Buscar

Classificação dos Crimes - parte 1 - AULA 2

Prévia do material em texto

Isabela Nascimento 
Universidade Metodista de São Paulo – UMESP 
2021 
CLASSIFICAÇÃO DOS CRIMES 
INTRODUÇÃO 
Pode ser legal ou doutrinária. 
1. Classificação legal: é o nome dado ao delito pela legislação penal. Por exemplo, 
a conduta de matar alguém está denominada no artigo 121 do Código Penal. 
2. Classificação doutrinária: nome dado pelos estudiosos do Direto às infrações 
penais. 
CRIMES COMUNS, PRÓPRIOS E DE MÃO PRÓPRIA 
Qualidade do sujeito ativo. 
a) Crimes comuns/gerais: podem ser praticados por qualquer pessoa. 
Crimes bicomuns: podem ser praticados por qualquer pessoa contra qualquer 
pessoa. 
b) Crimes próprios/especiais: é imposta ao sujeito ativo uma condição especial. Por 
exemplo, o crime de peculato só pode ser praticado por funcionário público. 
 Puros: a ausência da condição do tipo penal acarreta a 
atipicidade do fato. 
 Impuros: a ausência da condição acarreta para a 
classificação para outro crime. 
 Estrutura inversa: classificação relativa aos crimes 
praticados por funcionários públicos contra a 
Administração em geral 
Crimes bipróprios: os crimes exigem condição especial tanto para o sujeito ativo, 
quanto ao sujeito passivo, como o infanticídio. 
c) Crimes de mão própria/atuação pessoal/conduta infungível: somente podem 
ser praticados pela pessoa que for expressamente indicada no tipo penal, como 
por exemplo o falso testemunho. Os crimes não admitem coautoria, apenas 
participação. 
 
