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ARTIGO - AUTISMO E INCLUSÃO

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CENTRO UNIVERSITÁRIO INTERNACIONAL UNINTER
MARCIA DOS SANTOS PEIXOTO ALBUQUERQUE – RU: 977473
A FUNÇÃO DO LÚDICO NO DESENVOLVIMENTO COGNITIVO DA CRIANÇA NA EDUCAÇÃO INFANTIL
CARUARU
2021
MARCIA DOS SANTOS PEIXOTO ALBUQUERQUE – RU: 977473
A FUNÇÃO DO LÚDICO NO DESENVOLVIMENTO COGNITIVO DA CRIANÇA NA EDUCAÇÃO INFANTIL
Artigo Científico em Pedagogia apresentado à disciplina de Metodologia da Pesquisa e Trabalho de Conclusão de Curso, do curso de Licenciatura em Pedagogia do Centro Universitário Internacional UNINTER como requisito parcial para obtenção do título de Licenciado em Pedagogia.
CARUARU
2021
RESUMO
O ato de brincar é de suma importância para todas as crianças, sobretudo para as menores. É por meio da brincadeira que as crianças desenvolvem sua percepção sobre o mundo, comunicam-se e se insere nos mais diversos contextos sociais. Além de ser um direito da criança, a brincadeira é um elemento essencial para o desenvolvimento da mesma, deste modo, as escolas, principalmente as séries iniciais devem colocar em primeiro plano e dar a devida importância para esse ato. Assim, propomos neste artigo a discussão da presença do ato de brincar no contexto da educação infantil. Falaremos sobre o devido modo de mediação que envolve o professor, os materiais que serão usados para desenvolver atividades que envolvam o brincar como ato de aprendizagem, a organização dos brinquedos e dos ambientes que tem uma grande influência na aquisição do conhecimento decorrente da brincadeira. Não falamos aqui apenas do ato vazio de brincar, é preciso que a brincadeira traga algum tipo de virtude para a criança e para que isso ocorra é necessário estar atento aos agentes que mediam essas atividades. Por meio da pesquisa bibliográfica de caráter descritivo, refletimos a respeito da forma como a escola está (ou não) sistematizada e como o docente insere o brincar no seu anfêmero. Examinamos a relevância do contexto da escola estar organizada de um modo que instigue a imaginação e a brincadeira, bem como do docente colocar-se como facilitador de um ambiente rico e produtivo para brincadeira que visem a aprendizagem. 
PALAVRAS-CHAVES: Aprendizagem; Brincar; Educação Infantil.
	
SUMÁRIO
Introdução	5
Revisão Bibliográfica	7
Processo de Desenvolvimento do Projeto de Ensino	16
3.1 Linha de Pesquisa 	16
3.2 Justificativa 	16
3.3 Problematização 	16
3.4 Objetivos 	17
3.5 Conteúdos 	17
3.6 Metodologia 	17
Tempo de Realização 	18
3.8 Recursos Humanos e Materiais 	18
3.9 Avaliação 	18
Considerações Finais	20
Referências	22
			
iNTRODUÇÃO
Muito tem se falado sobre a brincadeira como facilitadora da aprendizagem, de sua importância para as crianças que estão passando pelo processo de desenvolvimento social e escolar na educação infantil. A brincadeira deixou de ficar restrita apenas as casas das crianças e transpassou os muros das escolas. É necessário entender o que se quer dizer quando falamos em “brincar” e entender a importância no dia-a-dia das crianças destinado a uma brincadeira com finalidade e qualidade, em um ambiente adequado, com insumos que instiguem a curiosidade da criança e estimule sua criatividade. 
Ter um adulto ou até mesmo de outras crianças ou objetos que lá estão à disposição da criança faz toda a diferença na brincadeira. É necessário que haja espaço e liberdade para a criança brincar, mas é de suma importância que alguém supervisione a brincadeira, a fim de perceber suas necessidades, seus anseios de modo a compreender e estimular a brincadeira. 
