatas.
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• Norma MLA (Modern Language Association): é usada para fazer citações e referências nas 
áreas das artes e das humanidades. O estilo segue o método de citação autor-página, e podem 
ser visualizados exemplos e formatosdeste estilo em dois manuais: MLA Handbook for Writers of 
Research Papers e MLA Style Manual and Guide to Scholarly Publishing.
A revista Cadernos de Tradução, da Universidade Federal de Santa Catarina, é um exemplo de 
publicação que exige de seus autores as normas ABNT para textos escritos em língua portuguesa e, para 
textos em inglês, a revista segue as normas MLA. As instruções são as seguintes:
7) os textos em língua portuguesa deverão ser redigidos conforme a norma 
de apresentação de artigos da Associação Brasileira de Normas Técnicas 
– ABNT – NBR 6022, de maio de 2003. Nos artigos em língua estrangeira 
deverão ser utilizadas as normas MLA. Para artigos traduzidos para a língua 
portuguesa poderão ser utilizadas tanto as normas ABNT quanto MLA;
8) as citações no corpo do texto deverão ser redigidas de acordo com o padrão 
estilístico correspondente a cada norma MLA ou ABNT. Favor consultar 
Normas. Para ABNT temos: Citação NBR10520, Referência NBR6023, ambas 
de 2002 (UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA, [s.d.]).
Entre as normas MLA, constam:
• Usa-se a palavra “and” e não “&” quando se refere a mais do que um autor de um único trabalho.
• Na paginação não se usam as abreviaturas p. ou pp. para a indicação das páginas.
• A lista de referência bibliográfica é organizada alfabeticamente pelo último nome do autor. Nos 
casos em que não há autor, as referências são colocadas alfabeticamente pelo título na mesma lista.
• A primeira letra de cada palavra ou outras palavras principais de títulos ou subtítulos são em 
maiúscula (os artigos, preposições ou conjunções não se colocam em maiúscula).
2.3 Métodos e teoria
São três fatores que tornam uma área de estudo uma ciência: objeto de análise bem delimitado, 
seleção de um método e criação de teorias (com base nos resultados analíticos). Nesta seção, serão 
abordados método e teoria.
2.3.1 Método: etapas, abordagem e procedimento
Sobre o método, como bem esclarecem Lakatos e Marconi (2007a), não há ciência sem o emprego 
de um método científico. Em síntese, método é o conjunto de atividades sistemáticas e racionais que 
permite alcançar os objetivos e traçar caminho a ser seguido. Ou, como define Bunge (apud LAKATOS; 
MARCONI, 2007a), método científico é a teoria da investigação.
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A investigação cumpre ou se propõe a cumprir as seguintes etapas:
• descobrimento do problema (caso o problema não esteja claro, passa-se à etapa seguinte; se está 
claro, passa-se à subsequente);
• colocação precisa do problema;
• procura de conhecimentos ou instrumentos relevantes ao problema, sejam dados empíricos, 
aparelhos, técnicas, teorias etc.;
• tentativa de solução do problema com ajuda dos meios identificados;
• invenção de novas ideias, sejam hipóteses, teorias, técnicas;
• obtenção de uma solução do problema;
• investigação das consequências da solução obtida;
• prova ou comprovação da solução; se o resultado é satisfatório, a pesquisa é dada como concluída; 
ao contrário, passa-se para a etapa seguinte;
• correção das hipóteses, teorias, procedimentos ou dados empregados na obtenção da solução incorreta.
Lakatos e Marconi (2007a, p. 85) apresentam tais etapas de investigação no seguinte esquema:
Problema ou lacuna
Tentativa de solução
Obtenção de uma solução
Prova da solução
Procura de conhecimento ou instrumentos relevantes
Invenção de novas ideias ou produção de novos dados empíricos
Explicação
Satisfatória
Satisfatória
Conclusão
Não explicação
Inútil
Não satisfatória
Início de novo ciclo
Colocação precisa do problema
Figura 8 
O método é considerado atualmente por meio de duas visões: a clássica, vista como abordagem mais 
ampla, que envolve nível de abstração mais elevado; e como procedimento, com finalidade mais restrita, 
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menos abstrata, que envolve etapas concretas de investigação. Há, assim, método de abordagem e 
método de procedimentos.
O denominado método por abordagem engloba: método indutivo, método dedutivo, método 
hipotético-dedutivo e método dialético.
A indução é um processo mental que parte de dados particulares constatados para a inferência de 
uma verdade geral ou universal, não contida nas partes examinadas. Em conexão ascendente, vai das 
constatações mais particulares às leis e teorias.
