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Estudos Técnicos Preliminares para obras públicas_ um caso particular - Observatório da Nova Lei de Licitações

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25/10/2021 11:27 ETP para obras públicas: um caso particular - Observatório da Nova Lei de Licitações
www.novaleilicitacao.com.br/2021/07/06/etp-para-obras-publicas-um-caso-particular/ 1/10
1.  Introdução
Em 22 de maio de 2020, o Ministério da Economia publicou a Instrução Normativa nº
40/2021, a dispor sobre a elaboração dos Estudos Técnicos Preliminares – ETP para
aquisição de bens e a contratação de serviços e obras, no âmbito da Administração
Pública federal direta, autárquica e fundacional.
Trata-se da regulamentação do art. 6º, inciso IX, da Lei 8.666/1993, em que se de�ne
projeto básico como “o conjunto de elementos necessários e su�cientes, com nível de
precisão adequado, para caracterizar a obra ou serviço, ou complexo de obras ou
serviços objeto da licitação, elaborado com base nas indicações dos estudos técnicos
preliminares, que assegurem a viabilidade técnica e o adequado tratamento do impacto
ambiental do empreendimento, e que possibilite a avaliação do custo da obra e a de�nição
dos métodos e do prazo de execução (…)”. Tal acepção conceitual de “Estudo Técnico
Preliminar” não constou do texto da Lei 8.666/1993.
Muito embora a IN-MPOG 01/2017 já abrangesse a de�nição e teor ETP[1], tal ato
normativo envolve unicamente contratações para a prestação de serviços. Igualmente, a
IN-SLTI 01/2019, também dedicou dispositivos especí�cos sobre o instituto; aplicáveis,
contudo, a contratações de tecnologia da informação[2]. O Decreto 10.024/2019, por sua
vez, aludiu os Estudos Técnicos Preliminares; mas além de a regulamentação se aplicar
tão somente a aquisição de bens e serviços comuns, não há o respectivo detalhamento
do ETP naquele diploma[3].
No caso da IN nº 40/2020, os Estudos Técnicos Preliminares abrangem tanto a aquisições
de bens e serviços comuns, como obras e serviços de engenharia, excetuando,
ETP para obras públicas: um caso particular
6 de julho de 2021
http://www.novaleilicitacao.com.br/wp-content/uploads/2021/07/etp-obras-nova-lei-licitacao.jpg
http://www.novaleilicitacao.com.br/2019/10/08/rafael-jardim-cavalcante/
25/10/2021 11:27 ETP para obras públicas: um caso particular - Observatório da Nova Lei de Licitações
www.novaleilicitacao.com.br/2021/07/06/etp-para-obras-publicas-um-caso-particular/ 2/10
unicamente, as aquisições de TI, a continuar regida pelo disposto na IN SLTI 01/2019[4].
Houve um novel – e salutar – alargamento da utilização do ETP em toda a administração
pública federal. Os estudos serão realizados em treze etapas, a iniciarem na descrição da
necessidade da contratação e �ndando no posicionamento conclusivo sobre a sua
respectiva viabilidade e razoabilidade[5].
Ato contínuo, em 1º de abril de 2021, foi sancionada a Lei 14.133/2021 – a novíssima Lei
de Licitações e Contratos Administrativos (NLL). O planejamento das contratações foi
alçado a princípio licitatório e a sedimentação de tal valor envolveu o detalhamento de
diversos institutos, como o Plano Anual de Contratações, o Mapeamento de Riscos dos
contratos e, ao que interessa a este artigo, os Estudos Técnicos Preliminares[6]. Tal qual
a IN 40/2021, a NLL dissecou o ETP em treze etapas, sem grandes diferenças práticas e
conceituais ao já tratado no regulamento federal[7].