Para Kishimoto (2001), a urbanização, a industrialização e os novos modos de vida fizeram com que a criança fosse esquecida e que a infância se encerrasse, transformando a criança em um precoce aprendiz. A maioria das crianças passam grande parte do dia na escola e é por isso que este recinto deve pensar, sobretudo, nas necessidades da criança. Promover atividade que respeitem a infância (além das que são necessidade básica de todo ser humano), a brincadeira também é um direito da criança. 
Segundo Leontiev (2006), a principal atividade das crianças pequenas, pois é ela que vai impulsionar a criança para outro nível de desenvolvimento. Brincar é necessário, é por meio das brincadeiras que as crianças descobrem o mundo e se inserem num primeiro momento na sociedade em que vivem. De acordo com Brougère (2001), a brincadeira supõe um contexto social e cultural, sendo um processo de relação interindividuais de cultura. É por meio do ato de brincar que a criança conhece o mundo e seu leque de oportunidades de aprendizagem. 
O brincar é um ato social, a criança dificilmente brinca sozinha, ela sempre tem em mão um brinquedo, ou está inserida em um ambiente que lhe permita criar uma história, um amigo ou um docente que faça a mediação dessa relação, fazendo do brincar algo importante, criativo e estimulante. O docente pode mudar a forma de brincar, o contexto da brincadeira. Ele pode fazer com que ela forneça oportunidade de múltiplas aprendizagens para a criança. 
Compreendendo isso, a escolas que possuem classes de educação infantil e que prezam pelos direitos e as necessidades de suas crianças não podem de forma alguma deixar de incluir no seu currículo o ato do brincar. Planejamento, materiais, ambiente adequados, incentivo por parte da gestão da escola e interesse dos docentes são os elementos frutíferos para essa aprendizagem pelo brincar. 
Como o brincar vem sendo tratado no interior das escolas de educação infantil, o incentivo, os espaços e as mediações que tem acontecido nessas instituições e a importância disso tudo para a aprendizagem e desenvolvimento da criança são os focos de discussão do presente artigo. Para compor este projeto de estudo, fundamentei-me no trabalho de alguns autores que versam sobre este tema, como Carneiro, Bomtempo, Kishimoto, Piaget, Vigotsky, dentre outros.
Revisão BIBLIOGRÁFICA
A criança entre o zero e os seis anos tem uma grande necessidade de brincar, pois a brincadeira incute na criança o interesse pelo desconhecido e a envolve completamente, de forma que tudo que é prazeroso e divertido se torna bem mais interessante para ela. Desta feita, a criança é inserida na vivência da brincadeira de corpo inteiro e a partir dessa atividade, pode aprender muitas coisas. (BRASIL, 2001)
É no ato de brincar que a criança desenvolve a aptidão para se desenvolver socialmente, “porque, brincando, a criança desenvolve a sociabilidade, faz amigos e aprende a conviver, respeitando o direito dos outros e as normas estabelecidas pelo grupo” (CUNHA, 1994, p. 11). 
Promover essa interação é concordar que as mais diversas formas de sentir e expressar a realidade que a envolve tem as mais diversas respostas, que são objeto de troca entre as próprias crianças e isso garante uma grande parcela de suas aprendizagens. 
A esse respeito, Fortuna (2011, p. 9) afirma que: 
A brincadeira é tão importante para o desenvolvimento humano que até mesmo quando ocorrem brigas ela contribui para o crescimento e a aprendizagem. Negociar perspectivas, convencer o opositor, conquistar adesões para uma causa, ceder, abrir mão, lutar por um ponto de vista – tudo isso ensina a viver.
Quando falamos de brincadeira, não podemos esquecer a importância dos brinquedos para as crianças. O brinquedo é um convite para a brincadeira. De acordo com Cunha (1994), os brinquedos são responsáveis pela socialização da criança. É a partir do brinquedo que a criança aprende sobre valores e crenças. 
O brinquedo é sempre um auxílio para as brincadeiras, é um aguilhão para que possa manar a imaginação da criança, tendo uma relação estreita com o nível de seu desenvolvimento (SANTOS, 2004).
