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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO Fundação CECIERJ/Consórcio CEDERJ Licenciatura em Química Química IV AVE 5 – INTRODUÇÃO À MARCHA SISTEMÁTICA DE SEPARAÇÃO E CLASSIFICAÇÃO DE CÁTIONS EM GRUPOS Professor: Fabio Marques de Oliveira Aluno: Roberto Ricardo Rangel Matrícula: 19214070100 Nova Iguaçu – RJ 2021.2 1 1 – INTRODUÇÃO 1.1 – HISTÓRICO DA ANÁLISE QUALITATIVA Historicamente, o desenvolvimento da análise qualitativa esteve relacionado à ênfase que era dada à análise de minerais e à determinação de suas composições; na chamada análise seca de onde evoluíram das técnicas tradicionais dos ensaios metalúrgicos [DE ABREU et al., 2006]. Mas foi partir do século 17, com a evolução das técnicas de análise em solução ou análise úmida, tanto qualitativa quanto quantitativa, partiu do interesse que existiam nas propriedades medicinais de certas águas minerais. Nessa época era comum o uso de corantes vegetais para se detectar ácidos, compostos de cobre para amônia etc. Mas somente no final do século 18 que ocorreu uma tentativa de se coletar e avaliar sistematicamente os testes conhecidos até então, pelo químico sueco Torbern Bergman (1779). Ele revisou em detalhes a preparação de 23 diferentes soluções aquosas que eram comumente usadas na análise de água, as denominando como precipitantes, que em 1974 numa tradução para o inglês foram chamadas de reagentes [JENSEN, 2017]. Havia muita confusão em relação aos termos que eram usados para definir as soluções e os procedimentos, existiam muitos teste específicos para metais etc. Mas pouco consenso para combiná-los em uma sistemática analítica única até a introdução dos reagentes de grupo; o que permitia ao analista separar os metais numa mistura complexa através de ensaios executados em uma determinada ordem. O primeiro passo significativo nessa direção foi dado pelo químico alemão Heinrich Rose (1829) que foi resumido por Carl Remigius Fresenius (1841), considerado o pai da análise qualitativa, para que fosse ensinado em um curso introdutório em análise inorgânica qualitativa [JENSEN, 2017]. Figura 1 – Legenda: A) Torbern Bergmann (1735–1784); B) Heinrich Rose (1795–1864) e C) Carl Remigius Fresenius (1818–1897). Fonte: JENSEN (2017). A C B / 2 1.2 – CLASSIFICAÇÃO ANALÍTICA DOS CÁTIONS O sistema de Fresenius dividiu os cátions (ou óxidos metálicos, como eram chamados na teoria dualística de Berzelius) em seis grupos. Desta forma, foram classificados como pertencentes ao mesmo grupo os cátions que se comportam da mesma maneira (precipitam ou, menos frequentemente, se dissolvem) na presença de um determinado reagente em condições experimentais específicas. Usando como reagente básico o sulfeto de hidrogênio (H2S) e como a propriedade determinante o comportamento dos vários sulfetos metálicos em diferentes situações; obteve-se o seguinte: Grupo 1: ambos os sulfetos e carbonatos são solúveis (sódio, potássio e amônio). Grupo 2: metais cujos sulfetos são solúveis e precipitados com carbonatos e fosfatos alcalinos (bário, estrôncio, cálcio e magnésio). Grupo 3: metais cujos sulfetos são solúveis e cujos hidróxidos são precipitáveis