Buscar

Patologias do SNC

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 12 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 12 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 12 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

PATOLOGIAS DO SISTEMA NERVOSO CENTRAL 
 
INFECÇÕES 
INFECÇÕES BACTERIANAS 
MENINGITES 
Refere-se à inflamação da leptomeninge (pia-aracnoide e 
espaço subaracnóideo). 
Podem ser divididas em agudas e crônicas e, conforme o 
exsudato, purulentas e granulomatosas, havendo relação 
entre a evolução clínica da inflamação e o tipo de exsudato: 
as agudas são purulentas e as crônicas granulomatosas. As 
meningites agudas são causadas por bactérias piogênicas e 
as crônicas pelo bacilo da tuberculose. 
MENINGITES PURULENTAS 
A etiologia varia de acordo com a faixa etária. No período 
neonatal, as bactérias mais frequentes são o estreptococo 
do grupo B e Escherichia coli. Em idades entre 2 e 6 anos e 
em adultos jovens, o Haemophilus influenzae tipo B e a 
Neisseria meningitidis (meningococo) são os mais 
frequentes. Em adultos, Streptococcus pneumoniae 
(pneumococo) e Neisseria meningitidis são as principais 
causas. 
Infecção no período neonatal se relaciona com baixo peso 
corporal e imaturidade do sistema imunitário, sendo 
adquirida da mãe no momento do parto por contaminação 
do líquido amniótico e pela flora urogenital, ou por 
portadores sãos durante a permanência no hospital. 
Indivíduos com risco de adquirir pelo pneumococo são 
idosos, imunossuprimidos, submetidos a esplenectomia ou 
portadores de fístula dural pós-traumática. 
Na maioria dos casos, a bactéria atinge o sistema nervoso 
pela corrente sanguínea, a partir de infecções das vias aéreas 
superiores ou pneumonia. 
A invasão da leptomeninge ocorre após a bactéria atravessar 
a barreira hematoencefálica. Admite-se que a produção de 
exotoxinas e a presença de lipopolissacarídeo resultam em 
lesão da barreira hematoencefálica e na produção de 
citocinas pró-inflamatórias pelas células endoteliais e 
macrófagos, permitindo a passagem de bactérias, 
neutrófilos e plasma. 
Nas primeiras 48 horas, as alterações macro e microscópicas 
são pouco evidentes, notando-se hiperemia, marginação 
leucocitária, discreta infiltração perivascular de neutrófilos e 
numerosas bactérias livres. Nos dias subsequentes, observa-
se também distensão do espaço subaracnóideo por 
exsudato de aspecto opalescente ou cremoso, banco-
amarelado ou com sufusões hemorrágicas. Assim, o 
exsudato pode ser serofibrinoso, gelatinoso ou purulento, 
acumulando-se mais ao longo dos vasos meníngeos e dos 
sulcos cerebrais, de preferência na convexidade, ou na base, 
ou ocupando a cisterna magna e estendendo-se para a 
leptomeninge da medula espinhal. 
Microscopicamente, neutrófilos e, em alguns casos, 
depósitos de fibrina, ocupam todo o espaço subaracnóideo, 
os espaços perivasculares do tecido nervoso e o plexo 
coroide. 
Nos pacientes com demora no início do tratamento ou com 
microrganismo resistente, pode haver cronificação do 
processo; os neutrófilos e a fibrina são parcialmente 
substituídos por mononucleares e por proliferação 
fibrovascular que pode levar à obliteração do espaço 
subaracnóideo ou à oclusão das aberturas do IV ventrículo, 
resultando em hidrocefalia. 
Apoptose neuronal é frequente na fáscia dentata do 
hipocampo e perda de sinapses nas camadas corticais 
superficiais I e II em caso de meningite pneumocócica. 
Nos casos de infecções neonatais ou causadas por 
meningococo, pneumococo e bactérias Gram-negativas, 
surgem complicações responsáveis por altos índices de 
mortalidade e morbidade: (1) propagação da infecção ao 
parênquima cerebral, causando meningocefalite purulenta; 
(2) propagação da infecção às artérias e veias 
leptomeníngeas, produzindo artrites ou flebites purulentas 
e trombose, resultando em pequenos infartos cerebrais; (3) 
disseminação da infecção às cavidades ventriculares, as 
quais podem ficar distendidas por material purulento se 
houver bloqueio na circulação liquorica; (4) fibrose da 
leptomeninge, nos casos de evolução crônica; a fibrose pode 
ocluir as cisternas basais, causando bloqueio da circulação 
liquórica e hidrocefalia comunicante ou obstrutiva, ou 
comprimir nervos cranianos e raízes espinhais, provocando 
disfunção; (5) efusão subdural, uma coleção de líquido claro 
ou parcialmente hemorrágico sob a dura-máter, originado 
provavelmente por ruptura da aracnoide. 
As manifestações clínicas variam de febre, prostração, 
cefaleia, sinais de irritação das raízes nervosas ou 
meningismo (rigidez na nuca e sinais de Kernig e Brudzinski), 
fotofobia, vômitos e diminuição do nível de consciência, até 
as formas septicêmicas fulminantes como hemocultura 
positiva, hemorragias petequiais cutâneas, poucos sinais 
meníngeos, necrose hemorrágica maciça das suprarrenais, 
coagulação intravascular disseminada e colapso circulatório, 
compondo a síndrome de Waterhouse Friedecshen da 
meningococcemia. 
PATOLOGIAS DO SISTEMA NERVOSO CENTRAL 
 
