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Desafios da bioética: pesquisas com seres humanos, eutanásia e aborto APRESENTAÇÃO No contexto de todas as suas relações (social, política e jurídica), a vida é o bem mais valioso para o ser humano. Nesse cenário, a proteção da vida e da integridade física do ser humano, direitos considerados mais preciosos, a Bioética surge no âmbito da sociedade científica, como proposta de um espaço para se refletir sobre o desenvolvimento e o uso das tecnologias e seu impacto sobre a natureza e a vida humana. Vale ressaltar, que o avanço da medicina rumo à determinação de novos tratamentos clínicos e cirúrgicos bem como de novos métodos de diagnósticos envolve a experimentação em seres humanos e, por isso, as questões relativas à vida e ao viver bem e dignamente têm sido tratadas pela legislação que rege a Bioética como um grande desafio. No que tange a eutanásia e o aborto, o desafio é ainda mais delicado, pois o direito à vida digna trata-se de um direito resguardado na Constituição Federal de 1988, tornando urgentes a definição de quando a vida se inicia e a revisão sobre questões de direito à morte que envolvem os diferentes tipos de eutanásia. Nesta Unidade de Aprendizagem, você aprenderá as fases e principais etapas da pesquisa envolvendo seres humanos, a complexidade do aborto e sua dificuldade em definir o início da vida e os tipos de eutanásia e as suas relações com a Bioética. Bons estudos. Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados: Descrever as fases e principais etapas da pesquisa envolvendo seres humanos.• Analisar o aborto frente à dificuldade de definir o início da vida conforme a política dos direitos humanos. • Identificar os tipos de eutanásia e as suas relações com a Bioética.• DESAFIO O termo eutanásia vem do grego, podendo ser traduzido como "boa morte" ou "morte apropriada". Segundo Platão e Aristóteles, a eutanásia ou o abandono do recém-nascido com deficiências físicas e mentais (visíveis a olho nu) já era praticada pelos gregos; espartanos jogavam os recém-nascidos com deficiências contra as rochas, acreditando estarem concedendo- lhes uma morte rápida. Dessa forma, eutanásia e aborto, em caso de malformações do feto, tornam-se semelhantes: ambas exigem que se decida sobre conceder ou não o direito de "bem morrer". Você, profissional da saúde, foi convocado a integrar a Comissão de Bioética para analisar uma situação protocolada pelo setor de Ginecologia do hospital. Uma paciente, 23 anos de idade, no quarto mês de gravidez, recebeu o diagnóstico de presença de feto anencefálico. Ao ser informada do fato, ela e seu marido solicitaram que fosse interrompida a gravidez, mas os membros do serviço de Ginecologia emitiram pareceres diferentes com relação à melhor conduta a ser tomada e, por isso, foi solicitada uma consultoria ao Comitê de Bioética, visto que, para que o aborto se realize nesse caso, é preciso ter, no mínimo, dois pareceres favoráveis ao aborto, e a paciente só possui um. Durante a reunião do Comitê de Bioética, alguns profissionais defendem o direito da mãe em decidir sobre o seu corpo, defendendo também que, assim, ela será protegida de algum risco relacionado ao processo gravidez-parto e do dano emocional causado pela obrigatoriedade de manter uma gestação indesejada frente a um diagnóstico de sobrevida do bebê, na maioria dos casos, com estimativa de vida de poucas horas a até no máximo dois anos. Outros, baseados no princípio moral de defesa incondicional da vida contraindicam a realização do aborto, alegando, inclusive, a alternativa de prolongar a gestação para usá-lo como doador de órgãos imediatamente após o seu nascimento. Diante das condições expostas, como membro da Comissão de Bioética, emita o seu parecer favorável ou contra o aborto, discorrendo sobre as seguintes questões: 1. É moralmente aceitável indicar o aborto nestas circunstâncias? Justifique. 2. É moralmente aceitável a alternativa de levar a gravidez adiante e eventualmente usar o recém-nascido após sua morte como doador de órgãos? Justifique. INFOGRÁFICO A Pesquisa Clínica é o estudo sistemático que segue métodos científicos aplicáveis aos seres humanos, denominados voluntários ou "sujeitos de pesquisa". Quando realizada com medicamentos, por exemplo, tem o objetivo de verificar efeitos, analisar a absorção, distribuição, metabolismo e excreção com a finalidade de estabelecer a eficácia e a segurança do produto. Visto que a ética em pesquisa científica envolvendo seres humanos implica o respeito pela dignidade humana e a segurança dos participantes, é necessário respeitar suas fases de desenvolvimento, observando-se requisitos necessários, para que a pesquisa evolua de uma a outra. Veja, no Infográfico a seguir, quais são essas fases e o que caracteriza cada uma delas. CONTEÚDO DO LIVRO Um dos princípios da Bioética é o da beneficência, que deve ser entendido como uma dupla obrigação: primeiramente, a de não causar danos; e, em segundo lugar, a de maximizar o número de possíveis benefícios e minimizar os prejuízos. No contexto dos profissionais da saúde, ele refere-se ao dever de agir no interesse do paciente, compreendendo o interesse como aquilo que é o adequado para a sua melhor condição física e psicológica. Para saber mais, acompanhe