Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
33 PÓ S - Re vi sã o: V irg in ia /L uc as - D ia gr am aç ão : F ab io - 2 8/ 07 /2 01 5 METODOLOGIA CIENTÍFICA Unidade II 2 CIÊNCIA: LINGUAGEM, GÊNEROS E ORGANIZAÇÃO Em um curso de especialização como este, o ingressante é mais do que aluno; é um iniciante na carreira ou já profissional e, em ambas as situações, trata-se de uma pessoa que está à procura de um aprofundamento em sua área. Nesse aprofundamento, depara-se com a dupla função: ser melhor em sua profissão (como docente, tradutor ou outro campo de atuação dentro da área de língua) e dar início à vida de pesquisador. Para tanto, o curso oferece disciplinas voltadas à língua, as quais ajudam o aluno a conhecer melhor com base teórica mais atual, e exige um texto no final do curso – seja artigo científico ou monografia – em que o aluno mostrará sua inserção no mundo da ciência. Nesta unidade, alguns fatores para leitura e produção de texto científico são abordados justamente como um suporte a mais nessa inserção ao mundo da ciência, agora com o aluno no papel de pesquisador. Assim, esta unidade trata da noção de gênero textual voltado ao discurso científico-acadêmico e à linguagem com exemplo de sua manifestação em texto científico. Indica também como fazer levantamento bibliográfico e como organizar os dados coletados durante as leituras teóricas para a produção do texto científico. Além disso, aponta para a estrutura de três gêneros: projeto de pesquisa, artigo científico e monografia. 2.1 Iniciação à pesquisa científica 2.1.1 Gêneros científicos O contexto universitário leva à produção de textos, cujos objetivos são muito específicos. Um artigo científico, uma resenha, monografia, por exemplo, têm funções diferentes, sendo cada um desses gêneros reconhecido pela particularidade com que é construído (MOTTA-ROTH; HENDGES, 2010). Exemplo de aplicação Antes de um aprofundamento sobre a especificidade dos gêneros que ocorrem no meio científico/ acadêmico, indique com (c) os gêneros que você conhece e com (√) os que você já escreveu. Acrescente outros que você conheça: ( ) Artigo. ( ) Monografia. 34 PÓ S - Re vi sã o: V irg in ia /L uc as - D ia gr am aç ão : F ab io - 2 8/ 07 /2 01 5 Unidade II ( ) Dissertação (mestrado). ( ) Tese. ( ) Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) ( ) Projeto de pesquisa. Outros: ....................................................................................................... Os gêneros de textos acadêmicos constroem-se, levando-se em conta: • Tema e objetivo do texto: o que se deseja realizar ao publicar o texto. • Público-alvo: para quem se escreve (para alunos de graduação, alunos de doutorado, público leigo?). • Natureza e organização das informações inclusas no texto: seções para cada parte da pesquisa como revisão da literatura, metodologia e resultados. Os gêneros acadêmicos/científicos fazem parte do contexto de trabalho do professor/pesquisador de língua e literatura. Relacionam-se à linguagem e não podem ser tratados como a-históricos, pois são, ao contrário, atravessados pelas representações já constituídas sobre o seu (de cada gênero) uso. Essa perspectiva dada à relação linguagem e trabalho do professor é o interacionismo sociodiscursivo, na formulação de Bronckart (1999). Nessa visão, os gêneros acadêmicos encontram-se à volta do professor/pesquisador, sendo elaborados e fornecidos pelo meio social em que o professor/pesquisador se encontra. O professor/pesquisador, no papel de autor de um gênero de texto acadêmico, discorre sobre o tema estudado, dando interpretações, avaliações ou reformulações, além de enfatizar o que lhe parece relevante. O seu leitor, por sua vez, também apresenta a sua interpretação ao fazer recortes do texto lido, resumos, ampliações, dando ênfase a um outro aspecto observado etc. Nessa interpretação, o agente (autor) e o observador (leitor) centram-se em alguns elementos constitutivos, tais como: • As razões que levam o autor/leitor a agir de uma determinada forma. • A intencionalidade, ou seja, a finalidade das ações do autor/leitor. • Os recursos e as fontes, que são os instrumentos usados no agir (na produção/na leitura de um gênero textual). Assim, a relação entre autor/leitor representa diferentes formas de agir expressas em um texto, podendo distinguir os actantes em geral – aqueles que produzem algumas modificações no mundo ou 35 PÓ S - Re vi sã o: V irg in ia /L uc as - D ia gr am aç ão : F ab io - 2 8/ 07 /2 01 5 METODOLOGIA CIENTÍFICA que são vistos como agentes, sem intenção, motivo, capacidade sobre o agir; ao contrário dos agentes, há os atores, com sua situação, motivos, responsabilidade. Ao produzir um texto, então, o actante encontra-se em situação física – autor, leitor, espaço-tempo do ato de produção – e situação social – tipo de interação social, finalidades possíveis, papéis atribuídos aos protagonistas da interação. Tais paramentos situacionais definem o tipo de agir verbal, incluindo os conhecimentos temáticos do texto, bem como a organização textual. A produção verbal envolve, de um lado, a adoção de um gênero textual adequado à situação sócio- histórica e, de outro lado, a adaptação desse gênero às características particulares da situação em que se encontra o agente. Assim, o texto produzido será marcado por determinadas características genéricas e também por características individuais e estilísticas. Complete o quadro proposto por Machado (2005, p. 68) com o que você sabe sobre a situação de produção de textos acadêmicos/científicos: Quadro 7 Situação de produção Dissertação (mestrado) Tese (doutorado) TCC ou monografia Projeto de pesquisa Autor Nome Papel social do autor Aluno de graduação Imagem de si que o autor quer passar Autor/pesquisador; alguém que tem uma informação importante a passar ao leitor Papel social do leitor Professor, prioritariamente; outros alunos e professores eventualmente Imagem do leitor Leitor interessado naquilo que o autor diz Efeito que o autor quer produzir no leitor em relação à sua própria imagem Que aproveitou o curso; que sabe pesquisar; que sabe expor um texto de modo científico 36 PÓ S - Re vi sã o: V irg in ia /L uc as - D ia gr am aç ão : F ab io - 2 8/ 07 /2 01 5 Unidade II Instituição social em que o texto vai circular e/ou meio possível Instituição escolar/ acadêmica Oral ou escrito; digital Momento possível da produção Final de curso de graduação Efeito que o autor quer produzir sobre o leitor Que compreendam os pontos principais do trabalho; que julguem pertinentes as questões levantadas; que o conhecimento tenha aumentado; que o leitor se convença das afirmações e tese central do autor Neste curso, o gênero que será produzido por você, aluno, é a monografia com a possibilidade de entrega de um projeto de pesquisa como ação anterior à produção monográfica. 2.1.2 Linguagem científica na produção Ao escrever o texto científico, há um formalismo geral na linguagem, alcançado por meio de estratégias. Exemplo: O autor diz/afirma que o conceito de gênero é produtivo na análise do discurso da Ciência. Os resultados de certos/ inúmeros/ 50% dos projetos têm sido bons/ encorajadores no que tange ao desenvolvimento regional. informal – impreciso/ formal - específico Figura 6 Pelo exemplo, verifica-se o cuidado na seleção de palavras, a qual pode recair em carga semântica com significado bem geral, impreciso e até mesmo informal. Os termos empregados não apenas precisam ter sentido específico, como também ter caráter mais formal. 37 PÓ S - Re vi sã o: V irg in ia /L uc as - D ia gr am aç ão : F ab io - 2 8/ 07 /2 01 5 METODOLOGIA CIENTÍFICA Observação A expressão “revisão da literatura” é empregada para designar a parte de um texto científico, a qual resume, faz paráfrase e discute a teoria existentesobre o tema. Em uma monografia, a revisão da literatura é o capítulo teórico. Em relação aos marcadores linguísticos da revisão da literatura, as citações podem ter diferentes formas verbais, mas os padrões nas áreas humanas são: • Passado. Exemplo: “Fulano (1990) investigou a concepção de gêneros do discurso...”. — A ênfase recai no que os pesquisadores anteriores fizeram. • Pretérito perfeito composto. Exemplo: “A concepção de gêneros do discurso tem sido investigada (FULANO, 1990; SICRANO, 2000; BELTRANO, 2008...).” — A ênfase recai na atividade do pesquisador. A referência é feita a uma área de pesquisa e não ao pesquisador como agente. • Presente. Exemplo: “A concepção de gêneros do discurso é complexa (SICRANO, 2000; BELTRANO, 2008). Parece haver um conjunto complexo de elementos envolvidos na concepção de gênero...”