Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Nefrologia Vanessa Sant’Ana 1 Síndrome Nefrótica É uma das principais síndromes nefrológicas da nefrologia. 5 principais síndromes nefrológicas: Síndrome Nefrótica Síndrome Nefrítica Insuficiência renal crônica Insuficiência renal aguda Anormalidades urinarias isoladas (hematúria isolada, proteinúria isolada) Definição Conjunto de sinais e sintomas e achados laboratoriais que se desenvolvem quando, por alguma razão, ocorre aumento patologicamente exagerado da permeabilidade dos glomérulos às proteínas, levando a proteinúria maciça. A proteinúria maciça é o estigma da síndrome, e resulta nos demais achados clinico- laboratoriais que a definem: Hipoalbuminemia; Edema; Hiperlipidemia; e Lipidúria. A palavra chave da definição é a presença de proteinúria maciça por defeito na permeabilidade glomerular. Essas características dão o diagnóstico definitivo de que o paciente é portador de síndrome nefrótica: O cortejo clinico e laboratorial da síndrome nefrótica são esses 4 parâmetros. Proteinúria: Dependendo da doença de base, a proteinúria pode ser: Seletiva Não-seletiva “Barreiras de carga” “Barreiras de tamanho” Hipoalbuminemia: Albumina sérica baixa. Presença de edema e às vezes anasarca. Dislipidemia: Aumento do colesterol total e dos triglicerídeos. Lipidúria: Perda de ácidos graxos na urina. Nefrologia Vanessa Sant’Ana 2 Mecanismos de permeabilidade glomerular: A parede dos glomérulos apresenta dois mecanismos básicos que determinam a seletividade: Fendas de filtração: Responsáveis pela “barreira de tamanho”, que impede a filtração das macromoléculas. A “barreira de tamanho” permite a livre passagem de proteínas de pequeno peso molecular, inferior a 20.000 dáltons. O que impede a passagem das globulinas é exclusivamente a “barreira de tamanho”. Carga negativa da membrana basal: Responsável pela assim denominada “barreira de carga”, que dificulta a filtração de qualquer partícula com carga negativa, independente do tamanho. O maior obstáculo à passagem da albumina é a “barreira de carga”, já que esta molécula se revela um poliânion (carga negativa). OBS: Um exame chamado eletroforese de proteínas urinárias é capaz de identificar os tipos de proteína que constituem a proteinúria do paciente, classificando-a em seletiva ou não seletiva. Fendas de filtração Seletiva Não-seletiva Quando o processo lesivo renal acarreta perda predominante da “barreira de carga” (como no caso da nefropatia por lesão mínima), ocorre o que se entende por proteinúria seletiva, ou seja, uma proteinúria basicamente à custa de albumina. Não costumam cursar com alterações importantes da estrutura física glomerular. Quando a lesão glomerular determina perda da “barreira de tamanho” ocorre proteinúria não seletiva (como na GEFS), com perda proporcional de todas as macromoléculas do plasma (albumina, globulinas etc.). Ocorrem alterações estruturais dos glomérulos: os podócitos (prolongamentos do epitélio visceral) estão lesados, o que determina um desarranjo arquitetônico das fendas de filtração, permitindo o escape de proteínas. Nefrologia Vanessa Sant’Ana 3 Hipoproteinemia: Na Síndrome Nefrótica, perde-se não somente a albumina, mas outras proteínas, que acarretam uma série de alterações no organismo: Os pacientes tem mais predisposição a ter: Infecções (infectam por germes encapsulados, principalmente pneumococos, haemophilus e strepto), trombose, anasarca, hipotireoidismo, cortisol aumentado no sangue. TUDO ISSO OCORRE PELA PERDA DAS PROTEÍNAS RESPONSÁVEIS. Lipoproteína lipase encontra-se alterada, então ocorre a alteração do metabolismo do LDL e VLDL. Dois fatores responsáveis pelo aumento do colesterol e triglicerídeos: A própria albuminúria aumenta a síntese hepática da albumina, que é a mesma correlação do LDL e VLDL, então aumenta a síntese