com sulfeto de amônio (alumínio e cromo). Grupo 4: metais cujos sulfetos são precipitáveis apenas em solução alcalina ou neutra (zinco, manganês, níquel, cobalto e ferro +3 e +2). Grupo 5: ouro, platina, antimônio, estanho (+4, +2), arsênio (+3, +5), cujos sulfetos são solúveis em sulfeto de amônio. Grupo 6: metais que formam precipitado com H2S em solução ácida ou alcalina: mercúrio (+1, +2), chumbo, bismuto, prata, cobre e cádmio. Prata, mercúrio (+1) e chumbo são precipitados com ácido clorídrico. Esta classificação tem muita correspondência com a atual, excetuando-se que pelo fusão dos grupos 4 e 3 e a inversão na numeração foi invertida. O método de Fresenius era simples, de fácil aprendizado e empregava um número relativamente pequeno de reagentes. Além da separação em grupos, por meio de outros reagentes adequados, era capaz de dividir cada desses grupos em seus elementos individuais [ENCYCLOPEDIA.COM, 2021]. Tabela 1 – Comparação dos grupos e reagentes usados por Rose e Fresenius com os usados por Sorum. Reagente de Grupo Rose (1829) e Frasenius (1841) Sorum (1960) HCl Ag, Hg, Pb Ag, Hg, Pb H2S Au, Pt, (Hg), (Pb), Bi, Cu, Cd, As, Sb, Sn (Hg), (Pb), Bi, Cu, Cd, As, Sb, Sn (NH4)2S Fe, Al, Cr, Co, Ni, Mn, Zn Fe, Al, Cr, Co, Ni, Mn, Zn (NH4)2CO3 Sr, Ba, Ca Ba, Ca Nenhum Mg, Na, K, NH4 Mg, Na, K, NH4 Fonte: JENSEN (2017) 3 A sequência de classificação dos cátions de Fresenius é baseada na complexidade crescente das reações dos cátions estudados ao longo do grupo, começando pelos metais alcalinos e terminando com o grupo da prata. Mas autores como Vogel (1981), Moeller e O’Connor (1972) e Curtman (1959) adotaram a mesma classificação, porém como supracitado, com uma sequência inversa à proposta por Fresenius [DE ABREU et al., 2006]. A análise inorgânica qualitativa envolve muitas reações em que são envolvidas a formação de precipitados, sejam estes cristalinos ou coloidais, cujas diferenças de solubilidade são fundamentais para sua separação na marcha analítica [VOGEL, 1981]. Estas marchas analíticas para análises sistemáticas dos cátions consistem basicamente em uma sequência de procedimentos em via úmida (precipitações seletivas) ou via seca (teste de chama) que visam separar os íons interferentes até obtenção, apenas da espécie de interesse cuja presença pode ser confirmada por meio de um teste específico para esta [ANDRADE, 2009]. Figura 2 – Fluxograma marcha analítica Fonte: Adaptado de VOGEL (1981) GRUPO V GRUPOS IV e V GRUPO III Al(OH)3, Cr(OH)3, Fe(OH)3, MnS, CoS, NiS, ZnS GRUPOS III, IV e V GRUPO II HgS, CuS, CdS, Bi2S3, PbS, As2S3, Sb2S3, SnS2, ... ÍONS EM SOLUÇÃO GRUPO I AgCl, PbCl2, Hg2Cl2 GRUPOS II, III, IV e V GRUPO IV BaCO3, SrCO3, CaCO3 HCl 6 molL–1 H2S em meio ácido ajustado (NH4)2S em meio neutro ou amoniacal tamponado (NH4)2CO3 1 molL–1 precipitado sobrenadante precipitado sobrenadante precipitado sobrenadante precipitado sobrenadante 4 1.3 – EQUILÍBRIO DE PRECIPITAÇÃO (OU DE SOLUBILIDADE) Uma vez que o procedimento usado para separar e identificar cátions metálicos mais comuns presentes em uma mistura relativamente complexa de íons contidos em uma única solução consiste em precipitar seletivamente