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MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DO TRIÂNGULO MINEIRO CURSO DE GRADUAÇÃO EM HISTÓRIA PRÁTICA COMO COMPONENTE CURRICULAR (PCC) História do Brasil Colonial História de Minas Gerais Ensino de História Teoria da História I ANÁLISE DE LIVROS DIDÁTICOS A HISTÓRIA DE MINAS GERAIS PRESENTE NOS LIVROS DIDÁTICOS DE HISTÓRIA: Araribá Mais História: Ensino Fundamental, Moderna. 1 ed. São Paulo, 2018. História – Conexões com a História: Ensino Médio, Moderna. 2 ed. São Paulo, 2015. Discente: Maria Eduarda Silva UBERABA, 29 de Novembro de 2021 1. INTRUDUÇÃO O presente trabalho se propõe a discutir e analisar os conteúdos programáticos sobre História de Minas Gerais presentes nos livros dedáticos, considerando sua importância para auxiliar na construção de um Ensino de História crítico. Se atentando para o contexto de elaboração do Ensino de História no Brasil antes do século XIX é complexo falar-se em si de um Ensino de História. O sistema educacional proposto pelos Jesuítas da Companhia de Jesus possuía cunho primordialmente religioso e preocupava-se em converter a população originária brasileira — os indígenas — e formar alguns jovens da elite da época para que ingressassem na Universidade de Coimbra. Com as reformas pombalinas e a expulsão dos Jesuítas, começou-se a pensar em um novo modelo educacional influenciado pelas ideias Iluministas onde o Estado começou a se preocupar em participar, estruturar e controlar o modelo de educação escolar. Desse modo o Ensino de História surge com o interesse de criar uma identidade nacional em um momento de ruptura com a metrópole portuguesa, ao passo que buscava formar uma nação integra e civilizada, resgatando figuras nacionais e exaltando como heróis e trabalhando para que a visão consolidada fosse aquela dos grupos que estavam na alçada de poder, visto que é fato, que “as disciplinas escolares surgem do interesse de grupos e instituições [...]”. (FONSECA, 2006, p.15). Ao pensar na análise dos livros didáticos deve-se considerar que eles são fruto de um tempo histórico que atendem aos interesses de determinados grupos para atingerem determinados objetivos, através de diversas abordagens. Pensando nas proposições do historiador March Bloch, devmos reconher esses materiais como fruto desse tempo e como fontes históricas de seu tempo que ao serem constatemente analisadas criticamente e reelaboradas, servirão como ferramenta de apromoração do estudo histórico que forme cidadãos conscientes e não passivos. Seguindo esse reciocínio, é importante ter em mente a elaboração de um material didático que se preocupe com esses objetivos que alente a criticidade dos indivídos e sirva como ferramenta emancipatória ao longo de seu processo de fromação, consoante as proposições educacionais de Paulo Freire: “com presença consciente no mundo não posso escapar à responsabilidade ética do meu mover-me no mundo.” (FREIRE,1996, p.21). Portanto, é evidente que o ensino assume duas faces, a que pretende a legitimação de poder opressor de determinados grupos e aquela que visa contruir o caráter crítico nos induvídos, evidenciando a importância de materiais dedáticos voltados ao segundo objetivo exposto. 2. JUSTIFICATIVA No que concerne os estudos sobre o material didático usado nas escolas, temos uma quantidade diminuta de trabalhos que são ainda muito recentes, entretanto esse campo de estudo é de extrema importância no contexto edicacional e merece mais aberdagens com mais amplitude. Sendo assim, é de primordial que sejam analisados os materiais que são usados nas salas de aula ao se ensinar história, tendo em vista que os materiais didáticos são instrumento de trabalho do professor e do aluno, suportes fundamentais na mediação entre o ensino e a aprendizagem.” (BITTENCOURT, p.1), buscando sempre uma revisão de conteúdos e elaboração que busque cada vez mais faze com que os alunos se entendam como sujeitos histórcos produtos de seu tempo, tendo em vista que segundo Bloch a história é justamente a ciência que estuda os homens no tempo e suas influências. Em suma, a análise dos conteúdos programáticos de Historia de Minas Gerais nos livros didáticos partem do objetivo de analisar a formação