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Gabriela Bordignon - T5 AULA DE PATOLOGIA, PROF. DANIEL – BBPM IV Robbins: A doença cerebrovascular — lesão no encéfalo em consequência do fluxo sanguíneo alterado — pode ser agrupada em etiologias isquêmicas e hemorrágicas. “Acidente vascular” é a designação clínica que se aplica a todas essas condições, em particular, quando os sintomas se iniciam agudamente. • As doenças cerebrovasculares são subdivididas em três categorias principais, a depender da sua fisiopatologia, sendo elas: 1. TROMBOSE; 2. INFARTO; 3. HEMORRAGIA. • Processos fisiopatológicos responsáveis: – Redução do suprimento de sangue (isquemia). – Redução da oxigenação do tecido cerebral (hipóxia). Lembrando que a hipóxia pode ocorrer sem a isquemia, por exemplo, no caso de intoxicação por monóxido de carbono, no qual não há isquemia, mas ocorre hipóxia. Doenças que levam a obstrução vascular terão isquemia. Robbins: Quando o fluxo sanguíneo para uma porção do encéfalo está reduzido, a sobrevivência do tecido em risco depende da presença da circulação colateral, da duração da isquemia e da magnitude e da rapidez da redução do fluxo. Esses fatores determinam, por sua vez, o local anatômico preciso e o tamanho da lesão e, consequentemente, o déficit clínico. Com a isquemia, há depleção de ATP e perda do potencial de membrana, que é essencial para a atividade elétrica neuronal. Juntamente a ela, há elevação dos níveis de cálcio citoplasmático, que por sua vez ativa uma cascata de processos enzimáticos que contribuem para as lesões celulares. Além dos processos compartilhados com a isquemia em outras partes do corpo, a depleção metabólica de energia associada a isquemia pode resultar na liberação inadequada de neurotransmissores excitatórios de aminoácidos, como glutamato, que podem contribuir para o dano celular por permitir o influxo excessivo de íons cálcio através dos receptores de glutamato tipo N-metil-D-aspartato (NMDA). Na região de transição entre o tecido necrótico e o encéfalo normal, existe uma área “de risco” do tecido, chamada de zona de penumbra. Essa região pode ser resgatada de lesão em diversos modelos animais com uma variedade de intervenções antiapoptóticas, o que significa que as células nas áreas de isquemia também morrem por apoptose. • Os locais de acometimento incluem o parênquima, o espaço subaracnóide e o espaço subdural devido à ruptura dos vasos cerebrais. Os dois sistemas vasculares, carotídeo e vertebral, são integrados pelo Polígono de Willis. Lembrando que a artéria cerebral média não faz parte do polígono! Lesões nesse polígono, onde temos áreas iniciais calibrosas de irrigação, levarão a um comprometimento vascular de tudo que estiver adiante. A seguir será explanada uma breve revisão sobre a topografia de irrigação de cada artéria, o que é importante já que os sintomas irão depender da topografia cerebral acometida pelo processo, logo, sabendo qual área cada artéria irriga e qual a importância funcional dessas áreas, se terá uma maior Gabriela Bordignon - T5 AULA DE PATOLOGIA, PROF. DANIEL – BBPM IV facilidade em identificar os sintomas observados na clínica. • ARTÉRIA CEREBRAL ANTERIOR: – Corre em sentido ântero-posterior ao longo do corpo caloso, dando ramos para o córtex da face interna e margem superior do hemisfério cerebral. Seu território é basicamente a metade superior da face medial do hemisfério, chegando ao corpo caloso e ao sulco parieto- occipital. • ARTÉRIA CEREBRAL MÉDIA: – É continuação direta da A. carótida interna, localiza-se na fissura de Sylvius, de onde dá vários pequenos ramos para os núcleos da base, que saem em ângulo reto diretamente do tronco da artéria. Em seguida, divide-se em cerca de 10 ramos que divergem à maneira de um leque para suprir a quase totalidade da convexidade dos hemisférios cerebrais. • ARTÉRIA CEREBRAL POSTERIOR: – Contorna o mesencéfalo e se distribui pela face inferior do hemisfério cerebral (lobos temporal e occipital). Seu território inclui o tálamo, hipocampo e a área primária de recepção visual na fissura calcarina (área 17 de Brodmann). • ARTÉRIAS VERTEBRAIS E BASILAR: – Suprem o tronco cerebral através de ramos curtos e o cerebelo por três pares de vasos maiores: Aa. cerebelares superiores; cerebelares anteriores inferiores e cerebelares posteriores inferiores. As duas primeiras são ramos da A. basilar. As Aa. Cerebelares posteriores inferiores são ramos das Aa. vertebrais e suprem território maior que as outras (toda a metade inferior do cerebelo e parte do bulbo). Na imagem abaixo observa-se um corte demonstrando as áreas preponderantes de irrigação de cada artéria. (IMPORTANTE!) Aqui temos outro corte, agora mostrando os lobos cerebrais, nessa imagem podemos observar que a artéria cerebral anterior (ACA) vem correndo pelo corpo caloso, temos a artéria cerebral posterior (ACP) irrigando a parte mais occipital e a artéria cerebral média (MCA) irrigando os núcleos da base. Na imagem acima, temos uma visão lateral do cérebro mostrando as principais áreas funcionais do cérebro, o que ajuda a termos uma noção das áreas acometidas e as funções específicas a ela. Gabriela Bordignon - T5 AULA DE PATOLOGIA, PROF. DANIEL – BBPM IV Então podemos observar o giro transverso (área primaria auditiva e a área de associação auditiva), a área pré-motora, a área de Broca (importante nos processos de afasia), giro pós central (área somática sensoria), área do paladar, área de associação sensoriosomática, na região occipital temos as áreas visuais (área de associação visual, córtex visual), área de Wernick (associada a afasia também e a compreensão). Na imagem acima, podemos observar o homúnculo, mostrando o que cada área