a leitura do capítulo Desafios da Bioética: pesquisas com seres humanos, eutanásia e aborto da obra Bioética e Biossegurança Aplicada, que serve como base teórica desta Unidade de Aprendizagem. Boa leitura. BIOÉTICA E BIOSSEGURANÇA APLICADA Fernanda Stapenhorst Érica Ballestreri U N I D A D E 2 Desafios da bioética: pesquisas com seres humanos, eutanásia e aborto Objetivos de aprendizagem Ao final deste capítulo, você deve apresentar os seguintes aprendizados: � Descrever as fases e principais etapas da pesquisa envolvendo seres humanos. � Analisar o aborto frente à dificuldade de definir o início da vida con- forme a política dos direitos humanos. � Identificar os tipos de eutanásia e as suas relações com a Bioética. Introdução A vida é o bem mais valioso para o ser humano no contexto de todas as suas relações (social, política e jurídica). Sendo a proteção da vida e da integridade física do ser humano os direitos considerados mais preciosos, a bioética surge no âmbito da sociedade cientifica, como proposta de um espaço para se refletir sobre desenvolvimento e uso das tecnologias e seus impactos na natureza e na vida humana, preocupando-se com todo tipo de intervenção humana. O avanço da medicina rumo à determinação de novos tratamentos clínicos e cirúrgicos e novos métodos de diagnóstico envolve a expe- rimentação em seres humanos, o que torna necessária a avaliação dos projetos de pesquisa antes da sua fase de execução, afim de garantir integridade e dignidade aos participantes. As questões relativas à vida e ao viver bem e dignamente têm sido tratadas pela bioética com grande desafio. No que tange a eutanásia e o aborto, o desafio é ainda mais delicado, pois o direito à vida digna é um direito resguardado pela Constituição Federal de 1988 e com isso precisamos definir quando a vida se inicia, bem como as questões de direito a morte que envolvem os diferentes tipos de eutanásia. Neste texto, você aprenderá conceitos e posicionamentos a respeito dos temas: pesquisa com seres humanos, aborto e eutanásia e suas re- lações com a bioética. Bioética A bioética surge no âmbito da sociedade científica como proposta de um espaço para se refletir sobre o desenvolvimento e o uso das tecnologias, além do seu impacto sobre a natureza e a vida humana. A preocupação da bioética é com todo tipo de intervenção humana e um dos objetivos é apresentar os riscos das possíveis aplicações, oferecendo aos pesquisadores e à sociedade parâmetros para que eles possam julgar e se manifestar sobre a oportunidade do uso das tecnologias. No caso da pesquisa comseres humanos, a ênfase da bioética estará nos efeitos que o projeto desenhado pelo pesquisador terá sobre os participantes. A função prioritária da bioética em pesquisa é proteger o participante, um indivíduo que se submete voluntariamente a um risco. Os três princípios referentes à bioética são os da autonomia, da benefi- cência e da justiça. Todavia, a incidência de um quarto princípio, o da não maleficência, é reconhecida por muitos pesquisadores. O principio da autonomia se reporta à capacidade de autoescolha, que é a possibilidade de alguém tomar suas próprias decisões. As pessoas devem ser reconhecidas como entes capazes de tomar suas próprias decisões, devendo ser prévia e devidamente informadas a respeito dos procedimentos, seus riscos e suas consequências. O princípio da beneficência deve ser entendido como uma dupla obrigação: primeiramente, a de não causar danos; e, em segundo lugar, a de maximizar o número de possíveis benefícios e minimizar os prejuízos. Já o princípio da justiça pode ser resumido no dever da imparcialidade na distribuição dos riscos e dos benefícios inerentes à pesquisa, bem como no tratamento igualitário. Desafios da bioética: pesquisas com seres humanos, eutanásia e aborto2 O princípio da não maleficência é o mais controverso de todos e muitos autores o incluem no princípio da beneficência. Estes justificam essa posição por acharem que, ao evitar o dano intencional, o indivíduo já está, na realidade, visando ao bem do outro. A bioética não possui novos princípios básicos fundamentais. Ela trata da ética já conhecida e estudada ao longo da história da filosofia, porém aplicada a uma série de situações novas, que são causadas pelo progresso das ciências biomédicas. Pesquisa envolvendo seres humanos Sem dúvida, a experimentação com seres humanos é uma das razões de gran- des discussões na bioética se baseia no dilema entre o respeito à dignidade humana e a necessidade de experimentação imposta pelo desenvolvimento tecnocientífico, que representa benefício para a humanidade. No século XVI, Galileu defendeu que a verdade sobre os fenômenos na- turais não deveria ser simplesmente aceita, mas, sim, deveria passar por experimentação sistemática e observação crítica. A partir daí, surgiu o método científico e desde então o número de pessoas que se dedica à pesquisa e à ciência vem aumentando consideravelmente. Tornou necessário, então, serem criadas maneiras de formalizar e legalizar os procedimentos que poderiam ser utilizados e as atitudes que deveriam ser tomadas para que fosse viável e seguro lidar com seres humanos em pesquisas. Entre elas, estão os Comitês de Ética, a Declaração de Nuremberg, de 1947, a Declaração de Helsinque, publicada em 