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PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO NA GESTÃO PÚBLICA W BA 01 10 _v 2. 0 22 Ana Claudia Moreira Miguel Philippini Londrina Editora e Distribuidora Educacional S.A. 2019 Planejamento estratégico na gestão pública 1ª edição 33 3 2019 Editora e Distribuidora Educacional S.A. Avenida Paris, 675 – Parque Residencial João Piza CEP: 86041-100 — Londrina — PR e-mail: editora.educacional@kroton.com.br Homepage: http://www.kroton.com.br/ Presidente Rodrigo Galindo Vice-Presidente de Pós-Graduação e Educação Continuada Paulo de Tarso Pires de Moraes Conselho Acadêmico Carlos Roberto Pagani Junior Camila Braga de Oliveira Higa Carolina Yaly Giani Vendramel de Oliveira Juliana Caramigo Gennarini Nirse Ruscheinsky Breternitz Priscila Pereira Silva Tayra Carolina Nascimento Aleixo Coordenador Tayra Carolina Nascimento Aleixo Revisor Rodrigo Cristiano Diehl Editorial Alessandra Cristina Fahl Beatriz Meloni Montefusco Daniella Fernandes Haruze Manta Hâmila Samai Franco dos Santos Mariana de Campos Barroso Paola Andressa Machado Leal Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) Philippini, Ana Claudia Moreira Miguel P552p Planejamento estratégico na gestão pública/ Ana Claudia Moreira Miguel Philippini, – Londrina: Editora e Distribuidora Educacional S.A. 2019. 112 p. ISBN 978-85-522-1624-7 1. Estado. 2. Administração pública. I. Philippini, Ana Claudia Moreira Miguel. Título. CDD 300 Thamiris Mantovani CRB: 8/9491 © 2019 por Editora e Distribuidora Educacional S.A. Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta publicação poderá ser reproduzida ou transmitida de qualquer modo ou por qualquer outro meio, eletrônico ou mecânico, incluindo fotocópia, gravação ou qualquer outro tipo de sistema de armazenamento e transmissão de informação, sem prévia autorização, por escrito, da Editora e Distribuidora Educacional S.A. 44 SUMÁRIO Apresentação da disciplina 5 Construção do Estado e da sociedade 6 Administração pública brasileira 28 Planejamento e processo de tomada de decisão 51 Planejamento estratégico e seus precedentes históricos 73 Planejamento estratégico no setor público 93 Reforma administrativa e gestão pública 112 Planejamento estratégico na gestão pública 134 PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO NA GESTÃO PÚBLICA 55 5 Apresentação da disciplina Administrar uma organização dentro do atual contexto político- econômico, em que os conceitos de globalização e interdependência e de competividade e produtividade ao mesmo tempo em que se entrelaçam, se chocam, não é uma tarefa fácil. No entanto, muito mais complexo é administrar uma organização como o Estado, principalmente quando o governo não é capaz de estabelecer estratégias e políticas claras. Por essa razão, o mercado de trabalho passou a exigir cada vez mais de seus profissionais conhecimentos e atitudes mais dinâmicas e menos burocráticas, de modo a adequar a essa nova realidade um modelo gerencial de administração pública e viabilizar à gestão pública algumas das técnicas antes aplicadas somente ao setor privado. Esse é, portanto, o objetivo da disciplina Planejamento Estratégico na Gestão Pública. É fato que, para garantir o alinhamento estratégico dos órgãos e entidades públicas às metas governamentais, é imprescindível que se desenvolva o planejamento estratégico, bem como sejam viabilizadas políticas de gestão pública. Por essa razão, a disciplina busca analisar a estrutura do Estado e de administração pública para, na sequência, estabelecer as técnicas de planejamento estratégico na administração pública. Assim sendo, o grande desafio desta disciplina é entender como é possível transformar a estrutura eminentemente burocrática da administração pública em uma estrutura mais flexível e empreendedora, com capacidade de se manter competitiva no mercado, mesmo nos períodos de turbulência e de transição. Esta disciplina também foi estruturada para que você compreenda as mudanças nos modelos de administração pública e, como consequência, possa avaliar os modelos de planejamento estratégico adequados ao caso concreto. Espero contribuir para que esta disciplina amplie sua visão como gestor, de maneira a expandir seus horizontes e para que você se torne um profissional globalizado e atento às novas exigências do mercado. 666 Construção do Estado e da sociedade Autora: Ana Cláudia Moreira Miguel Philippini Objetivos • Apresentar a noção de Estado. • Identificar as teorias relacionadas à origem do Estado e da sociedade. • Apresentar a estrutura do Estado brasileiro. 77 7 1. Desenvolvimento do Estado e da sociedade Para formar um bom profissional em gestão, é preciso ter em mente que, antes de entrar no estudo das matérias fins do curso, o aluno necessita adquirir conhecimento em matérias introdutórias, preparatórias aos conhecimentos que serão adquiridos na sequência. Entre essas disciplinas estão a Teoria Geral do Estado, o Direito Constitucional e o Direito Administrativo. Em comum, as três disciplinas têm o objeto de estudo, ou seja, o Estado. No entanto, enquanto na Teoria Geral do Estado, o Estado é analisado de forma abstrata, considerando-o como sujeito de direitos e obrigações e como aquele que detém o poder jurídico com caráter político, o Direito Constitucional cuida da sua organização, ou melhor, como ele se constitui ao passo que o Direito Administrativo trata de sua estruturação, isso é, de como o Estado é administrado. Por essa razão, faz-se necessário analisar a construção do Estado e da sociedade, bem como entender como o Estado brasileiro é estruturado. Portanto, antes de adentrar ao estudo do planejamento estratégico na gestão pública, deve-se primeiro entender: o que é o Estado? Para que ele serve? Como é estruturado? É possível observar que não há um conceito satisfatório do que seja o Estado. Na verdade, a noção de Estado nada mais é do que uma criação humana que se desenvolve de concepções políticas, jurídicas e filosóficas de cada época específica, para dar respaldo às atitudes de quem detém o poder (MALUF, 2013). Acrecenta Bonavides (2000) que, embora a ordem política da sociedade a qual se denomina Estado seja conhecida desde a Antiguidade, nem sempre era utilizada essa denominação, nem tampouco com essa realidade. São exemplos a polis grega (cidade-estado da Grécia antiga) e a res publica romana, que deu origem ao que se entende hoje por república. O emprego da palavra Estado no sentido utilizado nos dias atuais remonta à Idade Moderna com o surgimento das monarquias absolutistas. 88 PARA SABER MAIS Quem revolucionou o conceito de Estado foi Maquiavel, ao ignorar os valores humanos, incluindo os de cunho moral e religioso, e construir a concepção de que somente a criação de uma autoridade forte é capaz de instituir a ordem e a paz. Sua obra O Príncipe (MAQUIAVEL, 1997), escrita em 1513, é um tratado político sobre a estrutura do Estado moderno, em que aborda a maneira como o soberano deve agir para manter seu reino, bem como alerta o povo sobre tais mecanismos utilizados pelo príncipe para se manter no poder. Por conseguinte, Estado nada mais é do que uma concepção criada pelo homem e desenvolvida por diversas teorias que tentam equacionar sua origem sob o ponto de vista histórico-sociológico e sob o prisma racional. Maluf (2013) ensina que as teorias que buscam explicar o Estado de forma histórico-social nada mais são do que meras conjunturas por serem desenvolvidas de raciocínio hipotético. Para o autor, essas teorias são agrupadas em três: teoria da origem familiar, teoria da origem patrimonial e teoria da força. Pela teoria da origem familiar, o Estado deriva-se do núcleo familiar, uma vez que a família é o primeiro modelo de organização política. Aqui há duas bases de sustentação: a primeira é a origem matriarcal do Estado, enquanto a segunda é a base patriarcal como autoridade suprema. Rabinovich-Berkman (2013) sustentaa teoria matriarcal e se baseia na análise histórica da sociedade. O respaldo para a autoridade familiar feminina advém do estudo das primeiras gravuras e esculturas da 99 9 humanidade, uma vez que, segundo o autor, a forma originária de se retratar o ser humano era pela imagem feminina. Uma das esculturas analisadas pelo autor foi a denominada Vênus de Willendorf, uma estatueta esculpida entre 28.000 e 25.000 anos antes de Cristo: Figura 1 – Vênus de Willendorf Fonte: jgaunion/iStock.com. É possível verificar na escultura as seguintes características: seios avantajados de quem amamenta diversos filhos, vulva proeminente, resultado de várias gestações, e abdômen de quem acabou de dar à luz. Por essa razão, Rabinovich-Berkman (2013) ensina que a sociedade se desenvolveu em volta da mulher, por ser ela aquela que detinha o poder, ou seja, de conceber a vida. No entanto, à medida que a sociedade começou a associar a gestação com a relação sexual, a mulher deixou de ser vista como a detentora do poder. Com isso, ela passou a ser, nas palavras do autor, a terra que fecunda a semente. Explicando melhor, ela só tem o poder de gerar filhos porque é fecundada pelo homem, surgindo, a partir de então, a noção de família patriarcal. 