São três etapas fundamentais:
1. observação dos fenômenos: etapa que serve para a observação dos fatos ou fenômenos e para 
análise desses fatos, a fim de descobrir suas causas;
2. descoberta da relação entre eles: etapa que visa, por meio da comparação, à aproximação dos 
fatos semelhantes para descobrir a relação existente entre eles;
3. generalização da relação: etapa que serve para generalização da relação encontrada na 
precedente entre os fatos ou fenômenos semelhantes.
Devido à possibilidade de equívocos, impõem-se três etapas de orientação para o trabalho de 
indução, sendo elas:
• distinção entre características essenciais e acidentais dos fenômenos ou fatos estudados – é 
preciso certificar o que é verdadeiramente essencial;
• os fenômenos ou fatos precisam ser idênticos – é preciso evitar aproximação deles, se a semelhança 
for acidental;
• quantidade é primordial, tornando possível um tratamento objetivo, matemático e estático.
A aplicação do método indutivo deve-se à expectativa de descobrir as regularidades ou constâncias 
das coisas.
A dedução, por sua vez, é um processo que parte das teorias e leis para a aplicação de ocorrência 
de fenômenos particulares. Em conexão descendente, o método dedutivo tem o propósito de explicar a 
teoria ou verificar se ela é correta ou incorreta.
O método hipotético-dedutivo é um método que parte de um problema e de uma teoria-tentativa e 
passa a criticar a solução para eliminação do erro. Esse processo renova a si mesmo, dando surgimento 
a novos problemas.
Popper, conforme esclarecimentos de Lakatos e Marconi (2007a), apresenta o processo do método 
hipotético-dedutivo da seguinte maneira:
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• problema: surgido dos conflitos ante expectativa e teoria existentes;
• solução proposta em uma conjectura (nova teoria): dedução de consequências na forma de 
proposições passíveis de teste;
• testes de falseamento: tentativas de refutação pela observação e experimento.
 Observação
Conjectura é a solução proposta em forma de proposição passível de 
teste nas suas consequências.
Tal processo é esquematizado por Lakatos e Marconi (2007a, p. 96):
Nova lacuna, contradição ou problema
Conhecimento prévio
Teorias existentes
Consequências falseáveis
Enunciados deduzidos
Refutação
(rejeição)
Corroboração
(não rejeição)
Nova teoria
Lacuna, contradição ou problema
Conjecturas, soluções ou hipóteses
Técnicas de falsiabilidade
Análise de resultados
Avaliação das conjecturas, solução ou hipótese
Testagem
Figura 9 
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O método dialético tem base na dialética materialista e possui quatro leis: ação recíproca (tudo se 
relaciona), mudança dialética (tudo se transforma), passagem da quantidade à qualidade e interpretação 
dos contrários.
Esse método compreende o mundo como processo – não como conjunto de coisas estáticas e 
acabadas. A vida natural e social – como processo – está em constante mudança: devir/decadência, 
retrocesso/desenvolvimento, bem como ela (a vida) não existe isolada em seus componentes, mas estes 
são ligados. Em resumo, todos os aspectos da realidade, sejam da natureza ou da sociedade, pendem-se 
por laços necessários e recíprocos.
Se toda realidade é movimento, o elemento propulsor do processo é a contradição:• contradição interna: o movimento se dá pela luta de contrários internos;
• contradição inovadora: a contradição é a luta entre o “velho” e o “novo”;
• unidade dos contrários: a contradição encerra dois termos opostos, que formam uma unidade, 
a unidade dos contrários.
O denominado método de procedimentos, por sua vez, envolve etapas mais concretas de investigação 
e restringe-se às áreas das ciências sociais. Os métodos são: histórico, comparativo, monográfico ou 
estudo de caso, estatístico, tipológico, funcionalista, estruturalista, etnográfico.
• O método histórico parte do princípio de que as formas de vida social, suas instituições e costumes 
têm origem no passado. Assim, esse método consiste na investigação de processos, instituições e 
acontecimentos do passado para verificar sua influência na sociedade de hoje.
• O método comparativo contribui para melhor compreensão do ser humano em sociedade 
ao realizar comparações entre tipos de grupos, sociedade ou povos. Verifica similitudes e 
busca explicar as divergências. Esse método é empregado em largo alcance, como o estudo 
do desenvolvimento da sociedade capitalista, de setores concretos, como a comparação de 
tipos específicos de eleições, de estudos qualitativos de, por exemplo, diferentes formas 
governamentais, e de estudos quantitativos, como a taxa de escolarização de países 
desenvolvidos e em desenvolvimento.
• O método monográfico ou estudo de caso consiste em estudo com profundidade com a 
finalidade de obter generalizações, examinando o tema delimitado ao observar todos os fatores 
influenciadores.
• O método estatístico permite constatar verificações simplificadas em termos quantitativos, 
obtendo generalizações.