hepática de albumina nos hepatócitos e vai aumentar a produção dessas frações dos triglicerídeos e colesterol. A enzima lipoproteína lipase está diminuída, ocorrendo a alteração do metabolismo dos lipídios, aumentando colesterol e triglicerídeos. Lecitina-colesterol acetiltransferase vai estar diminuída e vai levar a hiperlipidemia. Nefrologia Vanessa Sant’Ana 4 Edema: Fisiopatologia do Edema: As trocas de líquido entre os capilares e o interstício funcionam de acordo com o equilíbrio de duas forças opostas: Pressão hidrostática: “empurra” o líquido para fora do capilar; Pressão oncótica (coloidosmótica) – determinada pela concentração de macromoléculas (proteínas) na luz do vaso: “puxa” o líquido para dentro do capilar. O edema se formará sempre que houver um aumento importante da pressão hidrostática em relação à pressão oncótica. Teorias: Teoria do Underfilling: O edema generalizado (anasarca) é dependente da queda da pressão oncótica, por efeito da hipoalbuminemia. A queda da pressão oncótica faz o líquido sair do intravascular para o interstício, determinando uma “tendência à hipovolemia” e, consequentemente, ativação do sistema renina-angiotensina- aldosterona. O resultado final é uma retenção hidrossalina secundária, na tentativa de compensar a hipovolemia. O líquido retido acaba servindo para manter e agravar o edema. Por esta teoria, o edema da síndrome nefrótica seria “osmótico”, e não “pressórico” como o da síndrome nefrítica. Teoria do Overfilling: Paciente está hipervolêmico e edemaciado. Existe uma retenção hidrossalina primária, ninguém sabe o motivo, talvez a resistência ao peptídeo natriurético atrial. Essa retenção aumenta o volume plasmático e junto com a hipoalbuminemia leva ao edema pressórico. Nefrologia Vanessa Sant’Ana 5 Hiperlipidemia: Fisiopatologia da hiperlipidemia: Síntese hepática aumentada; Aumento da secreção hepática de HDL; Diminuição da atividade da enzima LECITINA-COLESTEROL ACYLTRANSFERASE. Hiperlipidemia nefrótica Aterogênese e suas complicações – Eventos cardiovasculares mais frequentes. Mecanismo da hipercolesterolemia: Aumento da síntese hepática de lipoproteínas, estimulada pela queda da pressão oncótica induzida pela hipoalbuminemia. Ou seja, o mesmo estímulo que faz o fígado produzir mais albumina também o leva a sintetizar mais lipoproteína, especialmente a LDL. Hipertrigliceridemia: É causada muito mais pela redução do catabolismo do VLDL (perda urinária da enzima lipoproteína-lipase, que degrada o VLDL). Lipidúria: A hiperlipidemia nefrótica resulta no aumento da filtração glomerular de lipídios, provocando lipidúria. O sedimento urinário passa a conter corpos graxos ovalados (células epiteliais com gotículas de gordura) e cilindros graxos (formados por tais células aderidas à proteína de Tamm-Horsefall). Obs: A hiperlipidemia e a lipidúria nefrótica persistente são fatores que aceleram a perda de função renal (provavelmente por induzir lesão tubulointersticial). Distúrbios da hemostasia em pacientes com Síndrome Nefrótica: PRINCIPAIS: Perda da anti-trombina III na urina; Proteína S e C aumentada. Favorecem a predisposição à TROMBOSE! Nefrologia Vanessa Sant’Ana 6 Complicações Tromboembólicas em pacientes com SN: PRINCIPAIS: Trombose de veia renal, principalmente em pacientes que tem síndrome nefrótica por glomerulonefrite membranosa; Trombose de veia axilar. Obs: Trata com anticoagulante EV e recupera. Obs: As principais complicações que ocorrem em pacientes com Síndrome Nefrótica são: Fenômenos tromboembólicos e infecções (aumento da susceptibilidade à infecções - Streptococcus pneumoniae (pneumococo) é a bactéria mais envolvida.) Temas importantes vistos até aqui: DEFINIÇÃO FISIOPATOLOGIA DO EDEMA FISIOPATOLOGIA DA DISLIPIDEMIA COMPLICAÇÕES TROMBÓTICAS DOENÇAS QUE CURSAM COM SÍNDROME NEFRÓTICA: Síndrome nefrótica primária:GLOMERULOPATIAS