Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
1 FUNDAMENTOS DO TURISMO 1 SUMÁRIO NOSSA HISTÓRIA ..................................................................................................... 2 INTRODUÇÃO ............................................................................................................ 3 O QUE É TURISMO? .................................................................................................. 5 2.1 Origem da Palavra Turismo .................................................................. 7 1. 7 2.2 Thomas Cook: O pai do Turismo .......................................................... 7 A ATIVIDADE TURÍSTICA ......................................................................................... 8 3.1 As Definições Básicas em Turismo .................................................... 10 3.2 Tipos e Formas .................................................................................. 11 3.3 Fluxo Turístico .................................................................................... 12 3.4 Atrativos Turísticos ............................................................................. 18 3.5 Demanda Turística ............................................................................. 23 4. MERCADO TURÍSTICO, TURISMO NACIONAL E INTERNACIONAL ......... 26 ASPECTOS CONCEITUAIS DE PLANEJAMENTO TURÍSTICO ............................ 36 2. CONSIDERAÇÕES FINAIS ........................................................................... 44 3. 45 4. REFERÊNCIAS .............................................................................................. 46 2 NOSSA HISTÓRIA A nossa história inicia com a realização do sonho de um grupo de empresários, em atender à crescente demanda de alunos para cursos de Graduação e Pós- Graduação. Com isso foi criado a nossa instituição, como entidade oferecendo serviços educacionais em nível superior. A instituição tem por objetivo formar diplomados nas diferentes áreas de conhecimento, aptos para a inserção em setores profissionais e para a participação no desenvolvimento da sociedade brasileira, e colaborar na sua formação contínua. Além de promover a divulgação de conhecimentos culturais, científicos e técnicos que constituem patrimônio da humanidade e comunicar o saber através do ensino, de publicação ou outras normas de comunicação. A nossa missão é oferecer qualidade em conhecimento e cultura de forma confiável e eficiente para que o aluno tenha oportunidade de construir uma base profissional e ética. Dessa forma, conquistando o espaço de uma das instituições modelo no país na oferta de cursos, primando sempre pela inovação tecnológica, excelência no atendimento e valor do serviço oferecido. 3 INTRODUÇÃO O turismo moderno utiliza teorias relacionadas a diversas áreas do conhecimento, sendo objeto de estudo da economia, história, geografia, sociologia, e em especial do próprio turismo. Dada às proporções do desenvolvimento da atividade turística e o grau de importância que possui na sociedade, faz-se necessário à construção do conhecimento no campo de estudo sobre essa prática, caráter que evidencia a multi, inter e transdisciplinaridade do turismo. Teorias derivadas de áreas afins possibilitam o conhecimento e identificaram as lacunas existentes no saber turístico. No entanto, a delimitação conceitual do turismo é um esforço feito, sobretudo no campo específico de estudo do turismo, já que as ciências que procuram analisar o turismo o fazem muita mais focadas em suas teorias e conceitos, algumas vezes negligenciando tal conceituação. Já no caso das teorias de planejamento turístico, que se detinham mais ou menos em determinadas áreas específicas. O principal resultado disso é que por mais que se reconheça o planejamento turístico como área prioritária para o desenvolvimento dos destinos, há uma grande distância entre o que é planejado e o que é implementado. As novas tendências do turismo de acordo com Ansarah (2001,) seguem enfatizando a necessidade tanto da qualidade da experiência proporcionada aos turistas como também a relacionada ao destino, exaltando cada vez mais a melhoria da qualidade de vida das comunidades receptoras, sendo este o maior desafio da atividade turística. Medeiros (2003, p. 14) expõe a relevância do planejamento para o desenvolvimento do turismo em tempos atuais. Para ele, “o turismo do século XXI não permite mais improvisações ou esquemas amadorísticos. Há necessidade de profissionalismo e planejamento face às novas exigências da demanda”. Esse imperativo é justificável, sobretudo no contexto das diversas análises sobre as consequências do desenvolvimento do turismo nas localidades receptoras. Neste sentido, o objetivo deste material é analisar aspectos conceituais relacionados às teorias sobre turismo e planejamento turístico, compreendendo as concepções de turismo utilizadas por autores brasileiros que apontam em suas pesquisas etapas de planejamento do turismo em obras sobre este tema específico. O material pretende contribuir para o debate atual que se estabelece sobre os aspectos epistemológicos, teóricos e conceituais e que visam ao mesmo tempo a 4 compreensão das possibilidades e das limitações da compreensão do fenômeno do turismo e os modos de atuação para o planejamento dessa atividade, sua ressignificação a partir da evidência de suas amplitude e complexidade. Utilizou-se os procedimentos metodológicos de levantamento bibliográfico e análise do conteúdo das principais obras sobre planejamento turístico de autores brasileiros com grande utilização na formação de profissionais turismólogos e que embasam muitas das pesquisas sobre o tema realizadas no Brasil. Especificamente, foram analisadas as obras de Barretto (1991), Ruschmann (1997), Beni (1998) e Dias (2003). 5 O QUE É TURISMO? Uma ideia comum sobre o turismo é a que se refere a uma visita temporária em busca de entretenimento, lazer e descanso, ou a ideia de milhares de pessoas se deslocando de um lugar para outro, motivados pela busca de atividades que fujam da rotina diária de suas vidas. Os deslocamentos populacionais geralmente são motivados pela busca de lugares que forneçam uma série de diferenciais que gerem curiosidade e atraiam pela combinação de variados elementos, sejam eles aspectos naturais, como cachoeiras, praias ou desertos, ou características culturais expressadas, por exemplo, em um festival de artes, entre outros. O turismo se configura nos deslocamentos de um núcleo emissor para um núcleo receptor por motivos variados como a busca por atividades de lazer, para realização de negócios, estudos e pesquisas, tratamento de saúde, prática de esportes, participação em eventos de diversos tipos, visita a amigos e parentes etc. Partindo da prática e se inserindo em um campo mais teórico e científico, busca-se criar alguns marcos conceituais para melhor compreensão desse fenômeno. Turismo compreende um sistema de serviços com finalidade única e exclusiva de planejamento, promoção e excursão de viagem. Mas é preciso que se tenha infraestrutura adequada para atender ao desejo e/ou necessidade da pessoa que adquiriu o serviço, a saber: a recepção, hospedagem, consumo e atendimento às pessoas e/ou grupos oriundos de suas localidades residenciais. Para esclarecer um pouco mais, descreveremos alguns conceitos básicos de turismo fundamentados em autoridades no assunto. O professor e semanticista Hayakawa (1963, p.16) apresenta as acepções de turismo partindo de dois pontos de vista: o do viajante e o do sistema econômico. O do primeiro compreende uma “viagem ou excursão por prazer, a locais que despertam o interesse”; o do segundo, ao afirmarque turismo é o conjunto dos serviços necessários que visa dar condições de atendimento por meio de provisão de itinerários, guias, acomodações, transporte entre outros serviços para atrair os que Núcleo emissor: É a região geradora de turistas. Núcleo receptor: É a região de destinação de turistas. 