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Teoria da argumentação de Stephen Toulmin Anotações de The uses of argument (1958) e An Introduction to Reasoning (1978) de Stephen Toulmin, sem valor científico, para consulta dos alunos da Disciplina de Teoria da Argumentação Jurídica da Faculdade de Direito da FMP (Prof. Dr. Anizio Pires Gavião). Abril de 2020. 1. Introdução ● A aceitabilidade da argumentação prática não depende da lógica ● Modelo de Toulmin (The uses of argument, 1958) como método alternativo para analisar e avaliar a argumentação ● O critério de validade da lógica formal não é adequado para avaliar os argumentos empregados na linguagem comum da vida diária e, assim também, na argumentação jurídica ● A argumentação prática compara-se à argumentação jurídica ● Em An Introduction to Reasoning, 1978, Toulmin busca aplicar seu modelo no contexto da argumentação jurídica ● O procedimento argumentativo é guiado por regras ● Existem regras universais (field-invariant) para analisar e avaliar o procedimento argumentativo empregado em todas as áreas do conhecimento ● Mas existem regras particulares (field-dependent), própria de áreas como o Direito, entre outras ● Em 1980, o modelo da argumentação de Toulmin tornou-se bastante popular no Direito, notadamente com instrumento para analisar e avaliar argumentos na prática jurídica ● Em 1990, quando Inteligência Artificial e Direito desenvolveram-se como campos de pesquisa, vários pesquisadores tomaram como ponto de partida o modelo de Toulmin para especificação dos diferentes tipos de elementos da justificação judicial 2. Elementos de um argumento ● A identificação e a força de um argumento dependem de um conjunto de elementos ● Algumas questões podem ser colocadas: ● Qual é o ponto de partida de um argumento? ● Qual é o ponto de chegada de um argumento? ● Qual é o procedimento que um argumento deve seguir? ● Qual é a sequência de passos que um argumento deve observar, e quais são as relações entre esses sucessivos passos? ● Quais são as questões que podem ser formuladas para testar um argumento? ● Essas questões podem ser respondidas a partir dos 4 elementos de um argumento: ● 1) Conclusão (Claim): é o ponto de chegada do argumento, seu resultado, objeto central do assunto proposto pelo argumento ● 2) Fato (Ground): são as informações, circunstâncias, evidências, dados conhecidos ou presumidos assumidos apresentados para justificar a aceitabilidade da conclusão; são observações empíricas, dados científicos, dados estatísticos ou temas de conhecimento comum relevantes para a aceitabilidade da conclusão ● 3) Regra de garantia (Warrant): é o que justifica a passagem do fato para a conclusão; o movimento do fato para a conclusão é garantido por diferentes regras próprias das diversas áreas do conhecimento (leis da natureza, ciência; normas jurídicas e precedentes, Direito; regras da experiência, questões práticas gerais ● 4) Fundamento da regra de garantia (Backing): regras de garantia podem ser colocadas em dúvida ou controvertidas, quando, então, devem ser apresentados fundamentos para justificar a aceitabilidade da própria regra de garantia ● Assim, por exemplo, regras jurídicas apresentadas para justificar uma conclusão a partir de um conjunto de evidências fáticas podem ter sua validade colocada em dúvida ● Então, devem ser apresentados fundamentos para justificar a sua validade ● Por exemplo: ● Cuida-se de uma regra jurídica dada pelo legislador brasileiro, formal e materialmente constitucional. ● Esses são os elementos de um argumento ● Eles servem não somente para identificação de um argumento como também para avaliar a força de um argumento ● Eles serão mais detalhadamente avaliados a seguir ● Antes este exemplo: ● 1. Conclusão: A deve pagar multa de R$ 500,00 ● 2. Fato: A estava dirigindo um veículo automotor, em via pública, sem cinto de segurança; ● 3. Regra de garantia: Conduzir veículo automotor em via pública, sem cinto de segurança, multa de R$ 500,00. ● 4. Fundamento da regra de garantia: A regra que diz “conduzir veículo automotor em via pública, sem de segurança, multa de R$ 500,00” é uma regra válida da legislação brasileira, formal e materialmente constitucional. 3. Conclusões ● A conclusão de um argumento é uma afirmação colocada com pretensão de correção e aceitabilidade racional ● A conclusão é o primeiro elemento para a identificação de um argumento ● O ponto de partida para identificação de um argumento é a destinação final do procedimento argumentativo ● Então, uma questão na identificação e avaliação de um argumento é uma conclusão, destinação ou ponto de chegada clara e objetivamente colocado ● Assim, ambiguidades, vagueza, incerteza ou falta de clareza quanto ao destino final de um argumento devem ser resolvidas previamente ● Por isso mesmo, deve se identificar exatamente qual é o propósito de um argumento ou o que exatamente se pretende provar ou afirmar como verdadeiro 4. Fatos ● Conclusões, sejam afirmações fáticas, juízos de dever ou juízos de valor, devem ser formuladas acompanhadas de conjunto de informações, dados, registros, evidências e outros elementos descritivos, caso pretendam aceitabilidade racional ● A aceitabilidade da conclusão de um argumento depende da aceitabilidade dos fatos, informações, dados estatísticos, evidências apresentadas ● Outra exigência é a de que os fatos apresentados sejam relevantes e pertinentes para a aceitabilidade da conclusão ● Se os fatos apresentados não guardam relação e não têm relevância ou pertinência temática com a conclusão, então eles em nada contribuem para a aceitabilidade da conclusão ● A aceitabilidade dos fatos depende de que eles sejam verdadeiros, certos, seguros ou confiáveis ● Um ponto de partida na apresentação dos fatos de um argumento é identificar fatos notórios, amplamente conhecidos e compartilhados, cuja verdade não se acha controvertida ou sob dúvida ● Fatos sobre os quais não recaem dúvidas quanto a sua veracidade são pontos de partida centrais para o desenvolvimento de um argumento ● Então, na apresentação e descrição fática de um caso, devem ser assentados os fatos verdadeiros ou fatos presumidos como verdadeiros ● Quem não está disposto e comprometido a apresentar fatos verdadeiros ou presumidos verdadeiros não pode colocar pretensão de correção na conclusão de seu argumento, esbarrando já na própria aceitabilidade de suas premissas ● A avaliação de um argumento depende do conjunto total de evidências apresentadas justificar a verdade das proposições fáticos ● As evidências devem ser robustas, sólidas, consistentes e coerentes de modo a ganharem aceitabilidade ● Proposições fáticas frágeis, incertas ou dúbias levam à fragilidade de um argumento ● Aqui, então, a carga da prova está com aquele que apresenta um argumento ● Isso será estudado adiante 5. Regras de garantia ● Regra de garantia estabelece a conexão entre os fatos e a conclusão de um argumento, servindo à justificação de sua aceitabilidade racional ● É o que autoriza o movimento dos fatos para a conclusão ● Regras de garantia podem ser generalizações, regras da experiência, leis na natureza, leis da ciência, valores comuns, costumes, princípios morais, normas jurídicas ● Regra de garantia autoriza ou legitima a passagem dos fatos para a conclusão ● Exemplo: ● 1. Conclusão: A deve pagar multa de R$ 500,00 ● 2. Fato: A estava dirigindo um veículo automotor, em via pública, sem cinto de segurança; ● 3. Regra de garantia: Conduzir veículo automotor em via pública, sem cinto de segurança, multa de R$ 500,00. ● A regra de garantia é a regra jurídica que diz “conduzir veículo automotor em via pública, sem cinto de segurança, multa de R$ 500,00”. ● Atribuindo-se F para fato, W para a regra de garantia e C para conclusão, tem-se que o argumento pode ser escrito desse modo: ● F, W, então C. ● Exemplo clássico de Toulmin● 1. Conclusão: Harry é cidadão britânico ● 2. Fato: Harry nasceu nas Bermudas ● 3. Regra de garantia: Pessoa nascida nas Bermudas é, em geral, britânica ● 4. Fundamento da garantia: Regra jurídica do Common Law inglês dispõe que pessoa nascida nas Bermudas tem cidadania britânica 6. Fundamento da regra de garantia ● A regra de garantia não pode fundamentar a sua própria validade, sendo necessária apresentação de sua fundamentação ● A fundamentação da regra de garantia é a garantia da garantia ● Então, deve ser apresentado a fundamento para justificar a aceitabilidade da regra garantia ● No famoso exemplo de Toulmin, a regra de garantia é a de que pessoa nascida nas Bermudas, em geral, tem cidadania britânica, mas pode ser levantada objeção sobre o que fundamenta essa regra ● Então, deve ser apresentado esse fundamento: regra jurídica válida do Common Law inglês diz que pessoa nascida nas Bermudas tem cidadania britânica ● O fundamento da regra de garantia na argumentação jurídica pode ser o documento legislativo (constitucional e infraconstitucional), trabalhos preparatórios, precedentes dos tribunais, etc. ● A correta escolha da regra de garantia é central para a construção de um bom argumento ● Na argumentação jurídica, nos chamados casos difíceis, os tribunais enfrentam a necessidade de escolher uma ou outra regra de garantia, cada uma apontando para uma solução diferente ● Nos casos que envolvem conflito entre os direitos à informação e os direitos à privacidade e intimidade, o problema não é encontrar uma regra de garantia, mas escolher entre duas ou mais ● Um critério para determinar a regra de garantia fazer uma ponderação dos direitos em colisão (direito à informação e direito à privacidade), a fim de determinar qual deve ser a regra garantia ● A fundamentação da regra de garantia na argumentação jurídica é um assunto da interpretação jurídica, que envolve