Isabela Nascimento 
Universidade Metodista de São Paulo – UMESP 
2021 
CRIMES SIMPLES E COMPLEXOS 
Conduta do tipo penal. 
a) Crimes simples: é aquele que se encontra no mesmo tipo penal, como o furto. 
b) Crimes complexos: resulta da união de dois ou mais tipos penais, como o roubo, 
que decorre da fusão entre furto e ameaça, ou furto e lesão corporal. Esses 
crimes são chamados famulativos. 
CRIMES MATERIAIS, FORMAIS E DE MERA CONDUTA 
Relação entre a conduta e o resultado naturalístico. 
a) Crimes materiais/causais: o tipo penal tem em seu interior uma conduta e um 
resultado naturalístico, sendo a ocorrência deste último necessária para a 
consumação. É o caso do homicídio, onde a conduta é matar alguém e o 
resultado naturalístico ocorre com o falecimento da vítima. 
b) Crimes formais/consumação antecipada/resultado cortado: o tipo penal tem 
uma conduta e um resultado naturalístico, mas este último é desnecessário para 
a consumação. O crime se concretiza na simples prática da conduta. É o caso da 
extorsão mediante sequestro, onde basta a privação de liberdade com o intuito 
de receber a vantagem pecuniária com o resgate. Mesmo que a vantagem não 
seja obtida, será consumado por causa da conduta. 
c) Crimes de mera conduta/simples atividade: o tipo penal se limita a descrever 
uma conduta. Não contém resultado naturalístico. É o caso do ato obsceno e do 
porte de munição de uso permitido. 
CRIMES INSTANTÂNEOS, PERMANENTES, DE EF EITOS PERMANENTES E A PRAZO 
Momento em que o crime se consuma. 
a) Crimes instantâneos/de estado: há a consumação em determinado momento, 
sem continuidade no tempo, como no caso do furto. 
b) Crimes permanentes: a consumação se prolonga pelo tempo. 
Isabela Nascimento 
Universidade Metodista de São Paulo – UMESP 
2021 
 Crimes instantâneos de efeitos permanentes: para a 
consumação faz-se necessário a manutenção da situação 
contrária à lei por um tempo relevante, como o sequestro. 
 Crimes permanentes: são instantâneos, mas, no caso 
concreto, a situação de ilicitude pode ser prorrogada no 
tempo pela vontade do agente, como por exemplo o furto 
de energia elétrica. 
c) Crimes instantâneos de efeitos permanentes: os efeitos subsistem após a 
consumação, porém contra a vontade do agente. É o que ocorre na bigamia. 
d) Crimes a prazo: a consumação exige a fluência de determinado período, como 
na lesão corporal de natureza grave em decorrência da incapacidade para as 
ocupações habituais por mais de 30 (trinta) dias. 
CRIMES UNISSUBJETIVOS, PLURISSUBJETIVOS E EVENTUALMENTE COLETIVOS 
Número de agentes envolvidos com a conduta criminosa. 
a) Crimes unissubjetivos/unilaterais/monossubjetivos/concurso eventual: 
praticados por um único agente, e admitem o concurso de pessoas, como o 
homicídio. 
b) Crimes plurissubjetivos/plurilaterais/concurso necessário: o tipo penal exige 
pluralidade de agentes (coautores, participes, imputáveis ou não, conhecidos ou 
não). 
 Crimes bilaterais/de encontro: o tipo penal exige dois 
agentes, cujas condutas tendem a se encontrar, como a 
bigamia. 
 Crimes coletivos/de convergência: o tipo penal reclama a 
existência de três ou mais agentes. Eles podem ser: 
• De condutas contrapostas: os 
agentes devem atuar uns contra os 
outros, como na rixa. 
• De condutas paralelas: os agentes 
se auxiliam, mutuamente, com o 
objetivo de produzirem o mesmo 
resultado, como na associação 
criminosa. 
Isabela Nascimento 
Universidade Metodista de São Paulo – UMESP 
2021 
c) Crimes eventualmente coletivos: não obstante seu caráter unilateral, a 
diversidade dos agentes atua como causa de majoração da pena, como no furto 
qualificado. 
CRIMES DE SUBJETIVIDADE PASSIVA ÚNICA E DE DUPLA SUBJETIVIDADE PASSIVA 
Número de vítimas. 
a) Crime de subjetividade passiva única: consta no tipo penal uma única vítima. 
b) Crime de dupla subjetividade passiva: o tipo penal prevê a existência de duas 
ou mais vítimas, como o aborto sem consentimento da vítima, em que se ofende 
tanto a gestante, quanto o feto. 
CRIMES DE DANO E DE PERIGO 
Grau de intensidade do resultado almejado pelo agente como consequência do crime. 
a) Crimes de dano/de lesão: a consumação somente se produz com a efetiva lesão 
do bem jurídico, como o crime de homicídio. 
b) Crimes de perigo: se consumam com a mera exposição do bem jurídico a perigo. 
Basta a probabilidade de dano, e se subdivide em: 
 Crime de perigo abstrato/presumido/de simples 
desobediência: se consumam com a prática da conduta, 
automaticamente. Não se exige a comprovação da 
produção da situação de perigo. Há presunção absoluta. É 
o caso do tráfico de drogas. 
 Crimes de perigo concreto: se consumam com a efetiva 
consumação, no caso concreto, da ocorrência de perigo, 
como ocorre no crime de perigo para a vida ou saúde de 
outrem. 
 Crimes de perigo individual: atingem uma pessoa ou um 
número determinado de pessoas, tal como no perigo de 
contágio venéreo. 
 Crimes de perigo comum ou coletivo: atingem um número 
indeterminado de pessoas, como no caso da explosão 
criminosa. 
 Crimes de perigo atual: o perigo está ocorrendo, como no 
abandono de incapaz. 
 Crimes de perigo iminente: o perigo está prestes a 
ocorrer. 
 Crimes de perigo futuro/mediato: o perigo decorre da 
conduta que se projeta para o futuro, como no porte ilegal 
de armas. 
Isabela Nascimento 
Universidade Metodista de São Paulo – UMESP 
2021 
CRIMES UNISSUBSISTENTES E PLURISSUBSISTENTES 
Número de atos executórios que integram a conduta criminosa. 
a) Crimes unissubsistentes: o crime é consumado mediante apenas um ato de 
execução, como nos crimes de honra mediante o uso da palavra. Não se admite 
tentativas. 
b) Crimes plurissubsistentes: precisa haver dois ou mais atos de execução para que 
se consuma o crime. Admite tentativas. 
Crimes comissivos, omissivos e de conduta mista 
Forma pela qual é praticada a conduta criminosa. 
a) Crimes omissivos/de ação: cometidos por meio de uma conduta de fazer, como 
se dá no roubo. Aqui se enquadra a maioria dos crimes. 
b) Crimes omissivos/de omissão: cometidos por meio de uma conduta negativa, 
um não fazer. Se dividem em: 
 Crimes omissivos próprios/puros: a omissão está contida 
no próprio tipo penal, como na omissão de socorro. 
 Crimes omissivos impróprios/espúrios/comissivos por 
omissão: o tipo penal tem em sua descrição a criação de 
uma ação, uma conduta positiva.

Continue navegando