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Petróleo e Gás Curso: Química Disciplina: Química Industrial Professora: Teresa C. Fonseca da Silva Histórico 1953: Criada a Petrobrás no governo Getúlio Vargas. Ao final da década de 50, a produção de petróleo no Brasil tinha crescido em 24 vezes; 1961: Petrobras tornou-se autossuficiente na produção de petróleo e derivados – funciomaneto de uma nova refinaria em Duque de Caxias, RJ (Reduc). Década de 1980: Criado pela Petrobrás o projeto “Fundo de Barril”, cujo objetivo era aproveitar o óleo combustível extraindo dele diesel, gasolina e GLP, aumentado o rendimento da produção desses derivados. Foram desenvolvidas no Brasil tecnologias e equipamentos a fim de fazer perfurações a mais de 500 m de profundidade, e com a melhoria de equipamentos, essas perfurações ultrapassam 2000 m de profundidade. Características do petróleo 1) Origem do petróleo O petróleo é formado de restos orgânicos de animais e vegetais depositados no fundo de lagos e mares, sofrendo transformações químicas ao longo de milhares de anos. 2) Constituição do petróleo É constituído por uma mistura complexa de hidrocarbonetos, contaminantes orgânicos e inorgânicos como água, sais minerais e sedimentos. É inflamável, com densidade menor que a da água: normalmente de origem animal. Características do petróleo 2) ... Constituição do petróleo Apesar de muitos afirmarem que o petróleo é um líquido, na verdade trata- se de uma emulsão formada por gases e sólidos dispersos em uma fase líquida. Gases comuns: metano, propano e butano Sólidos: Hidrocarbonetos contendo mais de 18 carbonos em sua cadeia e óxidos de enxofre. Alguns hidrocarbonetos encontrados no petróleo Aromáticos Oleofínicos Hidrocarbonetos oleofínicos são encontrados em menos quantidade no petróleo (são muito reativos!). Porém são gerados no processamento do petróleo. Consequências da composição do petróleo • A composição do petróleo varia de acordo com a região que foi formado. • As diferenças de propriedades físicas entre os hidrocarbonetos, como o ponto de ebulição, permitem a separação dos componentes do petróleo. • A diferença da quantidade de cada tipo de hidrocarboneto irá resultar em diferentes tipos de petróleo, com características químicas e físicas diferentes como densidade, viscosidade, teor de enxofre e até tonalidade. • Petróleo com baixa densidade: rico em compostos leves e voláteis, maior valor comercial • O enxofre (S), assim como O, N e metais são contaminantes prejudiciais: comprometem o rendimento, danificam catalisadores, causam corrosão e poluem o ambiente. Processamento Primário • Após a extração, o petróleo é enviado para um separador de fase, em que serão retirados o gás natural e a água livre. É comum que tenha água em emulsão com óleo. O gás é separado das partículas líquidas e enviado para consumo industrial. Parte do gás é injetada no solo para estimular a produção de petróleo; • O processamento é necessário para que o petróleo chegue às refinarias com características exigidas para a continuação do processamento, tais como quantidade mínima de compostos voláteis, concentração de sais abaixo de 300 mg/L e teor de água menor que 1%. • Após o processamento, o petróleo e o gás natural são enviados a seus destinos por navios ou por oleodutos/gasodutos. • O petróleo segue então para etapa de refino, que ocorre nas refinarias. Como há diferentes tipos de petróleo, cada refinaria possui um conjunto próprio de operações que irão atender as características específicas do óleo a ser tratado. Refino • Consiste na separação dos componentes que formam o petróleo. • Três etapas são comuns para o refino de qualquer tipo de petróleo: • Destilação • Craqueamento • Tratamento que confere características exigidas por lei. No processo de refino, os hidrocarbonetos são separados, por destilação, e as impurezas removidas. Estes produtos podem então ser utilizados em diversas aplicações. Destilação • Separação de líquidos miscíveis com base na diferença do PE desses componentes. Destilação simples é ineficiente. • Vapor ↔ Líquido (mistura): azeótropo • Vapor formado é recolhido e condensado, formando um líquido rico no componente mais volátil. • Destilação fracionada consiste em sucessivas destilações que ocorrem em colunas que possuem ao longo de seu comprimento pratos ou recheios, além de diversas saídas laterais, nas