Déficits neurológicos focais, crises convulsivas e paralisia dos 
nervos cranianos indicam complicações de leptomeningite 
purulenta. O exame do liquor confirma o diagnóstico de 
meningite bacteriana purulenta encontrando-se líquido 
turvo ou purulento, com pressão aumentada, geralmente 
com muitos neutrófilos por milímetro cúbico, níveis de 
proteínas aumentados e de glicose reduzidos e bactérias 
identificadas no esfregaço corado por Gram. 
Atrofia da substância cinzenta cerebral com distribuição 
temporal mesial/límbica, identificada pela ressonância 
magnética em sobreviventes de leptomeningite purulenta é 
responsável por déficits cognitivos e neuropsicológicos a 
longo prazo. 
ABSCESSO EPIDURAL (EXTRADURAL) E EMPIEMA 
SUBDURAL 
Abscesso epidural consiste em coleção purulenta na região 
epidural craniana ou no espaço epidural raquidiano, causada 
usualmente pelo Staphylococcus aureus, bacilos gram-
negativos do trato intestinal, bacterioides e outros 
anaeróbios. 
O abscesso epidural craniano é raro e resulta de otite média, 
infecção do seio frontal e da mastoide ou como complicação 
de traumatismo ou neurocirurgia. As manifestações clínicas 
têm início insidioso e caracterizam-se por febre, cefaleia, 
vômitos, confusão mental, agitação, crises convulsivas e 
hemiparesia, por causa do quadro infeccioso, da hipertensão 
intracraniana e da compressão cerebral. 
O abscesso epidural raquidiano é mais comum e geralmente 
secundário a osteomielite da coluna vertebral toracolombar, 
empiema pleural, abscesso retrofaríngeo e 
subdiafragmático, abscesso perirrenal ou como explicação 
de analgesia epidural. A existência de um espaço epidural 
raquidiano facilita a expansão da coleção purulenta, que 
tende a envolver vários segmentos espinhais. Os pacientes 
apresentam febre, dor radicular, parestesias, fraqueza 
muscular, perda sensorial, disfunção esfincteriana e 
paralisia, por compressão medular ou das raízes espinhais. 
As manifestações clínicas podem ser agudas, constituindo 
uma emergência neurocirúrgica ou surgir lentamente. 
As infecções purulentas que atingem o espaço subdural 
(empiema) são geralmente secundárias a sinusites, otites 
médias ou osteomielites, por extensão direta ou por via 
venosa, ou resultam de cirurgias ou fraturas cranianas 
associadas a abscessos epidurais. Cerca de 95% dos casos 
localizam-se no crânio, usualmente unilateralmente; 5% dos 
casos localizam-se na coluna vertebral. A coleção purulenta 
espalha-se por grande extensão do espaço subdural 
craniano, mas a aracnoide impede que a infecção atinja o 
espaço subaracnóideo. A propagação da infecção às veias 
que cruzam o espaço aracnoide resulta em trombose venosa 
e infarto cerebral. Nos casos de infecção crônica, surgem 
aderências entre a dura-máter e a leptomeninge e entre esta 
e a superfície cerebral. A sintomatologia inclui febre, 
cefaleia, vômitos, confusão mental ou coma, crises 
convulsivas, hemiparesia ou hemiplegia e disfasia, 
associados geralmente a história recente de infecção, 
neurocirurgia ou traumatismo cranioencefálico. 
O empiemasubdural raquidiano se manifesta com febre, dor 
nas costas, meningismo, paraparesia ou paraplegia, déficit 
sensorial e incontinência urinária. 
ABSCESSO CEREBRAL 
Em imuncompetentes, é a infecção que mais provoca lesões 
expansivas com sinais de hipertensão intracraniana. 
As bactérias mais envolvidas são estreptococos aeróbicos e 
anaeróbicos. 
As vias de entrada no SNC são: 
 Sanguínea, a partir de endocardite infecciosa, 
bronquiectasia, abscessos pulmonares e de outras 
localizações; 
 Extensão direta ou através de vasos sanguíneos, a 
partir de infecções purulentas de estruturas adjacentes. 
 Implantação direta em traumatismos cranianos 
abertos ou em neurocirurgias. 
Os abscessos de origem hematogênica, geralmente 
múltiplos, localizam-se principalmente no território de 
irrigação da artéria cerebral média, quase sempre na 
substância branca subcortical, de preferência no hemisfério 
esquerdo. Os causados por extensão ou propagação direta 
têm relação direta com o foco de origem. 
O abscesso evolui em três fases: 
 Inicial, denominada cerebrite, que dura poucos 
dias, caracterizada por área mal delimitada e irregular de 
necrose hemorrágica associada a edema do tecido nervoso 
adjacente; 
 Abscesso recente, com duração aproximada de 1 a 
2 semanas, evidenciando-se necrose liquefativa central, 
purulenta, envolvida por tecido nervoso edemaciado 
contendo tecido de granulação; 
 Abscesso crônico ou antigo, com mais de 2 
semanas, no qual a coleção purulenta, às vezes 
multiloculada, é envolvida por cápsula fibrosa; em torno do 
PATOLOGIAS DO SISTEMA NERVOSO CENTRAL 
 