o emprego dos diversos tipos de argumentos interpretativos das normas jurídicas (linguísticos, históricos, sistemáticos, contextuais, teleológicos), formulações da ciência jurídica e precedentes dos tribunais 7. Corrente de argumentos ● Argumentos podem ser analisados e avaliados individualmente, mas na prática da linguagem comum diária e nas diversas áreas do conhecimento, um argumento é apenas o ponto de partida para outro argumento e, normalmente, este último é o ponto de partido para o próximo argumento ● Argumentos deixam-se vincular uns aos outros por meio de uma corrente de argumentos ● Uma conexão entre argumentos pode ser mostrada assim: ● 1. Argumento 1 fundamenta Conclusão Intermediária 1 ● 2. Argumento 2 fundamenta Conclusão Intermediária 2 ● 3. Argumento 3 fundamenta Conclusão Intermediária 3 ● 4. Conclusão final ● 5. Fato: Conclusão Intermediária 1 + 2 + 3 ● 6. Regra de Inferência ● 7. Fundamento da regra de inferência 8. Força dos argumentos ● A força de um argumento depende se as conexões entre as partes do argumento estão presentes ● Nas questões da vida prática as conexões entre as partes dos argumentos não autorizam a passagem dos fatos à conclusão de modo absoluto ● Somente nos casos dos argumentos abstratos da matemática pura é possível relações de necessariedade absoluta entre as partes de um argumento ● As conexões entre partes dos argumentos empregados na resolução de questões práticas mais ou menos são qualificadas ou mais ou menos condicionais ● Conclusões são formuladas com base em evidências não absolutas ● Quatro temas são centrais para a determinação da força de um argumento: ● 1) Frases de qualificação: proposições que são empregadas nos argumentos para sinalizar graus de certeza da conclusão do argumento, de tal sorte que uma conclusão pode ser certa, provável, muito possível, possível, etc. ● 2) Condições e exceções: fazem com que a força de um argumento seja sempre dependente de determinadas circunstâncias e condições ● Argumentos aparentemente fortes e bem construídos podem ser derrotados, quando demonstrado que uma de suas suposições não é verdadeira ou não se tem evidência para justificá-la ● 3) Ônus da prova e dilemas: situações práticas exigem tomada de decisão e, nem sempre, todas as informações e evidências estão disponíveis; decisões importantes da vida prática são tomadas ainda que ausentes ou insuficientes as evidências necessárias; ● Nesses caso, suposições e presunções ocupam o lugar das evidências ausentes ou insuficientes ● 4) Relevância do argumento no contexto em que empregado ● Exemplo A ● 1. Hidroxicloroquina, então muito provavelmente vai curar a enfermidade do paciente ● 2. O paciente padece de infecção respiratória causada por coronavirus ● 3. Penicilina é um medicamento eficaz contra infecção respiratória ● 4. Estudos científicos e a experiência recentes mostram que Hidroxicloroquina é eficaz contra infecção respiratória ● Exemplo B ● 1. Hidroxicloroquina, presumivelmente é o medicamento adequado para ser prescrito a pacientes com infecção respiratória causada por coronavírus ● 2. Hidroxicloroquina irá muito provavelmente melhorar as condições de saúda de paciente com infecção respiratória causada por coronavírus ● 3. O medicamento mais efetivo é o que normalmente deve ser prescrito a um paciente ● 4. O objetivo geral dos medicamentos é alcançar os fins que eles buscam realizar ● Exemplo C ● 1. Hidroxicloroquina, presumivelmente é o medicamento adequado para ser prescrito a pacientes com infecção respiratória causada por coronavírus ● 1.1. (Refutação) A menos que o caso é de paciente de risco em razão dos efeitos colaterais de Hidroxicloroquina ● 2. Hidroxicloroquina irá muito provavelmente melhorar as condições de saúde de paciente com infecção respiratória causada por coronavírus ● 3. O medicamento mais efetivo é o que normalmente deve ser prescrito a um paciente ● 4. O objetivo geral dos medicamentos é alcançar os fins que eles buscam realizar 9. Qualificação das conclusões ● A força ou a limitação de uma conclusão é indicada pela presença de qualificadores ● A conclusão formulada é: necessária, certa, presumível, muito provável, provável, muito possível, possível, talvez, aparentemente, plausível... ● Assim: ● F, então certamente C ● F, então provavelmente C ● F, então presumivelmente C ● Exemplo: ● 1. A, presumivelmente deverá ser condenado por homicídio, podendo cumprir pena de 6 a 20 anos de reclusão ● 2. A desferiu um golpe de faca em B, matando-o ● 3. A regra jurídica do art. 121 do Código Penal brasileiro estabelece que quem matar alguém está sujeito à pena de reclusão de 6 a 20 anos. ● 4. A regra do art. 121 do Código Penal brasileiro é válida, sendo regularmente aplicada pelos juízes e tribunais. ● No exemplo, presumivelmente em lugar de certamente ou necessariamente porque A pode ser absolvido por legítima defesa ou ser penal inimputável por doença mental (Refutação) 10. Refutações e exceções ● Refutações são circunstâncias extraordinárias ou excepcionais capazes de minar a força de um argumento ● A noção de refutação significa que uma regra de garantia autoriza a passagem dos fatos para a conclusão apenas na ausência de circunstâncias ou condições excepcionais ● É que essas circunstâncias ou condições excepcionais podem cortar a inferência – retirando a licença para a passagem do fato para a conclusão ● Refutar significa afastar uma regra de garantia em razão das circunstâncias do caso ou de condições de exceção ● A forma de um argumento: ● F, então presumivelmente C ● F, então a suposição de C ● Mas essa formulação somente é correta quando não há razão prévia para supor que se trata de um caso excepcional ● Quando as exceções são amplamente conhecidas, deve-se empregar esta forma ● F, então possivelmente C, salvo se R 11. Presunções e dilemas ● Como começam os argumentos? ● Por que o afirmado precisa ser justificado? ● Quando é o caso em queargumentos são necessários? ● Argumentos são exigidos quando são formulados questionamentos como: ● Por que? ● O que? ● Como? ● Se não isso, nenhuma questão é colocada e não são exigidos argumentos ● Quando é esse o caso, quem coloca-se em posição de exigir um argumento deve suportar a carga inicial da prova – ou seja – justificar por que está exigindo que argumentos sejam apresentados ● Então, o ônus da prova de mostrar a questão é do desafiante ● Isso colocado, uma discussão e argumentação racional podem ter lugar ● Por que usar o medicamento Hidroxicloroquina em pacientes acometidos de infecção respiratória por coronavírus? ● O ponto de partida para o início de uma argumentação é a apresentação de presunções ● Então, devem ser apresentadas as presunções iniciais sobre o tema da argumentação, consistente em formulações que são conhecidas em não controvertidas, a fim de que possam ser dados novos passos e formulados novos argumentos ● Assim, sobre a Hidroxicloroquina devem ser apresentadas informações e dados já amplamente conhecidos no âmbito da comunidade científica da área, ou seja, dados tomados ou presumidos como verdadeiros ● Na argumentação jurídica em um tribunal, o ponto de partida são os fatos provados ou presumidos como verdadeiros ● Presunções são admitidas por razões práticas, pois nem sempre é possível recolher todas as evidências a respeito da questão ou assunto controvertido ● A racionalidade de uma conclusão está relacionada não apenas com chegar-se a uma conclusão racional, mas também chegar à conclusão em tempo racionalmente aceitável ● Um ponto central da discussão sobre argumentos e cadeia de argumentos é que eles buscam respostas para problemas ou questões, mas nem sempre apenas uma resposta ou solução está disponível ● Frequentemente, então, os problemas levantados têm várias respostas possíveis e igualmente plausíveis, situações em que não fica claro qual deve ser a resposta dada ● No tribunal do júri, o promotor de justiça apresenta bons e bem construídos argumentos que justificam a condenação do acusado (C1). Mas, em seguida, a defesa igualmente apresenta argumentos igualmente convincentes no sentido da absolvição do acusado (C2). ● Em réplica, o promotor de justiça chama a atenção para fragilidades importantes da argumentação da defesa do acusado (C1), que, por sua vez, na tréplica, mostra a fraqueza dos argumentos apresentados na réplica (C2) ● Se os argumentos colocados pelos dois lados (C1) e (C2) são igualmente fortes e convincentes, qual é a solução racional? ● E se os argumentos dos dois lados são frágeis, qualquer um pode ser o preferencial? ● A forma de resolver esses dilemas estão critérios gerais de razão prática ● Um dos critérios usados nos julgamentos do tribunal do júri é o de que a acusado somente deve condenado acima de qualquer dúvida razoável, em razão do princípio da presunção de inocência 12. Relevância e o contexto de um argumento ● A força de um argumento não está apenas na sua estrutura e conexão entre suas partes, mas também no seu conteúdo material ● A força de um argumento é igualmente substancial ● Na Suprema Corte do Estados Unidos, os casos normalmente aceitos e admitidos para julgamento são aqueles que são colocados bons argumentos não apenas quanto à forma, mas que envolvem questões substanciais centrais para a vida social dos norte- americanos ● Outra questão central para força de um argumento é reconhecer a relevância ou irrelevância de seus elementos ● O que deve ser observado em um argumento é sua relevância, o que envolve tanto questões sobre os fatos, sobre a regra de garantia, fundamento da regra de garantia e refutações ● Com isso, fica colocada a questão de interdependência entre esses elementos 13. Falácias ● Falácias são argumentos reconhecidamente problemáticos ● Falácias são argumentos que aparentam ser fortes, com grande poder argumentativo, mas um exame mais rigoroso mostra que isso é apenas uma ilusão ● O aparente poder de fogo argumentativo está na semelhança dos argumentos falaciosos com argumentos corretos ● A característica central das falácias é que seus elementos não fundamentam a conclusão ● Os problemas podem estar tanto em cada dos elementos dos argumentos como no desenvolvimento do seu procedimento ● Não existe um catálogo exaustivo de falácias ● Falácias não se deixam classificar facilmente, muito embora algumas tentativas possam ser encontradas na literatura ● Falácias são complexas e nem sempre podem ser identificadas facilmente ● Argumentos podem ser falaciosos em um contexto, mas podem deixar ser falaciosos em outro contexto ● O emprego de um argumento falacioso pode ser deliberado ou acidental, honesto ou desonesto ● O emprego deliberado e desonesto de argumentos falaciosos remete aos sofismas ● Ainda que as falácias não se deixem classificar facilmente, algumas tentativas são desenvolvidas ● Nesse sentido, por exemplo, esta proposta com 5 tipos de falácias ● 1. Falácias resultantes da ausência de fatos ● 2. Falácias resultantes da irrelevância das evidências ● 3. Falácias resultantes da insuficiência das evidências ● 4. Falácias resultantes da ausência de garantia ● 5. Falácias resultantes de ambiguidades 13. 