e organização dessa região do país que foi palco de uma instensa transformação no contexto do perído colonial, uma vez que, temos uma nova constiução econômica suatentada na extração de ouro e baseasa na escravização de mão de obra indígena e negra. Além de, ter uma forte presença de desigualdade social e econômica e ser cenário de vários levantes populacionais e emancipatórios que demonstram suas influências até os dias atuais, junto com os impactos naturais que são reflexo da predatória atividade extrativista, ao passo que esses conhecimentos sejam transmitidos de maneira crítica e compromotidos com a veracidade dos conteúdos propostos. 3. METODOS E OBJETIVOS As proposições que se seguem, buscam fazer uma análise crítica de como os conteúdos acerca da História de Minas Gerais são abordados nos livros Araribá Mais História, obra coletiva desenvolvida pela editora moderna com a colaboração de Renata Consegilere, Solange Freitas, Joana Lopes Acuio, Maria Raquel Apolinário, Pamela Shizue Goya e Maria Lidia Aguilar, elaborado para o 7 ano do Ensino Fundamental e o livro História – Conexões com a História de Alexandre Alves e Letícia Fagundes de Oliveira, destinado aos estudos do 2 ano do Ensino Médio. De modo que se articule a forma como esses conteúdos se apresentam com referenciais teóricos estudados nas aulas de História de Minas Gerais, ministradas pelo professor Flávio Saldanha, apresentando a argumentação de análise de forma clara e elucidada, fazendo um comparativo. A crítica construída ao longo do trabalho irá se basear nos seguintes aspectos sobre a História de Minas Gerais nos livros didáticos: • O processo de formação e a ocupação inicial do território das Minas Gerais; • A formação econômica de Minas Gerais setecentista; • Política, administração e rebeliões nas Minas Gerais dos séculos XVIII e XIX; • A sociedade mineradora; • As sociedades escravistas mineiras dos séculos XVIII e XIX. 4. ANÁLISE DOS LIVROS DIDÁTICOS 4.1 ENSINO FUNDAMENTAL II Pensando a análise dos conteúdos programáticos do livro Araribá Mais da Editora Moderna, será englobada a unidade VII dedicada a tartar sobre a História de Minas Gerais. A unidade está dividida em três capítulos (19, 20 e 21). Os capítulos estão divididos de modo que cada um tarta de um tópico acerca do tema. O capítulo 19 se inicia na página 210 e nele são abordados os tópicos da formação inicial das Minas Gerais, a política e administração das minas e como essa política da coroa ocasinou revoltas naquele constexto, ainda que faça uma citação superficial somente sobre a Revolta de Vila Rica ocorrida em 1720. No seu texto inicial é feito um pequeno resumo de como se deu a ocupação das Minas fazendo o uso da seguinte citação de Antonil para descrever como o fluxo migratório para a região foi numeroso: “Cada ano vêm nas frotas quantidade de portugueses e de estrangieros para passarem as Minas Das cidades, Vilas, recôncavos e sertões do Brasil vão brancos, pardos e pretos e muitos índios, de que os paulistas se servem. A mistura é de toda condição de pessoas: homens, mulheres, moços e velhos, pobres e ricos, nobres e plebeus, seculeres e clerigos […]." De fato, esse fluxo foi numeroso e fez se iniciar uma verdadeira “corrida do ouro”, como a autora Carla Maria Junho Anastasia cita no texto “A construção dos Espaços da Violência: a (des)organização político administrativa da capitania de Minas Gerais”, após a descoberta de amostras de “ouro preto” pelo bandeirante paulista Antônio Ridrigues Arzão, em 1693 e a divulgação dessa descoberta a populaçãoda colônia se vislumbrou com a possibilidade de enriquecimento, migrando massivamente para a região. O capítulo também se preocupa em demonstrar que essa ocupação não foi pacifica, dado que as primeiras descobertas das lavras auríferas se deram pelo pioneirismo paulista e eles queriam a exclusividade de exploração do recurso, travando uma disputa violenta contra os exploradores estrangeiros, que culminou na Guerra dos Emboabas. Destacar essa ocupação conflituosa é importante para a compreensão dos alunos desse caráter violento da ocupação da região, além disso, o material também mostra como esses acontecientos foram importantes para uma maior presença da Coroa na região. Desse modo, o restante do capítulo se dedica a abordar a maior presença da metropole na região. Iniciando da página 212 o tópico “O Aumento do Controle Metropolitano”, nesses excertos são citadas as medidas adotadas pela metrolpole, visto que a atividade mineradora era extremamente lucrativa e conforme a autora Fernanda Borges de Moraes, quando atividades desenvolvidas na colônia se mostravam lucrativas, o movimento se dirigia no sentido de maior centralização político-administrativa, o que resultava, na maioria das vezes, na restrição dos direitos e privilégios concedidos.