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Prof Felipe Aquino Por que sou católico? 30ª edição 2 Aquino, Felipe Rinaldo Queiroz de, 1949 Por que sou católico? / Felipe Rinaldo Queiroz de Aquino - 30ª edição - Lorena: Cléofas, 2015. ISBN 978-85-88158-33-7 Ano 1a edição: 2002 / 30ª edição: 2015 © 2015 EDITORA CLÉOFAS - Todos os direitos reservados Caixa Postal 100 - Lorena / SP CEP 12600-970 Tel/Fax: (12) 3152-6566 www.cleofas.com.br 3 Dedicatórias A nosso filho Mateus, que sugeriu este livro. E a todos que desejam ser verdadeiramente católicos. “E Eu te declaro: Tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a Minha Igreja; e as portas do inferno jamais prevalecerão contra ela. Eu te darei as chaves do Reino dos céus: Tudo o que ligares na terra, será ligado nos céus; tudo o que desligares na terra, será desligado nos céus.” (Mateus 16,18-19). 4 A razão deste livro Numa de nossas conversas descontraídas, meu filho mais velho, Mateus, engenheiro, casado, me disse: — Pai, está faltando o senhor escrever um livro: — “Por que sou católico”. Ele justificou a sua afirmação categórica, dizendo que muita gente precisa saber isto com mais clareza, para poder de fato optar pelo catolicismo. Sua convicção me fez atender a sua sugestão. Ciente da confusão que hoje estamos vivendo em termos de seitas, de falsas doutrinas e de falsos pastores, achei que o Mateus tinha razão, e por isso está aqui este livro. Como disse, hoje as seitas e “igrejinhas” se espalham por todos os lados sem apresentar as devidas credenciais divinas, sem o que, não é possível segui-las. E assim, milhões de pessoas estão sendo iludidas, ou até mesmo, maldosamente enganadas. O Papa João Paulo II chegou a dizer a um grupo de Bispos do Brasil, em Roma, em 1995, que as seitas “se espalham na América Latina como uma mancha de óleo, ameaçando fazer ruir as estruturas de fé de muitas nações”. Muitas e muitas pessoas hoje, decepcionadas com os homens e com os problemas do mundo, mais do que nunca buscam a salvação no sobrenatural, e vão à busca de Deus; mas, muitas vezes, sem critérios, sem exigir as credenciais do “novo profeta” que se apresenta falando de Deus, e se arriscam a viver uma falsa doutrina. Peço a Deus e à Virgem Maria que estas páginas possam ajudá-lo a conhecer por que temos de ser católicos, a vontade de Deus para todos. Que você possa ler este livro com a mesma alegria e vontade com que o escrevi. Prof. Felipe Aquino 5 Um depoimento pessoal Nasci católico. Esta é a graça que mais agradeço a Deus. Todos os dias, depois da missa, na Catedral de Lorena, onde fui batizado, fiz a primeira Comunhão e recebi o Matrimônio, vou até aquela sagrada Pia Batismal, onde fui regenerado nas águas do Batismo, e renovo as promessas do meu Batismo. Foi ali que me tornei filho de Deus e herdeiro do céu, através da Igreja Católica, minha Mãe. Nada para mim é mais importante do que isto nesta vida. Nem mesmo o meu diploma de Doutor em Engenharia Mecânica eu quis colocar na parede de minha sala de trabalho, mas apenas a minha Certidão de Batismo. Sei que tudo vou deixar neste mundo, depois que partir para a outra vida; mas, pelo Batismo e pela Igreja, sei que me estarão abertas as portas da vida em Deus, que não terá fim. Como disse santo Agostinho: “que me importa viver bem, se eu não puder viver para sempre”. Eu quero viver para sempre em Deus, e sei que o caminho é a Igreja Católica que Jesus fundou. Meus pais eram autenticamente católicos, rezávamos o Terço todos os dias às 18:00 horas, mas eles não nos levavam à Igreja “pelo pescoço”, não; graças a Deus, souberam nos convencer com humildade, bondade e convicção da certeza da fé católica. Hoje, todos os meus oito irmãos são católicos convictos, sem exceção. Sem dúvida isto foi fruto da grandeza dos nossos queridos pais, verdadeiros mestres e educadores, embora de poucos estudos. Embora eu tenha nascido em uma família cem por cento católica, me tornei muito mais convicto da minha fé depois que conheci os seus fundamentos. Como todo jovem, também eu fui levado a querer “conhecer as outras religiões”, no entanto, quanto mais as conhecia, mais me tornava católico convicto, pela coerência e beleza da fé da Igreja Católica. Muitos católicos abandonam a Igreja porque crescem, estudam, etc., mas não estudam a fé católica; então, quando surgem os problemas e questionamentos da vida e as dúvidas 6 de fé, não sabem as respostas para as suas indagações, e começam a procurar nas outras religiões as suas respostas, sem saber que a Igreja Católica tem essas respostas. Muitos graduados em universidades, apenas sabem de religião o pouco que aprenderam na preparação da primeira Comunhão, e por isso, não têm respostas para a suas dúvidas. Cresceram na ciência mas não na fé. Ao mesmo tempo que eu cursava o Doutorado no Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA), em São José dos Campos, à noite cursava também Teologia. Durante esses três anos pude mergulhar na substancial doutrina católica, amadurecida pelos Santos Padres dos primeiros séculos da Igreja, pelos Papas, santos, mártires e confessores da fé, doutores da Igreja, teólogos, etc. Então eu pude me defrontar com a seriedade da fé católica, recebida de Jesus e cultivada há dois mil anos. Estudando a fé católica: a Moral, a Liturgia, a História da Igreja, a Dogmática (o Credo), os Sacramentos, Escatologia (morte, juízo, céu, inferno, paraíso), Mariologia (Maria), Pneumatologia (Espírito Santo), Eclesiologia (Igreja), etc., pude então verificar, além de outras coisas, que a fé católica em nada contradiz a Ciência, ao contrário, faz uso dela para entender melhor o mistério da fé e a Revelação de Deus. Sendo matemático e físico, professor universitário e pesquisador, isto me foi muito importante. São muitas as razões pelas quais sou católico. Ao longo dessas páginas irei apresentando resumidamente cada uma delas. Tentarei fazer da maneira mais simples e prática possível, a fim de que aqueles que são pouco conhecedores dos ensinamentos da Igreja possam entendê-lo. Sou católico porque estou convicto de que Jesus Cristo é Deus, e que a única Igreja que Ele fundou foi a que hoje chamamos de Igreja Católica Apostólica Romana. As outras foram surgindo por heresias e cismas, a partir dos primeiros séculos, e fundadas por homens. Sou católico porque a Igreja Católica é uma Instituição divina, e que recebeu de Jesus, na pessoa de São Pedro e dos Apóstolos (hoje os Bispos) a missão de levar a salvação a todos os homens do mundo inteiro. Sou católico porque somente na Igreja Católica temos “a plenitude dos meios da salvação” (UR, 3) que Jesus deixou. 7 Sou católico porque na Igreja Católica temos Jesus vivo e presente na Eucaristia, em todos os sacrários da terra. É a única religião onde Deus está vivo e presente, de modo real e substancial (corpo, sangue, alma e divindade), por amor a nós. Sou católico porque a Igreja Católica tem o Sacramento da Confissão, que me dá a certeza de que todos os meus pecados são perdoados. Sou católico porque a Igreja tem uma História belíssima de 2000 anos, ininterrupta, com uma série contínua de 266 Papas e 21 Concílios ecumênicos (universais). Mesmo com muitos erros cometidos pelos seus filhos, leigos e clérigos, as luzes da História da Igreja superabundam em muito as sombras. Sou católico porque os Evangelhos da Igreja Católica são historicamente autênticos; aprovados pela mais severa crítica racionalista. Sou católico porque Jesus garantiu à Sua Igreja infalibilidade nos assuntos de fé e de moral; isto é, naquilo que é essencial para levar os homens à salvação. Ela é, como disse São Paulo, “a coluna e o sustentáculo da verdade” neste mundo (1Tm 3,15). Sou católico porque Jesus garantiu que a Igreja Católica jamais seria vencida pelas portas do inferno (Mateus 16,18). A sua história de 2000 anos confirma isto sobejamente. Sou católico porque Jesus quis a Igreja dirigida na terra pelo Papa, um Pastor infalível em matéria de fé e de moral, e isto já acontece há dois mil anos, sem interrupção. Sou católico porque foi aIgreja quem berçou e montou a Bíblia; isto é, discerniu quais os livros que deveriam fazer parte dela. Sem a Igreja católica não haveria a Bíblia como a temos hoje. A Bíblia vem da Igreja Católica, e não o contrário. Por isso ela é a única intérprete oficial da Palavra de Deus. Os protestantes fizeram o desfavor de alterá-la. Sou católico porque a Igreja tem os Sacramentos, através dos quais Jesus se dá e deixa encontrar, que nos transmitem a graça de Deus, desde o nascimento até a morte. Na Liturgia a Igreja celebra os Sacramentos. Sou católico porque a Igreja responde com clareza e profundidade as questões da vida: Quem eu sou? O que é este mundo? O que estou fazendo aqui? Por que existe o sofrimento e a morte? Para onde iremos após esta vida?... Sou católico porque Jesus deu a sua Mãe, a Virgem Maria, para ser também a minha 8 Mãe, e porque a Igreja também escolheu o seu pai adotivo, São José, para ser o nosso pai no céu, e protetor neste mundo. Tudo isto, e muito mais, me dão a certeza da veracidade da fé católica. É isto que vamos ver a seguir, passo a passo. Nosso objetivo aqui não é fazer “guerra santa” e nem desrespeitar a opção religiosa de cada um, mas apenas oferecer aos católicos as “razões da nossa fé” (1Pe 3,15). 