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TRABALHO DE BIOLOGIA CELULAR E GENÉTICA Profº Edson Cinaqui Filho Valor: 10,0 pontos Questão 01 - Os transportadores ABC (Figura 01) constituem uma grande família de transportadores dependentes de ATP que bombeiam aminoácidos, peptídeos, proteínas, íons metálicos, vários lipídeos, sais biliares e muitos compostos hidrofóbicos, incluindo fármacos, para fora das células contra um gradiente de concentração. Um transportador ABC em humanos, o transportador multifármacos (MDR1, de multidrug transporter, também chamado de glicoproteína P), é responsável pela impressionante resistência de certos tumores a alguns fármacos antitumor geralmente eficazes. O MDR1 tem especificidade ampla para compostos hidrofóbicos, incluindo, por exemplo, os fármacos quimioterápicos adriamicina, doxorrubicina e vinblastina. Ao bombear esses fármacos para fora da célula, o transportador impede o seu acúmulo no tumor e assim bloqueia seus efeitos terapêuticos. O MDR1 (Figura 01a) é uma proteína integral de membrana (Mr 170.000) com duas metades homólogas, cada uma delas com seis hélices transmembrana e um domínio de ligação a ATP (“cassete”), que dão o nome à família: ABC, sigla do inglês ATP-Binding Cassette, ou transportadores cassete de ligação ao ATP. A superexpressão de MDR1 está associada com a falha no tratamento de câncer de fígado, rim e colo. Um transportador ABC relacionado, o ABCC1, está superexpresso em células cancerosas de próstata, pulmão e mama, resistentes ao fármaco. Inibidores altamente seletivos de transportadores multifármacos, que se poderia esperar serem capazes de aumentar a efetividade dos fármacos antitumor, caso contrário seriam bombeados para fora das células tumorais, são objetos de descobertas e modelagens de fármacos atuais. Transportadores ABC também estão presentes em animais mais simples, e em plantas e microrganismos. A levedura tem 31 genes que codificam os transportadores ABC, a Drosophila tem 56, e a E. coli tem 80, representando 2% de todo seu genoma. Transportadores ABC, usados pela E. coli e outras bactérias para importar vitaminas essenciais como a B12 (Figura 11-40b), são presumivelmente precursores evolutivos dos MDRs de células animais. A presença dos transportadores ABC que conferem resistência aos antibióticos em micróbios patogênicos (Pseudomonas aeruginosa, Staphylococcus aureus, Candida albicans, Neisseria gonorrhoeae e Plasmodium falciparum) é uma preocupação séria de saúde pública, e faz esses transportadores serem alvos interessantes para a modelagem de fármacos. Todos os transportadores ABC possuem dois domínios de ligação a nucleotídeos (NBD, de nucleotide binding domains) e dois domínios transmembrana contendo múltiplas hélices transmembrana. Em alguns casos, todos esses domínios se apresentam como um único e longo polipeptídeo; outros transportadores ABC possuem duas subunidades, cada uma contribuindo com um NBD e um domínio com seis hélices transmembrana. Muitos transportadores ABC estão na membrana plasmática, mas alguns tipos também são encontrados no retículo endoplasmático, em membranas de mitocôndrias e lisossomos. A proteína CFTR é um caso interessante de canal iônico (para o Cl2) acionado pela hidrólise de ATP, que é aparentemente derivado de um transportador ABC no qual a evolução eliminou a função de bomba, mas manteve a de canal funcional. Os NBD de todas as proteínas ABC são semelhantes em sequência e presumivelmente em estrutura tridimensional; eles são o motor molecular conservado que pode ser acoplado a uma grande variedade de bombas e canais. Quando acoplado a uma bomba, o motor movido a ATP desloca solutos contra o gradiente de concentração. A estequiometria das bombas ABC é de aproximadamente um ATP hidrolisado por molécula de substrato transportado, mas nem o mecanismo de acoplamento, nem o sítio de ligação do substrato estão completamente bem compreendidos. Alguns transportadores ABC têm especificidade muito alta para um único substrato; outros são mais promíscuos. O genoma humano contém no mínimo 