1. Falácias resultantes da ausência de fatos ● São argumentos que não são argumentos (pseudo-argumentos), pois não são apresentadas as evidências para fundamentar a conclusão 1. A falácia da petição de princípio (petitio principii) ● A evidência apresentada é a própria conclusão formulada de modo diferente ● A está dizendo a verdade, porque ele nunca mente. ● Exemplo: ● Conclusão: A está dizendo a verdade ● Fato: Ele nunca mente ● As duas formulações têm o mesmo significado, apenas uma é formulada positivamente e outra negativamente 2. Essa falácia ocorre nas definições circulares: ● Exemplos: ● Um gato é um animal ● Uma causa é algo que produz um efeito ● Destilação é uma operação de destilaria 13.2. Falácias resultantes de fatos irrelevantes ● Casos em que as evidências apresentadas não são diretamente relevantes para fundamentar a conclusão ● É o caso das falácias consistentes em escapar do assunto objeto central da conclusão ● Ao invés de apresentar evidências que fundamentam diretamente a conclusão, o argumento apresenta outras evidências que não possuem relação direta com o assunto, muito embora alguns casos possam aparentar ter relevância para a conclusão ● Algumas vezes, são apresentadas evidências que tangenciam o assunto colocado na conclusão, mas não são relevantes para fundamentar a conclusão propriamente ● Essa falácia é normalmente empregada como tática para desviar o assunto em uma discussão ou não responder uma pergunta difícil ● Políticos costumam empregar essa tática para evitar responder questões controvertidas ● Dois tipos de táticas diversionistas na argumentação: 1. A falácia da pista falsa (red herring) ● Manobra diversionista, consistente em retirar o foco do assunto relevante para outro que é meramente tangenciado e desimportante ● Nesse argumento falacioso, o assunto central é desviado completamente ● Exemplo: ● Em um debate sobre a compatibilidade conceitual entre democracia e socialismo, apresenta-se o argumento de que as atrocidades cometidas por Stalin são evidências de que o socialismo é essencialmente antidemocrático ● O problema desse argumento é que a evidência apresentada, envolvendo a experiência de um país no desenvolvimento do socialismo, nada diz sobre o conceito de democracia e sua incompatibilidade conceitual com o conceito de socialismo 2. A falácia do espantalho (straw-man) ● Manobra diversionista, consistente em distorcer ou reformular o tema de modo a simplificar um argumento ● Argumento empregado quando se atribui a outrem uma formulação fictícia ou quando são distorcidas ou reformadas as afirmaçõesde outros, de modo que fiquem mais frágeis e mais facilmente atacadas. ● Exemplo: ● A diz que o governo só se preocupa com o crime quando questões como pobreza infantil e a destruição ambiental continuam a ser subestimadas ● B diz estar surpreso com o fato de A pensar que o crime é tão sem importância. Com o aumento alarmante da violência no país, enfrenta-se uma quebra de lei e ordem em grande escala. As pessoas estão inseguras e isso precisa ser atacado. ● Veja-se que A defende a opinião de que questões como pobreza infantil e destruição ambiental deveriam ter mais prioridade na agenda do governo e não apenas a violência. ● Mas B, para criticar seu adversário, distorce essa opinião criando espantalho. ● B atribui a seu oponente a tese de que o crime é um problema social sem importância. ● Mas isso não defendido por A. ● Então, o que B rejeita é uma opinião que não era sustentada por ninguém e deixa seu adversário sem resposta, incorrendo na falácia do espantalho 3. A falácia do apelo à autoridade ● O argumento de autoridade é um argumento tradicional, bastante conhecimento e muito valioso na argumentação prática geral e nas diversas áreas da argumentação ● Mas o argumento de autoridade pode ser tanto corretamente formulado como também tornar-se um argumento falacioso ● Este é o esquema do argumento de autoridade ● Premissa maior: A é uma autoridade no assunto S que contém a proposição P ● Premissa menor: A afirma a proposição que P sobre o assunto S é uma verdade ● Conclusão: A pode ser tomada como presumivelmente uma verdade ● Esse argumento pode ser testado com base em 6 questões críticas: ● 1. Qual é a credibilidade de A como uma autoridade? ● 2. A é efetivamente uma autoridade na área de conhecimento do assunto S? ● 3. O afirmado por A é relevante e implica a verdade da proposição P? ● 4. A é pessoalmente confiável como uma fonte? ● 5. A proposição P é consistente com o afirmado por outras autoridades sobre o assunto S? ● 6. A proposição encontra-se fundada em alguma evidência? ● A questão crítica 1 é diferente da questão crítica 4. ● A questão crítica 4 trata da honestidade ou veracidade da autoridade, cuidando, portanto do assunto atinente ao caráter ético da fonte ● A questão crítica 1 trada da competência e qualificação da autoridade tomada como fonte ● Um argumento de autoridade pode fracassar tanto quando o expert é desonesto e mentiroso tanto quando ele não é competente e qualificado suficientemente ● Assim, quando um argumento de autoridade não responde satisfatoriamente essas questões, pode ser o caso de um argumento falacioso 4. A falácia contra a pessoa (argumento ad hominem) ● Cuida-se de um argumento falacioso porque rejeita ou refuta uma conclusão com base em fatos (verdadeiros ou falso) negativamente atribuídos a quem fez ou apresentou essa mesma conclusão ● É um argumento falacioso porque se destina a atacar a pessoa, e não o próprio argumento ● Esse argumento falacioso associa e/ou identifica o caráter, as qualidades ou a situação da pessoa com o conteúdo dos argumentos por ela formulados ● As leis aprovadas no parlamento são contrárias aos interesses da sociedade, pois os políticos não são pessoas que devem ser levadas à sério, pensando exclusivamente em seus próprios interesses. ● Ainda constitui argumento falacioso contra a pessoa atribuir culpa por associação ● É um caso de generalização ● Nesse caso, associa-se quem argumenta com um grupo desacreditado de pessoas ● Exemplos: ● A conclusão de que devem ser reduzidos os níveis de emissão de gases não se sustenta. Isso porque é uma conclusão de A, que é membro de um grupo de ambientalistas radicais, que não tem qualquer preocupação com o desenvolvimento econômico ● O fato de uma pessoa ser liberal, conservadora, secular, simpatizante de Lula ou Bolsonaro, não implica, por si só, que o afirmado por ela seja falso, injusto ou incorreto, desprovido de justificação racional 5. A falácia do argumento pela ignorância ● O argumento pela ignorância é falacioso quando uma conclusão é apresentada erroneamente com base na ausência evidências em sentido contrário ● Erroneamente, uma conclusão é fundamentada simplesmente porque o contrário não pode ser provado ● Exemplo clássico do ateísta: ● Deus não existe porque não existem provas de que Deus existe. ● Como não existem provas de que Deus existe, Deus não existe. ● A falácia está no fato de que a falta de prova sobre algo não é prova de algo não existe. ● Falta de provas não é prova ● Exemplo: ● Não há provas de que o navio X causou derramamento de petróleo no mar, então o navio X não causou derramamento de petróleo no mar 6. A falácia do apelo ao povo ● Apelo ao povo é uma tentativa falaciosa de fundamentar uma conclusão com base na sua suposta popularidade ou ampla aceitação popular ● O fato de um grupo ou muitas pessoas aceitaram algo como sendo verdade é apresentado como prova da veracidade da afirmativa ● É o caso do argumento fundado no marketing e na publicidade ● É caso de muitas falácias apresentadas por políticos com base na publicidade e no marketing ● A propaganda nazista continuamente empregou essa estratégia falaciosa para desarmar a oposição aludindo aos “verdadeiros alemães” para alinharem-se contra a presença dos judeus no território alemão ● Nas sociedades democráticas a falácia do apelo ao povo pode ter a forma de opiniões identificadas com as liberdades constitucionais ● A popularidade, a opinião dominante ou a vontade da maioria é a última instância da democracia ● Liberdade escolha é igualmente central e decisiva à democracia ● Popularidade, opinião pública dominante ou a maioria podem levar à tirania da maioria com sérios riscos aos direitos e às minorias ● As maiorias de hoje podem ser as minorias amanhã... ● Então a proteção das minorias e o direito de divergir são igualmente centrais à democracia ● A aprovação popular não pode justificar revogação dos direitos fundamentais ● Assim, por exemplo, apelação popular contra a homossexualidade não pode justificar negação do direito fundamental de personalidade dos homossexuais 7. A falácia do apelo à compaixão ● É o argumento que apela às emoções e sentimentos, buscando simpatia nos casos em se coloca a necessidade de decisão racional ● Cuida-se de uma tática eficaz e comumente empregada na prática da argumentação perante tribunais populares, como é o caso do tribunal júri, quando promotores e advogados debatem pela condenação e absolvição em processos criminais ● Pela acusação podem ser apresentados os argumentos: ● “O acusado cometeu um crime violento, revelando desprezo por um dos valores mais caros de nossa sociedade, que é a vida humana, ação que resultou a morte de uma pessoa honesta, pai família, cuja esposa e filhos, daqui para frente, não mais poderão compartilhar com o esposo e o pai; por isso, então, ele deve ser condenado, punido e retirado do convívio social” ● Por seu lado, a defesa pode argumentar: ● “Esse jovem acusado não pode ser condenado e punido severamente..., a sua vida, desde o início até os dias de hoje tem sido um sofrimento sem fim, sem oportunidades de educação e de empregos qualificados..., cuida-se de um dos tantos excluídos sociais..., lutando dia-a-dia pela própria sobrevivência, desde criança, quando abandonado pelos pais” 8. A falácia do apelo à força ● O argumento do apelo à força é fundado na ameaça a partir da qual deve-se concordar o afirmado na conclusão ● A ameaça não é necessariamente física, podendo ser moral ou psicológica ● Cuida-se de um argumento que viola a liberdade e as convicções individuais ● É o caso quando os líderes de uma organização de criminosa de traficantes ameaçam as pessoas que têm conhecimento de suas ações criminosas em caso de elas serem chamadas a servirem como testemunhas em investigaçõespoliciais e processos penais ● Igualmente é o caso da vítima de assédio sexual, ameaçada de demissão caso revele o ocorrido 13.3. Falácias resultantes evidências insuficientes ● Argumentos falaciosos podem resultar da insuficiência das evidências apresentadas para fundamentar a conclusão ● Os fatos e as evidências apresentadas guardam relação com a conclusão que o argumento pretende fundamentar, mas são insuficientes para tanto 1. A falácia da generalização apressada ● Esse argumento falacioso é comumente empregado na linguagem comum ordinária das pessoas no dia-a-dia ● Cuida-se de um “salto à conclusão” ● Normalmente, aparecem em casos de amostras insuficiente e exemplos atípicos: ● Amostra insuficiente ● É o caso de formular uma generalização a partir de alguns poucos passos: concluir que todos os carros de uma marca são ruins com base nos relatos de algumas pessoas que não tiveram boas experiências com os veículos dessa marca ● Um caso recorrente do emprego do argumento falacioso da generalização apressado é o do argumento formulado a partir de uma amostragem inadequada ● É o caso da generalização com base estereótipos raciais ou nacionais ● É o exemplo do argumento que conclui que uma pessoa é preguiçosa e não é dada ao trabalho com base na afirmação que é de origem uma região em que as pessoas não gostam de trabalhar e são preguiçosas ● O problema desse argumento está falta da regra de garantia e, caso uma seja apresentado, o problema vai dar na sua fundamentação ● Qualquer tentativa poderá ser facilmente refutada ● Exemplo atípico ● É o caso de uma generalização a partir de exemplos atípicos ● Nesse caso, o exemplo apresentado como evidência não é representativo de um fenômeno e não serve de base para uma conclusão geral 2. A falácia do acidente ● É o argumento fundado em uma regra que é válida e geral, mas que deixa de considerar as circunstâncias especiais do caso que excepcionam a regra ● Nesse argumento, o problema está em não ser percebido alguma particularidade do caso que autoriza uma exceção à regra geral ● Regras gerais são generalizações próprias para disciplinar situações correntes que normalmente se acham no contexto do que é esperado acontecer ● Mas existem situações excepcionais que autorizam a não aplicação da generalização contida na regra ● Na falácia da generalização apressada, a insuficiência é quantitativa dada a existência de evidências suficientes para fundamentar a conclusão ● Na falácia do acidente, a insuficiência é qualitativa na medida em que o argumento não falha na consideração das particularidades do caso que afastam a fundamentação da conclusão ● Exemplo: ● Uma regra diz que “alunos não matriculados na FMP deve pagar R$ 10,00 pela consulta de livros na biblioteca”. A, aluno não matriculado na FMP, dirige-se à biblioteca a fim de retirar um livro para consulta local. O funcionário recém contratado da biblioteca exige-lhe o pagamento do valor fixado na regra. A, então, dirige-se ao Coordenador da biblioteca, dizendo está participando do Salão de Iniciação Científica na FMP e que, no edital, está contida a disposição que autoriza consulta de livros na biblioteca sem custos. Então, o Coordenador da biblioteca dispensa o pagamento do valor exigido, reconhecendo que o funcionário recém contratado incorrera na falácia do acidente 13.4 Falácias resultantes da ausência de garantias ● Esse é o caso quando se supõe a existência de garantias que efetivamente não existem ou não servem para suportar a fundamentação da conclusão ● Nessas falácias compartilha-se a presunção de que uma regra de garantia fundamenta a conclusão, quando, contudo, esse é não é realmente o caso ● Isso acontece normalmente quando, a regra de garantia a respeito da qual há consenso, não se acha explícita no argumento ● E exatamente, uma vez tornada explícita, verifica-se que não há regra de garantia ou que há dúvida sobre se a regra garantia fundamenta a conclusão do argumento 1. A falácia da questão complexa ● Ocorre quando é formulada uma questão que engloba, na verdade, duas perguntas, de tal modo que é impossível responder uma sem restar comprometido com a resposta de outra ● Exemplos clássicos: ● Você já deixou de usar drogas? ● Em qualquer caso, resposta sim ou não, implica admitir o uso de drogas ● Então, a pergunta já determina a resposta do destinatário ● Você já deixou de agredir sua esposa? ● Resposta sim ou não implica admitir agredir a esposa ● É o atual Rei da França careca? ● Como não há Rei da França no momento da pergunta, uma resposta sim ou não é inaceitável, pois compromete quem responde com aceitar a existência de um rei, que não existe ● A solução desse problema está em reconhecer que não se trata apenas de uma questão, e sim, duas, que não admitem uma única resposta ● Essa tática é recorrente no ambiente político ● Um político pode perguntar a outro: ● Você está ou não está comprometido com a corrosão da família brasileira ao apoiar o casamento entre pessoas do mesmo sexo? ● Essa pergunta, falaciosamente colocada, implica na conclusão de que é impossível apoiar o casamento entre pessoas do mesmo sexo e não estar de acordo com a corrosão da família brasileira 2. A falácia da causa falsa ● Esse argumento falacioso é empregado quando há confusão entre sucessão temporal e sequência causal ou quando, erroneamente, um evento é tomado com causa de outro ● Sucessão temporal e relação causal são fenômenos diferentes ● Uma situação é a sucessão de dois eventos no tempo, o que significa a ocorrência de um evento depois do outro ● Outra situação é a sequência ou relação causal entre dois eventos, o que significa que um evento é causa do outro ● Sempre que tomo banho, coloco uma camisa azul e vou para a faculdade bicicleta, vou bem nas provas. Cuida-se de um argumento falacioso, pois o argumento coloca uma sequência temporal entre tomar banho, colocar camisa azul, ir de bicicleta para a faculdade e fazer boas as provas. Contudo, não há qualquer evidência de relação causal entre tomar banho, colocar camisa azul, ir de bicicleta para a faculdade e fazer boas provas ● Em alguns casos, erroneamente, um evento é tomado como causa de outrem ● Esse é um caso de erro de causalidade ● A legislação ambiental brasileira é abundante em estabelecer responsabilidades administrativa, civil e criminal por ações lesivas ao meio ambiente e, mesmo assim, nunca houve tantos casos relativos a danos ambientais no Brasil. Assim, deve ser reduzido o número de leis que estabelecem responsabilidade pelos danos ambientais no Brasil ● Veja-se, o erro de causalidade, pois a legislação ambiental não é causa dos danos ambientais ● Igualmente, incorre nessa falácia quem simplifica as diversas causas de um evento em uma única e exclusiva causa ● O desempenho dos alunos egressos das Faculdades de Direito no Brasil no exame da Ordem dos Advogados do Brasil não tem sido bastante insatisfatório e a causa disso está nos próprios professores ● O problema desse argumento está em creditar apenas aos professores o mau desempenho dos egressos das Faculdades de Direito no Brasil no exame da Ordem dos Advogados do Brasil, quando muitas outras podem, igualmente, ser as causas 3. A falácia da falsa analogia ● O argumento por analogia é um argumento fundado da comparação e na similaridade relevante entre o que é comparado ● A essência do argumento por analogia está na comparação de objetos, pessoas, ações e atos, a fim de estabelecer que o que pode ser afirmado em relação a um caso, pode igualmente ser afirmado em relação a outro, observada a similaridade entre o que está se comparado e a relevância da comparação para fins de fundamentação da conclusão ● Exemplo: ● No Brasil, morrem quase 40 mil pessoas no trânsito e morrem 60 mil pessoas por homicídio, na grandemaioria dos casos, causados pelo emprego de arma de fogo. Para