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1 AMANTINO. Márcia, O sertão oeste em Minas Gerais:um espaço rebelde.Varia História, nº 29, janeiro de 2003. Pg 79-97. http://www.variahistoria.org/s/05_Amantino-Marcia.pdf RESENHA Carlos Filipe Marçal Lopes 1 Maria Amantino2 no seu artigo “O sertão oeste em Minas Gerais: um espaço rebelde” tenta explicar um pouco como era está região e como eram a relação entre autoridades e a população ali pertencentes. No capítulo “palco da barbárie: o Sertão” ela expõe que a imagem que se tinha nas Minas do Século XVIII é que esta área era uma região selvagem e rebelde que deveriam ser amansados e domésticos. Mas para entender um pouco essas visões, Amantino traz algumas definições da palavra sertão, como, por exemplo, “Sertão é um local inculto, distante de povoações ou de terras cultivadas e longe da costa.” (P.80).o sertão não é associado apenas pelas questões geográficas, também no âmbito cultural, melhor dizendo pela falta dela. A autora cita os próprios portugueses que nas expedições marítimas os “Sertões” era identificado por todo o mundo, e até citado na carta de Pero Vás de Caminha está ideia está presente, para eles que estavam no litoral, o sertão era tudo que estava após, o desconhecido. De Ponta a ponta, é tudo praia-calma, muito chã e muito formosa. Pelo Sertão nos pareceu, vista do mar, muito grande, porque a estender Os olhos, não podíamos ver senão terra com arvoredos, que nos Parecei muito longa. 3(CAMINHA.1500.) 1 Discente em História bacharel na Universidade Federal de Ouro Preto ( UFOP ) . 2 Marcia Sueli Amantino, professora do Programa de Pós-Graduação da Universidade Salgado de Oliveira e professora adjunta da UERJ. 3CAMINHA, Pero Vaz . Carta de Pero Vaz de Caminha a D. Manuel datada de Porto Seguro em 1 de maio de1500. In: CORTESÃO, Jaime (org). A carta de Pero Vaz de Caminha. Rio de Janeiro, Livros de Portugal, 1943.p. 239-240 HIS236 — HISTÓRIA DE MINAS GERAIS UFOP — ICHS Professor: Marco Antônio Silveira Estudante: Carlos Filipe Marçal Lopes (20.2.3304) http://www.variahistoria.org/s/05_Amantino-Marcia.pdf 2 O sertão para os primeiros cronistas era uma ambiente hostil, e para Gandavo(1573) era mais hostil pela presença dos índios. Mas o sertão se mostrava rico com a possibilidade de várias riquezas que poderiam adquirir como ouro, prata e escravos indígenas, isso foi o suficiente para a coroa portuguesa querer adentrar e explorar tal região. No capítulo “O Sertão Mineiro: um palco de disputas.” Começa nos contando sobre a importância do Rio São Francisco, que no século XVIII nascia na comarca do rio das mortes e recebia diversos outros rios. Esse sertão mineiro analisado pela autora é composto pelas “região Oeste de Minas Gerais, englobando o Campo Grande, área pertencente à Comarca do Rio das Mortes e parte da Comarca de Sabará. Este Sertão também era conhecido como a Região do Campo Grande”(Pg.86), essas regiões seriam devastadas com a expansão agro pastoril como diz Warren Dean4 em uma das fontes usadas pela autora. No século XVIII o Sertão oeste de Minas era toda florestada e era perfeito para esconderijo de indígenas e quilombolas fugidos. Como o oeste era uma área de desejo de muitos, ouve bastante conflito nesta região pelo domínio destas terras, declaradas ou não. Havia várias discussões de quem pertencia à região, a Capitania de São Paulo achava que tinha direito, os mineiros retrucavam desbravarem sem nenhuma ajuda dos paulistas então, deste modo as terras os pertenciam até à capitania de Goiás pleiteava a região, demonstrando os descontrole total da área — mesmo por Minas — e, segunda a autora, isso favorecia a permanência dos índios e quilombolas nesta região. Diversos movimentos fizeram para ver “quem manda” naquelas terras, por exemplo, a capitania de Minas fez