. — A ênfase recai no resultado de pesquisas. A referência é feita ao estatuto corrente do saber e não à atividade do pesquisador. Para fazer referência, os verbos de citação tendem a ser os: Quadro 8 Sugerir, argumentar, mostrar, explicar, descobrir, destacar em Linguística Aplicada Descobrir, sugerir, notar, reportar, demonstrar, fornecer em Educação Dizer, sugerir, argumentar, alegar, destacar, pensar em Filosofia 38 PÓ S - Re vi sã o: V irg in ia /L uc as - D ia gr am aç ão : F ab io - 2 8/ 07 /2 01 5 Unidade II Há diferença entre esses verbos na carga semântica. O verbo, por exemplo, “dizer” é mais neutro e menos avaliativo do que o verbo “sugerir”, que é mais carregado de modalização, indicando menos certeza do que “dizer”. Um aspecto a ser levado em conta no momento da escolha de um verbo de citação é o cuidado que o pesquisador deve ter para não atribuir intenções ao autor citado. Considere o fragmento a seguir, exemplificado por Motta-Roth e Hendges (2010, p. 100): Há divergências entre os examinadores acerca da utilização de dimensões adicionais na avaliação de grau, tais como a qualidade do treinamento e o ambiente onde a pesquisa foi desenvolvida, segundo a pesquisa realizada por Powell e McCauley (2002). Não obstante, a maioria dos examinadores prioriza a tese como elemento de avaliação, ponderando que os referidos itens não devem ser considerados na avaliação. Apesar desse aspecto, esses mesmos examinadores exprimem outros atributos como “competência do candidato”, “padrões de aprovação” e “julgamento do candidato” como dimensões a serem consideradas, mas não explicitam claramente a tese como reveladora dessas dimensões. Assim, questiona-se onde e de que forma elas poderiam ser analisadas. Uma hipótese é considerar que os examinadores utilizem o exame oral para esse fim. No entanto, a prioridade máxima que tem sido atribuída ao trabalho escrito tem também suscitado dúvidas quanto à necessidade e à importância do exame oral (PEZZI; STEIL, 2009). Em geral, os verbos de citação podem ser usados em quatro situações: • Com o nome do autor na posição de sujeito gramatical. Ex.: Sicrano (2000) mostra que o desenvolvimento sustentável é eficiente. • Com o nome do autor como agente do verbo na voz passiva. Ex.: “Esse modelo foi desenvolvido por Sicrano (2000)”. • Com um termo que designa uma classe (pesquisadores, autores, estudos etc.). Ex.: “Vários estudos na literatura usam modelos similares”. • Com termos referentes ao processo ou produto da pesquisa que substituem o agente (resultados, conclusões etc.). Ex.: “Resultados de pesquisa recentes (SICRANO, 2000) mostram que o modelo tem ampla aplicabilidade”. Os verbos de citações integrais mais empregados são: • Apresentar, argumentar, afirmar, citar, defender, descrever, discutir, mencionar, postular, referir-se a, relatar, sumarizar. 39 PÓ S - Re vi sã o: V irg in ia /L uc as - D ia gr am aç ão : F ab io - 2 8/ 07 /2 01 5 METODOLOGIA CIENTÍFICA Existem algumas maneiras de fazer citações integrais. Entre elas (MOTTA-ROTH; HENDGES, 2010): • As proposições de Fulano (2000) e Beltrano (2000) acentuam/ privilegiam... • Isso se relaciona com o que Fulano (2000) denomina de... • Tal abordagem foi/tem sido sugerida por Fulano e Beltrano (2000) e seus conceitos foram estendidos por Beltrano (2013)... • X foi proposto por Fulana... • Entre as características, Beltrana (2010) separou... • Conforme Fulana e Beltrano (2010) é possível que... Algumas maneiras de fazer citações não integrais são: • X é/ significa... (FULANO, 2000). • Esse sistema mostra Y..., porém algumas vezes, apresenta problemas... (FULANO, 2000). Quanto aos verbos que se ligam ao relato de procedimentos e resultados de pesquisa, categorizam- se em verbos de atividade experimental, verbos de atividade discursiva e verbos de atividade cognitiva. Os verbos de atividade experimental apresentam-se como: • Verbos de procedimento: usados para relatar métodos ou procedimentos em pesquisa. — Exemplos: categorizar, conduzir, correlacionar, comparar, completar, avaliar, usar. — Verbos que devem ser evitados por ser muito gerais, exceto se claramente associados a variáveis: examinar, estudar, analisar, investigar. • Verbos de resultado: usados para relatar resultados de pesquisas previas. Eles podem ser verbos de objetividade e verbos de efeito. Os verbos de objetividade reportam pesquisas prévias de forma neutra: — Exemplos: encontrar – observar – obter. • Verbos de efeito: demonstram que você foi convencido pelos resultados em estudos prévios. São eles: — Exemplos: mostrar – demonstrar – estabelecer. 40 PÓ S - Re vi sã o: V irg in ia /L uc as - D ia gr am aç ão : F ab io - 2 8/ 07 /2 01 5 Unidade II Os verbos de atividade discursiva apresentam-se como: • Verbos de qualificação: usados para citar limitações ou restrições apontadas por autores de pesquisas prévias, indicando necessidade de mais investigação. São os verbos: — Exemplos: alertar, levantar a questão, chamar a atenção para x, apontar. — Exemplo: “Fulano (2000) chama a atenção para as variações apresentadas pelas três regiões do País.” • Verbos de incerteza: podem ser verbos pré-experimento e pós-experimento. — Os verbos pré-experimento são usados para citar hipóteses levantadas em pesquisas prévias: estimar, hipotetizar, prever, propor, postular, tentar estabelecer. — Os verbos pós-experimento são usados para tirar conclusões ou fazer afirmações com base em pesquisas anteriores: sugerir, indicar. • Verbos de certeza: usados para assinalar que a proposição citada funciona como argumento de apoio para sua pesquisa e por isso são interpretados por você para atender sua necessidade de embasamento. — Exemplos: apresentar embasamento, citar/fornecer evidência, manter, concluir, invocar. • Verbos de informação: verbos usados para relatar o que foi feito anteriormente de forma mais neutra, sem explicitar intenção persuasiva. — Exemplos: documentar, reportar, referir-se a, notar, afirmar. Os verbos de atividade cognitiva associam-se a atividades mentais experimentadas pelos autores da pesquisa. Em geral, os verbos apresentam generalizações. Exemplos: considerar, ponderar, pensar, reconhecer, observar, ver, pressupor, conceber. Além desses usos, os verbos exercem função primordial nos textos científicos para indicar objetivo de pesquisa. Tais verbos podem indicar objetivo pessoal e objetivo de pesquisa. Assim, ao esclarecer o objetivo em um projeto de pesquisa, por exemplo, você precisa distinguir o que é um e o que é outro, restringindo-se ao objetivo de pesquisa. Exemplo de aplicação I. Leia os dois trechos que fazem referência ao estudo de Pezzi e Steil (2009) — citação da página 38 de nosso material — e indique qual dos dois verbos de citação representa com maior fidelidade o que diz o texto original: 41 PÓ S - Re vi sã o: V irg in ia /L uc as - D ia gr am aç ão : F ab io - 2 8/ 07 /2 01 5 METODOLOGIA CIENTÍFICA ( ) Pezzi e Steil (2009) indicam a defesa oral como meio para o julgamento da competênciado candidato em exames de pós-graduação. ( ) Pezzi e Steil (2009) sugerem a defesa oral como meio para o julgamento da competência do candidato em exames de pós-graduação. II. Faça o teste proposto por Machado (2005, p. 52), distinguindo os objetivos pessoais (A) dos objetivos de pesquisa (B): ( ) Com este trabalho, pretendo melhorar o ensino das línguas estrangeiras no Brasil. ( ) Este artigo objetiva melhorar a pronúncia dos alunos brasileiros de língua inglesa. ( ) Este trabalho se propõe a buscar uma compreensão mais ampliada do trabalho do professor no ensino de leitura com a utilização do diário de leituras. ( ) Esse estudo objetiva melhorar minha relação, enquanto professora, com meus alunos. ( ) Esse trabalho visa analisar os problemas de relação entre professores e alunos. III. Sublinhe os verbos que introduzem os objetivos: Exemplo: Este trabalho, ao discutir a construção da subjetividade individualizada, tal qual vem se apresentando na modernidade ocidental, pretende contribuir para a investigação dos modos de produção desse indivíduo e das possibilidades que lhe são apresentadas na qualidade de sujeito de seu projeto de vida, pretende, por fim, cooperar para o aprofundamento da desconstrução de discursos apresentados como únicos e naturais, contrapondo-lhes alternativas de reflexão sobre o desenvolvimento dos saberes sobre o homem, ao longo da história (MANCEBO, 2002). a) Entretanto, para decidir sobre ações político-acadêmicas, faz-se necessário primeiro voltarmo- nos para nós mesmos, tanto utilizando uma perspectiva histórica como fazendo uma análise crítica das tendências atuais. Foi essa tarefa que me propus realizar, como um preâmbulo para a discussão das questões que hoje nos preocupam (KLEIMAN, 1992). b) Este trabalho visa discutir o processo de reconstrução do conhecimento do professor de inglês a partir do questionamento de suas ações instrucionais rotineiras (CASTRO, 1998). São muitos os aspectos linguísticos referentes à produção de um texto científico e aqui foram tratados apenas alguns, considerados pertinentes. Ressalta-se, então, a abrangência da linguagem científica e a necessidade de aprofundamento sobre ela. Para fechar esse tópico sobre produção, algumas considerações culturais na publicação de textos científicos na língua inglesa por acadêmicos do terceiro mundo. 42 PÓ S - Re vi sã o: V irg in ia /L uc as - D ia gr am aç ão : F ab io - 2 8/ 07 /2 01 5 Unidade II Devido à globalização e à centralização de publicação científica em língua inglesa, aumentou a importância da publicação de trabalhos em revistas internacionais de renome. Assim, a primeira consideração é sobre as exigências linguísticas, pragmáticas e enunciativas do discurso acadêmico escrito em língua inglesa. Ao contrário da comunicação oral – a fala –, os textos escritos sofrem pela falta de tolerância. Um brasileiro pesquisador, por exemplo, interessado em publicar seus últimos resultados não deve saber apenas o código, mas saber também como se expressar de maneira adequada e proficiente, tendo êxito na comunicação. No esclarecimento de El-Dash (2007, p. 106-107), é o contexto da comunicação é crítico: No contexto americano, onde é publicada uma boa porcentagem das revistas especializadas acadêmicas, a percepção da adequação do uso da língua reflete as expectativas dos próprios americanos, falantes nativos de inglês. Em outras palavras, os artigos precisam apresentar um formato linguístico aceitável ao julgamento de adequação sob o ponto de vista do nativo. Uma das exigências é sobre as relações no nível lexical. O pesquisador brasileiro, por exemplo, ao escrever um artigo científico em inglês, precisa preocupar-se com as distinções sutis entre as palavras, uma vez que os falantes de inglês valorizam a precisão e a explicitude. O sistema de adjetivos de inglês é considerado em pares. Assim, para cada par far [distante, longe] e near [perto], há um contínuo dicotômico e os membros desse par não são iguais. Nas perguntas neutras sobre esses adjetivos, normalmente apenas um desses elementos do par participa (no caso, far) para se referir ao contínuo geral de distância. Pergunta-se, então, “How far is...?” ou “The question of how far...”, não significando necessariamente que o objeto de interesse esteja longe. Porém, ao se formular a pergunta “How near is...?”, cria-se uma ideia negativa ao pressupor que o objeto se encontra próximo. Quanto à pergunta “Qual é a distância?...”, o equivalente em inglês “What is the distance...?” é frase gramatical, mas não soa adequada. É aceitável perguntar a distância de maneira genérica, tal como “What do you know about the distance?”, mas, em indagações específicas sobre a grandeza de tal distância, exige-se a pergunta explícita com “How far?”