PRIMÁRIAS 1. Doença por lesão mínima 2. Glomeruloesclerose segmentar e focal (GESF) 3. Glomerulopatia membranosa 4. Glomerulonefrite membrano-proliferativa (Pode cursar tanto com síndrome nefrótica, quanto com síndrome nefrítica) Síndrome nefrótica secundária: GLOMERULOPATIAS ASSOCIADAS (principais) 1. Diabete 2. Lupus eritematoso sistêmico 3. Hepatite C – B 4. SIDA 5. Sífilis 6. Drogas 7. Amiloidose 8. Neoplasias Piora da hematúria Priteinúria aumenta – fica mais nefrótico Pode ficar oligúrico ou anúrico Assimetria renal pela USG Nefrologia Vanessa Sant’Ana 7 Incidência das doenças pela faixa etária: 1. DOENÇA/NEFROPATIA POR LESÃO MÍNIMA: Também chamada de nefrose lipoide. É responsável por 80% das síndromes nefróticas em crianças, e só 20% nos adultos, a maioria é homens e entre 1-6 anos. Patogenia: Perda da carga negativa da barreira glomerular (perda da “barreira de carga”), originando um tipo seletivo de proteinúria – Perda de albumina. Reincidência da síndrome em transplantes renais: Sugere a presença de um fator circulante que “neutraliza” a carga negativa glomerular. Doença de linfócitos T (sensíveis a corticoide), os quais secretam uma citocina (ainda desconhecida) que age sobre os podócitos, inibindo a síntese dos poliânions (sulfato de heparan) responsáveis pela “barreira de carga”. A perda de interação entre o podócito e as proteínas da matriz extracelular provocaria a fusão podocitária. (Na microscopia eletrônica é característico o achado de fusão dos processos podocitários) Apresentação clínica: Clássica de síndrome nefrótica Sem hipertensão arterial ou hematúria; Com função renal conservada; Podendo ser precedida por infecção inespecífica de vias aéreas ou por infecção viral; HAD de 10% das crianças e 30% dos adultos; Hematúria microscópica 30%. (Obs: Na Síndrome Nefrítica 100% apresenta hematúria) INFÂNCIA: Lesão mínima ADULTO JOVEM: GESF MEIA IDADE E IDOSOS: Membranosa Nefrologia Vanessa Sant’Ana 8 Etiologia: IDIOPÁTICA - primária Doença de Hodgkin – Linfoma de Hodgkin (principal doença secundária que leva a lesão mínima!) Micose Fungóide Sífilis AIDS Drogas: AINEs, sais de ouro, rifampicina, metimazol, interferon, lítio Biópsia: Microscopia óptica NORMAL Microscopia Eletrônica FUSÃO DOS PODÓCITOS Imunofluorescência NEGATIVA Microscopia óptica: Na Lesão mínima temos um glomérulo normal à microscopia óptica. Microscopia eletrônica: Fusão dos podócitos. Pergunta: Qual a glomerulopatia que causa fusão dos podócitos na microscopia eletrônica? R= DOENÇA POR LESÃO MÍNIMA. Nefrologia Vanessa Sant’Ana 9 Curso clínico e tratamento: Doença é marcada por períodos de remissão e atividade Resposta muito boa ao CORTICÓIDE 95% dos pacientes com DLM respondem bem, com melhora da proteinúria em 4-8 semanas (2 meses) após o início da corticoterapia Recomendação de tratamento: Como inicia o Corticóide: Se for uma Síndrome Nefrótica primária ou idiopática Excluir as outras causas (infecções – sorologias negativas) Recomendação 3: Biópsia + Imunossupressor. Cortico-dependência também é imunossupressor e cortico-resistência já vai direto para a ciclofosfamida. Obs: Recomendação 3, 4 e 5 não serão exigidas na prova. Paciente com Síndrome Nefrótica por lesão mínima, primária/idiopática. Faz o corticoide e obtém resposta. Recidivou? Faz a prednisona de novo. Recidivou muitas vezes? Imunossupressor (Ciclofosfamida ou Corambucil). Fez o corticoide por 16 semanas (4 meses), dosou a proteinúria e ainda está nefrótico, esta criança (paciente) não respondeu! Considera cortico-resistente, ou seja, tem resistência à prednisona. O que deve ser feito? Fazer imunossupressor – Ciclofosfamida ou Ciclosporin. Nefrologia Vanessa Sant’Ana 10 Resumo: 2. GLOMERULOESCLEROSE FOCAL E SEGMENTAR (GESF) O termo “Glomeruloesclerose Focal e Segmentar” (ou simplesmente “Esclerose Focal”) é genérico, traduzindo apenas um padrão de lesão glomerular que se caracteriza pelo surgimento de esclerose com colapso capilar em menos de 50% dos glomérulos renais (lesão focal) e em parte das alças de cada glomérulo acometido (lesão segmentar). 