6 fazem turismo. Portanto, há o envolvimento de múltiplos interesses conjugados em atividade econômica, contribuindo para a criação de riqueza e melhoria do bem-estar dos cidadãos. De acordo com Montejano (2001), o fenômeno turístico é uma atividade humana fundamentada em disciplinas relacionadas com as ciências sociais e humanas, interligado diretamente com o tempo livre e com a cultura do lazer. Para Hermann Von Schattenhofen (apud MOESCH, 2002, p. 10), o turismo “compreende todos os processos, especialmente os econômicos, que se manifestam na chegada, na permanência e na saída do turista de um determinado município, país ou estado”. A Organização Mundial de Turismo (OMT), em 1994, formulou um conceito de turismo que passou a ser referência para a elaboração das estatísticas internacionais. Vejamos: O turismo compreende as atividades que realizam as pessoas durante suas viagens e estadas em lugares diferentes ao seu entorno habitual, por um período consecutivo inferior a um ano, com finalidade de lazer, negócios ou outras (OMT, 2001, p. 38). Embora se encontrem diferentes conceitos de atividade turística, o interessante é que, de modo geral, nesses conceitos há inclusos os três aspectos básicos componentes da estrutura do turismo, que são: o físico, o tempo e o indivíduo. O turismo constitui-se fundamentalmente como um conjunto de técnicas baseadas em princípios científicos com o objetivo de prestar uma série de serviços a pessoas que intencionam aproveitar o tempo livre para viajar, denominadas turistas ou excursionistas. Esse tempo disponível para o lazer, fins de semana, férias, feriados prolongados, termina por incentivar um grande número de pessoas a aderir ao turismo como uma necessidade vital para a qualidade de vida. É difícil precisar a data da primeira viagem realizada pelo homem, entretanto, um fato marcante para a história do turismo foi à realização dos Jogos Olímpicos, quando no ano de 776 a. C. foram promovidas as primeiras viagens. O turismo é composto por quatro elementos básicos, são eles: Demanda, Oferta, Espaço geográfico, Operadores de mercado. As atividades turísticas influenciam, quer se queira, quer não, o comportamento do indivíduo, na sua forma de ver o mundo, até porque nessas viagens estreita-se a distância não só física mas também cultural, possibilitando, assim, muitas vezes, a 7 compreensão do lugar que o indivíduo ocupa no mundo e a ligação que possa existir entre indivíduos. Esse é um ponto positivo da atividade turística. 2.1 Origem da Palavra Turismo É interessante conhecermos o significado e o sentido da palavra turismo. Podemos dizer que esta palavra é oriunda das palavras francesas tourisme e touriste. Entretanto, existem diferentes posicionamentos quanto a sua conceituação etimológica. Para Oliveira (2001), as palavras tourism e tourist, de origem inglesa, já estavam registradas em documentos desde 1760, na Inglaterra. Vários estudiosos, inclusive o suiço Arthur Haulot, apresentam-na como de origem hebreia, advinda da palavra tur, constante na Bíblia – Êxodo, capítulo XII, versículo 17, quando “Moisés enviou um grupo de representantes ao país de Canaã para visitá-lo e informar-se a respeito de suas condições topográficas, demográficas e agrícolas”. Nessa forma, tur é hebreu antigo e significa “viagem de descoberta, de exploração, de reconhecimento”. Segundo o Novo dicionário da língua portuguesa (FERREIRA, 2004), a matriz da palavra turismo é da língua inglesa, compactuando com o posicionamento do lexicógrafo lusitano Francisco Júlio Caldas Aulete, que em seu Dicionário contemporâneo da língua portuguesa cita que a língua portuguesa adotou o termo através do inglês e não diretamente da matriz francesa. 1. 2.2 Thomas Cook: O pai do Turismo Thomas Cook, o pai das agências de viagens, organizou, em 1841, a primeira excursão para transportar 578 pessoas de Loughborough a Leicester, a fim de participarem de um congresso antialcoolismo. Nesse processo de organização da viagem, ficou claro que o meio de transporte não era o único item necessário, mas também se precisava levar em conta outros segmentos, tais como: hospedagem, alimentação e pontos turísticos. Ainda incluíram-se outras atividades como jogo e dança ao som da banda que acompanhou os viajantes. Depois desse feito, Cook passou a explorar comercialmente um novo ramo de transporte e organização de viagens. Em 1845, com o intuito de organizar viagens atendendo aos desejos de clientes, fundou, em parceria com seu filho James, a 8 agência Thomas Cook & Son. Foi ele o primeiro a criar o pacote turístico (preço, passagem, translados, refeições e hospedagem). Thomas Cook, personagem que revolucionou a atividade comercial do turismo, foi quem introduziu o conceito de viagem organizada e assim popularizou essa atividade e a tornou mais acessível a todas as classes sociais. A ATIVIDADE TURÍSTICA De acordo com a definição da OMT, o turismo é descrito como as atividades que realizam as pessoas durante suas viagens e estadias em lugares distintos de seu entorno habitual, por um período de tempo consecutivo inferior a um ano, com a finalidade de lazer, por negócios e outros motivos, não relacionados com o exercício de atividade remunerada no lugar visitado. (OMT, apud DIAS, 2005, p. 18). Nesta definição incluem-se todas as atividades dos visitantes, como os turistas (visitantes que pernoitam) e os excursionistas (visitantes de um dia), conforme exemplo posto na figura abaixo: Figura 1 O quadro a seguir define os diferentes tipos de tempo que estão intimamente relacionados coma atividade turística: Tabela 1 9 Fonte: Adaptado de CATELLI, Geraldo. Turismo: atividade marcante (1996) O conceito adotado pela Organização Mundial do Turismo – OMT (1994) pode ser utilizado para identificar tanto o turismo entre países como dentro do próprio país. Dentre as definições de turismo há alguns elementos comuns que se encontram em todas elas, que são: Há sempre um deslocamento físico de pessoas; O turismo não implica necessariamente alojamento no destino; A estada no destino nunca é permanente; O turismo compreende tanto a viagem como todas as atividades realizadas durante a permanência no destino escolhido; O turismo compreende também todos os produtos e serviços criados para satisfazer as necessidades dos turistas. O conceito de turismo pode ser analisado em duas vertentes principais: Como um sistema econômico formadas por uma série de empresas públicas e privadas que oferecem uma variedade de serviços turísticos e porque produtos voltados para o lazer e entretenimento etc. Esses conjuntos de empresas voltadas para o entendimento das necessidades dos turistas que geram produtos integrados para o seu consumo denominaram Indústria turística. • Como prática social e cultural orientada para atender às necessidades psicossociologias dos turistas, que geram incontáveis interações sociais entre diversos agentes (Turistas x Residentes, Funcionários das empresas turísticas x Viajantes, Turistas x Turistas, Agentes públicos x Turistas, etc. ) provocando mudanças sociais e culturais. 10 3.1 As Definições Básicas em Turismo No documento ONU/OMT, o visitante é a unidade básica da estrutura proposta que é definido como "qualquer pessoa que viagem é um lugar que não seja aquele que seu meio habitual por um período de menos de 12 meses e cuja finalidade ao viajar seja alheia ao exercício de uma atividade remunerada no lugarque visite". O visitante pode ser internacional quando viajar para outro país; e interno quando viaja dentro de um país em que reside. Desses visitantes, são considerados turistas aqueles que permanecem em um alojamento coletivo ou privado no lugar que visitam. O visitante por um dia ou excursionista _ é aquele que não pernoita em um alojamento coletivo ou privado lugar que visita, o que inclui os passageiros de cruzeiros que desembarcam em um país, mas não passa umas noites no barco. Figura 2 Fonte: OMT – Diagrama dos Visitantes. Resumindo, temos que o conceito de visitante se subdivide em duas categorias: Turistas: Os visitantes que pernoitam em local diferente de seu local habitual, que permanecem mais de 24 horas, ocupando qualquer alojamento coletivo ou privado no lugar visitado. Excursionistas: Os visitantes que não pernoitam no local visitado, permanecendo menos de 24 horas não ocupam qualquer alojamento, seja coletivo ou privado. 11 Em 1963 a ONU e a IUOTO adotou a seguinte definição de turista, devido à necessidade de harmonizar a estatística e por já ser um fenômeno de massas: Turista é qualquer pessoa que visita um país que não o do seu local normal de residência, por qualquer motivo desde que não seja decorrente de uma ocupação remunerada dentro do país visitado. 3.2 Tipos e Formas Conforme a OMT, considera-se a origem e o destino dos visitantes, onde existem três tipos básicos de turismo: Interno (ou doméstico); Receptivo e Emissor. Turismo Interno (ou doméstico): Realizado pelos viajantes dentro de seu próprio país. Compreende as viagens aos finais de semana, para o campo ou praia, visitar parentes, excursões religiosas, entre outras. Turismo Receptivo: Realizado pelos viajantes que não são residentes no país, na região ou na localidade. Compreende como exemplo as viagens ou visitas pelos europeus a região nordeste. No Brasil, São Paulo é a cidade que mais recebe turistas, tendo alto índice de turismo receptivo. Turismo Emissor: Realizado pelos viajantes para fora do país, região ou localidade. Compreende como exemplo a ida de brasileiros ao nordeste; as capitais de Estado são os principais emissores de turistas para o litoral. São Paulo é o principal Estado emissor de turistas para todo o país. Desses três tipos básicos de turismo, derivam outras categorias: Turismo Interior, Turismo Nacional e Turismo Internacional. Turismo Interior: Combinação do turismo doméstico (interno) com o turismo receptivo. É aquele realizado tanto pelos residentes quanto pelos não residentes, num determinado país. No Brasil, é a soma do movimento de visitantes estrangeiros com o movimento interno de turistas brasileiros. Turismo Nacional: Soma do turismo doméstico com o turismo emissor. É o movimento de visitantes residentes tanto dentro como fora do país. Turismo Internacional: Movimento de visitantes entre diferentes países. Compreende o turismo receptivo e o turismo emissor. TURISTA - visitante temporário que permanece pelos menos 24h num pais; EXCURSIONISTA - visitante temporário que permanece menos 24h e não pernoite; entretanto não contempla os turistas domésticos. 