48 genes que codificam os transportadores ABC, muitos dos quais estão envolvidos com a manutenção da bicamada lipídica e com o transporte de esteróis, derivados de esteróis e ácidos graxos por todo o corpo. As flipases que movem lipídeos de membrana de uma lâmina da bicamada para a outra são transportadores ABC, e a maquinaria celular para exportar o excesso de colesterol inclui um transportador ABC. Mutações em genes que codificam algumas dessas proteínas contribuem para várias doenças genéticas, incluindo fibrose cística, doença de Tangier, degeneração da retina, anemia e falência do fígado. Figura 01 - Dois transportadores ABC. (a) O transportador multifármacos de células animais, (MDR1, também chamado de glicoproteína P: PDBIB 3G60) responsável por bombear uma variedade de fármacos antitumor para fora de células humanas, tem duas metades homólogas (em azul e azul- claro), cada uma com seis hélices transmembrana em dois domínios transmembrana (TMD, de transmembrane domain; em azul) e um domínio citoplasmático de ligação a nucleotídeos (NBD, de nucleotide-binding domains; em vermelho). (b) O importador da vitamina B12, BtuCD (PDB ID 1 L7V) da E. coli, é um homodímero com 10 hélices transmembrana (em azul e azul-claro) em cada monômero, e dois domínios NBD (em vermelho) que se estendem para o citoplasma. (c) Mecanismos propostos para o acoplamento da hidrólise de ATP ao transporte da vitamina B12 no transportador ABC da E. coli. O substrato é trazido ao transportador no lado periplasmático por uma proteína de ligação específica do substrato. Com o ATP ligado aos sítios NBD, o transportador abre-se para o lado de fora (periplasma), mas no momento que o substrato se liga e o ATP hidrolisa para ADP 1 Pi, uma mudança conformacional expõe o substrato à superfície interna e ele difunde-se do transportador para o citosol. A - Porque transportadores multifármacos têm sido conservados na evolução? B – Faça um desenho esquemático demonstrando a interação dos transportadores em células tumorais e evidenciando a resistência destas aos agentes antitumorais. C – Pensando na membrana plasmática dos indivíduos, explique em nível celular porque usar antibióticos de maneira indiscriminada pode promover resistência nestes organismos. D – Os transportadores ABC também são essenciais para a vida. Pesquise ao menos 3 doenças ocasionadas pela falta ou problema nestes transportadores. Explique detalhadamente a patologia pesquisada. E – Qual tipo de transporte de membrana estes transportadores fazem? Explique detalhadamente este tipo de transporte. Síntese Conclusiva - Faça uma breve conclusão com cerca de 30 linhas sobre o aprendizado adquirido nas pesquisas que você realizou para resolver essa questão. - Formação complementar (algo que você tenha utilizado para complementar seu estudo, por exemplo, viu uma videoaula, leu capítulos de um livro ou artigos científicos). - Bibliografia utilizada para responder essa questão. Questão 02 - Quando a ingestão de uma refeição rica em carboidratos gera uma concentração de glicose sanguínea excedente àquela comum entre as refeições (cerca de 5 mM), o excesso de glicose é captado pelos miócitos dos músculos cardíaco e esquelético (que a armazenam como glicogênio) e pelos adipócitos (que a convertem em triacilgliceróis). A captação de glicose pelos miócitos e adipócitos é mediada pelo transportador de glicose GLUT4. Entre as refeições, alguns GLUT4 estão presentes na membrana plasmática, mas a maioria encontra-se sequestrada nas membranas de pequenas vesículas intracelulares. A insulina, liberada pelo pâncreas em resposta à alta concentração de glicose sanguínea, desencadeia o movimento dessas vesículas intracelulares à membrana plasmática, com a qual elas se fundem, levando as moléculas de GLUT4 para a membrana plasmática. Com mais moléculas de GLUT4 em ação, a taxa de captação de glicose aumenta em 15 vezesou mais. Quando os níveis de glicose sanguínea retornam ao normal, a liberação de insulina torna-se lenta, e a maioria das moléculas de GLUT4 é removida da membrana plasmática e