Sobre a padronização das fases de elaboração do estudo, nada obstante à descrição
genérica dessas etapas, tanto na IN-ME 40/2020 quanto na Nova Lei de Licitações, em
procedimento homogêneo para quaisquer que sejam as tipologias de objeto –
providência (talvez) mandatória para viabilizar um preenchimento do ETP Digital[8] –
antevê-se a necessidade de adaptar a descrição de alguns campos descritivos para
garantir a �nalidade e efetividade do ETP.
Para obras, aliás, a IN-ME 40/2020 previu, em seu art. 3º, que “(…) os ETP serão
elaborados de acordo com esta Instrução Normativa, exceto quando lei ou
regulamentação especí�ca dispuser de forma diversa”. Tal regulamentação (ainda)
inexiste. O presente artigo, nessa oportunidade, pretende discorrer sobre algumas
particularidades nas contratações de obras e serviços de engenharia, em sua fase de
ETP, a demandar cuidados próprios, a carecer – eventualmente – de uma
regulamentação especí�ca de sorte a garantir maior segurança jurídica e
instrumentalidade ao gestor que milita nessa seara.
2.  Elementos obrigatórios dos Estudos Preliminares e o
efeito da etapa de elaboração de projetos
Consta do art. 18, §1º, da Lei 14.133/2021:
Art. 18. (…)
§ 1º O estudo técnico preliminar a que se refere o inciso I do caput deste artigo deverá
evidenciar o problema a ser resolvido e a sua melhor solução, de modo a permitir a
avaliação da viabilidade técnica e econômica da contratação, e conterá os seguintes
elementos:
I – descrição da necessidade da contratação, considerado o problema a ser resolvido sob
a perspectiva do interesse público;
II – demonstração da previsão da contratação no plano de contratações anual, sempre
que elaborado, de modo a indicar o seu alinhamento com o planejamento da
Administração;
III – requisitos da contratação;
IV – estimativas das quantidades para a contratação, acompanhadas das memórias de
cálculo e dos documentos que lhes dão suporte, que considerem interdependências com
outras contratações, de modo a possibilitar economia de escala;
V – levantamento de mercado, que consiste na análise das alternativas possíveis, e
justi�cativa técnica e econômica da escolha do tipo de solução a contratar;
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VI – estimativa do valor da contratação, acompanhada dos preços unitários referenciais,
das memórias de cálculo e dos documentos que lhe dão suporte, que poderão constar
de anexo classi�cado, se a Administração optar por preservar o seu sigilo até a conclusão
da licitação;
VII – descrição da solução como um todo, inclusive das exigências relacionadas à
manutenção e à assistência técnica, quando for o caso;
VIII – justi�cativas para o parcelamento ou não da contratação;
IX – demonstrativo dos resultados pretendidos em termos de economicidade e de
melhor aproveitamento dos recursos humanos, materiais e �nanceiros disponíveis;
X – providências a serem adotadas pela Administração previamente à celebração do
contrato, inclusive quanto à capacitação de servidores ou de empregados para
�scalização e gestão contratual;
XI – contratações correlatas e/ou interdependentes;
XII – descrição de possíveis impactos ambientais e respectivas medidas mitigadoras,
incluídos requisitos de baixo consumo de energia e de outros recursos, bem como
logística reversa para desfazimento e reciclagem de bens e refugos, quando aplicável;
XIII – posicionamento conclusivo sobre a adequação da contratação para o atendimento
da necessidade a que se destina.
Não houve modi�cações relevantes em face do já estabelecido no art. 7º da IN-ME nº
40/2020. As fases I, III, V e VII buscam, fundamentalmente, frente a um “problema” a ser
resolvido, a escolha da melhor contratação para resolvê-lo. As demais etapas envolvem
um “faseamento” que busca avaliar a exequibilidade do objeto, como também de prover
informações essenciais para a elaboração do futuro projeto básico e instrumento
convocatório.