10 a 15% das síndromes nefróticas que ocorrem em crianças e em torno de 30% em adultos. Adulto jovem o Homens, negros – curso clínico mais grave Atualmente é a causa mais comum se SN idiopática no adulto. Obs: As duas glomerulopatias mais comuns no mundo inteiro: GESF e Membranosa. A GESF é a pior doença que o glomérulo pode manifestar Ela evolui para máquina de diálise Quando você transplanta o paciente com GESF, 30% recidiva a doença naquele rim transplantado, é péssima. (Se a gente tiver que escolher, melhor ter lesão mínima). A GESF pode estar nefrótica, com proteinúria maciça e não ter nenhum edema. O curso clínico dela é totalmente variável. 5% é secundária, 66% não-nefrótica. O que significa uma proteinúria sub-nefrótica ou não-nefrótica? Está abaixo de 3,5g. Os pacientes com GESF, a maioria é 2g-2,5g e quando faz a biópsia vem a GESF. A GESF é uma doença que cursa com síndrome nefrótica e ela pode ter uma proteinúria sub-nefrótica em 66% dos casos. Só metade responde a corticoide, a outra metade vai para diálise. Nefrologia Vanessa Sant’Ana 11 Patogenia – forma primária: O defeito também é um distúrbio do linfócito T, que secretam uma citocina, responsável pela lesão do epitélio visceral glomerular – podócitos. Perde a carga negativa e perde a carga de barreira, os poros. – Proteinúria não-seletiva! A lesão é mais grave, afetando a arquitetura das fendas de filtração. A esclerose se refere ao acúmulo de material homogêneo não fibrilar, levando ao colapso de capilares glomerulares. Na GESF este material é hialino, derivado de proteínas plasmáticas que extravasam pelo epitélio visceral lesado. Classificação etiológica da GESF: Primária Obs: Forma variante colapsante é mais frequente em HIV. Toda vez que se ver GESF VARIANTE COLAPSANTE associar ao HIV. Secundária Biópsia à Microscopia óptica: GESF é uma glomeruloesclerose segmentar e focal. Ocorrerá o depósito de material hialino não fibrilar dentro das alças glomerulares, levando a uma esclerose total desse glomérulo. Com isso, ele vai perder filtração glomerular, por isso que a GESF evolui para insuficiência renal crônica muito rápido, se não tem o tratamento adequado. Na imagem nota-se poucas alças capilares saudáveis, a metade está esclerosado, por isso não filtra a urina. Nefrologia Vanessa Sant’Ana 12 Biópsia à microscopia eletrônica: Depósitos de imunoglobulina e C3. Imunoflorescência: Positiva. GESF é a forma mais comum de síndrome nefrótica em indivíduos negros. Nesta população e em particular em pacientes HIV, a evolução para uma forma colapsante de evolução rápida para rim terminal é frequente. (Rim terminal = Classe 5) Manifestações clínicas: Início abrupto, e uma síndrome nefrótica clássica está presente na ocasião do diagnóstico; A maior parte da forma secundária tem início insidioso Proteinúria do tipo não seletiva (lesão das fendas/poros) HAS (importante causa de HAS secundária em adultos) Hematúria microscópica Complemento normal Complexos imunes circulantes em 30% dos casos Níveis de IgG ↓↓↓ Curso clínico: O curso da doença é variável. Os pacientes que não respondem a tratamento tendem a evoluir para insuficiência renal crônica, num percentual de casos que varia de 30 a 63% (63% evolui para diálise). Os pacientes não-tratados apresentam uma evolução semelhante à dos que não respondem a tratamento. Prognóstico: São considerados como fatores de mau prognóstico: Creatininasérica inicial aumentada; Fibrose intersticial; Hipertensão arterial sistêmica; Proteinúria de nível nefrótico; Ausência de resposta a tratamento. Microscopia óptica Nefrologia Vanessa Sant’Ana 13 Tratamento: Obs: Diretriz – Se o paciente tem Proteinúria <1g, manter a pressão em 130x80; Se o paciente tem Proteinúria >1g, manter a pressão em 125x75. 