1964, a Resolução do Conselho Nacional de Saúde n. 196/96 e Resolução do Conselho Nacional de Saúde n. 466/12. O Código de Nuremberg foi o primeiro documento específico envolvendo ética na pesquisa com seres humanos, em 1947, e surgiu em função das pes- quisas médicas abusivas que eram praticadas nos campos de concentração durante a Segunda Guerra Mundial. Os médicos que praticavam experimentos negligentes eram levados a julgamento no Tribunal de Nuremberg, porém, os juízes não encontravam disposições éticas ou legais que pudessem servir de subsídios para condenar os médicos, então, a partir daí, foi elaborado um documento contendo 10 itens que passou a ser conhecido como o Código de Nuremberg. Entre os itens do código, podemos destacar o item I – “O consentimento voluntário do ser humano é absolutamente essencial para a inclusão na pes- quisa” – e o item V – “Não deve ser conduzido nenhum experimento quando existirem razões para acreditar que pode ocorrer morte ou invalidez perma- 3Desafios da bioética: pesquisas com seres humanos, eutanásia e aborto nente, exceto, talvez, quando o próprio médico pesquisador se submeter ao experimento”. O código estabelece somente um paciente falante e que tenha autonomia para decidir o que é melhor para si participe e que a ele sejam apresentos pontos referentes a como deve ser conduzida a experimentação, aos direitos do investigado, a quem conduzirá a investigação e à segurança do investigador. Porém, mesmo com a elaboração do código, as práticas abusivas conti- nuaram, por essa razão surgiu a Declaração de Helsinque, elaborada pela Associação Médica Mundial, em 1964, que, após passar por diversas revisões, a última em 2008, foi considerada um guia para os pesquisadores em todo o mundo. Essa declaração traz um conjunto de princípios éticos que orientam a pesquisa com seres humanos e é considerada o primeiro padrão internacional de pesquisa biomédica. O Brasil, até 1988, não dispunha de normas específicas. A orientação para as pesquisas envolvendo seres humanos se baseavam nos documentos inter- nacionais. Assim, em 1987, o Conselho Nacional de Saúde (CNS) iniciou uma análise sobre essa questão e no ano seguinte publicou a Resolução nº 01/88, que abrangia vigilância sanitária, biossegurança e ética (BRASIL, 1988a). Em 1996, essa resolução foi revista e então elaborada a Resolução n. 196/96, que então foi revogada pela Resolução 466/12, que estabelece as normas e diretrizes de pesquisa envolvendo seres humanos e aborda as questões que vão, desde o início do projeto de pesquisa até a operacionalização da pesquisa. Pela resolução, todo projeto de pesquisa em seres humanos que possa conter riscos, entendidos como possibilidade de danos à dimensão física, psíquica, moral, intelectual, social, cultural ou espiritual do ser humano em qualquer fase da pesquisa e em qualquer área do conhecimento, deve ser aprovada antes do início de sua execução por um Comitê de Ética em Pesquisa (CEP). Os CEPs devem ser multidisciplinares, ou seja, não mais da metade dos membros deve pertencer à mesma categoria profissional e é obrigatório ter um representante da comunidade. Esses representantes não serão remunerados. Os CEPs vão atuar analisando os projetos e os acompanhando, de modo a garantir e resguardar a integridade e os direitos dos voluntários. Assim, o pesquisador, ao desenvolver uma pesquisa que envolve seres humanos, deverá enviar o protocolo de pesquisa ao CEP, contendo um conjunto de documentos com a finalidade de comprovar os procedimentos científicos e éticos empregados. O projeto de pesquisa deve ser submetido ao CEP da instituição em que a pesquisa será realizada. Caso a instituição não possua um CEP, o pesquisador deverá submeter o projeto à apreciação do CEP de outra instituição. Ao ser Desafios da bioética: pesquisas com seres humanos, eutanásia e aborto4 aprovado um projeto, o CEP passa a ser co-responsável pelos aspectos éticos da pesquisa. A Comissão Nacional de Ética em Pesquisa (CONEP) é quem controla a atuação dos CEPs e os projetos de pesquisa de interesse à saúde pública e coletiva. Essa comissão é vinculada ao governo. A resolução também exige o respeito à autonomia do ser humano, delegando o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) como documento que envolve os aspectos éticos básicos da pesquisa, que são: � Esclarecer os indivíduos e proteger grupos vulneráveis e os legalmente incapazes (autonomia); � Ponderar entre riscos e benefícios (beneficência); � Comprometer-se com o máximo de benefícios e o mínimo de danos e ris- cos, garantindo que danos previsíveis serão evitados (não maleficência); � Relevância social da pesquisa com vantagens significativas para os sujeitos da pesquisa e a minimização do ônus para os sujeitos vulne- ráveis (justiça). O TCLE visa à aceitação de um tratamento específico ou à experimenta- ção, sabendo da sua natureza, das suas consequências e dos seus riscos, ele assegura todos os direitos e a autonomia dos sujeitos da pesquisa, inclusive o direito a indenizações, ressarcimentos, medicamentos, etc. O participante, após receber explicação completa sobre a natureza da pesquisa, os seus objetivos, os métodos, os benefícios previstose os potenciais riscos, tendo concordado com estes, deverá assinar e receber uma cópia do TCLE e