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Manejo da Covid-19 na APS Contextualização Os coronavírus (CoV) compõem uma grande família de vírus Conhecidos desde meados dos anos 1960 Causam infecções respiratórias em seres humanos e em animais Quadro clínico: doenças respiratórias leves a moderada, semelhantes a um resfriado comum, até quadros respiratórios graves A maioria das pessoas se infecta com os coronavírus comuns ao longo da vida, sendo as crianças pequenas mais propensas a se infectarem Os tipos de coronavírus conhecidos até o momento são: Alpha coronavírus 229E e NL63 Beta coronavírus OC43 e HKU1 SARS-CoV (causador da Síndrome Respiratória Agura Grave ou SARS) MERS-CoV (causador da Síndrome Respiratória do Oriente Médio ou MERS) COVID-19: novo tipo de vírus do agente coronavírus, chamado de novo coronavírus, que surgia na China em 31/12/2019 É um vírus zoonótico A OMS reconheceu em 11/03/2020 a covid-19 como pandemia O Ministério da Saúde (MS) reconheceu a existência de transmissão comunitária em 20/03/2020 Estratégia “O Brasil conta comigo”: a instituição de ensino superior juntamente com a secretaria de saúde tinham que aderir para que os alunos de medicina do 5º e 6º se inscrevesse através de um formulário para ajudar no enfrentamento da covid como se fosse o internato, mas ganhavam uma bolsa e as horas eram validadas nos módulos de clínica médica, pediatria e saúde coletiva -> terminou em 2020. A infecção humana pelo 2019-nCov é uma emergência de saúde pública de importância internacional - evento de notificação imediata em até 24 horas. Definições de Caso Suspeito Síndrome Gripal (SG): indivíduo com quadro respiratório agudo, caracterizado por pelo menos 2 dos seguintes sinais e sintomas: febre (mesmo que referida), calafrios, dor de garganta, dor de cabeça, tosse, coriza, distúrbios olfativos ou gustativos. Perda de olfato e paladar quando não há relatos anteriores, já pode ser considerado mesmo que não haja demais sintomas associados. Em crianças, além dos itens anteriores considera-se também a obstrução nasal, na ausência de outro diagnóstico específico Em idosos, deve-se considerar também critérios específicos de agravamento como síncope, confusão mental, sonolência excessiva, irritabilidade e inapetência Na suspeita de COVID, a febre pode estar ausente e sintomas gastrintestinais (diarreia) podem estar presentes Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG): indivíduos com SG que apresente dispneia/desconforto respiratório ou pressão persistente no tórax ou saturação de O2 menor que 95% em ar ambiente ou coloração azulada dos lábios ou rosto Em crianças, além dos itens anteriores, observar os batimentos da aleta nasal, tiragem intercostal, desidratação e inapatência Como referenciar Sintomas leves e sem fator de risco - orientação: ficar em casa Sintomas leves, com fator de risco ou sintomas moderados: procurar UBS de referência ou centro de referência da COVID-19 Sintomas graves: acionar transporte sanitário (ambulância/SAMU) e encaminhar para UPA Notificação compulsória Como notificar? Casos de SG, de SRAG hospitalizado e óbito por SRAG, independente da hospitalização que atendam à definição de caso Indivíduos assintomáticos com confirmação laboratorial por biologia molecular ou imunológico de infecção recente por COVID- 19 Quemdeve notificar? Profissionais e instituições de saúde do setor público ou privado, em todo o território nacional, segundo legislação nacional vigente Quando notificar? Devem ser notificados dentro do prazo de 24 horas a partir da suspeita inicial do caso ou óbito Após a notificação, deve ser preenchido o termo de isolamento e declaração de familiares - se alguém se recusar a assinar, pode ser feito um boletim de ocorrência porque é um comprometimento da coletividade Unidades públicas e privadas devem notificar os casos de SG por meio do sistema e-SUS Notifica. Testes para COVID-19 RT-PCR: detecta partículas virais Teste de coleta do swab nasal e de orofaringe Do 3º ao 7º dia de sintomas Pré-requisito: notificação de SG + pedido médico em 2 vias Teste rápido de antígeno: a partir do 1º ao 3º dia de sintomas Onde fazer: centro de atendimento para o enfrentamento da COVID Descrição epidemiológica de caso Infecção respiratória aguda causada pelo coronavírus SARS-CoV-2, potencialmente grave, de elevada transmissibilidade e de distribuição global Agente etiológico: o SARS-Cov-2 é um betacoronavírus descoberto em amostras de lavado broncoalveolar obtidas nos núcleos de pacientes com pneumonia de causa desconhecida na cidade de Wuhan, província de Hubei, China, em dezembro de 2019. Pertence ao subgênero Sarbecovírus da família Coronaviridae e é o sétimo coronavírus a infectar seres humanos. Reservatórios Os coronavírus são uma grande família de vírus comuns em muitas espécies diferentes de animais, incluindo o homem, camelos, gado, gatos e morcegos. Raramente os coronavírus de animais podem infectar pessoas e depois se espalhar entre seres humanos como ocorre com o