• O método tipológico consiste na análise e comparação de aspectos essenciais do fenômeno 
estudado a fim de criar modelos ideais, os quais são aplicados em casos concretos. Como exemplo, 
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Unidade II
há o estudo de todos os tipos de governo democrático. Assim, os objetos de estudo desse método 
precisam apresentar a dicotomia “tipo” e “não tipo”.
• O método funcionalista é mais um método de interpretação do que de investigação. Ou seja, as 
partes de um fenômeno são entendidas em relação à sua função desempenhada no todo.
• O método estruturalista foi desenvolvido por Lévi-Strauss (apud LAKATOS; MARCONI, 2007a). 
Nesse procedimento, os fenômenos possuem uma estrutura invariante, podendo ser analisada 
objetivamente. O objeto de estudo é, na verdade, a relação ocorrida entre os elementos de um 
fenômeno.
De forma geral, o pesquisador pode recorrer a apenas um método de procedimento ou, como é mais 
usual, a mais de um método concomitantemente.
Sobre o método de pesquisa, destacam-se dois modos, por serem mais constantes em pesquisas 
voltadas à área da língua e do ensino: a pesquisa etnográfica e a pesquisa participante.
Em pesquisa sobre língua e sua variação, é constante a pesquisa etnográfica, que visa à obtenção 
da descrição mais ampla possível do grupo pesquisado. Segundo Gil (2010), a história, a política, a 
economia e a religião são exemplos de aspectos que são considerados na pesquisa, tornando a descrição 
mais ampla e múltipla. Um trabalho etnográfico desenvolve-se com pesquisa de campo em tempo mais 
prolongado e significativo, bem como tende a ser mais integrado e menos sequencial.
Na pesquisa etnográfica, o problema (ou pergunta de pesquisa) aprimora-se à medida que a pesquisa 
avança, podendo não ser solucionado em seu todo, uma vez que a pesquisa é descritiva, sem propósito 
de verificar os nexos causais entre variáveis, além de não se propor a descrever com precisão traços ou 
características da população estudada.
2.3.2 Teoria
O papel da teoria é orientar os objetivos da pesquisa para, assim, restringir a amplitude dos fatos 
analisados. Em uma determinada área, a variedade dos fatos é infinita; assim, a ciência seleciona aqueles 
que deseja estudar, não analisando, portanto, o fenômeno em seu todo. Ocorre, então, uma separação 
entre determinados aspectos do fenômeno/fato e tudo aquilo com que o fato está relacionado, 
constituindo tal separação um ato de abstração. Cada ciência estuda apenas determinados aspectos da 
realidade, criando um sistema abstrato de pensamento para interpretá-los.
A teoria serve, conforme Lakatos e Marconi (2007a), como sistema de conceitos e de classificação 
dos fatos. As funções da teoria são:
• representar os fatos;
• fornecer vocabulário científico, próprio de cada ciência;
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• expressar uma relação entre os fatos estudados;
• classificar e sistematizar os fenômenos, fatos, aspectos da realidade;
• resumir a explicação dos fatos, expressando sua concepção e correlação.
2.4 Introdução à estruturação do trabalho acadêmico
2.4.1 Projeto de pesquisa
Antes da produção de um gênero acadêmico, seja artigo científico, monografia, entre outros, é 
preciso a montagem de um projeto, que prevê uma sequência de ações do pesquisador/autor para seu 
estudo e posterior escrita.
O projeto, segundo Weg e Jesus (2010, p. 16):
• funciona como um guia para atividades futuras;
• antecipa problemas e aponta para o grau de dificuldade a ser encontrado;
• orienta para reflexões e soluções;
• auxilia na obtenção de recursos;
• organiza as atividades no tempo e no espaço;
• permite o acompanhamento e ajustes das atividades;
• gera documentação: bibliográfica, financeira, técnica, científica.
As fases de um projeto são resumidas pelas autoras (WEG; JESUS, 2010, p. 18):
1. Ideia Estabelecer o problema a ser resolvido: viajar, participar de um concurso, escrever um TCC.
2. Planejamento Detalhar: metas, necessidades, prazos, orçamentos, coleta de dados, pesquisa de material.
3. Execução Realizar tarefas: comprar, escrever, desenvolver, aplicar etc.
4. Controle 
Acompanhar e comparar: resultados alcançados (parciais 
e final) à proposta inicial. (Paralelo ao Planejamento e à 
Execução).
5. Finalização Avaliar: resultados finais do projeto.
Figura 10 
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Unidade II
Gil (2010, p. 5), por sua vez, cria uma diagramação de elaboração de um projeto de pesquisa:
Formulação do 
problema
Elaboração dos instrumentos 
de coleta de dados
Análise e interpretação 
dos dados
Construção de 
hipótese
Pré-teste dos 
instrumentos
Redação do relatório 
da pesquisa
Determinação das 
variáveis
Seleção de 
amostras
Operacionalização 
do problema
Coleta de dados
Figura 11 
As etapas não são rígidas, sendo possível simplificá-las ou modificá-las. Cabe ao pesquisador uma 
adaptação à situação específica.