9 Jesus Cristo existiu mesmo ou será um mito? Conta a História que certa vez um soldado de Napoleão Bonaparte, empolgado com as conquistas do grande imperador da França, lhe disse: — Imperador, pode fundar a nossa religião e a nossa igreja. Estamos prontos a seguir Sua majestade. Ao que Napoleão lhe terá respondido: — Filho, para alguém inaugurar uma religião e fundar uma igreja, precisa de duas coisas: primeiro, morrer numa cruz; segundo, ressuscitar ao terceiro dia. A primeira eu não quero e a segunda eu não posso; então, pára com esta estória de fundar uma igreja e uma religião. O que mais me impressiona nesta história, que ouvi contada por um professor universitário de História, é que Napoleão não era bom católico, tanto assim que foi o primeiro imperador que não aceitou ser coroado pelo Papa, quando este era o costume da época, e mais, mandou prender o Papa Pio VI, e depois, o Papa Pio VII, quando este não quis concordar com o divórcio do seu irmão Jerônimo. No entanto, Napoleão sabia que só Jesus tinha credenciais divinas para fundar uma Igreja. A Igreja Católica é a única que foi fundada expressa e diretamente por Jesus Cristo, Filho Unigênito de Deus, Deus verdadeiro. Isto é o que faz dela a única Igreja autêntica. As outras são invenções dos homens. Mas muitos perguntam, será que Jesus Cristo é mesmo Deus? Será que Jesus existiu mesmo? Será que fundou a Igreja mesmo? Vamos responder a cada uma dessas perguntas. Comecemos pela existência histórica de Jesus Cristo. Além dos Evangelhos e Cartas dos Apóstolos, a mesma História que garante a existência dos faraós do Egito, milhares de anos antes de Cristo, garante a existência de Jesus. Muitos documentos antigos, cuja autenticidade já foram confirmados pelos historiadores, falam de Jesus. Vamos aqui dar apenas alguns exemplos disso e mostrar que Jesus não é um mito. 10 DOCUMENTOS DE ESCRITORES ROMANOS (110-120): 1. Tácito (Publius Cornelius Tacitus, 55-120), historiador romano, escritor, orador, cônsul romano (ano 97) e procônsul da Ásia romana (110-113), falando do incêndio de Roma que aconteceu no ano 64, apresenta uma notícia exata sobre Jesus, embora curta: “Um boato acabrunhador atribuía a Nero a ordem de pôr fogo na cidade. Então, para cortar o mal pela raiz, Nero imaginou culpados e entregou às torturas mais horríveis esses homens detestados pelas suas façanhas, que o povo apelidava de cristãos. Este nome vêm-lhes de Cristo, que, sob o reinado de Tibério, foi condenado ao suplício pelo procurador Pôncio Pilatos. Esta seita perniciosa, reprimida a princípio, expandiu-se de novo, não somente na Judeia, onde tinha a sua origem, mas na própria cidade de Roma.” (Anais, XV, 44). 2. Plínio o Jovem (Caius Plinius Cecilius Secundus, 61-114), sobrinho de Plínio, o Velho, foi governador romano da Bitínia (Asia Menor), escreveu ao imperador romano Trajano, em 112: “(...) os cristãos estavam habituados a se reunir em dia determinado, antes do nascer do sol, e cantar um cântico a Cristo, que eles tinham como Deus.” (Epístolas, I.X 96). 3. Suetônio (Caius Suetonius Tranquillus, 69-126), historiador romano, no ano 120, referindo-se ao reinado do imperador romano Cláudio (41-54), afirma que este “expulsou de Roma os judeus, que, sob o impulso de Chrestós (forma grega equivalente a Christós, Cristo), se haviam tornado causa frequente de tumultos” (Vita Claudii, XXV). Esta informação coincide com o relato dos Atos dos Apóstolos 18,2, onde se lê: “Cláudio decretou que todos os judeus saíssem de Roma”; esta expulsão ocorreu por volta do ano 49/50. Suetônio, mal informado, julgava que Cristo estivesse em Roma, provocando as desordens. DOCUMENTOS JUDAICOS: 1. O Talmud (Coletânea de leis e comentários históricos dos rabinos judeus posteriores a Jesus) apresentam passagens referentes a Jesus. Note que os judeus combatiam a crença em Jesus, daí as palavras adversas a Cristo. 11 Tratado Sanhedrin 43a do Talmud da Babilônia: “Na véspera da Páscoa suspenderam a uma haste Jesus de Nazaré. Durante quarenta dias um arauto, à frente dele, clamava: “Merece ser lapidado, porque exerceu a magia, seduziu Israel e o levou à rebelião. Quem tiver algo para o justificar venha proferi-lo!” Nada, porém se encontrou que o justificasse; então suspenderam-no à haste na véspera da Páscoa.” 2. Flávio Josefo, historiador judeu (37-100), fariseu, escreveu palavras impressionantes sobre Jesus: “Por essa época apareceu Jesus, homem sábio, se é que há lugar para o chamarmos homem. Porque Ele realizou coisas maravilhosas, foi o mestre daqueles que recebem com júbilo a verdade, e arrastou muitos judeus e gregos. Ele era o Cristo. Por denúncia dos príncipes da nossa nação, Pilatos condenou-o ao suplício da Cruz, mas os seus fiéis não renunciaram ao amor por Ele, porque ao terceiro dia ele lhes apareceu ressuscitado, como o anunciaram os divinos profetas juntamente com mil outros prodígios a seu respeito. Ainda hoje subsiste o grupo que, por sua causa, recebeu o nome de cristãos.” (Antiguidades Judaicas, XVIII, 63a). DOCUMENTOS CRISTÃOS: Os Evangelhos: narram com riqueza de detalhes históricos, geográficos, políticos e religiosos a terra da Palestina no tempo de Jesus. Os evangelistas não poderiam ter inventado tudo isto com tanta precisão. São Lucas, que não era apóstolo e nem judeu, fala dos imperadores Cesar Augusto, Tibério; cita os governadores da Palestina: Pôncio Pilatos, Herodes, Filipe, Lisânias, e outros personagens como Anás e Caifás (Lc 2,1;3,1s). Todos são muito bem conhecidos da História Universal. São Mateus e São Marcos falam dos partidos políticos dos fariseus, herodianos, saduceus (Mt 22,23; Mc 3,6). São João cita detalhes do Templo: a piscina de Betesda (Jo 5,2), o Lithóstrotos ou Gábala (Jo 19, 13), e muitas outras coisas reais. Nada foi inventado, tudo foi comprovado pela História. 12 Além dos dados históricos sobre a vida real de Jesus Cristo, tudo o que Ele fez e deixou seria impossível se Ele não tivesse existido. Um mito não poderia chegar ao século XXI... com mais de um bilhão de adeptos. Os apóstolos e os evangelistas narraram aquilo que foram testemunha ocular; não podiam mentir, sob pena de serem desmascarados pelos adversários e perseguidores da época. Eles eram pessoas simples, pescadores alguns, e nunca teriam a capacidade de ter inventado um Messias do tipo de Jesus: Deus-homem, crucificado, algo que era considerado escândalo para os judeus e loucura para os gregos. Jamais isto seria possível com Israel sob o jugo romano, dominador intransigente. Outro fato marcante é que os judeus esperavam um Messias “libertador político”, que libertasse Israel dos romanos, no entanto, os Evangelhos narram um Jesus rejeitado pelos Judeus, e que vem como libertador espiritual e não político. Os apóstolosteriam a capacidade e coragem de inventar isto? Homens rudes da Galileia não teriam condições também de forjar um Jesus tão sábio, santo, inteligente, desconcertante tantas vezes. Tem mais, a doutrina que Jesus pregava era de difícil vivência no meio da decadência romana; o orador romano Tácito, se referia ao cristianismo como “desoladora superstição”, Minúcio Félix, falava de “doutrina indigna dos gregos e romanos”. Os apóstolos não teriam condições de inventar uma doutrina tão diferente para a época. Será que poderia um mito ter vencido o Império Romano? Será que um mito poderia sustentar os cristãos diante de 250 anos de martírios e perseguições? O escritor cristão Tertuliano (†220), de Cartago, escreveu que “o sangue dos mártires era semente de novos cristãos”. Será que um mito poderia provocar tantas conversões, mesmo com sérios riscos de morte e perseguições? No século III já haviam cerca de 1500 sedes episcopais (bispos) no mundo afora. Será que um mito poderia gerar tudo isto? É claro que não. Será que um mito poderia sustentar uma Igreja, que começou com doze homens simples, e que já tem 2000 anos; que já teve 264 Papas, e que tem hoje mais de 4000 bispos e cerca de 410 mil sacerdotes em todo o mundo? 13 As provas são evidentes, Jesus Cristo existiu! 14 Os Evangelhos são autênticos? Depois de mostrar, historicamente, que Jesus existiu mesmo, precisamos mostrar que Ele é Deus. Porque daí vem a importância fundamental da Igreja Católica, que Ele fundou. As provas da divindade de Jesus estão nos quatro Evangelhos escritos por Mateus, Marcos, Lucas e João. O primeiro e o último foram Apóstolos, testemunhas oculares de tudo o que escreveram; Lucas foi discípulo de São Paulo, e Marcos de São Paulo e depois, de São Pedro. Os Evangelhos são os Documentos, de autenticidade cientificamente comprovada, onde se baseia a nossa fé católica. Mas pode ser que alguém levante esta antiga dúvida: será que os Evangelhos são autênticos? Será que não foram forjados para inventar um Jesus milagroso, divino, etc.? Quem provou para o mundo a autenticidade dos Evangelhos foram, mais do que tudo, os inimigos da Igreja Católica, os racionalistas dos séculos XVII e XVIII. Os seus adeptos, Renan, Harnack, Rousseau, Voltaire, etc.; empreenderam, com grande ardor, o estudo crítico dos quatro Evangelhos, com a sede de destruí-los, e mostrar ao mundo que eles eram falsos. Muitos desses racionalistas foram mentores da Revolução Francesa, os quais tiveram, nesta época, a ousadia sacrílega de entronizar a imagem da “deusa da razão”, na sagrada Catedral de Notre Dame, de Paris. A sua vontade era mostrar para o mundo que os Evangelhos eram uma farsa, uma invenção da Igreja Católica, e que teriam sido forjados para apresentar Jesus como Deus e, assim, justificar a existência da Igreja Católica como guia espiritual dos homens. Enfim, o alvo era a Igreja Católica, a quem queriam destruir. Colocaram, então, mãos à obra, examinando detalhadamente os Evangelhos. A que conclusão chegaram esses racionalistas, que só acreditavam na matéria e na ciência, e que empreenderam, com o mais profundo rigor da Ciência, cujo deus era a Razão, a análise sobre a autenticidade histórica dos Evangelhos? Empregando os conhecimentos da ciência, os “métodos das citações”, “das traduções”, 15 “o método polêmico”, e outros, vasculharam todas as páginas e palavras dos Evangelhos (...). No entanto, a própria ciência racionalista mostrou ao mundo a autenticidade dos Evangelhos. Depois de 50 anos de trabalho chegaram à conclusão exatamente oposta a seus desejos e, por coerência científica, tiveram que afirmar como Renan, racionalista da França: “Em suma, admito como autênticos os quatro Evangelhos canônicos.” (Vie de Jesus). Harnack, racionalista alemão, foi obrigado a afirmar: “O caráter absolutamente único dos Evangelhos é, hoje em dia, universalmente reconhecido pela crítica.” (Jesus Cristo é Deus? José Antonio de Laburu, ed. Loyola, pág. 55). Streeter, grande crítico inglês teve de afirmar que: “Os Evangelhos são, pela análise crítica, os que detém a mais privilegiada posição que existe.” (idem). Os mais exigentes críticos racionalistas do século XIX, Hort e Westcott, foram obrigados a afirmar: “As sete oitavas partes do conteúdo verbal do Novo Testamento não admitem dúvida alguma. A última parte consiste, preliminarmente, em modificações na ordem das palavras ou em variantes sem significação. De fato, as variantes que atingem a substância do texto são tão poucas, que podem ser avaliadas em menos da milésima parte do texto.” (idem pág. 56). Finalmente os racionalistas tiveram que reconhecer a veracidade histórica, científica, dos Evangelhos: “Trabalhamos 50 anos febrilmente para extrair pedras da cantaria que sirvam de pedestal à Igreja Católica?” (ibidem). Os inimigos da fé católica, quiseram destruir os Evangelhos, e acabaram reconhecendo- os como os Livros mais autênticos, segundo a própria crítica racionalista. Como se diz, o tiro saiu pela culatra, e os inimigos da Igreja lhe prestaram um grande favor: mostraram para o mundo que os Evangelhos são verídicos. 