MERS-CoV e o SARS-CoV. Modo de transmissão De acordo com as evidências atuais, a transmissibilidade do SARS-CoV-2 ocorre principalmente entre pessoas por meio de gotículas respiratórias ou contato com objetos e superfícies contaminados A transmissão por meio de gotículas ocorre quando uma pessoa permanece em contato (a menos de 1 metro de distância) com uma pessoa infectada quando ela tosse, espirra ou mantém contato direto como, por exemplo, aperto de mãos, seguido do toque nos olhos, nariz ou boca. Período de incubação O período de incubação é estimado entre 1 a 14 dias, commediana de 5 a 6 dias Período de transmissibilidade Evidências atuais sugerem que a maioria das transmissões ocorre de pessoas sintomáticas para outras, quando os EPIs não são utilizados adequadamente. Também já é conhecido que alguns pacientes podem transmitir a doença durante o período de incubação, geralmente de 1 a 3 dias antes do início dos sintomas e existe a possibilidade de transmissão por pessoas que estão infectadas e eliminando vírus, mas que ainda não desenvolveram sintomas (transmissão pré- sintomática) Susceptibilidade e imunidade A susceptibilidade é geral por ser um vírus novo Sobre imunidade, ainda não se sabe se a infecção em humanos irá gerar imunidade contra novas infecções e se essa imunidade é duradoura por toda a vida Manifestações clínicas A infecção pelo SARS-CoV-2 pode variar de casos assintomáticos e manifestações clínicas leves, até quadros de insuficiência respiratória, choque e disfunção de múltiplos órgãos, sendo necessária atenção especial aos sinais e sintomas que indicam piora do quadro clínico que exijam a hospitalização do paciente. Complicações Embora a maioria das pessoas com COVID-19 desenvolvem sintomas leves ou moderados, aproximadamente 15% podem desenvolver sintomas graves que requerem suporte de oxigênio, e cerca de 5% podem apresentar a forma grave com complicações como falência respiratória, sepse e choque séptico, tromboembolismo e/ou falência múltipla de órgãos, incluindo lesão hepática ou cardíaca aguda. Casos confirmados de COVID-19 Por critério clínico-imagem: caso de SG ou SRAG ou óbito por SRAG que não foi possível confirmar por critério laboratorial e que apresente pelo menos uma das seguintes alterações tomográficas: Opacidade em vidro fosco periférico, bilateral, com ou sem consolidações ou linhas intralobulares visíveis (“pavimentação”) Opacidade em vidro fosco multifocal de morfologia arredondada com ou sem consolidação ou linhas intralobulares visíveis (“pavimentação”) Sinal de Halo reverso ou outros achados de pneumonia em organização (observados posteriomente na doença) Por critério laboratorial: caso de SG ou SRAG com teste de: Biologia Molecular: resultado detectável para SARS-CoV-2 realizados pelos seguintes métodos: RT-PCR em tempo real - padrão ouro RT-LAMP - auto coleta da saliva - resultado de 60 min à 24 horas Imunológico: resultado reagente para IgM, IgA e/ou IgG realizados pelos seguintes métodos Ensaio imunoenzimático (Elisa) Imunocromatografia (teste rápido) para detecção de anticorpos Imunoensaio por eletroquimioluminescência (Eclia) Imunoensaio por quimioluminescência (Clia) Obs: considerando a história natural da COVID-19 no Brasil, um resultado isolado de IgG reagente não deve ser considerado como teste confirmatório para efeitos de notificação e confirmação do caso. Um resultado IgG reagente deve ser usado como critério laboratorial confirmatório somente em indivíduos não vacinados, sem diagnóstico laboratorial anterior para COVID e que tenham apresentados sinais e sintomas compatíveis, no mínimo 8 dias antes da realização desse exame. Essa orientação não é válida para inquérito sorológico. Pesquisa de antígeno: resultado reagente para SARS-CoV-2 pelo método de imunocromatografia para detecção de antígeno - a detecção baseada em antígeno deve ser priorizada para diagnóstico da infecção pelo vírus da COVID em casos sintomáticos Por critério laboratorial em indivíduo vacinado contra COVID: indivíduo que recebeu vacina contra COVID-19 e apresentou quadro posterior de SG ou SRAG com resultado de exame: Biologia molecular: resultado detectável para SARS-CoV-2 realizado pelos seguintes métodos: RT-PCR em tempo real e/ou RT- LAMP Pesquisa de antígeno: resultado reagente para SARS-CoV-2 pelo método de imunocromatografia para detecção de antígeno Tendo em vista a resposta vacinal esperada com produção de anticorpos, os testes imunológicos não são recomendados para diagnósticos de COVID em indivíduos vacinados contra COVID, independente do número de doses recebidas Indivíduo assintomático com resultado de exame: Biologia molecular: resultado detectável para SARS-CoV-2 realizado pelos seguintes métodos: RT-PCR em tempo real e/ou RT- LAMP Pesquisa de antígeno: resultado reagente para SARS-CoV-2 pelo método de imunocromatografia para detecção de antígeno Caso de SG descartado para COVID-19: caso de SG para o qual houve identificação de outro agente etiológico confirmado por método