Prévia do material em texto
Anne Karen Reis NEFROLOGIA 1 Os rins são órgãos que lembram a forma de um grão de feijão, de coloração marrom-avermelhada, situados no espaço retroperitoneal, um de cada lado da coluna vertebral, de tal modo que seu eixo longitudinal corre paralelamente ao músculo psoas maior. O rim de um indivíduo adulto tem 11 a 13 cm de comprimento, 5 a 7,5 cm de largura e 2,5 a 3 cm de espessura, pesando entre 125 e 170 g no homem e 115 a 155 g na mulher. Com o envelhecimento, há uma diminuição do peso renal. Na parte medial côncava de cada rim, localiza-se o hilo renal, no qual se encontram a artéria e a veia renal, os vasos linfáticos, os plexos nervosos e o ureter, que se expande dentro do seio renal formando a pelve. Toda a superfície do rim é envolvida por uma membrana fibroelástica muito fina e brilhante, denominada cápsula renal, que se adere à pelve e aos vasos sanguíneos da região do hilo. MACROSCOPIA Anatomia e fisiologia renal Anne Karen Reis NEFROLOGIA 2 Ao redor dos rins, no espaço retroperitoneal, tem-se uma condensação de tecido conjuntivo, que representa a fáscia de Gerota ou fáscia renal. Ela divide-se em fáscias renais anterior e posterior, envolvendo um tecido adiposo, denominado gordura perirrenal, que contorna o rim e a glândula adrenal de cada lado, constituindo o espaço perirrenal. Ao corte, o parênquima renal apresenta uma porção cortical de cor avermelhada e uma porção medular de cor amarelo-pálida. Na região medular, observam-se várias projeções cônicas ou piramidais, de aspecto estriado, cujas bases estão voltadas para o córtex. O conjunto formado pela pirâmide renal e seu córtex associado denomina-se lobo renal. O rim humano contém, em média, 14 lobos, sendo seis no polo renal superior, quatro no polo médio e quatro no polo inferior. A medula é constituída somente por túbulos e divide-se em duas regiões. A zona medular interna contém os ductos coletores (DC), as partes ascendente e descendente dos segmentos delgados das alças de Henle e os vasa recta. Com cerca de 1 cm de espessura, o córtex contém túbulos e glomérulos. Nele, observam-se, a intervalos regulares, estriações denominadas raios medulares. Esses raios originam-se das bases das pirâmides e contêm túbulos coletores, ramos ascendentes da alça de Henle e as porções retas terminais dos túbulos contornado proximais. Alguns dos túbulos se unem para formar DC. A urina, que, a partir de então, drena, cai em um receptáculo chamado cálice menor. O ureter é um tubo muscular que se estende da pelve renal à bexiga urinária. Localiza-se no compartimento retroperitoneal e descende anteriormente ao músculo psoas. Anne Karen Reis NEFROLOGIA 3 NÉFRON Unidade funcional do rim, o néfron é formado pelos seguintes elementos: • Corpúsculo renal, representado pelo glomérulo e pela cápsula de Bowman; • Túbulo proximal; • Alça de Henle; • Túbulo distal (TD); • Uma porção do DC. Há aproximadamente 700.000 a 1,2 milhão de néfrons em cada rim. Glomérulo → Essa porção do néfron se responsabiliza pela produção de um ultrafiltrado a partir do plasma. Forma-se por uma rede de capilares especializados (tufo glomerular) nutridos pela arteríola aferente e drenados pela arteríola eferente. Essa rede capilar projeta-se dentro de uma câmara que está delimitada por uma cápsula (cápsula de Bowman), que, por sua vez, dispõe de uma abertura comunicando a câmara diretamente com o túbulo contornado proximal. Túbulo proximal → Com cerca de 14 nm de comprimento, inicia-se no polo urinário do glomérulo, forma vários contornos próximos ao glomérulo de origem e, depois, desce, sob a forma de segmento reto, em direção à medula. Em geral, o segmento inicial denomina-se pars convoluta e o mais distal, pars recta, constituindo estes últimos parte dos raios medulares Alça de Henle → A transição entre o túbulo contornado proximal e o segmento delgado da alça de Henle é abrupta e marca a divisão entre as faixas externa e