armazenada em vesículas. No diabetes melito do tipo I (dependente de insulina), a incapacidade em liberar insulina (e, portanto, mobilizar transportadores de glicose) resulta em baixas taxas de captação de glicose pelo músculo e tecido adiposo. Uma consequência é o período prolongado de glicose sanguínea alta após uma refeição rica em carboidratos. Essa condição é a base para o teste de tolerância à glicose usado para diagnosticar o diabetes. A permeabilidade à água das células epiteliais que revestem o ducto coletor renal ocorre devido à presença de uma aquaporina (AQP2) em suas membranas plasmáticas apicais (voltadas para o lúmen do ducto). A vasopressina (hormônio antidiurético ADH, de antidiuretic hormone) regula a retenção de água pela mobilização de moléculas de AQP2 armazenadas em membranas de vesículas dentro das células epiteliais, assim como a insulina mobiliza o GLUT4 no músculo e no tecido adiposo. Quando as vesículas se fundem com a membrana plasmática das células epiteliais, a permeabilidade à água aumenta muito e mais água é reabsorvida do ducto coletor e retorna ao sangue. Quando o nível de vasopressina diminui, AQP2 é ressequestrada nas vesículas, reduzindo a retenção de água. Na doença relativamente rara de diabetes insípido, um defeito genético na AQP2 leva a uma deficiência na reabsorção de água pelo rim. O resultado é a excreção de volumes copiosos de urina muito diluída. Se o indivíduo beber água suficiente para repor o que foi perdido pela urina, não há consequências sérias do ponto de vista médico, porém a ingestão insuficiente de água leva à desidratação e desequilíbrio nos eletrólitos sanguíneos, que pode levar à fadiga, dor de cabeça, dor muscular ou até mesmo à morte. Após ler atentamente este texto, analise detalhadamente o esquema da página seguinte antes de responder as perguntas que se sucedem. A) Pesquise em LIVROS ou ARTIGOS CIENTÍFICOS o conceito resumido das palavras em negrito no texto acima. B) A figura acima refere-se a qual tipo de diabetes? Explique através de um pequeno mapa conceitual como ocorre a interação entre glicose X membrana plasmática X GLUT4 X insulina. C) Produza um esquema detalhado como o da figura acima, porém que ilustre a reabsorção de água pelo ducto coletor renal. D) Explique a nível molecular as diferenças entre os 2 tipos de diabetes citados no texto. É correto afirmar que toda diabetes está relacionada ao nível de glicose no sangue? E) Um paciente que desenvolve diabetes tem uma série de complicações como: cetoacidose diabética, formigamento nos membros, aterosclerose e obesidade. Pesquise a relação destes problemas com o diabetes. F) Qual a importância do diabetes na área da odontologia? Explique detalhadamente. Síntese Conclusiva - Faça uma breve conclusão com cerca de 30 linhas sobre o aprendizado adquirido nas pesquisas que você realizou para resolver essa questão. - Formação complementar (algo que você tenha utilizado para complementar seu estudo, por exemplo, viu uma videoaula, leu capítulos de um livro ou artigos científicos). - Bibliografia utilizada para responder essa questão. Questão 03 - A fibrose cística (FC) é uma doença hereditária humana séria e relativamente comum. Cerca de 5% de todos os americanos brancos são portadores, tendo uma cópia defeituosa do gene e uma normal. Apenas indivíduos com duas cópias defeituosas apresentam sintomas severos da doença: obstrução dos tratos gastrintestinal e respiratório, geralmente levando a uma infecção bacteriana das vias aéreas e morte devido à insuficiência respiratória, antes dos 30 anos. Na FC, a camada fina de muco que cobre as superfícies internas dos pulmões está espessa, obstruindo o fluxo de ar e proporcionando um refúgio para bactérias patogênicas, particularmente Staphylococcus aureus e Pseudomonas aeruginosa. O gene defeituoso em pacientes com FC foi descoberto em 1989. Ele codifica a proteína de membrana chamada de regulador de condutância transmembrana da fibrose cística (CFTR, de cystic fibrosis transmembrane conductance regulator). Essa proteína possui dois segmentos, cada