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TCC UNIP pedagogia (NOTA 10)

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UNIVERSIDADE PAULISTA 
EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA 
 
 
 
Vanusa Pereira da Silva 1948175 
 
 
 
 
 
A Importância do Brincar Para o Desenvolvimento e 
Aprendizagem da Criança na Educação Infantil 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Toledo/PR– 2021 
UNIVERSIDADE PAULISTA 
EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA 
 
 
 
Vanusa Pereira da Silva 1948175 
 
 
 
 
 
A Importância do Brincar Para o Desenvolvimento e 
Aprendizagem da Criança na Educação Infantil 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Toledo/PR – 2021 
Trabalho de conclusão de curso apresentado como 
requisito parcial para a obtenção do título de Licenciatura 
em Pedagogia pela Universidade Paulista – Polo de 
Toledo/PR, sob orientação da Profª. Paula Martins da 
Silva. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
A Importância do Brincar Para o Desenvolvimento e 
Aprendizagem da Criança na Educação Infantil 
 
 
 
 
Data de aprovação __/__/____ 
 
 
 
 
 
___________________________________ 
Prof. (a) Orientador (a) 
UNIP – Universidade Paulista 
 
 
 
 
__________________________________ 
Prof. (a) Orientador (a) 
UNIP – Universidade Paulista 
 
 
 
 
___________________________________ 
 Prof. (a) Orientador (a) 
UNIP – Universidade Paulista 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Dedico esse trabalho à minha mãe Maria e ao meu 
filho Joaquim. Ela quem me deu a vida e ele minha vida 
toda. 
 
Agradecimentos 
À Deus, que permitiu e possibilitou meus estudos me 
abençoando com saúde, discernimento e uma bolsa de estudos cedida pela 
Universidade Paulista. 
À minha amiga Márcia que me convidou para dar início à 
graduação de pedagogia mesmo depois de tanto tempo após a conclusão do 
ensino médio e talvez, sem o qual, eu não tivesse começado e 
consequentemente não tivesse chegado onde cheguei. 
À minha família pelo apoio e dedicação, em especial ao meu 
marido Flávio que sempre esteve ao meu lado, me ajudando e incentivando. 
E à Unip – Universidade Paulista – Polo de Toledo/PR, pelo 
oferecimento do excelente curso de graduação em Pedagogia ofertado e pelos 
serviços prestados sempre com muita cordialidade e eficiência. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
A atividade lúdica é o berço obrigatório das atividades 
intelectuais da criança, sendo por isso, indispensável à 
prática educativa. 
 
Jean Piaget 
RESUMO 
 
 
A criança nem sempre foi vista tal como é hoje, pois até meados do 
século XVI era tratada como um adulto em miniatura que desde muito cedo tinha 
que trabalhar para ajudar no orçamento familiar. Com decorrer do tempo 
adquiriu direitos garantidos por lei que visam seu desenvolvimento de maneira 
integral, ou seja, seu desenvolvimento físico, afetivo, cognitivo e psicomotor, 
valorizando sua educação e seu lazer, isto é, o direito de aprender, de brincar e 
de ser criança. Teóricos da área da educação, reforçam que o uso de jogos e 
brincadeiras com a intenção de promover a aprendizagem são de grande valia. 
Nesse sentido, a ludicidade ganhou espaço em sala de aula, pois é considerada 
uma ferramenta pedagógica. As creches que antes eram locais com pouca 
estrutura para o recebimento das crianças e possuíam um cunho 
assistencialista, também foram reformuladas, se transformando em espaços 
educativos que integram cuidado e ensino, com profissionais preparados para 
desenvolver o trabalho com as crianças. Nesta perspectiva, é preciso que os 
profissionais da educação abracem o uso do lúdico, desenvolvendo atividades 
prazerosas que envolvam brincadeiras, o brinquedo e os jogos como forma de 
ensinar, mas para isso precisam sempre se atualizar e se aperfeiçoar. 
 