cortical representa sensorialmente e no quesito motor. Lembrando que as regiões mais centrais do córtex irão fazer as inervações dos membros inferiores e quanto mais lateralizado, mais “alto” vai ser, ou seja, conforme vai de medial para lateral, vai subindo, dos pés à cabeça. • Processo de Isquemia Neuronal e Infarto: – Redução do fluxo sanguíneo reduz o fornecimento de oxigênio e ATP. – O H + é produzido pelo metabolismo anaeróbio pela glicose disponível. – As bombas iônicas de membrana dependente de energia (ATPases) falham, levando a edema citotóxico e despolarização da membrana, permitindo a entrada de cálcio e liberação de glutamato. – O cálcio entra nas células através dos canais ativados por glutamato (NMDA) e ativa enzimas intracelulares destrutivas. – Destruição de organelas intracelulares e membrana celular, com liberação de radicais livres. – A liberação de ácidos graxos livres ativa as vias pró- coagulantes que exacerbam a isquemia local. – As células gliais captam H +, não conseguem mais captar o glutamato extracelular e sofrem morte celular, levando à necrose liquefativa de todo o território arterial. NECROSE ESPECÍFICA DO SNC -> NECROSE LIQUEFATIVA Temos as lesões hipóxicas focais causadas por déficits nos canais vasculares focais, mas é preciso lembrar que inicialmente temos as lesões hipóxicas globais, ou seja, não só o SNC sofre, mas sim todo o organismo. • CAUSAS PRINCIPAIS: – Parada cardíaca. – Choque cardiogênico. – Choque hipovolêmico. – Choque séptico. – Envenenamento crônico por monóxido de carbono. • COMPLICAÇÕES: – Atrofia cerebral: • A atrofia é causada pela apoptose (morte celular individual) de neurônios nas camadas 3, 5 e 6 do córtex cerebral. • Produz necrose laminar (tipo de necrose em banda). • Os neurônios são os mais suscetíveis a lesões por hipóxia. Neurônios > oligodendrócitos > astrócitos > micróglia > células endoteliais. • Os neurônios sofrem apoptose (neurônios “vermelhos”). Gabriela Bordignon - T5 AULA DE PATOLOGIA,PROF. DANIEL – BBPM IV – Infartos de zonas de borda (áreas mais suscetíveis na hipóxia): • Ocorre nas junções dos territórios arteriais (junção entre a artéria cerebral anterior e a artéria cerebral média). • Clinicamente presente com fraqueza proximal bilateral de braços e pernas. Picnose: diminuição do núcleo. Robbins: A isquemia cerebral global (encefalopatia isquêmica/hipóxica difusa) ocorre quando há uma redução generalizada da perfusão cerebral (como ocorre no infarto cardíaco, choque e hipotensão grave). A resposta clínica de um episódio hipotensivo grave que produz isquemia cerebral global varia de acordo com a gravidade da agressão. Nos casos leves, pode haver somente um estado confusional pós-isquêmico transitório seguido por completa recuperação e nenhum dano tecidual irreversível. Entretanto, pode ocorrer dano irreversível do tecido do SNC em alguns indivíduos que sofrem agressão isquêmica global leve ou transitória. Existe uma hierarquia de sensibilidade entre as células do SNC: os neurônios são os mais sensíveis, embora as células gliais (oligodendrócitos e astrócitos) também sejam vulneráveis. Os neurônios mais sensíveis no encéfalo estão na camada de células piramidais do hipocampo (especialmente na área CA1, também chamada de setor de Sommer), nas células de Purkinje do cerebelo e nos neurônios piramidais no córtex cerebral. Na isquemia cerebral global grave, ocorre morte neuronal difusa, independentemente da vulnerabilidade da região. Os pacientes que sobrevivem a essa lesão permanecem, com frequência, em estado vegetativo persistente. Outros pacientes preenchem os critérios clínicos atuais para “morte encefálica”, incluindo evidências de lesão cortical difusa irreversível (eletroencefalograma isoelétrico ou “plano”) e dano ao tronco encefálico, como a ausência de reflexos e de movimentos respiratórios, e ausência de perfusão cerebral. Quando os indivíduos com essa forma difusa de lesão são mantidos sob ventilação mecânica, o encéfalo gradualmente sofre um processo autolítico com liquefação gradual, produzindo o chamado “encéfalo de respirador”. Infartos em zona limítrofe (“divisor de águas”) ocorrem em regiões do encéfalo ou da medula espinal que se situam nos locais mais distais do suprimento de sangue arterial, as zonas limítrofes entre os territórios arteriais. Nos hemisférios cerebrais, a zona limítrofe entre as distribuições das artérias cerebrais anterior e média é a de maior risco. O dano nessa região produz uma faixa falciforme de necrose sobre a convexidade cerebral, situada poucos centímetros lateralmente à fissura inter- hemisférica. Os infartos em zona limítrofe são normalmente observados após episódios hipotensivos Gabriela Bordignon - T5 AULA DE PATOLOGIA, PROF. DANIEL – BBPM IV As junções de ramos arteriais são áreas mais hipóxicas, com maior sofrimento. Isso lembra muito um infarto renal, que também é em cunha, lembrando um “leque” à medida que se expande. LANGE: Acidente vascular encefálico (AVE) é uma síndrome clínica caracterizada pelo início súbito de um déficit neurológico focal que persiste por pelo menos 24 horas e é devido a uma anormalidade da circulação cerebral. É a terceira causa principal de morte nos Estados Unidos. A incidência de AVE aumenta com a idade e é mais alta em homens que em mulheres. Fatores de risco significativos incluem hipertensão, hipercolesterolemia, diabetes, fumo, consumo elevado de álcool e uso de contraconceptivo oral. Avanços em neuroimagem têm tido um grande impacto no tratamento e em desfechos. • Perturbação focal do fluxo sanguíneo para dentro ou para fora do cérebro, seja isquêmico (87%) ou hemorrágico (13%). • Não uma única doença, mas o resultado final de muitos processos patológicos diferentes que levam à oclusão vascular (trombo sobre placa aterosclerótica) ou ruptura (ruptura de vasos lenticulostriados ou aneurismas saculares). • Aumento da incidência com a idade; mais comum em homens do que mulheres. • PRINCIPAIS TIPOS: 1. Ataque isquêmico transitório (AIT). 