um contendo seis hélices transmembrana, dois domínios de ligação a nucleotídeos (NBDs) e uma região regulatória (Figura 02). O CFTR é, portanto, muito semelhante a outras proteínas transportadoras ABC, exceto que funciona como um canal iônico (para o íon Cl-), não como uma bomba. O canal conduz Cl- através da membrana plasmática quando ambos NBDs tiverem ligado o ATP, e fecha quando o ATP em um dos NBDs for hidrolisado a ADP e Pi. O canal de Cl- é posteriormente regulado pela fosforilação de vários resíduos de Ser no domínio regulatório, catalisado pela proteíno-cinase dependente de cAMP. Quando o domínio regulatório não é fosforilado, o canal de Cl- está fechado. A mutação responsável pela FC em 70% dos casos resulta em deleção do resíduo de Phe na posição 508. A proteína resultante dobra incorretamente, o que interfere com sua inserção na membrana plasmática, resultando em um movimento reduzido de Cl- e H2O através da membrana plasmática de células epiteliais que revestem as vias aéreas (Figura 03) e o trato digestório, assim como glândulas exócrinas (pâncreas, glândulas sudoríparas, ductos biliares e canais deferentes). A secreção líquida é essencial para manter o muco na superfície dos alvéolos pulmonares na viscosidade exata para capturar e eliminar microrganismos que são inalados. A exportação diminuída de Cl- é acompanhada pela exportação diminuída de água das células, tornando o muco desidratado, espesso e excessivamente pegajoso na superfície das células. Em circunstâncias normais, os cílios das células epiteliais que revestem a superfície interna dos pulmões removem constantemente as bactérias que se instalam nesse muco, mas o muco espesso em indivíduos com FC impede esse processo. Isso acarreta infecções frequentes por bactérias como S. aureus e P. aeruginosa, causando um dano progressivo aos pulmões e eficiência respiratória reduzida. Insuficiência respiratória é comumente a causa de morte em pessoas com FC. Figura 02 - Três estados do regulador de condutância transmembrana da fibrose cística, CFTR. A proteína tem dois segmentos, cada qual com seis hélices transmembrana, e três domínios funcionalmente significativos se estendem a partir da superfície citoplasmática: NBD1 e NBD2 (em verde) são domínios de ligação nucleotídica que ligam ATP, e um domínio regulatório R (em azul) é o sítio de fosforilação pela proteínacinase dependente de cAMP. Quando esse domínio R é fosforilado, mas o ATP não seliga aos NBD (esquerda), o canal está fechado. A ligação do ATP abre o canal (centro) até que o ATP ligado seja hidrolisado. Quando o domínio regulatório está desfosforilado (direita), ele se liga ao domínio NBD e impede a ligação de ATP e a abertura do canal. A mutação que mais comumente ocorre levando à FC é a deleção da Phe508 no domínio NBD1 (esquerda). O CFTR é um transportador ABC típico em tudo, exceto em dois aspectos: a maioria dos transportadores ABC não possui domínio regulatório, e o CFTR atua. Figura 03 - O muco na superfície dos pulmões aprisiona as bactérias. Em pulmões sadios (mostrado aqui), estas bactérias são mortas e varridas para fora pela ação dos cílios. Na FC, este mecanismo está prejudicado, resultando em infecções recorrentes e lesão progressiva dos pulmões. A – Produza um desenho esquemático demonstrando em nível celular os problemas que a fibrose cística causa. B – Em indivíduos afetados pela fibrose cística, como ficam os gradientes de concentração de CL-? Quais transportes entre a membrana serão afetados na FC? Como explicar o muco nas vias aéreas desidratado? Explique seu raciocínio detalhadamente. C – Pesquise em livros e artigos científicos o queos microrganismos Staphylococcus aureus e Pseudomonas aeruginosa causam nas vias respiratórias em indivíduos com FC. Descreva o ciclo desencadeado por essas bactérias em indivíduos afetados pela FC. D – O texto cita uma importante molécula biológica: a proteína-cinase dependente de cAMP. Pesquise DETALHADAMENTE a importância biológica desta molécula e suas interações na célula. Produza um desenho esquemático que resuma