conduzir um carro, basta habilitação. Por que não autorizar o uso de arma, mediante simples autorização. Se o uso de arma de deve ser restrito pelos riscos de mortes, então o uso de veículos deve ser igualmente reduzido. ● Nesse caso, é apontada uma semelhança entre armas e carros quanto à sua capacidade de causar mortes. E, como conclusão, defende-se que a liberdade de usar armas não seja restringida porque pode provocar mortes, já que a liberdade de usar carros não é restringida ainda que cause mortes. ● O problema desse argumento está na falta de similaridade entre o que está sendo comparado. ● A liberdade para conduzir veículos em via pública não pode ser comparada com a liberdade para usar armas de fogo, pois veículos destinam-se a facilidade o exercício da liberdade de ir e vir das pessoas, principalmente nas cidades em que o transporte público (igualmente realizado com a utilização de veículos) não seria suficiente para o deslocamento da população. Por outro lado, armas, longe de incrementarem a segurança das pessoas, aumentam a violência, criando mais riscos para a vida das pessoas ● O exemplo do Caso do Violinista formulado por Judith Jarvis Thompson para justificar o direito de a mulher gestante interromper a gravidez, independentemente disso atentar contra a vida do nascituro 4. A falácia de envenenar o poço ● Essa falácia ocorre quando uma informação negativa irrelevante é apresentada para desacreditar um argumento ● Pode ser forma da falácia contra a pessoa, quando, por exemplo, um político busca desacreditar seu adversário atribuindo-lhe uma característica ou informação negativa ● Exemplo: ● Eu espero ter apresentado meu argumento claramente. Agora, meu adversário vai tentar refutá-lo com sua falaciosa, incoerente e ilógica versão da situação 13.5 Falácias resultantes de ambiguidades ● As falácias de ambiguidade têm origem na ambiguidade das palavras e das frases que formam um argumento ● Uma palavra nada mais é do que um conjunto de símbolos gráficos, cujo significado é formulado na sua interpretação e, dessa atividade, podem resultar significados diferentes, dependendo de um conjunto não desprezível de variáveis ● Isso também se aplica a uma frase ou proposição ● As falácias de ambiguidade aparentam bons argumentos, mas exatamente em razão de erros de interpretação são argumentos enganosos 1. Falácia do equívoco ● É o caso de dúvida quanto ao significado de uma palavra ou proposição conforme empregada no argumento ● O parlamento é o responsável pela criação da legislação no Estados democráticos de direito no modelo da família romano-germânica. A lei da gravidade é uma lei. Então, o parlamento é o responsável pela criação da lei da gravidade. ● O problema desse argumento está nos diferentes significados atribuídos à palavra “lei” nas duas vezes em que é empregada ● Criminalidade é ilegalidade. O julgamento de um roubo é ação criminal. O julgamento de roubo é realizado em uma ação criminal. Então, o julgamento do tribunal do júri é ilegal ● O problema está nos diferentes significados empregados as palavras criminal e ilegal nas vezes empregadas. 2. Falácia da ênfase ● Esse argumento ocorre quando, acidental ou deliberadamente, coloca-se ênfase em uma palavra de modo a distorcer ou encobrir, se desejado, o correto significado ● Na linguagem verbal, essa falácia ocorre também por meio de gesticulações ou inflexões destinadas a distorcer o entendimento do que está sendo afirmado ● Diferentes significados podem ser retirados do mesmo texto, conforme a ênfase dada na sua oralização ● Algumas palavras resultam sem significado ou com significado obscurecido quando retiradas de contexto ● Falácias da ênfase podem ser facilmente encontrados na publicidade e nas manchetes de jornais ● É o caso das informações colocadas nos anúncios publicitários promocionais, grafadas com letras pequenos, marcadas por meio de asteriscos ● Igualmente as manchetes de jornais sensacionalistas, indicativas de que serão reveladas grandes informações para os leitores, mas cujo conteúdo traz poucas novidades ao que já é conhecido. 3. Falácia da composição e falácia da divisão ● A falácia da composição ocorre quando algo é afirmado em relação a um grupo de pessoas, mas somente é verdadeiro ou correto em relação a apenas parte dos integrantes do grupo ● A falácia da divisão ocorre quando algo é afirmado em relação a apenas parte dos membros de grupo, mas é tomado como sendo verdadeiro ou correto em relação ao grupo todo ● Se as células do corpo humano são microscópicas, então o corpo humano é microscópico ● Se sódio clorídrico é constituído de sódio e cloro, que são venenos para o ser o humano, então sódio clorídrico é um veneno para os seres humanos ● As falácias da composição e da divisão são facilmente confundíveis com as falácias da generalização apressada e do acidente ● Mas, a diferença está em que nas falácias da composição e da divisão, o tema são coisas ou grupo de coisas (relação entre o todo e as partes) e nas falácias da generalização apressada e do acidente, o problema está nas regras gerais ou de garantia, bem como na não desconsideração das exceções 14. Argumentos 14.1 Argumento por analogia ● O argumento por analogia é empregado em diversas áreas do conhecimento. ● A correção do argumento: conclusões fundadas. ● A incorreção do argumento: falácia informal. ● Dois tipos de argumento por analogia. ● Primeiro tipo: ● Versão mais amplamente aceita. ● Comparação entre casos com características similares. ● Questão central: similaridade. ● Comparação entre C1 (caso fonte) e C2 (caso alvo). ● Transição do caso fonte (source case) para o caso alvo (target case). ● Similaridade entre os casos justifica transferência de uma verdade em C1 para uma verdade em C2. ● Premissa de similaridade: C1 é similar a C2. ● Premissa base: A é verdade em C1. ● Conclusão: A é verdade em C2. ● Essa forma, aplicada a casos concretos, pode ser aperfeiçoada desse modo. ● Premissa base: uma situação é descrita em C1. ● Premissa derivada: A é uma conclusão de C1. ● Premissa de similaridade: C1 é similar a C2. ● Conclusão: A é uma conclusão de C2. ● As duas formas podem ser usadas e bem empregadas. ● A verdade da premissa derivada (2) depende do auditório. ● A vantagem da segunda forma é indicar a premissa derivada. ● A premissa derivada diz que uma conclusão é aceita como plausível pelo auditório em um C1. ● A força do argumento por analogia pode ser colocada à prova por meio de questões críticas (QC). ● QC1. Existem diferenças entre C1 e C2 capazes o bastante para comprometer a similaridade entre os dois casos? ● QC2. A é uma conclusão correta de C1? ● QC3. Não existe um C3, igualmente similar a C2, mas cuja conclusão não é A? ● A QC1 coloca em dúvida a força do argumento a partir das diferenças entre C1 e C2. ● A QC2 questiona a própria verdade da conclusão em C1. ● A QC3 é o contra-argumento do argumento por analogia. ● Esse contra-argumento ataca a conclusão do argumento por analogia. ● Exemplo do Violinista (Thomson, J. A defense of abortion, 1971). ● O uso mais famoso do argumento por analogia na filosofia do Séc. 20. ● “A” acorda em um hospital conectado por aparelhos a um famoso violinista. ● “A” foi sequestrado, sedado e conectado ao violinista por que era a única pessoa cujos rins poderiam ser usados para a sobrevivência do violinista. ● O hospital informa que não pode ser fazer nada, pois o desligamento implicará a morte do violinista. ● “A” deve esperar nove meses a fim de que seja feito o desligamento. ● Judith Thomson empregou o argumento por analogia para defender o direito ao aborto. ● Premissa base: uma situação é descrita caso do violinista C1. ● Premissa derivada: A não tem o dever de permanecer ligado,por nove meses, ao violinista para garantir a sua sobrevivência: A tem o direito a ser desligado dos aparelhos que o conectam ao violinista (conclusão de C1). ● Premissa de similaridade: caso do A (C1) é similar ao de uma mulher grávida (C2). ● Conclusão: mulher grávida tem direito ao aborto. ● Esse argumento pode ser atacado em vários pontos. ● Dois podem ser destacados a partir da QC2. ● Source case: não há relação entre o violinista e a pessoa. ● Target case: há relação entre a mulher grávida e o feto. ● No source case pessoa nada fez para ser ligada ao violinista... ● Então, no target case, a conclusão somente poder formulada no caso de mulher que nada fez para resultar grávida (caso de estupro). ● No entanto, a questão central: definir a noção de similaridade da premissa de similaridade. ● Segundo tipo. ● Este tipo é dominante nos livros de lógica: Copi e Cohen (Introduction to logic, 1990) e Hurley (A concise Introduction to logic, 2003). ● Esse argumento pode ser esquematizado assim: ● Os objetos do tipo X têm as propriedades G, H, etc. ● Os objetos do tipo Y têm as propriedades G, H, etc. ● Os objetos do tipo X têm a propriedade F. ● Então, os objetos do tipo Y têm a propriedade F. ● Como argumento indutivo, a analogia pode ser forte ou fraca. ● A força do argumento depende da semelhança relevante. ● A questão da semelhança relevante é central. ● A semelhança deve ser relevante para o argumento. ● Quanto maior a semelhança relevante, maior a força do argumento. ● Quanto maior a dessemelhança relevante, menor a força do argumento. ● Exemplo: ● Experimento com ratos para determinar o efeito da sacarina no ser humano. ● Pesquisa comprovou que ratos que receberam doses de sacarina contraíram câncer na bexiga. ● A partir das semelhanças fisiológicas entre ratos e seres humanos em vários aspectos, os cientistas concluíram que a ingestão de sacarina cria risco de câncer para os seres humanos. ● Seres humanos e ratos são diferentes, mas a semelhança fisiológica é relevante para o argumento. ● Exemplo: ● A pretende