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Bioquímica Clínica - EAD

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BIOQUÍMICA CLÍNICA
PROF.A DRA. SANDRA SAYURI NAKAMURA DE VASCONCELOS
Reitor:
Prof. Me. Ricardo Benedito de 
Oliveira
Pró-Reitoria Acadêmica:
Maria Albertina Ferreira do 
Nascimento
Diretoria EAD:
Prof.a Dra. Gisele Caroline 
Novakowski
PRODUÇÃO DE MATERIAIS
Diagramação:
Alan Michel Bariani
Thiago Bruno Peraro
Revisão Textual:
Fernando Sachetti Bomfim
Marta Yumi Ando
Simone Barbosa
Produção Audiovisual:
Adriano Vieira Marques
Márcio Alexandre Júnior Lara
Osmar da Conceição Calisto
Gestão de Produção: 
Cristiane Alves
© Direitos reservados à UNINGÁ - Reprodução Proibida. - Rodovia PR 317 (Av. Morangueira), n° 6114
 Prezado (a) Acadêmico (a), bem-vindo 
(a) à UNINGÁ – Centro Universitário Ingá.
 Primeiramente, deixo uma frase de Só-
crates para reflexão: “a vida sem desafios não 
vale a pena ser vivida.”
 Cada um de nós tem uma grande res-
ponsabilidade sobre as escolhas que fazemos, 
e essas nos guiarão por toda a vida acadêmica 
e profissional, refletindo diretamente em nossa 
vida pessoal e em nossas relações com a socie-
dade. Hoje em dia, essa sociedade é exigente 
e busca por tecnologia, informação e conheci-
mento advindos de profissionais que possuam 
novas habilidades para liderança e sobrevivên-
cia no mercado de trabalho.
 De fato, a tecnologia e a comunicação 
têm nos aproximado cada vez mais de pessoas, 
diminuindo distâncias, rompendo fronteiras e 
nos proporcionando momentos inesquecíveis. 
Assim, a UNINGÁ se dispõe, através do Ensino 
a Distância, a proporcionar um ensino de quali-
dade, capaz de formar cidadãos integrantes de 
uma sociedade justa, preparados para o mer-
cado de trabalho, como planejadores e líderes 
atuantes.
 Que esta nova caminhada lhes traga 
muita experiência, conhecimento e sucesso. 
Prof. Me. Ricardo Benedito de Oliveira
REITOR
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UNIDADE
01
SUMÁRIO DA UNIDADE
INTRODUÇÃO ..............................................................................................................................................................4
1. TÓPICOS GERAIS E IMPORTÂNCIA DA BIOQUÍMICA CLÍNICA NA ROTINA DO LABORATÓRIO CLÍNICO....5
1.1 METODOLOGIAS UTILIZADAS PARA DETERMINAÇÕES BIOQUÍMICAS DE AMOSTRAS BIOLÓGICAS ......12
1.2 CONTROLE DE QUALIDADE LABORATORIAL ....................................................................................................16
CONSIDERAÇÕES FINAIS ....................................................................................................................................... 20
TÓPICOS GERAIS E DE IMPORTÂNCIA DA 
BIOQUÍMICA CLÍNICA NA ROTINA DO 
LABORATÓRIO CLÍNICO
PROF.A DRA. SANDRA SAYURI NAKAMURA DE VASCONCELOS
ENSINO A DISTÂNCIA
DISCIPLINA:
BIOQUÍMICA CLÍNICA
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EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
INTRODUÇÃO
O laboratório de análises clínicas é constituído de diversos setores, dentre esses, temos: 
hematologia, bioquímica, parasitologia, imunologia, microbiologia, citologia, urinálise, entre 
outros. No setor de bioquímica clínica, são realizados diversos exames quantitativos como, por 
exemplo, a dosagem de glicose, lipídios enzimas, dentre outros. Através das análises bioquímicas, 
é possível elucidar ou diagnosticar as condições biológicas do sistema renal hepático cardíaco, 
entre outros (DEVLIN, 2003; LIMA, A. O.; SOARES, J. B.; GRECO, J. B.; GALIZZI, J.; CANÇADO, 
2001; MOTTA, 2009; RAVEL, 1995; SMITH, C.; MARKS, A. D.; LIBERMAN, 2007; WALLACH, 
2003).
Para a quanti� cação das amostras, são utilizadas diversas unidades de medida para 
volume, tamanho, tempo, entre outros. Para que os resultados laboratoriais sejam corretamente 
interpretados, é necessário que os reagentes utilizados sejam preparados da maneira correta, 
armazenados de maneira correta, os equipamentos estejam calibrados, é necessário também 
o desenvolvimento de protocolo operacional padrão de cada exame realizado na bioquímica 
clínica (DEVLIN, 2003; LIMA, A.O.; SOARES, J. B.; GRECO, J. B.; GALIZZI, J.; CANÇADO, 
2001; MOTTA, 2009; RAVEL, 1995; SMITH, C.; MARKS, A. D.; LIBERMAN, 2007; WALLACH, 
2003).
Tão importante quanto a análise bioquímica são as condições pré-analítica e pós-analítica. 
Para o preparo das amostras e reagentes, é necessário calcular todos os seus constituintes na 
unidade de medida correta (CARVALHO, 2018; PINTO, 2017; TOY, 2016; VOET, 2013). 
Os exames bioquímicos são realizados através de kits de Diagnósticos cuja leitura 
normalmente é feita em equipamentos que façam leitura por espectrofotometria (MOTTA, 
2009). Entre os materiais biológicos utilizados para as análises bioquímicas, encontram-se o 
sangue total e a urina (CARVALHO, 2018; DEVLIN, 2003; LIMA, A.O.; SOARES, J. B.; GRECO, 
J. B.; GALIZZI, J.; CANÇADO, 2001; MOTTA, 2009; RAVEL, 1995; SMITH, C.; MARKS, A. D.; 
LIBERMAN, 2007; WALLACH, 2003). O sangue total pode dar origem ao plasma e ao soro. É 
importante diferenciar o soro do plasma e saber em quais exames bioquímicos cada material será 
utilizado (MOTTA, 2009). A urina, por sua vez, poderá ser analisada em um período de 24 horas 
de coleta ou com a utilização do jato médio da primeira urina (MOTTA, 2009). 
Dessa maneira, inicialmente, falaremos sobre as unidades de grandeza e, na sequência, 
água reagente, metodologias utilizadas no laboratório de análise clínica, amostra biológica e 
� nalizaremos essa unidade discorrendo sobre o controle de qualidade. 
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EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
1. TÓPICOS GERAIS E IMPORTÂNCIA DA BIOQUÍMICA CLÍNICA NA 
ROTINA DO LABORATÓRIO CLÍNICO
As análises bioquímicas realizadas nos diferentes exames devem ser expressas em unidade 
padrão (DEVLIN, 2003; LIMA, A.O., SOARES, J.B., GRECO, J.B. GALIZZI, J., CANÇADO, 
2001; MOTTA, 2009; PINTO, 2017; RAVEL, 1995; SMITH, C.; MARKS, A. D.; LIBERMAN, 
2007; TOY, 2016; WALLACH, 2003). Existem diversas situações no laboratório de bioquímica 
clínica cuja unidade de medida utilizada deve ser sempre observada (MOTTA, 2009). Exemplo 
são os reagentes utilizados na rotina do laboratório de bioquímica clínica, muitas vezes são 
comprados em uma solução estoque e necessitam ser preparados na concentração de uso. Assim, 
é importante determinar as unidades de medidas das diferentes grandezas para que não ocorram 
erros na realização dos exames (MOTTA, 2009).
Para a análise dos aspectos bioquímicos, é necessário que todas as unidades de medidas 
estejam no Sistema Internacional de medidas (SI - Systéme International d’ unités) (MOTTA, 
2009). As unidades de medida estão descritas na Tabela 1.
Há também grandezas derivadas, estas, por sua vez, utilizam unidades derivadas, ou seja, 
são produtos de potência das unidades de base (MOTTA, 2009). Essas unidades derivadas são 
representadas por um pre� xo tornando assim possível a apresentação padronizada dos dados 
laboratoriais (MOTTA, 2009) como pode ser visualizado na Tabela 2. Além disso, constantemente, 
há a necessidade de converter uma unidade em outra para que as análises bioquímicas possam 
ser realizadas corretamente.
Grandeza de medida Nome da unidade Símbolo da unidade
Comprimento metro m
Massa quilograma Kg
Tempo segundo s
Corrente elétrica ampere A
Temperatura Termodinâmica Kelvin K
Intensidade luminosa candela cd
Quantidade de substância mol mol
Tabela 1 - Unidades de medida de acordo com o Sistema Internacional de Medidas. Fonte: Motta (2009).
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Fator pela qual a unidade é multiplicada Prefi xo Símbolo
1018 1.000.000.000.000.000 exa e
1012 1.000.000.000.000. tera t
109 1.000.000.000 giga g
106 1.000.000. mega m
103 1.000 quilo k
102 100 hecto h
101 10 deca da
100 1 unidade base
10-1 0,1 deci d
10-2 0,01 centi c
10-3 0,001 mili m
10-6 0,000.001 micro µ
10-9 0,000.000.001 nano n
10-12 0,000.000.000.001 pico p
10-15 0,000.000.000.000.001 femto f
10-18 0,000.000.000.000.000.001 atto a
Tabela 2 - Fatores decimais e seus respectivospre� xos e símbolos. Fonte: Motta (2009).
Cada grandeza de medida utiliza sua unidade de medida. Assim, a unidade de medida 
para comprimento é o metro (m), a quantidade de matéria é determinada pela massa em 
quilograma (Kg), quantidade de substância em mol (TABELA 3). É interessante que, para as 
análises bioquímicas, as grandezas sejam sempre apresentadas em SI, mas quando não estão 
dessa maneira, é necessário aplicar um fator de correção como demonstrado na Tabela 4.