Ao falar da brincadeira é importante destacar a relevância do brinquedo para as crianças, pois eles são um convite ao ato de brincar. Segundo Cunha (1994), os brinquedos também são responsáveis pela socialização: a partir deles, a criança assimila valores e crenças. O brinquedo como objeto é sempre um auxílio para as brincadeiras, um incentivopara fazer fluir a imaginação infantil, tendo uma relação estreita com o nível de seu desenvolvimento (SANTOS, 2004). 
Vygotsky (2007) acrescenta que no início da idade pré-escolar, quando começam a se manifestar os desejos que não podem ser satisfeitos de imediato, a criança entra em um mundo ilusório para resolver tal angústia e, esse mundo imaginário é chamado de brinquedo. De acordo com Vygotsky, por meio do brinquedo a criança aprende a agir numa esfera cognitiva. Nessa fase da idade pré-escolar acontece uma distinção entre os campos de significado e da visão. O pensamento, que antes era determinado pelos objetos exteriores, passa a ser regido pelas ideias.
Podemos afirmar que o brinquedo é necessário para a infância, pois ele é o elo do crescimento que proporciona a criança a chance de explorar todo um universo ao seu redor, de forma que ela pode se descobrir e se entender. A criança pode entender como se sente, entender seus pensamentos e ideias e sua forma de agir. O brinquedo tem ligação direta com a idade, o sexo, a presença de colegas bem como das características relacionadas ao novo, ao complexo e à variável. 
Ele pode desempenhar inúmeros papéis, podendo ser tanto cooperativo quanto competitivo. Existem um leque enorme de brinquedos e brincadeiras que estimulam a criança e a envolvem de forma integral. Quanto mais o brinquedo consiga possibilitar a exploração pela criança, melhor. 
No processo de formação do ser humano, a educação infantil tem papel fundamental. A educação infantil é voltada para crianças que estão nas fases iniciais da escolarização, fase essa que vai até por volta dos cinco de anos de idade. De acordo com a LDBEN – Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional – nº 9.394 de 20 de dezembro de 1996: 
[...] a perda total ou parcial, congênita ou adquirida, da capacidade de compreender a fala por intermédio do ouvido. [...] Simplificando bastante, podemos dizer que recebemos as informações, difundidas pelo canal auditivo, por meio das palavras, e assim aprendemos a falar. A pessoa surda não recebe essas e outras informações auditivas da mesma forma que a maioria. (Lima e Vieira, 2006, p. 52-53)
A escola, especialmente as séries voltadas para educação infantil não deve ser vista como um ambiente em que os pais entregam seus filhos para serem cuidados enquanto trabalham. E escola deve ser compreendida como um espaço de aprendizagem, brincadeira e desenvolvimento social e cognitivo. 
Visto isso, a educação infantil deve ser considerada um ambiente onde os artifícios educativos são fabricados de forma dinâmica, que propicia troca de sentimentos, conhecimentos e experiências. Quando a educação infantil elabora um ambiente de aprendizagem e ensino, é necessário pensar em reproduzir momentos de prazer, recreação e criação do lúdico (RODRIGUES; SILVA; PARIZ, 2003). Para que esse processo seja eficaz, serão expostas algumas características do desenvolvimento infantil e da sua aprendizagem.
Na educação infantil, propiciar para a criança que envolvam brincadeiras envolvendo aprendizagem auxiliam no desenvolvimento das potencialidades das crianças. Brincadeira e aprendizagem facilitam o desenvolvimento da criança se adaptar no seio social e no conhecimento de suas competências, sejam elas corporais, afetivas, emocionais, fazendo com que a criança se desenvolva de maneira sadia. 
O conceito de lúdico pode ser entendido pelas ações do brincar em que jogos são inseridos, bem como o brinquedo e a brincadeira. O lúdico é visto como uma atividade agradável, traz alegria e satisfação, possibilitando a aprendizagem da criança de forma significativa (RAU, 2012). 
