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Propriedades das soluções Solução: mistura homogênea de uma ou mais substâncias. Tabela 1. Exemplos de soluções Estado da solução Estado do solvente Estado do soluto Exemplo Gás Gás Gás Ar Líquido Líquido Gás Oxigênio em água Líquido Líquido Líquido Álcool em água Líquido Líquido Sólido Sal em água Sólido Sólido Gás Hidrogênio em paládio Sólido Sólido Líquido Mercúrio em prata Sólido Sólido Sólido Prata em ouro O processo de dissolução Mudanças de energia e formação de solução Variação de entalpia no processo de dissolução: Hdissol = H1 + H2 + H3 Onde: H1 – separação das moléculas do soluto H2 – separação das moléculas do solvente H3 – Interações soluto-solvente Descrição das três contribuições de entalpias para o calor total de dissolução de um soluto: (1) A separação das partículas do soluto entre si demanda uma absorção de energia para superar suas interações atrativas. O processo é endotérmico. (2) A separação das moléculas do solvente para acomodar o soluto também requer energia. (3) A terceira contribuição resulta das interações soluto-solvente (exotérmico). A quebra de forças intermoleculares é sempre endotérmica. A formação de forças intermoleculares atrativas é sempre exotérmica. H1 H2 H3 O processo de dissolução O Hdissol pode ser positivo ou negativo • Os valores de H1 e H2 são positivos (processo endotérmico) • O valor de H3 é sempre negativo (processo exotérmico) Há duas possibilidades: • H3 > (H1 + H2) • H3 < (H1 + H2) O processo de dissolução • O MgSO4 adicionado à água tem ΔHdissol = -91,2 kJ/mol. (usado para fazer bolsa de calor) • O NH4NO3 adicionado à água tem ΔHdissol = + 26,4 kJ/mol. (usado para fazer bolsa de gelo). As bolsas consistem em um saco de água e o produto químico seco. Quando a bolsa é comprimida, o lacre que separa o sólido da água é quebrado e é formada uma solução, aumentando ou diminuindo a temperatura. Solubilidade • É a massa do soluto que pode ser dissolvida numa certa quantidade de solvente em uma dada temperatura. • É expressa em gramas de soluto por 100 mL (100 cm3) ou por 100 g de solvente em uma dada temperatura. Exemplos 1) Cloreto de sódio - 36 g por 100 g de H2O a 20 oC. 2) Sacarose - 200 g por 100 g de H2O a 20 oC. 3) Hidróxido de cálcio [Ca(OH)2] - 0,17 g por 100 g de H2O a 20 oC. Solução saturada: solução que está em equilíbrio com o soluto não dissolvido (velocidades dos processos de dissolução e cristalização são iguais): Em uma solução saturada de AgCl existe um equilíbrio entre o sal sólido e os seus íons dissolvidos: AgCl(s) Ag+(aq) + Cl-(aq) Solução insaturada: Uma solução que não está em equilíbrio em relação à substância dissolvida e pode dissolver quantidade maior desta mesma substância. Solução supersaturada: Uma solução que contém quantidade maior de soluto do que a necessária para formar uma solução saturada. Fatores que afetam a solubilidade • Interação soluto-solvente Tabela 2. Solubilidades de gases em água a 20 oC, com 1 atm de pressão As forças atrativas entre as moléculas de gás e de solvente são principalmente de dispersão de London, que aumentam com o aumento do tamanho e da massa das moléculas do gás (solubilidade aumenta à proporção que a atração gás-água aumenta). Gás Solubilidade N2 0,69 x 10 -3 O2 1,38 x 10 -3 Ar 1,50 x 10-3 Kr 2,79 x 10-3 28 g/mol 32 g/mol 40 g/mol 83,8 g/mol Fatores que afetam a solubilidade Interação soluto-solvente Tabela 3. Solubilidade de alguns álcoois em água e hexano aExpresso em mol de álcool/100 