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Anne Karen Reis NEFROLOGIA 1 Segundo a Diretriz da Sociedade Brasileira de Nefrologia, a IRA é uma síndrome que se caracteriza por redução súbita da filtração glomerular com consequente retenção de compostos nitrogenados (ureia/creatinina) geralmente acompanhada por redução do volume urinário. RIFLE X AKIN (Acute Kidney Injury Network) ESTÁGIOS DA IRA SEGUNDO AKIN ESTÁGIOS CREATININA SÉRICA DIURESE Estágio 1 Aumento de 0,3 mg/dl ou aumento de 150-200% do valor basal (1,5 a 2 vezes) < 0,5 ml/kg/h por 3 horas Estágio 2 Aumento > 200-300% do valor basal (> 2-3 vezes) < 0,5 ml/kg/h por > 12 horas Estágio 3 Aumento de > 300% do valor basal (> 3 vezes ou Cr sérica ≥ 4,0 mg/dl com aumento agudo de pelo menos 0,5 mg/dl) < 0,3 ml/kg/h por 24 horas ou anúria por 12 horas EPIDEMIOLOGIA • 5% das internações hospitalares e 30% das internações em UTI; • 50% em paciente grave e/ou choque séptico; • Afeta principalmente pacientes mais velhos e do sexo masculino; • Maioria dos pacientes apresentam doenças associadas; • Graves enfermos (UTI) → falência de órgãos; • Mais frequente complicação → sepse; • IRA severa → diálise; • Alta mortalidade. DEFINIÇÃO Injúria renal aguda Anne Karen Reis NEFROLOGIA 2 CURSO CLÍNICO DIAGNÓSTICO PRÉ-RENAL (60%) RENAL (35%) PÓS-RENAL (5%) Redução do fluxo plasmático renal Hipotensão arterial, hipovolemia (hemorragias, diarreias, queimaduras) Nefrite intersticial Lesão renal Parenquimatosa dos vasos sanguíneos. Glomérulos, túbulos ou interstício Necrose tubular aguda (isquêmica ou tóxica) Secundárias a obstrução intra ou extra-renal Cálculos, traumas, coágulos, tumores e fibrose retroperitoneal Glomerulonefrite IRA oligúrica • Fase de instalação → agressão; • Fase de manutenção → 10-30 dias de evolução; complicações; • Fase de recuperação → aumento progressivo da diurese; poliúria. IRA não oligúrica • Ausência de fases; • Menor incidência de complicações; • Recuperação mais rápida. • Marcadores clássicos da função renal na IRA → ureia e creatinina; • Entretanto são marcadores não ideais, com limitações; • Não refletem as alterações em tempo real da função renal; • Atraso no diagnóstico. Hemograma Elevação de escórias nitrogenadas (uréia, creatinina, ácido úrico), acidose metabólica, hipo ou hipernatremia, hiperpotassemia, hipo ou hipercalcemia e hiperfosfatemia e anemia normocítica e normocrômica. Deve-se utilizar o clearance estimado de creatinina para o estabelecimento do nível real da função renal. EAS • NTA → células epiteliais, fragmentos celulares, cilindros granulosos, hematúria, leucocitúria e proteínas leves; • A ausência de alterações não exclui NTA; • Leucocitúria com eosinofilia sugerem NTI; • Reação em fita positiva para sangue com poucas hemácias sugerem hemoglobinúria ou mioglobinúria. CLASSIFICAÇÃO Anne Karen Reis NEFROLOGIA 3 Imagem → US com doppler • Procedimento de escolha, podendo ser precoce; • Principal indicação → excluir obstrução vascular e pós-renal; • Observação do tamanho renal e avaliação do parênquima renal. Biomarcadores → KIM-1, NGAL, IL-18 e Cistatina C Diagnóstico precoce → Cistatina C, NGAL. Diagnóstico diferencial → Cistatina C, IL-18 e KIM-1. Estratificação de risco para diálise ou morte → NAG, KIM-1 e IL-18. Biópsia renal Indicada apenas em casos selecionados. Estes incluem a causa desconhecida para o quadro, evolução atípica e/ou prolongada, suspeita de nefrite intersticial, necrose cortical, doença ateroembólica, glomerulonefrites agudas ou rapidamente progressivas e vasculites. PREVENÇÃO E TRATAMENTO PRÉ-DIALÍTICO ESTRATÉGIAS NÃO FARMACOLÓGICAS ESTRATÉGIAS FARMACOLÓGICAS Evitar drogas nefrotóxicas Hidratação Hematócrito Oxigenação Nutrição e hidratação Tratamento da acidose e da hipercalemia Diuréticos Peptídeos natriuréticos Dopamina Tratamento da anemia Controle glicêmico TRATAMENTO CLÍNICO • Assegure-se que o volume intravascular esteja expandido. Mantenha pressão arterial média acima de 80 mmHg, hematócrito