um levantamento de todas as suas ações para colonizar e construir civilização nesta área e até algumas listas de “grandes homens” que pereceram nas guerras contra os “bárbaros” indígenas. Após várias discussões e atritos “Em função de tudo o que foi exposto, a Rainha5 ratificou os limites anteriores para as duas capitanias. A divisão seria o Rio de São Marcos, desde a sua foz no Paranaíba até a Barra do Ribeirão dos Arrependidos.” (Pg.91) O 3 capítulo e último “As imagens sobre a região”, o texto visa entender como se via esta região após se ratificar o território de Campo Grande ou o sertão. Sempre tentam buscar lembrar de sua grandiosidade territorial e de sua flora, as montanhas, os rios tudo isso era exausto. Também se ouvia falar de ser um território grande e povoado por “incontáveis números de tribos errantes 4 DEAN, Warren. A ferro e a fogo: a história e a devastação da Mata Atlântica brasileira. São Paulo: Cia das Letras, 1998. P. 120 e ss. 5 Maria I de Portugal (1734-1816) foi rainha de Portugal entre 1777 e 1816. A primeira mulher a herdar o trono de Portugal, D. Maria I revolucionou a rígida administração anterior comandada pelo marquês de Pombal. Apelidada de “Mãe do Povo” e “a Louca”, foi também Rainha do Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarve, quando foi sucedida por D. João VI. Fonte: www.ebiografia.com http://www.ebiografia.com/ 3 e em estado selvagem, incapazes de qualquer tipo de atitude humana e civilizada.” (Pg. 92). O sertão Mineiro era visto como complicado de se colonizar, pois os colonos e gastavam muito para conquistar a região e tinha o perigo dos “indomáveis” indígenas que, segundo eles, os atacavam ferozmente e dificultavam o “progresso”. Desbravá-lo significava reunir forças, pessoal e Dinheiro, tidas como descomunais. Para conquistá-lo era necessário pacificar hordas intermináveis de índios, alguns poucos identificados como Mansos, mas a maioria tida como bravia e nem um pouco disposta a Aceitar a escravização, ainda que disfarçada dos brancos. (AMANTINO. 2003) Os índios e quilombolas eram vistos como um empecilho para a colonização desta área mineira, estes povos brecava o progresso e eram tidas como inimigos, combatê-los era uma condição pré-condição essencial para o domínio e civilidade no sertão oeste de Minas Gerais. Esta região sempre, independente de qual visão que tinha, era associada a desordem, barbárie. E destruir quilombos e aldear ou exterminar os indígenas que resistirem a colonizar era necessário para o domínio desta área, os “vadios”, pessoas que vivem no sertão clandestinamente, para as autoridades do século XVIII também era um dos problemas, pois, não produziam, isto é, não trabalhavam e não pagam impostos. A guerra justa era um mecanismo que muitos destes posseiros ou colonos, usavam para atacar os indígenas que resistiam serem colonizados e concretizando este território mais hostil ainda. Os quilombos, mesmo vários deles estarem organizados e bem civilizados, a pecha de bárbaros e inimigos persistia, deixando a imagem daquele negro que fugia como “feras irracionais”. Os vadios também fazem parte da imagem do sertão, são criminosos que em alguns momentos são vistos diferentemente pela administração, pois muitos ajudavam no combate aos indígenas, mas considerados perigosos por não aceitarem serem controlados. Podemos concluir que está região foi repleta de várias opiniões e conflitos, um lado é a terra brilhante, cheia de fartura e que muitos a olham com admiração e abundância, motivos que a fez ser dominada. Porém, o Sertão oeste de Minas era selvagem, com grupos de pessoas que não estavam dispostos a participar da construção da colônia e que, para os mineiros do século XVIII, faziam com que o progresso torna-se dificultado.
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