tem o direito de desistir a qualquer momento. O TCLE deve ser redigido em linguagem clara e acessível, conter a jus- tificativa, os objetivos e os procedimentos que serão utilizados na pesquisa e garantir o sigilo e a privacidade dos sujeitos quanto aos dados que possam identificá-los. Ele deverá ser elaborado pelo pesquisador responsável e apro- vado pelo CEP. A pesquisa envolvendo seres humanos deverá observar alguns aspectos, como: � Ser adequada aos princípios científicos e estar fundamentada na ex- perimentação prévia realizada em laboratórios, animais ou em outros fatos científicos; � Ser realizada somente quando o conhecimento que se pretende obter não possa ser obtido por outro meio; 5Desafios da bioética: pesquisas com seres humanos, eutanásia e aborto � Devem, os benefícios, sempre prevalecer aos riscos previstos; � Contar com o consentimento livre e esclarecido do sujeito da pesquisa; � Assegurar a confidencialidade, a privacidade e a proteção da imagem do pesquisado; � Respeitar sempre os valores culturais, sociais, morais, religiosos e éticos quando as pesquisas envolverem comunidades; � Comunicar às autoridades sanitárias os resultados da pesquisa sempre que necessário; � Assegurar a inexistência de conflito de interesses entre o pesquisador e os sujeitos da pesquisa ou patrocinador do projeto. Considera-se que toda pesquisa envolvendo seres humanos tem riscos. Levando isso em conta, esse tipo de pesquisa será admissível quando o risco se justifique pela importância do benefício esperado e que o benefício seja maior, ou no mínimo igual, a alternativas já estabelecidas para prevenção, diagnóstico e tratamento. Além disso, o pesquisador responsável deverá suspender a pesquisa imediatamente ao perceber algum risco ou dano não previsto no termo de consentimento. A responsabilidade de assistência inte- gral às complicações e aos danos decorrentes dos riscos é do pesquisador, do patrocinador e da instituição. Eutanásia A prática da eutanásia é um assunto delicado e que causa discordâncias entre os pontos de vista do direito e da saúde. Aqueles que são contrários se fun- damentam nos princípios religiosos e os da dignidade da pessoa humana; já aqueles de opinião favorável a essa prática médica se baseiam no ponto de vista de que todos merecem uma morte digna, sem dor ou sofrimento, e apontam a vontade do enfermo como algo indiscutível e inviolável. A palavra eutanásia é de origem grega e significa morte doce, morte calma, tendo sido empregada pela primeira vez por Francis Bacon, no século XVII. Segundo Platão e Aristóteles, a eutanásia já era praticada nos povos gregos. A prática da eutanásia ou o abandono do recém-nascido com deficiências físicas e mentais (visíveis a olho nu) já era praticada pelos espartanos, quando eles os jogavam contra as rochas, dando-lhes uma morte rápida. Hoje, o termo se refere ao ato de pôr fim à vida de um doente com o objetivo de cessar os sofrimentos intoleráveis e inúteis. Porém, muito ainda se discute sobre a legalização dessa prática, sendo a Holanda e logo em seguida a Bélgica os pioneiros a legalizá-la. Desafios da bioética: pesquisas com seres humanos, eutanásia e aborto6 No entanto, mesmo a prática da eutanásia sendo legalmente reconhecida em alguns países, muitos cuidados são tomados para se garantir a legitimidade do pedido, entre eles: � O paciente deve reafirmar o pedido várias vezes, ser adulto e estar mentalmente competente; � É necessária a presença de dois médicos para garantir a legitimidade do sofrimento e da irreversibilidade do quadro; � O paciente deve apresentar dor e sofrimento intoleráveis, tanto do ponto de vista físico, quanto psíquico; � O médico que está acompanhando o caso deve ouvir a opinião de outro profissional que não o esteja atendendo. No Brasil, a inviolabilidade do direito à vida é uma das garantias protegidas pela Constituição Federal de 1988. Sendo um dos mais importantes princípios, qualquer violação deve responder diretamente pelo direito penal, em que são oferecidas as regras para que seja regulada a sociedade. Segundo o Artigo 5º da Constituição Federal Brasileira de 1988 (BRASIL, 1988b): Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a in- violabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes: O direito à vida está totalmente relacionado à garantia que cada indivíduo possui de viver dignamente, sem obrigar essas pessoas a penas e torturas, desumanas, tal como desnecessárias. Dessa forma, o direito à vida, por séculos, tem sido considerado como o bem mais significante que alguém possa ter. No direito brasileiro, a eutanásia é vista como homicídio, portanto, ilícita e imputável, pois a morte termina a existência de uma pessoa e, com isso, cessam-se seus direitos. Para as pessoas que advogam a legalização da eutanásia, os grandes medos que a justificam são: � Do sofrimento no momento de morrer: com sufocamento, muita dor e tubos por todo o corpo; � Da degeneração do corpo e de que os familiares o vejam assim; � Do abandono e da solidão na hora da morte; 7Desafios da bioética: pesquisas com seres humanos, eutanásia e aborto � Do não respeito ao desejo de morrer; � Da dependência para as atividades cotidianas. O debate sobre a legalização da eutanásia está cada vez mais presente. A discussão é trazida quando são