Grandeza Unidade Símbolo Defi nição Símbolos não recomendados
Comprimento
Metro m -- --
Milímetro mm 1x10-3 m --
Micrômetro µm 1x10-6 m µ, u
Nanômetro nm 1x10-9 m mµ, um
picômetro pm 1x10-12 m µµ
Massa
Quilograma Kg -- --
Grama g 1x10-3 Kg gr, gm, gms
Miligrama mg 1x10-6 Kg Mgm, mgms
Micrograma µg 1x10-9 Kg γ, µ, ug
Nanograma ng 1x10-12 Kg mµg
picograma pg 1x10-15 Kg µµg, ug
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Quantidade 
química
Mol mol -- --
Milimol mmol 1x10-3 mol M
Micromol µmol 1x10-6 mol mM, µM
nanomol nmol 1x10-9 mol nM
Volume
Litro L ou l -- --
Decilitro dL 1x10-1 L --
Mililitro mL 1x10-3 L cc
Microlitro µL 1x10-6 L --
Nanolitro nL 1x10-9 L --
picolitro pL 1x10-12 L µµL
Tabela 3 - Unidades de grandezas. Fonte: Motta (2009).
Existem diversas situações na rotina do laboratório de bioquímica clínica em que os 
constituintes líquidos biológicos são expressos em porcentagem (%), grama deve ser substituído 
por decilitro. Exemplo: converter 100mg% de glicose por 100mg/dL de glicose. Por isso, é 
importante a conversão de uma unidade em outra para as análises bioquímicas (TABELA 4).
Grandeza Unidade Símbolo Relação com o SI
Tempo minuto mim 1 min= 60s
hora h 1h= 3600s
dia d 1d= 86.400s
Volume litro L ou l 1L= 1dm3
Massa tonelada t 1t= 1000 Kg
Energia eletronvolt eV 1 eV ≈ 1,602x10-9 J
Pressão bar 1 bar= 1oo kPa
milímetro de mercúrio 1mmHg≈ 133,3 Pa
Comprimento angstrom Å 1 Å= 10-10 m
Força dina dyn 1 dyn= 10-5N
Energia erg erg 1 erg= 10-7J
Tabela 4 - SI= Sistema Internacional de medidas. Fonte: Motta (2009).
Os números exponenciais são utilizados para representar um número muito grande ou 
muito pequeno. Nessa metodologia, emprega-se a base 10 elevada a uma potência, signi� cando, 
assim, quantas vezes a base numérica 10 é repetida como um fator. Dessa maneira, temos:
a) 1 x 102= 1 x 10 x 10 = 100
b) 1 x 105 = 1 x 10 x 10 x 10 x 10 x 10 = 10 = 100.000
c) 1 x 10-2 = 1 x 1/102 = 0,01
Grandeza Unidade Símbolo Defi nição Símbolos não recomendados
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Diante dessas informações, é possível converter uma unidade em outra, como pode ser 
visualizado nos exemplos a seguir:
a) 80 µL em mL: 
b) 0,5 mg em µg:
Segundo Motta (2009), as misturas líquidas podem se dividir em quatro tipos: soluções, 
suspensões, coloides e emulsões, cada uma com as suas respectivas características.
Para o estudo das análises bioquímicas, são utilizados diversos reagentes que podem 
estar em: solução, suspensão, coloides e emulsões (DEVLIN, 2003; LIMA, A. O., SOARES, J. 
B.; GRECO, J. B.; GALIZZI, J.; CANÇADO, 2001; MOTTA, 2009; PINTO, 2017; RAVEL, 1995; 
SMITH, C.; MARKS, A. D.; LIBERMAN, 2007; TOY, 2016; WALLACH, 2003). Conforme 
Motta (2009), a solução é uma mistura homogênea constituída de duas ou mais substâncias 
homogeneamente distribuídas; a suspensão consiste em um sólido insolúvel suspenso em meio 
líquido (as suspensões não são limpas e podem apresentar sedimento); o coloide consiste em 
misturas de minúsculas partículas suspensas em um líquido, além disso, os coloides não se 
sedimentam e são capazes de atravessar o papel � ltro, mas não atravessam membranas e, por 
último, a emulsão, que consiste em um líquido suspenso em um meio líquido, quando ocorre a 
sedimentação de uma emulsão, esta denomina-se emulsão temporária.
Para as análises bioquímicas, é necessário entender a concentração das soluções. Assim, 
a quantidade de soluto que se encontra dissolvido em determinada quantidade de solvente 
denomina-se concentração. 
O modo mais comum, segundo Motta (2009), para expressar a concentração, dá-se pelo 
emprego do peso do soluto, em determinado volume de solvente, a comissão sobre química 
clínica da IUPAC recomenda o uso de 1000 ml como unidade básica de volume de solvente; no 
entanto, é comum a utilização da porcentagem, ou seja, para a relação entre o peso ou o volume 
em 100 ml ou em 100 g de solvente podem ser utilizados quatro parâmetros a) peso em peso; b) 
peso em volume; c) volume em volume e d) volume em peso.
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EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
Uma outra maneira de expressar a concentração é pela molaridade átomo de um elemento 
químico, que é a massa de 6,02 x 10-23 (número de Avogadro) ou moléculas de uma substância. 
A soma fórmula-grama é o termo que substitui molécula-grama ou mol para os componentes 
iônicos. A molaridade de uma solução é o número de mol existente em 1 litro de solução. Dessa 
maneira, uma solução molar tem um mol de soluto em 1000 ml de volume � nal. Para calcular 
a massa molecular, utiliza-se a soma das massas atômicas de todos os elementos que formam a 
molécula, para obter uma solução de qualquer molaridade, multiplica-se a massa molecular do 
soluto pela molaridade desejada obtendo assim a quantidade em gramas desse composto para 
fazer 1.000 ml da solução (MOTTA, 2009).
Uma outra maneira de analisar a concentração é pela normalidade. Em outras palavras, a 
normalidade de uma solução é o número de equivalentes gramas do soluto existente em 1000ml 
de solução, assim, a solução normal tem um equivalente-grama de soluto em 1000 ml de volume 
� nal. Equivalente-grama é a massa de uma substância capaz de reagir com átomos de hidrogênio 
podendo este elemento ser um elemento ou um composto. O equivalente-grama de um elemento 
é a relação entre a massa atômica e a sua valência normal; o equivalente-grama dos ácidos é a 
relação entre a massa molecular do ácido e o número de hidrogênios ionizáveis; o equivalente-
grama das bases é a relação entre massa molecular da base e o número de hidroxilas da mesma, 
ou seja, o número de ânions de hidróxidos, e o equivalente-grama dos sais pode ser considerado 
em dois casos: reações sem óxido, redução, ou seja, não há variação no número de oxidação, ou 
reações de óxido, redução, na qual, há uma variação no número de oxidação (MOTTA, 2009). 
Para calcular os múltiplos e submúltiplos, deve-se fazer a multiplicação do equivalente-grama 
do soluto pela normalidade do desejado, resultando, assim, o número de gramas necessários 
para fazer 1.000 mL de solução. Além disso, existem ainda os equivalentes cuja de� nição é a 
concentração iônica nos � uidos corporais, que é a milésima parte do equivalente (MOTTA, 
2009). 
Existe uma outra maneira de apresentar a concentração, a molalidade. Essa concentração 
é apresentada pelo número de mol de soluto por quilo de solvente e não sofre interferência da 
temperatura (MOTTA, 2009).
E, por último, a concentração pode ser expressa em partes por milhão (ppm), ou seja, uma 
parte por milhão é equivalente (MOTTA, 2009). Assim, 1mg/L pode ser representado também 
por 10ppm, por exemplo.
No laboratório de análise clínicas, é muito comum na rotina de vários setores empregar a 
diluição tanto de amostras quanto de reagentes (MOTTA, 2009; TOY, 2016). Para tal, aplica-se a 
fórmula C1x V1 = C2 x V2, onde C1 é a concentração inicial ou estoque; V1 é o volume inicial a ser 
diluído; C2 é a concentração � nal e V2 é o volume � nal que se deseja ter ao � nal.
Exemplo: o reagente A está em uma concentração estoque de 400mg/mL e a concentração 
de uso é de 100mg/mL. Como deve ser preparado o reagente A para que ele � que na concentração 
de uso em um volume � nal de 200 mL?
C1= 400mg/mL
V1= ?
C2 = 100 mg/mL
V2 = 200mL
C1x V1 = C2 x V2
400mg/mL x V1 = 100mg/ml x 200 mL
V1= 50 Ml
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EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
Resposta: para se preparar 200 mL do reagente A na concentração de uso, é necessário 
diluir 50 mL da solução estoque desse reagente com 150 mL de diluente totalizando assim o 
volume de reagente na concentração desejada.
Existem algumas observações muito importantes a serem feitas. As unidades de medidas 
utilizadas devem ser as mesmas. Por exemplo, a concentração inicial deve estar na mesma unidade 
de medida da concentração � nal; o volume utilizado para fazer os cálculos deve ser o mesmo 
utilizado na obtenção dos dados. Neste exemplo, a unidade de medida para volume era em mL, 
por isso que a resposta � cou em mL, o volume � nal é formado pela quantidade de soluto mais a 
quantidade de diluente, por isso que a quantidade de diluente utilizado é de 150 mL, que ao ser 
somado aos 50 mL do reagente, tem-se no � nal 200 mL do reagente A em uma concentração de 
100 mg/mL.
No setor de bioquímica clínica, a água reagente é muito utilizada para diluir ou para 
preparar reagentes. Na rotina clínica, podem ser utilizados quatro tipos de água reagente. 
Conforme Lima et al. (2001), Motta (2009) e Ravel (1995), são eles: 
• Água reagente tipo I - trata-se de uma água obtida por processos adequados que produz 
a mínima interferência na preparação dos reagentes e na execução, e outras metodologias 
do setor. Esse tipo de água reagente é ideal para a utilização geral do laboratório clínico.
• Água reagente tipo II - trata-se de uma água existente no laboratório em que pode ser 
utilizado para a preparação de amostras controles reagente corante e também diluir ou 
preparar amostra dos pacientes. Esse tipo de água reagente apresenta uma tolerância para 
a presença de micro-organismos.
• Água reagente tipo III - pode ser utilizada como água original para obtenção da água 
de alto grau de pureza, pode ser utilizada para lavagem e chave de materiais do setor de 
bioquímica clínica.
• Água reagente especial - esse tipo é obtido através de dois processos de Puri� cação, na 
qual será eliminado todo e qualquer tipo de contaminante. Dessa maneira, essa água 
reagente não pode conter íons, substâncias orgânicas, silicatos, micro-organismos, entre 
outras substâncias em suspensões.
Existem diferentes métodos para a puri� cação da água. Os principais métodos são: 
destilação, deionização, osmose reversa, adsorção e a absorção pelo carvão, � ltração e ultra� ltração, 
nano� ltração, oxidação química, oxidação e esterilização por ultravioleta. A seguir, cada processo 
de puri� cação da água reagente será explanado de acordo com Motta (2009).