12 3.3 Fluxo Turístico De acordo com Montejano (1999) denominamos fluxo ou corrente turística o movimento migratório – por terra, mar ou ar – que desloca os turistas de um ponto geográfico – o núcleo emissor – a outro – o núcleo receptor. Ambos os pontos estabelecem relações de mercado. Estas correntes turísticas podem desenvolver-se tanto dentro como fora de um mesmo país, gerando os tipos ou formas de turismo em função da origem-destino do viajante vistas anteriormente. Figura 3 Fonte: Dias, Reinaldo. Introdução ao turismo. São Paulo: Atlas, 2005. SISTEMA TURISCO Na década de 1950, um grupo de cientistas propôs o conceito de sistema que causou um impacto considerável, afetando diversos campos do conhecimento humano. Surgiram múltiplas referências, nas mais variadas áreas do conhecimento, com abordagem sistêmica. A natureza da atividade turística é um resultado complexo de inter-relações entre diferentes fatores que precisam ser considerados conjuntamente, numa ótica sistemática, isto é, como um conjunto de elementos inter- relacionados entre si que se desenvolvem dinamicamente. Para a OMT – Organização Mundial do Turismo – distinguem- se quatro elementos básicos no conceito da atividade turística: • A DEMANDA, que é formada pelo conjunto de consumidores ou possíveis consumidores – de bens e serviços turísticos. • A OFERTA, que é composta pelo conjunto de produtos, serviços e organizações envolvidos ativamente na experiência turística. • O ESPAÇO GEOGRÁFICO, que é a base física onde tem lugar a conjunção ou encontro entre a oferta e a demanda e onde se situa a população residente; pode ser ao mesmo tempo um destino turístico. 13 • OS OPERADORES DE MERCADO, que são empresas e organismos cuja função principal é facilitar a inter-relação entre a oferta e a demanda. Entram nessa consideração as agências de viagens, os meios de transporte e organismos públicos e privados, que, mediante seu trabalho profissional, são artífices da ordenação e promoção do turismo. A ciência do turismo ainda está em construção, mas alguns estudiosos já arriscam mencionar, principalmente na Europa, a “ciência social das viagens”. Parte desses estudos consiste na elaboração de teorias sobre o funcionamento do fato e do fenômeno e de modelos explicativos sobre o funcionamento do mercado turístico. De acordo com Beni (1997), “o Turismo, na linguagem da Teoria Geral de Sistemas, deve ser considerado um sistema aberto que [...] permite a identificação de suas características básicas, que se tornam os elementos do sistema. Essa abordagem facilita estudos multidisciplinares a partir de várias perspectivas com ponto de referência comum [...]” Para que sejam facilitados o aprendizado e a compreensão do Sistema de Turismo, observe algumas funções inerentes à natureza da atividade de Turismo, segundo os estudos realizados pelo professor Beni: • O conjunto de fatores que geram as motivações de viagens e a escolha das áreas de destinação turística; • O deslocamento de indivíduos no contínuo espaço/tempo; • Os equipamentos de transporte oferecidos ao tráfego de pessoas; • O tempo de permanência na área receptora; • A disponibilidade e a solicitação não só de equipamentos de alojamento hoteleiro e extra-hoteleiro, mas também de equipamentos complementares de alimentação. • A disponibilidade e a solicitação de equipamentos e instalações de recreação e entretenimento; • A fruição dos bens turísticos; • O processo de produção e distribuição desses bens e serviços; • O comportamento de gastos do turista. Desse repertório de funções primárias e inerentes à atividade, derivam funções que ampliam e consolidam o contexto em que ela se processa, contidas nas seguintes áreas: • Ambiente natural; 14 • Ambiente cultural; • Ambiente social e econômico; • Nas funções de organização e operacionalização. Dessa maneira, Beni (1997) divide sua teoria de sistemas em três grandes conjuntos: • Relações ambientais, que agrupam os subsistemas ecológico, social, econômico e cultural. • Organização estrutural, que apresenta a superestrutura (ordenamento jurídico- administrativo) e a infra-estrutura (serviços urbanos, saneamento básico, sistema viário e de transportes). • Ações operacionais, que englobam os subsistemas de produção, distribuição e consumo do mercado turístico. (Os dois primeiros conjuntos englobam a oferta, e o terceiro, a demanda). Definição de sistemas turísticos Veja que de uma forma bem simples, podemos afirmar que Sistema Turístico é um conjunto complexo de inter-relações de diferentes fatores que devem ser considerados conjuntamente sobuma ótica sistemática, ou seja, um conjunto de elementos inter-relacionados que evoluem de forma dinâmica e cujos quatro elementos básicos são: a demanda, a oferta, o espaço geográfico e os operadores de mercado. No caminho da sua “viagem”, você vai encontrar maiores detalhes sobre demanda turística e o que significa e caracteriza a oferta turística. Aproveite, então, mais uma etapa da viagem para aprimorar seus conhecimentos. Oferta turística e demanda turística O que é oferta e demanda turística, dois componentes essenciais da atividade turística. Oferta turística Você Sabia? A oferta turística de uma localidade é constituída da soma de todos os produtos e serviços adquiridos ou consumidos pelo turista durante a sua estada em uma destinação. É importante ressaltar que esses produtos e serviços são oferecidos por uma gama de produtores e fornecedores diferentes que, apesar de atuarem de forma individual, são entendidos pelo turista como um todo que integra a experiência vivencial da viagem. (RUSCHMANN, 1997, p.138). 15 Conhecer a oferta turística é de grande importância para que haja uma melhor compreensão do fenômeno turístico; apresenta características próprias, que são relevantes, quando se têm em mente os crescentes fluxos turísticos internacionais. Por isso, o planejamento da oferta turística de núcleos receptores deve considerar o desempenho isolado de cada um, integrado a um objetivo geral e cooperado – voltado para a qualidade total dos produtos e serviços oferecidos. A característica mais marcante da oferta turística é sua heterogeneidade, que se constitui da justaposição de bens e serviços oferecidos aos turistas e consumidos por eles. De modo geral, pode-se dizer que a oferta é a quantidade de bens e serviços que uma empresa, ou conjunto de empresas, está apta e disposta a produzir e colocar no mercado por determinado preço, determinada qualidade, determinado local e determinado período de tempo. No curto prazo, as relações de mercado são regidas por uma lógica denominada Lei da Oferta e da Procura. Diz esta lei que, quando os consumidores querem comprar um determinado produto em maior quantidade do que a disponível no mercado, o preço tende a subir. Do contrário, quando existe pouca demanda, os ofertantes tendem a reduzir o preço desse produto. Por conseguinte, a quantidade que as empresas se dispõem a colocar no mercado varia na mesma direção do preço. Quanto maior o preço, maior tende a ser a oferta, e vice-versa. A oferta turística, sob o prisma de um dos mais importantes autores a respeito de sistema de turismo no Brasil, professor Mário Carlos Beni, é definida conforme se pode observar a seguir: Em linhas gerais, sem levar em consideração os atrativos naturais das regiões que motivam, numa primeira etapa, a criação de fluxos turísticos, pode-se definir a oferta básica como o conjunto de equipamentos, bens e serviços de alojamento, de alimentação, de recreação e lazer, de caráter artístico, cultural, social ou de outros tipos, capaz de atrair a assentar numa determinada região, durante um período determinado de tempo, um público visitante. Como são evidentes, os valores que a natureza oferece sem necessidade da interferência do homem (sol, praias, montanhas, paisagens) são as fontes de atração que sustentam os deslocamentos de pessoas com finalidades especificamente turísticas. Não há dúvida de que esses elementos imprescindíveis, por natureza não-reguláveis, escapam totalmente de um tratamento econômico e ficam à margem do que se pode entender por “oferta” no sentido estrito da palavra. (BENI,1998, p.153) 16 A oferta em turismo pode ser concebida como o conjunto dos recursos naturais e culturais que, em sua essência, constituem a matéria-prima da atividade turística porque, na realidade, são esses recursos que provocam a afluência de turistas. A esse conjunto agregam-se os serviços produzidos para dar consistência ao seu consumo, os quais compõem os elementos que integram a oferta no seu sentido amplo, numa estrutura de mercado. O