abscesso há zona de glicose pouco desenvolvida e extensa 
área de edema na substância branca. O tecido fibroso da 
cápsula deriva da parede dos vasos sanguíneos adjacentes. 
Os abscessos cerebrais se manifestam com febre, 
manifestações de hipertensão intracraniana, crises 
convulsivas e déficits focais de aparecimento progressivo, 
explicados pelo efeito de massa e pela ação destrutiva sobre 
o tecido nervoso exercidos pela coleção purulenta e pelo 
edema cerebral associado. 
NEUROTUBERCULOSE E MICOBACTERIOSES 
ATÍPICAS 
No SNC, a tuberculose se apresenta de 3 maneiras: 
leptomeninge tuberculosa, tuberculoma ou 
comprometimento da medula espinhal secundário a 
tuberculose dos corpos vertebrais. 
LEPTOMENINGITE TUBERCULOSA 
É a forma mais comum da neurotuberculose e representa 
uma das complicações mais graves da tuberculose primária. 
O bacilo de Koch chega à leptomeninge pela via 
hematogênica e, em muitos casos, coexiste disseminação 
miliar em outros órgãos. Para outros, a meningite 
tuberculosa seria derivada de foco antigo, localizado na 
leptomeninge, não região subpial ou subependimária do 
encéfalo ou no plexo coroide, espalhando-se desses locais 
por meio do líquor. 
As consequências devem-se ao bloqueio nas cisternas basais 
e a comprometimento da leptomeninge, das raízes nervosas 
e do parênquima cerebral, este último resultante da 
meningoencefalite e dos infartos cerebrais. Surgem 
hidrocefalia e hipertensão intracraniana, rigidez de nuca, 
paralisia dos nervos cranianos, diminuição do nível de 
consciência, crises convulsivas e hemiparesia. 
A TC permite identificar o denso exsudato basal realçado 
pelo contraste, a hidrocefalia e os infartos cerebrais. O 
exame do líquor mostra aumento de células 
mononucleadas, mas pode haver predomínio de 
polimorfonucleares nas fases iniciais da doença, além do 
aumento de proteína e redução da glicose. 
O exsudato é predominantemente gelatinoso, consistente e 
elástico, de aspecto brancacento ou branco-acinzentado. É 
mais intenso na base do encéfalo, aderindo de modo 
característico ao polígono de Willis, raízes de nervos 
cranianos e cisternas basais, o que impede sua visualização 
e provoca obstrução das aberturas laterais e medianas no 
quarto ventrículo, podendo causar hidrocefalia. 
Granulações brancacentas diminutas, correspondentes a 
granulomas isolados ou confluentes são encontradas na 
intimidade da leptomeninge e na superfície cerebral, 
especialmente nas regiões orbitofrontal posterior e 
mediobasal temporal e nas bordas do sulco lateral. 
É frequente aderência da leptomeninge à superfície 
cerebral, que, aos cortes, mostra aspecto granuloso, cor 
mais escura e borramento da junção córtex-substância 
branca. Microscopicamente, essas áreas correspondem a 
meningoencefalite. Os granulomas têm área central de 
necrose caseosa envolvida por células gigantes 
multinucleadas, células epitelioides, observando-se focos 
múltiplos de necrose caseosa, infiltrado de mono e 
polimorfonucleares, extensa exsudação de fibrina e vários 
bacilos. As lesões atingem a leptomeninge e vasos 
sanguíneos e estendem-se ao tecido nervoso adjacente, 
caracterizando uma meningoencefalite. Além de necrose da 
parede vascular com trombose oclusiva e de formação de 
granulomas em torno e na parede de vasos, as artérias de 
pequeno calibre podem exibir endartrite, fibrose intimal e 
redução da luz, que provocam infartos cerebrais 
TUBERCULOMA 
O tuberculoma é a confluência de pequenos tubérculos. Este 
também pode surgir como manifestação de tuberculose 
isolada, independente do processo meníngeo. A lesão 
forma-se em qualquer lugar do SNC, mas tem preferência 
pelos hemisférios cerebelares, lóbulo paracentral e ponte. 
Pode manifestar-se como lesão que ocupa espaço, causando 
hipertensão intracraniana. 
Apresenta-se como um nódulo que pode atingir grande 
volume, único ou frequentemente múltiplo, esferoidal, de 
consistência firme, com centro caseificado, branco-
amarelado, e zona periférica de contorno circinado. O 
quadro macroscópico consiste em extensa área central de 
necrose caseosa envolvida por inflamação granulomatosa 
circundada por anel fibroso e, mais externamente, por faixa 
de gliose. 
As lesões antigas podem calcificar. 
Em pacientes imunossuprimidos, pode exibir características 
distintas, formado por área central de necrose coliquativa 
contendo numerosos bacilos, envolvida por cápsula fibrosa, 
faltando a reação granulomatosa típica. Nesses casos, a 
lesão é denominada abscesso tuberculoso. 
NEUROSSÍFILIS 
PATOLOGIAS DO SISTEMA NERVOSO CENTRAL 
 
Os espiroquetas atingem a leptomeninge no período 
secundário ou de generalização, cerca de 4 a 8 semanas após 
a infecção inicial ou primária. 
O comprometimento meníngeo caracteriza-se por linfócitos 
e plasmócitos ao redor de vasos e no líquor (meningite 
sifilítica). O processo pode involuir espontaneamente ou 
com tratamento. 
É uma manifestação tardia da doença não tratada. 
NEUROSSÍFILIS MENINGOVASCULAR 
Refere-se ao envolvimento da leptomeninge e de artérias 
pela inflamação, usualmente 5 a 12 anos após a infecção 
primária. 
O acometimento meníngeo nas formas sintomáticas explica 
a cefaleia. 
Lesão da via óptica é responsável por ausência do reflexo 
pupila, enquanto é conservada a acomodação, constituindo 
o sinal de Argyll-Robertson. Hemiparesia, distúrbios de 
linguagem e outras manifestações focais surgem em 
consequência das lesões vasculares e gomas no parênquima. 
Fibrose da leptomeninge basal pode resultar em bloqueio da 
circulação liquórica e hidrocefalia, além de paralisia de 
nervos cranianos. 
Microscopicamente, é uma leptomeningite crônica com 
infiltrado inflamatório perivascular de linfócitos e 
plasmócitos e fibrose. As artérias de grande, médio e 
pequeno calibre, mais comumente a artéria cerebral média, 
apresentam endocardite obliterante, caracterizada por 
fibrose intimal concêntrica com preservação da limitante 
elástica interna e redução da luz, resultando em infartos. 
Pode haver extensão do infiltrado inflamatório para alguns 
nervos cranianos (oculomotor, vestibulococlear e óptico). 
NEUROSSÍFILIS PARÉTICA (PARALISIA GERAL DO 
INSANO) 
É uma encefalite crônica difusa com comprometimento 
cortical e atrofia cerebral,associada a lesões da forma 
meningovascular, geralmente 15 a 20 anos após a infecção 
primária. 
A leptomeninge é espessa e opaca. Os giros são retraídos, 
particularmente no lobo frontal. Os ventrículos são dilatados 
e a parede ventricular finamente granulosa. Ao microscópio, 
encontram-se infiltrado linfoplasmocitário perivascular, 
perda neuronal difusa e atrofia dos remanescentes; coexiste 
atrocitose fibrilar e proliferação microglial pecular com 
aparecimento de “células em bastão” e gliose. 
Desnutrição neuronal é a causa principal da atrofia cerebral, 
sendo também responsável pelo estado demencial 
progressivo, alterações psiquiátricas, crises convulsivas e 
perda do controle motor. 
TABE DORSAL 
Refere-se ao comprometimento das raízes e dos funículos 
posteriores da medula espinhal. Ocorre 20 a 25 anos após a 
infecção primária. 
Admite-se que a degeneração das raízes posteriores resulta 
de inflamação e perda neuronal dos gânglios espinhais. A 
sintomatologia deriva da interrupção da via sensitiva 
ascendente na altura da medula espinhal, que leva a perda 
da sensibilidade dolorosa, vibratória e postural, ataxia 
estática e dinâmica, ausência dos reflexos tendíneos, 
hipotonia muscular, sintomas oculares e atrofia do nervo 
ópico. Perda de sensibilidade dolorosa resulta em lesões 
cutâneas e das articulações provocadas por traumatismos. 
Caracteriza-se por perda axonal e da bainha de mielina das 
raízes posteriores, resultando em degeneração walleriana 
dos funículos posteriores da medula espinhal, que se tornam 
adelgaçados, cinza-amarelados e de consistência 
aumentada. Em consequência, a medula torna-se achatada, 
ou mesmo escavada nos casos de longa duração. As lesões 
são mais graves na coluna lombossacra. Coexiste discreto 
aumentado linfoplasmocitário na leptomeninge e nos 
gânglios espinhais associado a perda neuronal e proliferação 
das células satélites. 
INFECÇÕES POR VÍRUS 
A encefalite viral é uma infecção parenquimatosa do 
encéfalo quase sempre associada à inflamação meníngea 
(meningoencefalite) e algumas vezes com envolvimento 
simultâneo da medula espinhal (encefalomielite). 
Algumas viroses tendem a infectar o SN. Esse tropismo 
neural possui diversas formas: algumas viroses infectam 
alguns tipos específicos de células, enquanto outras 
possuem preferencia pelo envolvimento de áreas 
particulares do encéfalo. A latência é um aspecto importante 
das infecções virais do SNC. As infecções sistêmicas virais, na 
ausência de evidencia direta de penetração viral no interior 
do SNC, podem ser seguidas por uma doença mediada pelo 
sistema imune. 
HERPESVÍRUS SEMPLEX DO TIPO 1 
É mais comum em crianças e adultos jovens. 
Os sintomas clínicos mais frequentes são alterações no 
humor, na memória e no comportamento. 
PATOLOGIAS DO SISTEMA NERVOSO CENTRAL 
 