16 Onde estão os originais dos Evangelhos? Sabemos que os originais (autógrafos) dos Evangelhos, tais como saíram das mãos de Mateus, Marcos, Lucas e João, se perderam, dada a fragilidade do material usado (pele de ovelha ou papiro), mas isto não impede que a História prove a sua existência. Ficaram-nos as cópias (manuscritos) antigas desses originais, que são os papiros, os códices unciais (escritos em caracteres maiúsculos sobre pergaminho), os códices minúsculos (escritos mais tarde em caracteres minúsculos) e os lecionários (textos para uso litúrgico). Conhecem-se cerca de 5236 manuscritos (cópias) do texto original grego do Novo Testamento, comprovados como autênticos pelos especialistas. Estão assim distribuídos: 81 papiros; 266 códices maiúsculos; 2754 códices minúsculos e 2135 lecionários. Número Conteúdo Local Data (Séc.) p1 Evangelhos Filadélfia (USA) III p2 Evangelhos Florença (Itália) VI p3 Evangelhos Viena (Áustria) VI/VII p4 Evangelhos Paris III p5 Evangelhos Londres III p6 Evangelhos Estrasburgo IV a) Os papiros são os mais antigos testemunhos do texto do Novo Testamento. Estão assim distribuídos pelo mundo: Em resumo, existem 76 papiros do texto original do Novo Testamento. Acham-se ainda em Leningrado (p11, p68), no Cairo (p15, p16), em Oxford (p19), em Cambridge (p27), em Heidelberg (p40), em Nova York (p59, p60, p61), em Gênova (p72, p74, p75),... 17 Desses papiros alguns são do ano 200, o que é muito importante, já que o Evangelho de São João foi escrito por volta do ano 100. São, por exemplo, do ano 200, aproximadamente, o papiro 67, guardado em Barcelona. Códice Conteúdo Local Data(Séc.) Aleph 01 (Sinaítico) N.T. Londres IV A 02 (Alexandrino) N.T. Londres V B 03 (Vaticano) N.T.(menos Ap.) Roma IV C 04 (Efrém escrito) N.T. Paris V D 05 (Beza) Evangelhos Atos Cambridge VI D 06 (Claromantono) Paulo Paris VI b) Os códices unciais são verdadeiros livros de grande formato, escritos em caracteres maiúsculos (unciais). Uncial vem de “uncia”, polegada em latim. Eis a relação de alguns deles: Em resumo, há mais de duzentos códices unciais, espalhados por Moscou (K 018; V 031; 036); Utrecht (F 09); Leningrado (P 025); Washington (W 032); Monte Athos (H 015; 044); São Galo (037)... Desses dados é fácil entender que a pesquisa e o estudo dos manuscritos do Novo Testamento não dependem de concessão do Vaticano, pela simples razão que a sua maioria não está em posse da Igreja. Só há um código datado do século IV, no Vaticano. As pesquisas sempre foram realizadas independentemente da autorização da Igreja Católica, o que dissipa qualquer dúvida. Os manuscritos bíblicos são manuscritos da humanidade; muitos foram levados do Oriente, por estudiosos e outros interessados, para as bibliotecas dos países ocidentais, 18 onde se acham guardados até hoje. Como vimos, existem hoje mais de cinco mil cópias manuscritas do NovoTestamento datadas dos dez primeiros séculos. Algumas são papiros dos séculos II-III. O mais antigo de todos é o papiro de Rylands, conservado em Manchester (Inglaterra) sob a sigla P. Ryl. Gk. 457; do ano 120 aproximadamente, e contém os versículos de João 18,31- 33.37.38. Ora, se observarmos que o Evangelho de São João foi escrito por volta do ano 100, verificamos que temos um manuscrito que é, então, cópia do próprio original. As pequenas variações encontradas nessas cinco mil cópias são meramente gramaticais ou sintáticas e que não alteram o seu conteúdo. Os estudiosos, analisando este grande número de manuscritos antigos, concluem que é possível reconstruir a face autêntica original do Novo Testamento, que é o que hoje usamos. Uma comparação muito interessante é confrontarmos esse tipo de testemunhas do texto original do Novo Testamento, com as obras dos clássicos latinos e gregos usados pela humanidade. Verificamos que é muito privilegiada a documentação hoje existente para se construir a face autêntica do Novo Testamento. As primeiras cópias das obras desses escritores, consideradas hoje autênticas, foram mais tardias que as primeira cópias dos Evangelhos, e, mesmo assim são plenamente reconhecidas. Eis alguns dados conhecidos: Escritor Época Tempo até 1ª cópia de sua obra Virgílio 19 a.C. 350 anos Tito Lívio 17 d.C. 500 anos Horácio 8 a.C. 900 anos Júlio César 44 a.C. 900 anos Cornélio Nepos 32 a.C. 1200 anos 19 Platão 347 a.C. 1300 anos Tucídides 395 a.C. 1300 anos Eurípedes 407 a.C. 1600 anos Vemos, então, que a transmissão desses clássicos antigos, gregos e latinos, tão usados pela humanidade, com total credibilidade, tiveram uma transmissão mais precária do que o Novo Testamento, com os seus mais de 5000 manuscritos, muito mais próximos de seus originais. Se a humanidade não põe em dúvida a autenticidade desses textos latinos e gregos, então, jamais poderá questionar a autenticidade do Novo Testamento. As fontes dos primeiros séculos confirmam a autenticidade do Novo Testamento. Vejamos apenas uns poucos exemplos. Atente bem para as datas. Evangelho de Mateus — No ano 130, Bispo Pápias, de Hierápolis na Frígia, região da Ásia Menor, que foi uma das primeiras a ser evangelizada pelos Apóstolos, fala do Evangelho de São Mateus dizendo: “Mateus, por sua parte, pôs em ordem os dizeres na língua hebraica, e cada um depois os traduziu como pôde.” (Eusébio, História da Igreja III, 39,16). Quem escreveu essas palavras foi o bispo Eusébio, de Cesareia na Palestina, quando por volta do ano 300 escreveu a primeira história da Igreja. Ele dá o testemunho histórico de Pápias. Note que Pápias nasceu no primeiro século, isto é, no tempo dos próprios Apóstolos; São João ainda era vivo. Portanto este testemunho é inequívoco. Outro testemunho importante sobre o Evangelho de Mateus é dado por Santo Irineu (†200), do segundo século. Ele foi discípulo do grande bispo São Policarpo de Esmirna, que foi discípulo de São João Evangelista. Santo Irineu na sua obra contra os hereges gnósticos, também fala do Evangelho de Mateus, dizendo: “Mateus compôs o Evangelho para os hebreus na sua língua, enquanto Pedro e Paulo em Roma pregavam o Evangelho e fundavam a Igreja.” (Adv. Haereses II, 1,1). Evangelho de São Marcos — É também o Bispo de Hierápolis, Pápias (†130) que dá o primeiro testemunho do Evangelho de Marcos, conforme escreve Eusébio: 20 “Marcos, intérprete de Pedro, escreveu com exatidão, mas sem ordem, tudo aquilo que recordava das palavras e das ações do Senhor; não tinha ouvido nem seguido o Senhor, mas, mais tarde..., Pedro. Ora, como Pedro ensinava, adaptando-se às várias necessidades dos ouvintes, sem se preocupar em oferecer composição ordenada das sentenças do Senhor, Marcos não nos enganou escrevendo conforme recordava; tinha somente esta preocupação, nada negligenciar do que tinha ouvido, e nada dizer de falso.” (Eusébio, História da Igreja, III, 39,15). Evangelho de São Lucas — O Prólogo do Evangelho de São Lucas, usado comumente no século II, dava testemunho deste Evangelho, ao dizer: “Lucas foi sírio de Antioquia, de profissão médica, discípulo dos apóstolos, mais tarde seguiu Paulo até a confissão (martírio) deste, servindo irrepreensivelmente o Senhor. Nunca teve esposa nem filhos; com oitenta e quatro anos morreu na Bitínia, cheio do Espírito Santo. Já tendo sido escritos os evangelhos de Mateus, na Bitínia, e de Marcos, na Itália, impelido pelo Espírito Santo, redigiu este Evangelho nas regiões da Acaia, dando a saber logo no início que os outros Evangelhos já haviam sido escritos.” Evangelho de São João — é Santo Ireneu (†202) que dá o seu testemunho: “Enfim, João, o discípulo do Senhor, o mesmo que reclinou sobre o seu peito, publicou também o Evangelho quando de sua estadia em Éfeso. Ora, todos esses homens legaram a seguinte doutrina: (...) Quem não lhes dá assentimento despreza os que tiveram parte com o Senhor, despreza o próprio Senhor, despreza enfim o Pai; e assim se condena a si mesmo, pois resiste e se opõe à sua salvação — e é o que fazem todos os hereges.” (Contra as heresias). É por isso que a Igreja, meu amigo, com toda a sua seriedade, e fazendo uso da ciência, depois de examinar todas as coisas, com todo o rigor que lhe é peculiar, não tem dúvida de nos apresentar os Evangelhos como rigorosamente históricos. A Constituição Apostólica Dei Verbum, do Concílio Vaticano II, diz: “A santa Mãe Igreja, segundo a fé apostólica, tem como sagrados e canônicos os livros completos tanto do Antigo como do Novo Testamento, com todas as suas partes, porque, escritos sob a inspiração do Espírito Santo, eles têm Deus como Autor e nesta 21 sua qualidade foram confiados à Igreja.” (DV,11). O Catecismo da Igreja1 afirma com segurança: “A Igreja defende firmemente que os quatro Evangelhos, cuja historicidade afirma sem hesitação, transmitem fielmente aquilo que Jesus, Filho de Deus, ao viver entre os homens, realmente fez e ensinou para a eterna salvação deles, até ao dia que foi elevado.” (§126). Outros estudos mais recentes confirmaram a autenticidade dos Evangelhos, especialmente com as descobertas dos manuscritos de Qumran, na Palestina, próximo do Mar Morto, no ano 1949. Aí foram encontrados cópias da Bíblia, do século primeiro, inclusive pequenos fragmentos dos Evangelhos. Não há mais o que discutir! 