quadro que se apresenta a seguir serve como exemplo de oferta turística de um país. Tabela 2 Fonte: Secretaria Geral de Turismo, 1993 in OMT. Introdução ao Turismo. São Paulo: Roca, 2001. Sumarizar ou sintetizar a oferta turística requer cuidados, para não se incorrer na possibilidade de uma compreensão equivocada. Contudo, podem-se elencar algumas características que são fundamentais a essa atividade: a) Complementaridade – Certamente, em um núcleo receptor, ninguém oferta turismo isoladamente. Diversas empresas e o Estado complementam cada qual com suas parcelas, a quantidade de oferta. O turismo, portanto, requer organização entre esses agentes para que a oferta possa existir. b) Estática – Necessariamente, apesar do “turismo virtual”, o turismo se dá em um espaço definido. A oferta está em um local, em um destino turístico. Nesse sentido, os investimentos perdem em mobilidade. O local escolhido para o negócio deve ser muito bem analisado. Por outro lado, por ser estática, a oferta não pode ser exportada nem importada, permitindo um menor grau de variações concorrenciais em curto prazo. Ou seja, uma empresa só entra em um mercado se estiver localizada nele. 17 c) Diversificação – Pelo fato de o produto turístico ser heterogêneo, a oferta turística apresenta um grande leque de alternativas diferentes, o que dificulta mensurá-lo em uma totalização; por outro lado, propulsiona a economia desse setor. d) Sazonalidade - Um dos grandes problemas do turismo é o seu vínculo com as estações climáticas do ano. Logo, a possibilidade de oferta está restrita a temporadas, o que faz gerar ciclos em que se alternam altas e baixas produções. e) Absorção - Uma das grandes vantagens do turismo é que a oferta agregada é maior do que a produção. Em quase todas as atividades produtivas humanas, o resultado _a oferta colocada no mercado – requer transformação laborativa. No caso do turismo, ofertam-se o clima e as belezas naturais, que não foram produzidas pelo homem. Assim também são os atrativos culturais, históricos, arquitetônicos e sociais, que são criados com outras intenções e depois são convertidos em produto turístico. Dessa forma, o turismo absorve recursos disponíveis e converte-os em oferta. Portanto, tem-se que a quantidade ofertada é maior que a quantidade produzida. Assim, o turismo requer menores investimentos que os resultados econômicos obtidos. Segundo a Organização Mundial de Turismo, oferta turística é “o conjunto de produtos turísticos e serviços postos à disposição do usuário turístico num determinado destino, para seu desfrute e consumo”. (OMT, 2001). Ao avançarmos um pouco mais sobre o tema da oferta turística, optamos por apresentar uma série de quadros e tabelas que, certamente, ilustrarão de forma mais clara a composição da oferta. Sabemos que a oferta turística é composta por um conjunto de elementos que podem ser divididos conforme a seguir: Atrativos turísticos; Serviços turísticos; Serviços públicos; Infraestrutura básica; Gestão; Imagem da marca; Preço. 18 3.4 Atrativos Turísticos O seu conceito é complexo, dado que a atratividade de certos elementos varia deforma acentuada de um turista para outro. Um museu sobre o fundador de uma cidade pode ter grande importância para os seus habitantes e nenhuma para os visitantes. Um outro exemplo é que um determinado santuário religioso pode ter grande atratividade para adeptos de uma religião e nenhuma para outras. Devemos destacar que existem categorias diferentes já elaboradas sobre atrativos turísticos. Para efeito de nossos estudos, adotaremos a divisão simples (que, inclusive, é a mesma adotada pela EMBRATUR – Instituto Brasileiro de Turismo): atrativos turísticos naturaise atrativos turísticos culturais. A EMBRATUR possui um papel fundamental para o desenvolvimento do turismo brasileiro. A principal missão da EMBRATUR, depois da criação do Ministério do Turismo ocorrida no ano de 2003, é Cuidar, exclusivamente, da promoção e o apoio à comercialização, no exterior, dos produtos turísticos do Brasil. Os atrativos naturais podem ser divididos conforme segue: Tabela 3 Fonte: Adaptado IGNARRA. Luiz Renato. São Paulo: Pioneira Thomson Learning, 2003, p.55. Os atrativos turísticos culturais também podem ser classificados em tipos e subtipos. Tabela 4 19 Fonte: Adaptado IGNARRA. Luiz Renato. São Paulo: Pioneira Thomson Learning, 2003, p. 60. Como já é do seu conhecimento, o produto turístico é composto, além dos atrativos (conforme as duas tabelas anteriores), pelos serviços turísticos. Para poder usufruir deste atrativo, o turista necessita consumir uma série de serviços. Alguns desses, por atenderem exclusiva ou preferencialmente turistas, são classificados como turísticos. Tabela 5 20 21 Fonte: Adaptado IGNARRA. Luiz Renato. São Paulo: Pioneira Thomson Learning, 2003, p. 64. Outro elemento que merece destaque sobre a oferta turística é o conjunto de serviços públicos necessários ao ato do consumo turístico. Não adianta uma localidade possuir bons atrativos e bons serviços se não coloca à disposição do turista alguns serviços básicos, como transportes públicos, por exemplo. 22 Tabela 6 A infraestrutura básica de uma destinação turística também é elemento fundamental para viabilização da atividade. A sua implantação em determinada localidade depende da disponibilidade de alguns insumos básicos. Um resort, por 23 exemplo, a ser implanta doem uma praia deserta precisará levar até lá a energia elétrica, a rede de esgoto, etc. Se messes elementos básicos, o empreendimento torna-se inviável. A seguir, o último quadro desta série, que apresenta alguns tipos de infraestrutura básica. Tabela 7 Essa listagem, apresentada pelas tabelas, de forma alguma esgota todos os quesitos necessários e classificados como “oferta turística”. O turismo depende de uma infinidade de serviços especializados, os quais, por sua vez, dependem de uma infinidade de profissionais com as mais variadas especializações. 3.5 Demanda Turística Por demanda turística pode-se entender: a quantidade de bens e serviços que um consumidor e/ou turista está apto e disposto a adquirir por determinado preço, com determinada qualidade, por determinado período de tempo e em determinado local. A demanda por turismo vem apresentando tendências bastante interessantes nos últimos anos. Primeiro, as pessoas estão viajando mais em todo o mundo; segundo, o transporte aéreo de passageiros também apresenta a mesma tendência; terceiro, a duração das viagens e o tempo de permanência nos locais visitados vêm diminuindo para uma semana ou dez dias; quarto, as pessoas fazem mais viagens 24 durante o período de um ano; e quinto, há uma mudança de turismo de massa para turismo de nichos, ou seja, os turistas estão buscando uma forma de diferenciação e diversificação de suas viagens, o que obriga as empresas a saciarem demandas específicas. Observem que as especificações das demandas supracitadas compõem um perfil de comportamento econômico bastante variado. No primeiro exemplo, tem-se um perfil profissional e, caso se agreguem serviços de entretenimento para esse grupo, eles podem ser desnecessários. No segundo grupo, o entretenimento é o objetivo e, caso se agreguem serviços mais elaborados, eles somente elevariam os custos da viagem. Certamente, as empresas e as localidades se aprimoram em criar serviços para nichos cada vez mais específicos. O mercado de turismo é um setor de concorrência monopolística, o que significa a busca de um monopólio específico em um nicho de mercado. Todas as operadoras e agências concorrem entre si, mas uma delas pode ser especializada, por exemplo, em um destino, em uma faixa etária etc. De acordo com Lemos (1983 apud FELLINI, 2001, p.75), a classificação da demanda turística pode ser assim apresentada: Quanto ao espaço: o Nacional ou Doméstico. o Internacional. Quanto ao meio de transporte utilizado: o Automóvel particular. Você Sabia? Que as diversas formas de classificação da demanda não são excludentes? Podemos compor o tipo de demanda que analisamos. Assim, por exemplo, podemos ter uma demanda turística nacional, com vôo fretado, para a participação em uma feira, com cinco dias de permanência, numa viagem intermediada por uma agência e destinada a um grupo de adultos. De outra forma, temos um perfil muito diferente em uma demanda internacional, com ônibus turístico, para a participação num show de rock, em um final de semana, organizada por uma operadora, para um grupo de jovens. (LEMOS, 2001, p.74). 25 o Automóvel alugado. o Carona. o Trem. o Ônibus rodoviário. o Ônibus turístico. o Voo comercial. o Voo fretado. o Marítimo. o Misto. Quanto ao motivo da viagem: o Descanso e lazer. o Tratamento médico ou terapêutico. o Participação em congressos, cursos e seminários. o Participação em feiras e exposições. o Cultural. o Religioso. o Esportivo. o Comercial ou de negócios (Business- tourism). o Profissional. o Ecológico. o Visitas a parentes e/ou amigos. Quanto à forma de organização: o Por agências e operadoras. o Sem agências e operadoras. Quanto à quantidade de pessoas: o Excursões (grupos). o Família. o Casal. o Individual. Quanto à idade: o Turismo infantil. o Turismo para jovens. o Turismo para adultos. o Turismo para terceira idade. As demandas dos diferentes mercados turísticos são variadas, de acordo com os tipos de ofertas turísticas. Todas, no entanto, em menor ou maior grau de intensidade possuem as seguintes características: a elasticidade, a sensibilidade e a sazonalidade. 