Segundo a teoria de Piaget, podemos classificar atividades lúdicas em três:
1ª categoria: nesta categoria estão inclusos os jogos de exercícios e os funcionais. São caracterizados pelo período sensório-motor, que começa por volta dos quatro meses de idade logo que a criança começar a ter um melhor controle sobre sua coordenação da visão e percepção. É nítido que nesse período a criança sinta prazer em jogos que envolvam algum tipo de repetição. O ato de imitar é importante para o desenvolvimento das atividades do bebê dessa ação que a criança passa a interpretar o mundo que a rodeia (SOUZA; MARTINS, 2005).
2ª categoria: nesta categoria estão inclusos os jogos simbólicos também conhecidos como jogos de faz-de-conta. Se evidenciam pelo período de desenvolvimento entre os dois anos a sete anos de idade. Quando a criança imita ações do seu cotidiano ela passa a dar vida aos objetos. De pronto primeiro analisa os gesto e ações dos indivíduos mais próximos e depois reproduzem e imitam suas ações (SOUZA; MARTINS, 2005).
3ª categoria: Esta categoria faz remete aos jogos de regras. Esse tipo de jogo está presente no período de desenvolvimento das operações concentras. Isso ocorre por volta dos onze anos de idade. Com o crescimento da criança, ela amplia o seu processo de socialização e começa a praticar de jogos que envolvam regras. Durante este período é importante que haja cooperação entre os que estão envolvidos no jogo. O jogo se desenvolve por meio de jogos simbólicos, isto é, uma posição imaginativa em que cada criança desenvolve um papel que a conecta diretamente com as outras. 
De acordo com Duprat (2014): 
as atividades lúdicas, além de oferecer momentos prazerosos, são responsáveis pelo desenvolvimento de diversas habilidades como a inteligência, a coordenação e a socialização. Portanto, mesmo sem ter consciência disso, ao brincar, a criança está desenvolvendo aspectos físicos e psíquicos.
O lúdico deve ser trazido para o âmbito escolar e ser tratado com a devida seriedade. O jogo é recurso pedagógico e tem o objetivo de ensinar de forma prazerosa e por fim, atingir metas pré-estabelecidas. Para Kishimoto (2011): 
o jogo educativo está associado a duas funções: A primeira função lúdica do jogo apresenta a ideia de que sua experiência proporciona a diversão, o prazer quando escolhido espontaneamente pela criança. A segunda função educativa é quando a ação do jogo desenvolve saberes no indivíduo.
Desta feita, deve haver o equilíbrio das funções para o objetivo determinado seja atingido. É necessário correlacionar os conhecimentos e os conteúdos com o contexto social em que o aluno vive, não pode haver uma descontextualizarão. O docente precisar levar em conta que os fatores externos são peças importantes para a formação do aluno quando tornam significativo os problemas por ele proposto. É nesse contexto que o lúdico pode ser utilizado como um instrumento facilitador da aprendizagem. 
Huizinga (apud RICHTER; FRONCKOWIAK, 2011, p.40) leciona que o jogo é uma “função significante, isto é, encerra um determinado sentido [...] que transcende as necessidades da vida e confere um significado à ação”
Assim, quando a criança executa o ato de brincar, ela sente prazer e alegria em realizar essa atividade, tornando a aprendizagem eficaz, de modo que se enquadra na realidade social da criança. Para Brougère (2013) a brincadeira não é uma dinâmica interna do indivíduo, mas sim uma ação favorecida de um significado social preciso, que assim como outras atividades, requer uma aprendizagem. Brincar é nada mais que uma coleção de atividades do ser humano que se caracteriza pelo contexto social que a criança está inserida. 
Já Antunes (2008), diz que o jogo é um recurso ideal para uma aprendizagem significativa, pois a partir da brincadeira que o interesse da criança é estimulado. O autor ainda afirma que, filósofos, sociólogos e antropólogos acordam que: 
compreender o jogo como uma atividade que contém em si mesma o objetivo de decifrar os enigmas da vida e de construir um momento de entusiasmo e alegria na aridez da aprendizagem e da caminhada humana pela evolução biológica. [...]. Em síntese, o jogo é o melhor caminho de iniciação ao prazer estético, à descoberta da individualidade e à meditação individual (ANTUNES, 2008, p. 38).