Inicia e acomete com mais gravidade as regiões inferior e 
medial dos lobos temporais e do giro orbital dos lobos 
frontais. A infecção é necrotizante e com frequência 
hemorrágica nas regiões afetadas com mais gravidade. Os 
infiltrados inflamatórios perivasculares estão, em geral, 
presentes e os corpúsculos de inclusão viral intranuclear do 
tipo A de Cowdry podem ser encontrados tanto em 
neurônios quanto na glia. 
HERPESVÍRUS SIMPLEX DO TIPO 2 
Pode causar meningite em indivíduos adultos, porém, até 
50% dos neonatos nascidos por parto vaginal de mulheres 
com infecção primária ativa por HSV adquirem a infecção 
durante a passagem pelo canal de parto e desenvolvem 
grave encefalite. 
Em casos de infecção ativa por HSV, o HSV-2 pode causar 
uma encefalite necrose, aguda e hemorrágica. 
VÍRUS VARICELA-ZÓSTER (HERPES-ZÓSTER) 
Após a infecção primária, o vírus entra em uma fase latente 
no interior dos neurônios sensoriais da raiz dorsal ou do 
gânglio do trigêmeo. 
A reativação da infecção em adultos (cobreiro) geralmente 
se manifesta como uma erupção vesicular e dolorosa da 
pele, com uma distribuição restrita a um único ou a poucos 
dermátomos. 
A reativação da herpes-zóster é um processo autolimitado, 
mas pode ocorrer uma síndrome de neuralgia pós-herpética, 
particularmente quando ocorre após os 60 anos de idade. 
CITOMEGALOVÍRUS 
A infecção no SN ocorre em fetos ou em indivíduos 
imunossuprimidos. 
O resultado da infecção intrauterina é a necrose 
periventricular que produz grave destruição do cérebro, 
seguida posteriormente por microcefalia e calcificações 
periventriculares. 
Em indivíduos imunossuprimidos, o padrão mais comum de 
envolvimento é o de uma encefalite subaguda, que pode 
estar associada a inclusões que contenham CMV. 
RAIVA 
O exame macroscópico do cérebro mostra intenso edema e 
congestão vascular. Ao exame microscópico existe uma 
degeneração neuronal difusa e reação inflamatória que é 
mais grave no tronco encefálico. 
Os corpúsculos de Negri, que são o acho microscópico 
patognomônico da raiva, são inclusões citoplasmáticas 
eosinofílicas que podem ser encontradas no hipocampo e 
nas células de Purkinje do cerebelo, que são locais onde 
habitualmente não há inflamação. 
O vírus entra no SNC por via ascendente ao longo dos nervos 
periféricos a partir do ferimento e o período de incubação 
(geralmente entre 1 e 3 meses) depende da distância entre 
o ferimento e o cérebro. 
A doença inicia com sintomas não específicos como mal-
estar, cefaleia e febre, mas a conjunção desses sintomas com 
a presença de parestesias locais ao redor do ferimento é 
diagnóstica. 
À medida em que a infecção avança, os indivíduos afetados 
mostram extraordinária excitabilidade do SNC. 
A contração da musculatura faríngea durante a deglutição 
faz com que a boca fique espumosa, o que pode levar a uma 
aversão a deglutir até mesmo água (hidrofobia). 
Ocorre meningismo e, à medida que a doença avança, 
paralisia flácida. Períodos de alternância entre mania e 
estupor progridem para coma e óbito por falência 
respiratória. 
MENINGOENCEFALITE FÚNGICA 
Acomete principalmente indivíduos imunossuprimidos. 
Existem três padrões principais de infecção fúngica do SNC: 
meningite crônica, vasculite e invasão parenquimatosa. 
A vasculite é encontrada com mais frequência no caso de 
mucormicose e apergilose, ambas caracterizadas pela 
invasão fúngica direta das paredes dos vasos sanguíneos, 
porém, ocasionalmente ocorre em outras infecções como a 
candidíase. A trombose vascular resultante produz infarto, 
com frequência hemorrágico, e que subsequentemente se 
torna séptico a partir do crescimento interno do fungo 
causador de infecção. 
A invasão parenquimatosa, normalmente na forma de 
granulomas ou abscessos pode ocorrer com a maior parte 
dos fungos e com frequência coexiste com meningite. A 
cândida e o criptococo são os fungos que mais 
frequentemente invadem o encéfalo. A candidíase 
normalmente produz microabscessos múltiplos, com ou sem 
formação de granuloma. 
A meningite criptocócica pode ser fulminante e fatal (HIV). O 
encéfalo mostra uma meningite crônica que afeta as 
leptomeninges basais, que são opacas e espessadas por 
tecido conjuntivo reativo, podendo obstruir o fluxo do LCR a 
PATOLOGIAS DO SISTEMA NERVOSO CENTRAL 
 