3. GLOMERULONEFRITE MEMBRANOSA (GNM) Glomerulopatia membranosa, nefropatia membranosa, glomerulonefrite epimembranosa, glomerulonefrite perimembranosa. Doença de instalação insidiosa Sexo masculino (60 a 70%) Idade média oscilando entre 45 e 50 anos Parece haver predomínio da raça branca Pode ser idiopática e secundária: Pode aparecer de forma isolada (primária ou idiopática), ou ser secundária a diversas condições sistêmicas específicas, como lúpus, hepatite viral e neoplasias (carcinomas), ou mesmo após o uso de determinados medicamentos, como captopril, sais de ouro e penicilamina. Patogenia: Padrão autoimune - 70% ligado ao HLA classe II DR3 Depósito granular de imunocomplexos. Nefrologia Vanessa Sant’Ana 14 Reação de anticorpos circulantes com antígenos glomerulares nativos, que leva a formação de complexo imune in situ, no glomérulo. Reação de anticorpos circulantes contra antígenos plantados no glomérulo Ativação do sistema complemento com formação de complexo de ataque a membrana (MAC) Reação entre antígenos e anticorpos: o Formado no sangue e depositado no glomérulo o Depositado diretamente no glomérulo o Ativação do sistema complemento levando ao MAC Proteinúria nefrótica não seletiva: Tudo começa pela ativação local do sistema complemento, formando o complexo C5-9 MAC (“complexo de ataque à membrana”). Este, por sua vez, estimula as células epiteliais e mesangiais a produzir proteases e oxidantes, responsáveis em última análise pela degradação da matriz da Membrana Basal Glomerular (MBG), levando à perda da “barreira de tamanho”. Formas secundárias: Imunodepósitos costumam ser provenientes do plasma (ex.: LES) Forma idiopática: Imunodepósitos são formados no próprio glomérulo, pelo surgimento de um autoanticorpo contra um complexo antigênico localizado entre a MBG e o epitélio visceral (antígeno de Heymann). Quadro clínico e laboratorial: 80% Síndrome Nefrótica e 30% proteinúria não nefrótica Proteinúria não seletiva Hematúria microscópica 50% e HAS Trombose de veia renal é mais com na GM Complemento sérico normal Biópsia: Microscopia óptica: Espessamento difuso da membrana basal capilar, com presença de espículas. A alteração histopatológica que caracteriza esta condição é o espessamento da Membrana Basal Glomerular (MBG), na ausência de proliferação celular. Ao contrário da esclerose focal, a GM apresenta comprometimento uniforme dos glomérulos (padrão difuso e homogêneo). Nefrologia Vanessa Sant’Ana 15 Microscopia eletrônica e Imunoflorescência: Pelos dados da imunofluorescência em conjunto com a microscopia eletrônica, existem imunodepósitos subepiteliais de IgG e C3 que interagem com a matriz da MBG, espessando-a e criando prolongamentos que se pronunciam entre os depósitos. Investigação diagnóstica: Obrigatoriamente deve-se fazer a investigação diagnóstica secundária, para afastar a GNM secundária. PERGUNTA DE PROVA: Quais são os exames que se pede para afastar glomerulonefrite membranosa secundária? FAN, complemento sérico Anti-DNA HBsAg, anti-HCV, VDRL RX de tórax, US abdominal, sangue oculto nas fezes o >50 anos: mamografia e colonoscopia Área endêmica: Esquistossomose e malária Qual a principal doença que cursa com GNM secundária? R= HEPATITE B. Nefríte lúpica = Classe 5. Curso clínico: 10-20% dos adultos com GNM apresentam remissão espontânea 20-45% remissão espontânea parcial, mantendo nível de proteinúria de 200mg- 2g sem evoluir para insuficiência renal 40-50% apresentam perda progressiva da função renal Remissão completa da doença = Proteinúria abaixo de 300mg nas 24h. Remissão parcial da doença = Proteinúria acima de 300mg-1g. Depósitos subepiteliais de material elétron-denso em paciente portador