1 - Catecismo da Igreja Católica - Edição Típica Vaticana - São Paulo, Loyola 2000 22 Jesus Cristo é Deus mesmo? São esses Evangelhos, meu amigo, autenticados pela mais severa crítica racionalista, que mostram a divindade de Jesus Cristo. Encontramos neles mais de quarenta grandes milagres que Jesus fez, para deixar claro a sua divindade. São as suas “credenciais divinas”. São João, autor do quarto Evangelho, nos diz que nem tudo foi escrito, mas apenas o necessário para sabermos que Jesus é o Filho de Deus e salvador: “Fez Jesus, na presença dos seus discípulos, muitos outros milagres, que não estão escritos neste livro. Mas estes foram escritos, para que creiais que Jesus é o Cristo, o Filho de Deus e para que, crendo, tenhais a vida em seu nome.” (João 20,30-31). Os milagres de Jesus provam a sua divindade. Ele provou que é Deus; isto é, Senhor de tudo, onipotente, onisciente, onipresente. Mostrou o seu poder sobre a matéria, sobre a natureza, sobre a morte, sobre a doença, sobre os demônios, etc. Eis alguns dos seus fantásticos milagres: — andando sobre as águas do mar da Galieia, ele foi ao encontro dos Apóstolos que remavam com dificuldade contra o vento (Mateus 14,26); — nas Bodas de Caná, transformou 600 litros de água em vinho (João 2); — por duas vezes ao menos multiplicou os pães e saciou a fome da multidão que o seguia no deserto (Mateus 15,36); — curou dez leprosos que vieram ao seu encontro (Mt 8,3); — curou os cegos de nascença em Jericó; — curou o paralítico na piscina de Betesda (Jo 5,1-18); — acalmou a tempestade, sobre o mar da Galileia, que ameaçava fazer virar o barco onde estava com os Apóstolos (Mt 8,26);— expulsou os demônios de muitos (Mt. 8,32); — curou muitos paralíticos (Mt 8,6); 23 — ressuscitou a filha de Jairo, chefe da sinagoga de Cafarnaum (Mt 9,25); — ressuscitou o jovem de Naim, filho único de uma viúva; — ressuscitou a Lázaro, irmão de Marta e de Maria, de Betânia (Jo 11, 43-44); — transfigurou-se no Monte Tabor (Mt 17,2); — ressuscitou triunfante dos mortos e apareceu aos discípulos e para muitas pessoas (Mt 28,6; 1Cor 15,1s). Os inimigos da fé católica comprovaram a autenticidade dos Evangelhos; são eles que provam a divindade de Jesus Cristo. Enfim, Jesus provou que era Deus! Apresentou as credenciais divinas! Ninguém jamais fez isto. Só alguém que é Deus pode fazer essas obras! É por isso que São Paulo disse que: “Nele habita corporalmente toda a plenitude da divindade.” (Col 2,9). “Ele é a imagem do Deus invisível.” (Col 1,15). São Pedro diz, como testemunha: “Vimos a sua majestade com nossos próprios olhos.” (2Pe 1,16). Que nos resta concluir? Um dia Jesus curou um ceguinho de nascença que esmolava à Porta do Templo. Depois lhe pergunta: “Crês no Filho de Deus?” Ao que o ceguinho lhe responde: “Senhor, e quem é esse para que eu creia nele?” E Jesus lhe respondeu: “É o que está falando contigo.” “Creio, Senhor, confessou o ceguinho curado, caindo de joelhos em adoração.” (Jo 24 9,35). É o que nos resta fazer. Jesus é Deus. 25 Jesus Cristo e a crítica racionalista É muito interessante ouvirmos o que os críticos racionalistas, já citados, disseram sobre Jesus. Foram homens cultos e preparados, expoentes, chefes de escolas, líderes, não cristãos, que negaram ser Jesus o Filho de Deus. Isto nos ajuda ainda mais a concluir sobre a sua divindade. Essas citações podem ser encontradas no livro do Pe. José de Laburu, sj, (Jesus Cristo é Deus?, Ed. Loyola). 1. Ernest Renan (1823-1892): Mesmo sendo racionalista e materialista, Renan é obrigado a reconhecer em Jesus uma clareza de inteligência e uma penetração de espírito profundas. São palavras suas: “Com seu perfeito idealismo, Jesus é a mais alta regra de vida, a mais destacada e a mais virtuosa. Ele criou o mundo das almas puras, onde se encontram o que em vão se pedem à terra, a perfeita nobreza dos filhos de Deus, a santidade consumada, a total abstração das mazelas do mundo, a liberdade enfim.” (E.Renan, Vie de Jèsus, 14 c, XV, XVII, XX, XXVIII.). “Jesus (...) criou o ensinamento prático mais belo que a humanidade recebeu.” (idem pág. 125). “Ele concebeu a verdadeira cidade de Deus, a verdadeira palingenésia, o sermão da montanha, a apoteose do fraco, o amor do povo, o gosto do pobre, a reabilitação de tudo quanto é humilde, verdadeiro e simples. Esta reabilitação ele a fez como artista incomparável, com caracteres que durarão eternamente. Cada um de nós lhe é devedor do que tiver em si de melhor.” “Jesus Cristo nunca será superado.” (idem pág. 325). “Jesus está no mais alto cimo da grandeza humana (...) superior em tudo aos seus discípulos... princípio inesgotável de conhecimento moral, a mais alta... Nele se condensa tudo quanto existe de bom e elevado em nossa natureza.” (ibid. pág. 465, 468, 474). “A Igreja, esta grande fundação, foi certamente a obra pessoal de Jesus. Para ter-se feito adorar até este ponto, é necessário que Ele tenha sido digno de adoração”. “O amor não existe sem um objeto digno de acendê-lo e nós nada saberíamos de Jesus se não fosse pelo entusiasmo que Ele soube inspirar a seu redor, pelo qual, podemos, agora, afirmar 26 ter sido grande e puro. A fé, o entusiasmo, a constância da primeira geração cristã, não se explicam senão supondo, na origem de todo o movimento, um homem de proporções colossais” (Vie de Jesus, pág. 463). “Repousa agora em sua glória, nobre iniciador. Tua obra está terminada, tua divindade fundada... Ao preço de horas de sofrimento, que não chegaram a tocar tua grande alma, adquiriste a mais completa imortalidade. Signo de nossas contradições, serás a bandeira em torno da qual se travará a mais cruenta batalha. Mil vezes mais vivo, mil vezes mais amado após tua morte do que durante os dias de tua vida terrestre, hás de chegar a ser a pedra angular da humanidade, de tal maneira que, arrancar o teu nome deste mundo, seria sacudi-lo em seus fundamentos. Entre ti e Deus não há distinção possível. Plenamente vencedor da morte, tomas posse do reino ao qual te hão de seguir, pela via real que traçaste, séculos de adoradores.” (idem pág. 440). 2. Loisy, o apóstata moderno: “Sente-se por tudo em seus discursos, em seus atos, em suas dores, não sei que de divino, que eleva Jesus Cristo, não somente por sobre a humanidade ordinária, mas também por sobre o mais seleto da Humanidade.” (Le Quatrième Evangile, 1903, pág 72). “O Cristianismo representa incontestavelmente o maior e mais feliz esforço até agora realizado para elevar moralmente a Humanidade.” (La Morale Humaine, págs. 185-186). 3. Harnack, chefe do racionalismo alemão: “A grandeza e a força da pregação de Jesus estão em que ela é, ao mesmo tempo, tão simples e tão rica, tão simples que até encerrada em cada um dos pensamentos fundamentais por ela expressados, tão rico que cada um dos seus pensamentos parece inesgotável, dando-nos a impressão de que jamais chegamos ao fundo das suas sentenças e parábolas.” “Jesus pôs à luz pela primeira vez, o valor de cada alma humana e ninguém pode desfazer o que Ele fez. Qualquer que seja a atitude que, diante de Jesus Cristo, se adote, não se pode deixar de reconhecer que na História, foi Ele quem elevou a Humanidade a esta altura.” 27 “Quem se esforçar por conhecer Aquele que trouxe o Evangelho, testemunhará que aqui o divino apareceu com a pureza com que é possível aparecer na terra.” (A. Harnack, Das Wesen des christentums, 1901, pág. 33 e 34). “Que prova de intensa paz e de certeza!” (idem pág. 92). “De um só sabemos haver unido a humildade mais profunda e a pureza de vontade mais completa, com a pretensão de ser mais que todos os profetas que existiram antes dele.” (ibid. pág. 93). 4. Wernle “O desconcertante em Jesus é que Ele tinha consciência de ser mais que um homem, conservando, contudo, a mais profunda humildade diante de Deus.” “É totalmente impossível representar-se uma vida espiritual como a de Jesus.” (P. Wernle, Die Angange Unserer Religion, 1901, pág. 25). 5. George Tyrrell “Eles queriam ter a Jesus por divino, em certo sentido (...). Ele seria Deus a maneira de um sacerdote, de um representante, a manifestação carnal do que Deus significa para nós (...). Jesus seria o mais semelhante a Deus entre os homens.” (Jesus or Christ? Londres, 1909, pág.15). 6. J. Middleton Murry “Jesus é o mais divino dos homens.” (Jesus Man of Genius, Londres e Nova Yorque, 1926). 7. Augusto Sabatier, pai do modernismo francês: “Jesus Cristo é a alma mais pura que jamais existiu; sincera, pura, que conseguiu elevar- se a uma altura a que o homem nunca poderá atingir.” (Esquise d’une Philosophie de la Réligion d’aprés la psychologie et l’histore, Paris, 1896. Les Religions d’autorité et la Religion de l’espirit, Paris, 1903). 8. Channing, que negou radicalmente a divindade de Jesus: “Creio que Jesus Cristo é mais que um homem. Os que não lhe atribuem a preexistência 28 (isto é, os que como ele negavam-lhe a divindade) não o consideram, por isso, de maneira alguma, simples homem, mas estabelecem entre ele e nós profunda diferença. Aceitam, de bom grado, que Jesus Cristo, por sua grandeza e por sua bondade, supera toda e qualquer perfeição humana.” (Discurs sur le caractere de Christ). 9. Wilhelm Bousset: “Jesus permanece, é certo, em relação a nós, a uma distância insuperável... Não ousamos medir-nos com Ele, nem nos colocarmos ao lado desse herói.” (Jésus, trad. franc. da 3a. ed. alemã, Tubigen, 1907, pág.72). 10. Johann Wolfgang von Goethe: “Curvo-me diante de Jesus Cristo como diante da revelação divina do princípio supremo da moralidade.” 