cometidos abusos terapêuticos, como, por exemplo, manter a todo custo uma vida que está se finalizando. É sempre importante a escuta e a acolhida de alguém que quer encerrar sua vida com dignidade. Por outro lado, existe o temor de que a morte será apressada de modo muito fácil com os chamados excluídos: pobres, idosos, deficientes e psicóticos. Existem dois elementos básicos na caracterização da eutanásia: a intenção do agente e o efeito da ação. A intenção de realizar a eutanásia gera uma ação (eutanásia ativa) e a omissão, isto é, a não realização de uma ação que teria indicação terapêutica naquela circunstância (eutanásia passiva). Do ponto de vista ético, ou seja, da justificativa da ação, não há diferença entre elas, pois ambas levam à morte. Dessa forma a eutanásia ativa seria o ato deliberado de provocar a morte sem sofrimento do paciente, por fins humanitários, e eutanásia passiva seria quando a morte ocorre por omissão proposital em se iniciar uma ação médica que garantiria a perpetuação da sobrevida. Também há a eutanásia duplo efeito, nos casos em que a morte é acelerada como consequência de ações médicas, não visando ao êxito letal, mas, sim, ao alívio do sofrimento do paciente. Há muita dificuldade de diferenciar a eutanásia do suicídio assistido. O que diferencia os dois conceitos é quem realiza o ato. No caso da eutanásia, o pedido é feito para que alguém execute a ação que vai levar à morte; no suicídio assistido, é o próprio paciente que realiza o ato, embora necessite de ajuda para realizá-lo, e com isso se difere do suicídio, quando essa ajuda não é solicitada. A eutanásia pode ser voluntária, não voluntária e involuntária. É vo- luntária quando há expresso e informado consentimento do paciente; não voluntária, quando se realiza sem o conhecimento da vontade do paciente, e involuntária, quando é realizada contra a vontade do paciente. Os casos mais Desafios da bioética: pesquisas com seres humanos, eutanásia e aborto8 comuns da eutanásia não voluntária são os que envolvem pacientes incapazes e pacientes em estado vegetativo persistente. No meio dessa polêmica sobre a abreviação ou o prolongamento do pro- cesso de morrer, cabe uma questão importante: a definição do momento da morte. Atualmente, condição necessária e suficiente para se atestar a morte, já que define um ponto sem retorno no processo de morrer, no quala perda de integração do corpo é definitiva, é a morte encefálica. A morte encefálica é a ausência total das funções cerebrais, coma irreversível, apnéia e reflexos e, nesse caso, a Lei nº 9434, de 1997, em território nacional, permite a retirada de órgãos, tecidos e partes do corpo humano (BRASIL, 1997). O Parecer nº 12/98 (1998 apud KOVÁCS, 2003) do Código de Ética Médica se refere à morte encefálica como o momento do óbito, e a família precisa ser avisada antes do desligamento dos aparelhos ou da não reanimação. Assim, a eutanásia traz à tona dois princípios que se chocam: por um lado, a autonomia do paciente que quer cuidar de seu próprio processo de morte e, por outro, a sacralidade da vida, postulada pelas principais religiões que consideram como transgressão a disposição sobre o próprio corpo. Aborto A questão do aborto vem sendo debatida ao longo do tempo e é sempre com- plexa e polêmica, envolvendo aspectos de alta indagação e englobando campos distintos, como ética, medicina, direito religião e filosofia. Os mais remotos apontamentos de que se tem referência sobre a prática de métodos abortivos foram ainda no século XXVIII antes de Cristo na China. Nos extremos da discussão sobre aborto, há aqueles que defendem o direito à vida a partir do momento da concepção, condenando qualquer tipo de exceção que permita a interrupção da gravidez de forma voluntária. No outro extremo, estão os que admitem a possibilidade de interrupção da gravidez por vontade da mulher em diversas situações. A ideia de que a mulher deve ter assegurado o direito sobre o próprio corpo, entendido como extensão do corpo o feto e que, consequentemente, tem autonomia para interromper uma gravidez indesejada é um dos argumentos mais difundidos atualmente pelos grupos liberais. A existência de legislação punitiva ao aborto não diminui os índices da prática, apenas colabora para que as mulheres mais pobres recorram a métodos pouco seguros de abortamento, o que põe em risco a vida da gestante. 9Desafios da bioética: pesquisas com seres humanos, eutanásia e aborto Na sua definição básica, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), o aborto é a morte embrionária ou fetal, seja ele induzido ou espontâneo, antes de completar 20 semanas ou com peso fetal inferior a 500 g. Os tipos de aborto são: aborto espontâneo e provocado. A literatura médica classifica o aborto como espontâneo ocorre quando há morte na concepção por qualquer causa natural ou devido ao estímulo dos centros contráteis do útero. A maioria dos abortos espontâneos ocorre porque o feto não está se desenvolvendo normalmente. Em alguns casos, o estado de saúde da mãe pode levar ao aborto. Os exemplos incluem: diabetes não controlada, infecções, problemas hormonais, problemas no útero ou no colo do útero. O aborto espontâneo ainda pode ser classificado em: � Aborto iminente – quando a mulher tem um leve sangramento seguido de dores nas