2. AVC isquêmico: • Aterosclerose de grandes vasos (artéria carótida e a artéria vertebrobasilar); *importante fazer ausculta carotídea! • Cardioembolismo; • Vasculopatia de pequenos vasos (derrame lacunar). 3. AVC hemorrágico: • Hemorragia intracerebral – Trauma com contusão em massa e laceração da superfície do cérebro; – HAS com doenças de pequenos vasos; – Hemorragia subcortical após ruptura das artérias lenticuloestriadas; – Microangiopatia amilóide cerebral. • Hemorragia associada a tumor (melanoma, glioblastoma [GBM] e metástases de tumores altamente vasculares [carcinoma de células renais]). • Causas infecciosas (aneurismas micóticos, infecções fúngicas angioinvasivas [mucormicose]) • Reperfusão de um infarto cerebral isquêmico (embólico). • Ruptura de uma malformação arteriovenosa (MAV) 4. Hemorragia subaracnóide (SAH): • FATORES DE RISCO: – O fator de risco mais importante é a história de um AVC anterior. – O próximo fator de risco mais importante é a idade. – O fator de risco modificável mais importante é a hipertensão (HA). – Os fatores de risco para AVC isquêmico incluem tabagismo, DM, HDL baixo, níveis elevados de triglicérides, fibrilação atrial (AVE embólico) e hipertensão (AVE hemorrágico). • O aumento da lipoproteína de baixa densidade [LDL] está mais intimamente associado à doença cardíaca. Gabriela Bordignon - T5 AULA DE PATOLOGIA, PROF. DANIEL – BBPM IV – Fatores de risco menos comuns: Aneurismas, drogas ilícitas (cocaína), estados hipercoaguláveis (síndrome antifosfolipídica [SAAF], coagulação intravascular disseminada [CIVD] e púrpura trombocitopênica trombótica [PTT]). • A aterosclerose das artérias cerebrais não difere da de outras artérias. • Tem alto grau de correlação com a retiniana. • Geralmente estão envolvidas as artérias mais calibrosas: – Carótidas internas. – Cerebrais médias. – Vertebrais. – Basilar. – Cerebrais posteriores. • Locais preferenciais de acometimento (lugares com turbilhamento do fluxo laminar): – Pontos de bifurcação. – Curvaturas. – Pontos de fixação a estruturas rígidas. • Artérias menores estão mais envolvidos em episódios embólicos. ARTÉRIAS MÉDIAS E GRANDES -> PROCESSOS ATEROSCLERÓTICOS! ARTÉRIAS PEQUENAS -> PROCESSOS EMBÓLICOS! LANGE: FISIOPATOLOGIA DO AVE Suprimento vascular: Os sintomas e sinais focais que resultam do AVE correlacionam-se com a área do encéfalo irrigada pelo vaso sanguíneo afetado. Os AVEs podem ser classificados em duas categorias principais com base na patogênese: AVE isquêmico e AVE hemorrágico. No AVE isquêmico, a oclusão vascular interrompe o fluxo sanguíneo para uma região específica do encéfalo, produzindo um padrão bastante característico de déficits neurológicos resultantes da perda de funções controladas por aquela região. O padrão de déficits resultante de hemorragia é menos previsível porque depende da localização do sangramento e também de fatores que afetam a função de regiões do encéfalo distantes da hemorragia (p. ex., pressão intracraniana aumentada, edema encefálico, compressão de tecido encefálico vizinho e ruptura de sangue para dentro de ventrículos ou do espaço subaracnóideo). Acidente vascular encefálico isquêmico: Os AVEs isquêmicos resultam de oclusão trombótica ou embólica de vasos cerebrais. Déficits neurológicos causados por oclusão de artérias grandes resultam de isquemia focal à área do encéfalo suprida pelo vaso afetado e produzem síndromes clínicas reconhecíveis. Nem todos os sinais estão presentes em cada paciente, porque a extensão do déficit depende da presença de fluxo sanguíneo colateral, variações individuais na anatomia vascular, pressão arterial e localização exatada oclusão. A trombose geralmente envolve as artérias carótida interna, cerebral média ou basilar. Em geral, os sintomas evoluem por vários minutos, e podem ser precedidos por breves episódios de déficits focais reversíveis conhecidos como ataques isquêmicos transitórios. Êmbolos provenientes do coração, do arco aórtico ou das artérias Gabriela Bordignon - T5 AULA DE PATOLOGIA, PROF. DANIEL – BBPM IV carótidas geralmente ocluem a artéria cerebral média, porque ela transporta mais de 80% do fluxo sanguíneo para o hemisfério cerebral. Êmbolos que percorrem as artérias vertebral e basilar comumente se alojam no ápice da artéria basilar, ou em uma ou ambas as artérias cerebrais posteriores. AVEs isquêmicos envolvendo oclusão de artérias pequenas ocorrem em localizações selecionadas, onde a perfusão depende de vasos pequenos que são artérias terminais. A maioria resulta de uma alteração degenerativa no vaso, descrita patologicamente como lipo-hialinose, que é causada por hipertensão crônica e predispõe à oclusão. Os vasos mais comumente envolvidos são as artérias lenticuloestriadas, que surgem da artéria cerebral média proximal e fazem a perfusão dos núcleos da base e da cápsula interna. Também comumente afetados são os pequenos ramos das artérias basilar e cerebral posterior que penetram no tronco cerebral e tálamo. A oclusão desses vasos forma áreas pequenas de dano tecidual conhecidas como infartos lacunares. Estes ocorrem normalmente no putame, no caudado, no tálamo, na ponte e na cápsula interna, e menos comumente na substância branca subcortical e no cerebelo. Os infartos lacunares produzem várias síndromes clínicas bem-estereotipadas. Os dois mais comuns são o AVE motor puro e o AVE sensorial puro. No AVE motor puro, o infarto ocorre geralmente dentro