Muitas variáveis utilizadas nos levantamentos de pesquisa social são empíricas, facilmente observáveis 
e mensuráveis. É o caso, por exemplo, de idade, nível de escolaridade.
 Saiba mais
Martins e Theophilo (2009) afirmam que, embora os levantamentos 
possam ser planejados para estudar relações entre variáveis, também são 
apropriados para a análise de fatos e descrições, e normalmente se estuda 
parte ou todos os sujeitos da pesquisa.
MARTINS, G. de A.; THEOPHILO, C. R. Metodologia da investigação 
científica para ciências sociais aplicadas. São Paulo: Atlas, 2007.
Existem muitas outras menos mensuráveis, tal como o status social, que não é passível de observação. 
Não é possível observar uma pessoa e determinar prontamente a posição que ela ocupa na sociedade. 
Nesses casos, é necessário tornar tais variáveis passíveis de observação e de mensuração.
No caso de um projeto de pesquisa científica, o desenvolvimento de uma pesquisa implica 
investigação no campo da ciência por meio de um método sobre a área específica da realidade. O 
projeto, por conseguinte, estabelece estratégias a serem desenvolvidasna pesquisa, desde a concepção 
de sua proposta até a sua apresentação escrita ou oral.
O pesquisador mune-se previamente de dados consistentes para redigir seu projeto, respondendo 
com rigor às seguintes questões sobre sua pesquisa (WEG; JESUS, 2010, p. 24):
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METODOLOGIA CIENTÍFICA
Quadro 9 
Quem vai desenvolver a pesquisa? Autoria e participação
Sobre o que é a pesquisa? Objeto
Para que deve ser realizada? Objetivo
Por que deve ser realizada? Justificativa
Onde será realizada? Local
Como e com que meios será realizada? Plano de trabalho/meios/métodos/material
Quando será realizada? Cronograma
Quais as fontes básicas consultadas? Fundamentação teórica 
Qual será a repercussão da pesquisa? Resultados esperados/formas de avaliação/disseminação dos resultados
Como resumir a pesquisa? Objeto + objetivo + justificativa + conteúdo + metodologia + resultados esperados
Sobre “Quem vai desenvolver a pesquisa?”, é preciso diferenciar autoria de participação, pois o autor 
é aquele que concebe a ideia, dirige, executa e analisa as fases da pesquisa. O participante, por sua vez, 
é aquele pode ser chamado para executar alguma tarefa específica.
Quanto à pergunta “Sobre o que é a pesquisa?”, significa o estabelecimento do objeto da pesquisa, 
que é o conjunto formado por:
Quadro 10 
Assunto Tema Problema
Sobre o que é a pesquisa Reflexões e discussões que o assunto pode provocar
Questionamento que se faz 
sobre o tema
Adota-se aqui a indagação de Gil (2010) sobre como formular um problema de pesquisa, o qual é 
um assunto não respondido ainda satisfatoriamente. Devido ao fato de que nem todos os problemas são 
passiveis de tratamento científico, faz-se necessário verificar, em primeiro lugar, se o problema cogitado 
se enquadra na categoria de científico.
Um problema de pesquisa indaga “como” são as coisas, suas causas e consequências. Um problema 
de pesquisa não se constitui de “como fazer” as coisas nem abrange questões de valor, tais como aquelas 
que indagam se uma coisa é boa, má, desejável, indesejável, certa ou errada, melhor ou pior.
Na formulação de um problema de pesquisa, as questões seguintes podem funcionar bem, de acordo 
com Hubner (apud MACHADO, 2005, p. 41):
• Quais os fatores determinantes de X?
• Há relação entre X e Y?
• Quais os efeitos de X sobre Y?
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Unidade II
• Quais as características (ou diferenças) entre X e Y?
Para a formulação de um problema, certas regras práticas são seguidas pelos pesquisadores:
• O problema deve ser formulado como pergunta: formular o problema em formato de pergunta 
facilita a identificação por parte de quem consulta o projeto.
• O problema deve ser claro e preciso.
• O problema deve ser empírico: os problemas científicos não devem refletir valores, pois 
conduzem a julgamentos morais e considerações subjetivas. Reconhece-se, contudo, que o 
processo de construção da ciência não é neutro. No entanto, é preciso transformar as noções 
iniciais das indagações em outras mais úteis, referindo-se a fatos e não a percepções pessoais.
• O problema pode ser claro e referente a conceito empírico, mas o pesquisador não tem 
ideia de como será possível coletar os dados. Ou seja, a pesquisa metodológica selecionada 
precisa oferecer instrumento e procedimento capazes de proporcionar a investigação do problema.