Ainda assim, é importante perceber que nem todo jogo ou brincadeira é um dispositivo pedagógico. Alinha tênue que separa um jogo pedagógico de qualquer outro também de caráter lúdico é que os chamados “jogos pedagógicos” tem o intuito de promover a aprendizagem eficaz e significativa, impulsionando a construção de novos conhecimentos e fomentando o desenvolvimento.
 Desta feita, o jogo só é competente quando utilizado no momento correto. Determinar o momento correto é um exercício de observação da criança, se ela demonstra interesse pelo jogo, os objetivos propostos foram alcançados. Porém, se a criança apresentar algum tipo de prostração quando o jogo for aplicado, a atividade deve ser interrompida. De com Haetinger (2006), as experiências lúdicas na escola facilitam a formação de vínculos entres os alunos e professores e também a aprendizagem. 
Utilizar atividades lúdicas como meio pedagógico é capaz de acrescentar elementos para a formação total da criança. A ludicidade inserida no contexto educacional é compósita por tarefas importantes que estão de acordo com as exigências das crianças de forma integrada, correlacionada à sua vida sociocultural na metodologia de construção do conhecimento. Para Jean Piaget, é por meio da ludicidade que a criança incorpora a sua própria realidade. Portanto, o jogo ganha um valor educacional (BRENELLI, 2015).
Para Wallon (2007) o jogo e a brincadeira se dividem em quatro estágios, que são:
1º estágio: envolvem brincadeiras funcionais, caracterizadas por simplórios movimentos e exploração e conhecimento do próprio corpo, como por exemplo estender e contrair braços e pernas, mover os dedos, tatear objetos, causar ruídos sonoros. 
2º estágio: aqui estão contidas as brincadeiras de ilusão ou faz-de-conta, aquelas que são criadas pela imaginação da criança, aqui a interpretação da brincadeira é mais hermética.
3º estágio: é o estágio das brincadeiras por aquisição. Estão ligadas a aptidão da criança de observar e ouvir para compreender seres e coisas.
4º estágio: aqui se enquadram as brincadeiras que envolvem brincadeira relativas a fabricação do brincar. A criança manipula, cria e transforma os objetos que brinca.
Piaget também entabulou o jogo estágios: 
1º estágio: diz respeito aos reflexos, pois nesse período não há imitação e sim repetição de ações. 
2º estágio: existe a imitação esporádica, desenvolve-se numa fase pré-imitativa, onde a criança começar a captar alguns elementos exteriores aumentando assim a experiência adquirida. 
3º estágio: também chamado de estágio da imitação sistemática, é o período onde a criança consegue reproduzir sons e movimentos feitos por outros indivíduos. 
4º estágio: esse é o estágio da simulação de movimentos já reproduzir por outras pessoas, porém de maneira imperceptível para ele. A criança tende a imitar novos padrões sonoros e visuais. 
5º estágio: é o estágio de imitação metodizada de novos modelos, incluindo aqueles que equivalem aos movimentos invisíveis do próprio corpo. A imitação assume um caráter mais refinado e ativo, caminhando simultaneamente aos progressos da inteligência da criança.
6º estágio: no sexto estágio, começo da imitação representativa e evolução posterior da imitação, a criança consegue imitar de memória um modelo ausente (DUPRAT, 2014).
Para Vygotsky (apud DUPRAT, 2014) os jogos que envolvem situações imaginarias também deverá haver regras, pois situações imaginárias também possuem regras de condutas e sociais. Outra abstração dada por Vygotsky é a da chamada zona de desenvolvimento proximal. A zona de desenvolvimento proximal é um conceito importante da teoria de Vygotsky (2007). 
O autor determina dois níveis de desenvolvimento: o real, representando o que a criança já consegue realizar sozinha, e o potencial, que significa aquelas atividades que a criança tem capacidade de realizar, mas ainda não o faz. A zona de desenvolvimento proximal, ou ZDP, se encontra entre esses dois níveis de desenvolvimento, ela representa o que a criança consegue realizar, mas contando com a ajuda de um mediador. 