• Destilação: nesse processo de puri� cação, a água no estado líquido é convertida ao estado 
gasoso e, na sequência, condensada, retornando, assim, para o estado líquido. Esse tipo 
de processo de puri� cação não é capaz de eliminar gases e sais inorgânicos.
• Deionização: acontece a troca de íons para a obtenção da água reagente com alta 
resistividade. Nesse processo, são utilizadas colunas com resina para que ocorra a troca 
iônica e são capazes de reter impurezas que inicialmente encontravam-se na água.
• Osmose reversa: nesse processo, a água é exposta a uma pressão através de uma membrana 
semipermeável, na qual, substâncias orgânicas e inorgânicas e entre outras � carão retidas. 
Esse processo de puri� cação é capaz de remover até 97% dos íons monovalentes e grande 
quantidade de íons bivalentes.
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EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
• Adsorção e absorção: esse processo de puri� cação da água é utilizado na fase de pré-
tratamento e normalmente é utilizado em combinação com outro processo de puri� cação. 
O carvão utilizado nesse processo é capaz de remover os contaminantes orgânicos; no 
entanto, essa metodologia apresenta algumas limitações como, por exemplo, o carvão, 
que ao ser degradado, é passível de liberar resíduos minerais na água e, além disso, há 
uma baixa capacidade de adsorção de contaminantes. Esse tipo de metodologia é mais 
empregado na remoção de cloro da água.
• Filtração e ultra� ltração: nesse processo de puri� cação da água, acontece � sicamente a 
retenção de partículas tais como microrganismos cujo tamanho é maior que a porosidade 
do � ltro utilizado. A ultra� ltração também é um processo mecânico que consegue 
remover impurezas pequenas ou suspensas na água. Nesse tipo de puri� cação, o material 
que será separado da água depende do tamanho do contaminante e do tamanho do � ltro 
utilizado.
• Nano� ltração: trata-se de um processo em que a utilização de ultra� ltros é combinada 
com a osmose reversa. Dessa maneira, acontece o processo de puri� cação da água 
• Oxidação química: esse processo de puri� cação da água é pouco utilizado no laboratório 
clínico, mas apresenta uma ação bactericida importante, uma vez que há a utilização 
do ozônio. Essa metodologia tem se mostrado útil para oxidação de microrganismos e 
seus respectivos metabólitos; entretanto, pode degradar membranas de osmose reversa e 
plástico (locais de acondicionamento).
• Oxidação e esterilização por ultravioleta: nesse processo, a puri� cação da água reagente 
é resultante da absorção da luz a 185 nm e, em consequência, também há a produção 
de radicais e hidroxil, uma vez que materiais orgânicos também são passíveis de serem 
oxidados. Esse processo não é o su� ciente para remover contaminantes orgânicos da 
água, o processo de esterilização da água ultravioleta deve ser feito em uma absorbância 
de Luz de 254 nm, na qual, é possível destruir o DNA e RNA dos microrganismos.
A água reagente deve ser corretamente armazenada. Ao utilizar recipientes metálicos, 
tais como aço e titânio, deve-se tomar cuidado para que não ocorra transferência do metal. 
Recipientes não metálicos como, por exemplo, polipropileno, polietileno, não são recomendados 
para armazenar água reagente tipo I e água reagente tipo II. Recomenda-se a utilização de 
frascos � uoropolímeros para eliminar quaisquer vestígios metálicos. É inaceitável utilizar frascos 
de vidro para armazenar quaisquer tipos de água reagente, pois, dependendo da qualidade de 
vidro, pode ocorrer a transferência de chumbo, boro, sódio, arsênico, para a água. Além disso, 
é importante ressaltar que nenhuma água reagente deve ser armazenada por um longo período 
(MOTTA, 2009).
Segundo Motta (2009), alguns testes devem ser feitos para o controle de qualidade da água 
reagente. Os testes podem ser realizados diariamente ou semanalmente ou quando necessário. Os 
testes são: a) semanalmente: determinação da resistividade ou condutância; teste de esterilidade 
com a contagem de unidades formadoras de colônia; b) diariamente: determinar a resistividade 
ou constância; determinar o pH a 250C; determinar a sílica solúvel e c) quando necessário, 
determinar a contaminação por substâncias de origem orgânica.
Para determinar a resistividade da água reagente, utiliza-se o condutivímetro. A análise 
da quantidade de íons dissolvidos na água deve ser realizada a 250C. Para cada tipo de água 
reagente, existe uma quantidade mínima, uma quantidade de condutividade aceitável, conforme 
a tabela a seguir:
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Água reagente Resistividade em megohm
Água reagente I 10 megohm /cm
Água reagente II 2 megohm /cm
Água reagente III 0,1 megohm /cm
Tabela 5 - Resistividade da água reagente. Fonte: Motta (2009).
A determinação da sílica solúvel deve ser feita pela quantidade de fósforo inorgânico, de 
tal maneira que se prepara uma solução com fósforo e faça a leitura em espectrofotometria a 650 
nanômetros, a leitura não poderá passar de 0,010 e, além disso, não pode formar a leitura visível 
na cor azul (MOTTA, 2009).
A determinação da contaminação bacteriana utiliza métodos convencionais da 
microbiologia na qual a quantidade de microrganismos deve ser inferior a 10 UFC/L (MOTTA, 
2009).
A quantidade de substâncias orgânicasdeve ser analisada pela redução do permanganato 
de potássio. Para tal, adiciona-se 0,20 mL de uma solução de KMnO4 0,01 N em 500 mL de água 
a ser analisada. Se em um período de 60 minutos a coloração Violeta permanecer, signi� ca que 
não há substâncias orgânicas na amostra analisada (MOTTA, 2009).
A análise do pH é utilizada para expressar a concentração de íons hidrogênio em uma 
solução. A determinação do pH deve ser feita a 250C. Nesse processo, adiciona-se uma gota de 
solução alcoólica de fenol� aleína a 1% em 10mL de água a ser analisada, ou uma outra metodologia 
que pode ser empregada é a leitura em pHmetro, na qual, um pH 7 indica uma solução neutra; 
soluções com pH inferior a 7 são consideradas ácidos, e acima de 7, são consideradas alcalinas 
(MOTTA, 2009).
A equação de Henderson-Hasselbalch representa um estudo que relaciona o pH de uma 
solução com a quantidade relativa de ácido conjugado e base conjugada presentes (MOTTA, 
2009). O tampão e sistema tampão são soluções resistentes a alterações bruscas de pH quando 
pequenas quantidades de H+ mais ou OH- são adicionadas. Esses tampões são constituídos pelo 
ácido conjugado e a sua base conjugada. Para que um tampão consiga resistir à mudança do pH, 
vai depender de dois fatores: concentração do tampão (molaridade total do par conjugado) e a 
relação molar entre a base conjugada e o ácido conjugado (MOTTA, 2009). 
 Equação de Henderson-Hasselbalch:
1.1 Metodologias Utilizadas Para Determinações Bioquímicas De Amostras 
Biológicas
Para as análises bioquímicas, utiliza-se a fotometria (DEVLIN, 2003; LIMA, A. O.; 
SOARES, J. B.; GRECO, J. B.; GALIZZI, J.; CANÇADO, 2001; MOTTA, 2009; PINTO, 2017; 
RAVEL, 1995; SMITH, C.; MARKS, A. D.; LIBERMAN, 2007; TOY, 2016; WALLACH, 2003. 
Nessa metodologia, ocorre o estudo da medição das grandezas relativas à emissão à recepção e 
à absorção da luz. Existem vários métodos utilizados na bioquímica clínica baseados na análise 
quantitativa da absorção de luz pelas amostras analisadas. Dessa maneira, a quantidade de 
substância absorvente é proporcional à quantidade de luz absorvida. 
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Para a utilização da fotometria, são utilizados instrumentos fotocolorímetros ou espectros 
fotômetros (MOTTA, 2009).
As radiações eletromagnéticas visíveis a olho humano estão entre 380 e 750 nm. Quando 
a luz branca passa através de um prisma, esta se decompõe em diferentes comprimentos de ondas. 
A projeção desses raios emitidos produz uma faixa de cores que varia entre vermelho até violeta, 
o chamado espectro de emissão (MOTTA, 2009). 
Segundo Motta (2009), as soluções são coloridas para o olho humano quando absorvem 
toda a luz incidente com exceção do intervalo de comprimento de onda observado pela visão. 
Desse modo, uma solução azul apresenta essa cor em virtude das demais cores que constituem o 
espectro terem sido absorvidas. Assim, a cor de uma solução é completar a luz absorvida.
 A transmitância é quando um raio de luz monocromático e intensidade de� nida incide 
sobre uma solução colorida e a intensidade da luz emergente é menor que a luz incidente ou em 
outras palavras a luz foi absorvida (MOTTA, 2009).
 A absorbância mede a intensidade da luz que foi absorvida por uma solução corada pela 
redução da medida da intensidade de luz transmitida. Dessa maneira, tem-se que a medida de 
absorção é a absorvância (MOTTA, 2009).
A lei de Bouguer-Lambert demonstra uma relação direta entre a absorvância e a espessura 
da camada, quanto maior a espessura da camada, maior a absorbância. Segundo a lei de Beer-
Lambert, a concentração de uma substância é diretamente proporcional à quantidade de luz 
absorvida ou inversamente proporcional ao logaritmo da Luz transmitida (MOTTA, 2009).
 No laboratório de análises clínicas, a aplicação da lei de Beer-Lambert é utilizada pelo 
emprego do espectrofotômetro, em que são lidas as absorbâncias de uma solução teste, solução 
padrão e é aplicada uma relação (LEHNINGER; COX, 2017; MOTTA, 2009).
Transmitância e absorbância das soluções coloridas são medidas através de fotômetros. 
Esse equipamento utiliza uma fonte luminosa que, por sua vez, apresenta uma lâmpada 
incandescente produtora de luz branca nesse equipamento. É possível utilizar diversos 
comprimentos de onda da região visível. A luz atravessa uma solução colorida presente em uma 
cubeta, parte da luz é absorvida. A luz transmitida tem intensidade menor que a luz incidente; 
na sequência, a fotocélula converte a energia elétrica emitida. Para tal, emite um sinal que pode 
ser lido na escala de galvanômetros em porcentagem de transmitância ou absorvância. Dessa 
maneira, a determinação de absorbância ou transmitância de uma amostra torna indispensável o 
conhecimento da luz incidente e emergente (MOTTA, 2009).