(MORAES,2007,p.61). Assim é perceptível a preocupação dos textos seguintes no capítulo demonstrar o alto aparato administrativo empregado na região e ainda descreve como essa organização era feita, explicando como a coroa elevou vários povoados a categoria de vila, aumentaram a fiscalização, fizeram a separação das regiões de São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais e reduziram a liberdade dos colonos em busca de evitar contrabando e ter controle na região. Ainda são explicados os massivos impostos cobrados e o sistema de destruição de datas usados na época para fazer esse controle, é importante notar que o texto cita como esse processo normatizador não obteve o sucesso sendo motivo de tensão durante o período analisado. O capítulo se encerra explicando como essa normatização, somada a diminuição progressiva da extração do ouro de aluvião na região, culminou no conflito da Revolta de Vila Rica, entretanto o conflito é citado de modo pouco aprofundado, explicando somente parte de suas motivações e seu desfecho, porém é importante a citação do conflito para mostrar que o processo de formação da região foi desde seu início muito violento. Ainda é abordado de modo muito curto a descoberta de diamantes e a forma como a normatização nessa região foi maior. Podemos perceber também uma intertextualidade com as matérias de Geografia, Biologia e preocupação em mostrar os impactos da mineração na atualidade na parte das atividades, em que é dado um texto que cita como a mineração é prejudicial ao meio ambiente e ocasionou em 2015 o rompimento da barragem de Mariana, devastando várias áreas da região causando a morte de muitas pessoas. Essa analogia é importante para que os alunos percebam que a história não é um estudo que se prende apenas a questões do passado e que há uma relação entre as ações passadas e presentes. O Capítulo 20 intitulado “A Sociedade Mineradora”, faz uma análise de como era a sociedade na região, na página 219 há um texto introdutório que cita caráter urbano da região de Minas Gerais, em contraste com a região do Nordeste açucareiro que era em sua maioria rural. Fala ainda de como as atividades econômicas se diversificaram ao longo do tempo e que naquele contexto a mobilidade social era maior e segue para analisar alguns grupos sociais presentes. Começa fazendo uma análise muito rasa sobre as populações originárias. Citas apenas que essa população estava presente no interior e dificultou a entrada dos exploradores paulistas no sertão, apesar de falar como esses povos foram usados como mão de obra na mineração, não se atenta à falar muito sobre a presença que tiveram se reduz a dizer que para burlar a lei que proibia a escravização dos indígenas, os colonos assumiram a tarefa de catequizá-los (CONSEGLIERE, et al., 2018, p.220). Faz também uma citação pequena de como havia presença indígena nos quilombos, conforme é possível constatar no texto “Repensando Palmares: resistência escrava na colônia” de Stuart Schwartz, entretanto não explora as possíveis relações estabelecidas entre escravizados e indígenas nesse contexto. Na página seguinte se inicia o texto “A Elite e as Camadas Intermediárias”, nele o material faz um apanhado sucinto das elites da sociedade mineira, com alguns funcionários de altos cargos administrativos e apesar de citar haver uma desigualdade entre os distintos grupos presentes em Minas não explora as devidas questões socais de concentração da produção de ouro e o endividamento enfrentado por essas elites. Apesar de citar que a maioria da população se compunha por negros escravizados, não faz uma citação profunda das condições de exploração que sofria esse