costas e cólicas menstruais. � Aborto inevitável – quando há dilatação do útero para expulsão do feto ou embrião, seguido de fortes dores e perda de sangue. Já o outro tipo de aborto é o provocado, que é aquele que leva a expulsão do concepto de maneira intencional, seja por ingestão de medicamentos ou pela introdução de objetos que facilitem a dilatação e o esvaziamento da cavidade uterina. Eles podem ser por aspiração, curetagem, químicos, envenenamento, etc. A lei penal brasileira capitula o aborto como crime contra a vida, estando previsto nos Artigos 124º a 126º do Código Penal, exceto quando há risco de vida para a mãe ou quando a gravidez resulta de um estupro. Dessa forma, no nosso país, o procedimento, quando não ocasionado dentro dos critérios citados, é realizado clandestinamente, sem qualquer controle de higiene e, não raras vezes, por pessoal pouco qualificado, gerando graves complicações na saúde da praticante. A classificação jurídica do aborto legal inclui os tipos de aborto que não constituem crime: Desafios da bioética: pesquisas com seres humanos, eutanásia e aborto10 � Aborto terapêutico, provocado para evitar perigo fatal à vida da ges- tante. Tem que haver risco de vida, não havendo meio de salvá-la, e não apenas dano à saúde ou higidez da mulher � O aborto sentimental ou moral é aquele cuja gravidez é resultante de estupro. � O aborto eugênico é aquele praticado em função de malformação ou de comprometimento fetal e que seja incompatível com a vida. É o caso da anencefalia, que é uma anomalia que torna incompatível a vida do feto destituído de encéfalo, dependente apenas da permanência no ventre materno. Na forma da lei, a vida é considerada cessada tão logo ocorra a morte cerebral (Lei nº 9.434/97 – Lei dos Transplantes de Órgãos), então, não havendo atividade cerebral, não há vida. (BRASIL, 1997). Mas quando realmente começa a vida humana? Será que o embrião resul- tante da fusão dos gametas é apenas uma simples célula com particularidades específicas ou já é um ser humano? Para a maioria das religiões, a vida começa com a fecundação. Segundo o Papa João Paulo II, “o respeito pela vida humana se impõe desde o momento em que começou o processo da concepção, isto é, o ser humano deve ser respeitado como pessoa desde o primeiro instante da sua existência”. Para alguns cientistas, a vida começa na fixação do embrião no útero após a nidação. Outros cientistas defendem que a vida começa quando há a formação do sistema nervoso, uma vez que a morte cerebral marca o fim da vida. E, por outro lado, para vários juristas, a vida começa imediatamente após o parto, quando o bebê passa a ter direitos garantidos pela Constituição. Na discussão bioética do aborto, há de um lado os defensores da autonomia do indivíduo e por conseguinte a autonomia da vida reprodutiva, e, de outro lado, os defensores da heteronomia da vida, do sentido filosófico da existência e da visão sagrada e intocável da vida. É uma questão recheada de influências socioculturais e morais de cada sociedade e do tempo histórico, que se mostra com um desafio para os pesquisadores do assunto. 11Desafios da bioética: pesquisas com seres humanos, eutanásia e aborto 1. A criação de diretrizes para as práticas em pesquisa científica com seres humanos tem por objetivo criar um padrão ético entre pesquisadores e instituições do país. Em relação a essas exigências e diretrizes, qual a alternativa correta? a) A responsabilidade de assistência integral às complicações e danos decorrentes dos riscos é do Comitê de Ética em Pesquisa. b) Os projetos de pesquisa devem ser submetidos à avaliação de um Comitê de Ética em Pesquisa que, uma vez aprovado, torna-se corresponsável nos cuidados éticos com os participantes do estudo. c) De acordo com o Conselho Nacional de Saúde, o termo de consentimento livre e esclarecido deverá ser elaborado pelo Comitê de Ética em Pesquisa. d) Nas pesquisas científicas envolvendo seres humanos é indicado o uso de um Termo de Consentimento Livre e Esclarecido a ser assinado somente pelo pesquisador e entregue ao sujeito da pesquisa com o objetivo de comprovar sua participação na pesquisa. e) O Código de Nuremberg elaborado pela Associação Médica Mundial em 1964 é considerado o 1º padrão internacional da pesquisa biomédica que orienta a pesquisa com seres humanos. 2. A palavra eutanásia tem origem grega e significa “morte sem dor” ou “boa morte”. Quando a prática tem por objetivo reduzir o sofrimento e o tempo de vida de um paciente, através de acompanhamento médico, quando a morte é acelerada como consequência de ações médicas não visando ao êxito letal, mas sim ao alívio do sofrimento do paciente estamos falando da eutanásia de qual tipo? a) Eutanásia não voluntária. b) Eutanásia involuntária. c) Eutanásia ativa. d) Eutanásia passiva. e) Eutanásia de duplo efeito. 3. Um ginecologista realizou o procedimento de curetagem em uma amiga, para interromper a gravidez a pedido dela, causando aexpulsão do embrião. Qual o tipo de aborto praticado? a) Aborto eugênico. b) Aborto sentimental. c) Aborto iminente. d) Aborto provocado. e) Aborto inevitável. 