11. Jean-Jacques Rousseau (1712-1778), expoente máximo do iluminismo francês: “Se a vida ea morte de um Sócrates são as de um sábio, a vida e a morte de Jesus Cristo são a de um Deus.” 12. David Friedrich Strauss, inimigo feroz do catolicismo: “Cristo não podia ter sucessor que se lhe avantajasse... Jamais, em tempo algum, será possível ascender mais alto que Ele, nem imaginar-se nada que sequer o iguale.” Por essas citações dos expoentes maiores do racionalismo, vemos que perante a sua crítica Jesus Cristo é o máximo em sabedoria moral, em retidão, em justiça, em verdade; mas Deus, não. Ele é o detentor da doutrina mais bela, mais rica e mais simples, que a humanidade já viu; mas não é Deus, para os racionalistas. Ele é perante a ciência racionalista o cume da humanidade, que jamais terá quem o supere; o homem sem desequilíbrio algum, onde reina a máxima harmonia intelectual, moral, psicológica e afetiva; mas não é Deus. Ele é para a crítica racionalista, a alma mais pura e mais bela, mais serena e mais delicada, plena de amor e de verdade. Ele é aquele que detém em si tudo o que é nobre, puro e mais elevado; mas não é Deus. Enfim, ele é “a pedra angular da humanidade, sem a qual os alicerces do mundo seriam abalados”, mas a crítica racionalista não o aceita como Deus. 29 Lamentavelmente o influxo da afetividade cega não permitiu que os racionalistas, seguindo a sua lógica científica, aceitassem Jesus também como Deus, para não se comprometerem com as suas exigências morais. Como disse Strauss: “Não querem admitir os Evangelhos, não porque haja razões para isso, mas para não admitir as consequências morais dos mesmos”. Santo Agostinho já dizia que aqueles que negam a existência de Deus, sempre o fazem por conveniência. Ainda que os racionalistas tivessem muitas outras provas da divindade de Jesus, ainda assim não o aceitariam como Deus. Jesus lamentou profundamente o comportamento desse tipo. Disse aos judeus: “Se eu não tivesse vindo e não lhes houvesse falado, não teriam culpa, mas agora não têm desculpa do seu pecado (...). Se eu não houvesse feito entre eles tais obras, como nenhum outro as fez, não teriam culpa, mas agora viram-nas e, contudo, aborreceram a mim, e não só a mim, mas também a meu Pai.” (Jo 15,22-24). Este é o pecado contra o Espírito Santo. No entanto, o que os racionalistas atribuíram a Jesus, como homem, exatamente isto, mostra que Ele é Deus. Por quê? Jesus afirmou que era Deus, afirmou que Ele e o Pai eram um, que Ele tinha todo o poder no céu e na terra; que quem não o seguisse não entraria no reino dos céus; que Ele voltaria para julgar o mundo no dia do Juízo. Veja algumas das declarações expressas de Jesus: Jo 8,58 — “Em verdade vos digo, antes que Abraão existisse Eu Sou.” A expressão “Eu Sou”, quer dizer em hebraico Yahweh, foi como Deus se apresentou a Moisés. (Ex 3,15) Jo 8,56 — “Abraão, vosso Pai, exultou com o pensamento de ver o meu dia.” Jo 10,36-38 — “(...) como acusais de blasfemo aquele que o Pai santificou e enviou ao mundo, porque eu disse: Eu sou o Filho de Deus? Se eu não faço as obras de meu Pai, 30 não me creiais. Mas se as faço, e se não quiserdes crer em mim, crede nas minhas obras, para que saibais e reconheçais que o Pai está em mim e eu no Pai.” Jo 10,33 — “Os judeus responderam: Não é por causa de alguma boa obra que queremos apedrejar-te, mas por uma blasfêmia, porque, sendo homem, te fazes Deus.” Jo 5,18 — “Por esta razão os judeus, com maior ardor, procuram tirar-lhe a vida, porque não somente violava o repouso do sábado, mas afirmava ainda que Deus era seu Pai e se fazia igual a Deus.” Jo 19,7 — “Responderam-lhe[a Pilatos] os judeus: nós temos uma lei, e segundo essa lei ele deve morrer, porque se declarou filho de Deus.” Mc 14,61 — “O sumo sacerdote tornou a perguntar-lhe: És tu o Cristo, o Filho do Deus bendito? ”Jesus respondeu: eu o sou!” Jo 8,12 — “Eu sou a luz do mundo; aquele que me segue não andará nas trevas, mas terá a luz da vida.” Jo 4,25ss — “Respondeu a mulher: sei que deve vir o Messias (que se chama Cristo) ... Disse-lhe Jesus: Sou eu, quem fala contigo.” Mt 16,13-20 — “Tu és o Messias, o Filho de Deus vivo! (...) - Feliz és tu Simão (...)” Mt 9,2-7 — “Os teus pecados estão perdoados (...)” Para os judeus, só Deus pode perdoar pecados. Mc 2,27s — “O sábado é o dia do Senhor. E Jesus é o Senhor do dia do Senhor.” Além de se declarar Deus, e morrer por causa disto, Jesus fez exigências enormes, que só Deus pode nos fazer: Lc 9,23 — “Se alguém quer vir após mim, renegue-se a si mesmo, tome cada dia sua cruz, e siga-me (...)” Mt 16,25 — “Quem perde a vida por minha causa, ganhá-la-á.” Mt 5,12 — “Felizes os que sofrem perseguição por minha causa.” Lc 14,25 — “Se alguém vem a mim e não ama menos a seu pai, sua mãe, sua mulher, seus filhos, seus irmãos, suas irmãs, sim, até a sua própria vida, não pode ser meu 31 discípulo.” Eis agora, meu amigo, a grande conclusão: Se tudo isto que Jesus disse, fez e acreditou, fosse mentira, então ele seria um paranoico, um visionário, um farsante, um delirante como tantos que já houve no mundo. Se Jesus não acreditou no que dizia, ameaçando até de perda eterna quem não cresse nele, então ele seria o mais refinado vigarista, embusteiro e impostor, digno de cadeia, pois o que ele dizia dele mesmo, o que ensinava e exigia, era sério demais para a vida das pessoas. Das duas uma, então, meu amigo, ou Jesus era Deus mesmo, como afirmou categoricamente, ou era um impostor, um louco varrido, como o povo diz. Não há meio termo. Mas veja, de acordo com a própria crítica racionalista mais exigente, Jesus foi a “obra prima da humanidade”, longe de ser um impostor, um delirante, um maluco, um fanático ou um farsante. Logo, Jesus não se enganou e nem enganou ninguém; era de fato Deus encarnado, perante a lógica da própria ciência racionalista. É a conclusão!... 32 Todas as religiões são boas? Fico impressionado, ao ver um simples mortal ousar fundar uma religião ou uma igreja. Parece até uma brincadeira. Com que autoridade? Com que direito? Com que credenciais? Só mesmo a ignorância ou a soberba humana pode explicar isto. Os fundadores de “religiões” são homens, cheios de iluminismo, exibicionismo, messianismo, às vezes até charlatanismo... Somente a Igreja Católica foi fundada por Deus. Depois que Jesus desceu dos céus, provou que era Deus, imolou-se numa Cruz, fundou a Igreja Católica, como pode alguém ousar fazer algo diferente? Já no Sermão da Montanha, Jesus os chamou de “falsos profetas e lobos vorazes” (Mt 7,21). “Guardai-vos dos falsos profetas, eles vêm a vós disfarçados de ovelhas, mas são lobos arrebatadores.” (Mt 7,15). Somente Jesus provou-nos que é Deus, e deu a maior prova de amor que alguém pode dar: deu a Sua vida por nós! Se a nossa vida não tem preço, quanto vale, então, a vida do “autor da Vida”? Só Ele tem o poder e a autoridade de fundar A Religião e A Igreja. O resto é falsidade, engano dos homens. É o caso de se perguntar: Será que algum desses pretensos “iluminados” provou que era Deus e morreu pelos seus adeptos e discípulos numa cruz? Consta que Buda ressuscitou? Consta que Maomé ressuscitou? Consta que o reverendo Moon, caminhou sobre as águas? Será que o frei Martinho Lutero provou a sua divindade? Será que João Calvino, João Knox, John Smith, John Wesley, Joseph Smith, Charles Ruzzel, Charles Parham, etc., apresentaram as “credenciais divinas” para fundar outras igrejas, além daquela que Jesus já tinha fundado? Nada consta. Será que os Srs. Edir Macedo, Confúcio, Lao-Tsé, Massaharu Taniguchi, Meishu Sama, David Brandt, Helena Blavastky, etc., etc., etc., podem ser comparados com Jesus Cristo?... 33 Que loucura! Quanta ofensa Àquele que disse: “Eu sou a luz do mundo!” (Jo 8,12). Como dói, meu amigo, ver milhões e milhões enganados, saindo da Luz para viver nas trevas do erro, mesmo depois de Jesus ter descido do céu. Ele já nos tinha avisado. O apóstolo São Paulo muito alertou a São Timóteo sobre esses enganadores, em suas Cartas: “O Espírito Santo diz expressamente que nos tempos vindouros, alguns apostatarãoda fé, dando ouvidos a espíritos sedutores e doutrinas diabólicas.” (1Tim 4,1). “Porque virá tempo em que os homens já não suportarão a sã doutrina da salvação. Tendo nos ouvidos o desejo de ouvir novidades, escolherão para si, ao capricho de suas paixões, uma multidão de mestres. Afastarão os ouvidos da verdade e se atirarão às fábulas.” (2Tim 4,2-4). É o que vemos hoje: “falsos profetas”, “doutrinas diabólicas”, “multidão de mestres”, milhares de “fábulas (...)”. Repete-se o que os romanos já diziam: “engana-me que eu gosto”. A única religião que Jesus fundou foi a que subsiste na Igreja Católica, que tem 2000 anos, e que nunca ficou sem um chefe, sucessor de Pedro, que Jesus escolheu. Todas as demais religiões ou seitas foram fundadas por simples mortais, e não por Deus. Por isso é ilógico dizer que todas as religiões são equivalentes entre si, pois elas propõem Credos (o que se deve crer) diferentes, que se excluem mutuamente. Algumas religiões professam ou o politeísmo (muitos deuses), outras o panteísmo (tudo seria Deus), ou o monoteísmo (há um só Deus). Veja, na questão mais essencial da religião, isto é, a concepção de Deus, já há uma enorme diversidade, que se excluem mutuamente, como então, querer que todas as religiões sejam equivalentes e igualmente boas? É ilógico e irracional. Então há que se descobrir a Verdade. Jesus não é um Salvador a mais, ao lado de outros tantos: Buda, Moisés, Zaratustra, Lao-Tse, Confúcio, Maomé, etc... Não, Ele é o único que provou ser Deus. Todos os homens, e também esses religiosos fundadores de seitas e religiões, precisam da salvação que vem de Jesus Cristo. Ele é a Porta da salvação para todos: “Se alguém 34 entra por mim, será salvo” (Jo 10,9). Não há exceção para nenhum homem. A salvação trazida à terra por Jesus, selada com o seu Sangue, é definitiva, irrevogável e insubstituível. Ele deixou isto claro ao afirmar: “Ninguém vai ao Pai senão por mim (...). Eu sou o Caminho, a Verdade e a Vida.” (Jo 14,6). Veja, Ele não disse eu sou “um” caminho, como se houvesse