comprar um novo carro, mas que tenha baixo consumo de combustível. ● A concluiu que deve comprar um carro Ford Focus, pois observou que seu amigo B tem um Ford Focus, que apresenta baixo consumo de combustível. ● Algumas similaridades que suportam a analogia: mesma marca, modelo, motor, pneus. ● Outras similaridades são irrelevantes: cor do carro, vidros, acabamentos internos. ● Algumas diferenças podem enfraquecer o argumento: ● A dirige de forma mais agressiva do que B ou o modelo novo é mais pesado do que o anterior. ● Então, a força de um argumento por analogia depende da determinação da relevância das similaridades. ● A força do argumento por analogia depende dos fatores ou propriedades que os casos compartilham e dos fatores ou propriedades que eles não compartilham ou dividem. ● Essa questão remete para o peso dos fatores ou propriedades de similaridade e dissimilaridade. ● O argumento por analogia é um argumento superável ou derrotável (defeasible form). ● Fatores ou propriedades relevantes de similaridade fundamentam a força do argumento. ● Fatores ou propriedades relevantes de dissimilaridade enfraquecem ou derrotam o argumento. ● A força do argumento depende do peso dos fatores ou propriedades relevantes de similaridade e dissimilaridade. ● Quanto maior o peso (relevância) do fator, ou propriedade compartilhada, maior a força do argumento por analogia. ● O método de três passos (Ashley, 1988). ● Primeiro passo: C1 e C2 apresentam similaridades de fatores relevantes para justificar a conclusão de que o afirmado verdadeiro em C1, também pode ser afirmado verdadeiro em C2. ● Segundo passo: apresentação das questões críticas. ● Terceiro passo: análise e respostas às questões críticas. ● Exemplo do Caso Silkwood. ● Caso Silkwood v. Kerr-McGee Coorporation. ● Karen Silkwood trabalhava na Kerr-McGee no polimento de pinos de plutônio usados em reatores nucleares. Tempos depois, Karen restou morta em um misterioso acidente de carro. Exames revelaram que Karen tinha sido submetida a perigosos níveis de radiação por plutônio. ● Kerr-McGee, a despeito de provas de sua contribuição dolosa ou culposa para o resultado, resultou responsabilizada pelos danos à família de Karen Silkwood por executar atividade perigosa, condenada pelo júri a pagar mais de dez milhões de dólares. ● O argumento de Gerry Spencer. ● “If the lion got away, Kerr-McGee has to pay”. ● O caso do leão que escapou do zoológico e matou uma pessoa. ● O dono do zoológico adotou todas as providências de segurança, mas o leão escapou e matou uma pessoa. ● O Direito diz que o dono do zoológico é responsável pelos danos que o leão causar a outras pessoas, por manter atividade perigosa. ● Um leão escapou do zoológico e matou uma pessoa, devendo o dono ser responsabilizado pelos danos causados à família da pessoa morta. ● O caso Silkwood é similar ao caso do leão. ● O plutônio (como o leão) escapou e contaminou Karen Silkwood. ● Teoria da ação (Theory of Script) e similaridade. ● Uma sequência de proposições (frases) na qual cada proposição se segue uma da outra, formando uma cadeia que fundamenta uma conclusão. ● “Bob swings his golf club, he hits a golf ball, the golf ball flies through the air, the golf ball lands on the grass, the golf ball rules towards the cup, the golf ball stops at a point six inches short of the cup”. ● Esquema da história no caso do leão. ● X é muito perigoso para a pessoa Y. ● X está seguramente condicionado e não pode causar dano a Y. ● X pertence a Z, que o mantém adotando todas as medidas de segurança. ● X não está totalmente seguro e condicionado, podendo causar dano a Y. ● X não há provas ou evidências de como X escapou. ● X causou danos à pessoa Y. ● Z é responsável pelo dano causado à Y. ● Esquema da história do caso Silkwood. ● Plutônio é muito perigoso para os empregados. ● Plutônio está seguramente condicionado e não pode causar dano aos empregados. ● Plutônio pertence à Kerr-McGee, que o mantém conforme todas as medidas de segurança e proteção até então conhecidas. ● Plutônio não está totalmente acondicionado e pode escapar. ● Não há provas ou evidências de como plutônio escapou. ● Karen Silkwood, empregada da Kerr-McGee resultou morta por contaminação por plutônio. ● Kerr-McGee é responsável pelos danos causados à Karen Silkwood. ● Argumentação por analogia: descritiva e normativa. ● Argumentação por analogia descritiva. ● Proposições são descritivas: afirmam um estado de coisas. ● Comparação das características de uma coisa, pessoa ou situação com as características de outra coisa, pessoa ou situação. ● Câmeras de vigilância nas vias públicas serão efetivas em Itaqui, pois provaram ser efetivas em Porto Alegre. ● A comparação assume que há similaridades relevantes quanto à segurança entre Itaqui e Porto Alegre, que justificam extrapolar as características em comum. ● Argumentação por analogia normativa. ● Princípio da consistência possui papel central. ● Princípio da consistência: regra de justiça. ● Coisas, situações e pessoas de uma mesma categoria devem ser tratadas do mesmo modo. ● Empregados do departamento administrativo devem ter seus salários elevados, pois os empregados dos outros departamentos ganharam aumento. ● Princípio da consistência: comparação entre coisas, situações ou pessoas de uma mesma categoria. ● Analogia normativa como a priori reasoning (Govier, 1987): ● Você deve fazer X, pois em uma situação similar você faria X. ● Caso da comparação com situação não existente. ● Exemplo dos pacifistas. ● Você, pacifista, não usaria de violência para salvar sua mãe de uma agressão? ● Analogia figurativa. ● Analogia para justificar tratamento diferente. ● Elementos comparados estão em diferentes situações. ● Argumento do Presidente Truman dos Estados Unidos, em defesa do imediato ataqueà Coreia, logo no início do conflito. ● O melhor momento para enfrentar uma ameaça é no início. É muito mais fácil apagar um incêndio logo no seu início do que depois, quando tudo já se acha em chamas. ● Guerra e incêndio são situações diferentes e não se comparam. ● A comparação é abstrata de relações. ● Comparação de relações metafóricas. ● Analogia e o argumento do raciocínio paralelo. ● Caso especial do argumento por analogia. ● Esquema básico do argumento por analogia. ● Forma de Aristóteles e Perelman. ● A está para B como C está para D. ● As maçãs argentinas são doces. ● As maçãs brasileiras são semelhantes às maçãs argentinas. ● Logo, as maçãs brasileiras são doces. ● C1 é similar a C2. ● A é verdade em C1. ● Logo, A é verdade em C2. ● Exemplos do emprego estatal de câmaras de vigilância: ● Fixas, colocadas em satélites ou conduzidas por drones. ● Você deve concordar com a utilização de câmaras conduzidas por drones em razão do custo-benefício, a despeito das questões de privacidade, pois você concorda com o uso de câmaras de vigilância fixas ou em satélites, em atenção ao custo-benefício e a despeito das questões de privacidade. ● Esquema: ● Conclusão: você deve aceitar a proposição S. ● Premissa 1: Porque, na situação C, a proposição A o convenceu de aceitar a proposição B. ● Premissa 2: Na situação R, você aceitou a proposição T. ● Premissa 3: Aceitar B com base em A, na situação C, é comparável a aceitar S com base R na situação T. 14.2 Argumento por generalização ● O argumento por generalização pode ser identificado com o argumento indutivo por enumeração ou com o designado silogismo estatístico ● Quando pessoas ou coisas são semelhantes, elas podem ser reunidas em grupos e, sobre elas, são possíveis generalizações ● Argumentos por generalização envolvem a formulação de proposições gerais com base em uma amostragem representativa de um grupo de pessoas, coisas e instituições ● As pesquisas de opinião pública, de aprovação de governantes, assim como pesquisas para revelar tendências eleitorais ou tendências mercadológicas autorizam formular generalizações ● Uma amostragem populacional é selecionada a partir de critérios previamente definidos a fim representar todas as pessoas a serem incluídas na generalização ou, igualmente, pode ser apenas aleatoriamente escolhida, de tal sorte que cada membro da população esteja ali representado ● A força do argumento por generalização depende da representatividade da amostra ● Ela deve ser tal que a adição de mais pessoas não altere o resultado ● Outro critério é o de que a mostra seja atual, objetiva e selecionada de modo imparcial ● A questão histórica temporal é igualmente importante para a força do argumento por generalização, exatamente porque modificações históricas podem levar à imprestabilidade da generalização ● Pesquisas dirigidas, conduzidas a respostas desejadas, certamente levarão a generalizações falaciosas ● Veja-se este exemplo de uma generalização por amostragem ● Todos os grãos da amostra observada são do tipo A. ● Logo, presumivelmente todos os grãos do barril são do tipo A. ● A premissa diz apenas que todos os grãos observados são do tipo A. ● A conclusão amplia o conteúdo da premissa para a totalidade dos grãos do barril. ● Trata-se de uma generalização com base em uma amostragem. ● A indução por enumeração pode chegar a conclusões falsas. ● A falácia da estatística insuficiente: falácia da conclusão apressada. ● Generalizar sem uma amostra significativa para sustentar a generalização. ● O problema central é saber se a amostra é suficiente para a verdade da conclusão. ● Exemplo: ● Concluir que um automóvel é ruim porque duas pessoas que você conhece tiveram problemas com carro da mesma marca e modelo. ● Pessoas preconceituosas (religião ou raça) costumam fazer generalizações, concluindo características de toda uma classe pela observação de um ou dois casos. ● A falácia da estatística tendenciosa. ● A amostra observada deve ser