4. Considerando os aspectos ético-legais envolvidos na pesquisa científica, assinale a alternativa correta: a) Uma vez aceitada a participação na pesquisa, os participantes não terão o direito de abandoná-la. b) O princípio ético da justiça estabelece que um participante voluntário da pesquisa pode assumir riscos em favor do bem coletivo. Desafios da bioética: pesquisas com seres humanos, eutanásia e aborto12 c) O pesquisador deve esclarecer os indivíduos e proteger grupos vulneráveis e os legalmente incapazes – Princípio da não maleficência. d) O princípio ético da autonomia preceitua liberdade individual para os participantes determinarem suas decisões, tomadas conforme os valores e as convicções pessoais. e) A distribuição dos riscos e benefícios inerentes à pesquisa, bem como no tratamento igualitário aos iguais diz respeito ao princípio da beneficência. 5. Uma grávida recebe recomendação médica para ficar de repouso, caso contrário, poderia sofrer um aborto. No entanto, ela não consegue liberação no trabalho e acaba indo trabalhar. Em dois dias ela sofre o aborto. Em relação à sua culpabilidade, a mulher, em tese: a) Não praticou crime algum. b) Praticou o crime de aborto doloso. c) Praticou o crime de aborto culposo. d) Praticou o crime pela aceleração do parto. e) Praticou o crime de desobediência. 13Desafios da bioética: pesquisas com seres humanos, eutanásia e aborto BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Bra- sília, DF, 1988b. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/ constituicao.htm>. Acesso em: 26 set. 2017. BRASIL. Resolução n. 466, de 12 de dezembro de 2012. Brasília, DF, 2012. Disponível em: <http://conselho.saude.gov.br/resolucoes/2012/reso466.pdf> Acesso em 17/02/2019. BRASIL. Conselho Nacional de Saúde. Resolução nº 001, de 1988. Brasília, DF, 1988a. BRASIL. Lei nº 9.434, de 4 de fevereiro de 1997. Dispõe sobre a remoção de órgãos, te- cidos e partes do corpo humano para fins de transplante e tratamento e dá outras providências. Brasília, DF, 1997. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/ leis/L9434.htm>. Acesso em: 26 set. 2017. BRASIL. Resolução nº 196, de 10 de outubro de 1996. Brasília, DF, 1996. Disponível em: <http://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/cns/1996/res0196_10_10_1996.html>. Acesso em: 26 set. 2017. KOVÁCS, M. J. Bioética nas questões da vida e da morte. Psicologia USP, São Paulo, v. 14, n. 2, p. 115-167, 2003. Leituras recomendadas ÁVILA, L. A. S. Aborto: debate social e aspectos jurídicos. In: ENCONTRO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA, 2015, Toledo. Anais eletrônicos... Disponível em: <http://intertemas.unito- ledo.br/revista/index.php/ETIC/article/viewFile/4836/4589>. Acesso em: 26 set. 2017. GUILHEM, D. OLIVEIRA, M. L. C.; CARNEIRO, M. H. S. Bioética, pesquisa envolvendo seres humanos. 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DICA DO PROFESSOR O aborto, apesar de ser tema de debate recorrente no que diz respeito à políticas públicas, ainda segue sendo compreendido por uma grande parcela da sociedade apenas como a interrupção da vida, fazendo com que toda a complexidade envolvida acabe sendo deixada de lado, contribuindo para que ele se configure muito mais como um tema moral controverso do que de saúde pública. Acompanhe, no vídeo seguinte, uma reflexão sobre o tema, conhecendo o que prevê a legislação brasileira em caso de aborto. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! EXERCÍCIOS 1) A criação de diretrizes para as práticas em pesquisa científica com seres humanos tem por objetivo criar um padrão ético entre pesquisadores e instituições do país. Em relação a essas exigências e diretrizes, qual a alternativa correta? A) A responsabilidade de assistência integral às complicações e danos decorrentes dos riscos é do Comitê de Ética em Pesquisa. B) Os projetos de pesquisa devem ser submetidos à avaliação de um Comitê de Ética em Pesquisa que, uma vez aprovado, torna-se corresponsável nos cuidados éticos com os participantes do estudo. C) De acordo com o Conselho Nacional de Saúde, o termo de consentimento livre e esclarecido deverá ser elaborado pelo Comitê de Ética em Pesquisa. Nas pesquisas científicas envolvendo seres humanos, é indicado o uso de um Termo de Consentimento Livre e Esclarecido a ser assinado somente pelo pesquisador e entregue ao D) sujeito da pesquisa com o objetivo de comprovar sua participação na pesquisa. E) O Código de Nuremberg, elaborado pela Associação Médica Mundial em 1964, é considerado o 1o padrão internacional da pesquisa biomédica que orienta a pesquisa com seres humanos. 2) A palavra eutanásia tem origem grega e significa "morte sem dor" ou "boa morte". Quando a prática tem por objetivo reduzir o sofrimento e o tempo de vida de um paciente, através de acompanhamento médico, quando a morte é acelerada como consequência de ações médicas não visando ao êxito letal, mas sim ao alívio do sofrimento do paciente estamos falando da eutanásia de qual tipo? A) Eutanásia não-voluntária. B) Eutanásia involuntária. C) Eutanásia ativa. D) Eutanásia passiva. E) Eutanásia de duplo efeito. 3) Um ginecologista realizou o procedimento de curetagem em uma amiga, para interromper a gravidez a pedido dela, causando a expulsão do embrião. Qual o tipo de aborto praticado? A) Aborto eugênico. B) Aborto sentimental. C) Aborto iminente. D) Aborto provocado. E) Aborto inevitável. 