O que está na ZDP hoje, amanhã pode ser desenvolvimento real. Ou seja, é essencial para o aprendizado criar a zona de desenvolvimento proximal. Essas zonas são as que irão determinar o nível de desenvolvimento em que a criança se encontra. Segundo o autor, é importante não avaliar as dificuldades, mas suas diferenças, pois cada criança possui um ritmo. Por fim, Vygotsky afirma que a criança é capaz de avançar em seu desenvolvimento a partir das atividades lúdicas. 
Entendemos que o brincar é importante para o desenvolvimento da criança e Vygotsky (2007) confirma essa afirmação. O autor coloca que o brincar é uma atividade que estimula a aprendizagem pois cria uma zona de desenvolvimento proximal na criança:
[...] No brinquedo, a criança sempre se comporta além do comportamento habitual de sua idade, além do seu comportamento diário; no brinquedo é como se ela fosse maior do que ela é na realidade. Como no foco de uma lente de aumento, o brinquedo contém todas as tendências do desenvolvimento sob forma condensada, sendo ele mesmo uma grande fonte de desenvolvimento. (VIGOTSKI, 2007, p.134).
Depois de explanarmos a relevância do brincar no desenvolvimento da criança conjuntamente a aprendizagem infantil, este capítulo tem por objetivo sistematizar as principais brincadeiras pedagógicas que podem ser operadas no âmbito escolar como dispositivos potencializadores das diversas práticas educacionais. Num segundo momento evidenciaremos que é importante que haja um espaço privilegiado para a criança brincar, como por exemplo, uma brinquedoteca. 
De acordo com Cunha (2004), nesse tipo de brincadeira a criança tem a chance de reproduzir o mundo dos adultos, aquele que, por conseguinte ela também está envolvida. “Elas representam a possibilidade de imaginarmos ser quem não somos, de estarmos em lugares e planetas diferentes” (SOMMERHALDER; ALVES, 2011, p.16). Seguindo o pensamento de Coelho e Pedrosa (2012), o brincar utilizando o faz-de-conta ser caracteriza como uma prática em que a criança é mirada num mundo que é só seu, o mundo das fantasias. De acordo com as autoras, esse tipo de brincadeira faz com que a criança altere um objeto ou qualquer outra coisa que é irreal, como por exemplo, usa um cabo de vassoura fantasiando ser um cavalo. 
Ademais, é neste mundo hipotético, a criança retrata com seu próprio corpo traços dos personagens que imita, sejam eles racionais ou irracionais. Para Oliveira (2011) ensina que na brincadeira de faz-de-conta a criança desenvolve sua autonomia, criatividade e imaginação. A principal finalidade desse tipo de brincadeira é o desenvolvimento da socialização e do desenvolvimento da linguagem. Na brincadeira do faz-de-conta é indispensável que se faça uso de leituras que estimulem a imaginação. Na literatura infantil o componente imaginativo é essencial. É este componente que dá vida à história e por conseguinte, a fantasia. O “era uma vez...” refere-se a uma frase mágica que abre portas de castelos e baús de tesouros, uma frase mágica em que as crianças soltam a sua imaginação (ANDRADE, 2014). 
Segundo Andrade (2014), para o leitor infantil ser despertado para o mundo imaginário é necessário que o professor desperte nos alunos os encantamentos da leitura. De acordo com Abramovich (1997, p. 17):
A importância das histórias é também suscitar o imaginário, é ter a curiosidade respondida em relação a tantas perguntas, é encontrar outras ideias para solucionar questões (como as personagens fizeram...). É uma possibilidade de descobrir o mundo imenso dos conflitos, dos impasses, das soluções que todos vivemos e atravessamos – de um jeito ou de outro – através dos problemas que vão sendo defrontados, enfrentados (ou não), resolvidos (ou não) pelas personagens de cada história (cada uma a seu modo)... É a cada ir se identificando com outra personagem (cada qual no momento que corresponde àquele que está sendo vivido pela criança)... e, assim, esclarecer melhor as próprias dificuldades ou encontrar um caminho para a resolução delas.