da cápsula interna ou da ponte contralateral ao lado fraco. No AVE sensorial puro, o infarto ocorre geralmente no tálamo contralateral. Vários distúrbios vasculares, cardíacos e hematológicos podem causar isquemia encefálica focal. A mais comum é aterosclerose das grandes artérias do pescoço e da base do encéfalo. Acredita-se que aterosclerose se origine de lesão das células endoteliais vasculares por insultos mecânicos, bioquímicos ou inflamatórios. A lesão endotelial estimula a adesão de monócitos e linfócitos circulantes que migram para dentro da parede do vaso e estimulam a proliferação de células musculares lisas e fibroblastos, o que leva à formação de uma placa fibrosa. As células endoteliais danificadas também fornecem um nicho para agregação e ativação de plaquetas. As plaquetas ativadas secretam fatores de crescimento que encorajam a proliferação adicional de músculo liso e fibroblastos. Finalmente, a placa pode aumentar para ocluir o vaso, ou pode romper, liberando êmbolos. Acidente vascular encefálico hemorrágico: Hematomas epidurais e subdurais ocorrem normalmente como sequelas de traumatismo craniano. Hematomas epidurais se originam de dano a uma artéria, geralmente a artéria meníngea média, que pode ser rompida por uma pancada no osso temporal. O sangue disseca a dura- máter do cérebro e comprime o hemisfério subjacente. A perda de consciência inicial pelo trauma é devida à concussão e pode ser transitória. Os sintomas neurológicos então retornam poucas horas mais tarde, quando o hematoma exerce um efeito de lesão expansiva que pode ser grave o bastante para causar herniação do encéfalo. Os hematomas subdurais geralmente se originam de sangue venoso que vaza de veias corticais rotas transpondo o espaço subdural. Essas podem ser rotas por traumatismo relativamente leve, sobretudo em idosos. O sangue está sob baixa pressão e os sintomas resultantes do efeito de lesão expansiva podem não aparecer por vários dias. Hemorragia subaracnóidea pode acontecer por traumatismo craniano, extensão de sangue a partir de outro compartimento para dentro do espaço subaracnóideo ou ruptura de um aneurisma arterial. A disfunção cerebral ocorre devido à pressão intracraniana aumentada, e por efeitos tóxicos malcompreendidos do sangue subaracnóideo sobre o tecido do encéfalo e dos vasos cerebrais. A causa mais comum de hemorragia subaracnóidea espontânea (não traumática) é a ruptura de um aneurisma em amora (berry), que pode ser originário Afasia (hemisfério dominante), negligência (hemisfério não dominante), perda hemissensorial contralateral, hemianopsia homônima, hemiparesia Ataxia cerebelar ipsolateral, síndrome de Horner, perda sensorial cruzada, nistagmo, vertigem, soluços, disartria, disfagia Nistagmo, vertigem, diplopia, desvio torsional, paralisias do olhar, perda hemissensorial ou sensorial cruzada, disartria, hemi ou tetraparesia, ataxia cerebelar ipsolateral, síndrome de Horner, coma Hemianopsia homônima contralateral, dislexia sem agrafia, alucinações e distorções visuais, defeito de memória, cegueira cortical (oclusão bilateral) Perda sensorial, ataxia, paralisia do terceiro nervo, hemiparesia contralateral, paralisia vertical do olhar, desvio torsional, hemibal ismo, coreoatetose, déficit de consciência de uma fragilidade congênita das paredes de vasos grandes na base do encéfalo. Os aneurismas tornam-se sintomáticos na idade adulta, geralmente depois da terceira década. A ruptura eleva subitamente a pressão intracraniana, o que pode interromper o fluxo sanguíneo Gabriela Bordignon - T5 AULA DE PATOLOGIA, PROF. DANIEL – BBPM IV cerebral e causar uma lesão concussiva generalizada. Isso resulta em perda de consciência em cerca de metade dos pacientes. Com hemorragias muito grandes, a isquemia encefálica global pode causar lesão encefálica grave e coma prolongado. Isquemia focal pode resultar posteriormente por vasospasmo de artérias no local da ruptura ou perto dela. Recorrência da hemorragia dentro dos primeiros poucos dias é uma complicação comum e, muitas vezes, fatal. Hemorragia intraparenquimatosa pode resultar de elevações agudas da pressão arterial ou de uma variedade de distúrbios que enfraquecem os vasos. O hematoma resultante causa um déficit neurológico focal por compressão de estruturas adjacentes. Além disso, efeitos metabólicos do sangue extravasado perturbam a função do tecido encefálico circundante, e vasos próximos são comprimidos, causando isquemia local. Hipertensão crônica é o fator predisponente mais comum. Em pacientes hipertensos, pequenos aneurismas de Charcot-Bouchard aparecem nas paredes de pequenas artérias penetrantes; e acredita- - se que sejam os locais principais de ruptura. Os mais vulneráveis são os pequenos vasos que também estão envolvidos em infartos lacunares. As hemorragias hipertensivas ocorrem principalmente nos núcleos da base, no tálamo, na ponte e no cerebelo, e menos comumente na substância branca subcortical. Outras causas de hemorragia intraparenquimatosa incluem malformações vasculares, que contêm vasos anormalmente frágeis suscetíveis à ruptura com pressões arteriais normais, e certos tumores encefálicos, como o glioblastoma multiforme, que induzem proliferação de vasos frágeis dentro do tumor. Certos distúrbios das plaquetas e da coagulação podem predispor à hemorragia intracerebral por inibição da coagulação. Cocaína e anfetaminas causam elevação rápida da pressão sanguínea e são causas comuns de hemorragia intraparenquimatosa em adultos jovens. A hemorragia pode estar relacionada com sangramento espontâneo por elevação aguda da pressão arterial, ruptura de uma anomalia vascular oculta ou vasculite induzida por drogas. Angiopatia amiloide cerebral é