Palavras-Chave: Educação Infantil. Jogos. Brincadeiras. Aprendizagem. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
ABSTRACT 
 
 
The child was not always seen as he is today, because until the middle of the 
16th century he was treated as a miniature adult who had to work from a very 
early age to help with the family budget. Over time, he acquired rights guaranteed 
by law that aim at his integral development, that is, his physical, affective, 
cognitive and psychomotor development, valuing his education and leisure, that 
is, the right to learn, to play and to be kid. Education theorists reinforce that the 
use of games and games with the intention of promoting learning are of great 
value. In this sense, playfulness gained space in the classroom, as it is 
considered a pedagogical tool. The daycare centers that were previously places 
with little structure for receiving children and had an assistance nature, were also 
reformulated, transforming themselves into educational spaces that integrate 
care and teaching, with professionals prepared to develop the work with the 
children. In this perspective, it is necessary that education professionals embrace 
the use of playfulness, developing pleasurable activities that involve games, toys 
and games as a way of teaching, but for this they always need to update and 
improve themselves. 
 
 
Keywords: Early Childhood Education. Games. Pranks. Learning. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
SUMÁRIO 
 
INTRODUÇÃO ......................................................................................... 11 
CAPITÚLO I – REFERENCIAL TEÓRICO ............................................... 12 
1.1 Conceituando Educação Infantil ...................................................... 12 
1.1.1 Breve Histórico da Educação Infantil .................................... 14 
1.2 Concepções de Infância ............................................................... 16 
1.3 Definição de Jogos, Brinquedo e Brincadeiras........................... 19 
1.3.1 O Jogo ..................................................................................... 20 
1.3.2 O Brinquedo ............................................................................ 21 
1.3.3 A Brincadeira .......................................................................... 23 
1.4 O Brincar e suas implicações para o desenvolvimento Infantil 
Segundo Piaget e Vygotsky.................................................................................. 24 
1.5 O Lúdico Como Ferramenta Pedagógica..................................... 27 
CAPíTULO II – O MÉTODO ..................................................................... 29 
CAPÍTULO III – JOGOS E BRINCADEIRA NA PRÁTICA DOCENTE ..... 30 
3.1 O Papel do Professor da Educação Infantil na Condução de Uma 
Educação Lúdica ................................................................................................... 35 
CONSIDERAÇÕES FINAIS ..................................................................... 39 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS......................................................... 41 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
11 
 
 
INTRODUÇÃO 
Embasado em pesquisa bibliográfica e tendo como referencial 
autores como Kishimoto, Piaget, Vygotsky, Kramer, entre outros que fizeram 
analises sobre o assunto, o presente trabalho tem como objetivo identificar a 
importância que o ato de brincar exerce sobre as crianças de zero a cinco anos 
de idade, relacionando ao seu desenvolvimento cognitivo. Nesse sentido a 
pesquisa busca salientar o quão necessário e importante o professor saber, 
entender e desenvolver seu trabalho baseado em questões relacionadas ao 
tema, pois o brincar pode ser considerado um modo de comunicar, por meio do 
qual a criança reproduz o seu cotidiano. De acordo com Vygotsky (1979): 
A criança aprende muito ao brincar. O que aparentemente ela faz 
apenas para distrair-se ou gastar energia é na realidade uma 
importante ferramenta para o seu desenvolvimento cognitivo, 
emocional, social, psicológico. (VYGOTSKY, 1979, p.45). 
Nessa perspectiva, o processo de aprendizagem segue uma 
sequência de aquisição de competências as quais permiteà criança a 
construção de habilidades no decorrer do seu crescimento. Essas construções 
precisam ter como alicerce outras habilidades básicas tais como: Atenção, 
Coordenação motora, Memória, Consciência fonológica e numérica, 
Espacialidade, entre outras, sendo as mesmas desenvolvidas nas brincadeiras, 
nos jogos e na interação com outras crianças. 
Desta forma, os pontos norteadores desse trabalho, culminam em 
relacionar as fases do desenvolvimento físico da criança com seu processo 
cognitivo de acordo com o que ela vivencia, sendo o ato de brincar ator principal 
nessa relação. Fazer uma análise do lúdico, das brincadeiras, dos jogos e 
consonância com o que desperta e inspira no aluno na fase inicial da educação 
infantil. Ao brincar, a criança usa criatividade, expressa o imaginário, desenvolve 
autonomia, constrói formas de trabalhar os seus problemas. 
Em suma, o referido trabalho tem como intenção contribuir para a 
reflexão da prática docente e pedagógica voltada para a valorização do ato de 
brincar, salientando ainda que a ludicidade é fator inerente à aprendizagem. 
 