grupo. Tendo isso em mente, se inicia o tópico no qual são citados os povos escravizados. Nele o material faz uma divisão entre os escravizados que trabalhavam em condições exaustivas de trabalho nas Minas e os escravizados de centros urbanos que trabalhavam em atividades remuneradas e assim poderiam ter mais perspectiva de comprar alforrias, entretanto essa divisão e citação não traz outras questões sobre a violência sofrida por esses indivíduos, as dificuldades enfrentadas por eles mesmo após alforriados e como essas atividades remuneradas eram uma forma dos senhores obterem um pequeno aumento nos seus lucros. Além disso, não é explorada a questão das dificuldades e condições de pobreza pela qual passavam os escravizados após libertos, sem fazer nenhuma citações aos escravizados que eram nascidos no Brasil. Não é citada também a questão das fugas e formação que quilombos e mocambos que aconteciam muito nesse contexto e essas fugas como exposto por Russel Wood eram uma maneira ilegal e temporária para se obtivesse liberdade: “Deve-se fazer uma breve referência aos escravos que ganhavam a liberdade ilegalmente e, em geral, de forma apenas temporária Estes eram os escravos que fugiam de seus senhores e formavam pequenos grupos, conhecidos como calhambolas ou mocambos, que por sua vez se uniam para formar os quilombos em várias épocas, mais de quatro ou mais de sete escravos fugitivos já eram legalmente considerados como um quilombo. ”(RUSSELL WOOD, 2005 p. 71). As irmandades também recebem uma breve citação, mas sem ganhar muito vislumbre. No último capítulo do material, o capítulo 21 que recebe o nome de “Novas configurações na colônia”, vemos a intenção de se mostrar como era composta a formação econômica da região e quais mudanças isso trouxe para o contexto das Minas coloniais. O texto evidencia como o foco na extração de ouro ocasionou uma grande crise de desabastecimento na região e que a necessidade de abastecimento ocasionou a integração das regiões da colônia para desenvolver atividades mercantis como explicitado por Fernanda Borges de Moraes: “A descoberta do ouro em Minas Gerais inseriu uma nova atividade, que desencadeou expressivas transformações na estrutura político administrativa, econômica e territorial da América Portuguesa Foi como se, por assim dizer, fosse introduzido o elo que faltava à articulação de um imenso território colonial até então constituído por compartimentações geográficas, nas quais igualmente compartimentadas se desenvolviam atividades produtivas mercantis.” (MORAES,2007,p.63). Por fim, é citada a diversificação das atividades econômicas na região mais tarde com a introdução da atividade pecuária e produção de alguns gêneros alimentícios destinados ao abastecimento do mercado interno. De modo geral, o material explicita muitos detalhes importantes sobre a formação, economia e sociedade da região das Minas, mas não se aprofunda em algunspontos importantes como a questão dos povos escravizados e nem dá um panorama muito robusto sobre a questão da pobreza e desigualdade que imperava na região na época. 4.2 ENSINO MÉDIO Partindo agora para a análise do livro História — Conexões com a Hitória, será analisado apenas um capítulo (15), com o título “A mineração na América Portuguesa”, se comparado ao livro anteriormente analisado, ele traz um pouco mais de aprofundamento em certas questões como, por exemplo nas interesses da coroa portuguesa pela extração de ouro para reverter seu cenário de crise, porém se atentando apenas ao que diz respeito a parte econômica. No tópico 15.1 do capítulo, o material faz suas introduções dando uma cotextualização de como as expedições dos bandeirantes paulistas contribuíram para serem descobertas as jazidas de ouro e diamentes na região de Minas Gerais e que seu objetivo inicial era o de apressar indígenas para usar como mão-de-obra e como essas bandeiras causavam conflitos com os jesuítas, dedicando na página 313 um texto sobre os conflitos e tensões entre esses dois grupos acerca do tratamento aos povos originários, um ponto interessante nessa passagem da matéria é que há um quadro na mesma página que busca fazem uma descontrução da figura dos bandeirantes que durante muitos anos foram retratados como heróis