representativa. ● Exemplo: ● Uma característica indesejável (terrorista) é atribuída um grupo minoritário de muçulmanos. São anotados e destacados todos os casos de muçulmanos que praticaram atos terroristas, mas nada se diz sobre a expressiva maioria de muçulmanos que nunca se envolveu em atos de terroristas. ● Generalização baseada em amostra que se sabe não ser representativa e que se tem motivos para suspeitar que não seja representativa. ● Caso de generalização estatística. ● 75% dos grãos do barril são do tipo A. ● O próximo grão a ser retirado é um grão do barril. ● O próximo grão a ser retirado é do tipo A. ● A conclusão vai além das premissas. ● A conclusão poderia ser: o próximo grão será, provavelmente, do tipo A. ● Mas, provavelmente, não está nas premissas. ● Exemplo: ● A grande maioria dos homens brasileiros com casos de câncer pulmonar avançado não sobreviverá por mais de três anos. ● A é um homem brasileiro. ● A não sobreviverá por mais de três anos. ● Esse é um argumento indutivo aceitável, consideradas as evidências conhecidas. ● Condições do argumento indutivo aceitável: ● Premissas verdadeiras. ● Forma correta. ● Premissas abrangem todas as evidências relevantes conhecidas (requisito da evidência total). ● Violação (3): falácia da evidência incompleta ou insuficiente 14.3 Argumento por evidência ● Esse argumento afirma que, se duas ou mais coisas ou situações estão proximamente relacionadas, a presença ou a ausência de outra indica a presença ou ausência de outra ● Assim, se a situação S1 tem estreita e direta relação de vinculação com a situação S2, então a ocorrência de S1 permite concluir que, muito presumivelmente, tem-se a ocorrência de S2 ● Esse é um caso de argumento que tem por base uma estreita relação de causa e efeito ● Assim, por exemplo, impressões digitais são evidências que servem para distinguir um indivíduo, assim como a marca de uma pisada no chão serve para indicar que uma pessoa caminhou pelo local recentemente ou que, “onde há fogo, há fumaça” ● Veja-se que a proposição, “onde há fumaça, há fogo”, por outro lado, indica uma relação frouxa e frágil entre fumaça e fogo, notadamente porque vários são os casos em que se pode ter fumaça independentemente de fogo (fumaça pode ser produzida uma máquina) ● Na investigação criminal, na ausência de evidências diretas em crime de homicídio, evidências podem sinalizar que o acusado muito provavelmente matou a vítima. O acusado era casado com a vítima, com vários registros de agressões anteriores contra a mesma; uma semana antes do crime, o acusado comprou uma arma; vizinhos ouviram uma discussão, gritos e os disparados no apartamento onde morava a vítima; o acusado, quando foi localizado, estava no aeroporto para realizar uma viagem para o exterior e, quando viu a polícia, procurou fugir 14.4 Argumento causal ● O argumento causal é fundado em uma relação forte de causa e efeito ● Ela é mais forte do que a relação entre coisas ou situações do argumento por evidência ● No caso do argumento causal, um evento é causa do outro ou condição do outro. ● Nesses casos, os eventos não apenas aparecem regularmente juntos, mas são se acham causalmente conectados ● Impressões digitais e manchas de sangue não são apenas evidências da autoria do crime, pois podem ser causados pela presença do acusado na cena do crime ● Febre não é apenas sinal de doença, pode ser causada pela enfermidade (podendo não decorrer da enfermidade?) ● O argumento causal é fundado em uma generalização causal: ● a) se uma determinada causa é empiricamente observada, então seu efeito pode ser esperado ● b) se, por outro lado, um efeito é observado, então a sua causa pode ser presumida ● Assim, se a existência de um ou outro pode ser demonstrada em uma particular situação, então a existência de um ou outro pode ser sustentada ● Como estabelecerrelações de causalidade? ● Os métodos de generalização de John Stuart Mill: a) Método da concordância ● O método da concordância diz que se duas ou mais instâncias de um fenômeno sob investigação tem somente uma circunstância em comum, a circunstância, a qual todas as instâncias concordam, é a causa (ou efeito) do dado fenômeno ● Para uma propriedade ser uma condição necessária, ela deve estar sempre presente quando o efeito estiver presente. Obviamente, qualquer propriedade não presente quando o efeito é presente, não pode ser uma condição necessária ao efeito. ● Simbolicamente, esta é a forma do argumento: ● 1) A, B, C e D ocorrem junto com W, X, Y, Z 2) A, E, F e G ocorrem junto com W, T, U, V ● 3) Então, consequentemente A é a causa de W ● Simbolicamente, de outro modo: ● ABCD efeito X. ● ABCE efeito X. ● ABDF efeito X. ● ACDG efeito X. ● Qual é a causa de X. ● A, B, C, D, E, F e G são as várias circunstâncias. ● Como A é a única circunstância comum, então A é a causa. ● Exemplo: ● Alta expectativa de vida e baixas taxas de mortalidade infantil em países que têm um programa nacional de saúde, permite concluir que programas de saúde são as causas das boas condições de saúde da população desses países ● Exemplo: ● Comerciante de laranja deseja descobrir porque as laranjas que compra para revender estão murchas e sem suco. Verifica que isso acontece a todas as laranjas que compra, independentemente de serem adquiridas de produtores e regiões diferentes, bem como de serem transportadas de barco, trem ou caminhão. Isso acontece com laranjas de qualquer espécie. ● Qual a causa do efeito (laranjas murchas e sem suco)? ● O comerciante constata as laranjas têm algo em comum: todas são congeladas. ● Então conclui que a causa é o congelamento das laranjas: uma vez congeladas, as laranjas resultam murchas e sem suco ● Problema do método da concorrência: ● O método da concorrência somente pode determinar a causa se ela está entre uma das causas investigadas. Se a causa não está entre as arroladas e investigadas, ela não poderá ser determinada pelo método da concorrência ● Veja-se este exemplo: ● O caso do homem que pretendia descobrir o que causava sua embriaguez. ● No primeiro dia, bebe uísque com guaraná. ● No segundo dia, bebe vinho com guaraná. ● No terceiro dia, bebe vodca com guaraná. ● No quarto dia, bebe rum com guaraná. ● Então, descobre a causa: guaraná, pois é a causa concorrente que aparece em comum ● b) Método da diferença ● O método da diferença diz que se um aspecto está presente em um caso e ausente no outro, ele faz a diferença entre a ocorrência ou não ocorrência do efeito ● Se um conjunto de circunstâncias leva a um dado fenômeno, e outro conjunto de circunstâncias não leva, e os dois conjuntos diferem em apenas um fator, que é presente no primeiro conjunto, mas não no segundo, então o fenômeno pode ser atribuído a este fator. ● Simbolicamente, o método da diferença pode ser representado como: ● 1) A, B, C e D ocorrem junto com W, X, Y, Z 2) B C D ocorrem junto com X, Y, Z ● 3) Então, consequentemente A é a causa, ou o efeito, ou uma parte da causa de W. ● Simbolicamente, de outro modo: ● ABCD efeito X. ● (Não A) BCD efeito não X. ● Exemplo: ● Estudos destinados a mostrar a relevância da genética e do meio ambiente para o desenvolvimento e comportamento humano usam essa forma de argumento quando tem por objeto gêmeos idênticos ● Geneticamente eles são precisamente semelhantes. Quando, por alguma razão, eles são separados ao nascer e crescem em lugares e famílias diferentes, subsequentes diferenças de personalidade, comportamento e outros aspectos podem ser atribuídos ao meio ambiente ao invés das causas genéticas, pois aqueles são os aspectos relevantes de diferença ● Exemplo: ● Beber café depois do jantar provoca insônia? ● Quem bebe café depois do jantar, não conseguir dormir. ● Em dois dias seguidos, A faz, come e bebe exatamente as mesmas coisas, exceto uma. ● No primeiro dia, não toma café. ● No segundo dia, toma café. ● No primeiro dia, A dorme a noite inteira. ● No segundo dia, A não consegue dormir. ● Conclusão: café causa insônia. ● Veja-se que A fez, comeu e bebeu exatamente a mesma coisa, salvo que em um dia tomou não tomou café e no outro tomou café antes de dormir. Então, a causa de sua insônia está em tomar café antes de dormir. c) Método da junção entre concordância e diferença ● Se duas ou mais instâncias onde um fenômeno ocorre tem somente uma circunstância em comum, enquanto em duas ou mais outras instâncias onde o fenômeno não ocorre não têm nada em comum exceto a falta daquela circunstância, a circunstância na qual as instâncias diferem, é o efeito, ou a causa, ou necessariamente parte da causa do fenômeno. ● Simbolicamente, o método da junção entre concordância e diferença pode ser representado como: ● 1) A, B e C ocorrem juntos com W, Y e Z 2) A, D e E ocorrem juntos com X, T e W e também B e C ocorrem com Y e Z ● 3) Então, consequentemente A é a causa, ou o efeito, ou parte da causa de X. ● Simbolicamente, de outro modo: ● ABCD, então X (não A) BCD, então não X ● ABCE, então X (não A) BCE, então não X ● ABDF, então X (não A) BDF, então não X ● ACDG, então X (não A) BCG, então não X ● Exemplo: ● Caso das causas da turbulência acentuada na traseira de aviões. ● Qual é a causa? ● A chamada turbulência da ponta da asa somente ocorre quando o avião está no ar, sustentado pelas asas ● Ela não ocorre quando a aeronave está sustentada pelo trem de pouso no solo ● Essa constatação é resultado do método da concorrência: constatada a turbulência sempre que o avião está sustentado pelas asas, independentemente de quaisquer outras condições ● O próximo passo é empregar o método da diferença, analisando todos os casos em que fenômeno (turbulência na traseira da aeronave) está ausente ● Constatação de que todos os casos da turbulência de asa são semelhantes aos casos em que a turbulência de asa