12 
 
 
CAPITÚLO I – REFERENCIAL TEÓRICO 
1.1 Conceituando Educação Infantil 
De acordo com a LDB (Lei nº 9.394/1996) mais especificamente 
pelos Artigos 29 e 30, dentro da Seção II, a educação infantil é a primeira etapa 
da educação básica, sendo referente ao início da criança com idade entre 0 
(zero) e 5 anos no processo educativo e de socialização. Tendo como objetivo o 
desenvolvimento integral de forma a abranger os aspectos físico, psicológico, 
intelectual e social. Desta forma a educação infantil é subdividida entre as 
instituições educativas especializadas responsáveis pelo desenvolvimento das 
atividades, tais como as creches para crianças de até 3 anos e pré-escolas para 
as crianças de 4 a 5 anos de idade. 
Nesta primeira etapa de desenvolvimento, o professor faz a 
mediação entre o aluno e a realização das atividades que são desenvolvidas de 
acordo com cada faixa etária, dando prioridade a ludicidade, teatros, histórias, 
brincadeiras, jogos, enfim, atividades que estimulam as potencialidades 
cognitivas da criança. 
De acordo ainda com a LDB (Lei nº 9.394/1996) a educação infantil 
organiza-se de acordo com as seguintes regras comuns: 
I - avaliação mediante acompanhamento e registro do desenvolvimento 
das crianças, sem o objetivo de promoção, mesmo para o acesso ao 
ensino fundamental; 
II - carga horária mínima anual de 800 (oitocentas) horas, distribuída 
por um mínimo de 200 (duzentos) dias de trabalho educacional; 
III - atendimento à criança de, no mínimo, 4 (quatro) horas diárias para 
o turno parcial e de 7 (sete) horas para a jornada integral; 
IV - controle de frequência pela instituição de educação pré-escolar, 
exigida a frequência mínima de 60% (sessenta por cento) do total de 
horas; 
V - expedição de documentação que permita atestar os processos de 
desenvolvimento e aprendizagem da criança. (LDB, Lei nº 
9.394/1996). 
 
13 
 
Na pratica, os CEMEIs (Centros Municipais de Educação Infantil) 
não devem ser visto como o local onde as crianças são deixadas apenas para 
cuidados básicos enquanto seus pais, mães ou responsáveis trabalham, mas 
sim como espaço de aprendizagem, pois os profissionais envolvidos são 
capacitados para atuarem de maneira a promover condições de 
desenvolvimento em diversas dimensões do conhecimento. 
A regulamentação de uma Educação Infantil de qualidade, segundo 
Machado deverá ser fundamentada na formação dos professores, sendo 
definida uma formação mínima com prazo estipulado para que todos consigam 
se adequar, além parâmetros a serem seguidos para os espaços físicos de forma 
a assegurar higiene e segurança, como também equiparação das salas como de 
toda a escola para as crianças pequenas; outro fator seria a relação entre 
docente e criança que em concordância com a LDB deve abranger a capacidade 
de entendimento entre o corpo docente, a faixa etária entendida e a proposta 
pedagógica a ser trabalhada. 
Um modelo bem esclarecedor quanto ao papel da educação infantil 
nas creches encontramos no documento Critérios Para Um Atendimento em 
Creches que Respeite os Direitos das Crianças (CAMPOS; ROSEMBERG, 
2009) que detalha com precisão as situações representativas desses direitos 
como nos tópicos a seguir: 
• Nossas crianças têm direito à brincadeira. 
• Nossas crianças têm direito à atenção individual. 
• Nossas crianças têm direito a um ambiente aconchegante, seguro e 
estimulante. 
• Nossas crianças têm direito ao contato com a natureza. 
• Nossas crianças têm direito à higiene e à saúde. 
• Nossas crianças têm direito a uma alimentação sadia. 
• Nossas crianças têm direito a desenvolver sua curiosidade, 
imaginação e capacidade de expressão. 
• Nossas crianças têm direito ao movimento em espaços amplos. 
• Nossas crianças têm direito à proteção, ao afeto e à amizade. 
• Nossas crianças têm direito a expressar seus sentimentos. 
 