muitos, não. Ele disse eu sou “o” caminho, “a” vida, “a” verdade. É preciso destacar aqui que a posição de Jesus Cristo como Salvador da humanidade, não é por causa da sua grande personalidade humana, nem da profundidade da sua mensagem apenas, mas do fato de que só Ele é o Filho de Deus feito homem. Isto nenhum outro homem pode reivindicar para si. Jesus não é simplesmente um grande profeta ou um grande chefe místico iluminado como tantos que já surgiram, não, Ele ultrapassa todas essas categorias humanas, Ele é o próprio Deus encarnado, feito homem para sempre, sem deixar de ser Deus. Para que a humanidade fosse salva; isto é, pudesse voltar para junto de Deus, reconciliada com o Criador, a culpa dos seus pecados deveria ser paga diante da justiça de Deus. E não havia um homem sequer, por mais santo que fosse, que pudesse pagar esta conta. Então, o Verbo de Deus, a Segunda Pessoa da Santíssima Trindade, por amor a cada um de nós, aceitou se encarnar e assumir a nossa natureza, carne e sangue, para, como homem, e no lugar de cada homem, pagar à justiça divina o preço dos seus pecados. Isto é a Salvação. Só Jesus a pode realizar. Os pecados dos homens assumem proporções infinitas diante de Deus, já que a Sua Majestade ofendida é infinita. Assim, somente Alguém que fosse, ao mesmo tempo, homem e Deus perfeitamente, poderia reparar as ofensas da humanidade diante da Justiça de Deus, pois somente Ele poderia oferecer um resgate de valor infinito. Foi o que Jesus fez, e que nenhum outro homem poderia fazer. São Pedro resumiu muito bem a salvação da humanidade nessas palavras: 35 “Não é por bens perecíveis, como a prata e o ouro, que tendes sido resgatados (...) mas pelo precioso sangue de Cristo, o Cordeiro imolado e sem defeito algum.” (1Pe 1,18). Nenhum fundador de qualquer seita ou religião poderia cumprir tamanha missão redentora. É por isso que São Pedro disse aos judeus: “Em nenhum outro há salvação, porque debaixo do céu nenhum outro nome foi dado aos homens, pelo qual devamos ser salvos.” (Atos 4,12). São João Batista ao apresentar Jesus ao povo judeu, disse: “Este é o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo” (Jo 1,29). Só Jesus pode tirar o pecado do mundo, em cada tempo e em cada lugar, pois só Ele pode pagar o preço dos pecados da humanidade. João disse “Este”..., não há outro. Jesus é, portanto, o único Salvador. Todas as religiões que não apresentam Jesus como o único Salvador do homem, são falsas e perigosas, porque dão a ilusão de uma salvação que não é verdadeira. 36 Somente a Igreja Católica foi instituída por Jesus e necessária para a salvação A Igreja Católica não foi fundada por um Bispo, um Papa, ou um outro iluminado qualquer. Foi o próprio Jesus quem instituiu a Igreja para levar a salvação, que Ele conquistou com o seu sangue, a todos os homens de todos os tempos e lugares, até Ele voltar para entregar tudo a Deus novamente. Vamos entender porque Jesus fundou a Igreja neste mundo. O pecado, desde a origem, dispersou a humanidade, quebrou a unidade e a comunhão dos homens com Deus, já no início da humanidade, rompeu o plano de amor que o paraíso terrestre nos mostra de maneira figurada. Deus Pai nos criou para Si, para que fôssemos a Sua família, destinados a participar da Sua comunhão íntima e desfrutar da Sua vida bem-aventurada, isto é, da sua felicidade perfeita, absoluta. Este é o sentido bíblico de Deus ter colocado o homem em seu jardim, o Éden. O pecado é toda a ofensa a Deus — a mais triste realidade deste mundo — rompeu o belo Plano de amor e “dispersou” os filhos de Deus, dilacerou a Sua família. O homem se perdeu, se afastou do Criador, a fonte da sua vida e da sua felicidade, por tentação do demônio e por culpa própria. Não quis ser fiel a Deus. Mas por que Deus não impediu o homem de pecar? Deus não poderia ter impedido o homem de pecar porque o criou livre, “à sua imagem e semelhança” (Gen 1,26). Não fosse assim, o homem não seria belo como é, dotado de inteligência, vontade, consciência, etc., seria apenas um robô, uma marionete, um teleguiado. Deus nos quis semelhantes a Ele. Diz o Papa João Paulo II que “Ele entrou dentro de Si mesmo para buscar a nossa imagem”. Não poderia nos ter feito mais belos. Através do seu Filho único, Jesus, e através da Igreja, o Pai quis, então, refazer a Sua obra e trazer de volta os seus filhos para a Sua Comunhão, reunir de novo a Sua família 37 com Ele. O Catecismo da Igreja Católica ensina que : “A convocação da Igreja é a reação de Deus ao caos provocado pelo pecado.” (§ 761). Isto quer dizer que a Igreja Católica é o remédio que Deus providenciou para trazer de volta para si todos os homens. Isto é, para salvá-los. Para isto Jesus desceu dos céus, se fez homem encarnando-se no seio de Maria Virgem, e morreu para conquistar o perdão dos nossos pecados diante da justiça de Deus. Por que isto foi necessário, vai ser explicado um pouco adiante. Jesus fundou a Igreja, para continuar a sua obra de salvação, e levá-la a cada homem, de cada povo e de cada nação, até que Ele volte para consumar esta obra. Mas não pense que a Igreja fundada por Jesus seja como um Clube dos seus seguidores, ou apenas uma instituição humana; não, ela está muito além de uma simples instituição de homens; ela é o próprio Cristo vivo, é o seu Corpo místico. Cada um que é batizado é enxertado em Jesus, como um ramo é enxertado em um tronco e passa a fazer parte dele. Pela Igreja somos membros de Cristo, não sócios de um clube. Santo Agostinho, há 1600 anos, assim explicou esta verdade: “Alegremo-nos, portanto, e demos graças por nos termos tornado não somente cristãos, mas o próprio Cristo. Compreendeis irmãos, a graça que Deus nos concedeu ao dar-nos Cristo como Cabeça? Admirai e rejubilai, nós nos tornamos Cristo, com efeito, uma vez que Ele é a Cabeça, e nós somos os membros, o homem inteiro é constituído por Ele e por nós. A plenitude de Cristo é, portanto, a Cabeça e os membros; que significaisto: a cabeça e os membros? Cristo e a Igreja.” (Comentários ao Evang. de João 21,8). Um dia Jesus disse a Pedro: “Tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha Igreja, e as portas do inferno não prevalecerão contra ela. Eu te darei as chaves do Reino dos céus: tudo o que ligares na terra, será ligado nos céus, e tudo o que desligares na terra, será desligado nos céus.” (Mt 16,18-20). Com essas palavras Jesus se dirigiu a Pedro para confiar-lhe o mandato de governar “a 38 Sua” Igreja, deixando claro que a Igreja é “propriedade” Dele (“minha”). É preciso notar com atenção várias coisas nestas palavras de Jesus. Ele disse “a minha Igreja” ; isto é, no singular e de maneira determinada. Ele não disse a Pedro, sobre ti edificarei “uma” Igreja, de maneira indeterminada, como se pudesse haver outras, mas, “a” minha Igreja, no singular. Usou o artigo definido e no singular. Só há, então, uma Igreja Dele. A que entregou a Pedro para apascentar, junto com os Apóstolos. Logo, a Igreja de Cristo, é a Igreja de Pedro, é a Igreja Católica. Não há como tirar outra conclusão dessas palavras claras de Jesus. Seria necessário falsear o Evangelho, com falsas interpretações. Pedro já teve 264 sucessores (os Papas), para que a missão da Igreja continuasse até o fim da história dos homens. A Igreja foi fundada para existir até o fim do mundo. “Eis que eu estou convosco todos os dias até o fim do mundo” (Mt 28,20), disse Jesus. É por isso que o Papa e os bispos têm sucessores; a Igreja deve durar até Jesus voltar; e ninguém sabe quando será. Todas as outras igrejas que surgiram foram frutos da separação de uma facção que não conservou a sucessão apostólica e nem a sucessão de Pedro. Por isso, não são Igrejas. A Igreja Católica é necessária para a salvação. Jesus afirmou que ninguém pode entrar no Reino de Deus “se não renasce pela água e pelo Batismo” (cf. Jo 3,5), quer dizer, se não recebe o Batismo que incorpora a pessoa na Igreja, o Corpo de Cristo. Foi Ele mesmo que determinou aos Apóstolos, antes de sua Ascensão ao céu: “Ide por todo o mundo, e pregai o Evangelho a toda criatura. Quem crer e for batizado será salvo, mas quem não crer será condenado.” (Ev. Marcos 16,15). Por isso, meu amigo, como disse o Concílio Vaticano II: “esta Igreja peregrina é necessária à salvação” (Lumen Gentium, 14). Assim explicou o Concílio Vaticano II: “Somente Cristo presente para nós em seu Corpo, que é a Igreja, é o Mediador e a via da salvação; ora, Ele, inculcando expressamente a necessidade da fé e do Batismo, 39 confirmou também a necessidade da Igreja, na qual os homens entram mediante o Batismo como por uma porta.” (LG, 14). “Não podem salvar-se aqueles que, sabendo que a Igreja Católica foi fundada por Deus, mediante Jesus Cristo, como instituição necessária, apesar disto não querem nela entrar ou nela perseverar.” (LG, 14). E os que não conheceram a Igreja e o Evangelho? Explica a Igreja: “Aqueles que, sem culpa, ignoram o Evangelho de Cristo e sua Igreja, mas buscam a Deus de coração sincero e tentam, sob o influxo da graça, cumprir por obras a Sua vontade, conhecida através dos ditames da consciência, podem conseguir a salvação eterna.” (LG, 16). A Igreja não tem dúvidas em afirmar que: “Cremos que essa única e verdadeira religião subsiste na Igreja Católica, a quem o Senhor Jesus confiou a tarefa de difundi-la aos homens todos, quando disse aos Apóstolos: “Ide, pois, e ensinai aos povos todos, batizando-os em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo, ensinando-lhes a guardar tudo o que vos mandei”. (Ev. Mateus 28,19s). Por sua vez, estão os homens todos obrigados a procurar a verdade, sobretudo aquela que diz respeito a Deus e à sua Igreja e, depois de conhecê-la, a abraçá-la e a praticá-la.” (Declaração Dignitates Humanae, 1, Vaticano II). E o Concílio ainda confirmou com todas as letras: “Esta é a única Igreja de Cristo, que no Símbolo [Credo] confessamos una, santa, católica e apostólica; que nosso Salvador, depois de sua ressurreição, entregou a Pedro para apascentar (Jo 