 Para que a leitura da absorbância seja realizada, introduz-se uma cubeta na câmara de 
leitura contendo o solvente, acesse o aparelho para que a absorvância seja gerada na sequência, 
substitua o solvente da cubeta por amostra do paciente e essa absorbância da mesma (MOTTA, 
2009).
As amostras biológicas que podem ser utilizadas para as análises bioquímicas são líquidas, 
secreções, excreções e fragmentos de tecido. Todo material biológico deve ser corretamente 
armazenado para que os resultados das análises encontradas sejam mais próximos do valor real 
(MOTTA, 2009).
O sangue é um tecido complexo, constituído de células sanguíneas, soro ou plasma e 
elementos gasosos como oxigênio e gás carbônico. O procedimento para obtenção do sangue 
para as análises clínicas é chamado de punção venosa ou venipunção ou � ebotomia. O sangue 
pode ser obtido, portanto, por processos chamado de punção venosa, punção arterial e punção 
de pele. Para a maioria das análises, é utilizado o sangue venoso. O sangue arterial é utilizado 
para análise dos gases sanguíneos. Já a punção da pele será utilizada em crianças na região plantar 
lateral do pé em alguns casos (MOTTA, 2009).
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As veias são vasos sanguíneos que circulam da periferia para o centro do sistema 
circulatório, ou seja, o sentido do sangue venoso é das extremidades para o coração. As veias 
podem ser classi� cadas de acordo com o seu calibre. Assim, tem-se veia de grande, médio e 
pequeno calibre e vênulas. Além disso, a localização desses vasos pode ser super� cial ou profunda 
(MOTTA, 2009).
As veias super� ciais são subcutâneas e geralmente visíveis devido à transparência da pele. 
As principais veias utilizadas para punção venosa é a veia basílica mediana e veia cefálica. É 
importante ressaltar que esta última veia é mais susceptível à formação de hematomas. Um outro 
local em que pode ser realizada a punção venosa é o arco venoso dorsal localizado no dorso da 
mão (MOTTA, 2009).
O chamado sangue arterial que circula do coração em direção a todos os tecidos tem 
a sua composição praticamente homogênea em todo o percurso. A coleta de sangue arterial 
geralmente é feita na artéria radial localizada no pulso. Esse tipo de material biológico é útil para 
avaliar o equilíbrio ácido-base (MOTTA, 2009).
O sangue obtido por punção da pele é oriundo das arteríolas, veias e capilares, ou seja, 
tem-se uma mistura de sangue arterial e sangue venoso. Além disso, apresenta � uídos intersticiais 
e intracelulares (MOTTA, 2009).
Para a maioria das análises bioquímicas, utiliza-se soro ou plasma do sangue senão o 
sangue total (DEVLIN, 2003; LIMA, A. O.; SOARES, J. B., GRECO, J. B.; GALIZZI, J.; CANÇADO, 
2001; MOTTA, 2009; PINTO, 2017; RAVEL, 1995; SMITH, C.; MARKS, A. D.; LIBERMAN, 
2007; TOY, 2016; WALLACH, 2003). O plasma, por sua vez, contém aproximadamente 96% de 
água, enquanto sangue total possui 81%, assim as análises bioquímicas feitas no plasma serão 
aproximadamente 12% maior que o valor obtido no sangue total (MOTTA, 2009). Para que o 
sangue, soro ou plasma sejam utilizados,é necessária a coleta de um bom volume de sangue total, 
que corresponde à quantidade e tipos de análises que serão realizadas (MOTTA, 2009).
O sangue é constituído por uma suspensão de células em um líquido rico em proteína 
e sais e pode ser coletado através de um sistema de coleta aberto ou um sistema de coleta a 
vácuo (MOTTA, 2009).  Os tubos utilizados para a coleta de sangue a vácuo possuem diferentes 
anticoagulantes ou aditivos com capacidade de 2 a 20 mL cada, os volumes mais utilizados nos 
tubos para coleta de sangue no sistema a vácuo geralmente é de 5,7 e 10 mL. Esses tubos utilizados 
na coleta a vácuo possuem diferentes aditivos ou anticoagulantes. É importante ressaltar que cada 
tubo com o seu respectivo anticoagulante apresentará uma tampa colorida. Assim temos:  tampa 
amarela: tubos para soro com ativador de coágulo em gel separador; tampa azul: tubos com 
citrato para obtenção de plasma para provas de coagulação; tampa roxa: tubos com EDTA; tampa 
verde: tubos com heparina com ou sem gel separador de plasma; tampa vermelha: tubos para 
soro de vidro siliconizado, e tampa cinza: com � uoreto para determinação da glicose (MOTTA, 
2009). Além disso, a seguinte ordem para a coleta dos tubos branco → azul → vermelho → verde 
→ roxo → cinza deve ser respeitada para que o aditivo presente em um tubo não contamine a 
amostra no tubo seguinte (MOTTA, 2009). 
O soro obtido do sangue total pode ser utilizado nas análises bioquímicas. Esse material 
é obtido através do sangue total sem o tratamento com anticoagulante, ou seja, o processo de 
coagulação ocorre, o material é centrifugado e a parte líquida que é o sobrenadante é conhecido 
como soro. Neste, o processo de coagulação é ativado, ou seja, o � brinogênio é convertido em 
� brina através da ação da trombina e, por isso, o soro é o � brinogênio. Em outras palavras, na 
obtenção do soro, os elementos de coagulação foram mais ativados que consumidos (MOTTA, 
2009). 
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Para a coleta do sangue, é necessário que o paciente esteja em jejum em um período de 8 
a 12 horas. Nesse período, é permitida a ingestão de água. Os materiais necessários para a coleta 
são: álcool 70%, algodão, torniquete, agulha, seringa, tubo de ensaio sem anticoagulante (para a 
obtenção do soro) e ou com o respectivo aditivo no tubo (para a obtenção do plasma) (MOTTA, 
2009). Existem vários fatores que podem interferir nos resultados analisados, como, por exemplo, 
o uso de medicamentos pelo paciente. Os critérios para selecionar uma veia para a punção venosa 
segundo Motta (2009) são:
• Selecionar uma veia que facilmente seja palpável.
• Não escolher ou não utilizar veias que estejam localizadas do mesmo lado em que haja 
histórico de mastectomia cateterismo ou qualquer outro procedimento cirúrgico.
• Que previamente tenha ocorrido em infusão intravenosa.
• Evitar locais com hematoma edema ou contusão.
• Evitar locais em que já tenham sido realizadas múltiplas funções.
• Caso exista uma di� culdade para localizar a veia, pode ser realizada uma compressa 
quente sobre o local, pôr no máximo cinco minutos e localiza-se a veia para que a punção 
venosa seja efetuada.
 A quantidade de material obtida depende da quantidade de exames a que a amostra do 
paciente será submetida. Após a coleta, deve-se colocar um curativo no local e seguir alguns 
cuidados segundo Motta (2009), tais como:
• Caso o paciente seja idoso ou utilize algum tipo de anticoagulante, deve-se fazer uma 
pressão sobre o local funcionado por 3 minutos ou até que o sangue seja estancado.
• Orientar o paciente para não carregar peso com o membro funcionado logo após a coleta.
• Não é necessário massagear o local da punção após o procedimento. 
Para pacientes neonatos e bebês, a microcoleta é um procedimento de escolha para obtenção 
de sangue venoso quando a quantidade ideal de sangue para os tubos a vácuo convencionais não 
é possível. Na microcoleta, o sangue obtido é uma mistura de sangue arteríolas e vênulas, além 
de � uídos e intercelulares e intersticiais, esse sangue pode ser obtido através da função digital e 
função de calcanhar (MOTTA, 2009).
A coleta de material para a gasometria (uma análise bioquímica) utiliza o sangue arterial 
do paciente. O paciente deve repousar por 30 minutos antes do início da coleta. Os materiais 
utilizados para obtenção da amostra são:  seringa para coleta de gases sanguíneos, agulha (calibre 
23), swab com iodo povidona, algodão embebido em álcool 70%, luvas estéreis, gaze estéril e 
recipiente com gelo.  A coleta desse sangue será realizada da seguinte maneira: o local a ser 
puncionado pode ser anestesiado com xilocaína (1 a 2%), na sequência, acopla-se a agulha a uma 
seringa para gasometria heparinizada, cujo material é de plástico ou vidro. Toda a superfície 
interna da seringa deve estar revestida de heparina (1000U/ mL) e o excedente de heparina deve 
ser ejetado através da agulha antes de iniciar a coleta. Escolher o local da punção no paciente, 
fazer a assepsia do local com álcool 70% e selecionar a artéria e puncioná-la em um ângulo de 
30 a 45 graus (artéria Radial), 45 a 60° (para artéria braquial) ou 45 a 90 graus (para artéria 
femoral). Em todas as situações, o bisel da agulha deve ser voltado para cima. A agulha deve ser 
introduzida na artéria selecionada e coletar 2 mL do sangue arterial; após a coleta, retira-se a 
seringa e a agulha e coloca-se gaze estéril sob pressão no local funcionado. 
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A amostra coletada deve ser mantida em gelo. Alguns cuidados para essa coleta são: informar a 
temperatura corpórea do paciente, a amostra deve ser analisada em até 15 minutos após a coleta 
e o local onde a coleta foi realizada deve ser funcionado de 5 a 10 minutos. Os fatores que podem 
in� uenciar nos resultados são: amostra coagulada (deve-se rejeitar a amostra); caso o paciente 
tenha realizado aspiração endotraqueal ou terapia respiratória, o material deve ser coletado no 
mínimo 20 minutos após esses procedimentos; todo o ar presente na seringa deve ser expelido 
antes da coleta para que não se tenha valores falsamente elevados; a amostra deve ser imersa em 
gelo. Além disso, amostras armazenadas a temperatura ambiente tem uma queda acelerada no 
pH; o excesso de heparina na seringa pode reduzir o pH; a elevação do número de leucócitos 
pode colaborar para a diminuição do pH (MOTTA, 2009).
A urina é um material biológico que pode ser utilizado na bioquímica clínica. A 
obtenção desse material biológico é feita pelo próprio paciente a quem deve-se instruir sobre o 
procedimento (MOTTA, 2009). 