g de solvente a 20 oC. O símbolo indica que o álcool é completamente miscível em solvente. O número de átomos de carbono em um álcool afeta sua solubilidade em água. Enquanto o comprimento da cadeia de carbono aumenta, o grupo polar OH torna-se uma parte continuamente menor na molécula, e a molécula se comporta mais como um hidrocarboneto (apolar). A solubilidade de um álcool em um solvente apolar (hexano) aumenta à medida que a cadeia de hidrocarboneto apolar aumenta em comprimento. Fatores que afetam a solubilidade O efeito da pressão na solubilidade de um gás. Quando a pressão é aumentada (b), a taxa na qual as moléculas de gás entram na solução aumenta. A concentração das moléculas de soluto no equilíbrio aumenta na proporção da pressão. (b)(a) • Quanto maior a pressão, mais próximas as moléculas de gás estarão do solvente e maior será a possibilidade de atingirem a superfície e entrarem em solução. Consequentemente, quanto maior for a pressão, maior será a solubilidade. Quanto menor for a pressão, menor será a quantidade de moléculas de gás próximas ao solvente e, portanto, menor será a solubilidade. • Se Sg é a solubilidade de um gás, k é uma constante e Pg é a pressão parcial do gás, a lei de Henry fornece: Sg = kPg Pratique: 1) Calcule a concentração de CO2 em um refrigerante engarrafado com pressão parcial de CO2 de 4,0 atm sobre o líquido a 25 oC. k = 3,1 x 10-2 mol/L atm. S =kPCO2= (3,1 x 10 -2 mol/L atm) (4,0 atm) S = 0,12 mol/L CO2 CO2 Fatores que afetam a solubilidade Efeitos da temperatura (a) (b) (a) Solubilidades de vários compostos iônicos em água em função da temperatura. (b) Solubilidades de vários gases em água em função da temperatura. Se o processo de dissolução é endotérmico, um equilíbrio de solubilidade pode ser escrito como: calor + soluto + solvente solução (H > 0) Se for exotérmico: soluto + solvente solução + calor (H < 0) De acordo com o princípio de Le Châtelier, o equilíbrio pode ser alterado pela mudança de temperatura. • No caso endotérmico (calor é considerado reagente), um aumento de temperatura favorece a reação direta e, assim, aumenta a solubilidade. • No caso exotérmico (calor é considerado produto), um aumento de temperature favorece a reação inversa diminuindo, portanto, a solubilidade. • Desde que Hdissol para um gás é geralmente negativo (processo exotérmico, calor é considerado produto), a solubilidade de um gás normalmente diminui com o aumento da temperatura. O aumento da temperatura irá deslocar o equilíbrio para o lado esquerdo, no sentido da formação de CO2(g): CO2(g) + solvente líquido →CO2(aq) + calor Lembre-se: o ponto de ebulição normal de um líquido é a temperatura na qual sua pressão de vapor é igual a 1 atm. Na figura ao lado, observa-se um diagrama de fases que ilustra a elevação do ponto de ebulição e a redução do ponto de congelamento. A adição de um soluto não volátil reduz a pressão de vapor da solução. A curva de pressão de vapor da solução é deslocada para baixo em relação à curva de pressão de vapor do solvente puro. Consequências do abaixamento da pressão de vapor da solução: • O ponto de ebulição da solução é mais alto que o ponto de ebulição do solvente puro. • O ponto de congelamento da solução é mais baixo que o do líquido puro. Propriedades coligativas Coligativa significa “dependente do conjunto”; as propriedades coligativas dependem do efeito coletivo do número de partículas de soluto. 