e homens brancos de vestimenta rebsucada, porém nos últimos anos ao se revisar essa figura temos em vista que esses indivíduos são totalemnte diferentes do apresentado, sendo imoortante tratar dessas relativizações no contexto escolar buscando a criticidade do ensino. Da página 315 à 316 são abordados os pontos de como as tensões com a Espanha e a crise econômica vivenciada por Portugal no século XVIII fizeram com que a coroa encontrasse na descoberta do ouro uma possível solução para essa crise, visto que os lucros fornecidos pela produção açucareira no nordeste estavam em baixa ocasionados pela competição do açucar Holandês. “Várias tentativas de dinamizar a economia vinham sendo feitas pela Coroa portuguesa, entre elas a reorganização da exploração comercial de suas colônias e pequenas ações de incentivo à industrialização da economia metropolitana na Europa. No entanto, a situação econômica do Império só começou a mudar no final do século XVII, quando foram encontradas grandes jazidas de ouro em território americano.” (ALVES; OLIVEIRA, 2015, p.316). Na página seguinte é citado o fluxo que se deu para a região das Minas em decorrencia da extração aurífera e como no livro de Fundamental II, mostra que essas pessoas eram de camadas sociais diversas e cita ainda a desordenação com a qual foi pensada a ocupação da região. Faz uma breve citação de como se teve uma crise no abstecimento das Minas e além de demonstrar como a extração predatória e o alto fluxo de pessoas foram fatores, coloca uma apêndice a questão da configuração territorial da região que dificultava certas atividades rurais. Na página 318 temos a divisão de três tópicos: Guerra dos Emboabas, tecnicas de extração do ouro e mão de obra. Essa página demonstra a preocupação em msotrar que a ocupação inicial do território mineiro não foi pacifica e como esse conflito teve influeência na nova configuração territorial da região, pois a coroa decidiu se fazer mais presente e desnenbrou Minas dos Estados de São Paulo e Rio de Janeiro para controlar os ânimos exaltados e contolar a extração aurífera, como exposto por Fernada Borges de Moraes: “Inicialmente, as áreas mineradoras estavam subordinadas à jurisdição da Capitania do Rio de Janeiro, cujo território abarcava enormes extensões de Centro Sul da América Portuguesa Tal situação perdurou até 1709 quando houve o desmembramento desse território com a criação da Capitania de São Paulo e Minas do ouro Figurando como um dos desdobramentos da Guerra dos Emboadas, esse novo recorte territorial marcou a tentativa de, ao mesmo tempo, instaurar a ordem, apaziguar os paulistas e estabelecer maior controle sobre a região das minas.” (MORAES,2007,p.76). Em seguida temos um pequeno texto que trata das técnicas de extração, nele é abordado brevemente como se extraía o ouro de aluvião. Logo após esse texto, temos o que irá tratar da mão de obra empregada na região das minas, nesse excerto é citado que teve emprego do trabalho forçado dos povos originários em primeiro momento, mas que a mão de obra negra escravizada era mais expressiva e que esses escravizados eram originários principalmente de regiões como a Costa da Mina, e essa preferência se dava pelo conhecimento que tinham de técnicas de extração de ouro. Porém, cita muito pouco as questões do tráfico negreiro em maior proporção depois da descoberta de ouro e há apenas uma breve citação sobre as condições de trabalho vivenciadas por eles. Na parte acerca da integração do território, é citado que as regiões da América Portuguesa na época ficavam isoladas e que com a descoberta do ouro e necessidade de abastecimento foi possibilitada uma integração do território, além de citar que com a descoberta de jazidas na região Centro-Oeste e Mato Grosso essas relações de integração se intensificaram, com a formação de rotas entre essas regiões e que a região da Bahia tinha importante rota para o abastecimento das Minas. Ainda nessa página, vemos uma preocupação do material em mostrar as controvérsias presentes naquela sociedade. Faz uma análise sobre a questão dos escravizados libertos e a questão de ascensão social, trazendo a visão de dois historiadores: Eduardo França Paiva e Laura de Mello Souza. Mostrando as visões deles