interna da zona externa da medula. Túbulo distal → Constitui-se por meio do segmento ascendente espesso da alça de Henle (pars recta), da mácula densa e do túbulo contornado distal (pars convoluta). Ducto coletor → De acordo com a sua localização no rim, costuma-se dividir o DC em três segmentos: segmento coletor cortical e segmentos medulares interno e externo. O segmento coletor cortical está formado, no início, pelo túbulo coletor, continuando, depois, com uma porção arqueada e medular. O segmento medular interno termina na papila. Juntos, DC e túbulo contornado distal formam o néfron distal, no qual ocorrem vários processos fisiológicos: reabsorção de bicarbonato; secreção de hidrogênio; reabsorção e secreção de potássio; secreção de amônia; reabsorção de água etc. Anne Karen Reis NEFROLOGIA 4 FISIOLOGIA RENAL Funções dos rins Os rins são responsáveis por diversas funções em nosso organismo, não estão relacionados apenas com a filtragem do sangue ou com a formação da urina. Essas são apenas duas de suas principais funções, porém eles desempenham outras funções, tais como: • Formação da urina; • Excreção dos produtos residuais; • Regulação dos eletrólitos e do equilíbrio ácido-básico; • Controle do balanço hídrico e da pressão arterial; • Regulação da produção de eritrócitos e do equilíbrio de cálcio e fósforo; • Síntese da vitamina D; • Secreção de prostaglandinas; • Ativação do hormônio do crescimento. Formação da urina O trabalho de milhões de néfrons, unidades funcionais do rim, resulta na formação da urina. Cerca de 25% do plasma que atinge o rim é ultrafiltrado pelos glomérulos, levando à formação, em média, de 100 a 120 mℓ/min de ultrafiltrado. Ao lado desse intenso processo de reabsorção, tem-se, não menos importante, o de secreção tubular, que se caracteriza pelo transporte de substâncias do espaço peritubular (vasos e interstício) para a luz tubular. Esse processo torna possível a excreção pela urina de substâncias que não passaram pela barreira dos capilares glomerulares, como macromoléculas ou moléculas ligadas a proteínas. Sendo assim, formação da urina resulta de três processos: filtração tubular, reabsorção tubular e secreção tubular. Filtração tubular → A filtração é a transferência de fluido da porção vascular para a porção tubular dos néfrons: isto é, dos capilares glomerulares para a capsula de Bowman. Por dia, são formados 180 litros desse líquido, denominado filtrado. Praticamente todo esse volume (cerca de 99%) é reabsorvido à medida que o filtrado percorre o túbulo contorcido proximal, a alça de Henle, o túbulo contorcido distal e o ducto coletor. O restante que não é reabsorvido (em torno de 1,5 litro), vai formar a urina e será excretado. Ao longo do trajeto do filtrado dentro do néfron, algumas substâncias que o organismo precisa excretar são também secretadas na luz dos túbulos renais. Reabsorção tubular → Aproximadamente 70% do volume de filtrado é reabsorvido no túbulo proximal, sendo que o remanescente é reabsorvido no restante do néfron. Nas porções distais ocorre uma regulação fina da quantidade de água e sais que serão excretados na urina, produzindo uma urina mais concentrada (hiperosmótica) ou menos (hiposmótica). Essa regulação é feita por hormônios, que podem aumentar a reabsorção de sódio e água, dependendo das necessidades do organismo. Secreção tubular → Além da filtração, algumas substâncias podem ser ativamente secretadas do plasma sanguíneo ou das células tubulares para o lúmen dos néfrons. Esse processo permite a excreção de substâncias que não são filtradas, além de aumentar a excreção de substâncias que já são filtradas. Ele permite também maior regulação dos níveis de diversos íons do organismo, como H+, K+ e Na+, além de alguns cátions e ânions orgânicos. Entre outras funções, o processo de secreção ajuda na manutenção do pH plasmático e na eliminaçãode diversas substâncias estranhas ao organismo. Anne Karen Reis NEFROLOGIA 5