a função dessa importante molécula. E - A fibrose cística afeta as células que produzem muco, suor e sucos digestivos. Isso faz com que esses fluidos se tornem espessos e pegajosos. Eles aderem a tubos, dutos e passagens. Os sintomas variam e podem incluir tosse, infecções pulmonares reincidentes, incapacidade de ganhar peso e fezes gordurosas. Os tratamentos podem aliviar os sintomas e reduzir as complicações. A triagem neonatal ajuda no diagnóstico precoce. Faça uma pesquisa na internet, livros ou artigos científicos traçando a relação da fibrose cística com o retículo endoplasmático rugoso. Síntese Conclusiva - Faça uma breve conclusão com cerca de 30 linhas sobre o aprendizado adquirido nas pesquisas que você realizou para resolver essa questão. - Formação complementar (algo que você tenha utilizado para complementar seu estudo, por exemplo, viu uma videoaula, leu capítulos de um livro ou artigos científicos). - Bibliografia utilizada para responder essa questão. Questão 04 – Faça um desenho esquemático que ilustre toda via de processamento proteico pós-traducional. Legende cada etapa de todo processamento nas organelas que participam desta via. Questão 05 - Em muitos tipos de tumores encontrados em humanos e em outros animais, a captação e a degradação de glicose ocorrem cerca de 10 vezes mais rápido do que em tecidos normais, não cancerosos. A maior parte das células tumorais cresce em condições de hipóxia (com suprimento de oxigênio limitado) devido à falta, pelo menos inicialmente, das redes capilares que suprem com oxigênio suficiente. Células cancerosas localizadas a mais de 100 a 200 mm dos capilares mais próximos dependem somente da glicose (sem oxidação adicional de piruvato) para a maior parte da produção de ATP. O rendimento de energia (2 ATPs por glicose) é muito menor do que o que pode ser obtido pela oxidação completa do piruvato a CO2 na mitocôndria (cerca de 32 ATPs por glicose). Portanto, para fazer a mesma quantidade de ATP, as células tumorais devem captar muito mais glicose do que as células normais, convertendo-a a piruvato e depois a lactato enquanto reciclam NADH. É provável que as duas etapas iniciais na transformação de uma célula normal em uma célula tumoral sejam (1) a mudança para a dependência da glicólise na produção de ATP, e (2) o desenvolvimento de tolerância a pH baixo no fluido extracelular (causado pela liberação do produto final da glicólise, o ácido láctico). Em geral, quanto mais agressivo e o tumor, maior e a taxa de glicólise. Esse aumento da glicólise é alcançado ao menos em parte pelo aumento da síntese das enzimas glicólicas e dos transportadores da membrana plasmática GLUT1 e GLUT3) que carregam a glicose para a célula. (Lembre-se de que GLUT1 e GLUT3 não são dependentes de insulina.) O fator de transcrição induzível por hipóxia (HIF-1, de hypoxia- inducible transcription factor) é uma proteína que regula a síntese de mRNA, estimulando a produção de pelo menos oito enzimas glicólicas e dos transportadores de glicose, quando a oferta de glicose está limitada (Figura 04). Com a alta velocidade de glicólise resultante, as células tumorais podem sobreviver em condições anaeróbias até que o suprimento de vasos sanguíneos alcance o tumor em crescimento. Outra proteína induzida por HIF-1 é o hormônio peptídico VEGF (fator de crescimento vascular endotelial, de vascular endothelial growth factor), que estimula o crescimento dos vasos sanguíneos (angiogenese) em direção do tumor. Existe também a evidência de que a proteína supressora de tumor p53, mutada na maior parte dos tipos de câncer), controla a síntese e a montagem das proteínas mitocondriais essenciais para o transporte dos elétrons ao O2. As células com p53 mutada são deficientes no transporte de elétrons na mitocôndria e são forcadas a depender mais significativamente da glicólise para a produção de ATP (Figura 04). Essa dependência maior dos tumores pela glicólise em comparação aos tecidos normais sugere uma possibilidade de terapia anticâncer: inibidores da glicólise poderiam atingir e matar tumores