Coleta de urina masculina:  expor a glande e lavá-la com água e sabão, secar a região, 
manter o prepúcio retraído; desprezar no vaso sanitário o primeiro jato de urina e, sem interromper 
a micção, urinar diretamente no frasco de coleta até obter um volume entre 20 e 50 mL, a urina 
excedente a esse volume poderá ser descartada no vaso sanitário (MOTTA, 2009).
Coleta de urina feminina: a região urogenital deve ser lavada com água e sabão e secada; 
com o auxílio de uma das mãos limpas, separar os grandes lábios e com a outra mão segurar o 
frasco para a coleta da urina; desprezar o primeiro jato da urina e, sem interrupção, coletar o jato 
médio da urina até o volume de 20 a 50 mL; o restante da urina pode ser desprezado normalmente 
no vaso sanitário. É importante ressaltar que essa coleta deve ser feita em no mínimo 3 a 5 dias 
após o término do sangramento menstrual (MOTTA, 2009).
Em alguns casos especiais, a coleta de urina pode ser realizada com cateter ou com 
aspiração supra púbica. Esse método é utilizado para integração de culturas anaeróbicas ou 
caso tenha um grande risco de contaminantes na amostra ou alguma situação incapacitante do 
paciente (MOTTA, 2009).
A urina, após ser coletada em no máximo 60 minutos, deve ser entregue no laboratório.Caso esse tempo se exceda, a urina deve ser armazenada sob refrigeração 2 a 100C (MOTTA, 
2009). 
    Para a realização de alguns exames bioquímicos, é necessário analisar toda a urina 
excretada em um período de 24h. A primeira urina do dia pode ser desprezada, as demais, em um 
período de 24 horas, serão coletadas no mesmo frasco, este, por sua vez, pode ter conservantes 
quando necessário durante o período da coleta. O frasco deve ser mantido na geladeira. O horário 
em que se iniciou a coleta deve ser anotado e imediatamente após a coleta de 24 horas, o material 
deve ser encaminhado para o laboratório de análises clínicas (MOTTA, 2009). 
1.2 Controle De Qualidade Laboratorial
O laboratório de análises clínicas deve sempre estabelecer um protocolo para controle de 
qualidade que se adeque à rotina de trabalho, aos exames realizados, bem como à equipe. Os itens 
presentes no controle de qualidade devem ser documentados e o mesmo deve estar disponível 
para toda a equipe que realiza a rotina no laboratório de análises clínicas (MOTTA, 2009).
Deve haver um pro� ssional capacitado responsável pelo controle de qualidade, bem como 
deve existir um manual da qualidade e respectiva documentação da qualidade do laboratório 
(MOTTA, 2009).
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A de� nição do controle de qualidade é um sistema dinâmico e complexo que direta ou 
indiretamente todos os setores da empresa devem ser contemplados com o objetivo de melhorar 
e assegurar economicamente a qualidade do produto � nal. O objetivo do controle de qualidade 
é analisar, pesquisar e prevenir quaisquer ocorrências de defeito do controle de qualidade 
(MOTTA, 2009).
O controle de qualidade deve ser capaz de identi� car e eliminar os riscos laboratoriais 
através de programas padronizados e completos, deve abranger controles internos para veri� car 
a dispersão dos resultados internos e externos ao laboratório e comparar os resultados obtidos 
com outros laboratórios. A realização e um controle de qualidade rigoroso fornecem resultados 
laboratoriais con� áveis e de alta utilidade (MOTTA, 2009).  O emprego correto do controle 
de qualidade pode colaborar para minimizar os custos redução dos erros, extinção de perdas, 
racionalizar as atividades. Deve-se lembrar que, para a realização dos exames laboratoriais, tem-
se um conjunto de ações pré-analítica, analítica e pós-analítica que são realizadas no paciente 
ou em sua amostra, assim o controle de qualidade no laboratório deve ser realizado desde a 
preparação do paciente para coleta da amostra até a liberação do laudo (MOTTA, 2009).
Dentre as diversas atribuições do controle de qualidade, encontra-se a seleção de métodos, 
equipamentos, reagentes, equipe, promoção da inspeção contínua das atividades do laboratório 
desde a coleta da amostra até a emissão dos laudos (MOTTA, 2009).
O controle interno de qualidade é um conjunto de procedimentos realizados 
simultaneamente com o exame das amostras clínicas do paciente cujo objetivo é garantir o 
desenvolvimento correto e con� ável da análise laboratorial. O controle externo da qualidade 
é um controle Interlaboratorial, é a determinação do desempenho dos exames laboratoriais 
mediante comparações Interlaboratoriais, cujo objetivo é garantir a análise da amostra o mais 
próximo possível do valor real dos analitos analisados (MOTTA, 2009).
O controle interno da qualidade deve contemplar:
• Monitoramento do processo analítico pela análise das amostras controles registrando 
sempre os resultados obtidos e análise dos dados;
• De� nição dos critérios de aceitação dos resultados por tipo de analito e de acordo com a 
metodologia utilizada;
• Liberação ou rejeição das análises após avaliação dos resultados da amostra controle. 
Segundo Motta (2009), para o estabelecimento do controle interno de qualidade, deve 
estar contido:
• Manual da qualidade e da respectiva documentação;
• Equipe técnica su� ciente e devidamente capacitada;
• Instalação de equipamentos e instrumentos de boa qualidade calibrados e manutenção 
periódica;
• Reagentes de boa procedência;
• Processos analíticos adequados e padronizados;
• Coleta, manipulação e conservação das amostras dos pacientes de maneira adequada;
• Limpeza de todo o equipamento e materiais de maneira adequada;
• Boas condições de trabalho para a equipe.
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Seguem as características de um bom sistema de controle, segundo Motta (2009):
• Fornecer informação exata de cada processo analítico;
• Sensibilidade para detectar variações nas diversas fases de cada processo analítico;
• Simples de implantar e manter bem como interpretar;
• Ser capaz de exibir qualquer tipo de falha;
• Comparar a performance de métodos técnicas e equipamentos.
Henry e Segalove, em 1952, disseminaram os princípios de controle e assim otimizaram 
a utilização de grá� cos com o emprego de amostras-controle estáveis comparadas ao mesmo 
tempo com amostra dos pacientes. Esse sistema de grá� co é conhecido como grá� cos de Levey-
Jennings, através desses grá� cos, é possível identi� car a tendência ao longo do tempo (MOTTA, 
2009). A seguir estão descritas as fases do emprego do grá� co de controle de Levey-Jennings 
(MOTTA, 2009):
• Preparar amostra controle no próprio laboratório ou adquiri-la;
• Analisar amostra controle para o analito no mínimo 20 vezes em 20 dias diferentes;
• Calcular a média e o desvio padrão a partir dos resultados obtidos;
• Preparar para cada analito um grá� co de controle baseado nos critérios laboratoriais;
• Diariamente colocar no grá� co de controle os resultados obtidos pela análise do analito 
na amostra controle;
• Examinar diariamente cada grá� co de controle e se o mesmo se encontra na faixa aceitável 
ou não;
• Caso os resultados estejam além dos controles laboratoriais, deve-se suspender as análises 
bem como cancelar quaisquer resultados dos pacientes até que o problema seja resolvido.
Os grá� cos de controle de Levey-Jennings apresentam vantagens por serem simples, 
baratos, con� áveis, efetivos, além de apresentarem informações rápidas e informarem sobre a 
deterioração de reagentes ou equipamentos. Entretanto, também apresentam desvantagens, 
como, por exemplo: alguns analitos podem apresentar instabilidade na amostra controle, podem 
mascarar erros sistemáticos e também predispor o analista quando ele conhece o resultado 
esperado (MOTTA, 2009).
O controle externo de qualidade consiste em avaliar o desempenho dos sistemas analíticos 
através de análises de padrão de certi� cado e qual foram as comparações entre os laboratórios. 
Esse controle também pode ser chamado de avaliação externa da qualidade (MOTTA, 2009). Para 
tal, utilizam-se amostras- controle cujas concentrações dos diferentes analitos são conhecidas e 
são analisadas pelos laboratórios participantes, após análise das amostras, as concentrações dos 
analitos devem ser próximas ao valor real existente na amostra (MOTTA, 2009).
Acreditação é útil para reconhecer o compromisso, o comprometimento com o controle 
de qualidade bem como treinamento e a performance para os exames realizados. Acreditação de 
laboratórios é um processo contínuo e voluntário, na qual objetiva-se comprovar a utilização de 
um sistema de qualidade. Acreditação tem o objetivo de criar ou melhorar os padrões da prática 
laboratorial reduzindo os riscos e a equipe técnica do laboratório e otimizar a produção de bons 
resultados (MOTTA, 2009). 
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Acreditação é constituída de cinco elementos:  certi� cação, declaração da conformidade pelo 
fornecedor, etiquetagem, inspeção e ensaio. Após a acreditação, periodicamente o laboratório 
será submetido à auditoria para que a continuidade dos padrões determinados seja comprovada 
(MOTTA, 2009).
A avaliação das condições de saúde de um pacienteé decorrente de uma 
avaliação em conjunto com anamnese, exames laboratoriais, exames de imagem 
e desenvolvimento do quadro ou involução do mesmo. Assim, ao atender um 
paciente no laboratório de análises clínicas, as informações a serem obtidas na 
fase pré-analítica do exame são essenciais. 
Além disso, se o paciente faz uso de algum medicamento, tem o diagnóstico de 
alguma comorbidade, deve ser informado, uma vez que esses podem interferir na 
análise do material biológico.
Para mais informações sobre a elaboração dos gráfi cos de controle de qualidade, 
leia: Motta V. Bioquímica clínica para o laboratório - princípios e interpretações. 
Capítulo 4, 2009.
As unidades de medida são extremamente importantes para representar as 
diferentes grandezas. Em um laboratório de análises clínicas, isso é bem visível, 
uma vez que, para concentração dos reagentes, podem ser utilizadas diversas 
unidades de medida como, por exemplo, mg/mL, molar, normal e assim por diante. 
Assim, ao correlacionar dois reagentes ou amostras para uma mesma análise 
com unidades de concentração distintas, em qual unidade de concentração o 
laudo do paciente deveria ser emitido? Além disso, como deverá ser interpretado 
o resultado do analito? 