O jogo propicia o progresso e agitação mental,trabalha a memória, a concentração, o silogismo, a observação e a criatividade. É pelos jogos que a criança conhece valores, formas juízos e faz escolhas (FURTADO, 2008). É importante ressaltar que o jogo desenvolve o interesse, a atitude e autoconfiança. Contribui também para o desenvolvimento da linguagem, no modo de pensar e de se concentrar. 
Jogos de regras devem ser utilizados com crianças por volta dos cinco anos de idade. É por meio desses jogos que o indivíduo experimenta novas interações sociais, interpessoal e intrapessoais. São eles que acicatam ainda o cumprimento e a compreensão das regras que constituem as leis e são uma ordenação imposta pelo grupo (GRASSI, 2013). O jogo de regra exibe um caráter coletivo e competitivo. O coletivo se manifesta no momento em que só se pode jogar em função do outro indivíduo e o coletivo está presente visto que o jogo de regra exterioriza um desafio para a criança em relação a outro e também em relação a si mesma. 
3. PROCESSO DE DESENVOLVIMENTO DO PROJETO DE ENSINO
3.1 Linha de Pesquisa e Tema
O projeto de ensino tem como norte central O Brincar na Educação Infantil: Contribuições da prática metodológica no processo de ensino-aprendizagem. Minha linha de pesquisa é baseada nas obras de autores que amparassem o tema. O tema em questão foi escolhido dado sua importância nos dias atuais bem como pela importância o brincar para o desenvolvimento integral do ser humano nos aspectos físicos, sociais, culturais, afetivo, emocional e cognitivo. Infere-se que o brincar, no contexto educacional, proporciona não somente um meio real de aprendizagem, como também permite que os educadores possam aprender sobre as crianças e suas necessidades. 
3.2 Justificativa
Escolhi este tema justifica-se pela necessidade de contribuir no processo de ensino-aprendizagem da criança na educação infantil, processo de dificuldade de aprendizagem e por entendermos que a parceria entre família e escola é de suma importância para o sucesso no desenvolvimento intelectual, moral e na formação do indivíduo na primeira infância
3.3 Problematização
Qual o conceito que se tem sobre o brincar? Que ações a escola da escola para promover o brincar na educação infantil? Qual a importância do lúdico no desenvolvimento cognitivo da criança? 
3.4 Objetivos
O objetivo geral do meu projeto de ensino é expor a importância do brincar na educação infantil e suas contribuições durante o desenvolvimento da criança no âmbito escolar bem como fora dele, no meio social em que vive. 
Já os objetivos específicos permeiam uma camada mais densa do projeto de ensino, e são eles: 
A) A importância do brincar no processo de ensino-aprendizagem na educação infantil;
B) A atuação do professor no brincar;
C) A visão do pais e da sociedade do brincar como meio de aprendizagem.
3.5 Conteúdos
O conteúdo do projeto se fundamenta em teóricos que se baseiam na reflexão do brincar como procedimento metodológico eficaz para promover a aprendizagem na educação infantil. Serão abordados temas que versam sobre os métodos de aprendizagem, falaremos sobre possibilidade do projeto de ensino em educação para desmistificar a brincadeira no processo de ensino-aprendizagem. 
3.6 Metodologia
Utilizou-se o método bibliográfico de investigação buscando encontrar na literatura existente as definições e as possíveis implicações do que se convencionou denotar sobre a relação do brincar a aprendizagem escolar. Com esse objetivo, foram utilizados diversos tipos de materiais e os dados foram pesquisados baseando-se em publicações como: livros, revistas, TCCs, artigos impressos, teses, dissertações, além de publicações na internet. 
A sequência de procedimentos se deu da seguinte forma: primeiramente foi feita uma seleção do material encontrado sobre o tema, optando-se pelas fontes consistentes e pertinentes de acordo com os objetivos da pesquisa. Para compor este projeto de estudo, fundamentei-me no trabalho de alguns autores que versam sobre este tema, como Carneiro, Bomtempo, Kishimoto, Piaget, Vigotsky, dentre outros.