• O problema deve ser delimitado a uma dimensão viável: o problema tende a ser formulado 
em termos muito amplos, requerendo delimitação.
A pergunta “Para que dever ser realizada a pesquisa?” exige respostas claras sobre a meta do 
pesquisador. Essas metas são:
• O que pretende alcançar ao final do trabalho?
• Quais são as hipóteses que pretende discutir?
No caso da pergunta “Por que deve ser realizada a pesquisa?”, a justificativa serve para medir a importância 
real da pesquisa proposta. Entre as explicações que justificam a realização da pesquisa, encontram-se:
• Qual a importância da atual pesquisa para a comunidade científica da área escolhida?
• Quais são os desafios científicos que o pesquisador se propõe a enfrentar e a solucionar?
• Por que essa pesquisa deve ser realizada? Não existe já pesquisa semelhante?
À pergunta “Onde será realizada a pesquisa?”, algumas preocupações devem ser levadas em conta, 
tais como: se o pesquisador dispõe de espaço adequado para desenvolver sua pesquisa, se o pesquisador 
precisará transportar-se para outros locais (cidades, estados, países) e se terá acesso ao local a ser 
pesquisado (por exemplo: terá acesso a uma prisão, hospital, escola etc.?).
Quanto a “Como e com que meios será realizada a pesquisa?”, há necessidade de saber como será a 
organização e execução das tarefas de pesquisa: meios, material e métodos. Weg e Jesus (2010, p. 28-9) 
oferecem úteis exemplos:
• Atividades a serem desenvolvidas:
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METODOLOGIA CIENTÍFICA
— Pesquisa bibliográfica, pesquisa eletrônica, pesquisa de campo, experiência, entrevistas, 
resultados, redação de relatórios etc.
• Entrevista como meio de coleta de dados:
— Quem serão os entrevistados.
— Como foi definida a amostragem dos entrevistados.
— Entrevistas serão presenciais ou on-line.
— Qual modelo de questionário.
— Qual método de análise dos resultados.
• Digitalização:
— Que tipo de documento será digitalizado.
— Existem ou não implicações éticas na digitalização dos documentos.
— As vantagens ou desvantagens de digitalizar documentos.
A pergunta “Quando será realizada a pesquisa?” leva o pesquisador a gerenciar em seu projeto o 
tempo de execução da pesquisa e da produção final. O cronograma contém dois elementos fundamentais: 
atividade a ser executada e período em que será executada. A seguir, exemplo de cronograma:
Quadro 11 
Período de tempo
Tarefa 
1 2 3 4 5 6 7 ...
Levantamento da literatura 
relevante, leituras teóricas e 
fichamento
x x
Coleta de formatação do corpus 
em arquivos eletrônicos x x
Análise qualitativa x x
Análise quantitativa x
Organização e interpretação dos 
resultados x x x
Redação de artigo para publicação 
em periódicos da área x x x
Organização da documentação 
necessária ao relatório e redação 
do relatório
x
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Referente a “Quais as fontes básicas consultadas?”, um texto científico deve ser fundamentado 
em fontes teóricas para demonstrar um conhecimento prévio do pesquisador sobre o tema tratado. É 
preciso citar referências compatíveis com o nível de excelência de um trabalho acadêmico. São indicadas 
as revistas científicas com arbitragem, sites de instituições reconhecidas e obras e/ou artigos de autores 
com autoridade, ou seja, especialistas no assunto. Revistas de divulgação ou links de assuntos genéricos 
não são fontes para pesquisa científica.
A questão “Qual será a repercussão da pesquisa?” é fundamental para um projeto ser aceito ou 
não por um avaliador. Além disso, uma pesquisa não se encerra em si mesma, pois ela provoca ou 
complementa outras pesquisas futuras.
A repercussão se relaciona também às formas de avaliação do texto científico após ele estar pronto. 
Existirá uma banca julgadora ou só o professor orientador fará um julgamento? A pessoa avaliadora 
é da área de pesquisa e conhece profundamente o tema ou é de fora da área e, portanto, terá mais 
dificuldade para julgar o trabalho?
Outro aspecto da repercussão é, finalmente, a divulgação da pesquisa. O trabalho final ficará na 
biblioteca da Universidade, será inserido no mundo virtual para qualquer leitor em potencial e/ou poderá 
ser transformado em, por exemplo, uma palestra ou artigo científico?
Enfim, a última questão sobre “Como resumira pesquisa?” trata da capacidade do pesquisador de 
resumir os pontos principais de sua pesquisa de tal forma que o resumo não só contenha tais pontos, 
mas igualmente consiga despertar interesse no leitor para o conteúdo da investigação.