26 a) A elasticidade – O turismo é um fenômeno dinâmico marcado por contínuos movimentos de crescimento e diminuição em sua demanda, em fluxos irregulares, motivados pelos diferentes graus de sensibilidade às mudanças provocadas pela oscilação das condições financeiras e econômicas do mercado. Instabilidade que influi na própria formação das estruturas de preços ao empresário e ao consumidor. b) A sensibilidade – as alterações ou mutações nos campos diversos da atividade humana criam situações individuais e grupais tão diversificadas e profundas que tornam instáveis as realidades e os relacionamentos turísticos. Repugna ao turismo conviver com riscos ou incertezas, situações instáveis e problemas sociais de porte significativo ou de expressiva gravidade, pois é sensível a qualquer tipo de flutuação capaz de afetar tanto a oferta como a demanda, visto que uma não existe sem a outra. c) A sazonalidade – As épocas das temporadas ou as estações altas ou mais apreciadas do ano, cada qual com suas características próprias, também se constituem em fatores importantes de influência no volume e na qualidade da demanda turística. As condições climáticas favoráveis e as épocas reservadas às férias escolares (quando as famílias, em geral, podem viajar completas), tanto quanto os feriados prolongados e os fins de semana concentram os grandes fluxos de demanda que, nas demais épocas e circunstâncias do ano, costumam diminuir de forma muito sensível. 4. MERCADO TURÍSTICO, TURISMO NACIONAL E INTERNACIONAL Mercado turístico Assim como a economia mundial tem se globalizado, com o turismo não é diferente, pois a globalização atingiu vários setores da vida e isto significa que as informações locais podem ser acessadas dos mais longínquoslugares. Essa abertura de fronteiras possibilita conhecer sobre atrativos turísticos de cada localidade, independentemente de onde a pessoa esteja. Segundo Lemos (2001, p.128), o mercado turístico consiste no “conjunto de relações de troca e de contatos entre aqueles que querem vender e os que querem comprar bens e serviços turísticos”. É um local onde existe oferta e procura para as trocas comerciais. Nesse aspecto não se diferencia do comércio tradicional; por outro lado, a diferença está no produto. Vejamos: no tradicional, os consumidores compram uma determinada mercadoria num país e poderão levá-la para o de origem; já no 27 turismo, o processo ocorre ao contrário: são os consumidores que se deslocam para consumir os produtos oferecidos in loco. Figura 4 a) Atrativos turísticos - entendidos como todo lugar, objeto ou acontecimento de interesse turístico que motiva o deslocamento de grupos humanos para conhecê-los; b) Equipamentos e serviços turísticos - entendidos como o conjunto de edificações, instalações e serviços indispensável ao desenvolvimento da atividade turística; são constituídos pelos meios de hospedagem, alimentação, entretenimento, agenciamento, informações e outros serviços voltados para o atendimento aos turistas; c) Infraestrutura de apoio turístico - composta pelo conjunto de obras e instalações de estrutura física de base que proporciona o deslocamento da atividade turística, tais como: o sistema de comunicação, transportes, serviços urbanos. A relação de troca e de contato entre os fornecedores e consumidores pode ser dividida em seis etapas, a saber: A relação entre os fornecedores e as empresas do setor, como por exemplo, o fornecedor de carnes e um restaurante de hotel; A relação entre as operadoras turísticas e os hotéis, as empresas de transportes e outros serviços turísticos; A relação entre as operadoras e as agências; A relação entre as agências e os turistas; A relação entre os turistas e as empresas da localidade receptora; A relação direta entre a localidade receptora e as localidades emissoras. 28 Para Beni (1998), os mercados consistem em um sistema de informação, possibilitando a agentes econômicos, a produtores e consumidores a tomada de decisões do que produzir, como produzir e para quem produzir determinado produto ou serviço, a fim de que a sociedade alcance as três eficiências: atributiva, produtiva e distributiva. De acordo com Balanzá e Nadal (2003, p.125), o mercado pode ser analisado sob três pontos de vista diferentes: Do ponto de vista econômico - que aponta para a oferta e a demanda que coincidem, uma determinada quantidade de mercadoria disponível para compra/venda, em um momento determinado e a fixação de um preço; Do ponto de vista físico - quando se consideram aqueles lugares onde se realizam as compras/vendas, que podem ser fixos, como a bolsa de valores e o mercado central, ou não fixos, como as feiras e os congressos; Do ponto de vista do marketing - que inclui os dois pontos anteriores, enfatizando a importância dos bens e serviços, e, principalmente, das pessoas. O marketing estuda os mercados do ponto de vista dos consumidores, averiguando seus desejos e preferências para satisfazê-los e tratá-los com uma oferta determinada. Dificilmente a concorrência do mercado turístico é perfeita, por basear-se fortemente em aspectos diferenciais, o que faz com que cada produto turístico se diferencie dos outros, visto que um serviço ou produto oferecido não é exatamente igual a outros, ainda que o seja em outra localidade (IGNARRA, 1999). É fato que, na prática, a atividade turística no Brasil se restringe muito mais a uma minoria, a uma camada economicamente favorecida. Mas isso não inviabiliza a realização de atividades do turismo por uma população menos favorecida, que não pode viajar. É possível, com um custo muito mais baixo, desenvolver a prática turística, que pode ser realizada próxima das residências, desde que o governo proporcione os espaços recreativos e equipamentos adequados para tal. Turismo no Brasil O turismo no Brasil se caracteriza por oferecer, além de recursos naturais exuberantes, um enorme acervo de bens culturais, materiais e imateriais aos turistas brasileiros e estrangeiros. A seguir, ilustramos alguns desses bens que o Brasil tem como mais uma de suas riquezas. 29 Figura 5 Nesses últimos anos, o governo tem demonstrando uma preocupação maior em implantar políticas públicas para desenvolver o turismo brasileiro. São vários programas com o intuito não só de divulgar, mas expandir as atividades turistas ao alcance da sociedade brasileira, inclusive à população de poder aquisitivo baixo. Nesse sentido, procura-se reduzir o custo do deslocamento interno, desenvolver infraestrutura turística adequada e capacitar mão de obra para o setor, além de aumentar consideravelmente a divulgação do país no exterior. O turismo interno, pela sua riqueza natural e cultural, apresenta uma gama de opções em atividades turísticas. Há em nosso país vários lugares para essas atividades, e entre estes os mais procurados são a Amazônia, o litoral e o Planalto Central. Além desses, temos outros tipos de atrativos, como: a arquitetura brasiliense, o turismo histórico em Minas Gerais, os ramos dos negócios em São Paulo, os atrativos dos pampas, o clima frio e a arquitetura germânica no sul do país. Leia mais sobre os principais emissores de turistas para o Brasil –2005-2006. Acesse: http://www.brasilturismo.com/ turismo/dadosdoturismo.php. 30 A revista “Cultura e turismo” (2007, p. 19) escreve que os “municípios brasileiros elegeram recentemente o turismo cultural e ecoturismo como dois segmentos mais importantes para serem desenvolvidos em sua localidades”. Todavia, destaca que se faz necessário “construir um produto turístico atraente, sustentável, e que tais recursos devem ser devidamente conservados e preparados para serem expostos ao público”. Para que isso se concretize, existe a necessidade de aumentar a disponibilidade de profissionais competentes e criativos, predispostos a realizar um trabalho consistente voltado aos produto turísticos e à geração de empregos. É fato que o Brasil vem se desenvolvendo significativamente nas áreas de turismo, hotelaria, gastronomia e entretenimento em grande escala. Com esse crescimento, passa-se a tratar o turismo como assunto prioritário de Estado. O governo, então, cria Ministério do Turismo regulamentado pela Lei 10683/03, que em seu artigo 27, inciso XXIII define as competências do novo Ministério, a saber: Política nacional de desenvolvimento do turismo; Promoção e divulgação do turismo nacional, no país e no exterior; Estímulo às iniciativas públicas e privadas de incentivo às atividades turísticas; Planejamento, coordenação, supervisão e avaliação dos planos e programas de incentivo ao turismo; Gestão do Fundo Geral