partir dos forames de Magendie e Luschka, levando à 
hidrocefalia. Os cortes do encéfalo revelam material 
gelatinoso no interior do espaço subaracnóideo e pequenos 
cistos no interior do parênquima, que são espacialmente 
proeminentes nos núcleos da base e na distribuição das 
artérias lenticuloestriadas. 
TUMORES 
GLIOMAS 
Grupo mais comum de tumores encefálicos primários. 
ASTROCITOMA 
INFILTRATIVOS 
Contribui com cerca de 80% dos tumores encefálicos 
primários em adultos. Normalmente encontrado nos 
hemisférios cerebrais, também podem ocorrer no cerebelo, 
no tronco encefálico ou na coluna espinal. 
Os sinais e sintomas mais comuns são crises convulsivas, 
cefaleias e déficits neurológicos focais relacionadoscom o 
local anatômico de envolvimento. 
Mostram um espectro de diferenciação histológica que se 
correlaciona bem com o curso e a resposta clínica, sendo que 
dentro desse espectro, os tumores variam de atrocitoma 
difuso (grau II/IV) até astrocitoma anaplásico (grau III/IV) a 
gliobastoma (grau IV/IV). 
O astrocitoma difuso é um tumor infiltrativo pouco definido, 
acizentado que se expande e distorce o encéfalo invadido. 
Esses tumores variam de tamanho, desde poucos 
centímetros a lesões extensas, que substituem todo um 
hemisfério. A superfície de corte do tumor pode ser firme ou 
amolecida e gelatinosa, sendo que também pode ser 
observada degeneração cística. Pode aparecer bem 
demarcado no tecido encefálico adjacente, porém, 
infiltração além das margens externas está sempre presente. 
Ao exame macroscópico, são caracterizados por aumento 
leve e moderado na celularidade glial, pelo pleomorfismo 
nuclear variável e por uma rede de prolongamentos 
astrocíticos finos entremeados. 
O astrocitomas anaplásicos apresentam regiões que são 
mais densamente celulares e possuem pleomorfismo 
nuclear maior, sendo que figuras mitóticas são 
frequentemente observadas. 
O glioblastoma tem variações no aspecto macroscópico de 
região para região. Algumas áreas são firmes e brancas, 
outras são amolecidas e amareladas devido à necrose, e 
ainda outras mostram regiões de degeneração cística e 
hemorrágica. Ocorre necrose e proliferação celular 
endotelial ou vascular. As células tumorais se arranjam ao 
longo das bordas das regiões necróticas, produzindo um 
padrão histológico chamado de pseudopaliçada. 
Os sintomas presentes nos astrocitomas dependem 
localização e da velocidade de crescimento do tumor. Os 
astrocitomas difusos bem diferenciados podem permanecer 
estáticos ou progredir apenas lentamente por anos. Ao final, 
no entanto, ocorre deterioração clínica que normalmente é 
consequência do surgimento de tumor de crescimento mais 
rápido e de maior grau histológico. 
PILOCÍTICO 
São distinguíveis dos outros tipos de tumores devido ao seu 
aspecto patológico e comportamento quase sempre 
benigno. Normalmente ocorrem em crianças e em adultos 
jovens e, geralmente, se localizam no cerebelo, mas também 
podem surgir no assoalho e nas paredes do terceiro 
ventrículo, nos nervos ópticos e ocasionalmente nos 
hemisférios cerebrais. 
Crescem muito lentamente e, particularmente no cerebelo, 
podem ser tratados com ressecção. 
OLIGODENDROGLIOMA 
Mais comuns na quarta e quinta décadas de vida. Os 
pacientes podem ter vários anos de queixas neurológicas, 
incluindo crises convulsivas. As lesões são encontradas 
principalmente nos hemisférios cerebrais, com uma 
predileção pela substância branca. 
Massas acinzentadas, gelatinosas, bem circunscritas, 
frequentemente com cistos, hemorragia focal e calcificação. 
DOENÇA CEREBROVASCULAR 
A doença cerebrovascular inclui três categorias principais: 
hemorragia, trombose e embolismo. O acidente vascular é a 
designação clínica que se aplica a todas essas condições, em 
particular, quando os sintomas iniciam agudamente. 
Do ponto de vista da fisiopatologia e da anatomia patológica, 
a doença cerebrovascular tem dois processos: 
1. Hipóxia, isquemia e infarto resultantes do prejuízo 
do fornecimento de oxigênio aos tecidos do SNC; 
2. Hemorragia resultante da ruptura de um vaso do 
SNC. 
HIPÓXIA, ISQUEMIA E INFARTO 
O cérebro pode ser privado de oxigênio por diversos 
mecanismos: hipóxia causada pela baixa pressão parcial de 
PATOLOGIAS DO SISTEMA NERVOSO CENTRAL 
 