No universo da engenharia e arquitetura, em verdade, é comum haver duas
contratações: a primeira, para a seleção de projetista para elaborar o projeto (quando
não feito diretamente por pro�ssionais do órgão/entidade contratante); e a segunda,
para a contratação da obra ou serviço de engenharia propriamente dito. A elaboração do
ETP é condição essencial para a publicação do instrumento convocatório, quer seja do
projeto; quer seja da obra o serviço de engenharia propriamente dito.  
A preocupação é que, uma vez elaborado o projeto, a solução já está de�nida. Caso os
estudos iniciem unicamente após a sua feitura – situação corriqueira, principalmente nos
casos em que o projeto é elaborado pelo próprio ente contratante – asetapas descritivas
da necessidade, dos requisitos, do levantamento das soluções de mercado e da escolha
da solução tornam-se, na prática, inócuas. A solução já está de�nida, a�nal. O projeto
básico é, justamente, a peça descritiva do objeto a ser licitado.
Por outro lado, uma vez projetada a obra ou serviço, haverá a de�nição de sistemas e
subsistemas construtivos impactantes na avaliação da viabilidade técnica de se executar,
�scalizar e manter o novo objeto.  Ainda, frente ao maior detalhamento das soluções, é
igualmente esperado um elastecimento do orçamento, em até 30%[9] – comparando a
estimativa preliminar de custo (sem ainda o projeto básico) e o projeto detalhado – com
in�uência direta na ponderação de viabilidade econômico-�nanceira. Os estudos
ambientais, identicamente, sofrerão in�uência, começando desde o detalhamento (e
viabilidade; e preço) das medidas mitigadoras ambientais, e �ndando nos potenciais
demandas fruto dos Estudos de Impacto de Vizinhança – EIV[10]. Em acréscimo, um ou
outro subsistema, por sua especi�cidade, materialidade e complexidade, pode exigir o
respectivo parcelamento do objeto, com efeitos decisivos na constituição do edital
licitatório.
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Dito de outro modo: anteriormente ao projeto, as informações disponíveis para se
estimar o valor do empreendimento são parcas. Procedem-se avaliações expeditas e
paramétricas para viabilizar a estimativa do custo da empreitada. Empregam-se
referências, em reais, dos custos por metro quadrado, por quilômetro, por volume de
água, por potência de energia gerada, por toneladas de refrigeração, ou outro parâmetro
adequado à tipologia da obra. No caso do uso do CUB – Custo Unitário Básico de
Construção, tida em m , tal referência não inclui sequer os custos de fundação, BDI,
jardinagem, arruamentos, contenções, consultorias, projetos e outras rubricas
relevantes[11]. As estimativas de custo obtidas por meio dessas metodologias são
muitíssimo aproximadas, podendo encontrar variações de até 50%[12]! Logicamente que
o detalhamento da solução, a viabilizar uma análise mais acurada dos seus custos – e
respectiva viabilidade – não pode ser ignorada no planejamento da obra.
Disso se conclui que o ETP deve ser iniciado antes mesmo da decisão de se projetar.
Uma vez tomada tal decisão de elaborar o projeto básico – seja de forma direta pela
administração; seja contratando terceiros para tal – já se decidiu que a obra ou serviço
de engenharia é a solução que melhor atende o interesse público. Tal rati�cação, em
termos de expectativa de custos, deve considerar tanto os custos expedidos da futura
obra a ser construída, quando os custos também paramétricos associados de projeto,
desapropriações, consultorias e demais contratos associados.
Em decorrência lógica de tal reconhecimento, uma vez projetada a solução, deve-se dar
continuidade aos estudos. O detalhamento do objeto oferece informações mais precisas
sobre, por exemplo: custo; providências ambientais; detalhamento de todos os sistemas
construtivos, aptos à avaliação de complexidade e necessidades de parcelamento e
constituição de consórcios; tecnologias, materiais e mão de obra especializada para a
execução, operação e manutenção; e aptidão da empreitada para a utilização dos
diferentes regimes de execução contratual. São todas informações fulcrais para a
“con�rmação” da viabilidade do empreendimento e necessárias para as decisões
posteriores a se tomar para uma adequada elaboração do instrumento convocatório.