1) Redução da pressão de vapor A pressão de vapor de um solvente volátil acima de uma solução que contém um soluto não volátil é proporcional à concentração do solvente na solução. Essa relação é expressa pela lei de Raoult: Psolução = Xsolvente P o solvente Psolução é a pressão parcial exercida pelo vapor do solvente acima da solução Xsolvente é a fração em quantidade de matéria do solvente na solução Posolvente é a pressão de vapor do solvente puro. Obs. A redução da pressão de vapor é uma propriedade coligativa, de forma que ela depende da concentração das partículas de soluto e não do tipo de partículas. Entretanto, as aplicações da Lei de Raoult serão limitadas aos solutos não voláteis e não eletrólitos. Pratique 2) A glicerina (C3H8O3, M = 92,1 g mol -1) é um não eletrólitonão volátil com densidade de 1,26 g/mL a 25 oC. Calcule a pressão de vapor a 25 oC de uma solução preparada pela adição de 50,0 mL de glicerina a 500,0 mL de água. A pressão de vapor da água pura a 25 oC é 23,8 torr. mglicerina = 1,26 x 50 = 63 g nglicerina = 63 g / 92,1 g mol -1 = 0,684 mol nágua = 500 g / 18 g mol -1 = 27,8 mol X = 27,8 / (27,8 + 0,684) = 0,976 P = X Po = (0,976) (23,8 torr) = 23,2 torr 23,8 – 23,2 = 0,6 torr A pressão de vapor da solução abaixou 0,6 torr em relação à da água pura. H2O H2O H2O H2O Pratique 3) A pressão de vapor de água pura a 110 oC é 1070 torr. Uma solução de etilenoglicol (C2H6O2, M = 62 g mol -1) e água tem pressão de vapor de 1 atm a 110 oC. Supondo que a lei de Raoult seja obedecida, qual é a fração em quantidade de matéria do etilenoglicol? P = X Po X = P / P o X = 760 torr/1070 torr = 0,710 X + Xetilenoglicol = 1 Xetilenoglicol = 0,290 H2O H2O H2O H2O H2O H2O H2O H2O 2) Elevação do ponto de ebulição Te = iKem • Ke é a constante molal de elevação do ponto de ebulição para o solvente (constante de proporcionalidade determinada experimentalmente para cada solvente). • m é a molalidade m = nsoluto/ kgsolvente • i é o fator de van’t Hoff. Para um não eletrólito, i = 1. Para um eletrólito, i depende de como a substância se ioniza ou se dissocia no solvente. 3) Redução do ponto de congelamento: Tc = iKcm • Kc é a constante molal da redução do ponto de congelamento. Tabela 4. Constantes da elevação molal do ponto de ebulição e da redução do ponto de congelamento. Pratique 4) O anticongelante automotivo consiste em etilenoglicol (C2H6O2), um não eletrólito não volátil. Calcule o ponto de ebulição e o ponto de congelamento de uma solução de 25% em massa de etilenoglicol em água. Em 100 mL da solução há 25 g do soluto (etilenoglicol) e 75 g (75 mL) do solvente (H2O). netilenoglicol = 25 g / 62,1 g mol -1 = 0,4026 mol 75 mL de H2O = 75 g = 0,075 kg m = 0,4026 mol / 0,075 kg = 5,37 mol/ kg Te = Kem = (0,51 oC/mol/kg) (5,37 mol/kg) = 2,7 oC Tc = Kcm = (1,86 oC/mol/kg) (5,37 mol/kg) = 10,0 oC Ponto de ebulição = pe normal do solvente + Te = 100,0 oC + 2,7 oC = 102,7 oC Ponto de congelamento = pc normal do solvente – Tc = 0 oC – 10,0 oC = -10 oC 4) Osmose Na figura (a) ao lado, observam-se duas soluções de diferentes concentrações separadas por uma membrana semipermeável. As moléculas do solvente (esferas azuis) movimentam-se em ambos os sentidos da membrana. Entretanto, a concentração do solvente é mais alta na solução contendo menos soluto (esferas verdes), ou seja, na solução diluída. Logo, a taxa na qual as moléculas do solvente passam da solução menos concentrada (diluída) para a mais concentrada é maior que a taxa no sentido oposto. Portanto, existe um movimento resultante de moléculas do solvente da solução diluída para a