de GNM, estádio II. Depósitos granulares de IgG ao longo da membrana basal glomerular. Nefrologia Vanessa Sant’Ana 16 Prognóstico: Fatores de mau prognóstico: Sexo masculino Idade avançada Hipertensão Proteinúria maciça persistente Hipoalbminemia significativa Hiperipidemia Insuficiência renal no diagnóstico Esclerose focal Lesão túbulo-intersticial associada na biópsia Tratamento: QUESTÃO DE PROVA: Qual o tratamento para GNM idiopática? Esquema de Ponticelli clássico: (6 meses de tratamento) 1- Meses ímpares (1º, 3º e 5º meses): Interna o paciente e faz Pulsoterapia com metilprednisolona 1g EV nos 3 primeiros dias. Dá alta ao paciente e mantém o tratamento com prednisona 0,5 mg/kg/dia VO. 2- Meses pares (2º, 4º e 6º meses): Imunossupressor (clorambucil ou ciclofosfamida VO). Resumo: 4. GLOMERULONEFRITE MEMBRANOPROLIFERATIVA Glomerulonefrite hipocomplementêmica, glomerulonefrite lobular, glomerulonefrite mesangial crônica, glomerulonefrite parietoproliferativa, glomerulonefrite mesangiocapilar ou glomerulonefrite mesângiocapilar. Pior de todas – Não tem tratamento! Nefrologia Vanessa Sant’Ana 17 Caracteriza-se pela proliferação de células em torno das alças glomerulares, ou seja no mesângio. Espessamento em duplo-contorno da parede do capilar glomerular. Predominante em indivíduos jovens (70% < 30 anos) Sexo feminino (52-58%) A presença de infecções de vias aéreas superiores pode anteceder o quadro de GNMP Subgrupos: Depende da localização do imunocomplexo GNMP tipo I: com presença de imunodepósitos subendoteliais paramesangiais de IgG e C3. GNMP tipo II (DOENÇA DO DEPÓSITO DENSO): depósitos intensamente eletrondensos no interior da membrana basal (constituídos apenas por complemento isolado, sem imunoglobulina). GNMP tipo III: presença de imunodepósitos subepiteliais se “comunicando” com imunodepósitos subendoteliais através de roturas na MBG (visíveis à microscopia eletrônica). – Conjunto: subendotelial e membrana basal glomerular. Pode ser idiopática ou secundária: Principais secundárias: HEPATITE C e CRIOGLOBULINEMIA MISTA ESSENCIAL. Manifestações clínicas: Síndrome Nefrótica na primeira consulta ocorre entre 40 e 70% dos pacientes; 20% apresentam síndrome nefrítica aguda; Hematúria e proteinúria assintomática 15-30%; 5 e 10% procuram atendimento médico devido a hematúria macroscópica recorrente; A síndrome nefrítica aguda ocorre com maior frequência em indivíduos mais jovens. HAS 40 e 75%; Evoluem para IR grave, assim como na GESF. Nefrologia Vanessa Sant’Ana 18 Biópsia: Microscopia óptica: Clássico da GNMP: FOLHA DE TREVO. Mostra-se bastante proliferado, é um conjunto de células proliferadas das alças glomerulares, onde não se consegue ver nem as alças. É possível ver um duplo contorno e muitos polimorfonucleares, células proliferativas nas alças capilares. Obs: O Mesangio é a matriz que fica entre as alças capilares. Microscopia eletrônica: Imunoflorescência: Deposição linear de material elétron-denso ao longo da membrana basal glomerular em paciente portador de GNMP tipo II. Deposição granular de IgG ao longo da membrana basal glomerular e na região mesangial em paciente portador de GNMP. Nefrologia Vanessa Sant’Ana 19 Características de mau prognóstico: Insuficiência Renal HAS Síndrome nefrótica Crescentes e lesões túbulo intersticiais na biópsia Tratamento: Não entra na prova! COMPARAÇÃO ENTRE AS GLOMERULOPATIAS ESTUDADAS: Faixa etária GêneroHematúria macro Função renal C3 sérico IgA sérica GNLM Crianças Masculino Ausente Normal Normal Normal GESF Adultos- jovens Masculino Pode ter (+) Alterada, leva a DRC Normal Normal GNM Adultos velhos Masculino Ausente Normal ou alterada Normal Normal GNMP Qualquer idade Feminino Pode ter, pois cursa com Síndrome nefrítica e nefrótica Alterada Baixo (única dessas glomerulopatias que cursa com C3 baixo) Normal
Compartilhar