. A cultura que exige explicitude em relação ao vocabulário tende a responsabilizar a (falta de) compreensão para o falante, que (não) expressou bem. Podem existir gêneros – como a poesia – em que tal responsabilidade recai sobre o ouvinte, mas esses gêneros não são necessariamente adquiridos ou dominados por todos os falantes nativos. Outra exigência da língua inglesa, que relega a responsabilidade da compreensão ao falante, é o aproveitamento de hipotaxe nas estruturas da sintaxe. Um exemplo é se o autor já mencionou que houve um aumento em alguma coisa, como o comprimento de uma linha. Quando faz referência a esse aumento, o autor brasileiro costuma escrever frases como “The change in the size of the line” (“A mudança no tamanho da linha”). O falante de inglês, no entanto, espera a recuperação explícita da direção dessa 43 PÓ S - Re vi sã o: V irg in ia /L uc as - D ia gr am aç ão : F ab io - 2 8/ 07 /2 01 5 METODOLOGIA CIENTÍFICA mudança e o uso do item lexical adequado: “The increase in the length of the line” (“O aumento no comprimento da linha”). Para o falante nativo de inglês, a falta de explicitação relativa à mudança cria, no nível da oração, o efeito de esquivação, mesmo que o leitor recupere a ideia de aumento com base no texto como um todo. Ao mesmo tempo, não é aceitável o autor brasileiro reafirmar que “The length of the line increased” (“O comprimento da linha aumentou”), porque desvia o enfoque do argumento, se tal tamanho já foi constatado. A informação reiterada precisa ser clara. Uma outra exigência diz respeito ao uso pragmático da língua inglesa quando se quer expressar um foco. Existem dois tipos de foco: um de identificação ou contraste (foco de ênfase) e outro que dá informação nova e não pressuposta na oração. O foco de identificação na língua inglesa é geralmente resultado do movimento sintático do elemento específico para o final da frase em texto escrito. Trata-se de um recurso usado para enfatizar ou chamar a atenção do leitor para uma informação específica. Observação Diferente da língua inglesa, a língua portuguesa recorre à anteposição de um termo para realçá-lo. Entre os recursos para conferir a ênfase, há a voz passiva, a anteposição de advérbios e objetos, expressão existencial com “there” e as sentenças clivadas (“cleft sentences”), todos deixando em posição final o que deve ser destacado. No caso do uso do adjetivo, tanto na língua portuguesa quanto na língua inglesa, o padrão de anteposição respeita as normas de ênfase da respectiva língua. Em condições normais, em texto em inglês, a informação nova fica no final da frase, pois a informação nova já é enfocada por ser nova e também por estar na posição em destaque no final da frase. Veja os exemplos dados por El-Dash (2007): (1) Numerous studies of population growth. (2) Numerous population growth studies. No exemplo (1), os estudos tratarem do crescimento da população é informação nova e no exemplo (2), a questão de os estudos tratarem do crescimento da população é informação velha, já introduzida antes no texto, e a informação sobre esse crescimento fica então colocada antesda informação enfocada, que são os estudos. O problema é que no português os dois exemplos teriam a mesma tradução: “Numerosos estudos sobre o crescimento da população”. Quando um adjetivo expressa uma informação nova, que envolve um foco especial no texto, ele tende a estar na posição pós-verbal, como adjetivo predicativo (“The snake is dangerous”). Quando essa periculosidade já foi estabelecida no texto e passa a ser vista como parte da informação, o adjetivo é colocado na posição pré-nominal para diminuir a ênfase e, assim, abrir espaço para a colocação de outras informações novas ou em destaque no fim da oração. Observe outro exemplo: 44 PÓ S - Re vi sã o: V irg in ia /L uc as - D ia gr am aç ão : F ab io - 2 8/ 07 /2 01 5 Unidade II (1) She was wearing a wedding dress, gorgeous and hand-made. (2) She was wearing a gorgeous, hand-made wedding dress. Frente a esses exemplos de exigência para publicar texto acadêmico em língua inglesa, o pesquisador brasileiro precisa conscientizar-se das normas linguísticas da cultura nativa do país onde se publica a revista. 2.1.3 Linguagem científica na leitura Em cursos de graduação e pós-graduação, a leitura de gêneros de textos científicos é ação constante e predominantemente tanto para a construção/apreensão dos conteúdos de aula quanto para a produção textual dos alunos-pesquisadores. O conteúdo científico é acessível por meio das leituras de livros ou capítulos de livros, artigos científicos, palestras, teses, entre outras. O primeiro passo na busca de material para leitura consiste na identificação do texto a ser lido. Deve-se ler: • Título, que estabelece assunto e, às vezes, a intenção do autor. • Data da publicação, certificando-se da atualização ou aceitação (pelo número de edição), a não ser que seja obra considerada clássica. • Índice ou sumário para ter ideia dos tópicos abordados. • Introdução ou prefácio para processar indício da metodologia, objetivos. • Bibliografia para ver obras consultadas e linha teórica do autor. Devido ao fato de o pesquisador lançar seu tema e problema de pesquisa, as leituras precisam sempre ter um objetivo para o leitor não recorrer a temas e teorias diversas, ou seja, para manter o foco e delimitar os textos lidos. Exemplo de aplicação Faça a atividade a seguir, que mostra bem como o objetivo da leitura leva o leitor a identificar informações diferentes do mesmo texto. Leia o texto, levantando as características mais importantes da casa descrita, tendo uma finalidade: ser um possível comprador da casa: Os dois garotos correram até a entrada da casa. “Veja, eu disse a você que hoje era um bom dia para brincar aqui”, disse Eduardo. “Mamãe nunca está em casa na quinta-feira”, ele acrescentou. Altos arbustos escondiam a entrada da casa; os meninos podiam correr no jardim extremamente bem cuidado, “Eu não sabia que sua casa era tão grande”, disse Marcos. “É, mas ela está mais bonita agora, desde que meu pai mandou revestir com pedras. Essa parede lateral estava vazia, exceto pelas três bicicletas com marchas guardadas aí”. Eles 45 PÓ S - Re vi sã o: V irg in ia /L uc as - D ia gr am aç ão : F ab io - 2 8/ 07 /2 01 5 METODOLOGIA CIENTÍFICA entraram pela porta lateral, Eduardo explicou que ela ficava sempre aberta para suas irmãs mais novas entrarem e saírem sem dificuldade. Marcos queria ver a casa, então Eduardo começou a mostrá-la pela sala de estar. Estava recém-pintada, como o resto do primeiro andar. Eduardo ligou o som: o barulho preocupou Marcos. “Não se preocupe, a casa mais próxima está a meio quilômetro daqui”, gritou Eduardo. Marcos se sentiu mais confortável ao observar que nenhuma casa podia ser vista em qualquer direção além do enorme jardim. A sala de jantar, com toda a porcelana, prata e cristais, não era lugar para brincar: os garotos foram para a cozinha, onde fizeram um lanche. Eduardo disse que não era para usar o lavabo porque ele ficara úmido e mofado, uma vez que o encanamento arrebentara. “Aqui é onde meu pai guarda suas coleções de selo e moedas raras”, disse Eduardo, enquanto eles davam uma olhada no escritório. Além do escritório, havia três quartos no andar superior da casa. Eduardo mostrou a Marcos o closet de sua mãe cheio de roupas e o cofre trancado onde havia joias. O quarto de suas irmãs não era tão bonito quanto o de seus pais, que estava revestido de mármore, mas para ele era a melhor coisa do mundo. Adaptado de: Pichert; Anderson (1977, p. 69). Agora releia o texto, levantando as características mais importantes da casa descrita com base em outra finalidade: • Para um assaltante. • Para um engenheiro civil. • Para contratar assistentes domésticos. • Para um naturalista. • Para um artista (pintor). • Para um segurança. Verifica-se o papel fundamental do estabelecimento do objetivo da leitura. Assim, quando se produz um texto científico e está em fase de pesquisa bibliográfica, o pesquisador precisa estabelecer seus objetivos de pesquisa e delimitar seu tema para concentrar suas leituras, e não correr riscos de dispersão nem fugir ao tema. Devido ao número grande de leitura realizada, é preciso também ter em mente a memória. Aprender implica em elaborar conhecimento e retê-lo na memória de longo prazo; por conseguinte, ler de maneira proveitosa e útil implica ler porções textuais com elaboração mais adequada das informações para que estas fiquem arquivadas na memória de longo prazo. Para tal, durante a leitura, o pesquisador precisa documentar tais leituras por meio de resumo, fichamento, esquema ou outro meio. Leitura volumosa e rápida não forma engramas na memória de longo prazo e seu resultado é ínfimo. A leitura elaborada, ao contrário, exige primeiramente um passar geral de olhos sobre todo o texto 46 PÓ S - Re vi sã o: V irg in ia /L uc as - D ia gr am aç ão : F ab io - 2 8/ 07 /2 01 5 Unidade II com atenção e cuidado; uma segunda vez, ainda mais atenta, já analisando conceitos e proposições principais; finalmente, uma terceira vez, já elaborando sínteses e integrando as novas informações àquelas já existentes na estrutura cognitiva. Um outro aspecto do processo de leitura é a conexão. Com base na(s) leitura(s) feita(s), o pesquisador pode fazer conexão entre o texto e outro ou outros textos lidos anteriormente, verificando a ligação temática entre eles, o posicionamento de cada autor, resultados diferentes ou semelhantes, entre outras ligações pertinentes. 