1010 A teoria patriarcal, por sua vez, tem sua origem na Bíblia, sendo reafirmada pelos doutrinadores gregos e pelo direito romano. Segundo Maluf (2013, p. 62-63): O Estado seria, assim, uma ampliação da família patriarcal. Grécia e Roma tiveram essa origem, segundo a tradição. O Estado de Israel (exemplo típico) originou-se da família de Jacob, conforme o relato bíblico. Conta esta teoria com a tríplice autoridade da Bíblia, de Aristóteles e do Direito Romano. Seus principais divulgadores foram Summer Maine, Westermack e Starke. Na Inglaterra deu-lhe notável vulgarização Robert Filmer, que defendeu o absolutismo de Carlos Iperante o Parlamento. Os pregoeiros da teoria patriarcal encontram na organização do Estado os elementos básicos da família antiga: unidade do poder, direito de primogenitura, inalienabilidade do domínio territorial etc. Seus argumentos, porém, se ajustam mais às monarquias, especialmente às antigas monarquias centralizadas, nas quais o monarca representava, efetivamente, a autoridade do pater familias. Já a teoria patrimonial tem como base a união econômica como forma de proteção da propriedade e de regular as relações patrimoniais. Seu fundamento encontra-se nos ensinamentos de Platão (2003) e no embasamento de que o direito de propriedade é anterior ao próprio Estado. Maluf (2013) observa, inclusive, que essa teoria se ajustava perfeitamente à Idade Média, que tinha no Estado feudal uma organização essencialmente de ordem patrimonial. Por fim, há a teoria da força, segundo a qual o Estado nada mais é do que resultado do poder de dominação dos mais fortes sobre os mais fracos. Assim sendo, o poder público surgiu como forma de regular a relação entre os indivíduos e eliminar as lutas travadas entre estes, de forma a evitar a dominação dos vencedores sobre os vencidos. Entre os teóricos 1111 11 que fundamentam essa teoria encontra-se Hobbes (1979), que explica a origem do Estado como resultado do contrato existente entre os homens para evitar o estado de natureza, ou seja, a guerra de todos contra todos. PARA SABER MAIS Para Maluf (2013, p. 65), a força que dá respaldo ao Estado não é a força bruta, pois esta, por si só, não possui outra finalidade senão a de dominação. Utilizando um entendimento racional, aduz que se trata da força que “promove a unidade, estabelece o direito e realiza a justiça”. De acordo com Maluf (2013), sempre houve a necessidade de se justificar o poder exercido pelo Estado, quer sob o ponto de vista social, quer sob o ponto de vista político, quer sob o ponto de vista jurídico. Para tanto, sempre existiram doutrinas que o justificassem, seja para legitimar o comando, seja para legitimar a obediência. No início, a justificação para o Estado partia de uma justificação natural, ou seja, de ordem carismática, aceitável pela simples crença religiosa. Ela refletia o pensamento político dominante na Antiguidade, com uma contextualização mística ou de origem sagrada. Tratava-se das chamadas teorias teológico-religiosas, que justificaram o poder desde a Antiguidade até a Idade Média, bem como o Absolutismo, especialmente com a figura do rei Luiz XIV. As teorias teórico-religiosas dividiram-se em dois grupos: teoria do direito sobrenatural e teoria do direito divino providencial. Na sequência, a justificação do Estado veio com as teorias racionalistas. Tais teorias tinham como base o fato de ser o Estado um produto da razão humana, haja vista que sua origem era tida como convencional. As teorias racionalistas de justificação do Estado partem dos princípios de direito natural e subdividem-se em três. A primeira das teorias 1212 racionalistas é a teoria do jusnaturalismo, que tem como expoente Grócio. Trata-se das primeiras noções de direito desvinculadas do aspecto religioso em que se procura um fundamento eminentemente humano para o Estado. Grócio (1625) separou o direito em direito natural e direito voluntário, considerando aquele como não baseado na vontade divina e com valor próprio. Conceitua, ainda, o Estado como uma organização perfeita formada por homens livres e que tem como finalidade regular o direito e alcançar o bem-estar coletivo. A segunda das teorias racionalistas é a teoria contratualista, na qual se destacam Kant (2003), Hobbes (1979), entre outros. Kant (2003) procura na filosofia política os fundamentos para a construção do Estado. Para ele, os homens devem obediência às regras de comportamento preexistentes, feitas pela razão prática, de modo que o direito, ao mesmo tempo que tem por finalidade garantir a liberdade, tem por fundamento a coexistência entre essas liberdades. Por essa razão, os homens saem do seu estado de natureza para se associarem, de modo a se submeterem às limitações do Estado. Hobbes (1979), por sua vez, explana em sua obra Leviatã acerca da natureza humana e das necessidades de governos e de sociedade. Para ele, o sistema anárquico leva o homem ao seu estado de natureza, de modo a se conduzir para a guerra. Assim, para se evitar a “guerra de todos contra todos”, faz-se necessário que as sociedades firmem um contrato social, designando um soberano sobre os demais para garantir a paz interna e a defesa de uma nação. Esse soberano deve ser o Leviatã, uma autoridade inquestionável, e somente assim os homens podem viver em paz. Afirma, ainda, que não são apenas os homens que vivem em estado de natureza, mas também os Estados, que, como os indivíduos, possuem o direito de se preservar. Maluf (2013) cita, ainda, como filósofos importantes da teoria contratualista Spinoza e Locke. Da teoria contratualista, de origem convencional da sociedade humana, surge a terceira teoria racionalista, a teoria do contrato social, tendo como expoente Rousseau. Trata-se de uma concepção voluntarista, 1313 13 destacada pela amplitude da formação dos Estados. Para Rousseau (2004), o Estado resulta da vontade geral, que é uma soma da vontade manifestada pela maioria dos indivíduos. Assim sendo, o governo é instituído para promover o bem comum. Observa-se, no entanto, que embora o contrato social criado por Rousseau (2004) tenha sido inspirado em ideias democráticas, ele guarda consigo influência do absolutismo de Hobbes. De acordo com Maluf (2013), opondo-se ao artificialismo da teoria contratualista, foi desenvolvida a escola histórica, consubstanciada na afirmação de que o Estado não é uma organização convencional, mas produto de um desenvolvimento natural de uma determinada comunidade estabelecida em determinado território. Nela destacaram- se Burke, Savigny e Gustavo Hugo. Maluf (2003, p. 78) afirma que essa corrente se apoiou nos ensinamentos de Aristóteles, na medida em que,para ela: (...) o homem é um ser eminentemente político; sua tendência natural é para a vida em sociedade, para a realização das superiores formas associativas. No espírito associativo está a gênese da Polis (Estado-cidade da Grécia antiga). A família é a célula primária do Estado; a associação da família constitui o grupo político menor; a associação destes grupos constitui o grupo maior, que é o Estado. É o Estado uma união de famílias e de comunas, união bastante em si mesma, não apenas para viver, mas, ainda, para viver bem e feliz. O fim do Estado, em suma, é a prosperidade da vida. Para tentar a justificação do Estado, também existiram as teorias idealistas. Estas, por sua vez, subdivididas em três. A primeira foi a escola panteísta, baseada em um sistema filosófico monista, que associa a uma só realidade Deus e o mundo. Para os panteístas, o Estado é a expressão do absoluto. Conforme Maluf (2013, p. 81), “o poder do Estado é um poder absoluto, já que essa entidade é a suprema encarnação de ideias”. A segunda teoria idealista é a escola orgânica, que, por sua 1414 vez, é eminentemente panteísta. Para a escola orgânica, o Estado é um organismo natural, semelhante aos organismos dos seres vivos e sujeito às mesmas leis biológicas. Por fim, a terceira teoria é o neopanteísmo, que deu nova orientação ao organicismo da escola panteísta ao abandonar o paralelismo do Estado como organismos biológicos para compará-lo com os organismos psicológicos ou éticos (MALUF, 2013). Há, ainda, como forma de justificação do Estado, as teorias socialistas. A primeira delas é a teoria da supremacia de classes, coordenada por Gumplowicz e Oppenheimer. Nela são reunidos os princípios da força e do interesse patrimonial como justificativa do Estado (MALUF, 2013). Trata-se, portanto, do Estado como organização suprema da classe dominante. A segunda teoria é a do fundamento doutrinário do Estado bolchevista, no qual se destacam Marx e Engels (2014). Para eles, o Estado é tido como um instrumento de dominação da classe operária. Por fim, têm-se as teorias sociais democráticas como forma de justificação do poder do Estado. De acordo com Maluf (2013), nelas se propõe o Estado como diferenciação entre governantes e governados, e nessas teorias se destaca Duguit. Em contrapartida, também é possível analisar o Estado sob o prisma racional, ou seja, como uma criação humana que se desenvolve de concepções diversas – políticas, jurídicas ou filosóficas, com o objetivo de, em cada época específica, embasar as atitudes de quem detém o poder. Pela teoria organicista, defendida por Platão (2000), Aristóteles (1999), Tomás de Aquino (1990) e Hegel (1968), entre outros, há uma prioridade do Estado frente aos indivíduos por ele ser independente e anterior as próprias pessoas que o compõem. Para essa teoria, o Estado é interpretado como um organismo independente, embora formado por parte ou membros, que são os indivíduos. Desse modo, o Estado, por ser a totalidade, precederia as partes, que são os indivíduos que o compõem. 