Para finalizar, apresenta-se um roteiro de projeto.
Roteiro de projeto
Estrutura do projeto de pesquisa:
1. Capa: com cabeçalho, título, nome do pesquisador, data.
2. Sumário.
3. Resumo: 300 palavras, com introdução, justificativa, objetivos, método.
4. Introdução e revisão da literatura.
5. Justificativa.
6. Objetivos: geral e específicos.
7. Métodos:
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METODOLOGIA CIENTÍFICA
7.1. desenho de estudo;
7.2. amostra/população alvo;
7.3. critérios de inclusão e exclusão;
7.4. análise estatística;
7.5. aspectos éticos: confidencialidade e privacidade das informações.
8. Cronograma.
9. Referências bibliográficas.
10. Anexos:
10.1. termo de consentimento livre e esclarecido;
10.2. termo de confidencialidade;
10.3. instrumento de coleta de dados.
O projeto pode conter todos os elementos estruturais indicados ou sofrer adaptação, conforme a 
área e o tipo de pesquisa. Por exemplo, uma pesquisa pode não envolver análise estatística ou precisar 
da inserção de orçamento e fonte financiadora.
Para este curso, é necessário produzir um projeto de pesquisa para o trabalho final: a monografia. 
Assim, você já pode confeccionar seu projeto.
Exemplo de aplicação
As atividades seguintes são propostas por Machado (2005).
I. Qual dos seguintes temas você considera ser mais viável para um trabalho em literatura? Por quê?
( ) A literatura brasileira do séc. XVII ao séc. XX.
( ) O uso de “portanto” em Dom Casmurro.
( ) O perfil psicológico da mulher em Dom Casmurro.
( ) O perfil psicológico de Capitu em Dom Casmurro.
II. E para um trabalho em administração?
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( ) A aplicação de projetos de gestão ambiental em empresas.
( ) A aplicação de projetos em empresas do ramo alimentício.
( ) Os benefícios em termos de marketing dos programas de responsabilidade social de grandes 
empresas.
( ) O desempenho do gerente de vendas X em relação à campanha Y.
III. Assinale o que lhe permitiu eliminar alguns temas e escolher outros, mesmo sem ter conhecimento 
dessas áreas:
( ) Temas não muito amplos.
( ) Temas não muito específicos.
( ) Temas que não dizem respeito ao objeto a ser estudado.
( ) _____________________________________________________
IV. Complete o quadro a seguir com o que você aprendeu sobre a construção das questões de 
pesquisa.
Quadro 12 
A(s) questão(ões) de pesquisa não deve(m) ser ...................................................................................................................................................
................................................................................................................................................................................................................................................
...............................................................................................................................................................................................................................................
Para formulá-las, podemos usar ou não ................................................................................................................................................................
.................................................................................................................................................................................................................................................
Algumas das questões possíveis são: quem? O que é? Como? Por quê? Para quê? Onde? Em qual lugar? Em qual 
situação? Quando? Quantos? Quais? Em que medida? De que forma? Que relações tem Y com X? etc. Para que elas 
sejam claras e relevantes, elas devem ser ............................................................................................................................................................
.................................................................................................................................................................................................................................................
Leia o texto a seguir e verifique se ele pode lhe fornecer outras dicas para completar o quadro que 
acabamos de apresentar.
Conselhos úteis sobre questões de pesquisa:
a) As questões de pesquisa não devem ser nem amplas demais (porque, se o forem, você não vai 
se capaz de respondê-las nem vai ter tempo), nem restritas demais (aí você corre o risco de que o seu 
trabalho não tenha a menor relevância).
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b) Pinto (apud MACHADO, 2005) caracteriza a pergunta que se deve fazer ao livro do I-Ching para 
se obter uma boa resposta, que nos parece poder ser transposta para o caso de uma pesquisa. Ele diz 
o seguinte: “A formulação da pergunta tem um papel decisivo no êxito ou no fracasso da consulta (no 
sentido da compreensão ou não da resposta obtida).
2.4.2 Artigo científico
Por onde começar a escrever um artigo científico? Conforme demonstrado por Motta-Roth e 
Hendges (2010), o autor de um artigo científico busca:
• selecionar as referências bibliográficas relevantes ao assunto;
• refletir sobre estudos anteriores na área;
• delimitar um problema ainda não totalmente estudado na área;
• elaborar uma abordagem para o exame desse problema;
• delimitar e analisar um conjunto de dados representativo do universo sobre o qual deseja alcançar 
generalizações;
• apresentar e discutir os resultados da análise desses dados;
• finalmente, concluir, elaborando generalizações a partir desses resultados, relacionando-as aos 
estudos prévios dentro da área de conhecimento em questão.