2.2 Levantamento bibliográfico: organização e funcionamento 2.2.1 Levantamento bibliográfico Na busca de informações para sua pesquisa, tanto na internet quanto fora desta, há recursos. Fora da internet, você pode: • Frequentar bibliotecas públicas, perto da sua residência, para ler livros e revistas especializadas. As bibliotecas municipais possuem rico e variado acervo de várias áreas do conhecimento; além disso, o usuário tem o direito de fazer empréstimo e, com mais calma e tempo, ler as obras em casa. • Ir à biblioteca da universidade para não apenas fazer levantamento de livros e revistas especializadas, mas, também, fazer empréstimo das obras e lê-las em casa. • Atualizar-se com as últimas publicações da área pesquisada ao visitar e/ou comprar livros. As livrarias, geralmente, são especializadas em determinadas áreas e, por isso, é importante informar- se sobre elas. • Conseguir determinadas obras por meio dos sebos, que são livrarias de livros usados. Às vezes, é difícil conseguir uma obra por ser rara ou não mais editada ou é preciso pagar mais barato. Os sebos, então, resolvem esses problemas. Pela internet, pode consultar: • Páginas de departamentos e programas de pós-graduação da área pesquisada. Como exemplo de endereço, há o site: <www.universia.com.br>. Nesse endereço exemplificado, estão disponibilizados o Banco de Teses e Especial Teses. • Site CNPq, nas páginas referentes a Grupos de Pesquisa no Brasil e Plataforma Lattes. A PlataformaLattes serve para consultar o currículo dos pesquisadores brasileiros de sua área. • Portal Periódicos da Capes (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior) para localizar título de publicações nas principais revistas da área. 47 PÓ S - Re vi sã o: V irg in ia /L uc as - D ia gr am aç ão : F ab io - 2 8/ 07 /2 01 5 METODOLOGIA CIENTÍFICA • Sites das bibliotecas das universidades brasileiras e, no caso de conhecer outra língua, consultar sites estrangeiros. A seleção dos textos pesquisados, os quais serão sua referência no texto a ser produzido, precisa marcar-se pela qualidade, cujos critérios são apontados por Motta-Roth e Hendges (2010): • Qualidade da fonte em que os textos escolhidos são extraídos. No caso, por exemplo, de artigos científicos, a qualidade da fonte desse gênero textual advém de (1) o fato de impacto (número de citação que o artigo recebeu), (2) Qualis-Capes no Brasil e (3) indexação (o artigo é publicado em periódico que recebe um nº (índice) no sistema internacional de catalogação de periódicos. • Importância dos autores na área (pela constância e qualidade de suas publicações). • Recência desses trabalhos. Geralmente, buscam-se textos publicados nos últimos cinco anos, pois a tendência na academia é trabalhar com textos recentes para atualização. Fazer referência à literatura prévia é definidor da pesquisa e da redação acadêmica. 2.2.2 Organização documental Para produzir um texto científico, há necessidade de fazer leituras e leituras sobre o tema delimitado. Outra necessidade é guardar de forma ordenada e com critério o resultado de tantas leituras. Tem-se, assim, a documentação gerada. Documentação é a organização do material importante e significativo para a pesquisa que se realiza. Consiste em arquivar e conservar em ordem o material bibliográfico obtido em fontes. Esse material pode ser o armazenamento de folhas escritas com anotação, resumos, fichamentos; cadernos com anotação, resumos etc.; fichas, pen drive e tantos outros materiais. As leituras realizadas podem ser anotadas em diversas formas: em forma de anotações, esquema, fichamento, resumo, resenha. Esquema é a elaboração necessária na primeira abordagem do texto teórico, quando o leitor precisa adquirir a visão do conjunto dos temas desenvolvidos pelo autor. Trata-se da forma mais visual de registrar dados recolhidos dos textos (fonte), lembrando-se de que não há regra fixa para elaboração de esquema, visto que sua estrutura depende da habilidade do pesquisador, do próprio conteúdo lido. Exemplo: Pensamento Místico mais elaborado baseado no mito narrativa sagrada mitos cosmogônicos Figura 7 48 PÓ S - Re vi sã o: V irg in ia /L uc as - D ia gr am aç ão : F ab io - 2 8/ 07 /2 01 5 Unidade II O fichamento de um texto consiste em extrair dele ideias principais; quanto mais detalhado o fichamento, maior sua utilidade para a redação do texto científico. Pode marcar hierarquia entre as ideias. Exemplo (ideia principal e ideias subordinadas): I. Pensamento místico: 1. mais elaborado; 2. baseado no mito: a. narrativa sagrada; b. mitos cosmogônicos; c. explicação da criação do universo. 2.2.3 Referência bibliográfica: organização Após a leitura e a organização na forma de documentação, é necessário identificar as fontes. Há uma normalização internacional para o registro de todas as formas de pesquisa bibliográfica e ela é divulgada no Brasil pelo Instituto Brasileiro de Bibliografia e Documentação (IBBD) e pela Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT). As notas de referência podem aparecer em notas de rodapé ou ao final de um artigo científico, em lista de referência de fontes utilizadas em trabalhos acadêmicos e encabeçando resumos. Considerando as normas fixadas pela ABNT, os principais elementos de uma referência devem ser: • Sobrenome do autor (em letras maiúsculas), seguido de vírgula. • Prenome e nome do autor (apenas as iniciais maiúsculas seguidas de ponto ou completos, com a primeira letra de cada nome em maiúscula), seguido de ponto final. • Título completo da obra, em itálico ou negrito, sendo só a primeira letra maiúscula (exceto se houver nomes próprios), seguido de ponto final, se não houver subtítulo. • Subtítulo (se houver), antecedido de dois pontos depois do título, em letras minúsculas (exceto nomes próprios), sem nenhum destaque e seguido de ponto final. • Tradução (opcional e se houver), na forma Tradução: mais nome completo do tradutor, em ordem direta (com iniciais maiúsculas), seguida de ponto final. 49 PÓ S - Re vi sã o: V irg in ia /L uc as - D ia gr am aç ão : F ab io - 2 8/ 07 /2 01 5 METODOLOGIA CIENTÍFICA • Edição (exceto a primeira), número mencionado na obra acompanhado da abreviação ed. e seguida de vírgula. • Imprenta, isto é, cidade de publicação (apenas a primeira letra maiúscula), com menção opcional do estado (abreviação antecedida de vírgula), seguida de dois pontos. • Editora, em letras minúsculas, de forma grafada na obra, seguida de vírgula. • Ano de publicação (aaaa), seguido de ponto final. • Notas complementares (opcionais), seguidas de ponto final (ALMEIDA Jr. In: CARVALHO, 2013, p. 142). Exemplo geral: BAUDRILLARD, Jean. A transparência do mal: ensaio sobre os fenômenos extremos. Tradução: Estela dos Santos Abreu. 8. ed., Campinas, SP: Papirus, 2004. No caso de lista de obras, a ordenação das entradas é alfabética, por sobrenome dos autores e, para facilitar a identificação, as entradas devem ser alinhadas somente à margem esquerda do texto em espaço simples e separadas entre si por espaço duplo. O nome de autor de vários títulos pode ser substituído, nas entradas seguintes à primeira, por um traço sublinear (equivalente a seis espaços), seguido de ponto final. Exemplos particulares: • Livros: — Com um só autor: WEG, Rosana Morais. Fichamento. São Paulo: Paulistana, 2006. — Com até três autores: JESUS, Virginia; WEG, Rosana Morais. Acordo ortográfico da língua portuguesa no Brasil: alterações na ortografia de expressão brasileira. São Paulo: Esfera, 2008. — Com mais de três autores: PULINO, Daniel et al. Linguagem e suas aplicações no Direito. São Paulo: Paulistana, 2006. — Com autor e tradutor: 50 PÓ S - Re vi sã o: V irg in ia /L uc as - D ia gr am aç ão : F ab io - 2 8/ 07 /2 01 5 Unidade II LEWIS, C. S. As crônicas de Nárnia. Tradução: Paulo Mendes Campos e Silêda Steurnagel. São Paulo: Martins Fontes, 2005. • Periódicos: — Revista no todo: LINHA D’ÁGUA. n. 16, São Paulo: Associação de professores de Língua e Literatura da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da Universidade de São Paulo, 2003. — Artigo de revista: MULLER, Ana Lúcia. Pronomes e anáforas: o estado da arte. Linha d’Água, São Paulo, n.16, p. 17-37, set. 2003. — Periódicos extraídos da internet: CRUZ, Valdo. O lado bom da crise. Folha online. São Paulo: 18 nov. 2008. Disponível em: <http:// www1.folha.uol.com.br/folha/Pensata/valdocruz/ult412ou468768.shtml> Acesso em: 12 nov. 2008. Observação Abreviações e expressões usadas: • ed. = edição; • il. = ilustrado; • p. = página; • rev. at. = revisto e atualizado; • v. = volume; • n. = número (fascículo); • et al. (expressão latina) = e outros; • jan., mar., jun., ago., (meses do ano, exceto maio)... = janeiro, março, junho, agosto... Outras normas: • Normas de Vancouver: seguem as convenções estabelecidas pelo Committee of Medical Journal Editors. São usadas para normalização de referências bibliográficas nas áreas de Medicina, Ciências da Saúde e Ciências Exatas. 