1515 15 Em contrapartida, pela teoria atomista, os indivíduos são considerados anteriores ao Estado, de modo a criá-lo mediante contrato estabelecido por aqueles que o compõem. Segundo essa teoria, o Estado nada mais é do que uma obra humana, de modo que todos os seus caracteres são conferidos pelos indivíduos que o produziram. Essa teoria pode ser analisada por meio do contratualismo clássico, defendido por Hobbes (1979), Locke (2004) e Rousseau (2004), ou pelo neocontratualismo, inspirado na tese de Bobbio (2000) e Rawls (2000). Há, ainda, a teoria formalista, que parte do princípio de que o Estado nada mais é do que uma formação jurídica, cujo enfoque, diferentemente da teoria organicista e atomista, desconsidera o seu aspecto sociológico para se focar em seus elementos característicos: agrupamento humano que se estabelece em um território determinado e com governo independente (ACCIOLY; SILVA; CASELLA, 2019). Por conseguinte, são considerados Estados aqueles que reúnem os seguintes requisitos: povo, território e governo, sendo esta teoria desenvolvida a partir dos ensinamentos de Jellinek (2002). Trata-se da teoria mais utilizada por levar em conta a estrutura do Estado, tendo como base seus elementos constitutivos do Estado. 1.1 Elementos constitutivos do Estado O Estado é formado, basicamente, por três elementos: um humano, um físico e um formal, que, segundo Maluf (2003), são concomitantes e conjugados, de modo que a ausência de qualquer um deles tem o condão de retirar a qualidade de Estado. Para que um Estado exista, é preciso que ele seja composto por pessoas e que estas mantenham com ele um vínculo jurídico-político, pelo qual se tornam parte integrante. A este elemento dá-se o nome de povo. Segundo Pinho (2011), a denominação povo é um conceito jurídico-político que pressupõe das pessoas a qualidade jurídica de cidadão. A denominação povo não se confunde com os conceitos de população e de nação. 1616 Ao contrário do que se entende por povo, que é um conceito qualitativo, o conceito de população é quantitativo, pois engloba não só os nacionais como os estrangeiros residentes. De acordo com Rezek (1998, p. 178), população é “o conjunto das pessoas instaladas em caráter permanente sobre seu território”. ASSIMILE Nacionais são os indivíduos submetidos à autoridade direta de um Estado, aos quais este reconhece direitos, poderes e proteção que ultrapassam, inclusive, as fronteiras do Estado. Por outro lado, nacionalidade é a qualidade inerente a essas pessoas, isso é, o vínculo político entre o Estado e o indivíduo, que lhe permite ser localizado e identificado na coletividade. Em contrapartida, nação é um conceito sociológico e histórico, pois tem como fundamento o conjunto de indivíduos que formam uma comunidade e são unidos por vínculos históricos e culturais, sem que isso acarrete, necessariamente, um vínculo jurídico-político com o território do Estado o qual ocupam, como, por exemplo, no caso dos judeus e dos curdos (MALUF, 2013). Além do elemento humano, o Estado necessita de uma base física, ou seja, um espaço delimitado no qual exerce seu poder de jurisdição sobre bens e pessoas. A este elemento dá-se o nome de território. Por território entende-se não só seu espaço terrestre como também seu espaço marítimo e aéreo. Em outras palavras, território abrange não só a área delimitada entre as fronteiras do Estado como também seu mar territorial, espaço aéreo sobrejacente, bem como seu leito e subsolo (PINHO, 2011). 1717 17 PARA SABER MAIS De acordo com o art. 1º da Lei nº 8.617/93, mar territorial é “uma faixa de doze milhas marítima de largura, medidas a partir da linha de baixa-mar do litoral continental e insular, tal como indicada nas cartas náuticas de grande escala, reconhecidas oficialmente no Brasil”. Há, ainda, um espaço considerado como território, mas por extensão. Trata-se dos navios e aeronaves militarmente ocupados ou a serviço do país onde quer que estejam. Por fim, coordenando os elementos humano e físico, encontra- se o elemento formal, com o objetivo de gerenciar política e administrativamente os indivíduos que habitam um território delimitado. A este elemento dá-se o nome de governo. Por governo entende-se o conjunto de funções imprescindíveis à conservação da ordem jurídica e da Administração Pública (MALUF, 2013). É por meio dele que se tomam decisões em nome da coletividade e que exerce o que se denomina de soberania. Portanto, para que haja o Estado, não basta que exista um governo, pois este necessita ser soberano. Como governo soberano depreende-se aquele em que “a autoridade superior não pode ser limitada por nenhum outro poder” (MALUF, 2013, p. 35). Importante acrescentar que há autores, como Groppali (1968) e Acquaviva (2010), que incluem um quarto elemento constitutivo ao Estado: a finalidade, que é a realização do bem comum. Noentanto, é imprescindível frisar que o Estado não é um fim em si mesmo, mas um meio para a satisfação das necessidades do povo organizado politicamente sobre determinado território. 1818 1.2 Estado brasileiro Estruturado o Estado com seus elementos, faz-se necessário constituir uma norma jurídica básica que estruture o poder do Estado ao mesmo tempo que estabeleça limites a esse poder, bem como fixe a sua estrutura político-administrativa. Assim, cada Estado moderno elabora por meio de sua Constituição suas regras basilares, levando em consideração seu modo. No Brasil, vigora a Constituição Federal de 1988. É ela que estrutura o Estado brasileiro e fixa suas diretrizes. De acordo com o art. 1º da Constituição Federal: Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático de Direito e tem como fundamentos: I – a soberania; II – a cidadania; III – a dignidade da pessoa humana; IV – os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa; V – o pluralismo político. Parágrafo único. Todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes eleitos ou diretamente, nos termos desta Constituição. Considerado como mandamento nuclear da Constituição, o mencionado artigo estabelece como forma de Estado a federação. Segundo Lenza (2017), entende-se por federação a aliança de Estados para a formação de um Estado único, em que suas unidades preservam autonomia política, enquanto o Estado Federal é soberano. Diferencia-se do Estado unitário, em que há um todo homogêneo e indivisível, havendo um único centro de onde emanam as decisões, sem qualquer divisão interna de autonomias. 1919 19 ASSIMILE Soberania é o atributo conferido ao Estado em virtude se ser juridicamente ilimitado. Divide-se em soberania interna, que é o poder de dizer o direito dentro de seu território e à sua população, e soberania externa, que é a igualdade entre os Estados. Autonomia, por sua vez, está relacionada a independência, liberdade ou autossuficiência de determinada posição ou governo. Portanto, soberano é a República Federativa do Brasil e autônomos são seus entes. Como federação, o Brasil possui uma divisão espacial de poder em dois planos, um central e outro local. Ao central, compete o exercício da soberania, enquanto no plano local, há a capacidade de auto-organização, autoadministração, autogoverno e autolegislação. No Brasil, a unidade central é representada pela União Federal no âmbito interno, que também dispõe de competência de auto-organização, autoadministração, autogoverno e autolegislação. Já a comperência local fica a cargo dos seus outros entes federativos: os Estados-Membros, o Distrito Federal e os Municípios. O art. 1º estabelece, ainda, como o poder é instituído, ou seja, sua organização política. Como forma de governo, o Estado brasileiro adotou a república, de modo que, no Brasil, existe a eletividade e temporariedade dos membros do Poder Executivo e Legislativo, além de um regime de responsabilidade das pessoas que ocupam cargos públicos, ao contrário do que ocorre com a monarquia, em que há vitaliciedade, hereditariedade e irresponsabilidade (política) do Chefe de Estado/Governo (PINHO, 2011). 2020 Embora não conste do art. 1º da Constituição Federal, quanto ao grau de relacionamento entre os Poderes, o Brasil adota o sistema de governo presidencialista, o que significa dizer que os Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário são independentes, sendo a chefia de Estado (representação) e a chefia de Governo (administração) atribuídas a uma mesma pessoa, ou seja, ao Presidente da República, com mandato certo para exercer a chefia do poder. Ao contrário do presidencialismo, no sistema parlamentarista, os Poderes Executivo e Legislativo são interdependentes, pois as chefias de Estado e de Governo são atribuídas a pessoas diferentes. A condução das políticas do Estado é de competência do Parlamento, representado pela figura do primeiro-ministro, que não possui mandato, enquanto a representatividade do Estado é confiada ao Presidente da República ou Rei, dependendo da forma de governo adotada pelo Estado, isso é, se república ou monarquia (SILVA, 2005). Além disso, como tipo de Estado, o Brasil adotou o princípio democrático, uma vez que seu regime político tem como base que todo poder emana da vontade popular, em oposição aos regimes totalitários e autoritários. Segundo Bonavides (2000), no regime totalitário, todos os poderes ficam concentrados na mão do governante, não existindo espaço para a prática democrática. Nele, o líder decreta leis e toma decisões políticas e econômicas de acordo com sua vontade, sem observar a vontade popular e, por vezes, manipulando conceitos. Além disso, em que pese o fato de poder existir sistema judiciário e legislativo, nos países em que se adota o sistema totalitário, esses sistemas ficam sempre às margens do poder do governante. Com as mesmas características do totalitário, à exceção da concepção ideológica imposta, de guerra de conquista externa e do partido político único, o regime autoritário é um sistema de governar em que o 2121 21 governante exerce o poder sem respeitar a democracia, ou seja, governa de