apenas alguns tipos de íons metálicos por vez, sob determinados conjuntos de condições; a constante do produto de solubilidade (Kps) é um parâmetro muito útil para calcular a solubilidade em água de compostos moderadamente solúveis sob várias condições. Essa constante apresenta uma multiplicação ponderada dos íons envolvidos na solubilidade do composto (Quadro 1) e pode ser determinada por medição direta ou calculada a partir das energias de formação de Gibbs padrão (ΔfG°) das espécies envolvidas em seus estados padrão: MmAn (s) ⇌ mM+ (aq) + nA– (aq) Kps = [M+]m·[A–]n Onde MmAn é a substância pouco solúvel e M+ e A– são os íons produzidos em solução pela dissociação de MmAn [HAYNES, 2014]. Quadro 1 – Expressões para o Kps Fórmula do sólido Expressão para o Kps Em termos de concentração Em termos de solubilidade (s) AB [A+].[B–] [A2+].[B2–] [A3+].[B3–] s2 s2 s2 A2B [A+]2.[B2–] [2s]2.[s] = 4s3 AB2 [A2+].[B-]2 [s].[2s]2 = 4s3 A3B [A+]3.[B3–] [3s]3.[s] = 27s4 AB3 [A3+].[B–]3 [s].[3s]3 = 27s4 A2B3 [A3+]2.[B2-]3 [2s]2.[3s]3 = 4s2.27s3 = 108s5 A3B2 [A2+]3.[B3–]2 [3s]3. [2s]² = 27s3.4s2 = 108s5 Fonte: Guarda (2019) apud Filho (2016). Então temos a expressão para a mudança de energia de Gibbs e a equação para o cálculo do produto de solubilidade [HAYNES, 2014]: ΔG° = m ΔfG°(M+, aq) + n ΔfG° (A–, aq) – ΔfG° (MmAn, s) ln 𝐾 = −∆G° RT 5 Estes valores são facilmente encontrados em apêndices de livros de química analítica e podem ajudar a prever a solubilidade dos compostos a uma determinada temperatura [GUARDA, 2019]. Mas a formulação acima não é muito conveniente para o tratamento de sulfetos porque o íon S–2 geralmente não está presente em concentrações significativas; devido à reação de hidrólise: S-2(aq) + H2O(l) ⇌ HS–(aq) + OH–(aq) que é fortemente deslocada para a direita, exceto em soluções muito básicas. Além disso, a constante de equilíbrio para esta reação, que depende da segunda constante de ionização de H2S, é pouco conhecida. Portanto, é mais útil no caso de sulfetos definir um produto de solubilidade diferente Kpsa com base na reação [HAYNES, 2014]: MmSn(s) + 2H+ ⇌ mM+ + nH2S (aq) 2 – OBJETIVOS Compreender as etapas de uma marcha analítica de cátions, os princípios químicos em que se baseiam os processos de precipitação fracionada usados para separá-los e classificá-los, além de tomar conhecimento das reações específicas de identificação destes cátions. 3 – MATERIAIS E REAGENTES 3.1 – MATERIAIS Bastão de vidro; Cadinho; Centrífuga; Espátula; Fita de pH; Pipeta Pasteur; Papel de tornassol; Tubos de ensaio; Vidro de relógio. 6 3.2 – REAGENTES Acetato de amônio (CH3COONH4); Ácido acético (CH3COOH) 6 molL–1; Ácido clorídrico (HCl) 6 molL–1; Ácido nítrico (HNO3) 6 molL–1; Água destilada (H2O); Amônia (NH3) 15 molL–1; Cloreto de amônio (NH4Cl); Cloreto de estanho (SnCl2); Cromato de Potássio (K2CrO4); Ditionito de sódio (Na2S2O4); Estanito de sódio (SnCl2+NaOH); Hidróxido de potássio (KOH); Hidróxido de sódio (NaOH); Nitrato de amônio (NH4NO3); Sulfato de amônio ((NH4)2SO4) 1 mol/L; Tiocetamida (C2H5NS) 13%. 