Um vídeo interessante sobre a punção venosa: Sistema de coleta de 
sangue Biocon diagnósticos. Disponível em: <https://www.youtube.
com/watch?v=fVHLO7CbV7w>. Após assistir a esse vídeo, o aluno 
poderá compreender melhor sobre a coleta de sangue venoso no 
sistema fechado.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS 
A bioquímica clínica analisa diversos exames laboratoriais a � m de avaliar as diversas 
funções orgânicas, tais como: função renal, função hepática, função cardíaca e também analisar, 
diagnosticar comorbidades como, por exemplo, diabetes e dislipidemia.
Para a quanti� cação das amostras biológicas, é feita a leitura da absorvância das amostras, 
para tal, é necessária a utilização de uma amostra controle branco, amostra do paciente e leitura 
por espectrofotometria.
A água reagente é muito utilizada em todos os setores do laboratório de análise clínica 
e pode inclusive ser utilizada no setor de bioquímica clínica. Sendo assim, é necessário ter 
conhecimento sobre a confecção da água reagente bem como a sua manutenção, armazenamento 
e utilização. 
Para o controle de qualidade, são utilizadas diversas técnicas, quer sejam para controle 
interno no laboratório quer sejam controles externos ao laboratório. Colaboram para acreditação 
voluntária do laboratório bem como credibilidade dos laudos das amostras analisadas.
Para a realização dos exames bioquímicos, pode ser necessária a preparação dos reagentes 
de acordo com as instruções do fabricante, para tal, é necessário ter conhecimento sobre as 
unidades de grandeza e como correlacioná-las.
Para que as diversas análises bioquímicas possam ser realizadas em amostras tais como 
sangue total, soro, plasma e urina, podem ser utilizados processos como veremos nos capítulos 
adiante.
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UNIDADE
02
SUMÁRIO DA UNIDADE
INTRODUÇÃO .............................................................................................................................................................23
1. DETERMINAÇÃO E AVALIAÇÃO CLÍNICA DE CARBOIDRATOS ..........................................................................24
1.1 CONHECIMENTOS BÁSICOS ...............................................................................................................................24
1.2 METABOLISMO DOS GLICÍDEOS .......................................................................................................................27
1.3 DESORDENS NO METABOLISMO DE CARBOIDRATOS....................................................................................28
1.3.1 DIABETES MELLITUS (DM) TIPO I, II E GESTACIONAL ................................................................................28
1.4 COMPLICAÇÃO DO DM .......................................................................................................................................31
1.5 DIAGNÓSTICO LABORATORIAL ..........................................................................................................................32
1.6 ACOMPANHAMENTO LABORATORIAL DO PACIENTE DIABÉTICO ................................................................34
2. DETERMINAÇÃO E AVALIAÇÃO CLÍNICA DE LIPÍDIOS .....................................................................................35
2.1 INTRODUÇÃO .......................................................................................................................................................35
DETERMINAÇÃO E AVALIAÇÃO CLÍNICA DE 
CARBOIDRATOS E LIPÍDEOS
PROF.A DRA. SANDRA SAYURI NAKAMURA DE VASCONCELOS
ENSINO A DISTÂNCIA
DISCIPLINA:
BIOQUÍMICA CLÍNICA
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2.2 PERFIL BIOQUÍMICO ..........................................................................................................................................36
2.3 METABOLISMO DOS LIPÍDEOS E DAS LIPOPROTEÍNAS ...............................................................................36
2.4 CLASSIFICAÇÃO DAS DISLIPIDEMIAS ............................................................................................................ 38
2.5 EXAMES LABORATORIAIS UTILIZADOS NO DIAGNÓSTICO, PROGNÓSTICO E ACOMPANHAMENTO DO 
TRATAMENTO DE DISLIPIDEMIAS. .........................................................................................................................47
CONSIDERAÇÕES FINAIS ........................................................................................................................................51
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INTRODUÇÃO
A saúde representa um estado de completo bem-estar físico, mental e social e não consiste 
apenas na ausência de doença ou de enfermidade (BIBLIOTECA VIRTUAL DE DIREITOS 
HUMANOS DA USP - CONSTITUIÇÃO DA ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE (OMS/
WHO) - 1946 | OMS - ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE). Nas últimas décadas, tem-se 
notado uma mudança no hábito de vida das pessoas, quanto aos hábitos de higiene, alimentação, 
pro� ssional entre outros (OLIVEIRA; SEMEAD; 2006).
O diabetes é uma doença crônica caracterizada como uma patologia na qual encontram-
se níveis aumentados de glicose circulantes no sangue, denominada hiperglicemia, ocasionada 
por de� ciência total ou parcial do hormônio insulina, resultando em adaptação metabólica ou 
alteração � siológica em quase
todas as áreas do organismo. Estima-se que o diabetes acomete aproximadamente 463 
milhões de pessoas no mundo, ou seja, a cada onze pessoas, uma é acometida. Estima-se que, em 
2045, 700 milhões de pessoas no mundo estejam diagnosticadas com algum tipo de diabetes. Além 
disso, estima-se que 50% dos casos não são diagnosticados. O Brasil é o quinto país no mundo 
com a maior quantidade de casos diagnosticados com diabetes (SOCIEDADE BRASILEIRA DE 
DIABETES).
Pessoas com diabetes mellitus possuem risco de desenvolver dano, disfunção e falência 
de diversos órgãos, especialmente dos olhos, rins, nervos, coração e vasos sanguíneos. O número 
de internações por diabetes ou por suas complicações possuem um alto custo se comparado 
com internações não relacionadas à doença e suas comorbidades. Acredita-se que a adesão ao 
tratamento em pacientes com diabetes mellitus pode minimizar as complicações em longo prazo 
(GOMES, 2017; QUARTI MACHADO ROSA et al., 2018).
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1. DETERMINAÇÃO E AVALIAÇÃO CLÍNICA DE CARBOIDRATOS
1.1 Conhecimentos Básicos
Para a manutenção das funções vitais, é necessário o fornecimento de energia. A principal 
fonte de energia são os carboidratos (CARVALHO, 2018; LEHNINGER; COX, 2017; MOTTA, 2009; 
VOET, 2013). Existem diversos tipos de carboidratos,esses, por sua vez, podem ser classi� cados 
de acordo com a sua natureza química e quantidade de carbono. Nesse sentido, se um carboidrato 
apresentar aldeído como grupo carbonila, se for algum tipo aldose, da mesma maneira, se o 
grupo carbonila for uma cetona, esse carboidrato será o tipo cetose (MOTTA, 2009). Além disso, 
os carboidratos podem ser classi� cados de acordo com a quantidade de unidades básicas, assim 
podem ser classi� cados em: monossacarídeos, oligossacarídeos e polissacarídeos (LEHNINGER; 
COX, 2017; MOTTA, 2009; SMITH, C.; MARKS, A. D.; LIBERMAN, 2007).
Os monossacarídeos geralmente são a principal fonte de energia dos seres vivos. No 
organismo humano, podem ser encontrados diversos tipos de monossacarídeos, como, por 
exemplo: glicose, frutose e galactose, todos esses citados apresentam seis átomos de carbono.  
Os monossacarídeos apresentam como característica geral serem constituídos por uma única 
unidade poli-hidroxialdeídica ou cetônica contendo entre três a nove átomos de carbono 
(MOTTA, 2009).
Os oligossacarídeos, por sua vez, podem ser representados ou exempli� cados por 
maltose, sacarose e lactose. Nos sacarídeos que formam os oligossacarídeos, estão ligadas entre si 
pontes glicosídicas com dois até dez monossacarídeos (MOTTA, 2009). A maltose, por exemplo, 
é composta por duas moléculas de glicose; a sacarose é constituída por uma molécula de glicose 
ligada à uma molécula de frutose e a lactose, por sua vez, é constituída de uma molécula de 
glicose ligada a uma molécula de galactose (MOTTA, 2009).
Os polissacarídeos são carboidratos que possuem uma massa molecular constituída por 
mais de dez unidades de monossacarídeos que estão ligados entre si através de pontes glicosídicas 
(CARVALHO, 2018; LEHNINGER; COX, 2017; MOTTA, 2009; PINTO, 2017; SMITH, C.; 
MARKS, A. D.; LIBERMAN, 2007; TOY, 2016; VOET, 2013). Esses polissacarídeos podem ser 
classi� cados em homopolissacarídeos ou heteropolissacarídeos, ou seja, se de acordo com a sua 
constituição, se há ou não há mais de um tipo de monossacarídeo (MOTTA, 2009).
Os polissacarídeos são capazes de formar polímeros lineares e rami� cados, como, por 
exemplo, o amido constituído por dois polissacarídeos chamados amilose e amilopectina. Um 
outro exemplo de polissacarídeo é o glicogênio armazenado nos animais e presente no músculo 
e no fígado, sua estrutura é parecida com a estrutura química da amilopectina, a cada 8 a 12 
resíduos de glicose, existem pontos de rami� cação (MOTTA, 2009).
A maioria das necessidades energéticas ou calóricas do organismo é suprida com uma 
dieta de carboidratos que geralmente é muito rica em amido, sacarose e lactose, alguns alimentos 
podem ter glicogênio, maltose e glicose e frutose, que podem ser ingeridos, mesmo que em uma 
porção menor (MOTTA, 2009).
Através da ação enzimática, os polissacarídeos e oligossacarídeos são hidrolisados em 
monossacarídeos no trato digestório, assim o amido e o glicogênio são hidrolisados pela enzima 
α-amilase em maltose e isomaltose, estes, por sua vez, são hidrolisados em glicose. Esse processo 
de hidrólise ocorre na superfície das células da mucosa intestinal. Há também enzimas na luz do 
trato intestinal, como, por exemplo, a sacarase, que tem a capacidade de hidrolisar sacarose em 
glicose e frutose. Da mesma maneira, a enzima lactase quebra a lactose em glicose e galactose 
(MOTTA, 2009). 
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 A glicose, frutose e galactose são os principais monossacarídeos obtidos após a hidrólise 
de algum polissacarídeo e/ou oligossacarídeo e são normalmente absorvidos na luz do lúmen 
do trato gastrointestinal para as células e na sequência serão direcionados para o fígado através 
do sistema porta.  Uma vez que a glicose pode estar no fígado, ela pode ser metabolizada ou 
armazenada na forma de glicogênio. Além disso, o fígado também é capaz de liberar a glicose 
para a circulação sistêmica do organismo, tornando assim disponível a glicose para todas as 
células que compõem o corpo humano.  Se houver a necessidade, a frutose e a galactose podem 
ser transformadas ou hidrolisadas em glicose por exemplo (MOTTA, 2009).  Após a entrada da 
glicose nas células, ela é metabolizada para produzir ATP e os seus metabólitos intermediários 
serão utilizados nos diversos processos biossintéticos (LEHNINGER; COX, 2017; MOTTA, 
2009).