quais ocorrerá a condensação de vapores. Destilação • Cada patamar entre 2 pratos ou dois conjuntos de recheio funciona como uma microdestilação simples. • Quanto maior o tamanho da torre, melhor a eficiência da separação dos componentes. • D i f e r e n t e s r e g i õ e s d a t o r r e apresentam temperaturas diferentes. Quanto maior a altura, menor será a temperatura. Isso possibi l ita a condensação dos componentes em regiões diferentes da torre. Destilação • A porção que não foi separada irá passar por nova destilação, porém com maior temperatura e a vácuo. Nessa etapa serão separados óleo diesel e óleo combustível. • Hidrocarbonetos mais pesados serão utilizados para produção de asfalto e óleo diesel pesado. • Torre de pré-fracionamento: Ocorre separação de hidrocarbonetos mais leves que irão formar o GLP e a nafta leve. Nem todas as refinarias possuem essa torre. • Torre atmosférica: Quando a refinaria não possui a torre de pré- fracionamento, o GLP e a nafta leve sairão pelo topo da torre atmosférica; o querosene e o diesel pesado e leve sairão pela lateral. • Torre de retificação: As frações que saem da torre atmosférica ainda são constituídas por uma mistura de hidrocarbonetos. Assim, ao passarem pelas saídas laterais, são diretamente encaminhadas para a torre de retificação. Essa torre tem como objetivo separar os hidrocarbonetos mais leves pela injeção de vapor d´água (gás inerte e imiscível com hidrocarbonetos). A água aumenta a pressão interna, tornando mais difícil a ebulição dos líquidos, passando para fase gasosa os hidrocarbonetos de menor ponto de ebulição. Destilação - Torres • Torre de destilação a vácuo: O óleo é aquecido a uma temperatura mais intensa, porém abaixo da temperatura de craqueamento (370oC). Além disso, a pressão interna é reduzida para facilitar a ebulição dos hidrocarbonetos mais pesados. Nessa coluna são retirados óleo diesel e óleo combustível. O resíduo formará asfalto. • Torre debutanizadora de nafta: Nessa torre, a nafta leve é destilada a fim de se retirar a maior quantidade possível de gás butano (GLP), devido ao seu grande consumo. • Torre de fracionamento de nafta:Nafta é novamente destilada a fim de se separar frações que irão ser utilizadas como gás de rua (gás de síntese) e frações que serão utilizadas como solvente na indústria química. Destilação - Torres • Cracking: rompimento, fratura, quebra, divisão. São processos químicos nos quais moléculas complexas (hidrocarbonetos pesados) são quebradas em moléculas mais simples (hidrocarbonetos leves) à geração de GLP e nafta C36H74 (gasóleo parafínico) à C8H18 (iso-octano) + C3H8 (propano) + C4H10 (butano) Craqueamento Craqueamento Térmico Catalítico - Temperatura e pressão elevadas, - G r a n d e q u a n t i d a d e d e g a s e s combustíveis e coque (hidrocarbonetos pesados). - Ocorre em batelada devido a formação de coque. - Condições mais brandas com uso de catalisador - Coque formado em pouquíssima quantidade - Menos quantidade de gases gerados - Produtos de melhor qualidade - C a t a l i s a d o r e s s ã o r e g e n e r a do s e reaproveitados. • Carga de óleo passa por diversos trocadores de calor. Os gases provenientes desse processo e da queima do coque são retirados pela ação de ciclones e encaminhados para torre de destilação, que irá promover separação do GLP, nafta e ainda gases como NH3, HCN e SO2 (gases tóxicos, que após liquefação são chamados “água ácida”) que são recolhidos em tanques de armazenamento. Craqueamento • Reações endotérmicas. Ocorre quebra das ligações C-C e C-H, sendo esta última mais difícil de ocorrer. • Reações de craqueamento térmico (reações primárias) ocorrem via radical livre devido à ação da temperatura e pressão, que chegam a 600 oC e 6000 kPa. Reações do Craqueamento • É muito comum grande produção de oleofinas. • Aromáticos não costumam reagir mas aqueles ramificados podem perder a cadeia lateral. • Reações catalíticas: ocorrem via formação de carbocátions (comum formação de ciclos e aromáticos). Também ocorrem reações primárias em menor extensão, dando lugar as reações secundárias, via catalítica à medida que a temperatura diminui. • Reações secundárias: isomerização ou rearranjo, ciclização, transferência de hidrogênio e condensação. Reações do Craqueamento Reações do Craqueamento Da maneira análoga, oleofinas mais substituídas são a mais estáveis. Demais