3.7 Tempo de Realização
Para que fosse possível a realização deste projeto, o realizei por etapas, como mostra o cronograma a seguir: 
	1ª Etapa: 15 dias
	2ª Etapa: 20 dias
	3ª Etapa: 25 dias
	· Escolha e Leitura da fundamentação teórica.
· Pesquisa bibliográfica sobre o tema.
· Escolha e Leitura da fundamentação teórica.
	· Elaboração dos Objetivos do Projeto de Ensino em Educação;
· Elaboração da Introdução do Projeto;
· Montagem do Projeto de Ensino em Educação no Word.
	· Leitura do projeto que teve como tema: “O Brincar na Educação Infantil: Contribuições da prática metodológica no processo de ensino-aprendizagem” 
· Finalização do desenvolvimento do projeto;
· Finalização do considerações finais e conclusão do projeto do ensino em Educação.
 
3.8 Recursos Humanos e Materiais
Utilizei diversos recursos para a realização deste projeto. No diz respeito aos recursos materiais, utilizei: a) livros utilizados na fundamentação teórica do meu projeto de ensino em educação; b) computador para elaboração do projeto; c) manual para elaboração do projeto, impresso em folhas A4. 
3.9 Avaliação
A avaliação do projeto de ensino em educação será por meio de reflexão sobre o tema discutido. 
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Este projeto de ensino em educação buscou trabalhar a importância do brincar no desenvolvimento da criança. Neste estudo, os métodos utilizados para coleta de dados foi revisão bibliográfica. O começo da pesquisa se deu inicialmente explicando a diferença entre o brincar e o jogar. Ambos são dois termos diferentes, porém englobados no contexto lúdico.
Por meio do levantamento bibliográfico pudemos observar que as atividades lúdicas são uma constante na vida das crianças desde a mais tenra idade. Conforme a criança cresce, as brincadeiras passam a ter um aspecto socializador e assim a criança aprende a lidar com as pessoas que a cercam. Falamos sobre as brincadeiras de faz-de-conta, onde a criança aumenta seu leque de habilidades sociais, linguísticas e de interação. Essa brincadeira é um recurso de suma importância para a formação do sujeito, como bem ressalta Vigotsky. Ele fala que o brinquedo é indispensável e essencial para a criança, é o meio de crescimento que dá a criança a chance de explorar o universo ao seu redor. 
Falamos sobre as características da educação infantil, explicitando que esta etapa tem o objetivo de promover o desenvolvimento integral da criança. Fizemos uso dos estudos de Piaget, destacando o estágio sensório-motor e pré-operatório, pois estes estão correlacionados aos anos inicias da infância. Além de Piaget, classificamos as atividades lúdicas de acordo com as teorias elaboradas por Wallon e Vygotsky. Depois de muito refletirmos sobre a importância do brincar e sua relação com a aprendizagem, conseguimos apresentar uma sistematização das mais importantes brincadeiras pedagógicas que podem ser usadas pelo docente no ambiente escolar. 
Ao finalizar o presente estudo, concluiu-se que o lúdico na educação infantil é uma técnica pedagógica que deve ser desenvolvida com a finalidade de proporcionar um processo de ensino-aprendizagem mais prazeroso e significativo. Destacou-se no decorrer de toda pesquisa que as atividades lúdicas contribuem para a realização dos objetivos propostos pela educação infantil.	
REFERÊNCIAS 
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BRENELLI, Rosely Palermo. O Jogo como espaço para pensar: a construção de noções lógicas e aritmética. Campinas: Papirus, 2015. 
BROUGÈRE, Gilles.A criança e a cultura lúdica. In: KISHIMOTO, Tizuko Morchida (org.). O brincar e suas teorias. São Paulo: Cengage Learning, 2013. Cap. 1, p. 19-32.
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CUNHA, Nylse Helena Silva. Brinquedoteca: um mergulho no brincar. 2. ed. São Paulo: Maltese, 1994.
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DUPRAT, Maria Carolina (Org.). Ludicidade na educação infantil. São Paulo: Pearson Education do Brasil, 2014.
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