4 – PROCEDIMENTO EXPERIMENTAL Segundo o recurso audiovisual disponibilizado, procedeu-se com a separação dos cátions contidos em uma solução-mãe em grupos conforme o fluxograma apresentado na figura 2 (página 3). As etapas consistem em precipitações dos grupos, cada qual com seu regente e condições específicas, em que entre cada uma destas precipitações faz-se a separação do precipitado formado do líquido sobrenadante por centrifugação e decantação e, este último segue para próxima precipitação de grupo. Depois cada grupo de cátions é separado em seus componentes e são realizados testes de identificação ou confirmação de sua presença com reagentes específicos para cada cátion. 4.1 – CÁTIONS DO GRUPO I Os cátions do primeiro grupo (Quadro 2) foram separados da solução pela precipitação com HCl 6 mol.L–1, com quem formam cloretos insolúveis (a exceção do PbCl2 que é 7 parcialmente solúvel). A solução é centrifugada e o sobrenadante reservado para análises de outros grupos de cátions. Quadro 2 – Cátions do grupo I Reagente precipitante Cátion Comportamento com o reativo Kps HCl 6 mol.L–1 Prata Ag+(aq) + Cl–(aq) AgCl(s) Precipitado branco 1,510–10 Chumbo Pb+2(aq) + 2Cl–(aq) PbCl2(s) Precipitado branco muito solúvel 2,410–4 Mercúrio (I) Hg2+2(aq) + 2Cl–(aq) Hg2Cl2(s) Precipitado branco 1,210–28 Fonte: Adaptado de VOGEL (1981) O precipitado branco é lavado com água quente para aumentar a solubilidade do PbCl2 e proporcionar sua remoção junto com o líquido sobrenadante, após nova centrifugação. A este foi adicionado algumas gotas de CH3COOH para eliminação de interferente e a presença de chumbo foi confirmada com a formação de precipitado amarelo após adição de algumas gotas de uma solução de K2CrO4: Pb2+(aq) + CrO42–(aq) PbCrO4(s) Kps = 1,810–14 Ao precipitado restante foi adicionada solução NH3 15 molL–1 para solubilização da prata pela formação do complexo diaminprata e, da mesma forma anterior, o sobrenadante é separado do precipitado escuro formado e tem a presença de prata confirmada pela formação de precipitado devido a acidificação do meio com o HNO3 6 mol.L–1: AgCl(s) + 2NH3(aq) ⇌ [Ag(NH3)2]+(aq) + Cl–(aq) [Ag(NH3)2]+(aq) + Cl–(aq) + 2H+(aq) AgCl(s) + 2NH4+(aq) O precipitado escuro é formado por um precipitado preto (Hg0) e outro branco (Hg(NH2)Cl), confirmando a presença do mercúrio: Hg2Cl2(s) + 2NH3(aq) Hg0(s) + Hg(NH2)Cl(s) + NH4+(aq) + Cl–(aq) 4.2 – CÁTIONS DO GRUPO II O grupo II (Quadro 3) compreende cátions que precipitam como sulfetos por reação com H2S em meio ácido, por esta razão fora adicionado ácido clorídrico (HCl) e tiocetamida 8 (CH3CSNH2) cuja hidrólise serviu como fonte de sulfeto ao tubo de ensaio contendo a solução mãe resultante da separação do grupo I. CH3 C NH2 S OH2 CH3 C NH2 O SH2+ + Os cátions do grupo II são tradicionalmente divididos em dois subgrupos: o subgrupo do cobre e do arsênio. Esta divisão é baseada na solubilidade dos precipitados de sulfetos em polissulfeto de amônio; enquanto os sulfetos do subgrupo do cobre são insolúveis nesse reagente, os do subgrupo do arsênio dissolvem-se com formação de tiossais [VOGEL, 1981]. Quadro – Cátions do grupo II Reagente precipitante Cátion Comportamento com o reativo Kps Grupo IIA (ou subgrupo do cobre): formam sulfetos insolúveis na presença de polissulfetos de amônio e KOH. H2S