Do arguido, extrai-se que a elaboração dos estudos técnicos preliminares para obras e
serviços de engenharia dever ser um ato complexo, realizado em duas fases: a primeira,
anteriormente à decisão de ser projetar a obra; e a segunda, de posse do projeto e
frente a suas soluções particularidades, anteriormente à feitura do instrumento
convocatório. Omissões em uma e outra etapa podem redundar em ine�ciência,
inefetividade ou mesmo na inviabilidade técnica, econômica, �nanceira e ambiental da
contratação.
3.  O efeito do regime de execução contratual no ETP e nas
etapas posteriores
Consta da Lei 14.133/2021:
Art. 46. Na execução indireta de obras e serviços de engenharia, são admitidos os
seguintes regimes:
I – empreitada por preço unitário;
II – empreitada por preço global;
III – empreitada integral;
IV – contratação por tarefa;
V – contratação integrada;
VI – contratação semi-integrada;
2
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VII – fornecimento e prestação de serviço associado.
Para o fornecimento e prestação de serviço associado, trata-se de “regime de contratação
em que, além do fornecimento do objeto, o contratado responsabiliza-se por sua
operação, manutenção ou ambas, por tempo determinado[13]”. Há a decisão de “não
parcelar o objeto” quanto ao seu fornecimento e operação/manutenção.
Segundo o art. 113 da Lei 14.133/2021, tal regime de execução contratual é extensivo a
obras e serviços de engenharia[14]. Signi�ca que, uma vez construída a obra (ou
reformada; ou recuperada; ou ampliada), pode-se, justi�cadamente, contratar a
manutenção predial de forma associada, em um único contrato.
Obviamente que a antevisão, ainda na fase de estudos preliminares, se faz necessária
para tanto avaliar a vantagem desse não parcelamento, como preparar as peças
posteriores em consequência de tal decisão. Essa tratativa, inclusive, não é exclusividade
de obras e serviços de engenharia, perpassando por demais aquisições em que se julgue
vantajoso o fornecimento e prestação de serviço associado.
A motivação do uso e aplicação desse regime de execução contratual deve fazer parte
tanto dos campos relativos ao inciso VIII, do art. 18 da Lei 14.133/2021 (justi�cativas para
o parcelamento ou não da contratação), quanto mesmo do ao do inciso V (levantamento
de mercado, que consiste na análise das alternativas possíveis, e justi�cativa técnica e
econômica da escolha do tipo de solução a contratar). Existe uma solução que é a
aquisição/construção de forma apartada de sua operação e manutenção; e outra
aglutinando as duas contratações.
Na contratação integrada (CI), contudo, trata-se de uma particularidade própria do
universo de obras e serviços de engenharia.  A CI é um “regime de contratação de obras
e serviços de engenharia em que o contratado é responsável por elaborar e desenvolver
os projetos básico e executivo, executar obras e serviços de engenharia, fornecer bens
ou prestar serviços especiais e realizar montagem, teste, pré-operação e as demais
operações necessárias e su�cientes para a entrega �nal do objeto”. Em suma: licita-se a
obra com a utilização de um anteprojeto; porquanto o projeto básico completo será
providenciado pela construtora no decorrer da contratação. As empresas competem em
termos de metodologia e tecnologia para atender as razões de interesse público
expostas no anteprojeto licitatório.
Disso extrai-se que a decisão, ainda na fase de ETP, sobre a utilização ou não da
contratação integrada é a informação delimitadora para, ao �nal dos estudos, se decidir
pela confecção de projeto básico ou um anteprojeto. Tal conclusão é essencial e
irrenunciável. Serão providências distintas, com custos e tempos diferentes. E o fato de
inexistir, nos incisos de I a XIII, do art. 18 da Nova Lei de Licitações e Contratos – ao
menos não de forma clara – um “campo” especí�co para dessa narrativa justi�cadora,
constitui-se foco de risco e insegurança jurídica.