oxigênio, pelo comprometimento da capacidade do sangue 
em transportar oxigênio ou pela inibição do uso do oxigênio 
pelo tecido; ou isquemia, transitória ou permanente, após 
interrupção do fluxo circulatório normal. A interrupção pode 
ser consequente à redução na pressão de perfusão 
(hipotensão), da obstrução de pequenos ou grandes vasos, 
ou de ambos. 
Quando a perfusão de uma porção do encéfalo está 
reduzida, a sobrevivência do tecido depende da presença de 
circulação colateral, da duração da isquemia e da magnitude 
e rapidez da redução do fluxo. Esses fenômenos determinam 
o local anatômico preciso e o tamanho da lesão e, 
consequentemente, o déficit clínico. 
Dois principais tipos de lesão isquêmica aguda são 
identificáveis: 
• Isquemia cerebral global: ocorre quando há 
redução generalizada da perfusão cerebral, como 
ocorre no infarto cardíaco, no choque e na 
hipotensão grave; 
• Isquemia cerebral focal, seguida da redução ou da 
interrupção do fluxo sanguíneo para uma área 
localizada do encéfalo devido à doença de grandes 
vasos (oclusão arterial embólica ou trombótica – 
aterosclerose) ou à doença de pequenos vasos 
(vasculite ou oclusão secundaria a lesões 
ateroscleróticas). 
A depleção metabólica de energia associada à isquemia pode 
levar à liberação inapropriada de aminoácidos que atuam 
como neurotransmissores excitatórios, como o glutamato, 
iniciando o dano celular por permitir influxo excessivo de 
íons cálcio através dos receptores de glutamato do tipo 
NMDA. Essa elevação celular dos íons cálcio, por sua vez, 
dispara uma ampla variedade de processos incluindo a 
ativação inapropriada das cascatas de sinalização, geração 
de radicais livres e lesão mitocondrial. Todos esses 
mecanismos juntos levam à morte celular, principalmente 
por meio de necrose. 
HIPOTENSÃO, HIPOPERFUSÃO E ESTADOS DE BAIXO 
FLUXO (ISQUEMIA CEREBRAL GLOBAL) 
Nos casos leves de isquemia cerebral global, pode haver 
somente um estado confusional pós-isquêmico transitório 
seguido por completa recuperação e nenhum dano tecidual 
irreversível. 
Existe uma hierarquia de sensibilidade entre as células do 
SNC: os neurônios são os mais sensíveis, apesar das células 
gliais também serem vulneráveis. Existe também variação na 
suscetibilidade da população de neurônios em diferentes 
regiões do SNC (vulnerabilidade seletiva), baseada em parte 
nas diferenças do fluxo sanguíneo cerebral regional e nas 
necessidades metabólicas das células. 
Na isquemia cerebral global grave, ocorre morte neuronal 
difusa, independente da vulnerabilidade da região. Quando 
os pacientes com essa forma de lesão difusa são mantidos 
sob ventilação mecânica, o encéfalo sofre um processo 
autolítico gradual – também conhecido como “encéfalo de 
respirador”. 
Infartos em zona limítrofe ocorrem em regiões do encéfalo 
ou da medula espinhal que se situam em regiões mais distais 
da irrigação do sangue arterial, as zonas limítrofes entre os 
territórios arteriais. Nos hemisférios cerebrais, a zona 
limítrofe de distribuição das artérias cerebrais anterior e 
média são as que correm maior risco. Dano nessa região 
produz uma banda de necrose em forma de foice sobre a 
convexidade cerebral, situada poucos centímetros ao lado 
da fissura inter-hemisférica. São, com frequência, 
observados após episódios de hipotensão. 
Morfologia no contexto de isquemia global, o encéfalo se 
apresenta edemaciado, os giros estão aumentados e os 
sulcos estreitados. A superfície de corte mostra fraca 
demarcação entre a substância branca e a cinzenta. As 
alterações microscópicas de lesão irreversível estão 
agrupadas em 3 categorias: 
1. Alterações iniciais: ocorrem entre 12 e 24 horas 
após a agressão, incluem as alterações neuronais 
agudas, ou seja, neurônio vermelho, que é 
caracterizado por microvacuolização, seguida por 
eosinofilia do citoplasma neuronal, e 
posteriormente por picnose nuclear e cariorrexe. 
Alterações agudas semelhantes ocorrem um pouco 
depois com astrócitos e oligodendrócitos. As células 
piramidais em CA1 (setor de Sommer) do 
hipocampo, as células de Purkinje do cerebelo e os 
neurônios piramidais corticais são os mais 
suscetíveis à isquemia de curta duração. Após a 
lesão aguda, a reação do dano tecidual inicia com 
infiltração de neutrófilos. 
 
Neurônio vermelhoPATOLOGIAS DO SISTEMA NERVOSO CENTRAL 
 
 
 
2. Alterações subagudas: ocorrem em um período 
entre 24 horas e 2 semanas, incluindo necrose de 
tecido, influxo de macrófagos, proliferação vascular 
e gliose reativa. 
 
3. A reparação, que aparece mais após duas semanas, 
é caracterizada pela remoção de tecido necrótico, 
pela perda da estrutura do SNC e por gliose. 
ISQUEMIA CEREBRAL FOCAL – INFARTO A PARTIR 
DA OBSTRUÇÃO DO FORNECIMENTO SANGUÍNEO 
LOCAL 
A oclusão de uma artéria cerebral pode levar à isquemia 
focal e, se mantida, ao infarto de uma região específica 
dentro do território de distribuição dos vasos 
comprometidos. O tamanho, a localização e a forma do 
infarto, além da extensão da lesão tecidual resultante, são 
determinados pelos fatores modificadores, sendo que o 
mais importante é a adequação do fluxo colateral. 
A principal fonte de fluxo colateral é o polígono de Willis. O 
reforço parcial e inconstante está disponível sobre a 
superfície do encéfalo para os ramos distais das artérias 
cerebrais anterior, média e posterior através das 
anastomoses leptomeníngeas corticais. Por outro lado, 
existe um pequeno ou nenhum fluxo colateral para os vasos 
perfurantes profundos que suprem estruturas como o 
tálamo, os núcleos da base e a substância branca profunda. 
Pode ocorrer devido à trombose in situ, embolização a partir 
de uma origem distante, ou diversas formas de vasculites. 
A maior parte das oclusões trombóticas ocorre devido a 
arterosclerose. Os locais mais comuns de trombose primária 
que causam infarto cerebral são a bifurcação da carótida, a 
origem da artéria cerebral média e em ambas as 
extremidades da artéria basilar. Há associação frequente 
com doenças sistêmicas, como hipertensão arterial e 
diabetes. 
A embolia encefálica possui muitas origens, sendo que os 
trombos murais cardíacos estão entre as principais fontes. O 
território de distribuição da artéria cerebral média – a 
extensão direta da artéria carótida interna – é mais 
frequentemente afetada pelo infarto embólico, sendo que a 
incidência é praticamente igual nos dois hemisférios. O 
êmbolo tende a se alojar onde os vasos se ramificam ou em 
áreas de estenose luminal preexistente. Os indivíduos 
afetados manifestam disfunção cerebral generalizada com 
distúrbios das funções corticais superiores e da consciência, 
com frequência sem sinais de localização. 
A poliarterite nodosa e outras vasculites não infecciosas 
podem envolver os vasos cerebrais e causar infartos únicos 
ou múltiplos em diferentes regiões do cérebro. A angeíte 
primária do SNC é uma doença inflamatória que envolve 
múltiplos vasos de pequeno e médio calibres localizados no 
parênquima ou na subaracnoide e é caracterizada por 
inflamação crônica, células multinucleadas gigantes e 
destruição da parede vascular. Indivíduos afetados 
manifestam quadro clínico de encefalopatia difusa ou 
multifocal, com frequente disfunção cognitiva. 
Os infartos são divididos em dois grupos: 
1. Infarto hemorrágico: caracterizado por múltiplas 
hemorragias petequiais, algumas vezes 
confluentes, em geral, associado a eventos 
embólicos; presume-se que seja secundária à 
reperfusão dos vasos e tecidos lesados, seja por 
meio de colaterais ou pela dissolução de material 
oclusivo intravascular. 
Parte mais clara: edema 
Vasos sanguíneos com proliferação endotelial 
 