51 PÓ S - Re vi sã o: V irg in ia /L uc as - D ia gr am aç ão : F ab io - 2 8/ 07 /2 01 5 METODOLOGIA CIENTÍFICA • Norma MLA (Modern Language Association): é usada para fazer citações e referências nas áreas das artes e das humanidades. O estilo segue o método de citação autor-página, e podem ser visualizados exemplos e formatosdeste estilo em dois manuais: MLA Handbook for Writers of Research Papers e MLA Style Manual and Guide to Scholarly Publishing. A revista Cadernos de Tradução, da Universidade Federal de Santa Catarina, é um exemplo de publicação que exige de seus autores as normas ABNT para textos escritos em língua portuguesa e, para textos em inglês, a revista segue as normas MLA. As instruções são as seguintes: 7) os textos em língua portuguesa deverão ser redigidos conforme a norma de apresentação de artigos da Associação Brasileira de Normas Técnicas – ABNT – NBR 6022, de maio de 2003. Nos artigos em língua estrangeira deverão ser utilizadas as normas MLA. Para artigos traduzidos para a língua portuguesa poderão ser utilizadas tanto as normas ABNT quanto MLA; 8) as citações no corpo do texto deverão ser redigidas de acordo com o padrão estilístico correspondente a cada norma MLA ou ABNT. Favor consultar Normas. Para ABNT temos: Citação NBR10520, Referência NBR6023, ambas de 2002 (UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA, [s.d.]). Entre as normas MLA, constam: • Usa-se a palavra “and” e não “&” quando se refere a mais do que um autor de um único trabalho. • Na paginação não se usam as abreviaturas p. ou pp. para a indicação das páginas. • A lista de referência bibliográfica é organizada alfabeticamente pelo último nome do autor. Nos casos em que não há autor, as referências são colocadas alfabeticamente pelo título na mesma lista. • A primeira letra de cada palavra ou outras palavras principais de títulos ou subtítulos são em maiúscula (os artigos, preposições ou conjunções não se colocam em maiúscula). 2.3 Métodos e teoria São três fatores que tornam uma área de estudo uma ciência: objeto de análise bem delimitado, seleção de um método e criação de teorias (com base nos resultados analíticos). Nesta seção, serão abordados método e teoria. 2.3.1 Método: etapas, abordagem e procedimento Sobre o método, como bem esclarecem Lakatos e Marconi (2007a), não há ciência sem o emprego de um método científico. Em síntese, método é o conjunto de atividades sistemáticas e racionais que permite alcançar os objetivos e traçar caminho a ser seguido. Ou, como define Bunge (apud LAKATOS; MARCONI, 2007a), método científico é a teoria da investigação. 52 PÓ S - Re vi sã o: V irg in ia /L uc as - D ia gr am aç ão : F ab io - 2 8/ 07 /2 01 5 Unidade II A investigação cumpre ou se propõe a cumprir as seguintes etapas: • descobrimento do problema (caso o problema não esteja claro, passa-se à etapa seguinte; se está claro, passa-se à subsequente); • colocação precisa do problema; • procura de conhecimentos ou instrumentos relevantes ao problema, sejam dados empíricos, aparelhos, técnicas, teorias etc.; • tentativa de solução do problema com ajuda dos meios identificados; • invenção de novas ideias, sejam hipóteses, teorias, técnicas; • obtenção de uma solução do problema; • investigação das consequências da solução obtida; • prova ou comprovação da solução; se o resultado é satisfatório, a pesquisa é dada como concluída; ao contrário, passa-se para a etapa seguinte; • correção das hipóteses, teorias, procedimentos ou dados empregados na obtenção da solução incorreta. Lakatos e Marconi (2007a, p. 85) apresentam tais etapas de investigação no seguinte esquema: Problema ou lacuna Tentativa de solução Obtenção de uma solução Prova da solução Procura de conhecimento ou instrumentos relevantes Invenção de novas ideias ou produção de novos dados empíricos Explicação Satisfatória Satisfatória Conclusão Não explicação Inútil Não satisfatória Início de novo ciclo Colocação precisa do problema Figura 8 O método é considerado atualmente por meio de duas visões: a clássica, vista como abordagem mais ampla, que envolve nível de abstração mais elevado; e como procedimento, com finalidade mais restrita, 53 PÓ S - Re vi sã o: V irg in ia /L uc as - D ia gr am aç ão : F ab io - 2 8/ 07 /2 01 5 METODOLOGIA CIENTÍFICA menos abstrata, que envolve etapas concretas de investigação. Há, assim, método de abordagem e método de procedimentos. O denominado método por abordagem engloba: método indutivo, método dedutivo, método hipotético-dedutivo e método dialético. A indução é um processo mental que parte de dados particulares constatados para a inferência de uma verdade geral ou universal, não contida nas partes examinadas. Em conexão ascendente, vai das constatações mais particulares às leis e teorias. São três etapas fundamentais: 1. observação dos fenômenos: etapa que serve para a observação dos fatos ou fenômenos e para análise desses fatos, a fim de descobrir suas causas; 2. descoberta da relação entre eles: etapa que visa, por meio da comparação, à aproximação dos fatos semelhantes para descobrir a relação existente entre eles; 3. generalização da relação: etapa que serve para generalização da relação encontrada na precedente entre os fatos ou fenômenos semelhantes. Devido à possibilidade de equívocos, impõem-se três etapas de orientação para o trabalho de indução, sendo elas: • distinção entre características essenciais e acidentais dos fenômenos ou fatos estudados – é preciso certificar o que é verdadeiramente essencial; • os fenômenos ou fatos precisam ser idênticos – é preciso evitar aproximação deles, se a semelhança for acidental; • quantidade é primordial, tornando possível um tratamento objetivo, matemático e estático. A aplicação do método indutivo deve-se à expectativa de descobrir as regularidades ou constâncias das coisas. A dedução, por sua vez, é um processo que parte das teorias e leis para a aplicação de ocorrência de fenômenos particulares. Em conexão descendente, o método dedutivo tem o propósito de explicar a teoria ou verificar se ela é correta ou incorreta. O método hipotético-dedutivo é um método que parte de um problema e de uma teoria-tentativa e passa a criticar a solução para eliminação do erro. Esse processo renova a si mesmo, dando surgimento a novos problemas. Popper, conforme esclarecimentos de Lakatos e Marconi (2007a), apresenta o processo do método hipotético-dedutivo da seguinte maneira: 54 PÓ S - Re vi sã o: V irg in ia /L uc as - D ia gr am aç ão : F ab io - 2 8/ 07 /2 01 5 Unidade II • problema: surgido dos conflitos ante expectativa e teoria existentes; • solução proposta em uma conjectura (nova teoria): dedução de consequências na forma de proposições passíveis de teste; • testes de falseamento: tentativas de refutação pela observação e experimento. Observação Conjectura é a solução proposta em forma de proposição passível de teste nas suas consequências. Tal processo é esquematizado por Lakatos e Marconi (2007a, p. 96): Nova lacuna, contradição ou problema Conhecimento prévio Teorias existentes Consequências falseáveis Enunciados deduzidos Refutação (rejeição) Corroboração (não rejeição) Nova teoria Lacuna, contradição ou problema Conjecturas, soluções ou hipóteses Técnicas de falsiabilidade Análise de resultados Avaliação das conjecturas, solução ou hipótese Testagem Figura 9 55 PÓ S - Re vi sã o: V irg in ia /L uc as - D ia gr am aç ão : F ab io - 2 8/ 07 /2 01 5 METODOLOGIA CIENTÍFICA O método dialético tem base na dialética materialista e possui quatro leis: ação recíproca (tudo se relaciona), mudança dialética (tudo se transforma), passagem da quantidade à qualidade e interpretação dos contrários. Esse método compreende o mundo como processo – não como conjunto de coisas estáticas e acabadas. A vida natural e social – como processo – está em constante mudança: devir/decadência, retrocesso/desenvolvimento, bem como ela (a vida) não existe isolada em seus componentes, mas estes são ligados. Em resumo, todos os aspectos da realidade, sejam da natureza ou da sociedade, pendem-se por laços necessários e recíprocos. Se toda realidade é movimento, o elemento propulsor do processo é a contradição:• contradição interna: o movimento se dá pela luta de contrários internos; • contradição inovadora: a contradição é a luta entre o “velho” e o “novo”; • unidade dos contrários: a contradição encerra dois termos opostos, que formam uma unidade, a unidade dos contrários. O denominado método de procedimentos, por sua vez, envolve etapas mais concretas de investigação e restringe-se às áreas das ciências sociais. Os métodos são: histórico, comparativo, monográfico ou estudo de caso, estatístico, tipológico, funcionalista, estruturalista, etnográfico. • O método histórico parte do princípio de que as formas de vida social, suas instituições e costumes têm origem no passado. Assim, esse método consiste na investigação de processos, instituições e acontecimentos do passado para verificar sua influência na sociedade de hoje. • O método comparativo contribui para melhor compreensão do ser humano em sociedade ao realizar comparações entre tipos de grupos, sociedade ou povos. Verifica similitudes e busca explicar as divergências. Esse método é empregado em largo alcance, como o estudo do desenvolvimento da sociedade capitalista, de setores concretos, como a comparação de tipos específicos de eleições, de estudos qualitativos de, por exemplo, diferentes formas governamentais, e de estudos quantitativos, como a taxa de escolarização de países desenvolvidos e em desenvolvimento. • O método monográfico ou estudo de caso consiste em estudo com profundidade com a finalidade de obter generalizações, examinando o tema delimitado ao observar todos os fatores influenciadores. • O método estatístico permite constatar verificações simplificadas em termos quantitativos, obtendo generalizações. • O método tipológico consiste na análise e comparação de aspectos essenciais do fenômeno estudado a fim de criar modelos ideais, os quais são aplicados em casos concretos. Como exemplo, 56 PÓ S - Re vi sã o: V irg in ia /L uc as - D ia gr am aç ão : F ab io - 2 8/ 07 /2 01 5 Unidade II há o estudo de todos os tipos de governo democrático. Assim, os objetos de estudo desse método precisam apresentar a dicotomia “tipo” e “não tipo”. • O método funcionalista é mais um método de interpretação do que de investigação. Ou seja, as partes de um fenômeno são entendidas em relação à sua função desempenhada no todo. • O método estruturalista foi desenvolvido por Lévi-Strauss (apud LAKATOS; MARCONI, 2007a). Nesse procedimento, os fenômenos possuem uma estrutura invariante, podendo ser analisada objetivamente. O objeto de estudo é, na verdade, a relação ocorrida entre os elementos de um fenômeno. De forma geral, o pesquisador pode recorrer a apenas um método de procedimento ou, como é mais usual, a mais de um método concomitantemente. Sobre o método de pesquisa, destacam-se dois modos, por serem mais constantes em pesquisas voltadas à área da língua e do ensino: a pesquisa etnográfica e a pesquisa participante. Em pesquisa sobre língua e sua variação, é constante a pesquisa etnográfica, que visa à obtenção da descrição mais ampla possível do grupo pesquisado. Segundo Gil (2010), a história, a política, a economia e a religião são exemplos de aspectos que são considerados na pesquisa, tornando a descrição mais ampla e múltipla. Um trabalho etnográfico desenvolve-se com pesquisa de campo em tempo mais prolongado e significativo, bem como tende a ser mais integrado e menos sequencial. Na pesquisa etnográfica, o problema (ou pergunta de pesquisa) aprimora-se à medida que a pesquisa avança, podendo não ser solucionado em seu todo, uma vez que a pesquisa é descritiva, sem propósito de verificar os nexos causais entre variáveis, além de não se propor a descrever com precisão traços ou características da população estudada. 2.3.2 Teoria O papel da teoria é orientar os objetivos da pesquisa para, assim, restringir a amplitude dos fatos analisados. Em uma determinada área, a variedade dos fatos é infinita; assim, a ciência seleciona aqueles que deseja estudar, não analisando, portanto, o fenômeno em seu todo. Ocorre, então, uma separação entre determinados aspectos do fenômeno/fato e tudo aquilo com que o fato está relacionado, constituindo tal separação um ato de abstração. Cada ciência estuda apenas determinados aspectos da realidade, criando um sistema abstrato de pensamento para interpretá-los. A teoria serve, conforme Lakatos e Marconi (2007a), como sistema de conceitos e de classificação dos fatos. As funções da teoria são: • representar os fatos; • fornecer vocabulário científico, próprio de cada ciência; 57 PÓ S - Re vi sã o: V irg in ia /L uc as - D ia gr am aç ão : F ab io - 2 8/ 07 /2 01 5 METODOLOGIA CIENTÍFICA • expressar uma relação entre os fatos estudados; • classificar e sistematizar os fenômenos, fatos, aspectos da realidade; • resumir a explicação dos fatos, expressando sua concepção e correlação. 2.4 Introdução à estruturação do trabalho acadêmico 2.4.1 Projeto de pesquisa Antes da produção de um gênero acadêmico, seja artigo científico, monografia, entre outros, é preciso a montagem de um projeto, que prevê uma sequência de ações do pesquisador/autor para seu estudo e posterior escrita. O projeto, segundo Weg e Jesus (2010, p. 16): • funciona como um guia para atividades futuras; • antecipa problemas e aponta para o grau de dificuldade a ser encontrado; • orienta para reflexões e soluções; • auxilia na obtenção de recursos; • organiza as atividades no tempo e no espaço; • permite o acompanhamento e ajustes das atividades; • gera documentação: bibliográfica, financeira, técnica, científica. As fases de um projeto são resumidas pelas autoras (WEG; JESUS, 2010, p. 18): 1. Ideia Estabelecer o problema a ser resolvido: viajar, participar de um concurso, escrever um TCC. 2. Planejamento Detalhar: metas, necessidades, prazos, orçamentos, coleta de dados, pesquisa de material. 3. Execução Realizar tarefas: comprar, escrever, desenvolver, aplicar etc. 4. Controle Acompanhar e comparar: resultados alcançados (parciais e final) à proposta inicial. (Paralelo ao Planejamento e à Execução). 5. Finalização Avaliar: resultados finais do projeto. Figura 10 58 PÓ S - Re vi sã o: V irg in ia /L uc as - D ia gr am aç ão : F ab io - 2 8/ 07 /2 01 5 Unidade II Gil (2010, p. 5), por sua vez, cria uma diagramação de elaboração de um projeto de pesquisa: Formulação do problema Elaboração dos instrumentos de coleta de dados Análise e interpretação dos dados Construção de hipótese Pré-teste dos instrumentos Redação do relatório da pesquisa Determinação das variáveis Seleção de amostras Operacionalização do problema Coleta de dados Figura 11 As etapas não são rígidas, sendo possível simplificá-las ou modificá-las. Cabe ao pesquisador uma adaptação à situação específica. Muitas variáveis utilizadas nos levantamentos de pesquisa social são empíricas, facilmente observáveis e mensuráveis. É o caso, por exemplo, de idade, nível de escolaridade. Saiba mais Martins e Theophilo (2009) afirmam que, embora os levantamentos possam ser planejados para estudar relações entre variáveis, também são apropriados para a análise de fatos e descrições, e normalmente se estuda parte ou todos os sujeitos da pesquisa. MARTINS, G. de A.; THEOPHILO, C. R. Metodologia da investigação científica para ciências sociais aplicadas. São Paulo: Atlas, 2007. Existem muitas outras menos mensuráveis, tal como o status social, que não é passível de observação. Não é possível observar uma pessoa e determinar prontamente a posição que ela ocupa na sociedade. Nesses casos, é necessário tornar tais variáveis passíveis de observação e de mensuração. No caso de um projeto de pesquisa científica, o desenvolvimento de uma pesquisa implica investigação no campo da ciência por meio de um método sobre a área específica da realidade. O projeto, por conseguinte, estabelece estratégias a serem desenvolvidasna pesquisa, desde a concepção de sua proposta até a sua apresentação escrita ou oral. O pesquisador mune-se previamente de dados consistentes para redigir seu projeto, respondendo com rigor às seguintes questões sobre sua pesquisa (WEG; JESUS, 2010, p. 24): 59 PÓ S - Re vi sã o: V irg in ia /L uc as - D ia gr am aç ão : F ab io - 2 8/ 07 /2 01 5 METODOLOGIA CIENTÍFICA Quadro 9 Quem vai desenvolver a pesquisa? Autoria e participação Sobre o que é a pesquisa? Objeto Para que deve ser realizada? Objetivo Por que deve ser realizada? Justificativa Onde será realizada? Local Como e com que meios será realizada? Plano de trabalho/meios/métodos/material Quando será realizada? Cronograma Quais as fontes básicas consultadas? Fundamentação teórica Qual será a repercussão da pesquisa? Resultados esperados/formas de avaliação/disseminação dos resultados Como resumir a pesquisa? Objeto + objetivo + justificativa + conteúdo + metodologia + resultados esperados Sobre “Quem vai desenvolver a pesquisa?”, é preciso diferenciar autoria de participação, pois o autor é aquele que concebe a ideia, dirige, executa e analisa as fases da pesquisa. O participante, por sua vez, é aquele pode ser chamado para executar alguma tarefa específica. Quanto à pergunta “Sobre o que é a pesquisa?”, significa o estabelecimento do objeto da pesquisa, que é o conjunto formado por: Quadro 10 Assunto Tema Problema Sobre o que é a pesquisa Reflexões e discussões que o assunto pode provocar Questionamento que se faz sobre o tema Adota-se aqui a indagação de Gil (2010) sobre como formular um problema de pesquisa, o qual é um assunto não respondido ainda satisfatoriamente. Devido ao fato de que nem todos os problemas são passiveis de tratamento científico, faz-se necessário verificar, em primeiro lugar, se o problema cogitado se enquadra na categoria de científico. Um problema de pesquisa indaga “como” são as coisas, suas causas e consequências. Um problema de pesquisa não se constitui de “como fazer” as coisas nem abrange questões de valor, tais como aquelas que indagam se uma coisa é boa, má, desejável, indesejável, certa ou errada, melhor ou pior. Na formulação de um problema de pesquisa, as questões seguintes podem funcionar bem, de acordo com Hubner (apud MACHADO, 2005, p. 41): • Quais os fatores determinantes de X? • Há relação entre X e Y? • Quais os efeitos de X sobre Y? 60 PÓ S - Re vi sã o: V irg in ia /L uc as - D ia gr am aç ão : F ab io - 2 8/ 07 /2 01 5 Unidade II • Quais as características (ou diferenças) entre X e Y? Para a formulação de um problema, certas regras práticas são seguidas pelos pesquisadores: • O problema deve ser formulado como pergunta: formular o problema em formato de pergunta facilita a identificação por parte de quem consulta o projeto. • O problema deve ser claro e preciso. • O problema deve ser empírico: os problemas científicos não devem refletir valores, pois conduzem a julgamentos morais e considerações subjetivas. Reconhece-se, contudo, que o processo de construção da ciência não é neutro. No entanto, é preciso transformar as noções iniciais das indagações em outras mais úteis, referindo-se a fatos e não a percepções pessoais. • O problema pode ser claro e referente a conceito empírico, mas o pesquisador não tem ideia de como será possível coletar os dados. Ou seja, a pesquisa metodológica selecionada precisa oferecer instrumento e procedimento capazes de proporcionar a investigação do problema. • O problema deve ser delimitado a uma dimensão viável: o problema tende a ser formulado em termos muito amplos, requerendo delimitação. A pergunta “Para que dever ser realizada a pesquisa?” exige respostas claras sobre a meta do pesquisador. Essas metas são: • O que pretende alcançar ao final do trabalho? • Quais são as hipóteses que pretende discutir? No caso da pergunta “Por que deve ser realizada a pesquisa?”, a