Como sugestão, avalia-se que os campos “levantamento de mercado” e “descrição da
solução” (objeto dos incisos V e VII, do art. 18 da Lei 14.133/2021) seriam os meios
adequados para se avaliar o uso da contratação integrada. A administração pode optar
em já detalhar a solução no projetobásico, em exigência de meio; ou permitir que o
mercado o faça, em obrigação de �m. Tal exame de vantagens e desvantagens são
típicos das comparações de “soluções de mercado” aptas a fazer frente às razões de
interesse público que demandam uma contratação. Raciocínio muitíssimo semelhante
pode ser utilizado para a decisão de se empregar a contratação semi-integrada[15]; ou
mesmo a empreitada integral[16].
4.  A questão das “obras e serviços comuns de engenharia”
Consta do art. 54 do PL 4253/2020:
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Art. 54. Os prazos mínimos para apresentação de propostas e lances, contados a partir
da data de divulgação do edital de licitação, são de:
I – para aquisição de bens:
a) 8 (oito) dias úteis, quando adotados os critérios de julgamento de menor preço ou de
maior desconto;
b) 15 (quinze) dias úteis, nas hipóteses não abrangidas pela alínea a deste inciso;
II – no caso de serviços e obras:
a) 10 (dez) dias úteis, quando adotados os critérios de julgamento de menor preço ou de
maior desconto no caso de serviços comuns de obras e serviços comuns de engenharia;
b) 25 (vinte e cinco) dias úteis, quando adotados os critérios de julgamento de menor
preço ou de maior desconto, no caso de serviços especiais e de obras e serviços de
engenharia;
c) 60 (sessenta) dias úteis, quando o regime de execução for de contratação integrada;
d) 35 (trinta e cinco) dias úteis, quando o regime de execução for o de contratação semi-
integrada ou nas hipóteses não abrangidas pelas alíneas a, b e c deste inciso. (…)
Pelos dispositivos mencionados, “obras e serviços comuns de engenharia” demandam dez
dias úteis para a publicidade após a edição do instrumento convocatório; e obras (não
comuns) e serviços especiais carecem de quinze dias úteis. De fato, faz-se natural e
alvissareiro que objetos mais complexos demandem ao mesmo tempo um prazo maior
para a análise do objeto – de sorte a viabilizar propostas mais responsáveis – como um
maior tempo para auscultar eventuais interessados em busca da melhor proposta. É
bem-vinda a modi�cação reconhecer que, mesmo obras possam apresentar diferentes
graus de complexidade a exigir-lhe prazos reduzidos para, quando cabível, oportunizar
processos mais céleres e e�cientes, sem prejuízo a princípio da maior vantagem.
Obras comuns de engenharia também não exigem, obrigatoriamente, um projeto executivo
para a sua completa execução:
Art. 46 (…)
§ 1º É vedada a realização de obras e serviços de engenharia sem projeto executivo,
ressalvada a hipótese prevista no § 3º do art. 18 desta Lei.
A referência excepcional inscrita no §3º, art. 18, é justamente a de obras e serviços
comuns de engenharia:
§3º Em se tratando de estudo técnico preliminar para contratação de obras e serviços
comuns de engenharia, se demonstrada a inexistência de prejuízo para a aferição dos
padrões de desempenho e qualidade almejados, a especi�cação do objeto poderá ser
realizada apenas em termo de referência ou em projeto básico, dispensada a elaboração
de projetos.
Vê-se que as obras e os serviços comuns de engenharia carecem de avaliação prévia, em
sede de Estudo Técnico Preliminar – ETP para de�nição tanto do prazo para abertura das
propostas e/ou início da etapa de lances, quanto eventual obrigatoriedade da confecção
de projetos executivos. Adicionalmente, algumas obras comuns, por sua simplicidade,
“caso demonstrada a inexistência de prejuízos para aferição dos padrões de
desempenho e qualidade almejados”, podem ser especi�cadas por meio de “termo de
referência ou projeto básico, dispensada a elaboração de projetos”.