PATOLOGIAS DO SISTEMA NERVOSO CENTRAL 
 
 
2. Infartos não hemorrágicos: geralmente se associam 
à trombose; a aparência macroscópica varia de 
acordo com o tempo transcorrido após a 
interrupção do fluxo sanguíneo; durante as 
primeiras seis horas de lesão irreversível, pouco 
pode ser observado (recente); em 48 horas, o 
tecido se torna pálido, amolecido e edemaciado, e 
a junção corticocentral pode ficar indistinguível; de 
2 a 10 dias, o encéfalo se torna gelatinoso e friável, 
e os limites previamente maldefinidos, entre o 
tecido normal e o anormal, se tornam mais 
evidentes; de 10 a 3 semanas, o tecido se liquefaz, 
deixando no fim uma cavidade preenchida por 
líquida e recoberta por tecido cinza escuro, que 
gradualmente se expande à medida que o tecido 
morto é removido; após as primeiras 12 horas, são 
encontradas alterações isquêmicas neuronais 
(neurônios vermelhos) e tanto edema citotóxico 
quanto vasogênico; as células fagocíticas ficam 
evidentes nas primeiras 48 horas e se tornam 
células predominantes nas 2 a 3 semanas seguintes; 
os astrócitos reativos podem ser vistos a partir de 1 
semana após a lesão; no córtex, a cavidade é 
separada das meninges e do espaço subaracnóideo 
por uma camada de tecido gliótico, derivado da 
camada molecular do córtex. 
 
 
Os infartos da medula espinhal podem ser observados em 
decorrência da hipoperfusão por oclusão de artérias 
tributarias provenientes da aorta. 
DOENÇA CEREBROVASCULAR HIPERTENSIVA 
INFARTOS LACUNARES 
A hipertensão afeta as artérias perfurantes cerebrais, as 
arteríolas que suprem os núcleos da base, a substância 
branca hemisférica e o tronco encefálico. Esses vasos 
desenvolver esclerose arteriolar e podem ficar ocluídos. 
Uma consequência clínica e patológica das lesões arteriais 
no SNC é o desenvolvimento de infartos cavitários únicos ou 
múltiplos, de pequenas dimensões, conhecidos como 
lacunas. Esses espaços podem ocorrer, em ordem 
decrescente de frequência, no núcleo lentiforme, no tálamo, 
na cápsula interna, na substância branca profunda, no 
núcleo caudado e na ponte. 
Na microscopia, elas aparecem como áreas de perda tecidual 
por macrófagos esparsos, abarrotados com lípides e 
margeados por gliose. 
HEMORRAGIAS EM FENDA 
A hipertensão pode dar origem à ruptura da vasos 
perfurantes de pequenos calibres e à ocorrência de 
pequenas hemorragias. Com o tempo, as hemorragias são 
reabsorvidas, deixando uma cavidade em forma de fenda, 
margeada por coloração acastanhada. Ao exame 
microscópico, mostram destruição focal local, macrófagos 
carregados de pigmento e gliose. 
ENCEFALOPATIA HIPERTENSIVA 
Síndrome clínico-patológica que ocorre em indivíduos com 
hipertensão maligna, caracterizada por disfunção cerebral 
Infarto 
anêmico 
recente (1 
semana) 
Infarto 
anêmico 
antigo 
PATOLOGIAS DO SISTEMA NERVOSO CENTRAL 
 
difusa, apresentando cefaleia, confusão, vômitos e 
convulsões. 
Indivíduos que ao longo de muitos meses ou anos sofrem 
infartos múltiplos, bilaterais da substância cinzenta e branca 
podem apresentar uma síndrome clínica caracterizada por 
demência, distúrbio da marcha e sinais pseudobulbares, com 
frequência associados a déficits focais neurológicos. 
HEMORRAGIA INTRACRANIANA 
HEMORRAGIA INTRACEREBRAL 
(INTRAPARENQUIMATOSA) 
A hemorragia intraparenquimatosa espontânea, em geral, 
ocorre no meio ou no fim da vida adulta, com um pico de 
incidência aos 60 anos, sendo que na maior parte das vezes, 
é causada pela ruptura de pequenos vasos 
intraparenquimatosos. 
Quando ocorre nos núcleos da base ou no tálamo, elas são 
designadas hemorragias dos núcleos da base, para distingui-
las das que ocorrem nos hemisférios cerebrais, que são 
denominadas hemorragias lobares. 
A hipertensão é a causa mais comum de hemorragia 
parenquimatosa encefálica. Esse quadro causa um grande 
número de anormalidades nas paredes dos vasos, incluindo 
arterioesclerose acelerada dos grandes vasos, 
aterioesclerose hialina dos pequenos vasos e, nos casos mais 
graves, alterações proliferativas e franca necrose das 
arteríolas. 
Alguns casos de hipertensão crônica estão associados ao 
desenvolvimento de pequenos aneurismas, conhecidos 
como microanuerismas de Charcot-Bouchard, que ocorrem 
em vasos muito pequenos e que são encontrados com maior 
frequência nos núcleos da base. 
As hemorragias agudas, independente da etiologia, são 
caracterizadas pelo extravasamento de sangue com 
compressão do parênquima adjacente. Hemorragias antigasmostram áreas de destruição cavitária do encéfalo. 
Microscopicamente, as lesões iniciais consistem em um 
núcleo central de sangue coagulado circundado por uma 
borda de tecido encefálico mostrando alterações anóxicas 
neuronais e gliais, como edema. Por fim, o edema se 
soluciona com o surgimento de macrófagos abarrotados de 
lípides e de pigmentos. 
HEMORRAGIA SUBARACNOIDE E RU PTURA DE 
ANEURISMA SACULAR 
A causa mais frequente de hemorragia subaracnóidea de 
significado clínico é a ruptura de um aneurisma sacular. 
O aneurisma sacular é o tipo mais comum de aneurisma 
intracraniano, sendo que 90% deles são encontrados 
próximos à principal ramificação arterial na circulação 
anterior. 
O aneurisma sacular não rompido é uma evaginação em 
forma de bolsa de paredes finas, que em geral se localiza em 
alguma ramificação arterial no polígono de Willis ou em 
algum vaso importante pouco abaixo dele. Possuem uma 
superfície brilhante e avermelhada e uma parede fina e 
translúcida. Placas ateromatosas, calcificação ou oclusão 
trombótica podem ser encontradas na parede ou no lúmen 
do aneurisma. 
A ruptura geralmente ocorre no ápex do saco aneurismático 
com extravasamento de sangue para o espaço 
subaracnóideo, para o parênquima cerebral ou para ambos. 
A parede arterial adjacente ao colo do aneurisma 
frequentemente mostra espessamento da camada íntima e 
atenuação gradual da camada média à medida que ela se 
aproxima do colo. Na altura do colo do aneurisma, a camada 
muscular e a lâmina elástica da íntima desaparecem 
abruptamente, estando ausentes no saco propriamente 
dito. Este, por sua vez, é constituído de camada íntima 
hialinizada. 
O rompimento pode ocorrer em qualquer momento, mas se 
associa a um aumento abrupto da pressão arterial. Os 
indivíduos apresentam súbita e excruciante cefaleia, 
perdendo rapidamente a consciência. Nos primeiros dias 
após a ruptura, existe um risco adicional de lesão isquêmica 
em decorrência de vasoespasmo que afeta as artérias 
irrigadas pelo sangue extravasado. 
DOENÇAS NEURODEGENERATIVAS 
Doenças da substância cinzenta caracterizadas por 
progressiva perda de neurônios com alterações secundarias 
associadas aos tratos da substância branca. O padrão 
neuronal de perda é seletivo. 
Um ponto comum entre as doenças neurodegenerativas é a 
presença de agregados proteicos que são resistentes à 
degradação pelo sistema proteosoma-ubiquitina. Esses 
agregados são conhecidos histologicamente como inclusões, 
que algumas vezes são marcadores destas diferentes 
doenças. A base do agregado varia de uma doença para a 
outra. 
As doenças neurodegenerativas podem ser agrupadas de 
duas formas: 
• Anatômico/sistemático: baseada nas regiões 
anatômicas do SNC que são primariamente 
PATOLOGIAS DO SISTEMA NERVOSO CENTRAL 
 