justificativa serve para medir a importância real da pesquisa proposta. Entre as explicações que justificam a realização da pesquisa, encontram-se: • Qual a importância da atual pesquisa para a comunidade científica da área escolhida? • Quais são os desafios científicos que o pesquisador se propõe a enfrentar e a solucionar? • Por que essa pesquisa deve ser realizada? Não existe já pesquisa semelhante? À pergunta “Onde será realizada a pesquisa?”, algumas preocupações devem ser levadas em conta, tais como: se o pesquisador dispõe de espaço adequado para desenvolver sua pesquisa, se o pesquisador precisará transportar-se para outros locais (cidades, estados, países) e se terá acesso ao local a ser pesquisado (por exemplo: terá acesso a uma prisão, hospital, escola etc.?). Quanto a “Como e com que meios será realizada a pesquisa?”, há necessidade de saber como será a organização e execução das tarefas de pesquisa: meios, material e métodos. Weg e Jesus (2010, p. 28-9) oferecem úteis exemplos: • Atividades a serem desenvolvidas: 61 PÓ S - Re vi sã o: V irg in ia /L uc as - D ia gr am aç ão : F ab io - 2 8/ 07 /2 01 5 METODOLOGIA CIENTÍFICA — Pesquisa bibliográfica, pesquisa eletrônica, pesquisa de campo, experiência, entrevistas, resultados, redação de relatórios etc. • Entrevista como meio de coleta de dados: — Quem serão os entrevistados. — Como foi definida a amostragem dos entrevistados. — Entrevistas serão presenciais ou on-line. — Qual modelo de questionário. — Qual método de análise dos resultados. • Digitalização: — Que tipo de documento será digitalizado. — Existem ou não implicações éticas na digitalização dos documentos. — As vantagens ou desvantagens de digitalizar documentos. A pergunta “Quando será realizada a pesquisa?” leva o pesquisador a gerenciar em seu projeto o tempo de execução da pesquisa e da produção final. O cronograma contém dois elementos fundamentais: atividade a ser executada e período em que será executada. A seguir, exemplo de cronograma: Quadro 11 Período de tempo Tarefa 1 2 3 4 5 6 7 ... Levantamento da literatura relevante, leituras teóricas e fichamento x x Coleta de formatação do corpus em arquivos eletrônicos x x Análise qualitativa x x Análise quantitativa x Organização e interpretação dos resultados x x x Redação de artigo para publicação em periódicos da área x x x Organização da documentação necessária ao relatório e redação do relatório x 62 PÓ S - Re vi sã o: V irg in ia /L uc as - D ia gr am aç ão : F ab io - 2 8/ 07 /2 01 5 Unidade II Referente a “Quais as fontes básicas consultadas?”, um texto científico deve ser fundamentado em fontes teóricas para demonstrar um conhecimento prévio do pesquisador sobre o tema tratado. É preciso citar referências compatíveis com o nível de excelência de um trabalho acadêmico. São indicadas as revistas científicas com arbitragem, sites de instituições reconhecidas e obras e/ou artigos de autores com autoridade, ou seja, especialistas no assunto. Revistas de divulgação ou links de assuntos genéricos não são fontes para pesquisa científica. A questão “Qual será a repercussão da pesquisa?” é fundamental para um projeto ser aceito ou não por um avaliador. Além disso, uma pesquisa não se encerra em si mesma, pois ela provoca ou complementa outras pesquisas futuras. A repercussão se relaciona também às formas de avaliação do texto científico após ele estar pronto. Existirá uma banca julgadora ou só o professor orientador fará um julgamento? A pessoa avaliadora é da área de pesquisa e conhece profundamente o tema ou é de fora da área e, portanto, terá mais dificuldade para julgar o trabalho? Outro aspecto da repercussão é, finalmente, a divulgação da pesquisa. O trabalho final ficará na biblioteca da Universidade, será inserido no mundo virtual para qualquer leitor em potencial e/ou poderá ser transformado em, por exemplo, uma palestra ou artigo científico? Enfim, a última questão sobre “Como resumira pesquisa?” trata da capacidade do pesquisador de resumir os pontos principais de sua pesquisa de tal forma que o resumo não só contenha tais pontos, mas igualmente consiga despertar interesse no leitor para o conteúdo da investigação. Para finalizar, apresenta-se um roteiro de projeto. Roteiro de projeto Estrutura do projeto de pesquisa: 1. Capa: com cabeçalho, título, nome do pesquisador, data. 2. Sumário. 3. Resumo: 300 palavras, com introdução, justificativa, objetivos, método. 4. Introdução e revisão da literatura. 5. Justificativa. 6. Objetivos: geral e específicos. 7. Métodos: 63 PÓ S - Re vi sã o: V irg in ia /L uc as - D ia gr am aç ão : F ab io - 2 8/ 07 /2 01 5 METODOLOGIA CIENTÍFICA 7.1. desenho de estudo; 7.2. amostra/população alvo; 7.3. critérios de inclusão e exclusão; 7.4. análise estatística; 7.5. aspectos éticos: confidencialidade e privacidade das informações. 8. Cronograma. 9. Referências bibliográficas. 10. Anexos: 10.1. termo de consentimento livre e esclarecido; 10.2. termo de confidencialidade; 10.3. instrumento de coleta de dados. O projeto pode conter todos os elementos estruturais indicados ou sofrer adaptação, conforme a área e o tipo de pesquisa. Por exemplo, uma pesquisa pode não envolver análise estatística ou precisar da inserção de orçamento e fonte financiadora. Para este curso, é necessário produzir um projeto de pesquisa para o trabalho final: a monografia. Assim, você já pode confeccionar seu projeto. Exemplo de aplicação As atividades seguintes são propostas por Machado (2005). I. Qual dos seguintes temas você considera ser mais viável para um trabalho em literatura? Por quê? ( ) A literatura brasileira do séc. XVII ao séc. XX. ( ) O uso de “portanto” em Dom Casmurro. ( ) O perfil psicológico da mulher em Dom Casmurro. ( ) O perfil psicológico de Capitu em Dom Casmurro. II. E para um trabalho em administração? 64 PÓ S - Re vi sã o: V irg in ia /L uc as - D ia gr am aç ão : F ab io - 2 8/ 07 /2 01 5 Unidade II ( ) A aplicação de projetos de gestão ambiental em empresas. ( ) A aplicação de projetos em empresas do ramo alimentício. ( ) Os benefícios em termos de marketing dos programas de responsabilidade social de grandes empresas. ( ) O desempenho do gerente de vendas X em relação à campanha Y. III. Assinale o que lhe permitiu eliminar alguns temas e escolher outros, mesmo sem ter conhecimento dessas áreas: ( ) Temas não muito amplos. ( ) Temas não muito específicos. ( ) Temas que não dizem respeito ao objeto a ser estudado. ( ) _____________________________________________________ IV. Complete o quadro a seguir com o que você aprendeu sobre a construção das questões de pesquisa. Quadro 12 A(s) questão(ões) de pesquisa não deve(m) ser ................................................................................................................................................... ................................................................................................................................................................................................................................................ ............................................................................................................................................................................................................................................... Para formulá-las, podemos usar ou não ................................................................................................................................................................ ................................................................................................................................................................................................................................................. Algumas das questões possíveis são: quem? O que é? Como? Por quê? Para quê? Onde? Em qual lugar? Em qual situação? Quando? Quantos? Quais? Em que medida? De que forma? Que relações tem Y com X? etc. Para que elas sejam claras e relevantes, elas devem ser ............................................................................................................................................................ ................................................................................................................................................................................................................................................. Leia o texto a seguir e verifique se ele pode lhe fornecer outras dicas para completar o quadro que acabamos de apresentar. Conselhos úteis sobre questões de pesquisa: a) As questões de pesquisa não devem ser nem amplas demais (porque, se o forem, você não vai se capaz de respondê-las nem vai ter tempo), nem restritas demais (aí você corre o risco de que o seu trabalho não tenha a menor relevância). 65 PÓ S - Re vi sã o: V irg in ia /L uc as - D ia gr am aç ão : F ab io - 2 8/ 07 /2 01 5 METODOLOGIA CIENTÍFICA b) Pinto (apud MACHADO, 2005) caracteriza a pergunta que se deve fazer ao livro do I-Ching para se obter uma boa resposta, que nos parece poder ser transposta para o caso de uma pesquisa. Ele diz o seguinte: “A formulação da pergunta tem um papel decisivo no êxito ou no fracasso da consulta (no sentido da compreensão ou não da resposta obtida). 