sobre o aumento do número de alforrias entre os escravizados dessa região. Porém, o material não se atenta em fazer uma análise profunda da desigualdade que pairava sobre aquela população e ainda que (alforriados) esses ex-escravizados estariam na condição de baixo poder aquisitivo, junto com homens brancos pobres que possuíam o desejo de enriquecer nas Minas sendo assim a constituição democrática da sociedade mineira poderia se reduzir numa expressão: um maior número de pessoas dividiam a pobreza” (SOUZA,2004,pp.50-1). Por fim, para encerrar o capítulo são expostos os impostos empregados pela coroa sobre o ouro extraído e como o emprego das casas de fundição foi uma tentativa de combater o contrabando, além disso, é dito também como essa tributação se manteve presente e que mesmo com a diminuição da quantidade de ouro extraído esses impostos não diminuíram desse modo acarretando revoltas, fazendo uma breve citação sobre a revolta de Vila Rica. O texto ainda faz o uso de imagens para demostrar como era o ouro extraído naquela época, promovendo uma ferramenta visual aos alunos. Juntamente com isso, o material fala sobre as irmandades leigas e sua presença e demonstra como a descoberta do ouro não foi suficiente para que Portugal se restabelecesse economicamente, com a produção aurífera diminuindo e que o tratado comercial estabelecido com a Inglaterra (Tratado de Methuen) fez com que grande parte do ouro brasileiro financiasse a industrialização inglesa. Diferente do livro de fundamental II, o livro destinado ao ensino médio faz menos pontos de relação entre o conteúdo analisado e a realidade atual vivenciada. O material traz alguns quadros com tabela ou citações para serem feitas questões de análise deles, mas a preocupação central do material é preparar os alunos para o vestibular. 5. CONCLUSÃO Após e leitura e análise dos materiais, fica evidente que há uma preocupação em relativizar certos temas e trazer uma bagagem teórica mais coerente e crítica aos alunos, porém ainda feitas de modo muito supercial sem se ater de modo mais pronfundo em temas como a vizão de povos oprimidos. Em ambos os materiais vemos a utilização de termos de modo mais correto como: indígenas ao invés de índios e escravizados ao invés de escravos. Poréma visão desses povos em relação à história ou a presença e importância das mulheres nesse contexto não se faz presente. Certas informações comoa formação dos quilombos e como a população escravizada utilizava como forma de resistência e liberdade são apenas apêndices ou nem são citados, mostando a necessidade de sempre revisar esses materiais para que empreguem mais esses pontos. De modo geral, ainda há muito a ser feito para que as apostilas sejam elaboradas de modo mais completo e sejam cada vez mais um material de construção de conhecimento critíco, pois são umas das mais importantes ferramentas de trabalho no ensino. BIBLIOGRAFIA ANASTASIA, Carla Maria Junho. A Construção dos espaços da violência: a (des)organização político-administrativa da capitania de Minas Gerais. In: A Geografia do Crime: violência nas Minas Setecentistas.pp.27-52. BITTENCOURT, C. Identidade nacional e ensino de História do Brasil. KARNAL, L. História na sala de aula: conceitos, práticas e propostas. São Paulo: Contexto, pp. 185-204, 2016. BITTENCOURT, C. Conteúdos e métodos de ensino de história: breve abordagem histórica. In: Ensino de história: fundamentos e métodos. São Paulo: Cortez, 2005, p. 77-96. BLOCH, Marc. Apologia da História ou o Ofício do historiador. Rio de Janeiro: ed.Zahar, 2001. FONSECA, Thais Nívia de Lima e. História & ensino de História / Thais Nívia de Lima e Fonseca. – 2ª. Ed., 1ª. Reimpressão. – Belo Horizonte: Autêntica, 2006. FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2011. MORAES, Fernanda Borges de. De arraiais, vilas e caminhos: a rede urbana das Minas colonial. SCHWARTZ, Stuart. Repensando Palmares: resistência escrava na colônia. In: Escravos, roceiros e rebeldes. SOUZA, Laura de Mello e. O Falso Fausto. In: Os Desclassificados do Ouro: a pobreza Mineira no século XVIII. p. 33-75. WOOD-RUSSELL, A.J.R. Os caminhos da liberdade. In: Escravos e Libertos no Brasil colonial.p.53-81.
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