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2019-2022/2021/lei/L14133.htm#art18%C2%A73
25/10/2021 11:27 ETP para obras públicas: um caso particular - Observatório da Nova Lei de Licitações
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Apesar dessas relevantes implicações legais e procedimentais afetas ao procedimento
licitatório, o termo “obras comuns de engenharia” não se encontra de�nido no escopo de
no art. 6º da PL 4253/2020, ou em qualquer de seus dispositivos. Tal omissão legal e a
respectiva imprecisão do conceito tem o condão de conferir incerteza relevante ao
processo licitatório. As consequências de tal classi�cação e eventual dubiedade de
posicionamento dos órgãos jurídico e de controle redundam tanto em potencial
instabilidade e ine�ciência decisória, quanto um foco de insegurança jurídica no
processo.
Em artigo anterior[17], propusemos a seguinte de�nição para obras comuns:
Levando em conta o texto licitatório afeto à habilitação técnica, bem como os princípios
respectivos aplicáveis, propôs-se que obras comuns de engenharia são aquelas
corriqueiras, cujos métodos construtivos, equipamentos e materiais utilizados para a sua
feitura sejam frequentemente empregados em determinada região e apta de ser bem
executada pela maior parte do universo de potenciais licitantes disponíveis e que, por
sua homogeneidade ou baixa complexidade, não possa ser classi�cada como obra
especial. Por sua vez, obras especiais de engenharia são aquelas que cuja parcela de
experiência exigida nos atestados de capacidade técnica re�ram-se a obras, sistemas ou
subsistemas construtivos heterogêneos, complexos, cujos métodos construtivos,
equipamentos e/ou materiais tenham sido realizados com maior raridade e/ou que
imponham desa�os executivos incomuns para sua conclusão, su�cientes a perfazer um
menor número de empresas aptas a demonstrar experiência na sua feitura ou a
demandar-lhes a medição especí�ca de habilidade/intelectualidade para a seleção da
futura contratada.
Fora de qualquer dúvida, a ponderação se a obra é comum ou especial deve ser
oferecida ainda no ETP, tal qual assevera o art. 18, §3º, da Lei 14.133/2021. As
consequências de um ou outro enquadramento impactam nas fases supervenientes do
planejamento e tal omissão pode, como já dito, redundar em uma inércia motivadora;
quando não a uma insegurança jurídica ao certame.
Julga-se, nessa tônica, que o “campo” adequado para essa identi�cação seja o relativo ao
inciso VII, do art. 18 da Lei 14.133/2021 (descrição da solução como um todo, inclusive
das exigências relacionadas à manutenção e à assistência técnica, quando for o caso).
Uma das características do objeto “escolhido” como sendo a solução mais e�ciente,
e�caz e efetiva para a resolução do problema, é o seu enquadramento como obra ou
serviço comum de engenharia.
De todo necessário, assim, tanto uma regulamentação especí�ca para a de�nição da
obra comum, mas também sobre a forma e o lugar em que isso será dissertado no ETP.
5.  Conclusão
A Nova Lei de Licitações e Contratos Administrativos esquadrinhou uma série de
institutos afetos à fase de planejamento das contratações. Dentre tais procedimentos,
detalhou as informações necessárias para a elaboração do Estudo Técnico Preliminar
(ETP). Trata-se da primeira etapa de planejamento, com a função de, frente a uma
determinada razão de interesse público, se motivar a contratação mais e�ciente, efetiva,
e�caz e econômica para resolvê-la. O ETP também ultima garantir a viabilidade da
contratação, como ainda, servir de base para a elaboração do anteprojeto, projeto básico
ou termo de referência.