Cobre Cu+2(aq) + H2S(aq) CuS(s) + 2H+(aq) Precipitado preto 1,010–44 Chumbo* Pb+2(aq) + H2S(aq) PbS(s) + 2H+(aq) Precipitado preto 5,010–29 Cádmio Cd+2(aq) + H2S(aq) CdS(s) + 2H+(aq) Precipitado amarelo 1,410–28 Mercúrio (II) Hg+2(aq) + H2S(aq) HgS(s) + 2H+(aq) Precipitado preto 4,010–54 Bismuto 2Bi+3(aq) + 3H2S(aq) Bi2S3(s) + 6H+(aq) Precipitado marrom 1,610–72 Grupo IIB (ou subgrupo do arsênio): formam sulfetos solúveis na presença de polissulfetos de amônio e KOH. H2S Arsênio (III) 2As+3(aq) + 3H2S(aq) As2S3(s) + 6H+(aq) Precipitado amarelo 2,110–22 Arsênio (V) 2As+5(aq) + 5H2S(aq) As2S5(s) + 10H+(aq) Precipitado amarelo 5,810–25 Antimônio (III) 2Sb+3(aq) + 3H2S(aq) Sb2S3(s) + 6H+(aq) Precipitado vermelho alaranjado 5,010–27 Antimônio (V) 2Sb+5(aq) + 5H2S(aq) Sb2S5(s) + 10H+(aq) Precipitado vermelho alaranjado 5,010–30 Estanho (II) Sn+2(aq) + H2S(aq) SnS(s) + 2H+(aq) Precipitado marrom 1,510–10 Estanho (IV) Sn+4(aq) + 2H2S(aq) SnS2(s) + 4H+(aq) Precipitado amarelo <10–60 Legenda: *Embora pertencente ao grupo I, devido a sua grande solubilidade do PbCl2, uma parte do chumbo pode seguir como sobrenadante. Fonte: Adaptado de VOGEL (1981) Após a adição de HCl e CH3CSNH2 ao sobrenadante, observou-se uma leve turvação; que após leve aquecimento e centrifugação originou um precipitado escuro constituído por 9 uma mistura dos sulfetos do grupo IIA e grupo IIB (Figura 3). Em seguida realizou-se uma centrifugação para separar o sólido do líquido sobrenadante, que será reservado para análise do próximo grupo. Ao precipitado foi adicionado solução de KOH para solubilizar o grupo IIB, restando no precipitado os cátions do grupo IIA, e em seguida o sobrenadante foi separado do sólido. Ao precipitado foi adicionado HNO3 diluído e aqueceu-se levemente para que todos os cátions, com exceção do mercúrio, fossem solubilizados: 3CdS(s) + 8HNO3(aq) ∆ ⎯⎯ 3Cd2+(aq) + 6NO3–(aq) + 3S(s) + 2NO(g) + 4H2O(l) 3CuS(s) + 8HNO3(aq) ∆ ⎯⎯ 3Cu2+(aq) + 6NO3–(aq) + 3S(s) + 2NO(g) + 4H2O(l) Bi2S3(s) + 8HNO3(aq) ∆ ⎯⎯ 2Bi3+(aq) + 6NO3–(aq) + 3S(s) + 2NO(g) + 4H2O(l) 3PbS(s) + 8HNO3(aq) ∆ ⎯⎯ 3Pb2+(aq) + 6NO3–(aq) + 3S(s) + 2NO(g) + 4H2O(l) Figura 3 – Esquema de separação da mistura de cátions do grupo II Separação e identificação do mercúrio: 3HgS(s) + 4NO3–(aq) + 12Cl–(aq) + 8H+(aq) 3HgCl42–(aq) + 3S(s) + 4NO2(g) + 4H2O(l) 6HgCl42–(aq)+ 4Sn2+(aq) ⇌ 3Hg2Cl2(s) + 4SnCl42–(aq) IIIA IIIB 10 Hg2Cl2(s) + Sn2+(aq) + 2Cl–(aq) ⇌ 2Hg(s) + SnCl42–(aq) Separação e identificação do chumbo: Pb2+(aq) + SO42–(aq) PbSO42–(s) Kps = 2,210-8 PbSO42–(s) + 3CH3COO–(aq) ⇌ Pb(CH3COO)3–(aq) + SO42–(aq) Pb(CH3COO)3–(aq) + CrO42–(aq) PbCrO4(s) + 3CH3COO–(aq) Separação e identificação do bismuto: Cu2+(aq) + 6NH3(aq) + 2H2O(l) ⇌ [Cu(NH3)4]2+(aq) + 2NH4+(aq) + 2OH–(aq) Cd2+(aq) + 6NH3(aq) + 2H2O(l) ⇌ [Cd(NH3)4]2+(aq) + 2NH4+(aq) + 2OH–(aq) Bi3+(aq) + 3NH4OH(aq) ⇌ Bi(OH)3(s) + 3NH4+(aq) 2Bi(OH)3(s) + 3[Sn(OH)4]2–(aq) 2Bi(s) + 3[Sn(OH)6]2–(aq) Separação e identificação do cobre e cádmio: [Cu(NH3)4]2+(aq) + S2O42–(aq) + 2H2O(l) Cu(s) + 2SO32–(aq) + 4NH4+(aq) [Cd(NH3)4]2+(aq) + H2S(aq) + 2H+(aq) CdS(s) + 4NH4+(aq) 4.3 – CÁTIONS DO GRUPO III Os cátions pertencentes a este grupo formam hidróxidos e