Diante desse cenário, percebe-se a necessidade de ter uma concentração ideal de glicose 
no sangue, esta, por sua vez, é regulada por muitas vias metabólicas com a interferência de 
diversos hormônios. Para a manutenção da concentração ideal de glicose a nível sérico, pode 
ocorrer a glicogênese, ou seja, a conversão de glicose em glicogênio; pode também acontecer 
a glicogenólise, que é de� nida como o desdobramento do glicogênio em glicose. Além disso, 
existem outras fontes para obter a glicose, por exemplo, aminoácidos, glicerol e lactato. Quando 
a glicose vem dessas últimas fontes citadas, dá-se o nome de gliconeogênese. A síntese da glicose 
pode vir de outras hexoses em lactato ou piruvato. A esse processo dá-se o nome de glicólise 
(MOTTA, 2009).
O piruvato pode ser totalmente oxidado em dióxido de carbono e água no ciclo de 
Krebs, conforme a � gura a seguir. Além disso, a cadeia mitocondrial de transporte de elétrons 
que está acoplada à fosforilação oxidativa é capaz de gerar energia para formar ATP (adenosina 
trifosfato). A glicose nesse cenário também é oxidada em dióxido de carbono e água pela via da 
pentose-fosfato, produzindo assim NADPH importante para as reações anabólicas do organismo 
(MOTTA, 2009).
Figura 1 - Ciclo de Krebs. Fonte: Materiais de bio (2020).
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A � gura anterior está disponível em: http://materiais.dbio.uevora.pt/jaraujo/biocel/
respiracao.htm.
A manutenção da quantidade de carboidrato no organismo é regulada pela disponibilidade 
de substrato, modi� cação enzimática e controle hormonal.  Os hormônios podem exercer um 
papel fundamental sobre a manutenção da concentração de carboidratos, da glicose a nível sérico. 
Dentre esses hormônios, tem-se insulina (Figura 2) e glucagon (Figura 3).  
Figura 2 - A ação da insulina. Fonte: Sociedade Brasileira de Diabetes (2020).
Figura 3 – Glicemia/Glucagon e insulina. Fonte: Wikipedia (2020). 
Quando os níveis de glicose no sangue estão elevados, a insulina é liberada para que ela 
reduza a glicemia a nível sérico. Para que isso aconteça, ocorre o aumento da glicogênese que 
ocasiona o aumento da glicólise, aumento da entrada de glicose nas células musculares e adiposas 
e inibição da glicogenólise. O glucagon, por sua vez, é um hormônio que será liberado quando há 
um cenário de estresse ou jejum com o objetivo de aumentar a glicose a nível sérico, isso se dá ao 
aumento da glicogenólise hepática e gliconeogênese (Figura 4).
Além desses dois hormônios, existem outros que podem interferir no metabolismo dos 
carboidratos. A adrenalina é um hormônio produzido pela glândula adrenal e é liberada após os 
estímulos físicos ou stress emocional e tem a capacidade de aumentar a glicemia sérica uma vez 
que inibe a secreção da insulina e favorece o aumento da glicogenólise. 
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Outros dois hormônios produzidos pela glândula adrenal são cortisol e tiroxina, ambos são 
capazes de aumentar a concentração de glicose a nível sérico. O cortisol, por sua vez, aumenta 
a gliconeogênese favorecendo o aumento da absorção intestinal de glicose e aumenta também a 
entrada de glicose nas células. E a tiroxina, por sua vez, aumenta a glicogenólise e gliconeogênese 
é a absorção intestinal da glicose (MOTTA, 2009).
Figura 4 - Gliconeogênese. Fonte: Jacobus (2020).
1.2 Metabolismo dos Glicídeos
A concentração de glicose no sangue pode ser chamada de glicose sérica ou glicemia. A 
concentraçãode glicose no sangue deve se manter apropriada e existem diversos mecanismos 
para regular esse processo. Após uma refeição contendo carboidratos ocorre um aumento na 
quantidade de glicose circulante no sangue, na sequência ocorre nos seguintes processos segundo 
Motta (2009):
a) O fígado é capaz de retirar 70% da glicose que está sendo transportado na circulação 
porta.  Parte dessa glicose que foi retirada pode ser oxidada, parte pode ser convertida em 
glicogênio e este posteriormente poderá ser utilizado em um período de jejum. Caso ocorra um 
excesso de glicose, parte desse pode ser convertido em ácido graxos e triglicerídeos incorporados 
ao VLDL (lipoproteínas de densidade muito baixa) e na sequência poderão ser armazenados no 
tecido adiposo (MOTTA, 2009); 
b) Ocorre a secreção de insulina pelas células β do pâncreas para que a glicose possa ser 
absorvida pelas células. Os tecidos considerados insulino-dependentes (dependem da ação da 
insulina para que a glicose consiga entrar na célula) estão no tecido muscular e adiposo, diafragma, 
aorta, hipó� se anterior, glândulas mamárias e lente dos olhos. Existem também tecidos que não 
precisam da insulina para que ocorra a captação de glicose e estão no cérebro, eritrócitos e nervos 
(MOTTA, 2009): 
c) Os tecidos periféricos têm um aumento da captação de glicose; 
d) A liberação de glucagon é interrompida; 
e) Ocorre a atuação dos seguintes hormônios para a manutenção da glicemia: adrenalina, 
hormônio de crescimento, glicocorticoides e hormônios da tireoide.
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Quando a glicemia está acima dos valores de referência, dá-se o nome de hiperglicemia 
e quando está abaixo recebe o nome de hipoglicemia. Quando a concentração de glicose sérica 
está entre 160 e 180 mg/Dl, parte da glicose é excretada na urina. A presença de glicose na urina 
recebe o nome de glicosúria (MOTTA, 2009).
1.3 Desordens no Metabolismo de Carboidratos
O diabetes melito (DM) é um grupo heterogéneo constituído de distúrbios metabólicos 
que apresentam em comum hiperglicemia.  Essa alta concentração de glicose no sangue é o 
resultado de uma atividade errônea da insulina e/ou da sua secreção (MOTTA, 2009). 
Em condições normais, é aceitável que a concentração da glicose oscile em uma estreita 
faixa de concentração para garantir uma quantidade adequada de nutrientes aos diversos tecidos 
do organismo do corpo humano bem como para proteção contra a neuroglicopenia (MOTTA, 
2009).  
É importante relembrar que a manutenção da concentração da Glicemia é mantida pela 
ação de um hormônio hipoglicemiante chamado insulina e também sobre a ação de alguns 
hormônios hiperglicemiantes como o glucagon cortisol, adrenalina e hormônio do crescimento 
(MOTTA, 2009).  
Quando pacientes com hiperglicemia são negligenciados ou não tratados ou ainda a 
terapêutica não está correta ou quando ainda não foram diagnosticados podem desenvolver 
certo acidose ou coma hiperosmolar. Além disso, com o desenvolvimento do diabetes melito 
descontrolado de maneira crônica, diversas complicações podem acontecer como, por exemplo, 
retinopatia, macroangiopatia, nefropatia e neuropatia (MOTTA, 2009).
1.3.1 Diabetes Mellitus (DM) tipo I, II e Gestacional
Diabetes mellitus tipo 1 (DM1):
Representa aproximadamente 10% dos casos diagnosticados nesse tipo de diabetes em 
que ocorre a destruição das células β pancreáticas e consequentemente leva a uma de� ciência 
ou redução na quantidade de insulina (MOTTA, 2009).  O que pode ocasionar a destruição das 
células β pancreáticas é decorrente de um processo autoimune (MOTTA, 2009). 
Os anticorpos que podem causar essa reação podem estar presentes muito tempo antes do 
diagnóstico, além do componente autoimune diabetes mellitus tipo 1 estar fortemente associado 
com genes do sistema antígeno leucocitário humano HLA. Os alelos de sistema podem favorecer 
ou ter uma ação protetora outra no desenvolvimento do DM1 (MOTTA, 2009). 
Nas células β pancreáticas de maneira rápida ou progressiva é mais comum em crianças, 
caso ocorra em adultos, geralmente será muito lenta e será a referida como latent autoimmune 
diabetes in adults (LADA). O DM1 idiopático é caracterizado pela ausência de marcadores 
de autoimunidade e não pela associação com o sistema HLA. Os pacientes com DM1 podem 
desenvolver acidose e possivelmente apresentar diferentes graus de de� ciência da insulina 
(MOTTA, 2009).
Diabetes mellitus tipo 2 (DM2): 
É caracterizado pela incapacidade progressiva das células β pancreáticas a responder 
para a insulina periférica. Observa-se progressivamente a insulinorresistência em indivíduos 
intolerantes à glicose. A hiperglicemia do DM2 é o resultado e dois mecanismos básicos:  
resistência periférica à ação da insulina e redução ou de� ciência da produção desse hormônio 
(MOTTA, 2009). 
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Existem vários fatores que podem ser considerados predisposição ou ainda como fatores 
que favorecem o desenvolvimento de DM2 como, por exemplo, as características genéticas, 
sobrepeso, obesidade, sedentarismo, envelhecimento, idade maior que 45 anos, HDL-c baixo, 
hipertensão arterial, doença coronariana, DM gestacional prévio, macrossomia, histórias de 
aborto de repetição ou mortalidade perinatal e o uso de medicamentos hiperglicemiantes como, 
por exemplo, corticosteroides, tiazídicos e beta bloqueadores. Esses fatores podem colaborar na 
reserva funcional das células β ou até mesmo na sensibilidade nos tecidos à ação da insulina 
(MOTTA, 2009). 
A perda da função da célula β parece ser precoce ao desenvolvimento de DM2. Em 
condições normais, o pico da insulina ocorre em dois momentos: o primeiro para sinalizar que 
a glicose vinda do próprio alimento deverá ser consumida primeiro e também para indicar ao 
fígado que deve inibir a produção endógena de glicose, e o segundo pico, após a refeição, irá 
atuar na captação de glicose pelas células. Em um indivíduo com DM2, não há o primeiro pico e 
o segundo é atrasado (MOTTA, 2009).