laboratorial específico, excluindo-se a possibilidade de uma co-infecção ou confirmação por causa não infecciosa, atestada pelo médico responsável Ressalta-se que um exame negativo para COVID isoladamente não é suficiente para descartar um caso para COVID O registro de casos descartados de SG para COVID deve ser feito no e-SUS notifica CID-10 CID-19 para a COVID - 1912 B34.2 - infecção por coronavírus de localização não especificada U07.1 - COVID-19, vírus identificado, clínico epidemiológico. É atribuído a um diagnóstico clínico ou epidemiológico de COVID-19, em que a confirmação laboratorial é inconclusiva ou não está disponível Z20.9 - Contato com exposição à doença transmissível não especificada Isolamento domiciliar Orientações para isolamento: SG- recomenda-se o isolamento domiciliar, supendendo-o após 10 dias do início dos sintomas,desde que passe 24 horas de resolução de febre sem uso de medicamentos antitérmicos e remissão dos sintomas respiratório Para indivíduos assintomáticos confirmados laboratorialmente para COVD-19, deve-se manter isolamento, suspendendo-o após 10 dias da data de coleta da amostra Os casos encaminhados para isolamento deverão continuar usando máscara e manter a etiqueta respiratória, sempre que for manter contato com outros moradores da residência, mesmo adotando o distanciamento social recomendado pelo menos um metro. Neste período, também é importante orientar ao caso em isolamento, a limpeza e desinfecção das superfícies Os contatos domiciliares dos casos índices deveram permanecer em isolamento por 14 dias Contato: é qualquer pessoa que esteve em contato próximo a um caso confirmado de COVID-19 durante o seu período de transmissibilidade, ou seja, entre 2 dias antes e 10 dias após a data de início dos sinais e/ou sintomas do caso confirmado. Contato próximo: deve-se considerar contato próximo a pessoa que: Esteve a menos de 1m de distância, por um período mínimo de 15 minutos, com um caso confirmado Teve contato físico direto com um caso confirmado É profissional da saúde que prestou assistência em saúde ao caso de COVID sem utilizar EPIs, conforme preconizado, ou com EPIs danificados Seja contato domiciliar ou residente na mesma casa/ambiente de um caso confirmado Medidas de prevenção e controle Higienização de mãos Etiqueta respiratória Uso de máscaras Distanciamento social Medidas farmacológicas A suplementação de vitaminas deve ser avaliada individualmente Não é recomendado o uso de corticoide na fase inicial da doença, o mesmo mostrou-se benéfico somente em situações especiais (pacientes com necessidade de suplementação de oxigênio ou em VM) Não recomendamos profilaxia com nenhuma dessas medicação aos contactantes e nem a população geral A prescrição da medicação é ato médico Considerando que a prescrição de todo e qualquer medicamente é prerrogativa do médico, e que o tratamento do paciente suspeito ou portador de COVID deve ser baseado na autonomia do paciente ou de seu responsável legal, caso o paciente esteja incapacitado ou seja menor de idade, por meio do termo de consentimento livre e esclarecido Novas variantes do SARS-CoV-2 O SARS-CoV-2 possui tendência a se transformar constantemente por meio de mutações, que são eventos naturais e esperados dentro da evolução de um vírus e, portanto, novas variantes tendem a surgir com o passar do tempo Embora a maioria das mutações emergentes não tenha impacto significativo na disseminação do vírus, algumas mutações ou combinações de mutação podem fornecer ao vírus uma vantagem seletiva, como maior transmissibilidade ou a capacidade de evitar a resposta imune do hospedeiro O recente surgimento de variantes com múltiplas mutações compartilhadas na proteína Spike aumenta a preocupação sobre a evolução convergente para um novo fenótipo, potencialmente associado a um aumento na transmissibilidade ou propensão para reinfecção de indivíduos As evidências científicas recentes indicam que essas novas variantes se espalham mais fácil e rapidamente do que outras variantes, porém ainda são necessários mais estudos para entender o quanto elas são disseminadas no Brasil e no mundo, as diferenças clínicas, o potencial de reinfecção e se elas podem afetar o tratamento dos pacientes, a eficácia das vacinas e o diagnósticos Vacinas Coronavac (inativada) Covishield/Astrazeneca (recombinante) Pfizer (RNAm) Janssen (recombinante) Observações gerais Pacientes com COVID e sem comorbidades devem ser monitorados a cada 48 horas → pergunta-se um checklist de sintomas e se perceber que tem algum persistente ou se agravou, deve fazer contato com a equipe de transporte saniátio para que o paciente seja levado para um centro de atenção Paciente com COVID e com comorbidades devem ser monitorados a cada 24 horas por telemonitoramento ou visita domiciliar (nesse caso é necessário a presença de um profissional de nível superior comomédico ou enfermeiro) Pode notificar SRAG quando o paciente chega com uma saturação menor que 95%, FR alterada e ele está clinicamente grave