acordo com suas vontades ou com as do grupo político ao qual pertence (BONAVIDES, 2000). Observa-se, todavia, que, no Brasil, o regime democrático adotado combina a possibilidade de exercício direto do poder pelo povo com o indireto. Indiretamente, o poder é exercido por meio do voto, em que o povo elege seus representantes legais nos Poderes Executivo e Legislativo. Diretamente, o poder é exercido por meio de plebiscito e referendo, bem como de ações de iniciativa popular (art. 14, I, II e III), além de estabelecer oportunidades a participação popular na Administração Pública (arts. 5º, XXXVIII e LXXIII, 29, XII e XIII, 37, § 3º, 74, § 2º, 187, 194, parágrafo único, VII, 204, II, 206, VI, e 224) (LENZA, 2017). ASSIMILE Tanto o plebiscito como o referendo são formas de consulta ao povo para decidir sobre matéria relevante para o Estado. No entanto, diferenciam-se na medida que, no plebiscito, a consulta é realizada antes da criação da lei ou do ato administrativo (pergunta-se primeiro para depois fazer o ato), enquanto no referendo, a consulta é posterior, podendo o povo ratificar ou rejeitar a lei ou o ato administrativo (pergunta-se depois de elaborar o ato). Se ao art. 1º competiu estabelecer a estrutura do poder para fixar a forma do Estado brasileiro como federação, a forma de governo como república e o regime de governo como democrático, ao art. 2º coube estabelecer os poderes constituídos. De acordo com o art. 2º da Constituição Federal: “São Poderes da União, independentes e harmônicos entre si, o Legislativo, o Executivo e o Judiciário”. 2222 Embora a Constituição Federal mencione a palavra “poderes”, cumpre esclarecer que o que se divide não é o poder, mas as funções estatais básicas, que são atribuídas a órgãos independentes e especializados, ou seja, a função executiva, a função legislativa e a função judiciária. Nesse sentido, ensina Lenza (2017) que se trata da divisão funcional do poder político do Estado e não do poder em si. Assim sendo, tem-se a divisão das três funções tradicionais do Estado: administrar, legislar e dirimir conflitos (julgar). Ao denominado Poder Executivo compete essencialmente os atos de administração, sendo sua chefia representada em âmbito federal pelo Presidente da República, em âmbito estadual e distrital pelo Governador e em âmbito municipal pelo Prefeito. Por sua vez, cabe ao Poder Legislativo legislar e fiscalizar os atos do Poder Executivo, ficando sua representação federal a cargo dos Senadores (representantes dos Estados-Membros e do Distrito Federal) e dos Deputados Estaduais (representantes do povo), a representação estadual a cargo dos Deputados Estaduais, a representaçãodistrital a cargo dos Deputados Distritais e a representação municipal a cargo dos Vereadores. Já a função de julgar compete tipicamente ao Poder Judiciário, existindo na esfera federal juízes e tribunais federais e na esfera estadual e distrital, juízes e tribunais de justiça estadual e distrital (SILVA, 2005). Salienta-se, por necessário, que embora cada um desses Poderes tenha sido criado para exercer as funções que lhe são típicas, ou seja, as funções para as quais foram estabelecidos, existem funções que lhe são atribuídas de forma atípica. Isso significa dizer que, embora a função típica do Poder Executivo seja administrar, ele pode atipicamente julgar, como, por exemplo, no caso de recursos administrativos, ou legislar, como, a título de ilustração, nos casos em que o Presidente editora uma Medida Provisória. 2323 23 Nesse mesmo sentido, em que pese a função típica do Poder Legislativo seja legislar, ele pode atipicamente administrar, como, por exemplo, no caso de concessão de férias aos seus servidores, ou julgar, como, por exemplo, no caso de crimes de responsabilidade praticados pelos chefes do Poder Executivo. Do mesmo modo, mesmo sendo a função típica do Poder Judiciário dirimir conflitos, a ele compete atipicamente administrar, como, por exemplo, no caso de concessão de licença aos seus magistrados e serventuários, ou legislar, como, por exemplo, na edição das denominadas Súmulas Vinculantes (MORAES, 2019). Como resultado deste tema, conclui-se que a noção-conceito de Estado é uma criação humana, sobre a qual podem ser desenvolvidas diversas teorias. Sob o ponto de vista histórico-sociológico, sua origem é explicada de três formas: origem familiar, patrimonial e teoria da força, ao passo que, sob o prisma racional, têm-se as teorias organicista, atomista e formalista. Observa-se, ainda, que, com base na teoria formalista, o Estado possui três elementos constitutivos. O povo é seu elemento humano; o território, seu elemento físico; e o governo, seu elemento formal, sendo os três concomitantes e conjugados, sob pena de, faltando um deles, perder-se a qualidade de Estado. Por fim, com relação ao Estado brasileiro, verifica-se que é a Constituição Federal de 1988 sua norma basilar, de modo a estruturar no seu art. 1º a sua forma do Estado (federado), sua forma de governo (república) e seu regime de governo (democrático). Ao seu art. 2º, competiu fixar as funções essenciais do Estado (legislar, administrar e julgar). Por conseguinte, o presente tema apresenta uma abordagem introdutória ao estudo do planejamento estratégico na gestão pública por ter como objeto o estudo do Estado. 2424 TEORIA EM PRÁTICA De acordo com o art. 2° da Constituição Federal, são Poderes da União, independentes e harmônicos entre si, o Legislativo, o Executivo e o Judiciário. O que se denomina Poderes são, na verdade, os três órgãos investidos das três funções básicas do Estado: administrar, legislar e julgar. Cada um desses órgãos públicos possui funções chamadas de típicas e de atípicas. Considerando que a função de administrar compete tipicamente ao Poder Executivo, reflita sobre a atuação do gestor dentro desse órgão público. Tendo conhecimento que os outros dois Poderes (Legislativo e Judiciário) também exercem atipicamente a função de administrar, analise a importância de esses órgãos possuírem profissionais técnicos na área de gestão. VERIFICAÇÃO DE LEITURA 1. Como uma criação humana, o conceito de Estado foi estruturado levando em conta diversas óticas e teorias que tentam, basicamente, equacionar a sua origem sob dois pontos de vista: um histórico-sociológico, outro racional. Com base nisso, assinale a alternativa que apresenta corretamente uma das teorias histórico- sociológica e outra racional: a. Teoria matriarcal e teoria patriarcal. b. Teoria atomista e teoria organicista. c. Teoria patrimonial e teoria formalista. d. Teoria patrimonial e teoria da força. e. Teoria atomista e teoria formalista. 2525 25 2. São três os elementos constitutivos do Estado. Assinale a alternativa que apresenta corretamente o elemento formal do Estado: a. Povo. b. População. c. Nação. d. Território. e. Governo. 3. O art. 1º da Constituição Federal estabelece que o Brasil é uma República Federativa. Nesse sentido, assinale a alternativa que apresenta corretamente e respectivamente a estrutura das formas adotadas. a. Forma de governo e forma de Estado. b. Forma de governo e sistema de governo. c. Forma de Estado e sistema de governo. d. Forma de Estado e forma de governo. e. Sistema de governo e regime de governo. Referências bibliográficas ACCIOLY, H.; SILVA, G. E. N.; CASELLA, P. B. Manual de direito internacional público. 24. ed. São Paulo: Saraiva, 2019. ACQUAVIVA, M. Co. Teoria geral do Estado. 2. ed. São Paulo: Saraiva, 2000. ARISTÓTELES. Os pensadores. São Paulo: Nova Cultura, 1999. 2626 AQUINO, T. de. Suma teológica. Porto Alegre: Sulina, 1980. BRASIL. [Constituição (1988)]. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Brasília, DF: Presidência da República, [2016]. Disponível em: http://www. planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm. Acesso em: 14 set. 2019. BRASIL. Lei nº 8.617, de 4 de janeiro de 1993. Dispõe sobre o mar territorial, a zona contígua, a zona econômica exclusiva e a plataforma continental brasileiros, e dá outras providências. Brasília, DF. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ ccivil_03/LEIS/L8617.htm. Acesso em: 14 set. 2019. BOBBIO, N. Teoria geral da política. Rio de Janeiro: Campus, 2000. BONAVIDES, P. Ciência política. 10. ed. São Paulo: Malheiros, 2000. GRÓCIO, H. On the law of war and peace. 1625. Disponível em: http://constitution. org/gro/djbp.txt. Acesso em: 30 set. 2019. GROPPALI, A. Doutrina do Estado. São Paulo: Saraiva, 1968. HEGEL, G. W. F. Ciencia de la lógica. 2. ed. Buenos Aires: Solar/Hachette, 1968. HOBBES, T. Os pensadores. São Paulo: Abril Cultural, 1979. JELLINEK, G. Teoria general del Estado. Pánuco: Fondo de Cultura Econômica, 2002. 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As alternativas A e D dizem respeito à ótica histórico-sociológica, e as alternativas B e E, ao prisma racional. Questão 2 – Resposta E O elemento formal do Estado é o governo. Povo é o elemento humano enquanto território, o elemento físico. População e nação não são elementos do Estado. Questão 3 – Resposta A São formas de Estado: o Estado Unitário e o Estado Federado (federação). São formas de governo: a república e a monarquia. São sistemas de governo: o presidencialismo e o parlamentarismo. São regimes de governo: a democracia, o totalitarismo e o autoritarismo. Como o art. 1º da Constituição Federal estabelece que o Brasil é uma República Federativa, têm-se, respectivamente, uma forma de governo e uma forma de Estado. Portanto, a alternativa correta é a letra A. 282828 Administração pública brasileira Autora: Ana Cláudia Moreira Miguel Philippini Objetivos • Apresentar a estrutura organizacional da administração pública brasileira. • Expor o regime jurídico-administrativo. • Identificar os meios de controle da administração pública. 