Na progressão do texto, este passa a se configurar, então, de forma geral, em: introdução, metodologia, 
resultados e discussão, conforme Motta-Roth (2010, p. 69):
+ GERAL
Introdução: apresentação de fatos conhecidos, resumo de estudos prévios, generalizações 
sobre conhecimento compartilhado e indicação da importância do assunto para a área.
+ GERAL
 + Específico 
Identificação de um problema a ser estudado
Metodologia: descrição dos materiais e procedimentos usados no trabalho para estudar o 
problema
Resultados: informações e dados obtidos, comentados com o auxílio de exemplos retirados do 
próprio trabalho.
 + Específico 
+ GERAL
Discussão: interpretação dos resultados em relação ao que se avançou no conhecimento do 
problema
+ GERAL
Figura 12 
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Unidade II
Em resumo, o artigo científico deve contemplar os seguintes itens:
• título e subtítulo (se houver);
• autoria;
• informações adicionais em nota de rodapé (sobre os autores, incluindo e-mail para contato);
• resumo com palavras-chave;
• introdução: tema, problema, justificativa, objetivo, método;
• desenvolvimento: fundamentação teórica, metodologia, resultados alcançados e discussão;
• conclusão;
• referência.
Veja um exemplo do início de um artigo científico:
PESQUISA NA ESCOLA:
QUE ESPAÇO É ESSE?
O DO CONTEÚDO OU O DO PENSAMENTO CRÍTICO?
Maria Otilia Guimarães Ninin*
PUC-Cogeae/UNIP-SP/CNSD-SP
RESUMO: Este artigo tem como objetivo discutir o papel da pesquisa nas escolas de 
Ensino Fundamental e Médio, tendo como eixo fundamental a concepção de ensino na 
perspectiva da pedagogia crítica. Os procedimentos discutidos visam a oferecer ao professor 
subsídios para o trabalho com a pesquisa em salade aula, tais que propiciem aos alunos 
o desenvolvimento de competências e habilidades relacionadas aos quatro pilares da 
educação: aprender a fazer, aprender a ser, aprender a conviver, aprender a aprender. O 
artigo está organizado da seguinte forma: a Introdução, cujo foco é a apresentação do tema 
“pesquisa na escola”; das seções Pesquisa: O que é?, Pesquisa: Por que e para que fazer?, 
Pesquisa: Como fazer?, em que discuto argumentos teóricos que sustentam a atividade de 
pesquisa em sala de aula; e da seção Algumas Considerações, na qual focalizo limitações e 
perspectivas para o trabalho do professor com pesquisa na sala de aula.
PALAVRAS-CHAVE: Pesquisa; Etapas da Pesquisa; Mediação
ABSTRACT: This article aims to discuss the role of the research in Elementary and 
High School, considering as fundamental importance the conception of education from 
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METODOLOGIA CIENTÍFICA
of the critical pedagogy. The research procedures aim to offer to the teacher a base for 
his/her work with the research in classroom, to offer the possibility of development of 
abilities to students, according the four focus: learning to make, learning to be, learning 
to live together and learning to learn. The article is organized from the following way: the 
Introduction, whose focus is the presentation of the subject “research in the school”; the 
sections “Research: What is it?” “Research: Why does you make one?”, “Research: how do 
you make one?”. In these sections, I discuss theoretical arguments that have supported the 
research activity in classroom; and “Some Considerations”, where I focus limitations and 
perspectives about teachers’ work when they use research in their classroom.
KEYWORDS: Research; Steps of the Research; Mediation
____________
* Professora PUC-Cogeae cursos de extensão universitária; doutora em Linguística 
Aplicada e Estudos da Linguagem PUC-SP; integrante de grupos de pesquisa na PUCSP, em 
EAD e Linguagem e Educação; Coord. Ped. Curso de Letras na UNIP; Diretora Ped. CNSD-SP. 
E-mail: otilianinin@terra.com.br
Fonte: Ninin (2008, p.17-18).
Esse início é constituído de:
• título centralizado e em negrito;
• nome da autora, à direita da página, com acréscimo da instituição da qual a autora faz parte (em 
nota de rodapé, uma apresentação da autora: informações relevantes sobre seu lado profissional);
• resumo (a palavra “resumo” em negrito): um parágrafo apenas, seguido de palavras-chave retiradas 
do resumo;
• abstract: o resumo traduzido em língua inglesa, seguido igualmente por palavras-chave (keywords).
 Saiba mais
O artigo na íntegra pode ser encontrado em:
NININ, M. O. G. Pesquisa na escola: que espaço é esse? O do conteúdo 
ou o do pensamento crítico? Educação em Revista, Belo Horizonte, n. 48, 
p. 17-35, dez. 2008. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/edur/n48/
a02n48.pdf>. Acesso em: 27 jul. 2015.