um distúrbio que ocorre principalmente nos idosos e pode estar associado com doença de Alzheimer. O depósito de amiloide enfraquece as paredes de pequenos vasos corticais e causa hemorragia lobar, frequentemente em vários locais.Excitotoxicidade: A maioria dos esforços para intervir no AVE tem enfocado avasculatura No AVE isquêmico, esses esforços incluem restabelecer a circulação por meio de endarterectomia cirúrgica e reduzir a trombose com fármacos anticoagulantes antiplaquetários e trombolíticos. Uma abordagem complementar é a tentativa de reduzir a vulnerabilidade do tecido encefálico ao dano isquêmico. Isso é baseado em observações de que a homeostase do glutamato no SNC é acentuadamente alterada durante a isquemia, levando a níveis aumentados e tóxicos de glutamato extracelular. Neurônios profundos dentro de um foco isquêmico morrem por privação de energia. Entretanto, na margem da região isquêmica, os neurônios parecem morrer devido à estimulação excessiva de receptores de glutamato. Como observado, o glutamato é liberado em sinapses excitadoras, e os níveis de glutamato no espaço extracelular normalmente são regulados estritamente por sistemas de recaptação dependentes de sódio em neurônios e na glia. Na glia, o glutamato é destoxificado adicionalmente pela conversão em glutamina por meio da enzima dependente de ATP, glutamina sintase. A glutamina é então liberada pela glia e captada por neurônios, onde ela é reembalada em vesículas sinápticas para liberação subsequente. A isquemia priva o encéfalo de oxigênio e glicose, e a interrupção resultante do metabolismo celular exaure os neurônios e a glia de reservas de energia necessárias para manter os gradientes normais de íons transmembrana. Isso leva ao acúmulo de Na+ intracelular e ao colapso do gradiente de Na+ transmembrana, que inibe a captação de glutamato. As reservas de energia em declínio também reduzem a conversão de glutamato em glutamina na glia. Ambos os eventos promovem o acúmulo de glutamato extracelular, que estimula receptores de glutamato em neurônios adjacentes, causando entrada de Ca2 + e Na+. O influxo de cátions despolariza esses neurônios, estimulando influxo adicional de Ca2 + pelos canais com portão de voltagem. A isquemia também interrompe a homeostase do K+, levando a um aumento da concentração de K+ extracelular ([K+] 0 ) . A atividade neuronal pode aumentar rapidamente [K+] 0 , e uma função importante das células gliais é manter o [K+] 0 em cerca de 3 mmol/L para ajudar os neurônios a sustentarem seu potencial de membrana em repouso. Dois transportadores dependentes de energia são particularmente importantes para a remoção de K+ extracelular pela glia: uma Na+-K+ ATPase e um transportador de ânions que cotransporta K+ e Na+ com c1-. Na isquemia, esses mecanismos dependentes de energia falham, e o K+ Gabriela Bordignon - T5 AULA DE PATOLOGIA, PROF. DANIEL – BBPM IV liberado no espaço extracelular não pode mais ser captado pela glia. Isso despolariza neurônios porque o gradiente de K+ através das membranas neuronais determina o nível do potencial de membrana em repouso. A despolarização ativa liberação de neurotransmissores, aumentando o acúmulo de glutamato nas sinapses excitadoras e no espaço extracelular. O efeito resultante desses eventos é um influxo tremendo de Na+ e Ca2 + para dentro dos neurônios através de canais iônicos com portões de glutamato e de voltagem. A sobrecarga resultante de Ca2 + intracelular parece ser especialmente tóxica, e pode exceder a capacidade do neurônio de expelir ou sequestrar o cátion, o que resulta em ativação mantida de uma variedade de enzimas sensíveis ao cálcio, inclusive proteases, fosfolipases e endonucleases, levando à morte celular. A favor de um mecanismo excitotóxico de morte celular no AVE estão estudos em animais que demonstram uma redução no tamanho de lesões isquêmicas depois do tratamento com antagonistas de receptor de glutamato. • Déficit neurológico de início abrupto causado pela interrupção do fluxo sanguíneo para uma parte do cérebro, seguido pela resolução completa dos sintomas. • Se a interrupção continuar por tempo suficiente, ocorrerá um derrame isquêmico. • Tem duração inferior a 1 hora, com a maioria resolvendo em 5 a 15 minutos. • Os sintomas neurológicos devem ser causados por isquemia cerebral e não outras etiologias (como embolia, por ex.) • Servem como um alerta para um AVC completo, com o primeiro maior risco de um AVC completo ocorrendo nas primeiras 72 horas a 2 semanas após o AIT. – O risco de AVC ao longo da vida após um AIT é de 33%. • SINAIS E SINTOMAS: – Fraqueza focal, dormência, assimetria facial ou dificuldades de fala. Clinicamente é difícil de se diferenciar de um AVE! Gabriela Bordignon - T5 AULA DE PATOLOGIA, PROF. DANIEL – BBPM IV • Tipo isquêmico de derrame causado por uma trombose plaquetária que se desenvolve sobre uma placa aterosclerótica rompida, levando à oclusão do vaso e infarto. • Tipo mais comum de AVC (87% dos casos) • Locais mais comuns: – Artéria cerebral média. – Artéria carótida interna próximo a bifurcação. – Artéria basilar. Aqui fica claro o que já foi dito acerca de artérias de médio e grande calibre serem mais suscetíveis a processos ateroscleróticos. • Macroscopia: – O infarto cerebral clássico é anêmico e em forma de cunha (parte mais larga voltada para o córtex). – ACHADOS PRECOCES: • Primeira evidência é edema. • Borramento dos limites entre a substância branca e a cinzenta. • Diminuição da consistência em cérebros fixados: – Áreas normais endurecem e infartadas continuam moles. – ACHADOS TARDIOS: • Após uma semana, o infarto assume consistência de papa (necrose liquefativa). • O material necrótico é gradualmente