2929 29 1. Administração pública Com o surgimento das primeiras comunidades humanas adveio a necessidade de administrar os interesses dos indivíduos que compunham o grupo social. Inicialmente, essa atividade não possuía limitações, sendo estruturada a partir do arbítrio do monarca. Posteriormente, passou a ser submetida às leis e aos tribunais. A noção atual de Administração Pública foi estruturada a partir da formação do Estado de Direito, devido à limitação do exercício do poder pelo Estado, à concessão de direitos e garantias aos indivíduos e, principalmente, à separação dos três Poderes. No léxico, a palavra “administração” tem o significado de administrar, comandar, governar ou gerir (SILVA; CARVALHO; SLAIBI FILHO, 2009). Já o vocábulo “público” traz consigo a ideia daquilo que é destinado à coletividade (FERREIRA, 1988). Etimologicamente, portanto, a expressão Administração Pública significa gerir bens e interesses públicos. No âmbito jurídico, todavia, o conceito de Administração Pública não é tão bem delimitado como no léxico, quer pela diversidade de sentidos da expressão, quer pelos diferentes campos que desenvolve a atividade administrativa. Mello (2006) traz à expressão o significado de dirigir e gerir, bem como o de executar e servir, demonstrando ideia de subordinação, de hierarquia. No mesmo sentido, Di Pietro (2019) ensina que a expressão abrange tanto a atividade de planejar, dirigir e comandar como a ação de executar. Assim sendo, este tema é destinado a apresentar as noções básicas do que se entende por Administração Pública, bem como delinear a estrutura organizacional da Administração Pública brasileira. Inicialmente, é necessário consignar que os conceitos de Estado, Governo e Administração Pública são de extrema importância para quem se propõe a desempenhar a gestão no setor público. Não se trata de conceito único ou de sinônimo, mas de situações jurídicas distintas, embora entrelaçadas. 3030 Importante observar que é da noção de Estado de Direito que decorrem as noções de Governo e Administração Pública. Se, por um lado, a noção de Estado em sua acepção moderna pressupõe a estruturação do poder politico e dos poderes constituídos por este, por outro, necessita delinear sua estruturação legal, de modo a englobar os órgãos e agentes administrativos como também a atividade exercida por eles. Por conseguinte, enquanto a organização do Estado é tratada como matéria pertencente ao direito constitucional, ao direito administrativo compete a análise da atividade jurídica do Estado, ou seja, o modo pelo qual o Estado é administrado ou governado (DI PIETRO, 2019). Em síntese, o Estado pode ser entendido como uma organização composta por três elementos essenciais: povo, território e governo soberano, e que é dotada de personalidade jurídica. Explicando melhor, o Estado, na condição de pessoa jurídica de direito público, possui a aptidão para adquirir direitos e contrair obrigações. Trata-se de um atributo conferido nos mesmos moldes do aplicado a uma empresa, em que a lei capacita determinados entes para serem sujeitos de direitos e obrigações (GONÇALVES, 2016). PARA SABER MAIS Por ser uma estrutura organizada e administrada pelos próprios indivíduos, o Estado é considerado uma pessoa jurídica e não uma pessoa física. Além disso, por administrar interesses que pertencem a toda coletividade, ele se submente a um regime jurídico diferenciado, próprio, e, por essa razão, é tido como pessoa jurídica de direito público e não de direito privado. Como uma organização pública, o Estado possui uma finalidade, que é a de alcançar o bem-estar social e atender às necessidades da coletividade. Para isso, ele necessita de um grupo de pessoas que 3131 31 trabalhem na consecução dos objetivos. A estes, dá-se o nome de Governo (ALEXANDRINO; PAULO, 2019). Trata-se do elemento formal do Estado, responsável pelo controle, pela fixação de metas e comando, em outras palavras, pela tomada das decisões em prol da coletividade. PARA SABER MAIS No caso brasileiro, de acordo com o art. 3º da Constituição Federal, seus objetivos fundamentais: “I – construir uma sociedade livre, justa e solidária; II – garantir o desenvolvimento nacional; III – erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades sociais e regionais; IV – promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação”. É fato que o Estado devidamente constituído e possuidor de uma norma jurídica base (Constituição) atribui suas funções precípuas a determinados órgãos para seu exercício efetivo e atingimento de sua finalidade. Trata-se do que se denomina divisão dos poderes de Estado, que, na clássica visão de Montesquieu (1996), é tripartido em Poder Executivo, Poder Legislativo e Poder Judiciário, com o objetivo de manter equilíbrio na atividade estatal. Tal separação e harmonia entre os poderes encontra-se, no Brasil, assegurada no art. 2º da Constituição Federal de 1988. Assim sendo, a função de gerir a coisa pública é uma atividade típica do Poder Executivo, ao passo que a função de legislar é típica do Poder Legislativo, e a de dirimir conflitos, típica do Poder Judiciário, ressaltando que, em situações específicas, é possível o exercício de funções tidas como atípicas, ou seja, funções diversas para o qual o Executivo, Legislativo e Judiciário foram criados (LENZA, 2019). Assim, por exemplo, se tipicamente compete ao Executivo administrar, atipicamente, ele pode editar medidas provisórias (legislar) e julgar os processos administrativos (julgar). 3232 A instituição constitucional dos três Poderes compõe o Governo e desempenha atividade essencialmente política. De acordo com Di Pietro (2019), a função de governo, que é uma função política, implica uma atividade de ordem superior à direção-geral do Estado, entendido este em seu conjunto (União Federal) e em suas unidades (Estados-membros, Distrito Federal e Municípios), com o objetivo de estabelecer os fins da ação do Estado, a assinalar as diretrizes para as outras funções e buscar a unidade da soberania estatal. Segundo a autora, a função política compreende as atividades de direção e as atividades colegislativas, o que significa dizer que, no direito brasileiro, elas se repartem entre Executivo e Legislativo, com predominância do primeiro. Nesse sentido, ensina Meirelles (1998, p. 65): Governo – Em seu sentido formal, é o conjunto de Poderes e órgãos constitucionais; em sentido material, é o complexo de funções estatais básicas; em sentido operacional, é a condução política dos negócios públicos. Na verdade, Governo ora se identifica com os Poderes e órgãos supremos do Estado, ora se apresenta nas funções originárias desses Poderes e órgãos manifestação da soberania. A constante, porém do Governo é a sua expressão políticade comando, de iniciativa, de fixação, de objetivos do Estado e de manutenção da ordem jurídica vigente. Segundo Alexandrino e Paulo (2019), o Governo estabelece o comando e é a Administração Pública que o executa. A Administração Pública atua de forma técnica e neutra, sempre desempenhando suas funções de forma vinculada à lei ou à norma técnica. Por esse motivo, sua atividade é eminentemente técnica e instrumental. ASSIMILE A forma como é grafada a palavra Administração Pública é importante para se determinar o sentido. Administração Pública com letra maiúscula significa o conjunto de órgãos, entidades e agentes que exercem a função administrativa. Já administração pública com letras minúsculas significa a própria função ou atividade administrativa por eles. 3333 33 Meirelles (1998, p. 65) conceitua Administração Pública da seguinte forma: Administração pública – Em sentido formal, é o conjunto de órgãos instituídos para consecução dos objetivos do Governo; em sentido material, é o conjunto das funções necessárias aos serviços públicos em geral; em acepção operacional, é o desempenho perene e sistemático, legal e técnico, dos serviços próprios do Estado ou por ele assumidos em benefício da coletividade. Numa visão global, a Administração é, pois, todo o aparelhamento do Estado preordenado à realização dos serviços, visando à satisfação das necessidades coletivas. A Administração não pratica atos de governo; pratica, tão-somente, atos de execução, com maior ou menor autonomia funcional, segundo a competência do órgão e de seus agentes. A expressão “Administração Pública” é comumente empregada em dois sentidos. Em seu sentido subjetivo, formal ou orgânico, leva em consideração o sujeito que desempenha a atividade administrativa, ao passo que em seu sentido objetivo, material ou funcional, designa a própria função administrativa. Em seu sentido subjetivo, formal ou orgânico, a Administração Pública é vista pelo conjunto de órgãos e de pessoas jurídicas em que a lei atribui o exercício da função administrativa do Estado (DI PIETRO, 2019). Nos termos do artigo 41 do Código Civil, tratam-se: Art. 41. São pessoas jurídicas de direito público interno: I – a União; II – os Estados, o Distrito Federal e os Territórios; III – os Municípios; IV – as autarquias, inclusive as associações públicas; V – as demais entidades de caráter público criadas por lei. Parágrafo único. Salvo disposição em contrário, as pessoas jurídicas de direito público, a que se tenha dado estrutura de direito privado, regem-se, no que couber, quanto ao seu funcionamento, pelas normas deste Código. 