do Turismo; desenvolvimento do Sistema Brasileiro de Certificação e Classificação das atividades, empreendimentos e equipamentos dos prestadores de serviços turísticos. Após quatro anos de existência, inegavelmente o turismo brasileiro deu um “salto de qualidade, que já coloca essa atividade econômica como uma das principais do País” (BRASIL, 2007/2010, p. 5). Fazendo um breve histórico sobre o turismo no Brasil, enfatizamos como um marco importante a expedição de Von Humboldt, naturalista alemão que fez uma viagem por uma grande parte do território brasileiro com a intenção de pesquisar a flora e a fauna brasileira. No início do século XIX, a corte portuguesa chega ao Brasil e isso influencia no desenvolvimento urbano, na cidade do Rio de Janeiro. A demanda por hospedagem na cidade aumentou em decorrência da visita de diplomatas e Conheça mais sobre o turismoem cada estado brasileiro. Acesse: http://www.embratur.gov.br/ site/br/home/index.php 31 comerciantes. Nesse período se desenvolve Petrópolis como primeira estância brasileira. Figura 6 Por intermédio da ação do Visconde de Mauá, na segunda metade do século XIX, desenvolvem-se os meios de transportes movidos a vapor. No ano de 1852, funda-se a Companhia de Navegação a Vapor do Amazonas, e, em 1858, inaugura- se o primeiro trecho ferroviário no Rio de Janeiro. No decorrer dos anos, sucederam-se inúmeras inaugurações: em 1885, o trem para subir o Corcovado, sendo o primeiro atrativo turístico a receber uma infraestrutura; em 1908, o Hotel Avenida, no Rio de Janeiro, com 220 quartos, marcando o início da atividade hoteleira; em 1927, a empresa aérea Lufthansa cria no Brasil a Condor Syndicat, hoje denominada Varig, junto com a Panair do Brasil, ambas impulsionando o turismo interno e externo. Somente em 1968, o governo brasileiro elabora os primeiros instrumentos de regulamentação da atividade, com a criação do Conselho Nacional de Turismo (CNTur) e do Fundo Geral de Turismo, com o Instituto Brasileiro de Turismo (EMBRATUR). Chega, como se costuma dizer, a etapa da maturidade desse setor nos anos 1980, com a internacionalização marcante das empresas hoteleiras e operadores turísticos, na busca da maior fatia de mercado turístico, marcando o momento em que o turismo se introduz totalmente na economia dos países, tornando-se em muitos deles a mola impulsionadora da economia. Consequentemente, os países e suas regiões terminam por aderir às práticas turísticas como complemento ideal para a economia local, levando até a uma inconsequente exploração dos atrativos turísticos sem a preocupação em preservar, ao contrário, muitas vezes agredindo e desrespeitando os bens naturais e culturais de algumas regiões. 32 Os inúmeros abusos e o desrespeito para com a natureza são fatos efetivados e que visivelmente afetaram o cenário do turismo brasileiro, quer relativos ao aspecto econômico, quer no que se possa compreender como marca cultural, quer no âmbito político e social. Mas o ponto positivo é que a atividade turística no Brasil tem crescido e reflete a consolidação de ações em prol de um modo mais harmônico de fazer turismo e estar em harmonia com o meio ambiente e tudo o que com ele se relaciona. Turismo internacional Surgem no setor do turismo internacional novos cenários, novas tendências, pois o ambiente mundial sinaliza para enfoques sociais, culturais, tecnológicos, ecológicos, econômicos e institucionais inusitados para a atividade turística, distanciando o “turismo velho”, de um novo modo de fazer turismo. A visão tradicional, que compreendia essa atividade apenas como um modo de geração de renda e de emprego ou mesmo com um sentido mercadológico da oferta e procura, dá lugar a um “novo turismo”, caracterizado pela flexibilidade, voltado para o processo de formação do valor turístico, em que predominam as interações sociais com o meio ambiente. Figura 7 A partir de 1950, o turismo internacional vem se desenvolvendo de forma intensa. Foi naquela década que se começou a falar de “boom” turístico. Esse desenvolvimento é decorrente da nova ordem internacional, da estabilidade social e do desenvolvimento da cultura do ócio no mundo ocidental. Nos anos 1980, o turismo ganha mais “fôlego”, torna-se motor impulsionador da economia de muitos países. Esse ânimo aconteceu em decorrência do avanço das 33 tecnologias utilizadas nos meios de transportes em novos e melhores aviões da Boeing e da Airbus, trens de alta velocidade e a consolidação dos novos charters. Figura 8 Com a competitividade do mercado, as companhias regulares se sentem obrigadas a criar suas próprias filiares de charter. Na década de 1990, ressaltam-se marcantes acontecimentos políticos, econômicos e sociais contributivos ao desenvolvimento do turismo, como: a queda do regime comunista e as alterações no Leste da Europa e na ex - União Soviética; a Guerra do Golfo; a guerra e desintegração da Iugoslávia; o ressurgimento do fundamentalismo islâmico em países turísticos como a Argélia, Marrocos, Egito. Foi um período de amadurecimento para setor turístico. A Euromonitor classificou as 150 cidades mais visitadas pelos turistas internacionais no mundo durante 2006. Em 2007, a Revista Forbes realizou uma pesquisa para classificar as 50 maiores atrações turísticas do mundo; considerou, para isso, os turistas internacionais e domésticos. Em 2008, apresentou os dez maiores destinos do turismo internacional. O turismo e as sociedades contemporâneas Ainda são escassos os estudos voltados para a área do turismo, especificamente sobre a interação entre essa área e outras disciplinas de ciências humanas. São muito mais comuns os estudos detalhados sobre lazer e educação física. E os que se dispõem a abordar esse fenômeno, direcionam-se muito mais a outras áreas, como: administração de empresas ou economia, geografia ou sociologia do lazer, quando não, apresentando textos muito técnicos e superficiais (TRIGO, 1993, p. 59). 34 De forma alguma podemos deixar de compreender a importância do fenômeno turístico e sua influência econômica, política e cultural no mundo globalizado. Em muitos países o turismo tornou-se uma atividade de destaque, pois movimenta bilhões de dólares por ano e atinge centenas de milhões de pessoas. Na sequência, a título de informação, apresentamos, conforme Trigo (1993), alguns períodos, para se verificar a importância dos ciclos e a velocidade do processo: 1900 – 1914: nesse período, houve um crescimento tímido, que foi interrompido de forma brusca pela Primeira Guerra Mundial (1914/1918). Não há estatísticas precisas sobre o turismo dessa época; 1919 – 1929: período em que ocorreu uma onda ascendente, até que o turismo alcançou o pico em 1919. Início o turismo de massa. Na suíça, em 1919, mais de 2 milhões de visitantes usufruíram da hospitalidade helvética. Na Alemanha, esse período foi denominado de ‘República de Weimar’ com muitas atividades culturais que atraiu muitos jovens do restante da Europa pela efêmera efervescência germânica. A República de Weimar findou em 1933, quando da ascensão de Hitler ao poder. Em 1929, houve a queda repentina das ações das Bolsas de Valores de Nova Iorque, ocasionando uma profunda crise que se espalhou pelo mundo capitalista. O turismo também foi atingido e em 1932 sofreu graves consequências em razão da crise; 1933 – 1939: ascensão do Turismo até 1937. Esse fortalecimento na Europa não atingiu a Espanha por causa da Guerra Civil. Em 1939, novamente o decréscimo das correntes turísticas; 1939 – 1949: no período da segunda guerra, houve uma paralisação total do Turismo internacional e nacional; 1949 – 1958: nessa época, o Turismo novamente ascendeu e tornou-se gradativamente um fenômeno cada vez mais importante para o desenvolvimento econômico dos países, principalmente os mais desenvolvidos. Ainda para uma visualização do crescimento do turismo internacional, a partir de 1950 a 2000, Trigo (1993, p. 63), apoiado em dados da Organização Mundial de Turismo, apresenta a Tabela: 35 Tabela 8 Agora, fundamentados no Anuário Estatístico da Embratur, ano de 2006, apresentamos dados de turistas e receita cambial do turismo internacional no mundo – 1996 – 2005. Tabela 9 Fonte: Organização mundial do turismo 36 Segundo a Fonte: Departamento de Polícia Federal e Ministério do Turismo, Nota: Dados de 2007 revisados (apud ANUÁRIO ESTATÍSTICO DO TURISMO - 2009, p. 136) referente a chegadas de turistas ao Brasil, em 2006, houve o seguinte número 5.017.251, em 2007, foi de 5.025.834 e 2008, 5.050.099. Em 2008, na primeira metade do ano, o cenário foi de crescimento,já no segundo semestre, houve decréscimo em decorrência a crise financeira internacional que atingiu a economia global em meados de 2008. Além do cenário de incerteza econômica, o surto de gripe H1N1 também contribui para o arrefecimento da demandada por turismo em algumas regiões do mundo, segundo dados da Organização Mundial de Turismo (OMT) (apud Jornal de Turismo, 2010). O que tem sido foco de muitas discussões atualmente é o turismo sustentável como um meio de