por esgotar seu suprimento de ATP. Três inibidores da hexocinase mostram-se promissores como agentes quimioterápicos: 2-desoxiglicose, lonidamina e 3 bromopiruvato. Por impedir a formação de glicose-6-fosfato, esses compostos não apenas privam as células tumorais de ATP glicoliticamente produzido, mas também evitam a formação de pentoses-fosfato pela via das pentoses-fosfato, que também inicia com glicose- 6-fosfato. Na ausência de pentoses- fosfato, a célula não consegue sintetizar os nucleotídeos essenciais para a síntese de DNA e de RNA, e assim não consegue crescer nem se dividir. Outro fármaco anticâncer já aprovado para o uso clinico é o imatinibe (Gleevec). Ele inibe uma tirosina-cinase especifica, impedindo a síntese aumentada da hexocinase, que normalmente é ativada por essa cinase especifica. O análogo de tiamina oxitiamina, que bloqueia a ação de uma enzima tipo transcetolase que converte a xilulose-5-fosfato a gliceraldeido-3-fosfato (Figura 04), está em triagem pré-clínica como fármaco antitumoral. A alta taxa glicólica em células tumorais também tem utilidade para diagnósticos. As taxas relativas em que os tecidos captam glicose podem ser usadas em alguns casos para identificar a localização de tumores. Em tomografia por emissão de pósitrons (PET, de pósitron emission tomography), injeta-se nos pacientes um análogo inofensivo da glicose isotopicamente marcado que é captado, mas não metabolizado pelos tecidos. O composto marcado é a 2-fluor-2-desoxiglicose (FdG), em que o grupo hidroxil em C-2 da glicose é substituído por 18F (Figura 05). Esse composto é captado pelos transportadores GLUT, sendo um bom substrato para a hexocinase, mas não pode ser convertido ao intermediário enediol na reação da fosfo-hexoseisomerase) e consequentemente se acumula como 6-fosfo-FdG. A extensão do seu acumulo depende da sua taxa de captação e fosforilação, que, como citado anteriormente, costuma ser 10 ou mais vezes maior em tumores do que em tecidos normais. O decaimento do 18F libera pósitrons (dois por átomo de 18F) que podem ser detectados por uma série de detectores sensíveis localizados ao redor do corpo, o que permite a localização acurada de 6-fosfo-FdG acumulado (Figura 06). Figura 04 – O metabolismo anaeróbio da glicose em células tumorais rende muito menos ATP (2 por glicose) do que a oxidação completa a CO2 que ocorre em células saudáveis em condições aeróbias (32 ATP por glicose), de forma que uma célula tumoral deve consumir muito mais glicose para produzir a mesma quantidade de ATP. Os transportadores de glicose e a maior parte das enzimas glicolíticas estão superexpressos em tumores. Compostos que inibem as enzimas hexocinase, glicose- 6-fosfato-desidrogenase ou transcetolase bloqueiam a produção de ATP pela glicólise, privando assim a célula cancerosa de energia e matando- a. Figura 05 - A fosforilação da 2-flúor-2-desoxiglicose marcada com 18F pela hexocinase mantém o FdG na célula (como 6-fosfo-FdG), onde sua presença pode ser detectada por emissão de pósitrons do 18F. Figura 06 - Detecção de tecidos cancerosos por tomografia por emissão de pósitrons (PET). O paciente adulto do sexo masculino sofreu remoção cirúrgica de um câncer de pele primário (melanoma maligno). A imagem à esquerda, obtida do corpo todo por tomografia computadorizada (varredura por TC), mostra a localização dos tecidos moles e ossos. O painel central é uma varredura por PET apóso paciente ter ingerido 2-flúor- 2-desoxiglicose (FdG) marcada com 18F. Os pontos escuros indicam regiões de alta utilização da glicose. Como esperado, o cérebro e a bexiga estão fortemente marcados – o cérebro porque utiliza a maior parte da glicose consumida pelo corpo, e a bexiga porque o 6-fosfo-FdG marcado com 18F é excretado na urina. Quando a intensidade da marcação na varredura por PET é traduzida em cor falsa (a intensidade aumenta de verde para amarelo para vermelho) e a imagem é sobreposta à varredura por TC, a imagem resultante (direita) revela câncer nos ossos da coluna vertebral superior, no fígado e em algumas regiões