3434 Deste modo, são considerados sujeitos da Administração Pública as pessoas jurídicas políticas (entes da Federação: União Federal, Estados- membros, Distrito Federal e Municípios) e de pessoas jurídicas que executam a atividade administrativa. Gonçalves (2016) ensina que esses sujeitos/pessoas jurídicas de direito público interno classificam-se de duas formas: Administração Pública Direta, composta pelas pessoas jurídicas políticas, e Administração Indireta, formada pelas autarquias, fundações públicas e demais entidades de caráter público criadas por lei. Trata-se de órgãos descentralizados, estabelecidos por lei, com personalidade jurídica própria para o exercício de atividade de interesse público. PARA SABER MAIS No ordenamento jurídico brasileiro, a classificação em Administração Direta e Indireta encontra-se enumerada no art. 4º do Decreto-lei nº 200 de 25 de fevereiro de 1967. Este rol foi incorporado pelos demais entes da federação, de modo a se aplicar tanto para o âmbito federal, como estadual, como distrital e municipal. Em seu sentido objetivo, material ou funcional, a administração pública é empregada como a atividade exercida pelos órgãos, pessoas jurídicas e agentes. Trata-se das atividades de fomento, polícia administrativa, serviços públicos e intervenção. Considera-se fomento, a atividade administrativa de incentivo à iniciativa privada de interesse público, como nos casos dos auxílios financeiros ou subvenções, por meio dos orçamentos públicos e de favores fiscais para estimular atividades consideradas benéficas ao desenvolvimento do Estado. 3535 35 Por polícia administrativa, entende-se a atividade de execução das denominadas limitações administrativas, que são as restrições impostas por lei ao exercício do direito individual em prol do interesse publico, como, por exemplo, no caso das licenças, autorização e sanções. Já serviço público é toda a atividade executada direta ou indiretamente para satisfazer a necessidade coletiva, como nos casos do serviço postal, do serviço de telecomunicação, serviços e instalação de energia elétrica, entre outros. Por fim, entende-se por intervenção a regulamentação e fiscalização da atividade econômica de natureza privada, assim como a atuação direta do Estado no domínio econômico (DI PIETRO, 2019). 1.1 Regime jurídico administrativo Via de regra, a Administração Pública se submete a um regime jurídico de direito público, ou seja, a sua atuação independe da concordância dos administrados, pois se funda na própria soberania estatal. No entanto, embora a regra seja a do regime jurídico de direito público, não há óbice em se adotar o regime jurídico de direito privado. Na verdade, a opção por um regime ou outro é feita pela Constituição ou pela lei. Di Pietro (2019) cita como exemplo o artigo 173, § 1º, II da Constituição que estabelece a possibilidade de a lei instituir na empresa pública, sociedade de economia mista e suas subsidiárias que explorem atividade econômica de produção ou comercialização de bens ou de prestação de serviços, regime de sujeição nos mesmos moldes das empresas privadas, inclusive com relação aos direitos e obrigações civis, comerciais, trabalhistas e tributários. Exemplo de empresa pública dotada de personalidade jurídica de direito privado é a Caixa Econômica Federal, nos ternos do artigo 1º do Decreto-Lei nº 759/1969. 3636 Figura 2 – Regime público e regime privado Fonte: OliverleMoal/iStock.com. Importante consignar que mesmo adotando um regime jurídico de direito privado, a Administração conserva parcela de suas prerrogativas. Por esse motivo, utiliza-se a expressão “regime jurídico-administrativo” para denominar tanto os regimes de direito privado como os de direito público a que se submete a Administração Pública. A posição privilegiada da Administração a coloca em uma posição vertical, ou seja, de superioridade em relação aos particulares. Por esse motivo se diz que a Administração possui prerrogativas ou privilégios sem equivalência nas relações privadas, como, por exemplo, nos casos de autotutela, de autoexecutoriedade ou do poder de expropriar. Possui, ainda, outros privilégios importantes, como prazos dilatados em juízo, presunção de veracidade de seus atos, imunidade tributária, entre outros (DI PIETRO, 2019). Todavia, ao mesmo tempo em que possui privilégios, a Administração se sujeita a limites que, por vezes, são mais estritos do que aqueles em que estão submetidos os particulares, como, por exemplo, o dever de observância da finalidade pública. 3737 37 De acordo com Mello (2006), esse regime de prerrogativas e sujeições para a Administração Pública está fundamentado na supremacia do interesse público em relação ao interesse particular e na indisponibilidade do interesse público pela Administração. Observa-se que diversas das prerrogativas e sujeição encontram-se expressas em forma de princípios. Segundo Gasparini (2002, p. 6): Constituem os princípios um conjunto de proposições que alicerçam ou embasam um sistema e lhe garantem a validade. Os princípios são: 1) onivalentes, isto é, os que valem para qualquer ciência, a exemplo do princípio de não-contradição: uma coisa não pode ser e não ser ao mesmo tempo; 2) plurivalente, ou seja, os que valem para um grupo de ciências, a exemplo do princípio da causalidade,que informa as ciências naturais: a causa corresponde a um dado efeito; 3) monovalentes, tais como os que valem só para a ciência, a exemplo do princípio da legalidade (a lei submete a todos), só aplicável ao Direito. Estes últimos podem ser: a) gerais, a exemplo dos que valem só para o ramo de uma dada ciência, como o princípio da supremacia do interesse público (no embate entre o interesse público e o privado há de prevalecer o público), que só é aplicável ao Direito Público; b) específico, ou seja, os que valem só para uma parte de um ramo de certa ciência, nos moldes do princípio da continuidade do serviço público (a atividade pública é ininterrupta), só verdadeiro para o Direito Administrativo que é sub-ramo do Direito Público. Os princípios pelos quais a Administração se orienta estão elencados tanto em norma constitucional como em norma infraconstitucional. A Constituição Federal trouxe no seu artigo 37 os cinco princípios basilares da administração pública, assim compreendidos: legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência. O Princípio da Legalidade constitui um dos sustentáculos da concepção de Estado de Direito e do próprio regime jurídico-administrativo. Trata- se da sujeição da Administração Pública aos mandamentos da lei. A 3838 legalidade traduz o sentido de que a Administração Pública somente pode fazer o que a lei manda ou permite, bem como somente pode proibir o que a lei expressamente proíbe (CARVALHO FILHO, 2019). Destarte, o administrador público só pode fazer o que a lei determina, observando que esse princípio deve nortear tanto a atividade administrativa típica como a atípica. Cumpre consignar que do princípio da legalidade deriva a presunção relativa de legalidade dos atos praticados pela Administração Pública. Importante consignar que, ao contrário da Administração Pública que só pode atuar segundo o que a lei estabelece, o particular pode fazer tudo o que a lei não proíbe expressamente, em decorrência do estabelecido no artigo 5º, II da Constituição Federal: “ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei”. O Princípio da Impessoalidade traz a neutralidade necessária para o exercício da atividade administrativa. Destinado tanto ao administrador como ao administrado, o princípio impõe a objetividade e isonomia da conduta administrativa. Sob a ótica do administrador, os atos praticados por este são atribuídos ao órgão ou à entidade administrativa em nome da qual agiu. Assim, as realizações não são do funcionário ou da autoridade, mas da própria entidade pública. Sob a ótica do administrado, vigora a isonomia, uma vez que a atividade administrativa é dirigida a todos os cidadãos de um modo geral, ficando o administrador impedido de buscar outro objetivo ou de praticá-lo no interesse próprio ou de terceiros (MAZZA, 2019). O Princípio da Moralidade diz respeito à moral administrativa. Segundo ele, os atos da Administração Pública devem ser balizados nas matrizes éticas dominantes. Sua origem adveio da teoria do desvio de poder concebida no enfrentamento dos poderes discricionários da Administração. O desvio de poder caracteriza-se quando o 3939 39 administrador, ao praticar um determinado ato administrativo, faz uso do poder discricionário de que é detentor com o objetivo de atingir fim diverso daquele previsto em lei. A finalidade desse princípio foi fixar limites à atuação discricionária da Administração, evitando a atuação do administrador por excesso de poder ou desvio de finalidade (CARVALHO FILHO, 2019). Princípio da Publicidade exige a divulgação dos atos da Administração Pública com o objetivo de permitir o conhecimento e o controle por toda a sociedade. Ao administrador compete agir com transparência. A princípio, todos os atos são públicos e, por isso, devem ser publicados. O sigilo somente será admitido em casos de segurança nacional, investigação policial ou interesse superior da administração. Por fim, o Princípio da Eficiência impõe à Administração a obrigação de realizar suas atribuições com rapidez, perfeição e rendimento. Esse princípio advém do princípio republicano que quem administra gere o que pertence à sociedade. Cabe ao administrador gerir os interesses públicos e atingir os seguintes pressupostos: plena satisfação do administrado e menor custo para a sociedade (DI PIETRO, 2019). Além desses cinco princípios, existem outros de grande importância. Na Lei nº 9.784/99, encontram-se os princípios da razoabilidade, da proporcionalidade, da motivação, da finalidade, da indisponibilidade do interesse público, da segurança jurídica e da autotutela. Já no Decreto-lei nº 200/67, encontram-se os princípios de planejamento, coordenação, descentralização, delegação de competência e controle. 