2.4.2 Artigo científico Por onde começar a escrever um artigo científico? Conforme demonstrado por Motta-Roth e Hendges (2010), o autor de um artigo científico busca: • selecionar as referências bibliográficas relevantes ao assunto; • refletir sobre estudos anteriores na área; • delimitar um problema ainda não totalmente estudado na área; • elaborar uma abordagem para o exame desse problema; • delimitar e analisar um conjunto de dados representativo do universo sobre o qual deseja alcançar generalizações; • apresentar e discutir os resultados da análise desses dados; • finalmente, concluir, elaborando generalizações a partir desses resultados, relacionando-as aos estudos prévios dentro da área de conhecimento em questão. Na progressão do texto, este passa a se configurar, então, de forma geral, em: introdução, metodologia, resultados e discussão, conforme Motta-Roth (2010, p. 69): + GERAL Introdução: apresentação de fatos conhecidos, resumo de estudos prévios, generalizações sobre conhecimento compartilhado e indicação da importância do assunto para a área. + GERAL + Específico Identificação de um problema a ser estudado Metodologia: descrição dos materiais e procedimentos usados no trabalho para estudar o problema Resultados: informações e dados obtidos, comentados com o auxílio de exemplos retirados do próprio trabalho. + Específico + GERAL Discussão: interpretação dos resultados em relação ao que se avançou no conhecimento do problema + GERAL Figura 12 66 PÓ S - Re vi sã o: V irg in ia /L uc as - D ia gr am aç ão : F ab io - 2 8/ 07 /2 01 5 Unidade II Em resumo, o artigo científico deve contemplar os seguintes itens: • título e subtítulo (se houver); • autoria; • informações adicionais em nota de rodapé (sobre os autores, incluindo e-mail para contato); • resumo com palavras-chave; • introdução: tema, problema, justificativa, objetivo, método; • desenvolvimento: fundamentação teórica, metodologia, resultados alcançados e discussão; • conclusão; • referência. Veja um exemplo do início de um artigo científico: PESQUISA NA ESCOLA: QUE ESPAÇO É ESSE? O DO CONTEÚDO OU O DO PENSAMENTO CRÍTICO? Maria Otilia Guimarães Ninin* PUC-Cogeae/UNIP-SP/CNSD-SP RESUMO: Este artigo tem como objetivo discutir o papel da pesquisa nas escolas de Ensino Fundamental e Médio, tendo como eixo fundamental a concepção de ensino na perspectiva da pedagogia crítica. Os procedimentos discutidos visam a oferecer ao professor subsídios para o trabalho com a pesquisa em salade aula, tais que propiciem aos alunos o desenvolvimento de competências e habilidades relacionadas aos quatro pilares da educação: aprender a fazer, aprender a ser, aprender a conviver, aprender a aprender. O artigo está organizado da seguinte forma: a Introdução, cujo foco é a apresentação do tema “pesquisa na escola”; das seções Pesquisa: O que é?, Pesquisa: Por que e para que fazer?, Pesquisa: Como fazer?, em que discuto argumentos teóricos que sustentam a atividade de pesquisa em sala de aula; e da seção Algumas Considerações, na qual focalizo limitações e perspectivas para o trabalho do professor com pesquisa na sala de aula. PALAVRAS-CHAVE: Pesquisa; Etapas da Pesquisa; Mediação ABSTRACT: This article aims to discuss the role of the research in Elementary and High School, considering as fundamental importance the conception of education from 67 PÓ S - Re vi sã o: V irg in ia /L uc as - D ia gr am aç ão : F ab io - 2 8/ 07 /2 01 5 METODOLOGIA CIENTÍFICA of the critical pedagogy. The research procedures aim to offer to the teacher a base for his/her work with the research in classroom, to offer the possibility of development of abilities to students, according the four focus: learning to make, learning to be, learning to live together and learning to learn. The article is organized from the following way: the Introduction, whose focus is the presentation of the subject “research in the school”; the sections “Research: What is it?” “Research: Why does you make one?”, “Research: how do you make one?”. In these sections, I discuss theoretical arguments that have supported the research activity in classroom; and “Some Considerations”, where I focus limitations and perspectives about teachers’ work when they use research in their classroom. KEYWORDS: Research; Steps of the Research; Mediation ____________ * Professora PUC-Cogeae cursos de extensão universitária; doutora em Linguística Aplicada e Estudos da Linguagem PUC-SP; integrante de grupos de pesquisa na PUCSP, em EAD e Linguagem e Educação; Coord. Ped. Curso de Letras na UNIP; Diretora Ped. CNSD-SP. E-mail: otilianinin@terra.com.br Fonte: Ninin (2008, p.17-18). Esse início é constituído de: • título centralizado e em negrito; • nome da autora, à direita da página, com acréscimo da instituição da qual a autora faz parte (em nota de rodapé, uma apresentação da autora: informações relevantes sobre seu lado profissional); • resumo (a palavra “resumo” em negrito): um parágrafo apenas, seguido de palavras-chave retiradas do resumo; • abstract: o resumo traduzido em língua inglesa, seguido igualmente por palavras-chave (keywords). Saiba mais O artigo na íntegra pode ser encontrado em: NININ, M. O. G. Pesquisa na escola: que espaço é esse? O do conteúdo ou o do pensamento crítico? Educação em Revista, Belo Horizonte, n. 48, p. 17-35, dez. 2008. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/edur/n48/ a02n48.pdf>. Acesso em: 27 jul. 2015. 68 PÓ S - Re vi sã o: V irg in ia /L uc as - D ia gr am aç ão : F ab io - 2 8/ 07 /2 01 5 Unidade II O artigo científico serve para divulgar resultados recentes de pesquisa e é publicado em revistas especializadas da área. Sua publicação/divulgação é bem mais rápida e abrangente do que uma dissertação ou tese, pois estas levam mais anos para pesquisa e produção, restringindo-se às bibliotecas das próprias universidades. 2.4.3 Monografia É esperado que, em final de curso de especialização, o aluno apresente uma monografia. Monografia é: • um trabalho que observa e acumula observações; • organização dessas informações e observações; • uma procura das relações e regularidades que pode haver entre elas; • indagação sobre os seus motivos; • utilização de forma inteligente das leituras e experiências para comprovação; • comunicação aos demais sobre os resultados (LAKATOS; MARCONI, 2007b). O termo “monografia”, segundo Severino (2007), designa trabalho científico reduzido a um único assunto, a um único problema. Ou seja, a monografia satisfaz a exigência da especificação, em que o tema é devidamente especificado e delimitado. O trabalho monográfico não pretende tratar de todos os aspectos do problema de pesquisa. O importante é ater-se ao substancial da pesquisa, não se perdendo em grandes retomadas históricas, em repetições, em contextualizações amplas. No texto monográfico, conforme Lakatos e Marconi (2007b), as afirmações expressam uma verdade, que vem acompanhada de provas, isto é, uma comprovação que distingue o científico daquele que não o é. Além de ser objetiva, a monografia é sistemática, segundo princípios lógicos. Ela também expõe interpretação e relação entre os fenômenos e suas regularidades. Ao produzir a monografia, você, aluno deste curso, exporá: • experiência das leituras, conhecimento etc.; • capacidade analítica; • capacidade de distinguir fatos das opiniões, as diferentes relações entre os fatos. 69 PÓ S - Re vi sã o: V irg in ia /L uc as - D ia gr am aç ão : F ab io - 2 8/ 07 /2 01 5 METODOLOGIA CIENTÍFICA Quanto à apresentação geral, a monografia possui as seguintes partes: • capa; • página de rosto; • página de dedicatória; • página de aprovação; • sumário; • lista de tabelas e/ou figuras; • resumo; • corpo do trabalho com: introdução, desenvolvimento, conclusão; • apêndices; • anexos; • bibliografia; • página de crédito do autor; • capa. As partes principais de um texto científico são mantidas na monografia. A introdução, para Soares (2003), deve incluir: • apresentação geral do assunto do trabalho; • definição sucinta e objetivo do tema abordado; • justificativa sobre a escolha do tema e métodos empregados; • delimitação precisa das fronteiras da pesquisa em relação ao campo e, se for o caso, dos períodos abrangidos; • esclarecimentos sobre o ponto de vista sob o qual o assunto será tratado; • relacionamento do trabalho com outros da mesma área; • objetivos e finalidades da pesquisa, com especificação dos aspectos que serão ou não abordados. 70 PÓ S - Re vi sã o: V irg in ia /L uc as - D ia gr am aç ão : F ab io - 2 8/ 07 /2 01 5 Unidade II O desenvolvimento da monografia, ainda de acordo com Soares (2003), correspondente ao corpo do trabalho. É no desenvolvimento que o autor do trabalho expõe e demonstra sua pesquisa, seus argumentos, suas ideias, seus resultados. É na parte argumentativa que o autor apresenta as premissas que justificarão sua conclusão. O desenvolvimento do tema é apresentado em capítulos, títulos, subtítulos, seções, itens etc., organizados de forma lógica. Na parte final da monografia, o autor volta à introdução do texto e confirma ou nega o problema de pesquisa proposto, explicando os fatos que o levam a chegar a tal conclusão. Apresenta também conclusões correspondentes aos objetivos ou hipótese (se houver), bem como apresenta suas considerações finais em relação ao tema tratado. A conclusão deve ser fundamentada nos resultados e na discussão, contendo deduções lógicas e correspondentes, em número igual ou superior, aos objetivos propostos, compondo a fase final de toda argumentação desenvolvida. Constitui um regresso à introdução, fechando-se sobre o início do trabalho (SOARES, 2003). Exemplo de aplicação Chegou o momento de dar início ao trabalho final deste curso: a monografia. Ela poderá ser escrita em língua portuguesa ou em língua inglesa. Dependendo de sua proficiência, o texto seguirá as normas da ABNT ou MLA. A primeira fase será a produção do projeto de pesquisa; a segunda será a produção da monografia. Para o projeto de pesquisa, já estabeleça as discussões iniciais: • Qual é o problema de pesquisa? Lembre-se: sem uma pergunta (dúvida, problema), o pesquisador não tem razão para ir à caça a respostas. • Faça uma lista de possíveis assuntos e seus respectivos temas, a fim de delimitação e escolha apropriada do tema. Por exemplo: • assunto: letramento
Compartilhar