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1 Eduarda Rebés Müller Hiperbilirrubinemia Neonatal Mais frequente patologia neonatal O exame físico não é uma medida confiável da bilirrubina sérica Até 85% de todos os RN a termo Icterícia visível no RN: bilirrubina > 5 mg/dl 6,1% dos RNs a termo possuem nível sérico de bilirrubina > 12,9 mg/dl o No adulto: > 2 mg/dl Fontes de bilirrubinas 75% da bilirrubina vem da hemoglobina das hemácias velhas liberadas pelo sistema reticulo-endotelial o 34mg de bilirrubina em 1g de hemoglobina 25% provém de eritropoiese não efetiva da medula óssea e de outras proteínas contendo heme (mioglobina, citocromos, catalase e peroxidase) → bilirrubina marcada precocemente Metabolismo da bilirrubina Conjugação Bilirrubina direta (conjugada): o Não tóxica o Ligada ao ácido glicurônico o Não atravessa barreiras o Excretada na bile Bilirrubina indireta (não-conjugada): o Tóxica o Ligada à albumina o Cruza a barreia placentária e hemato-liquórica ICTERÍCIA FISIOLÓGICA Na primeira semana de vida, os níveis de bilirrubina indireta ultrapassam 2 mg/dl, com um pico de 6-8 mg/dl no 3º dia (PMT é 10-12 mg/dl no 5º dia) e desaparecem em 10 dias (PMT em 15 dias) Bilirrubina até 12 mg/dl (em a termo) é considerada fisiológica! Criança é saudável! Sem hemólise e/ou sangramento Mecanismo Aumento da produção de bilirrubina → ↑ volemia, ↓ vida média das hemácias (90x120 dias) e ↑ eritropoiese inefetiva Aumento da circulação entero-hepática → ↑ glicuronidase intestinal, ↓ bactérias intestinais e ↓ motilidade intestinal (dormem muito, mamam pouco, perdem peso) Defeito na captação da bilirrubina plasmática Defeito na conjugação Diminuição da excreção hepática ICTERÍCIA NÃO-FISIOLÓGICA Início da icterícia antes das 24h de vida Qualquer elevação da bilirrubina sérica que exija fototerapia Elevação da bilirrubina > 0,2 mg/dl/hora Sinais de doença subjacente em qualquer RN: vômitos, letargia, recusa alimentar, perda de peso excessiva, apneia, instabilidade de temperatura Icterícia persistente (8 dias em a termo e 14 dias em PMT) 2 Eduarda Rebés Müller História História familiar de icterícia, anemia, esplenectomia ou doença precoce de vesícula, anemia hemolítica hereditária (DG6PD) História familiar de doença hepática, atresia de vias biliares Origem étnica ou geográfica associada a hiperbilirrubinemia (leste da Ásia, gregos, indígenas norte- americanos) Irmão com icterícia ou anemia → incompatibilidade de grupos sanguíneos Doenças maternas durante a gestação → infecção congênita viral Sepse neonatal precoce ou tardia Substâncias usadas na gestação Aleitamento materno TOXICIDADE BILIRRUBÍNICA Rompimento da barreira hemato-encefálica (hiperosmolaridade, anóxia, hipercapnia, PMT) → penetração cerebral da bilirrubina indireta → encefalopatia bilirrubínica Encefalopatia bilirrubínica – Kernicterus Refere-se à coloração amarelada do cérebro por bilirrubina com evidências de lesão neuronal Diagnóstico histopatológico Caracteriza-se por: o Atetose (movimentos involutários) o Surdez neurosensorial parcial ou total (neuropatia auditiva) o Limitação do olhar para cima o Displasia dentária o Déficits intelectuais Utilizado para denominar sequelas crônicas e permanentes de toxicidade da bilirrubina. 3 fases: o Precoce: hipotonia, letargia, choro e sucção débil o Intermediária: hipertonia, irritabilidade, convulsões, muitos morrem nessa fase o Avançada: opistótono marcante, choro estridente, apneia, crises epiléticas, coma e morte ICTERÍCIA DO LEITE MATERNO Bilirrubina aumentada após 3º dia de vida em RN saudável o Precoce: 2-4 dias o Tardia: após 4 dias Resolve com a descontinuidade do leite materno por 1 a 2 dias Principal fator: ingesta reduzida de leite materno e atraso na eliminação do mecônio DOENÇA HEMOLÍTICA ISO-IMUNE Na doença hemolítica, os glóbulos vermelhos são degradados ou destruídos pelos anticorpos da mãe, podendo causar concentrações elevadas de bilirrubina no sangue Etiologia: incompatibilidade Rh, ABO ou grupos menores 15% das pessoas são Rh – Coombs + Sensibilização materna por gravidez anterior, transfusão, amniocentese, aborto Manejo TS e Coombs em toda gestante Testar o pai: se Rh +, retestar a mãe com 20 semanas de gestação Se mãe Coombs + → retestar com 18, 22 semanas e a cada 2 semanas de gestação Se coombs alterado ou história prévia de doença severa → amniocentese Níveis altos e sinais clínicos de hidropsia → transufusao intra-útero 50% → fototerapia intensiva 24% → serão anêmicos e com bilirrubina de cordão > 4 mg/dl → EXT 3 Eduarda Rebés Müller Prevenção: Imunoglobulina anti D (Rh) – RhoGAM Com 28 semanas de gestação Até 72h após o parto Procedimentos ou suspeita de hemorragia placentária DOENÇA HEMOLÍTICA ABO 15% das gestações: mãe O e RN A ou B 20% terão icterícia significativa e 10% necessitarão de fototerapia Icterícia precoce: < 24h de vida Muitas vezes Coombs negativo, mas existem anticorpos Exame físico Pressão digital na pele para observar a sua cor e a dos tecidos subcutâneos Todo RN ictérico ao nível ou abaixo da linha do umbigo deve ter dosagem de bilirrubinas séricas o A icterícia progride no sentido crânio-caudal – os níveis de bilirrubinas mais altos estão tipicamente associados à icterícia abaixo dos joelhos e das mãos Aspectos relacionados: o Prematuros, PIGs o Microcefalia: infecções intra-útero o Sangue extravascular: cefalohematomas o Palidez: anemia hemolítica o Petéquias: infecção congênita o Hepatoesplenomegalia: anemia hemolítica, infecção congênita, sepse, eritroblastose fetal o Onfalite o Hipotireoidismo Exames laboratoriais Grupo sanguíneo da mãe e do RN Teste de Coombs no RN Esfregaço do sangue periférico com análise da morfologia eritrocitária e contagem de reticulócitos: detectar causas de doença hemolítica com teste de coombs negativo Hematócrito Bilirrubinas Hemograma na suspeita de sepse Fototerapia Contraindicação: aumento da bilirrubina direta As luzes de fototerapia mais efetivas são aquelas com débito de alta energia próximo ao pico de absorção máxima de bilirrubina (450-460nm) o Lâmpadas azuis: 425-475nm o Lâmpadas brancas frias: 550-600nm Ocorrem 3 tipos de reações: o Fotoisomerização o Isomerização estrutural o Foto-oxidação Uma luz em cima da outra não aumenta a efetividade, o ideal é atingir a maior área de superfície corporal possível Para ser efetiva depende: o Espectro de luz o Irradiância (emissão de energia) o Distância do RN o Extensão da exposição cutânea O RN deve estar sem roupas e com os olhos cobertos Aumentar o volume hídrico em 10-20% Dosar bilirrubinas a cada 12-24h Dosar 8h após suspensão → efeito rebote? 4 Eduarda Rebés Müller Riscos Afastamento da mãe Desmame Hipertermia Desidratação Punções repetidas para exames (dor) Queimaduras, erupção cutânea Diarreia Lesão de retina Exsanguineotransfusão Remove parcialmente hemácias hemolisadas e cobertas de anticorpos, assim como anticorpos livres, e os substitui por hemácias do doador sem o antígeno sensibilizador o Incompatibilidade RH: usar O negativo (prova cruzada com o sangue da mãe se for preparado antes do nascimento) o Incompatibilidade ABO: usar ABO negativo ou compatível com a mãe e o neonato À medida que a bilirrubina é removida do plasma, a bilirrubina extravascular se equilibra rapidamente e se liga à albumina no sangue trocado Procedimento de elevada morbidade Indicações: Fototerapia ineficaz não prevenindo aumento da bilirrubina até níveis tóxicos Corrigir anemia e melhorar a insuficiência cardíaca em RN hidrópicos com doença hemolítica Deter a hemólise Bilirrubina do cordão > 4,5mg/dl e Hb < 11mg/dl Aumento da bilirrubinasérica acima de 1mg/dl/hora apesar da fototerapia Nível de bilirrubina > 20mg/dl (varia conforme IG, peso e tempo de vida) Piora da anemia Técnicas: Sangue total (hematócrito de 45- 50%) e fresco (menos de 7 dias) → usar 2 volemias (160ml/kg), que substituem 87% das hemácias circulantes Ambiente asséptico Monitorização clínica e laboratorial Técnica “puxa-empurra”, através da veia umbilical (1-2h) Complicações: Hipocalcemia e hipomagnesemia Hipoglicemia Equilíbrio ácido-básico Hiperpotassemia Cardiovasculares: perfuração de vasos, embolização, vasoespasmos, trombose, infarto, arritmias, sobrecarga de volume e parede cardiopulmonar Sangramento Infecções Hemólise ECN Hipotermia
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