1.2 Meios de controle A Administração Pública, no exercício de suas funções, encontra-se sujeita ao controle de seus atos. Trata-se de meios de fiscalização e de correção sobre a Administração Pública com o objetivo de garantir a sua atuação com os princípios constitucionais que lhe foram impostos. 4040 Segundo Alexandrino e Paulo (2019), o controle administrativo tem o escopo de limitar arbítrios da Administração, de forma a proteger os direitos individuais. Seu fundamento encontra-se na própria separação dos poderes em Executivo, Legislativo e Judiciário. Como cada um deles possui funções típicas e atípicas, cada um passa a desempenhar atividades de controle das atuações dos demais. Trata-se da prerrogativa de estabelecer freios e contrabalancear os atos praticados pelos outros poderes, que se denomina teoria dos freios e contrapesos. Há de se mencionar, no entanto, que o controle da atividade administrativa é desempenhado com um menor grau de autonomia em decorrência do princípio da legalidade, que somente permite que a Administração aja quando autorizada pela lei e sem descumprir os limites legalmente estabelecidos (ALEXANDRINO; PAULO, 2019). Importante consignar que, quando se fala em controle da atividade administrativa, existem diversas espécies de controle, que variam de acordo com os critérios levados em conta para sua sistematização. Um dos critérios utilizados é aquele que diz respeito à localização do órgão de controle, isso é, se o controle é interno ou externo. Controle interno, que está previsto no artigo 74 da Constituição Federal, é aquele que advém da própria estrutura do órgão controlador, ou seja, de sua própria estrutura hierarquizada e escalonada. Em contrapartida, controle externo é aquele alheio à estrutura do órgão controlador, de modo que o órgão controlador se situa em poder diverso daquele de onde a conduta se originou, como, por exemplo, quando o Poder Legislativo susta os efeitos de um ato normativo do Poder Executivo (ALEXANDRINO; PAULO, 2019). Outro critério utilizado é o que leva em consideração o momento em que o controle é realizado, dividindo-o em prévio, concomitante ou posterior. Controle preventivo ou prévio é aquele verificado antes da realização da prática do ato. Controle concomitante é o efetuado ao mesmo tempo do ato. Controle subsequente, posterior ou corretivo é o feito após o ato ter sido praticado (CARVALHO FILHO, 2019). 4141 41 Há, ainda, o critério que considera o aspecto a ser controlado, dividindo o controle em de legalidade e de mérito. A primeira modalidade de controle decorre do princípio da legalidade e objetiva verificar se o ato administrativo está em conformidade com a lei. Esse tipo de controle é exercido pelos três Poderes. Na segunda modalidade, analisa-se o mérito administrativo, ou seja, sua conveniência e oportunidade. Importante frisar que compete à Administração o controle de mérito de seus atos; ao Legislativo, é possível, com algumas limitações, porém, para Alexandrino e Paulo (2019), não há controle de mérito pelo Poder Judiciário. Quanto à natureza do órgão controlador, o controle divide-se em administrativo,legislativo ou judicial. Entende-se por controle administrativo a atividade da Administração consistente em fiscalizar e corrigir os seus próprios atos ou os atos das entidades a ela vinculadas. Ele decorre do poder-dever da Administração que impede que ela permaneça inerte ao descobrir que praticou atos ilegais ou atos que se tornaram inconvenientes e inoportunos (DI PIETRO, 2019). Importante esclarecer que, quando os Poderes Judiciário e Legislativo exercem a função administrativa (função atípica a eles), também têm a possibilidade de controlar os atos de seus agentes, realizando o controle administrativo interno sobre seus atos, como, por exemplo, no caso de revogação de edital de licitação ou anulação de nomeação de servidor. O controle administrativo advém do poder da autotutela ou do autocontrole da Administração Pública sobre seus atos, atividades e agentes, e encontra respaldo nos princípios da legalidade e da predominância do interesse público. Por essa razão, considera-se o controle administrativo mais amplo que os demais (executivo e legislativo), por englobar não só a análise da legalidade do ato, mas também a sua conveniência e oportunidade, aspectos estes relacionados ao mérito administrativo. Nesse sentido, dispõe o artigo 53 da Lei nº 9.784/1999: “A Administração deve anular seus próprios atos, quando eivados de vícios de legalidade, e pode revogá-los por motivo de conveniência e oportunidade, respeitados os direitos adquiridos”. 4242 Desse modo, entende-se por revogação a eliminação de um ato administrativo perfeito pela Administração Pública por ser esse inconveniente ou inoportuno. Trata-se do controle de mérito pela Administração. Meirelles (1989, p. 154) ensina que: (...) a avaliação (valoração) da conveniência e oportunidade relativas ao objeto e ao motivo, na prática do ato discricionário, ou seja, aquele em que a lei permite ao agente público proceder a uma avaliação de conduta (motivo e objeto), ponderando os aspectos relativos à conveniência e à oportunidade da prática do ato. Salienta-se que a Administração deve cumprir estritamente o que a lei dispõe. No entanto, a lei, ao regular as diversas situações do mundo real, ao mesmo tempo em que pode disciplinar a conduta do agente público em termos estritamente objetivos pode conceder a ele um juízo de discricionariedade no que diz respeito a não agir ou à escolha da ocasião para fazê-lo. Por essa razão, é possível à Administração, embasada no juízo de conveniência e oportunidade, sustar, a qualquer tempo, os efeitos dos seus atos, ou seja, revogá-los. Em contrapartida, se o ato administrativo possui vício de legalidade (contraria alguma lei), ele pode ser anulado, de modo que será considerado como inexistente desde a origem do ato. Trata-se do controle de legalidade feito pela Administração. Os instrumentos do controle administrativo são: fiscalização hierárquica e recursos administrativos (DI PIETRO, 2019). O controle legislativo, por sua vez, é aquele realizado pelo Poder Legislativo e corresponde a uma exceção à regra da separação dos Poderes, uma vez que se trata da interferência de um dos poderes nas atribuições de outro. No entanto, tal controle se encontra delimitado pela Constituição Federal e, por conseguinte, deve seguir rigorosamente os parâmetros estabelecidos por esta. Esse controle é exercido quer de forma política, quer de forma financeira (DI PIETRO, 2019). 4343 43 Por fim, o controle judicial, que também é exceção à separação dos Poderes, advém do artigo 5º, XXXV da Constituição Federal, que assim dispõe: “a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito”. Verifica-se, portanto, que todos os atos da Administração Pública que causem prejuízo a terceiros e a própria Administração Pública estão sujeitos ao exame pelo Poder Judiciário. Os meios postos à disposição do cidadão no exercício desse controle, entre os quais se destacam as seguintes ações constitucionais: mandado de segurança individual, mandado de segurança coletivo, ação popular, ação civil pública, mandado de injunção, habeas corpus, habeas data, ações de inconstitucionalidade, entre outros (MAZZA, 2019). Importante mencionar, ainda, que existem dois sistemas clássicos de controle dos atos administrativos: sistema do contencioso administrativo e sistema do controle jurisdicional único da legalidade dos atos administrativos. O sistema do contencioso administrativo baseia-se na doutrina da separação dos Poderes de Montesquieu (1996). Segundo esse sistema, não cabe ao Poder Judiciário interferir nas questões em que o Estado é parte, uma vez que estas devem ser decididas por órgãos do próprio Poder Executivo em cuja cúpula existe um Conselho de Estado. Ele foi adotado primeiramente na França como resultado da desconfiança dos revolucionários franceses em relação à magistratura do antigo regime, bem como da luta entre o Parlamento francês e os Intendentes representantes das administrações locais. Decorreu, principalmente, do ambiente favorável à implantação do regime liberal e da separação dos Poderes conquistados pela Revolução de 1789. Não obstante, o sistema também foi favorecido com a edição da Lei nº 16, de 24 de agosto de 1790, que separou as funções jurisdicionais das funções administrativas. Posteriormente, tal separação foi adotada pela Constituição Francesa de 1791, proibindo os tribunais de entrarem na esfera de atribuição da administração. Destarte, a Administração Pública francesa passou a subordinar à jurisdição especial do contencioso administrativo, a partir da autoridade máxima do Conselho de Estado (SAWEN FILHO, 2009). 