gerenciar atividades que propiciem atender, concomitantemente, às necessidades dos turistas e das regiões receptoras, satisfazendo também as necessidades econômicas, sociais e ambientais. ASPECTOS CONCEITUAIS DE PLANEJAMENTO TURÍSTICO O raciocínio é a principal característica que diferencia os seres humanos dos demais animais. O ato de pensar faz com que o homem esteja sempre buscando sanar suas necessidades. No livro O Ócio Criativo, De Masi (2000) afirma que o homem começou a planejar quando descobriu a semente, seis mil anos antes de Cristo. Por meio desta descoberta o homem aprende a programar suas ações e planejar o futuro, pois sabe que se trabalhar hoje garantirá o alimento em determinado espaço de tempo. Ao processo de estabelecer objetivos, escolher a melhor maneira de alcançá-los e, sobretudo, avaliar as consequências e resultados das escolhas, dá- se o nome de planejamento, sendo este conceituado por diversos autores. No que tange ao planejamento turístico é preciso considerar a complexidade da atividade turística e a gama de variáveis envolvidas. Os autores, foco deste trabalho, apresentam seus conceitos de planejamento turístico, baseando-se no entendimento particular que cada um tem da área. A busca de resultados positivos e a possibilidade de se alcançar um futuro desejado faz com que o conceito de planejamento seja demasiadamente utilizado na atividade turística, fazendo com que este processo seja amplamente discutido por estes estudiosos da área. 37 O planejamento é um processo ativo e, conforme Barretto (1991), é uma atividade dinâmica, não é estático, e possui muitos fatores concomitantes que necessitam ser analisados e coordenados para se alcançar um objetivo possível e satisfatório. É um processo que precisa ser constantemente repensado após o alcance dos objetivos traçados. Nessa perspectiva, planejamento é a organização sistemática de um conjunto de ideias e decisões, de forma integrada. Consiste na definição de objetivos, ordenação dos recursos materiais e humanos, na determinação de métodos, tempo, indicação de localização espacial. É uma ação voltada para o futuro. Nesse sentido, ainda segundo Barretto (1991), quando se trabalha com planejamento de turismo, é importante uma maior sistemática, pois o turismo implica o fluxo de pessoas, receptividade. E nessa relação, há circulação de receita, construção de equipamentos e oferta de serviços de apoio. Assim, planejamento requer pesquisa social, pessoal qualificado, compreensão do problema e conhecimento de métodos científicos. Para Ruschmann (2001, p. 66) “é a partir do planejamento que é possível estabelecer condições favoráveis para alcançar objetivos propostos”. Ainda para esta autora a finalidade do planejamento turístico está em ordenar as ações humanas sobre uma localidade turística, bem como direcionar a construção de equipamentos e facilidades, de forma adequada, evitando efeitos negativos nos recursos que possam destruir ou afetar sua atratividade. O planejamento turístico também está vinculado a uma transformação previamente orientada pelos interesses da comunidade. Na visão de Beni (1999, p. 12), planejamento é o processo de interferir e programar os fundamentos definidos do turismo que, conceitualmente, abrange em três pontos essenciais e distintos: estabelecimento de objetivos, definição de cursos de ação e determinação da realimentação, já que a atividade apresenta enorme interdependência e interação de seus componentes. Dias (2003), apesar de não conceituar o planejamento, utiliza os conceitos de Bromley (1982), Rattner (1979) e Barreto (1991) para justificar as suas proposições acerca do planejamento turístico. O autor afirma que existem inúmeras abordagens sobre o tema em estudo e que cada autor utiliza as definições que lhe for conveniente. Em suas reflexões, afirma que em qualquer sociedade planejar é uma tentativa de definir e seguir uma direção desejada. 38 Dias (2003, p.88), afirma que, quando se planeja, visa-se “adequar os meios aos objetivos enunciados”. É importante perceber que o planejamento não é estático. Ele varia conforme a realidade onde está inserido. Além dos autores em estudo neste trabalho, diversos outros autores também têm como objeto de estudo a temática do planejamento turístico e tentam uma aproximação conceitual acerca do tema. É o caso, por exemplo, de Molina e Rodriguez (2001, p.78) “o planejamento é o resultado de um processo lógico de pensamento, mediante o qual o ser humano analisa a realidade abrangente e estabelece os meios que lhe permitirão transformá- la de acordo com seus interesses e aspirações". Petrocchi (1998, p.19) afirma que “planejamento é a definição de um futuro desejado e de todas as providências necessárias à sua materialização”. Consequentemente o ato de planejar está diretamente vinculado a um futuro desejado. A OMT (2003b, p. 41) diz que “planejar é organizar o futuro de forma a atingir certos objetivos. O planejamento oferece um guia para a tomada de decisões por ações futuras”. Há certa similaridade nos conceitos que envolvem o planejamento, destacam-se algumas palavras que pressupõe o ato de planejar, tais como: método, processo, futuro, objetivos, e ordenação de ações. O método é a ordem que se deve impor aos diferentes processos para atingir uma finalidade ou resultado desejado. O processo é o conjunto de normas, práticas do agir, meios empregados na aplicação do método, conforme Petrocchi (1998). O resultado de um processo de planejamento está sempre vinculado a um futuro desejado. Ao se estabelecer o cenário que representa o futuro desejado, seja ele qual for, torna-se possível determinar os objetivos a serem alcançados para que este cenário se concretize. Somente com a determinação dos objetivos é que será possível estabelecer a complexidade do processo de planejamento. Quanto mais complexo for o objetivo a ser alcançado, mais complexo será o processo de planejamento e consequentemente, será possível ordenar prioritariamente as ações a serem executadas de modo a alcançar os resultados esperados. A ação de planejar implica basicamente numa intervenção deliberada, tendo como base o conhecimento racional dos processos socioeconômicos, que permitem uma transformação de uma região de acordo com os interesses e as aspirações de desenvolvimento da comunidade. (Medeiros, 2003, p. 78). 39 Molina e Rodriguez (2001, p.81) tratam o planejamento turístico como essencial para a sustentabilidade da atividade turística e indica que este “é um processo sistemático e flexível, cujo único fim consiste em garantir a consecução dos objetivos que, sem este processo, dificilmente poderiam ser alcançados”. Hall (2001, p.24) sustenta que o processo de planejamento turístico não está apenas vinculado à simples tomada de decisão. Este não trata apenas de decidir o que deve ser oferecido no futuro de uma comunidade. “O planejamento turístico é um tipo de tomada de decisões e elaboração de políticas, portanto, lida com um conjunto de decisões interdependentes ou sistematicamente relacionadas e não com decisões individuais”. A interdependência deve ser considerada já na composição do conceito de planejamento turístico, de modo a evidenciar que o turismo é um sistema e por isso tem um grau de complexidade elevado, uma vez que considera a interdependência e asinterrelações de seus componentes. Esta interdependência da atividade turística eleva o grau de complexidade do processo de planejamento e faz necessária a inclusão da palavra flexibilidade no conceito de planejamento turístico. A flexibilidade é uma condição relevante uma vez que privilegia o respeito às características locais, permitindo adaptar o método em função destas características e não ao contrário. O processo de planejamento turístico e suas etapas Para determinar qual o melhor método a ser aplicado na elaboração de um planejamento de um destino turístico é necessário que se considere a área de abrangência deste planejamento. O planejamento do destino é usado para referenciar esse processo desenvolvido para uma região geográfica que possua os elementos como instalações, atrativos, infraestrutura e profissionais suficientes para atrair visitantes e para a realização de atividades turísticas, podendo ter abrangência internacional, nacional, regional ou local (OMT, 2003a). Quanto maior o nível de abrangência do planejamento, mais complexo este será, uma vez em que se aumentando a escala geográfica, também se aumentam as variáveis relacionadas à cadeia produtiva do turismo envolvidas no processo. Por exemplo, ao planejar um destino turístico na esfera municipal, as variáveis estão limitadas à divisão política administrativa do município em questão. Por outro lado, o planejamento de um destino turístico em nível regional, já amplia estas variáveis, pois os objetivos de uma região são mais complexos, envolvendo não só as diferenças relativas às características dos locais em questão, 40 mas também os interesses políticos e privados. Além dos níveis de abrangência há que se considerar que, para