acima de 30% e oxigenação tecidual adequada; • Evite hiperhidratação, que poderá causar edema, hipertensão, insuficiência cardíaca e hiponatremia. IRA é um processo hipercatabólico e um paciente que não estiver perdendo ao redor de 300 g de peso corporal por dia quase certamente está em balanço positivo de água; • Previna hipercalemia diminuindo a ingestão de potássio e evite drogas que interfiram com a sua excreção. Trate agressivamente hipercalemias graves ou sintomáticas através de infusão endovenosa de cálcio, soluções polarizantes (glicose e insulina), uso de agonistas ß2, correção da acidose, resinas de troca iônica e hemodiálise; • Tome precauções extremas contra processos infecciosos. Evite antibioticoterapia desnecessária, quebras da barreira cutâneo-mucosa (sondas, cateteres, etc) e pesquise cuidadosamente a presença de focos infecciosos. A maior causa de mortalidade em pacientes com IRA é septicemia; • Nutra o paciente. Tente obter o balanço nitrogenado menos negativo possível através da administração de uma relação calórico/protéica adequada. Evite restrições alimentares severas. Se a sobrecarga de volume for um problema não contornável clinicamente, inicie diálise precocemente ou a intensifique. Anne Karen Reis NEFROLOGIA 4 MÉTODOS DE TERAPIA RENAL DE SUBSTITUIÇÃO QUAL MÉTODO DE DIÁLISE? • Oligúria não obstrutiva (< 200 ml/12h) ou anúria; • Acidose metabólica grave (pH < 7,1); • Azotemia (uréia > 180 mg/dl); • Hipercalemia (> 6,5 mEq/l ou elevação rápida); • Uremia sintomática (pericardite, encefalopatia, miopatia); • Hipertermia (> 39,5º); • Sobrecarga de volume (principalmente edema pulmonar); • Intoxicação com toxina dialisável (lítio, álcool, salicilato, etc.); • Grande necessidade de hemoderivados em pacientes sob risco ou com SDRA. CONTÍNUOS INTERMITENTES HÍBRIDOS Hemodiálise venovenosa contínua (CVVHD) Hemofiltração venovenosa contínua (CVVH) Hemodiafiltração venovenosa contínua (CVVHDF) Ultrafiltração isolada contínua (SCUF) Hemodiálise intermitente clássica (IHD) SLED (sustained low-efficiency dialysis) EDD (extended daily dialysis) OBJETIVOS DA TERAPIA RENAL DE SUBSTITUIÇÃO (TRS) NA IRA A terapia renal de substituição tem como objetivos a correção das anormalidades metabólicas decorrentes da disfunção renal, a regulação do equilíbrio e balanços influenciados pelos rins (ácido- básico, eletrolítico, hídrico, volêmico e nutricional). Além disto, visa o manejo do líquido extracelular em pacientes com falência orgânica múltipla, a preservação e o auxílio na recuperação das disfunções orgânicas (renal, SNC, CV, Respiratória, GI, VO2, etc.) e eventualmente, a manipulação/remoção de mediadores que contribuem para o estado de desregulação da resposta inflamatória na doença critica. INDICAÇÕES CORRENTES PARA SUPORTE RENAL Anne Karen Reis NEFROLOGIA 5 CRITÉRIOS ABC Variáveis indicadoras divididas em três domínios. • Água → débito urinário e balanço hídrico; • Bioquímica → ureia, creatinina, potássio, lactato e bicarbonato; • Contexto clínico → índices de gravidade (gerais e renais), escore simplificado de falências orgânicas concomitantes. Água • Débito urinário e balanço hídrico 1 = oligúria; 2 = oligúria e balanço positivo; 3 = anúria. • Melhor ponto de corte → 780 ml; • A letalidade aumenta 10% para cada litro de balanço hídrico positivo nas 72h iniciais. Bioquímica • Ureia; • Creatinina; • Lactato; • Potássio; • Fósforo; • Bicarbonato; • pH. Clínica • Escores de gravidade → APACHE, SAPS, RIFLE, Liãno; • Escore simplificado: 1,0 = IRA 1,5 = IRA + 1 falência 2,0 = IRA + 2 falências 2,5 = IRA + 3 falências 3,0 = IRA + FMOS PESPECTIVA TERAPÌUTICA Célulastronco mesenquimais (CTMs) • Modulam a resposta imunológica → diminuem expressão de citocinas séricas; • Imunomodulação tanto no tecido renal quanto sistêmica; • Secreção do fator de crescimento → mediadores de processo antifibróticos (remodelando o tecido renal). Anne Karen Reis NEFROLOGIA 6
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