Outros tipos de Diabetes Mellitus:
Existem outros tipos especí� cos de diabetes, mas são menos comuns.  A apresentação 
clínica vai depender das alterações da base como citados a seguir segundo Motta (2009):
• Defeito genético na função das células β;
• Defeitos genéticos na ação da insulina:  resistência à insulina tipo a;
• Doenças do pâncreas exócrino.  
• Como, por exemplo, pancreatite, trauma, processos infecciosos, neoplasias, � brose 
císticas entre outros.
• Endocrinopatias associadas com a produção excessiva do antagonista da insulina, o que 
pode acontecer:
• Induzido por fármacos ou outros agentes químicos, como, por exemplo, toxinas, ácido 
nicotínico, glicocorticoides entre outros;
• Infecções:  rubéola congênita, citomegalovírus, caxumba entre outros;
• Formas incomuns de diabetes autoimune;
• Outras síndromes genéticas que estão associadas ao DM (síndrome de down, síndrome 
de klinefelter, síndrome de Turner e outras). 
Diabetes Mellitus Gestacional (DMG):
Tipo de diabetes consiste em qualquer intolerância a carboidratos  resultando em 
hiperglicemia e o início desse processo ou até mesmo o diagnóstico ocorre durante a gestação.  
DMG é similar ao DM2 (MOTTA, 2009).
 Acontece uma associação na resistência à ação da insulina e também na redução na 
função das células Beta pancreáticas. No estado � siológico em que a gestante está, ocorre uma 
elevação ou aumento da quantidade de hormônios contrarreguladores da insulina devido, por 
exemplo, ao estresse � siológico ocasionado pela gestação ou por outros fatores determinantes 
como, por exemplo, fatores genéticos ou ambientais (MOTTA, 2009). Os valores de referência 
podem ser vistos na Tabela 1.
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Tabela 1 - Valores de referência da glicemia para diabete mellitus gestacional. Fonte:Sociedade Brasileira de Dia-
betes (2020).
Existem diversos hormônios que colaboraram para o desenvolvimento do DMG, dentre 
eles, destaca-se o hormônio lactogênio placentário. Além disso, outros hormônios como, por 
exemplo, o cortisol, estrogênio, progesterona e prolactina também estão envolvidos no processo 
de hiperglicemia do DMG. O DMG pode estar associado ao aumento da morbidade e mortalidade 
perinatal (MOTTA, 2009). 
Segundo Motta (2009), os fatores de risco para o desenvolvimento de DMG são:
• Idade da gestante acima de 25 anos;
• Obesidade e/ou ganho de peso excessivo durante a gestação;
• Deposição excessiva de gordura no tronco;
• Histórico familiar de dm em parentes de primeiro grau;
• Baixa estatura (inferior a 1,5m);
• Tabagismo;
• Síndrome do ovário policístico;
• Crescimento excessivo do feto;
• Hipertensão ou pré-eclâmpsia na gestação;
• Histórico obstétrico com morte fetal ou neonatal ou macrossomia;
• Histórico de DMG em uma gestação prévia.
Caso a gestante tenha desenvolvido DMG e este não for diagnosticado ou não tratado ou 
negligenciado, há um maior risco de rotura prematura da membrana e parto pré-termo. Além 
disso, o feto pode ter apresentação pélvica, maior risco de pré-eclâmpsia (MOTTA, 2009). 
Segundo os estudos epidemiológicos, após a gestação, a maioria das pacientes voltam 
a ter glicemia em concentrações referenciais, no entanto é possível notar uma maior chance de 
desenvolver dm2 até 16 anos após o parto (MOTTA, 2009).
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1.4 Complicação do DM
Segundo Motta (2009), o defeito básico no diabetes melito é a de� ciência insulínica, 
quer seja absoluta ou relativa, afetando assim o metabolismo da glicose e dos lipídios, proteínas, 
potássio e fósforo. Dessa maneira, também é possível notar uma interferência na homeostase do 
sódio da água. Para um paciente de DM1 negligenciado podem ser encontrados cetoacidose, 
distúrbios, ácido-base e hipertrigliceridemia (MOTTA, 2009).
A perda proteica também pode estar associada com DM, uma vez que pode ocorrer uma 
elevação da gliconeogênese, ou seja, como consequência do DM, podem ocorrer distúrbios do 
metabolismo proteico (MOTTA, 2009).
Um desequilíbrio da insulina, glucagon, adrenalina, o processo de lipólise é estimulado 
e consequentemente a liberação de ácidos graxos para circulação e estes, por sua vez, serão 
captados e convertidos em energia, cetonas e triglicerídeos, os quais serão liberados pelo fígado 
na forma de VLDL (MOTTA, 2009). 
 A de� ciência de insulina pode inibir a atividade da lipase proteica reduzindo assim o 
desdobramento e VLDL tanto os quilômetros contribuindo assim para elevação dos níveis de 
triglicerídeos. Entendendo-se assim hoje sobre metabolismo lipídico como uma das consequências 
do DM (MOTTA, 2009).
 Hiperfosfatemia também pode ocorrer devido à captação de potássio pelas células, uma 
vez que à redução da insulina, o potássio deixa as células provocando hiperpotassemia. Parte 
desse potássio é perdido na urina e, como consequência, diurese osmótica e, na sequência, pode 
ocorrer depleção de potássio na ordem de 200 a 400 mmol. Quando se administra uma insulina, é 
possível notar que o potássio extracelular retorna às células resultando assim em hipopotassemia 
severa (MOTTA, 2009). 
A insulina pode estimular a glicólise. Para tal, utiliza fosfato inorgânico elevando assim 
a captação do fosfato pela célula. Na falta de insulina, o íon é liberado das células, contribuindo 
assim para uma hiperfosfatemia, e parte desse fosfato pode ser excretado na urina causando um 
dé� cit para o paciente. Quando ocorre a administração da insulina, percebe-se que o fosfato volta 
para células produzindo uma hipofosfatemia severa (MOTTA, 2009).
 Podem ocorrer distúrbios ácido-base em decorrência da ação da cetoacidose diabética. 
Dessa maneira, os níveis de bicarbonato plasmático podem ser superiores a 5 mmol/L em pH 6,8 
(MOTTA, 2009).
Distúrbios de sódio e da água também podem acontecer. A hiponatremia pode ser em 
consequência da hiperglicemia extracelular.  Além disso, se o paciente tiver uma hiperlipidemia 
pode coexistir uma pseudo-hiponatremia. Caso o paciente tenha uma direta intensa, ele poderá 
também ter uma depressão excessiva do sódio total (MOTTA, 2009).
Segundo Motta (2009), as principais complicações bioquímicas do diabetes mellitus são:
• Cetoacidose diabética;
• Estado hiperglicêmico hiperosmolar;
• Hipoglicemia;
• Acidose lática;
• Doença renal;
• Hiperlipidemia;
• Retinopatia e nefropatia;
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• Hipertensão, doença arterial coronária;
• Doença vascular periférica;
• Doença cerebrovascular, hiperlipidemia, neuropatia;
• Lesões nas extremidades dos membros inferiores. 
1.5 Diagnóstico Laboratorial
Para o diagnóstico, é necessário demonstrar laboratorialmente alterações na concentração 
de glicose no sangue. Além disso, essas alterações podem estar relacionadas segundo Motta 
(2009), a:
• Aumento da glicose plasmática, chamada de hiperglicemia;
• Redução da glicose plasmática, denominada hipoglicemia;
• Concentrações normais ou reduzidas da glicose plasmática acompanhadas de glicosúria.
Para o diagnóstico de DM1, a hiperglicemia normalmente é severa e está geralmente 
acompanhada de distúrbios metabólicos. No caso de Dm2, o diagnóstico deve ser mais criterioso, 
uma vez que podem ser outros interferentes (MOTTA, 2009).
Os exames utilizados para o diagnóstico de DM são: glicemia casual, glicemia de jejum, 
de 2 horas após sobrecarga, glicemia de jejum alterada, tolerância à glicose diminuída. Esses 
exames serão apresentados a seguir de acordo com Motta (2009).
Glicemia casual:
Esse tipo de exame é quando a glicemia é quanti� cada a qualquer momento do dia, 
independentemente do horário em que o paciente se alimentou. Considera-se um valor alterado 
acima de 200 mg/Dl, acompanhado de poliúria e polidipsia (MOTTA, 2009).
Glicemia de jejum:
Nesse tipo de exame, ocorre a determinação da glicose quando o paciente está em jejum 
entre 8 e 12 horas. Glicemia menor que 99 mg/dL é considerada normal, no entanto não exclui o 
diagnóstico de DM (MOTTA, 2009).
Glicemia de 2 horas após sobrecarga:
Em estados � siológicos considerados normais, após a ingestão de carboidratos, a 
glicemia tem a tendência de retornar aos valores de referência (200 mg/dL) em até duas horas. 
Para a realização desse exame, o paciente deve receber uma sobrecarga de 75g de glicose do tipo 
dextrose. Esse exame é composto por uma punção venosa do paciente em jejum e outra punção 
venosa após 2 horas da ingestão de 75g de dextrose (MOTTA, 2009).
Para realização, alguns parâmetros devem ser analisados, pois podem interferir no 
resultado ou interpretação do laudo do paciente, devem ser considerados segundo Motta (2009):
• Período de jejum de 8 horas;
• Ingestão de 150g de carboidrato nos últimos três dias que antecedem o exame;
• Atividade física normal;
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• Não fumar e não caminhar durante a realização do exame, ou seja, no intervalo de 2 
horas entre a ingestão de dextrose e a coleta do sangue para a realização do exame;
• Medicações;
• A ingestão de 75g de dextrose em 250 ou 300 mL deve ocorrer em 5 minutos;
• Amostra de sangue coletada deve ser imediatamente analisada caso não seja possível 
manter sob refrigeração a 4c.
• O material biológico utilizado é o plasma. Para a sua obtenção no tubo de coleta, tem-se 
o aditivo � uoreto. 
Para o diagnóstico de DMG, são utilizados os seguintes critérios: Inicialmente, como 
triagem, é feita a dosagem da glicemia plasmática uma hora após o teste oral, com 50g de dextrose, 
poderá ser realizada entre a vigésima quarta e a vigésima oitava semana de gestação (MOTTA, 
2009).  
Os valores de referência para esse teste são até 140 mg/dL. Poderá ser realizada também

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