eliminado, restando cavidade de paredes irregulares, amareladas e de consistência mais firme, devida à gliose. • A cavidade não é vazia, e sim atravessada por traves de tecido gliótico e vasos. • Se o infarto for pequeno pode não haver formação de cavidade. A glia prolifera na região e não deixa cavidade, já em infartos maiores esse processo é mais difícil. Na imagem abaixo além do que é citado na legenda, podemos observar também que há até um efeito de massa na região ventricular, que está comprimindo o ventrículo. A imagem em questão está um pouco ruim, porém tem-se a artéria cerebral média e um trombo, logo, a região que seria irrigada por essa artéria fica edemaciada e enrijecida, posteriormente, evoluindo para uma necrose bem estabelecida. • Microscopia: – Seis horas iniciais: • Necrose neuronal (picnose e eosinofilia do citoplasma) e assim permanecem por cerca de quatro dias, desaparecendo após. Em eventos muito súbitos, nos quais o paciente vai a óbito rapidamente é até difícil avaliar o parênquima cerebral, pois não se encontram achados característicos, apensas sinais discretos como os neurônios avermelhados. Gabriela Bordignon - T5 AULA DE PATOLOGIA, PROF. DANIEL – BBPM IV – Após 24 a 48 horas: • Há tumefação das células endoteliais dos capilares. • Surge exsudato de neutrófilos, logo substituído por monócitos e células da micróglia ativadas, que fagocitam os restos necróticos (citoplasma espumoso ou vacuolado - células grânulo-adiposas), que se tornam o elemento mais abundante nos dias e semanas seguintes. – A partir do quinto dia: • São notados astrócitos gemistocíticos (ativados) na margem da área infartada. • Estes aumentam em número e volume, sintetizando abundantes fibrilas gliais. – Com o passar dos meses: • Os astrócitos gemistocíticos se transformam em astrócitos fibrosos. • Estes e as fibrilas gliais formam a cicatriz glial ou gliose, que resta como sinal permanente do infarto. • Infartos antigos maiores, a partir de um certo diâmetro, são císticos, com gliose na parede. Os menores mostram só perda de neurônios e gliose, sem formar cavidade. Na imagem acima há uma lesão inicial no córtex, de difícil visualização,com um pouco de hipercelularidade, certo edema, ou seja, a lesão inicial é bem discreta. Na imagem acima vemos um neurônio isquêmico que quando comparado a um neurônio normal, apresenta um citoplasma bem róseo, com um começo de condensação nuclear que posteriormente irá evoluir para uma picnose (diminuição do núcleo). É possível observar também a presença de oligodendrócitos indicando uma reatividade do parênquima. Gabriela Bordignon - T5 AULA DE PATOLOGIA, PROF. DANIEL – BBPM IV Posteriormente, em uma lesão já não tão precoce podemos identificar o correspondente a imagem abaixo. Na imagem acima temos o correspondente a uma fase de restauração, com astrócitos gemistocíticos com um núcleo bem aumentado. • ACHADOS CLÍNICOS (irão depender da topografia acometida): – Artéria Cerebral Média: • Hemiparesia contralateral (braço> perna) e perda sensorial na face e extremidade superior. • Afasia expressiva ocorre se a área de Broca estiver envolvida (hemisfério esquerdo). • Hemianopsia contralateral está presente. • A cabeça e os olhos desviam para o lado da lesão cerebral. – Artéria Cerebral Anterior: • Hemiparesia contralateral e perda sensorial na extremidade inferior (perna> braço). – Sistema arterial vertebrobasilar: • Perda sensorial ipsilateral na face. • Hemiparesia contralateral e perda sensorial no tronco e membros. • Vertigem. • Ataxia. • Tipo de acidente vascular cerebral isquêmico causado por embolização de um local distante, podendo ser hemorrágico. • A maioria dos êmbolos se origina do lado esquerdo do coração. – Trombos murais no ventrículo esquerdo após IAM, vegetações da válvula aórtica ou mitral, Fibrilação Atrial (estase). • Trombose de carótida é um local menos comum de embolização. • Embolização por “chuveiro” refere-se a êmbolos bloqueando numerosos vasos pequenos (embolia gordurosa, embolia pela FA – fibrilação atrial), cursando com uma sintomatologia mais difusa. • Macroscopia: – Infarto hemorrágico em uma ou mais áreas do cérebro. Gabriela Bordignon - T5 AULA DE PATOLOGIA, PROF. DANIEL – BBPM IV – Os êmbolos são lisados (sistema fibrinolítico), resultando na restauração do fluxo sanguíneo. • Isto pode ocorrer se o trombo que ocluiu o tronco principal da artéria sofrer dissolução parcial e for empurrado para frente, permitindo reirrigação da área proximal do território. • A maioria dos ocorre na distribuição da ACM (geralmente ficam alojados em locais de bifurcação). – A reperfusão do vaso após a lise do material embólico resulta em hemorragia na área de infarto. • Enquanto o Isquêmico resulta em um infarto pálido (sem reperfusão), o Embólico resulta em um infarto hemorrágico (reperfusão). Os infartos localizados são causados por uma oclusão da artéria interna ou basilar ou de seus ramos principais. Infartos difusos, causados por hipoperfusão do cérebro, ocorrem em áreas de transição de irrigação arterial e na forma de necrose laminar nas regiões mais internas camadas do córtex (infarto em cunha). A oclusão pode ser causada por trombose ou êmbolos. Infartos hemorrágicos podem originar-se por trombose venosa ou arterial, neste caso se houver reperfusão do território necrótico. A área de transformação hemorrágica em geral restringe-se ao córtex, por ser este mais vascularizado. Gabriela Bordignon - T5 AULA DE PATOLOGIA, PROF. DANIEL – BBPM IV • AVE isquêmico caracterizado por áreas císticas de microinfarto no cérebro que tem < 1 cm de diâmetro. • Causados por arteriolosclerose hialina. – A arteriolosclerose hialina é secundária a HAS ou DM. • Síndromes de derrame associadas a infartos lacunares: 1. Motores puros com ou sem disartria (fala lenta ou arrastada). • Ocorre se o ramo posterior da cápsula interna está envolvido. 