sulfetos insolúveis em solução (Quadro 4), sendo o reagente precipitante deste grupo o ácido sulfídrico (H2S) em meio de hidróxido de amônio (NH4OH) e cloreto de amônio (NH4Cl.) Assim como o grupo II, temos uma divisão baseada na solubilidade dos precipitados formados com o regente de grupo [GUARDA, 2019]: Grupo IIIA (ou subgrupo do ferro): os cátions (Al3+, Cr3+ e Fe3+) deste subgrupo formam hidróxidos insolúveis na presença de hidróxido de amônio (NH4OH) e cloreto de amônio (NH4Cl). Grupo IIB (ou subgrupo do zinco): os cátions (Mn2+, Co2+, Ni2+ e Zn2+) formam sulfetos solúveis na presença de Na2S em meio de hidróxido de amônio (NH4OH) e cloreto de amônio (NH4Cl). Baccan (1995) propôs uma rota diferente para separação dos subgrupos do grupo III, onde o grupo IIIA é precipitado em meio amoniacal não tão básico e posteriormente o grupo IIIB com tioacetamida (Figura 2) e existem mais abordagens desta separação (Figura 4). As demais separações e reações de identificação são idênticas. 11 Figura 3 – Esquema de separação da mistura de cátions do grupo III (Baccan, 1995) Fonte: DANTAS et al. (2011) Quadro 4 – Cátions do grupo III Reagente precipitante Cátion Comportamento com o reativo Kps Grupo IIIA (ou subgrupo do ferro): formam hidróxidos insolúveis na presença de NH4OH e NH4Cl. H2S em meio de hidróxido de amônio e cloreto de amônio Alumínio Al+3(aq) + 3NH3(aq) + H2O(l) Al(OH)3(s) + 3NH4+(aq) Precipitado branco 8,510–23 Cromo Cr+3(aq) + 3NH3(aq) + H2O(l) Cr(OH)3(s) + 3NH4+(aq) Precipitado cinza esverdeado 2,910–29 Ferro Fe+3(aq) + 3NH3(aq) + H2O(l) Fe(OH)3(s) + 3NH4+(aq) Precipitado marrom avermelhado 3,810–38 Grupo IIIB (ou subgrupo do zinco): sulfetos solúveis na presença de Na2S em meio de NH4OH e NH4Cl. H2S em meio de hidróxido de amônio e cloreto de amônio Manganes Mn+2(aq) + S–2(aq) MnS(s) Precipitado rosa carne 1,410–15 Cobalto Co+2(aq) + S–2(aq) CoS(s) Precipitado preto 3,010–26 Níquel Ni+2(aq) + S–2(aq) NiS(s) Precipitado preto 1,410–24 Zinco Zn+2(aq) + S–2(aq) ZnS(s) Precipitado branco 1,010–23 Fonte: Adaptado de VOGEL (1981) 12 Figura 4 – Esquema alternativo de separação da mistura de cátions do grupo III Legenda: Abordagem levando o anfoterismo dos hidróxidos do grupo III 4.4 – CÁTIONS DO GRUPO IV E V Os cátions pertencentes ao grupo IV tem como reagente precipitante o carbonato de amônio, (NH4)CO3, com quem formam carbonatos insolúveis em solução (Quadro 5). E os cátions do grupo V, como não regem com os regentes de grupo demonstrados até aqui, estes ainda permanecem em solução do sobrenadante (Quadro 6). Quadro 5 – Cátions do grupo IV Reagente precipitante Cátion Comportamento com o reativo Kps Grupo IV: formam carbonatos insolúveis. (NH4)2CO3 1 molL–1 Cálcio Ca2+(aq) + CO32–(aq) CaCO3(s) Precipitado branco 4,810–9 Bário Ba2+(aq) + CO32–(aq) BaCO3(s) Precipitado branco 8,110–9 Estrôncio Sr2+(aq) + CO32–(aq) SrCO3(s) Precipitado branco 1,610–9 Fonte: Adaptado de VOGEL (1981) 13 Quadro 6 – Cátions do grupo V Reagente precipitante Cátion Comportamento com o reativo Kps Grupo V: não possui regente de gupo — Amônio Teste dos vapores com papel tornassol — (NH4)2CO3 1 molL–1 Na2HPO4 em meio amoniacal Magnésio