Eis que, no universo de obras públicas, é comum haver uma contratação para a
elaboração do projeto básico e outra para a execução da obra. Uma vez elaborado o
projeto, a solução já está de�nida. Caso os estudos iniciem unicamente após a sua
feitura, as etapas descritivas da necessidade, dos requisitos, do levantamento das
soluções de mercado e da escolha da solução tornam-se, na prática, inócuas. A solução
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já está de�nida, a�nal.O projeto básico é, justamente, a peça descritiva do objeto a ser
licitado.
Por outro lado, uma vez projetada a obra ou serviço, haverá a de�nição de sistemas e
subsistemas construtivos impactantes na avaliação da viabilidade técnica de se executar,
�scalizar e manter o novo objeto. Frente ao maior detalhamento das soluções, ainda, é
igualmente esperado um elastecimento do orçamento, em até 30% – comparando a
estimativa preliminar de custo (sem ainda o projeto básico) e o projeto detalhado – com
in�uência direta na ponderação de viabilidade econômico/�nanceira. Os estudos
ambientais identicamente sofrerão in�uência, começando desde o detalhamento (e
viabilidade; e preço) das medidas mitigadoras ambientais. Em acréscimo, um ou outro
subsistema, por sua especi�cidade, materialidade e complexidade, pode exigir o
respectivo parcelamento do objeto, com efeitos decisivos na constituição do edital
licitatório.
Frente a tal situação, o ETP deve se iniciar antes mesmo da concepção do projeto, em um
ato complexo, realizado em duas fases: a primeira, anteriormente à decisão de ser
projetar a obra; e a segunda, de posse do projeto e frente a suas soluções
particularidades, anteriormente à feitura do instrumento convocatório, em complemento
aos estudos já iniciados. Tal providência irá garantir a efetividade do planejamento da
obra e do serviço de engenharia; e a própria garantia de sua viabilidade.
As obras e serviços de engenharia, ainda, demandam outras nuanças em sua fase de
ETP, como a necessidade de de�nir se o objeto é uma “obra ou serviço comum de
engenharia” e a ponderação sobre o regime de empreitada a ser utilizado – como a
possibilidade de se utilizar da contratação integrada –, ambas informações de entrada
inadiáveis para as vindouras tomadas de decisão, ainda antes da confecção do projeto e
edital.
Essas e outras especi�cidades recomendam, de todo, uma regulamentação especí�ca
dos Estudos Técnicos Preliminares para obras e serviços de engenharia, sob pena da
produção burocrática, ine�caz e não efetiva do planejamento dessas tipologias de
contratação, aliada a uma insegurança jurídica para gestores, consultores jurídicos e
auditores internos e externos.
Referências 
CAMPELO, Valmir / CAVALCANTE, Rafael Jardim – Obras Públicas: comentários à
jurisprudência do TCU. 4. Ed. ver. e atualizada – Belo Horizonte : Fórum 2018.
CARDOSO/Roberto Sales – Orçamento de obras em Foco – Cardoso. – 4. ed. – São Paulo:
O�cina de Textos, 2020.
CAVALCANTE, Rafael Jardim – Um ensaio sobre “obras comuns de engenharia” na Nova
Lei de Licitações e Contratos Administrativos. Observatório da Nova Lei de Licitações, em
http://www.novaleilicitacao.com.br/2021/02/05/um-ensaio-sobre-obras-comuns-de-
engenharia-na-nova-lei-de-licitacoes-e-contratos-administrativos/.
IBRAOP – Orientação Técnica OT – IBR 004/2012 – Precisão do orçamento de obras
públicas. Primeira Edição: válida a partir de 01/05/2012.
[1] Art. 20, inciso I; art. 24; e anexo III da IN-MPOG 05/2017.
[2] Art. 2º, inciso XI; art. 9º, inciso II e art. 11 da IN-SLTI 01/2019
[3] Art. 3º, inciso IV e art. 8º, incisos I e II, do Decreto 10.024/2019.