2. Sensoriais puros. • Ocorrem se o tálamo estiver envolvido. Esse processo lembra muito o processo que ocorre no rim, na hipertensão, de arteriosclerose hialina. • Tipo de AVE caracterizado por estresse imposto aos ramos dos vasos lentículoestriados. • Mais frequentemente causado por estresse imposto aos vasos pela hipertensão arterial. • Menos comumente por aneurismas saculares. • Ramos dos vasos lenticulostriatos desenvolvem microaneurismas de Charcot-Bouchard no cérebro. • A ruptura dos microaneurismas resulta em hemorragia intracerebral (hematoma). • Os hematomas intracerebrais empurram o parênquima cerebral para o lado oposto. Logo, vemos que é um processo primário dos vasos lenticuloestriados, e não uma consequência de processos ateroscleróticos ou embólicos, então, nesse caso das Gabriela Bordignon - T5 AULA DE PATOLOGIA, PROF. DANIEL – BBPM IV hemorragias intracerebrais, o processo se dá pela fragilidade primária da estrutura vascular, causada principalmente por esses microaneurismas. Na imagem acima vemos os ramos lenticuloestriados circulados com um aneurisma, sendo que pode ocorrer em outros locais do cérebro, mas é mais comum nos gânglios da base, no tálamo, na ponte e nos hemisférios cerebelares. • Locais mais comuns: – Gânglios da base (35% -50% dos casos ocorrem no putâmen). – Tálamo (10% dos casos). – Ponte e hemisférios cerebelares (10% dos casos). – As hemorragias em fenda estão associadas à hipertensão. • Achados clínicos: – Alterações no nível de consciência. – Náusea, vômito e dor de cabeça. – Convulsões e déficits neurológicos focais, os últimos dependendo do local do sangramento intracerebral. • É a presença de sangue no espaço subaracnóide causado por um aneurisma sacular rompido (mais comum) ou sangramento de uma malformação arteriovenosa (menos comum). • A ruptura libera sangue no espaço subaracnóide e cobre a superfície do cérebro. • Aneurisma de Berry (sacular): – Aneurisma que se desenvolve em áreas de fraqueza em pontos de bifurcação no círculo de Willis, onde o fluxo sanguíneo é mais turbulento. – A maioria se desenvolve nas junções dos ramos comunicantes com a artéria cerebral principal (Junção da Comunicante Anterior com a Cerebral Anterior e bifurcação da Cerebral Média). • As junções não têm lâmina elástica interna e músculo liso. Gabriela Bordignon - T5 AULA DE PATOLOGIA, PROF. DANIEL – BBPM IV – Alguns usam o termo aneurisma sacular congênito, mesmo com o entendimento de que esses aneurismas não estão presentes no nascimento e sim são adquiridos. – Fatores de Risco: • Estresse hemodinâmico. • Presença de hipertensão de qualquer causa. • Coarctação da aorta (aumento da pressão proximal nos vasos ramificados fora da aorta). • Aterosclerose. – Menos comumente, a artéria basilar também pode estar envolvida. • Achados clínicos: – Cefaléia Occipital de início súbito descrita como a "pior dor de cabeça de todas" – A rigidez nucal está presente devido ao sangue que irrita as membranas meníngeas. – Cerca de 50% dos pacientes morrem logo após a hemorragia (é uma hemorragia maciça que sem uma embolização local rápida o paciente evolui rapidamente para o óbito. • Complicações: – Mais hemorragia (ressangramento). – Hidrocefalia causada pelo bloqueio das vilosidades aracnóides ou bloqueio da saída do LCR do forame de Luschka e Magendie. – Vasospasmo causando infartos isquêmicos tardios. – Hiponatremia causada pela liberação de Fator Natriurético Atrial. – Déficits neurológicos permanentes. • O sangue no LCR é convertido em pigmento de bilirrubina (cor amarela ao LCR – xantocromia), dependendo da quantia de sangramento pode até ficar avermelhado por presença de hemoglobina. Na imagem acima podemos ver nos ramos comunicantes das artérias cerebrais principais a estrutura sacular prestes a se romper. • Canais vasculares aberrantes de paredes espessas com tecidocerebral gliótico interveniente (alguns dos grandes vasos são arteriais). • A maioria surge durante o desenvolvimento fetal. • Pode ocasionar hemorragia intracerebral. Gabriela Bordignon - T5 AULA DE PATOLOGIA, PROF. DANIEL – BBPM IV • Em alguns casos, o sangue pode se estender para o espaço subaracnóide. Robbins: As malformações arteriovenosas (MAV) podem envolver vasos no espaço subaracnoide, no encéfalo ou em ambos. Essa rede de emaranhado de canais vasculares vermiformes tem conexões arteriovenosas pulsáteis e proeminentes, com alto débito sanguíneo. Elas são compostas por vasos sanguíneos bastante alargados, separados por tecido gliótico, frequentemente mostrando evidência de hemorragia prévia. Alguns vasos podem ser reconhecidos como artérias com duplicação e fragmentação da lâmina elástica interna, enquanto outros mostram acentuado espessamento ou substituição parcial da camada média por tecido conjuntivo hialinizado. • Tipo mais comum de trombose do seio venoso dural. • É potencialmente devastador. • Os fatores de risco incluem gravidez, depleção de volume, estados hipercoaguláveis e pancreatite. • Como ocorre com toda trombose venosa cerebral, a apresentação é altamente variável, variando de assintomática a um curso rápido fulminante com hemorragia cerebral e morte. • A apresentação inclui cefaleia (53%); convulsões (48%); hemiparesia ou paraplegia (48%); distúrbios visuais (25%) e rigidez nucal (18%). CONCEITOS-CHAVE (Robbins) Acidente vascular cerebral é o termo clínico para deficits neurológicos com início agudo resultantes de lesões hemorrágicas ou vasculares obstrutivas. O infarto cerebral ocorre após a perda de suprimento sanguíneo e pode ser difuso ou focal, ou afetar regiões com o suprimento vascular menos robusto (zonas limítrofes). Os infartos cerebrais focais são mais comumente embólicos; com a subsequente dissolução de uma embolia e reperfusão, um infarto não hemorrágico pode se tornar hemorrágico. As hemorragias intraparenquimatosas primárias são normalmente causadas por hipertensão (mais comumente na substância branca, substância cinzenta profunda, ou conteúdo da fossa posterior) ou por angiopatia amiloide cerebral. A hemorragia subaracnoide espontânea geralmente é causada por uma anormalidade vascular estrutural, como aneurisma ou malformação arteriovenosa. 