21,17) e confiou a ele e aos demais apóstolos para a propagar e reger (cf. Mt 28,18-20), erguendo-a para sempre como coluna e fundamento da verdade (1Tm 3,15). Esta Igreja constituída e organizada neste mundo como uma sociedade, subsiste na Igreja Católica governada pelo sucessor de Pedro e pelos Bispos em comunhão com ele (...).” (LG, 8). No Decreto sobre o Ecumenismo, o Concílio Vaticano II disse: “Pois somente por meio da Igreja católica de Cristo, a qual é meio de salvação, pode ser atingida toda a plenitude dos meios da salvação. Cremos que o Senhor confiou 40 todos os bens da Nova Aliança somente ao Colégio dos Apóstolos, do qual Pedro é o chefe, a fim de constituir na terra um só Corpo de Cristo, ao qual é necessário que se incorporem plenamente todos os que, de alguma forma, já pertencem ao Povo de Deus.” (Unitatis Redintegratio, 3). A Igreja Católica é, portanto, o lugar em que a humanidade deve reencontrar a sua unidade e a sua salvação. Já no primeiro século do cristianismo era usada a expressão “Igreja Católica”. Católica quer dizer universal, que atinge o mundo todo. A encontramos nos escritos de Santo Inácio de Antioquia, devorado pelos leões no Coliseu de Roma, no ano 107: “Onde está o Cristo Jesus está a Igreja Católica.” Santo Agostinho (350-430), dizia que: “A Igreja é o mundo reconciliado”. “A Igreja recebeu as chaves do Reino dos Céus para que se opere nela a remissão dos pecados pelo sangue de Cristo e pela ação do Espírito Santo. É nesta Igreja que a alma revive, ela que estava morta pelos pecados”. Alguns perguntam: por que a Igreja? Não basta a fé em Jesus Cristo? A resposta é que foi o próprio Jesus quem quis a Igreja como prolongamento de sua presença salvadora no meio dos homens. Ela é o próprio Cristo presente misteriosamente, pelos Sacramentos, no meio dos homens. Ele nos deu a Igreja e o seu Credo, como garantia de que não estamos seguindo apenas o nosso bom senso, ou uma religiosidade amorfa, subjetiva, mas estamos seguindo o caminho de Deus. Quem pergunta: “Por que a Igreja?”, incorre no mesmo erro de quem pergunta: “Por que Cristo?” Cristo veio do Pai e deixou a Igreja. O Pai enviou Jesus para a salvação do mundo, e Cristo enviou a Igreja. Jesus disse muitas vezes aos apóstolos: “Assim como o Pai me enviou eu vos envio a vós (...).” (Jo 20,21). Num Cristianismo sem a Igreja instituída por Cristo (Mt 16,16s) sobre Pedro e os Apóstolos, o próprio Cristo ficaria mutilado, como que degolado... pois a Igreja é o seu Corpo Místico, isto é, pelo Batismo cada cristão se une a Ele formando a nova família de 41 Deus. Como disse Teilhard de Chardin, “sem a Igreja o Cristo se esfacela”. Ele deixou a Igreja Católica, exatamente para que visionários e iluminados não saíssem por aí pregando e fazendo coisas (fundar igrejas) que Ele não autorizou. Coloco aqui mais alguns testemunhos dos grandes homens da Igreja nos primeiros séculos, atestando porque a Igreja Católica é a única fundada por Jesus. Preste bem atenção na antiguidade das datas: São Vicente de Lerins (†450): “A Igreja de Cristo, cuidadosa e cauta guardiã dos dogmas que lhe foram confiados, jamais os altera; em nada os diminui, em nada lhes adiciona; não a priva do que é necessário, nem lhe acrescenta o que é supérfluo; não perde o que é seu, nem se apropria do que pertence aos outros, mas com todo o zelo, recorrendo com fidelidade e sabedoria aos antigos dogmas, tem como único desejo aperfeiçoar e purificar aqueles que antigamente receberam uma primeira forma e esboço, consolidar e reforçar aqueles que já foram evidenciados e desenvolvidos, salvaguardar aqueles que já foram confirmados e definidos.” (Commonitorium, XXIII). “Perguntando eu com toda atenção e diligência a numerosos varões, eminentes em santidade e doutrina, que norma poderia achar, segura, enquanto possível genérica e regular, para distinguir a verdade da fé católica da falsidade da heresia, eis a resposta constante de todos eles: quem quiserdescobrir as fraudes dos hereges nascentes, evitar seus laços e permanecer sadio e íntegro na sadia fé, há de resguardá-la, sob o auxílio divino, duplamente: primeiro com a autoridade da Lei divina, e segundo, com a tradição da Igreja Católica.” (Commonitorium). Santo Epifânio (†403), batalhador contra as heresias: “A Igreja é a finalidade de todas as coisas.” (Haer. 1,1,5). “Há um caminho real, que é a Igreja católica, e uma só senda da verdade. Toda heresia, pelo contrário, tendo deixado uma vez o caminho real, desviando-se para a direita ou para a esquerda, e abandonada a si mesma por algum tempo, cada vez mais se afunda em erros. Eia, pois, servos de Deus e filhos da Igreja santa de Deus, que conheceis a regra segura 42 da fé, não deixeis que vozes estranhas vos apartem dela nem que vos confundam as pretensões das erroneamente chamadas ciências.” (Haer. 59,c.12s). São Máximo Confessor (580-662): “Com efeito, desde a descida até nós do Verbo encarnado, todas as Igrejas cristãs de toda parte consideram e continuam considerando a grande Igreja que está aqui em Roma como única base e fundamento, visto que, segundo as próprias promessas do Salvador, as portas do inferno nunca prevalecerão contra ela.” (Opus; PG 91,137-140). São Leão Magno (400-461), Papa e doutor da Igreja: “Quem se aparta da confissão da verdade, muda de caminho e o percurso inteiro se torna afastamento. Tanto mais próximo da morte estará quanto mais distante da luz católica.” São Bernardo, doutor da Igreja, mostra todo o seu amor à Igreja nessas palavras memoráveis: “Permaneceremos na fé e combateremos até à morte, se for necessário, pela Igreja, nossa Mãe, com as armas que nos são permitidas: não com escudos e espadas, mas com as orações e as lágrimas a Deus.” (Epist. 221, 3; Migne, P.L.; CLXXXII, 36,387). Esses santos foram gigantes da Igreja, nossa Mãe e Mestra. São João Roberts, uma das vítimas de Henrique VIII, após este se tornar o “Chefe” da Igreja na Inglaterra, antes de morrer na forca, pôde gritar para todos ouvirem, aquela frase que os Santos Padres repetiam nos primeiros séculos: “Fora da Igreja não há salvação.” (Um Santo Para Cada Dia, Ed. Paulinas, SP, 1983, pág 396). Henrique VIII da Inglaterra, por volta de 1530, era então católico, tinha até recebido do papa da época, Leão X, uma condecoração de grande defensor da fé católica, pois tinha impedido o protestantismo nascente de ali se propagar. Mas, infelizmente, pouco depois, desafiou o papa. Ele era casado com Catarina de Aragão, com quem não teve filhos; então, queria que o papa declarasse nulo o seu casamento para que ele pudesse se casar com Ana Bolena, que vivia no palácio. O papa, após o exame da situação, não aceitou declarar a nulidade, uma vez que não era 43 o caso. Revoltado, Henrique VIII fez o Parlamento inglês declará-lo chefe da Igreja na Inglaterra, chamada hoje de Anglicana. Muitos católicos autênticos, que ficaram com o Papa, foram para a morte na guilhotina. São Tomás Morus, que era chanceler de Henrique VIII, católico convicto e homem de sua confiança, preferiu ir para a guilhotina do que trair a Igreja Católica, e ser conivente com os erros do rei. Todos os santos e santas amaram a Igreja com um amor imenso, dedicando a ela toda a sua vida. Santa Teresa de Ávila (1515-1582), doutora, na época de Lutero, dizia: “Procurai a limpeza de consciência e humildade, desprezo de todas as coisas do mundo e fé inabalável no que ensina a santa Madre Igreja.” (Caminho de Perfeição, Ed. Paulinas, 2. ed., pág 129,1979, SP). Infelizmente essa boa Mãe é tantas vezes mal amada por muitos dos seus filhos. Muitos não a conhecem, e por isso não a amam. A desprezam, a criticam, a ofendem, sem perceber que estão ofendendo e magoando o próprio Jesus que a fundou e que é a sua Cabeça. 44 Somente a Igreja Católica tem 2000 anos Pela História da Igreja Católica você pode ver com clareza a sua divindade. Daí se pode ver como se cumpriu até aqui a promessa de Jesus a Pedro: “As portas do inferno jamais prevalecerão sobre ela (...)” (Mt 16,18). Nenhuma instituição humana sobreviveu a tantos golpes, perseguições, martírios e massacres durante 2000 anos; permanecendo intacta; e nenhuma outra instituição humana teve uma sequência ininterrupta de governantes. Já são 264 Papas desde Pedro de Cafarnaum até João Paulo II, da Polônia. Eram 12 Apóstolos, hoje são cerca de 4000 bispos, seus sucessores. Esta “façanha” só foi possível porque ela é verdadeiramente divina; divindade esta que provém Daquele que é a sua Cabeça, Jesus Cristo, e da sua alma, o Espírito Santo. Podemos dizer que, humanamente falando, a Igreja Católica, como começou, tinha tudo para não dar certo. Ao invés de escolher os “melhores” homens do Seu tempo, generais, filósofos gregos e romanos, etc.; Jesus preferiu escolher doze homens simples da Galileia, naquela região desacreditada pelos próprios judeus.“Será que pode sair alguma coisa boa da Galileia?” Natanael perguntou a Filipe. Jesus escolheu os fracos e pequenos, exatamente para deixar claro a todos os homens, de todos os tempos e lugares, que a Igreja é uma Instituição divina, que cresceria e viveria pelo poder de Deus, mais do que pela ação dos homens, e apesar dos seus pecados. E sempre foi assim. Sempre que a Igreja Católica parecia sucumbir nas tormentas do mundo, surgia uma força invisível que a sustentava e reerguia; na maioria das vezes aconteceu pela ação dos santos, os gigantes da Igreja. Aqueles Doze homens simples, pescadores na maioria, “ganharam o mundo para Deus”, na força do Espírito Santo que o Senhor lhes deu no dia de Pentecostes. “Sereis minhas testemunhas (...) até os confins do mundo.” (At 1,8), Jesus lhes disse na despedida. Pedro e Paulo, depois de levarem a Boa Nova da salvação aos judeus e aos gentios da Ásia e Oriente Próximo, chegaram a Roma, a capital do mundo, e ali plantaram o Cristianismo para sempre. Pagaram com suas vidas, sob a mão criminosa de Nero, no 45 ano 67, juntamente com tantos outros mártires, que fizeram o escritor cristão Tertuliano de Cartago (†220) dizer que: “o sangue dos mártires era semente de novos cristãos.” Estimam os historiadores da Igreja em cem mil mártires nos três primeiros séculos de perseguição do Império Romano. Mas estes homens simples venceram o maior Império que até hoje o mundo já conheceu. Aquele que conquistou todo o mundo civilizado da época, não conseguiu dominar a força da fé. As perseguições se sucederam com os Césares romanos: Nero, Trajano, Décio, Domiciano, Diocleciano, etc..., até que o imperador Constantino, cuja mãe se tornara cristã, Santa Helena, se converteu ao Cristianismo, por volta do ano 300. No ano 313 Constantino assinou o Edito de Milão, proibindo a perseguição dos cristãos, depois de três séculos de sangue. Depois, no ano 380, o imperador Teodósio, cristão, declarava o Cristianismo como a religião oficial de todo Império... Estava revogado o paganismo em Roma. Depois disso, o imperador Juliano, chamado pela História, de “o apóstata”, ainda tentou eliminar o Cristianismo, mas não conseguiu, já era tarde, o Cristianismo já tinha se tornado suficientemente forte; e Juliano no leito de morte exclamava: “Tu venceste, ó galileu!”