afetadas, o que em geral se reflete nos sintomas 
clínicos; 
• Patológico: baseada nos tipos de inclusão ou de 
estruturas anormais observadas. 
DOENÇAS DEGENERATIVAS QUE AFETAM O CÓRTEX 
DOENÇA DE ALZHEIMER 
É a causa mais comum de demência em idosos. Geralmente 
se apresenta inicialmente como um prejuízo insidioso das 
funções intelectuais superiores, com alterações de humor e 
comportamento. Posteriormente, ocorre manifestação de 
desorientação progressiva, perda de memória e afasia, 
indicando disfunção cortical grave. 
Macroscopicamente, o encéfalo mostra graus variáveis de 
atrofia cortical e acentuado aumento do tamanho dos sulcos 
cerebrais, que é mais pronunciado nos lobos frontais, 
temporais e parietais. Em decorrência da atrofia, se observa 
um aumento compensatório dos ventrículos secundária à 
perda de parênquima e redução do volume cerebral. As 
estruturas do lobo temporal medial, incluindo o hipocampo, 
córtex entorrinal e amigdala, estão envolvidos 
precocemente no curso da doença e se tornam gravemente 
atrofiadas nas fases avançadas. 
As principais anormalidades microscópicas são a formação 
das placas neuríticas (senis) e dos emaranhados 
neurofibrilares. Existe perda neuronal e gliose reativa de 
caráter progressivo e que no final é grave nas mesmas 
regiões onde há maior carga de placas e de emaranhados. 
As placas neuríticas são coleções esféricas focais de 
processos neuríticos dilatados e tortuosos, que são 
frequentemente encontrados ao redor de um núcleo central 
de amiloide, que pode ser circundado por um halo claro. As 
placas são encontradas no hipocampo, na amigdala e no 
neocórtex, em geral poupando de forma relativa o córtex 
motor e sensorial. 
Os emaranhados neurofibrilares são feixes de filamentos no 
citoplasma dos neurônios que deslocam ou rodeiam o 
núcleo. Nos neurônios piramidais, eles assumem com 
frequência a forma de chama, sendo que nas células mais 
arredondadas, o trançado de fibras em forma de cesto ao 
redor do núcleo assume um contorno arredondado 
(emaranhados globosos). São frequentemente encontrados 
nos neurônios corticais, especialmente no córtex entorrinal. 
O maior componente é a proteína tau. 
A anormalidade fundamente da DA é a deposição de 
peptídeos beta amilóides, que são derivados do 
processamento da APP. A APP é uma proteína da superfície 
celular com um único domínio transmembrana que pode 
funcionar como receptor. A porção beta amilóide da 
proteína se estende da região extracelular para o domínio 
transmembrana. O processamento da APP começa com a 
clivagem do domínio extracelular, seguido por uma clivagem 
no interior da membrana. 
As formas familiais da DA apoiam o papel central do 
peptídeo beta amiloide na geração do passo crítico para dar 
início à patogenia. O gene que codifica a APP se localiza na 
região da síndrome de Down, a patologia da DA é o evento 
final do prejuízo cognitivo desses indivíduos afetados. 
 
 
DOENÇAS DEGENERATIVAS DOS NÚCLEOS DA BASE 
E DO TRONCO ENCEFÁLICO 
PARKINSONISMO 
É uma síndrome clínica caracterizada pela diminuição da 
expressão facial, postura encurvada, diminuição dos 
movimentos voluntários, marcha festinente, rigidez e 
tremor. 
DOENÇA DE PARKINSON 
O diagnóstico é feito em indivíduos com sinais de 
parkinsonismo progressivo (tremor, rigidez e bradicinesia), 
responsivos a L-DOPA, na ausência de etiologia tóxica ou de 
outra etiologia conhecida. 
Placa senil corada 
por vermelho congo 
PATOLOGIAS DO SISTEMA NERVOSO CENTRAL 
 
Os achados macroscópicos são palidez da substância negra e 
do locus ceruleus. Na microscopia, existe uma perda dos 
neurônios catecolaminéricos pigmentados nessas regiões, 
associados à gliose. Podem ser encontrados os corpúsculos 
de Lewy, que são compostos por filamentos finos, 
densamente empacotados no centro, porém frouxos na 
borda.

Continue navegando