musculares, todos resultantes da propagação do melanoma maligno primário. A – Por que estudar a glicólise é tão importante para a compreensão dos tumores? Explique detalhadamente usando os termos adequados. B – Faça um glossário detalhado de todos os termos técnicos destacados no texto. Organize- o em ordem alfabética/numérica. C – De que forma ocorre a integração entre núcleo e a síntese proteica nos tumores? Qual o comando genético para célula continuar produzindo energia? C – Qual a via de produção de energia utiliza nas células tumorais? Em quais locais do corpo ela ocorre normalmente? O composto produzido provoca quais tipos de efeitos no organismo? D – Faça uma pesquisa sobre a proteína P53. Qual a importância dela para a manutenção saudável da célula? Descreva detalhadamente sua função e ação. Síntese Conclusiva - Faça uma breve conclusão com cerca de 30 linhas sobre o aprendizado adquirido nas pesquisas que você realizou para resolver essa questão. - Formação complementar (algo que você tenha utilizado para complementar seu estudo, por exemplo, viu uma videoaula, leu capítulos de um livro ou artigos científicos). - Bibliografia utilizada para responder essa questão. Questão 06 - O teste do pezinho é um exame do recém-nascido que tem a finalidade de diagnosticar e impedir o desenvolvimento de doenças genéticas ou metabólicas que podem levar à Deficiência Intelectual ou causar prejuízos à qualidade de vida. O SUS garante o teste para Fenilalanina, TSH neonatal, Hemoglobinopatias e Aminoácidos. O Ministério Público Federal no Estado de São Paulo obrigou em 2012 a adição de três testes: toxoplasmose, galactosemia e deficiência de G6PD. Na família de Charles, foi identificada a presença de alguns indivíduos afetados pela última. Todos são do sexo masculino. Os pais de Charles são completamente normais, assim como suas duas irmãs mais novas. Na família, houve somente outro caso, o tio materno de Charles, que faleceu com 17 anos. A deficiência de G6PD é uma anormalidade metabólica na glicólise. Quando o nível desta enzima é muito baixo, os glóbulos vermelhos podem quebrar prematuramente (hemólise). No entanto, a deficiência desta enzima não é suficiente para causar hemólise por conta própria; fatores adicionais são necessários como “gatilho” para o aparecimento dos sintomas. Os desencadeantes incluem certas doenças infecciosas, certos medicamentos e ingestão de favas: isso pode causar uma anemia hemolítica aguda potencialmente séria, conhecida como favismo. Os sintomas podem incluir fadiga, cor pálida, icterícia ou cor da pele amarelada, falta de ar, taquicardia, urina escura e baço aumentado (esplenomegalia). PERGUNTAS OBS: Demonstre todas as chances pedidas por meio do quadrado de Punnett. A – Desenhe o heredograma da família, incluindo três gerações. B- Qual é o padrão de herança da doença? Coloque os genótipos de todos os indivíduos, utilizando os símbolos adequados (cuidado para manter a coerência com sua resposta!!). C- Se os pais de Charles tiverem mais um menino, qual a chance de ele ser afetado pela doença? E uma menina? D- Se os pais de Charles tiverem mais uma menina, qual a chance de ela ser portadora da doença? E um menino? E- A fibrose cística está presente igualmente em meninos e meninas (1 em 10000 crianças no Brasil), enquanto a deficiência de G6PD é ausente em meninas e presente em cerca de 1 em cada 100 meninos. Por que essa diferença no sexo de ocorrência de cada uma delas? Desenhe um casamento imaginário em que seria possível nascer uma menina com G6PDD. F- Os sintomas dos pacientes são causados pela hemólise, e esta é consequência do defeito enzimático. Explique com base nos processos bioquímicos: por que a G6PDD causa hemólise? E por que há a necessidade dos “gatilhos”, sendo que é uma doença hereditária? - ESTE TRABALHO É INDIVIDUAL; - TRABALHOS COM RESPOSTAS IGUAIS OU PARECIDAS SERÃO ZERADOS/DESCONTADOS RESPECTIVAMENTE; - AS RESPOSTAS NÃO DEVEM SER COPIADAS DE LIVROS OU ARTIGOS, MAS SIM TRANSCRITAS COM SUAS PRÓPRIAS PALAVRAS.
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