. Assim, meu amigo, o grande Império Romano, o maior que a História já conheceu, se ajoelhou diante da Cruz e da Igreja Católica! É impressionante que a Igreja conquistou Roma, não pela força das armas, mas pela força da fé e do sangue. São Paulo diz que “na plenitude dos tempos Deus enviou o seu Filho ao mundo (...)” (Gálatas 4,4). Essa “plenitude dos tempos” aconteceu durante a existência do Império Romano. O bispo e escritor cristão do século II, da Palestina, Orígenes (†220) disse que: “Querendo Deus que todas as nações estivessem preparadas para receber a doutrina de Cristo, a Providência divina submeteu-as todas ao Imperador de Roma.” O mesmo dizia Prudêncio (348-410), escritor cristão e conselheiro do imperador Teodósio: “Este é o significado das vitórias e dos triunfos do Império. A paz romanapreparou o caminho para a vinda de Cristo.” 46 Tertuliano, leigo, escritor cristão de Cartago (†220) disse que: “Nunca houve entre os cristãos um revoltado, um conspirador, um assassino”. “Nós nos multiplicamos quando nos ceifam”. “Sanguis martyrum est semen christianorum.” A marca impressionante desta Igreja invencível e infalível, esteve sempre na pessoa do sucessor de Pedro, o Papa. Cerca de 30 primeiros papas sucessores de Pedro foram também mártires. Os Padres da Igreja, os seus primeiros teólogos, cunharam uma frase que ficou célebre: “Onde está Pedro, está a Igreja; onde está a Igreja está Cristo”. Isto é, não existe Igreja de Jesus Cristo, sem Pedro. Depois, então, da perseguição romana, vieram as terríveis heresias. O demônio nunca dará tréguas à Igreja. Já que não conseguiu destruir a Igreja, a partir de fora, tentou fazê- lo a partir de dentro. De alguns Patriarcas das grandes sedes da Igreja, Constantinopla, Alexandria, Antioquia, Jerusalém, e outras partes, surgiram falsas doutrinas, ameaçando dilacerar a Igreja por dentro. Era o pelagianismo, o maniqueísmo, o gnosticismo, o macedonismo, nestorianismo, etc... Mas o Espírito Santo incumbiu-se de destruir todas elas, e o barco da Igreja continuou o seu caminho até nós. Nos primeiros Concílios ecumênicos, especialmente os de Niceia (325), Constantinopla I (381), Éfeso (431), Calcedônia (451), Constantinopla II (553) e Constantinopla III (681), as heresias foram todas vencidas e condenadas. Nestes séculos foram entendidas e firmadas as grandes verdades da fé católica, que rezamos no Creio. Cristo deixou a Sua Igreja na terra como “a luz do mundo” e “a coluna e o sustentáculo da verdade” (1Tm 3,15). Depois que desabou o Império Romano do ocidente, quando Roma caiu nas mãos dos bárbaros (visigodos, ostrogodos, lombardos, francos, alamanos, hunos, etc.), em 476, coube à Igreja Católica o papel de mãe destes filhos abandonados nas mãos dos bárbaros, pois, desde o ano 330 o imperador Constantino, temendo os bárbaros, já tinha transferido a sede do império para o oriente, em Bizâncio, que passou a se chamar Constantinopla, hoje Istambul, na Turquia. Lactâncio (Luccius Caccilius Firmianus, 260-325), apologista cristão, dizia desde o 47 século III: “Somente a Igreja sustenta tudo”. Não havia outra Igreja senão a Católica. No cenário confuso e desolador dos bárbaros ia sendo cada vez mais respeitada e solicitada a autoridade do Bispo de Roma (o Papa), que então exercia o papel de defensor das populações então devastadas. São Leão Magno, Papa (440-461) e doutor da Igreja, enfrentou Átila, rei dos hunos, às portas de Roma, e impediu que este bárbaro, o “flagelo da História”, destruísse Roma; o mesmo fez depois com o bárbaro Genserico. Aos poucos a Igreja foi cristianizando também os bárbaros, já que esta é a sua missão, até que o rei e a rainha dos francos, Clovis e Clotilde, receberam o batismo no ano 500. Era a entrada maciça dos bárbaros no cristianismo. Isto só foi possível graças aos milhares de evangelizadores, muitos santos, que percorreram toda a Europa anunciando a salvação trazida por Jesus ao mundo. A admiração pela Igreja, e o reconhecimento do seu trabalho, foi fazendo com que muitos nobres, ao morrer, deixassem suas terras ao Papa. Tudo isto fez com que surgisse em torno do Papa um Estado Pontifício, dentro da Itália de hoje. Isto foi reconhecido oficialmente pelo chefe do reino dos Francos, Pepino o Breve, que dominava o ocidente. No Natal do ano 800, na Catedral de Reims, na França, o rei franco Carlos Magno, filho de Pepino o Breve foi coroado pelo Papa. Assim, também os bárbaros se rendiam à fé de Cristo e da Igreja Católica. Também eles se ajoelharam diante de Cruz, e a civilização cristã ocidental foi salva pela Igreja. Muitos historiadores escondem isto. Assim surgiu o Estado Pontifício que durou do ano 756 até 1929 com o Tratado de Latrão, que reduziu — pelas armas — o Vaticano apenas a 0,44 km2 de hoje (menor Estado independente do mundo). É preciso dizer que o Estado Pontifício original foi tomado da Igreja, na guerra de unificação da Itália em 1870. Por tudo isto, em toda a Idade Média (452-1542) predominou a marca do Cristianismo na Europa. Não havia nada além do Cristianismo; falava-se da civilização da Cristandade, da qual somos herdeiros, e que moldou os valores morais e éticos da 48 sociedade ocidental. Nesta época, tudo era católico, respirava-se a fé. Surgiram as mais belas Catedrais que o mundo já viu, como a bela expressão da fé; as Cruzadas ao Oriente, no zelo de defender a fé e libertar a Terra Santa profanada pelos muçulmanos; surgiram a primeiras Universidades pelas mãos da Igreja, etc. Lamentavelmente, em 1517 o monge agostiniano, Martinho Lutero, fundou a igreja luterana. Veja bem, 15 séculos depois! É o caso de se perguntar: será que Jesus e o Espírito Santo teriam abandonado a Igreja por 15 séculos, deixando-a errar o caminho?... Jamais! As demais comunidades protestantes que existem hoje (mais de 20.000 denominações!) foram derivadas das protestantes originais. Somente a Igreja Católica existiu no século I, no século X e no século XX, ensinando fielmente a doutrina que Cristo entregou aos Apóstolos, sem omitir nada. Nenhuma outra igreja pode pretender ser a Igreja que Jesus fundou. Essas comunidades protestantes só têm a Bíblia, porque a herdaram da Igreja Católica. Ora, se a Igreja Católica estivesse errada, então, como eles podem usar a mesma Bíblia, que a Igreja compôs? É uma incoerência. Sim, como já dissemos, foi a Igreja Católica quem compôs a Bíblia. Nenhum livro da Bíblia traz o seu Índice. Foi a Igreja, em muitos Sínodos de Bispos, quem discerniu os livros inspirados. Lamentavelmente os protestantes excluíram dela sete livros (I e II Macabeus, Sabedoria, Eclesiástico, Tobias, Ester, Judite), que os judeus, no século I, excluíram do Antigo Testamento por razões nacionalistas, mas que a Igreja Católica considerou inspirados, desde o seu início. A Igreja, como Jesus avisou, sempre esteve ameaçada; nos tempos modernos levantaram-se contra ela as forças do materialismo, do racionalismo, do comunismo, do nazismo, que fizeram milhares de mártires cristãos, especialmente neste triste século XX que chegou ao fim marcado por tantas ofensas a Deus. Certa vez Stalin, ditador soviético, após a Segunda Guerra, para desafiar a Igreja, perguntou quantas legiões de soldados tinha o Papa; é pena que ele não tivesse sobrevivido até hoje para ver o que aconteceu com o comunismo... 49 Muitos filhos da Igreja derramaram o seu sangue por amor a Cristo e a ela. Em 1988, Monsenhor Ignatius Ong Pin-Mei, Bispo de Shangai, no dia seguinte de sua libertação, depois de passar 30 longos anos nas prisões da China, por amor a Cristo e fidelidade à Igreja Católica, declarou: “Eu fiquei fiel à Igreja Católica Romana. Trinta anos de prisão não me mudaram. Eu guardei a fé. Eu estou pronto amanhã a voltar novamente à prisão para defender minha fé.” (PR). Igualmente o Cardeal da Tchecoslováquia, Frantisek Tomasek, arcebispo de Praga, no ano de 1985, nos tempos difíceis da perseguição comunista, perguntado por um repórter: “Eminência, não está cansado de combater sem êxito?”, respondeu: “Digo sempre uma coisa: quem trabalha pelo Reino de Deus faz muito; quem reza, faz mais; quem sofre, faz tudo. Este tudo é exatamente o pouco que se faz entre nós na Tchecoslováquia.” (IL Sabato 8,14/06/85, pág.11), (Revisa PR, n. 284, jan 86). É bom recordar aqui que, alguns anos depois, em 1989, o comunismo começava a desmoronar em toda a Cortina de Ferro... Todas as outras “igrejas” cristãs são derivadas da Igreja Católica; a ortodoxa de Constantinopla rompeu com Roma em 1050; as protestantes em 1517; a anglicana, em 1534, e assim por diante. Ninguém pode negar, seguindo os Evangelhos, que a Igreja primitiva seja a Igreja Católica, fundada por Jesus sobre Pedro e os Apóstolos. Isto é um dado histórico suficiente. 50 Somente à Igreja Católica Jesus garantiu a infalibilidade Por que a Igreja e o Papa
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