reações (explicadas no Quadro, em sala de aula) Principais derivados do petróleo e seus usos Tipos de catalisadores • Primeiros catalisadores utilizados para craqueamento: argilas (óxidos de silício e alumínio, predominantemente). Tratamento H2SO4 ou HCl antes de serem utilizados. Problema: presença de Fe (prejuízo ao processo de craqueamento). • Catalisadores sintéticos ou amorfos: SiO2 e Al2O3, tratados separadamente. • Vantagens: • Controle da granulometria, porosidade, superfície de contato • Quantidade de alumínio (quanto maior o teor de Al, maior o rendimento na produção de nafta e GLP. • Ausência dos outros metais • Catalisador Zeolítico: produzido a partir da zeólita (rocha de alta porosidade que absorve água de maneira tão rápida que o calor liberado no processo acarreta a fervura da água). • Vantagens • Possui atividade maior que os catalisadores sintéticos (alta porosidade e superfície de contato) Tipos de catalisadores • ...Catalisador Zeolítico • Vantagens • Possui atividade maior que os catalisadores sintéticos (alta porosidade e superfície de contato) • Aumento do rendimento do nafta através da produção de parafínicos e aromáticos. • Desvantagens • Alto curso de produção O coque • Resíduo sólido formado após craqueamento. Contém hidrocarbonetos pesados e uma pequena quantidade de hidrocarbonetos voláteis. • Utilizado como combustível, fonte direta de carbono e eletrodo em algumas indústrias. • Formação de coque é proveitosa: queima gera calor necessário para craqueamento. O coque • No craqueamento catalítico, a formação do coque é prejudicial: ele acumula sobre o catalisador, ocupando seus sítios ativos e interrompendo sua atividade. Também há acúmulo no reator. • Catalisador pode ser regenerado • Ação de britadeiras ou de sistema hidráulico (utilizando água a alta pressão) remove o coque do reator à descoqueamento. • Coqueamento: queima do coque a 1200oC para eliminação dos HCs voláteis que não foram liberados nos processos anteriores. • Tipo de coque: depende do tipo de petróleo e do processamento • Esponja: grande superfície de contato, poucos contaminantes, rico em material volátil • Chumbo: pouca superfície de contato, pobre em material volátil, tendência a aglomeração • Agulha: pobre em material volátil, alto conteúdo de carbono. Combustão do coque • Importante para: • Produção de energia térmica para o craqueamento • Regeneração do catalisador (liberação dos poros, tornando-o pronto para reuso) • Combustão pode ser parcial, limitando vazão de oxigênio que passa pelo coque. A combustão total é mais vantajosa pois apresenta maior regeneração do catalisador e menor produção de CO. • Produtos gerados: CO, CO2, H2O, SO2 e NO Tratamentos das frações • Após destilação e craqueamento, as frações separadas ainda possuem certas quantidades de contaminantes, por isso devem passar por tratamentos para descontaminação. • Dessulforização: retirada total de compostos de enxofre • Enxofre em grande quantidade: corrosão, acidez e poluição • Enxofre em pequena quantidade: HCs da fração a ser tratada são leves, dessulforização ocorre por meio de uma lavagem com NaOH (separados por decantação) H2S(g)+2NaOH(aq) àNa2S(aq)+2H2O(l) RSH(aq)+NaOH(aq) àNaSR(aq)+H2O(l). • Derivados nitrogenados: prejudiciais – causam alteração de cor e formação de gomas Tratamentos das frações • Reforma catalítica • Produção de aromáticos para uso na gasolina e para indústria petroquímica (benzeno, tolueno e xileno) • Reações desejadas: saturação de olefinas, desidrogenação de parafínicos para formação de naftênicos e transformação de naftênicos em aromáticos. • Reações indesejadas: Perda da cadeia lateral de aromáticos e a quebra de naftênicos em hidrocarboneto mais leves. • Hidroprocessamento • Reações entre H2(g) e frações de óleo com o objetivo de retirar contaminantes como enxofre e nitrogênio da amostra, saturar olefinas e aromáticos, melhorando qualidade dos derivados. Tratamentos das frações • Geração de hidrogênio • Tem grande importância devido ao hidroprocessamento • H2(g) é produzido a partir da reação de HCs, normalmente proveniente do gás natural ou do gás de refinarias, e vapor d’água, com auxílio de catalisador. Reação de HCs: CxHy + xH2O à CO + (x+y/2)H2 Conversão de CO: xCO + xH2O à xCO2 + xH2 Reação global: CxHy + 2x H2O à xCO2 + (2x + y/2)H2
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