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Unidade II
O artigo científico serve para divulgar resultados recentes de pesquisa e é publicado em revistas 
especializadas da área. Sua publicação/divulgação é bem mais rápida e abrangente do que uma 
dissertação ou tese, pois estas levam mais anos para pesquisa e produção, restringindo-se às bibliotecas 
das próprias universidades.
2.4.3 Monografia
É esperado que, em final de curso de especialização, o aluno apresente uma monografia.
Monografia é:
• um trabalho que observa e acumula observações;
• organização dessas informações e observações;
• uma procura das relações e regularidades que pode haver entre elas;
• indagação sobre os seus motivos;
• utilização de forma inteligente das leituras e experiências para comprovação;
• comunicação aos demais sobre os resultados (LAKATOS; MARCONI, 2007b).
O termo “monografia”, segundo Severino (2007), designa trabalho científico reduzido a um único 
assunto, a um único problema. Ou seja, a monografia satisfaz a exigência da especificação, em que o 
tema é devidamente especificado e delimitado.
O trabalho monográfico não pretende tratar de todos os aspectos do problema de pesquisa. O 
importante é ater-se ao substancial da pesquisa, não se perdendo em grandes retomadas históricas, em 
repetições, em contextualizações amplas.
No texto monográfico, conforme Lakatos e Marconi (2007b), as afirmações expressam uma verdade, 
que vem acompanhada de provas, isto é, uma comprovação que distingue o científico daquele que não 
o é.
Além de ser objetiva, a monografia é sistemática, segundo princípios lógicos. Ela também expõe 
interpretação e relação entre os fenômenos e suas regularidades. Ao produzir a monografia, você, aluno 
deste curso, exporá:
• experiência das leituras, conhecimento etc.;
• capacidade analítica;
• capacidade de distinguir fatos das opiniões, as diferentes relações entre os fatos.
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METODOLOGIA CIENTÍFICA
Quanto à apresentação geral, a monografia possui as seguintes partes:
• capa;
• página de rosto;
• página de dedicatória;
• página de aprovação;
• sumário;
• lista de tabelas e/ou figuras;
• resumo;
• corpo do trabalho com: introdução, desenvolvimento, conclusão;
• apêndices;
• anexos;
• bibliografia;
• página de crédito do autor;
• capa.
As partes principais de um texto científico são mantidas na monografia.
A introdução, para Soares (2003), deve incluir:
• apresentação geral do assunto do trabalho;
• definição sucinta e objetivo do tema abordado;
• justificativa sobre a escolha do tema e métodos empregados;
• delimitação precisa das fronteiras da pesquisa em relação ao campo e, se for o caso, dos períodos 
abrangidos;
• esclarecimentos sobre o ponto de vista sob o qual o assunto será tratado;
• relacionamento do trabalho com outros da mesma área;
• objetivos e finalidades da pesquisa, com especificação dos aspectos que serão ou não abordados.
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Unidade II
O desenvolvimento da monografia, ainda de acordo com Soares (2003), correspondente ao corpo 
do trabalho. É no desenvolvimento que o autor do trabalho expõe e demonstra sua pesquisa, seus 
argumentos, suas ideias, seus resultados. É na parte argumentativa que o autor apresenta as premissas 
que justificarão sua conclusão.
O desenvolvimento do tema é apresentado em capítulos, títulos, subtítulos, seções, itens etc., 
organizados de forma lógica.
Na parte final da monografia, o autor volta à introdução do texto e confirma ou nega o problema 
de pesquisa proposto, explicando os fatos que o levam a chegar a tal conclusão. Apresenta também 
conclusões correspondentes aos objetivos ou hipótese (se houver), bem como apresenta suas 
considerações finais em relação ao tema tratado.
A conclusão deve ser fundamentada nos resultados e na discussão, contendo deduções lógicas e 
correspondentes, em número igual ou superior, aos objetivos propostos, compondo a fase final de toda 
argumentação desenvolvida. Constitui um regresso à introdução, fechando-se sobre o início do trabalho 
(SOARES, 2003).
Exemplo de aplicação
Chegou o momento de dar início ao trabalho final deste curso: a monografia. Ela poderá ser escrita 
em língua portuguesa ou em língua inglesa. Dependendo de sua proficiência, o texto seguirá as normas 
da ABNT ou MLA.
A primeira fase será a produção do projeto de pesquisa; a segunda será a produção da monografia.
Para o projeto de pesquisa, já estabeleça as discussões iniciais:
• Qual é o problema de pesquisa? Lembre-se: sem uma pergunta (dúvida, problema), o pesquisador 
não tem razão para ir à caça a respostas.
• Faça uma lista de possíveis assuntos e seus respectivos temas, a fim de delimitação e escolha 
apropriada do tema.
Por exemplo:
• assunto: letramento

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