4444 O sistema do contencioso administrativo caracteriza-se pela composição de tribunais organizados com o escopo de apreciar os atos administrativos ou conhecer os litígios advindos deste. De acordo com Sawen Filho (2009, p. 75): A essa jurisdição, formada por juízes administrativos aos quais se reconhece parcela do poder jurisdicional do Estado, é dado, assim, conhecer e julgar a validade dos atos administrativos e as questões decorrentes de sua prática irregular. Nesse sistema há uma dualidade de jurisdições: a comum, formada pelos órgãos do Poder Judiciário, com a competência de resolver os litígios, e a administrativa, formada pelos tribunais de natureza administrativa, com plena jurisdição em matéria administrativa, fazendo com que essas decisões promovam coisa julgada. As vantagens apontadas pelos defensores do sistema contencioso administrativo são: rapidez, eficiência e especialização dos julgadores, vez que aqueles que proferem as decisões, por serem integrantes da Administração, são profundos conhecedores dos problemas administrativos. Entretanto, há uma grande desvantagem na aplicação do sistema: o Esprit de corps por parte dos julgadores administradores, isso é, a escassez de imparcialidade (SAWEN FILHO, 2009). Cumpre consignar que o sistema do contencioso francês é aplicado em países como Suíça, Finlândia, Grécia, Turquia e Polônia, todavia, com as devidas adaptações. Por outro lado, o sistema do controle jurisdicional único da legalidade dos atos administrativos, também denominado sistema judiciário ou de jurisdição única, é o sistema pelo qual o Poder Judiciário tem legitimidade para examinar a legalidade de quaisquer atos, administrativos ou privados. Originário da Inglaterra, é o sistema adotado no Brasil. Segundo ele, somente as decisões do Poder Judiciário são definitivas, ou seja, nenhuma decisão emanada de outro órgão fará coisa julgada, quer no sentido material quer no formal (DI PIETRO, 2019). 4545 45 O Poder Judiciário tem a função de assegurar a coexistência harmônica dos três Poderes. Todavia, em que pese o fato de ser o detentor da última palavra no pertinente à aplicação de normas e princípios do ordenamento jurídico, ele também se submete à lei e mantém-se no mesmo nível hierárquico dos Poderes Executivo e Legislativo. Assimsendo, o sistema do controle jurisdicional único da legalidade consiste na análise e no conhecimento dos atos por parte do Poder Judiciário, visando apurar sua validade. A principal vantagem desse sistema é a imparcialidade dos julgadores, uma vez que, pelas características constitucionais que são atribuídas aos magistrados, estes têm condições de se colocarem alheios ao conflito, decidindo de forma imparcial lide. Em contrapartida, a falta de especialização dos julgadores togados deixa de atender, por vezes, às necessidades da Administração e ao interesse público (SAWEN FILHO, 2009). É fato, ainda, que são insuscetíveis de controle por parte do Poder Judiciário os atos políticos e legislativos. Atos políticos são aqueles cuja prática se ampara na existência da soberania do Estado. São as questões referentes ao exercício dos poderes colocados pela Constituição à disposição do Poder Legislativo e Executivo. São exemplos de atos políticos as declarações de guerra, as intervenções federais na administração dos Estados ou as intervenções dos Estados nos Municípios que, por emanarem do poder político da autoridade pública, somente por ela poderão ser revistos (DI PIETRO, 2019). Atos legislativos são as normas de conduta impostas a todos pelo Poder Legislativo como consequência da separação dos Poderes. Em decorrência da doutrina de Montesquieu (1996), não cabe originalmente ao Poder Judiciário a fiscalização da constitucionalidade de uma lei. No entanto, em que pese o fato de o Judiciário poder se manifestar nesse sentido, não cabe a ele editar uma alteração para adequá-lo à Constituição, por competir somente ao Poder Legislativo, em que pese o fato de poder incluir um sentido diverso para adequar o ato ou a lei à Constituição, como, por exemplo, no caso das súmulas vinculantes. 4646 PARA SABER MAIS Outros atos do Poder Legislativo que são inatingíveis pelo controle externo são: decisões emanadas das Mesas da Câmara e do Senado para regular escolha das Comissões, eleições de membros das respectivas Mesas do Congresso Nacional, atos que concedem licença ou estabelecem regimentos internos, etc. Cabe consignar, finalmente, que o sistema do controle jurisdicional é aplicado nos Estados Unidos da América, na Bélgica, no México, dentre outros. Assim sendo, a Administração Pública possui mecanismos jurídicos e administrativos para revisar e fiscalizar os seus atos. Conforme explanado, a Administração encontra-se sujeita a uma espécie de controle com o escopo de assegurar a observância dos princípios da legalidade, moralidade, finalidade pública, publicidade, motivação e impessoalidade, uma vez que, embora o ato administrativo esteja sujeito a um regime próprio, ele pode produzir, por vezes, efeitos que afetem o direito das pessoas, causando alguns danos. Em razão disso, existem os mecanismos de fiscalização e de correção, objetivando garantir a observância dos princípios constitucionais. TEORIA EM PRÁTICA O controle administrativo é o meio de controle mais amplo. Nele é possível realizar tanto o juízo de oportunidade e conveniência (controle do mérito administrativo) como o controle da legalidade do ato. Esse controle é realizado tipicamente pelo Poder Executivo e atipicamente pelos 4747 47 Poderes Executivo e Judiciário e, por essa razão, pode ser desempenhado pelos gestores públicos nos três Poderes. Por essa razão, reflita sobre a atuação do gestor quando da tomada de decisão entre a revogação e a anulação do ato administrativo. Há um prazo para que essa decisão seja tomada? VERIFICAÇÃO DE LEITURA 1. Analise a assertiva e assinale a alternativa que preenche corretamente a lacuna. Com relação ao , a Administração Pública divide-se em direta e indireta, sendo um exemplo desta . a. Objeto; fomento. b. Sujeito; fomento. c. Objeto; autarquia. d. Sujeito; autarquia. e. Sujeito; intervenção. 2. A Administração Pública encontra-se sujeita a diversos princípios. Assinale a alternativa que indica corretamente o princípio que impõe à Administração a neutralidade necessária para o exercício da atividade administrativa. a. Legalidade. b. Impessoalidade. c. Motivação. 4848 d. Publicidade. e. Eficiência. 3. O controle da atividade administrativa pode ser classificado de diversas formas, variando conforme o critério utilizado para sua sistematização. Assinale a alternativa que apresenta correta e respectivamente um controle quanto levados em conta o momento e o aspecto a ser controlado. a. Controle prévio e controle de legalidade. b. Controle administrativo e controle de mérito. c. Controle concomitante e controle administrativo. d. Controle legislativo e controle externo. e. Controle posterior e controle interno. Referências bibliográficas ALEXANDRINO, M. PAULO, V. Direito administrativo descomplicado. 27. ed. São Paulo: Método, 2019. BRASIL. [Constituição (1988)]. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Brasília, DF: Presidência da República, [2016]. Disponível em: http://www. planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm. Acesso em: 14 set. 2019. BRASIL. Decreto-lei nº 200, de 25 de fevereiro de 1967. Dispõe sobre a organização da Administração Federal, estabelece diretrizes para a Reforma Administrativa e dá outras providências. Brasília, DF. Disponível em: http://www. planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/del0200.htm. Acesso em: 14 set. 2019. BRASIL. Lei nº 9.784, de 29 de janeiro de 1999. Regula o processo administrativo no âmbito da Administração Pública Federal. Brasília, DF. Disponível em: http:// www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L9784.htm. Acesso em: 14 set. 2019. http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/del0200.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/del0200.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L9784.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L9784.htm 4949 49 BRASIL. Lei nº 10.406 de 10 de janeiro de 2002. Institui o Código Civil. Brasília, DF. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/2002/L10406.htm. Acesso em: 20 set. 2019. CARVALHO FILHO, J. S. Manual de direito administrativo. 33. ed. São Paulo: Atlas, 2019. DI PIETRO, M. S. Z. Direito administrativo. 32. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2019. GASPARINI, D. Direito administrativo. 7. ed. São Paulo: Saraiva, 2002. GONÇALVES, C. R. Direito civil brasileiro. v. 1. 14. ed. São Paulo: Saraiva, 2016. MAZZA, A. Manual direito administrativo. 9. ed. São Paulo: 2019. MEIRELLES, H. L. Direito administrativo brasileiro. 23. ed. São Paulo: Malheiros, 1998. MELLO, C. A. B. Curso de direito administrativo. 21.ed. São Paulo: Malheiros, 2006. MONTESQUIEU, C. S. O espírito das leis. São Paulo: Martins Fontes, 1996. SAWEN FILHO, J. F. Curso de direito em administração pública: a responsabilidade civil do Estado e o controle da administração pública. Rio de Janeiro: Fundação Trompowsky, 2009. Gabarito Questão 1 – Resposta D Quanto ao sujeito, a Administração pode ser Direta ou Indireta. A primeira é composta pelos entes políticos, enquanto a segunda é composta pelas autarquias, fundações públicas, sociedades de economia mista e empresas públicas. Por outro lado, quanto ao objeto, a atividade administrativa pode ser de fomento, de polícia administrativa, de serviços públicos e de intervenção. Questão 2 – Resposta B Trata-se do Princípio da Impessoalidade, segundo o qual busca a igualdade. A Administração age com neutralidade, ou seja, impessoalidade sob dois aspectos: do administrador quando da prática do ato e a impessoalidade do próprio administrado como destinatário desse mesmo ato. Portanto, alternativa correta, letra B. 5050 Questão 3 – Resposta A Quanto ao momento em que é realizado o controle, ele se divide em prévio, concomitante e posterior. Quanto ao aspecto controlado, pode ser de mérito ou de legalidade. Portanto,
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