que o planejamento turístico esteja baseado em um processo lógico, faz-se necessária a sistematização de suas etapas. A aplicação destas etapas independe do nível de abrangência e variam de autor para autor. A decisão de planejar é motivada por diversas necessidades conjunturais e estruturais, nos mais diversos setores. Barretto (1991) afirma que, no caso do turismo, urge a necessidade de sistematizar e adaptar o movimento turístico ao destino e, ainda, atender às expectativas da demanda, contemplando os direitos dos moradores, no que se refere à urbanização, meio ambiente, cultura e relações sociais. Dessa forma, do ponto de vista processual, é importante estabelecer etapas para efetivação do processo de planejamento turístico. Barretto (1991) indica cinco etapas a serem trabalhadas no planejamento: Estudo diagnóstico: trata da investigação, reflexão e compreensão da realidade bem como identificação de fatos e tendências; Definição de objetivos: é a tomada de decisão em que se definem o estado das coisas que se pretende atingir com a ação planejada. É preciso clareza e legitimação; Implantação e execução: instalação, execução e funcionamento do empreendimento. É a ação; Controle: acompanhamento com vistas à verificação da correspondência com o planejado, identificação e correção de desvios e/ou bloqueios e fornecimento de subsídios para a etapa seguinte; Avaliação do trabalho: uma crítica pura ou orientada para um replanejamento. Deve considerar não apenas os resultados, mas também a efetivação dos objetivos. O desempenho de todo o projeto é analisado. As etapas propostas por Ruschmann (1999) referem-se a: Caracterização geral do ambiente, onde é realizado o levantamento dos aspectos gerais, geográficos, econômicos e sociais da região objeto de estudo; Inventário turístico, sendo este o levantamento das condições naturais, culturais, infraestrutura turística, recursos humanos para o turismo e caracterização da demanda, e por fim; Análise e/ou avaliação, que se refere à análise dos pontos fortes e fracos, diagnóstico, prognóstico e diretrizes. Beni (1998) classifica as etapas do planejamento turístico como: Estudo preliminar, onde é feita toda a caracterização do local; 41 Diagnóstico, onde é feita a análise dos dados levantados na etapa anterior; e Prognóstico, que na visão do autor seria uma tentativa de previsão de futuro embasada pelo conhecimento da realidade para posterior proposição de diretrizes. Na visão de Dias (2003), o planejamento está alinhado a uma concepção funcionalista do turismo difundida pela OMT. Atentando para uma percepção de planejamento turístico que direciona para etapas que otimizem a dinâmica e louros da atividade –com bons resultados para experiência do visitante e para o destino visitado, sua concepção de turismo vincula suas etapas de planejamento: Decisão de planejar; Conteúdo do plano - destaque para prognóstico, e; Implementação do plano ao funcionalismo da OMT. Mesmo que pertencendo à sequência aparentemente lógica, cabe aqui uma ponderação no sentido de questionar se a etapa de prognóstico, da forma como é concebida pelos autores, não deveria passar por uma revisão. Uma vez que ela é baseada no conhecimento da realidade de um local, mas que esta realidade faz parte de um contexto que é dinâmico, e assim passível de muitas mudanças. Este cenário faz com que um processo de planejamento baseado em previsões, corra riscos de ter que corrigir muitas falhas e em pouco tempo ficar obsoleto. As etapas que compõem o processo de planejamento, em linhas gerais, pressupõem em sua essência o profundo conhecimento da realidade do objeto de estudo em questão, a análise imparcial desta realidade que, por sua vez, delineará as ações prioritárias a serem implementadas na região em questão. Estas etapas levam a conclusão da primeira parte do processo de planejamento turístico que é a elaboração do plano, do documento físico que contém os resultados provenientes da execução das etapas anteriores. No processo de planejamento, o plano se constitui de parte fundamental, pois nele está o ferramental que indica o que se faz necessário para o desenvolvimento turístico de uma região. Porém, o plano não se constitui no processo completo de planejamento. Depois de sua elaboração ainda há que se considerar a implementação deste. De nada adianta a elaboração do plano se as ações ali propostas não saírem da esfera documental. A ação, de colocar o plano em prática, senão em sua totalidade, mas no que for prioritário dentro dos recursos possíveis, é que se reverterá no êxito ou no fracasso de todo processo que envolve todas as etapas de planejamento turístico. O quadro 01 apresenta um resumo dos autores aqui analisados, com 42 enfoque para o conceito de turismo em que eles se aportam e as etapas de planejamento que propõe. Tabela 10 43 Fonte: Paula Wabner Binfaré. Planejamento turístico: aspectos teóricos e conceituais e suas relações com o conceito de turismo Observamos uma diversidade de concepções de turismo utilizadas pelos autores analisados, que variam, por exemplo, de entendimentos desse fenômeno como uma atividade comercial. O que implica que o planejamento turístico deve ser o ordenamento do arranjo produtivo, para a dinamização econômica do turismo. E, por outro lado, de uma concepção do turismo como atividade humana, que envolve, além de sua dimensão econômica, aspectos socioculturais da interação visitado-visitante, usos turísticos da cultura e do ambiente locais, com suas consequências, que devem ser considerados no planejamento turístico. Saiba mais: Mídias que agregam: Assista esse vídeo interativo sobre: Fundamento do turismo Acesse: ttps://www.youtube.com/watch?v=xSDXexZi2jo 44 2. CONSIDERAÇÕES FINAIS Apesar de o tema planejamento turístico fazer parte da pauta dos discursos políticos e ser objeto de estudo de conceituados pesquisadores da área de turismo é preciso reconhecer que, na prática, são poucos os exemplos que obtiveramêxito no processo. Um dos aspectos que mais dificultam o êxito do planejamento turístico é a maneira isolada como este é elaborado. Os fatores que dificultam o êxito são consequência das implicações da complexidade da atividade turística e em linhas gerais estão relacionados aos métodos utilizados. A construção do processo de planejamento turístico envolve variáveis econômicas, sociais, cultural, ambientais e políticas. Para os autores estudados neste trabalho e suas concepções sobre turismo e planejamento turístico. Fica claro que mesmo encontrando cenários com os quais na maioria das vezes só se pode trabalhar com a postura reativa (devido ao crescimento rápido e espontâneo da atividade turística), o planejamento deve também ser proativo no que diz respeito ao conhecimento do meio em que está inserido a ponto de chegar ao máximo de precisão possível. A postura proativa está baseada no profundo conhecimento do objeto de estudo e por isso maximiza os efeitos positivos da atividade turística, possibilitando a escolha do tipo de desenvolvimento que a região quer e necessita. Enquanto isso, o processo de planejamento deve ser flexível a ponto da postura reativa ser adotada quando houver o descontrole ou o erro de previsão envolvendo alguma variável pertinente ao processo. Há que se considerar que o entendimento do que é planejamento, se refere principalmente à informação particularizada do que seja o planejamento turístico em sua totalidade. O que se verifica na prática é que de acordo com os interesses envolvidos, o planejamento ganha ênfases diferenciadas, como se fossem vários processos diferentes e não uma continuidade. Não é possível observar uma preocupação dos autores analisados em realizar uma profunda discussão sobre a ampla e complexa conceituação de turismo, para propor teorias e etapas do planejamento dessa prática. Nesse estudo, o turismo aparece como uma atividade ampla e supervalorizada, envolvendo toda a diversidade de atividades, estruturas e facilidades utilizadas quando pessoas deslocam-se, sobretudo relacionadas ao lazer. A partir dessa conceituação superficial, o planejamento proposto corresponde a preparação dos lugares para receber os fluxos 45 de pessoas em viagem e a para a instalação da rede de organizações e serviços que comercialização produtos a esses viajantes (turistas ou não). 3. 46 4. REFERÊNCIAS BINFARÉ, P. W. CASTRO, C. T. MICHEL V. SILVA, P.L. GALVÃO P. C. Planejamento turístico: aspectos teóricos e conceituais e suas relações com o conceito de turismo. Revista de Turismo Contemporâneo –RTC, Natal, v. 4, Ed. Especial, p. 24-40, abr. 2016. MELQUIADES, T. TADINI, R.F. Fundamentos do Turismo. Volume. Módulo 1. Rio de Janeiro: Fundação CECIERJ, 2010. SANTOS, M. T. d. Fundamentos de turismo e hospitalidade. Manaus : Centro de Educação Tecnológica do Amazonas, 2010. 52 p.: tabs. SILVA, A.D.L. Fundamento do turismo. Turismo. 67p. [online] Academia Edu. Ruschmann, D. (2001). Planejamento Turístico. In Ansarah, M. (Org.). Turismo. Como aprender, como ensinar. (Vol. 2). São Paulo: Senac 47
Compartilhar