25/10/2021 11:27 ETP para obras públicas: um caso particular - Observatório da Nova Lei de Licitações
www.novaleilicitacao.com.br/2021/07/06/etp-para-obras-publicas-um-caso-particular/ 9/10
[4] Art. 1º, caput e 4º da IN-ME 40/2020.
[5] Art. 7º, incisos de I a XIII, da IN-ME 40/2020.
[6] Art. 18, inciso  I e §1º, da Lei 14.133/2021.
[7] Art. 18, incisos de I a XIII, da Lei 14.133/2021.
[8] Sobre o ETP Digital, vide art. 2º e art. 7º da IN-ME nº 40/2021.
[9] IBRAOP – Orientação Técnica OT – IBR 004/2012 – Precisão do orçamento de obras
públicas. Primeira Edição: válida a partir de 01/05/2012. Faixas deprecisão esperada do
custo estimado de uma obra em relação ao seu custo �nal. Pg 5. Disponível em
https://www.ibraop.org.br/wp-content/uploads/2013/04/OT_IBR0042012.pdf, em
5/7/2021.
[10] Lei 10.257/2001 – Art. 37. O EIV será executado de forma a contemplar os efeitos
positivos e negativos do empreendimento ou atividade quanto á qualidade de vida da
população residente na área e suas proximidades, incluindo a análise, no mínimo das
seguintes questões: I – adensamento populacional; II – equipamentos urbanos e
comunitários; III – uso e ocupação do solo; IV – valorização imobiliária; V – geração de
tráfego e demanda de transporte público; VI – ventilação e iluminação; VII – paisagem
urbana e patrimônio natural e cultural.
[11] ABNT NBR 12.721:2006.
[12] Fonte: CARDOSO/Roberto Sales – Orçamento de obras em Foco – Cardoso. – 4. ed. –
São Paulo: O�cina de Textos, 2020.
[13] Art. 6º, inciso XXXIV, da Lei 14.133/2021.
[14] Art. 113. O contrato �rmado sob o regime de fornecimento e prestação de serviço
associado terá sua vigência máxima de�nida pela soma do prazo relativo ao
fornecimento inicial ou à entrega da obra com o prazo relativo ao serviço de operação e
manutenção, este limitado a 5 (cinco) anos contados da data de recebimento do objeto
inicial, autorizada a prorrogação na forma do art. 107 desta Lei.
[15] Lei 14.133/2021 – Art. 6º (…) XXXIII – contratação semi-integrada: regime de
contratação de obras e serviços de engenharia em que o contratado é responsável por
elaborar e desenvolver o projeto executivo, executar obras e serviços de engenharia,
fornecer bens ou prestar serviços especiais e realizar montagem, teste, pré-operação e
as demais operações necessárias e su�cientes para a entrega �nal do objeto;
[16] Lei 14.133/2021 – Art. 6º (…) XXX – empreitada integral: contratação de
empreendimento em sua integralidade, compreendida a totalidade das etapas de obras,
serviços e instalações necessárias, sob inteira responsabilidade do contratado até sua
entrega ao contratante em condições de entrada em operação, com características
adequadas às �nalidades para as quais foi contratado e atendidos os requisitos técnicos
e legais para sua utilização com segurança estrutural e operacional;
[17] CAVALCANTE, Rafael Jardim – Um ensaio sobre “obras comuns de engenharia” na
Nova Lei de Licitações e Contratos Administrativos. Observatório da Nova Lei de
Licitações, em http://www.novaleilicitacao.com.br/2021/02/05/um-ensaio-sobre-obras-
comuns-de-engenharia-na-nova-lei-de-licitacoes-e-contratos-administrativos/.
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2019-2022/2021/lei/L14133.htm#art107
25/10/2021 11:27 ETP para obras públicas: um caso particular - Observatório da Nova Lei de Licitações
www.novaleilicitacao.com.br/2021/07/06/etp-para-obras-publicas-um-caso-particular/ 10/10

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