1. Quais são as diferenças entre a apresentação clínica do AVE resultante de isquemia e do AVE causado por hemorragia espontânea? 2. Quais são as causas mais comuns de AVE? 3. Qual papel o glutamato desempenha na lesão neuronal durante isquemia? Um homem de 72 anos apresenta-se no departamento de emergência com início agudo de fraqueza do lado direito. O paciente estava tomando o café da manhã quando subitamente perdeu força no lado direito do corpo, de tal forma que era incapaz de mover seu braço ou sua perna direitos. Ele também notou uma perda de sensibilidade no braço e na perna direitos e dificuldade de falar. Sua esposa chamou o SAMU, e ele foi levado ao departamento de emergência. Sua história médica é notável por hipertensão de longa duração, hipercolesterolemia e doença arterial coronariana diagnosticada recentemente. Ao exame físico, sua pressão arterial é de 190/100 mmHg. O exame neurológico é notável por queda facial à direita e hemiparesia densa à direita. O reflexo de Babinski está presente à direita. A TC do encéfalo não mostra evidência de hemorragia. Ele é internado na UTI neurológica. QUESTÕES: A. Qual é o diagnóstico? Qual é a artéria ou território vascular provavelmente envolvido? O diagnóstico deste paciente é acidente vascular encefálico, caracterizado pelo início súbito de déficits Gabriela Bordignon - T5 AULA DE PATOLOGIA, PROF. DANIEL – BBPM IV neurológicos focais que persistem por pelo menos 24 horas. Os sintomas e sinais focais que resultam de acidente vascular encefálico correlacionam-se com a área do encéfalo suprida pelo vaso sanguíneo afetado. Neste caso, o paciente tem fraqueza e perda sensorial no lado direito. Tais sintomas sugerem envolvimento da artéria cerebral média esquerda, ou pelo menos de seu território vascular associado. O território vascular suprido pela artéria cerebral média inclui o córtex frontal lateral, parietal, occipital lateral, temporal anterior e superior e a substância branca adjacente, bem como o caudado, o putâmen e a cápsula interna. B. Quais são os fatores de risco para esta condição? Os fatores de risco para acidente vascular encefálico incluem idade, sexo masculino, hipertensão, hipercolesterolemia, diabetes, tabagismo, consumo pesado de álcool e contraceptivos orais. C. Quais são os mecanismos possíveis pelos quais este homem desenvolveu estes déficits neurológicos focais? Quais são os mais prováveis neste paciente? Por quê? O acidente vascular encefálico é classificado como de origem isquêmica ou hemorrágica. O acidente vascular encefálico isquêmico pode resultar de oclusão trombótica ou embólica do vaso. O acidente vascular encefálico hemorrágico pode resultar de hemorragia intraparenquimatosa, hemorragia subaracnóidea, hemorragia subdural, hemorragia epidural ou hemorragia dentro de um infarto isquêmico. Considerando o resultado da TC, é provável que este homem tenha sofrido um acidente vascular encefálico isquêmico em vez de hemorrágico. Os acidentes vasculares encefálicos hemorrágicos e isquêmicos podem ser difíceis de diferenciar clinicamente, mas os primeiros frequentemente produzem um padrão menos previsível de déficits neurológicos. Isso acontece porque os déficits neurológicos no acidente vascular encefálico hemorrágico dependem tanto da localização do sangramento quanto de fatores que afetam a função cerebral a uma distância da hemorragia, inclusive pressão intracraniana aumentada, edema, compressão de tecido cerebral vizinho e ruptura de vaso para dentro de ventrículos ou do espaço subaracnóideo. D. Qual distúrbio subjacente pode ser responsável? Como isso resulta em AVE? A causa subjacente mais provável do acidente vascular encefálico neste paciente é aterosclerose. Aterosclerose se origina de lesão celular endotelial, frequentemente causada por hipertensão crônica ou hipercolesterolemia, ambas presentes neste homem. A lesão endotelial estimula a aderência de monócitos e linfócitos circulantes que migram para dentro da parede do vaso e estimulam a proliferação de células musculares lisas e fibroblastos. Isso resulta em formação de placa. O endotélio danificado também serve como um nicho de agregação plaquetária que estimula ainda mais a proliferação de músculo liso e fibroblastos. As placas formadas podem crescer e ocluir o vaso, levando ao acidente vascular encefálico trombótico, ou podem romper, liberando êmbolos e causando acidente vascular encefálico embólico. Sugestões de material de apoio para estudo (minhas, não do professor kk): Site com imagens e lâminas para estudo: http://anatpat.unicamp.br/nptasper1a.html#fresco Para os alunos MedClass: Aula 03 AVCI e Aula 04 - The winter is comming (AVCH) do módulo de neurologia do StarCase. No youtube: https://www.youtube.com/watch?v=OJkVTkfOe9Q https://www.youtube.com/watch?v=ewIaa8oz9yk https://www.youtube.com/watch?v=KZyQ6jQbCAY https://alunos.medclass.tv/14699-neurologia/122757-aula-04-the-winter-is-comming-avch https://alunos.medclass.tv/14699-neurologia/122757-aula-04-the-winter-is-comming-avch https://www.youtube.com/watch?v=ewIaa8oz9yk https://www.youtube.com/watch?v=KZyQ6jQbCAY