4) Considerando os aspectos ético-legais envolvidos na pesquisa científica, assinale a alternativa correta: A) Uma vez aceitada a participação na pesquisa, os participantes não terão o direito de abandoná-la. B) O princípio ético da justiça estabelece que um participante voluntário da pesquisa pode assumir riscos em favor do bem coletivo. C) O pesquisador deve esclarecer os indivíduos e proteger grupos vulneráveis e os legalmente incapazes – Princípio da Não Maleficência. D) O princípio ético da autonomia preceitua liberdade individual para os participantes determinarem suas decisões, estas tomadas conforme os valores e as convicções pessoais. E) A distribuição dos riscos e benefícios inerentes à pesquisa, bemcomo no tratamento igualitário aos iguais, diz respeito ao princípio da beneficência. 5) Uma grávida recebe recomendação médica para ficar de repouso, caso contrário, poderia sofrer um aborto. No entanto, ela não consegue liberação no trabalho e acaba indo trabalhar. Em dois dias, ela sofre o aborto. Em relação à sua culpabilidade, a mulher em tese: A) Não praticou crime algum. B) Praticou o crime de aborto doloso. C) Praticou o crime de aborto culposo. D) Praticou o crime pela aceleração do parto. E) Praticou o crime de desobediência. NA PRÁTICA Não há ainda um consenso internacional quando o assunto é a eutanásia. Desde 1934, por exemplo, o Uruguai tolera a morte assistida, permitindo que a Justiça não penalize quem comete o homicídio piedoso. Apesar disso, a prática não é legalizada. A Colômbia, desde 1997, segue a mesma lógica. No Brasil, no entanto, a eutanásia é ilegal e considerada antiética pelo código de medicina. A Europa é o continente onde mais países permitem o suicídio assistido. Na Bélgica – onde a prática é legalizada desde 2002 – é permitida inclusive a eutanásia de crianças desde que o paciente compreenda o "lado irreversível da morte" – o que é julgado por uma equipe de médicos e psicólogos – desde que ambos os pais deem seu consentimento. Na Holanda, menores também podem optar pela morte, mas é preciso ter a idade mínima de 12 anos. Além dos dois, Suíça, Alemanha, Áustria e Luxemburgo também legalizaram a eutanásia. Nos Estados Unidos, atualmente, cinco Estados autorizam a prática: Oregon, Washigton, Vermont, Montana, Texas. O debate público é um meio importante para levar os países à legalização ou descriminalização da prática. Frequentemente, aparecem na mídia casos que comovem uma nação inteira, permitindo que o tema seja amplamente debatido e o que pensa-se sobre a vida e a dignidade humana, repensado. Um exemplo recente é o caso de Vincent Humbert, um jovem bombeiro que comoveu a França, mobilizando todos que lutam pelo direito à eutanásia. Acompanhe o caso, clicando na imagem a seguir. Com o caso de Vincent, o debate acentuou-se tanto na França que, hoje, a eutanásia assistida já não é mais criminalizada, além de também já ser permitido a sedação terminal – direito dos pacientes em fase terminal ou com uma doença grave e incurável a uma sedação profunda e prolongada até a morte, com a suspensão concomitante de todo tipo de tratamento que vise prolongar a vida de forma artificial. SAIBA MAIS Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do professor: Pesquisa com Seres Humanos Veja neste vídeo, uma reportagem onde o apresentador Paulo Bellardi conversa sobre o tema, suas implicações e a ética aplicada a esse tipo de estudo. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! Eutanásia Acompanhe por meio da leitura deste artigo, uma discussão à luz do direito, da ética e da religião, acerca das circunstâncias dos pacientes terminais, com expectativa de morrer e de que forma o Ordenamento Jurídico Brasileiro trata essas práticas. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! O Brasil deve descriminalizar o aborto? Veja, com a leitura desta matéria, diferentes visões sobre um tema ainda tão controverso como o aborto, refletindo se o Estado deve ou não limitar o direito da mulher de interromper uma gestação. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! Resolução n.º466, de 12 de Dezembro 2012 Neste link você terá acessoa Resolução que aprova diretrizes e normas regulamentadoras de pesquisas envolvendo seres humanos. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! Resolução n.º510, de 07 de abril de 2016 Esta Resolução dispõe sobre as normas aplicáveis a pesquisas em Ciências Humanas e Sociais cujos procedimentos metodológicos envolvam a utilização de dados diretamente obtidos com os participantes ou de informações identificáveis ou que possam acarretar riscos maiores do que os existentes na vida cotidiana, na forma definida nesta Resolução. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! Entenda o que é Eutanásia, Ortotanásia e Distanásia Neste artigo você verá qual a diferença destes termos que definem formas de abordagem médica em relação à morte do paciente. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! Distanásia - Revista Bioética - CFM Este artigo procura refletir sobre uma questão contemporânea sempre mais polêmica, qual seja, a distanásia (obstinação terapêutica). Iniciamos definindo o que se entende por distanásia, analisando a combinação tecnociência e medicina. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino!
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