não está presente, salvo quanto o fato de que no último conjunto existe uma diferença: o avião não está voando f) Causas suficientes e causas necessárias ● Causas diferem de condições. ● Nem todas as condições suficientes são causas suficientes. ● Nem todas as condições necessárias são causas necessárias. ● Condição suficiente: ● Satisfaz o mínimo necessário para assegurar o resultado (evento). ● Se o antecedente é verdadeiro, então o consequente é verdadeiro. ● X ser verdadeiro é suficiente para Y ser verdadeiro. ● Se X, então Y. ● Se A obteve 7,0 na prova, então A alcançou a média para aprovação. ● Se A for decapitado, então morrerá. ● A decapitação é uma condição suficiente para a morte, mas não uma necessária (morte pode se dar por outras causas). ● Ser aprovado em TAJ não é uma condição suficiente para conclusão do Curso de Direito na FMP, pois existem outras disciplinas. ● Condição necessária: ● Condição obrigatória para assegurar o resultado (evento). ● Se X, então Y. ● Relação entre X e Y: X não pode ocorrer sem Y. ● Se A joga futebol, então A pratica esporte. ● Se A não for aprovado em TAJ, não concluirá Direito na FMP. ● Ser aprovado em TAJ é condição necessária para a conclusão do curso de Direito na FMP. ● O resultado (conclusão do curso) não ocorre se não cumprida a condição (aprovação em TAJ). ● Condição necessária e suficiente: ● Caso de igualdade total entre X e Y. ● Se e somente se ● Causa suficiente: ● Se A produz sempre X, A é causa suficiente de X. ● Se do congelamento de laranjas resulta sempre laranjas sem gosto e sem suco, então o congelamento é uma causa suficiente para estragar as laranjas. ● Causa necessária: ● A é causa necessária de X se X não pode ocorrer na ausência de A. ● O congelamento de laranjas não é causa necessária de laranjas sem gosto e sem suco, pois esse efeito pode resultar de outras causas (falta de irrigaçãona época própria). ● Acionar o interruptor de luz é causa necessária para acender a lâmpada, mas não é suficiente. Acionar o interruptor não acende lâmpada que está queimada. 15. Ética argumentativa ● A formulação de um argumento e a união de um argumento ao outro desenvolve-se sob a base de um procedimento ● A argumentação prática exige um código de ética argumentativa ● Além das exigências colocadas à correta formulação de argumentos, devem ser observadas exigências quanto ao procedimento ético de quem apresenta os argumentos ● Na prática da argumentação jurídica judicial, as partes devem formular e desenvolver cadeias de argumentos corretamente, observadas as exigências formais dos próprios procedimentos jurídicos e também da argumentação correta ● Desafiar essas exigências é desafiar os juízes e tribunais e também a própria razoabilidade da pretensão judicial apresentada para julgamento ● Sócrates costuma designar pessoas com “ódios da razão” àquelas que não conseguiam ouvir argumentos contrários aos seus e debater abertamente com esses argumentos ● Uma argumentação ou discussão racional somente pode ser exitosa se envolver pessoas abertas a argumentos contrários aos seus ● Algumas exigências da ética argumentativa: ● Disposição para receber, ouvir e avaliar cuidadosamente argumentos contrários aos seus pontos de vista ● Quem se faz de surdo, desprezando graciosamente argumentos que lhe são apresentados, não pode pretender participar de uma interação argumentativa racional ● Quem tem interesse em participar de uma interação argumentativa racional deve abrir- se para ouvir argumentos dos seus adversários, inclusive, colocando-se no lugar deles para buscar melhor entender seus argumentos ● Ao aceitar participar de uma argumentação racional, assume-se o compromisso de aceitar o resultado da argumentação ● Os procedimentos da argumentação prática devem observar o princípio da ética da cooperação ● Quem apresenta argumentos deve buscar apresentar os melhores argumentos para contribuir para a melhor e mais bem informação tomada de decisão por parte daquele que tem a atribuição para decidir ● No caso do procedimento judicial de tomada de decisões jurídicas, as partes adversárias devem colaborar a apresentação das melhores razões a fim de que o juiz e o tribunal competentes tomem a melhor e mais bem fundamentada decisão 15. Argumentação jurídica ● A argumentação jurídica na prática judicial de tomada de decisões é adversarial, cada parte, de seu lado, apresentando argumentos para fundamentar a conclusão do caso a ser decidido pelo juiz ou tribunal conforme seus próprios interesses ● Não é objetivo central dos argumentos apresentados por uma parte convencer a parte adversária, mas sim alcançar a aceitabilidade por quem tem competência para a tomada de decisão, no caso, juízes e tribunais competentes ● Na argumentação jurídica na prática judicial, a conclusão dos argumentos apresentados pelas partes, juízes e tribunais deve ser justificada pelos dados fáticos, regras de garantia e fundamentos das regras de garantias ● Nas ações penais, cuida-se de argumentos que são apresentados para justificar a conclusão final no sentido da absolvição ou condenação do acusado de crimes como furto, roubo, estupro, extorsão, homicídio, etc. ● Nas ações civis, cuida-se argumentos que são apresentados para justificar a procedência ou improcedência de uma demanda, ou o provimento ou não provimento de um recurso ● E isso aplica-se a qualquer argumento ou cadeia de argumentos de qualquer peça processual em que seja formulado um pedido ou dado um provimento jurisdicional por um juiz ou tribunal ● O pedido de indenização formulado pela parte A contra a parte B na petição inicial de uma ação de indenização por dano moral é a conclusão de uma cadeia argumentos, onde são apresentados fatos, regras de garantia e fundamentos da regra de garantia ● Assim, também, a decisão do juiz e do tribunal ● Cuida-se de uma atividade complexa, pois não basta apenas afirmar a existência de um fato e de uma norma jurídica, atribuindo-se ao fato a consequência jurídica fixada na regra de garantia ● Não basta afirmar a existência de fato, devendo-se serem apresentadas as evidências que satisfação a sua condição de verdade ● Não basta indicar uma determinada norma jurídica como regra de garantia, devendo-se, na fundamentação da garantia, apresentar razões para justificar a interpretação dada, bem como justificar, conforme as particularidades do fato, a não aplicação de uma exceção capaz de refutar a regra de garantia tomada em conta ● Os argumentos apresentados na argumentação jurídica são formulados a partir de premissas fáticas e premissas jurídicas 1. Questões de fato e as premissas fáticas ● As premissas fáticas são construídas a partir das circunstâncias factuais de um caso e são justificadas com base em argumentos empíricos, notadamente as evidências ● As evidências são provas apresentadas para justificar a verdade, a plausibilidade da verdade ou a presunção de verdade das premissas apresentadas ● Quem apresenta um argumento assume o ônus da carga da prova das premissas fáticas do argumento apresentado ● Deve-se distinguir o ônus de produzir uma prova, do ônus de apresentar argumentos sobre uma prova e da escolha tática do momento de apresentar uma prova ● As premissas fáticas são afirmações descritivas passíveis de verdade: uma proposição é verdadeira se estão presentes as suas condições de verdade ● A satisfação das condições de verdade de uma proposição depende de que sejam apresentadas evidências nesse sentido, quando, então, entram em cena os diversos meios de provas admitidos ● As provas ou evidências são documentos públicos ou privados, contratos, depoimentos de testemunhas, fotografias, vídeos, áudios, laudos periciais ● Uma vez apresentadas, qualquer dessas provas ou evidências podem ser controvertidas, exigindo-se justificação, no caso uma regra de garantia ● Por exemplo, o depoimento de uma testemunha pode ser questionado ● Para justificar o seu depoimento, pode ser empregada a regra de garantia de que se trata de pessoa que assistiu pessoalmente o evento em questão, encontrando-se em condições de dizer a verdade, pelo que merece total credibilidade ● Como fundamento da regra dessa regra de garantia, pode ser formulado que as regras da experiência ensinam que as testemunhas presenciais de um evento merecem credibilidade, especialmente quando a testemunha descreve o evento com acurado detalhamento, sob juramento e cuidadosamente escrutinada ● Igualmente, o testemunho de um expert pode ser colocado questionado e colocado em dúvida ● Nesse caso, pode ser apresentado como regra de garantia, para justificar o depoimento do expert, a sua expertise e condições técnicas suficientes para dar um parecer confiável sobre os assuntos técnicos relativos ao evento em questão ● Como fundamento dessa regra de garantia, pode ser formulado que o expert tem a formação técnica, a experiência prática profissional e acadêmica científica sobre o assunto técnico em questão, de tal modo que está autorizado a opinar com autoridade que merece credibilidade 2. Questões jurídicas e as premissas jurídicas ● As questões e as premissas jurídicas dizem com a interpretação e aplicação das normas jurídicas, o que guarda direta relação com os fatos que constituem o caso apresentado ● A interpretação e aplicação das normas jurídicas dependem dos fatos e circunstâncias fáticas que configuram o caso jurídico ● As premissas jurídicas são formuladas a partir das normas jurídicas retiradas da interpretação das disposições jurídicas dadas na legislação constitucional e infraconstitucional em quaisquer dos níveis da federação (federal, estadual e municipal) ● Igualmente, as premissas jurídicas são formuladas a partir das contribuições da dogmática jurídica, notadamente
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