solução mais concentrada. Nesse processo, chamado osmose, o movimento resultante do solvente é sempre no sentido da solução com maior concentração de soluto. Como resultado, os níveis de líquidos nos dois braços do tubo em forma de U tornam-se diferentes. A osmose cessa quando a altura da coluna for tal que a pressão exercida sobre o lado esquerdo da membrana é suficiente para opor-se ao movimento resultante de solvente (figura b). (b) (a) É possível aplicar pressão no braço da esquerda (ver figura ao lado) para fazer cessar o fluxo resultante de solvente. A pressão necessária para prevenir a osmose é a pressão osmótica, , da solução. A pressão osmótica obedece a uma lei similar à lei do gás ideal: V = nRT, onde V é o volume da solução, n é a quantidade de matéria do soluto, R é a constante do gás ideal e T é a temperatura na escala Kelvin. Pressão osmótica • A pressão osmótica (π) é a pressão necessária para prevenir a osmose e é dada pela expressão: c é a concentração em quantidade de matéria • Se duas soluções de pressões osmóticas idênticas são separadas por uma membrana semipermeável, não ocorrerá osmose. As duas soluções são ISOTÔNICAS. • Se uma solução é de pressão osmótica mais baixa , ela é HIPOTÔNICA em relação à solução mais concentrada (HIPERTÔNICA) Pratique 5) A pressão osmótica média do sangue é 7,7 atm a 25 oC. Qual concentração de glicose (C6H12O6) será isotônica com o sangue? = cRT c = /RT = 7,7 atm / (0,0821 L atm mol-1 K-1) (298 K) c = 0,310 mol/L Soluções isotônicas em ralação aos fluidos intracelulares previnem o murchamento (ocorre quando coloca-se uma célula de glóbulos vermelhos em uma solução hipertônica em relação à solução intracelular) ou a hemólise (rompimento da célula de glóbulos vermelhos em contato com uma solução hipotônica) dos glóbulos vermelhos. A osmose através da membrana semipermeável de uma célula de glóbulo vermelho: (a) hemólise provocada pelo movimento de água para dentro da célula; (b) murchamento provocado pelo movimento de água a partir da célula. Exercícios 1) Uma solução é preparada pela dissolução de 4,35 g de glicose, C6H12O6, em 25,0 mL de água. Calcule a molalidade da glicose na solução. molalidade = nsoluto / massa do solvente (kg) nglicose = 4,35 g / 180,2 g mol -1 = 0,0241 mol molalidade = 0,0241 mol/0,025 kg = 0,96 mol/kg 2) Uma solução de um não eletrólito não volátil foi preparada pela dissolução de 0,250 g da substância em 40,0 g de CCl4. O ponto de ebulição resultante foi 0,357 oC mais alto do que o do solvente puro. Calcule a massa molar do soluto. Ke = 5,02 oC/mol kg-1 Te = Ke x molalidade molalidade = Te / Ke molalidade = (0,357 oC)/(5,02 oC/mol kg-1) molalidade = 0,0711 mol/kg molalidade=nsoluto/kg solvente nsoluto = molalidade x kg solvente nsoluto = (0,0711 mol/kg) x 0,04 kg = 2,844 x 10 -3 mol n = massa/M; M = 0,250 g / 2,844 x 10-3 mol M= 87,9 g/mol 3) A pressão osmótica de uma solução aquosa de determinada proteína foi medida para que se determine a respectiva massa molar. A solução continha 3,50 mg de proteína dissolvidos em água suficiente para perfazer 5,00 mL de solução. Encontrou-se uma pressão osmótica de 1,54 torr a 25 oC. Calcule a massa molar da proteína. = cRT = 1,54/760 = 2,0263 x 10-3 atm c = /RT = (2, 263 x 10-3) / [(0,0821 L atm mol-1 K-1) x (298 K)] c = 8,28 x 10-5 mol/L n = c x V(L)= (8,28 x 10 -5 mol/L) x (5,00 x 10-3 L) n = 4,14 x 10-7 mol n = m/M M= (3,50 x 10-3 g) / (4,14 x 10-7 mol) M = 8,454 x 103 g/mol
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