Mg2+(aq) + CO32–(aq) MgCO3(s) Precipitado branco Mg2+(aq) + NH3 (aq) + HPO4–2(aq) Mg(NH4)PO4(s) Precipitado branco 1,610–5 2,510–13 Mg(UO2)(CH3COO)4 Sódio Na+(aq) + Mg2+(aq) + 3UO22+(aq) + 9CH3COO–(aq) NaMg(UO2)3(CH3COO)9(s) Precipitado amarelo — Na3[Co(NO2)6] Potássio 3K+(aq) + [Co(NO2)6]3–(aq) K3[Co(NO2)6](s) — Fonte: Adaptado de VOGEL (1981) Após a precipitação dos cátions do grupo IV na forma de carbonatos insolúveis e posterior centrifugação; os outros cátions, pertencentes ao grupo V, estarão no solubilizados no sobrenadante (Figura 4). Figura 4 – Esquema de separação da mistura dos cátions do grupo IV e V 14 5 – CONCLUSÃO A marcha analítica sistemática de separação e classificação de cátions consiste na elaboração de uma sucessão de reações de identificação de íons que deve seguir uma ordem estabelecida para que estes possam ser identificados com segurança. A classificação de alguns cátions em um ou outro grupo e algumas reações de separação e/ou identificação, podem variar de acordo com o autor, mas tendem a seguir as mesmas etapas. Os cátions podem ser separados em cinco grupos, sendo que os quatro primeiros possuem o que chamamos de reagente de grupo que é um reagente específico que proporciona uma precipitação seletiva e, consequentemente, uma separação dos demais íons daquele grupo para posterior identificação. 6 – REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS CENTRAL DA QUÍMICA. Química Analítica - Análise do 1º Grupo de Cátions (Ag, Hg e Pb). https://www.youtube.com/watch?v=dXLywjoiLmI [Acesso em: 1 nov. 2021]. CENTRAL DA QUÍMICA. Química Analítica - Análise do 2º Grupo de Cátions - Seção do Cobre (Hg, Pb, Bi, Cu, Cd). https://www.youtube.com/watch?v=kqSqbnnYWcs [Acesso em: 1 nov. 2021]. CENTRAL DA QUÍMICA. Química Analítica - Análise do 2º Grupo de Cátions – Subdivisão. https://www.youtube.com/watch?v=2ispifBaJ_U [Acesso em: 1 nov. 2021]. DANTAS, JOSIVÂNIA M.; DA SILVA, MÁRCIA G. L. & FILHO, PEDRO F. S. Um estudo em química analítica e a identificação de cátions do grupo III. Educacíon Química, 22(1), 32- 37, 2011. DE ABREU, DANIELA G.; COSTA, CARLA R.; ASSIS MARILDA D. & IAMAMOTO, YASSUKO. Uma proposta para o ensino da química analítica qualitativa. Quim. Nova, Vol. 29, No. 6, 1381-1386, 2006. ENCYCLOPEDIA.COM. Fresenius, Carl Remigius. Complete Dictionary of Scientific Biography. (September 22, 2021). https://www.encyclopedia.com/science/dictionaries- thesauruses-pictures-and-press-releases/fresenius-carl-remigius 15 GUARDA, ANANDA. Química Analítica Qualitativa. Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI. Indaial – SC, 2019. HAYNES, W. M.; LIDE, DAVID R. & BRUNO, THOMAS J. (Editors). Handbook of Chemistry and Physics, 97th Edition. CRC Press by Taylor & Francis Group, LLC. Boca Raton – FL, 2014. HARVEY, DAVID. Qualitative Cation Analysis. DePauw University. 20 Aug. 2020. https://chem.libretexts.org/@go/page/24313 [Accessed November 1, 2021]. JENSEN, WILLIAM B. Remembering qualitative analysis – The 175th Anniversary of Fresenius’ Textbook: Part I. Educación Química. EQ-119 (2017). http://dx.doi.org/10.1016/j.eq.2017.05.003 [Accessed November 1, 2021].
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