14 
 
• Nossas crianças têm direito a uma especial atenção durante seu 
período de adaptação à creche. 
• Nossas crianças têm direito a desenvolver sua identidade cultural, 
racial e religiosa. (CAMPOS; ROSEMBERG, 2009, p. 13). 
1.1.1 Breve Histórico da Educação Infantil 
As primeiras creches surgiram pela prevalência da iniciativa 
privada, assumindo um caráter de assistência direcionado às famílias mais 
humildes. 
De acordo com Kuhlmann Jr (2011), havia apenas a Casa dos 
Expostos ou Roda direcionado ao atendimento de crianças abandonadas. Até o 
ano de 1874apenas crianças pequenas sem família eram atendidas em 
instituições: 
Até então, apenas crianças pequenas sem família eram atendidas em 
instituições. As Casas de Expostos recebiam os bebês abandonados 
nas “rodas” – cilindros de madeira que permitiam o anonimato de quem 
ali deixasse a criança – para depois encaminhá-los a amas que os 
criariam até a idade de ingressarem em internatos. (KUHLMANN JR, 
2011, p. 473). 
No Brasil, as primeiras creches surgiram no início do século XX, 
em decorrência do contexto social da época, com a estruturação do capitalismo, 
urbanização acelerada e a necessidade de reprodução de mão de obra barata, 
sendo esta suprida por mulheres cujas quais não tinham onde deixar seus filhos 
enquanto laboravam. Nesse contexto, Kramer (1998) relata que as creches 
tinham como função o apoio à família, no sentido de “guardar” a criança. 
eram as creches que surgiam, com caráter assistencialista, visando 
afastar as crianças pobres do trabalho servil que o sistema capitalista 
em expansão lhes impunha, além de servirem como guardiãs de 
crianças órfãs e filhas de trabalhadores. (KRAMER, 1998, p.23). 
Seguindo o contexto, as creches por atuarem num papel 
assistencialista numa relação de prestação de favor, não possuíam estruturas 
adequadas, os recursos eram insuficientes, o atendimento precário sem a devida 
formação de pessoas na área e ainda sem possuir uma legislação ou até mesmo 
normas básicas de atendimento. 
Com o passar do tempo, surgiram discursos sobre os possíveis 
prejuízos no desenvolvimento da criança em nível psíquico, afetivo e cultural com 
 
15 
 
relação aos cuidados oferecidos na época. Desta forma surgiu a necessidade de 
compensar as deficiências apontadas, introduzindo assim novos profissionais 
tais como professores recreacionistas, psicólogos e pedagogos. Enfim foram 
promovidas mudanças significativas tanto de espaços como de organização 
dando maior importância à autonomia da criança. 
De acordo com Haddad (1991), houve uma grande evolução no 
que diz respeito às creches no Brasil. Os vários setores da sociedade como os 
grupos ligados aos movimentos populares, os representantes dos Conselhos da 
Condição Feminina, os profissionais que atuam nos programas pré-escolares em 
conjunto reivindicaram pelas creches e pré-escolas com a argumentação de ser 
um direito àeducação de todas as crianças independente de suas classes 
sociais. Sob essa pressão a Assembleia Constituinte aprovou as principais 
exigências publicando-as na Constituição de1988. Sendo a inclusão da creche 
no sistema escolar e a educação da criança de zero a seis anos. 
O dever do Estado com a Educação será efetivado mediante a garantia 
de: atendimento em creche e pré-escolas às crianças de zero a seis 
anos de idade. (Constituição Brasileira, 1988, cap. III, art. 208, inciso 
IV). 
Diante do apresentado, a creche torna-se subordinada à área de 
educação, deixando de ser “agência de guarda e assistência” para assumir o 
papel de instituição educacional bem como novas responsabilidades para o 
sistema escolar. 
Na análise de Kramer, Nunes e Corsino, podemos perceber que os 
avanços na área da educação infantil fazem caminho paralelo com o 
desenvolvimento das políticas públicas no que diz respeito à qualidade oferecida 
pelos sistemas de ensino tanto municipais quanto estaduais e a democratização 
do acesso à educação, confirmada pelo aumento do número de matriculas 
devido ao impacto dos movimentos sociais, bem como das mudanças legais 
promovidas pelo Estado. A aprovação do Fundo de Manutenção e 
desenvolvimento da Educação Básica e a valorização dos profissionais da 
educação, ampliação do ensino fundamental de oito para nove anos e a 
elaboração e definição de diretrizes e critérios de qualidade de ensino, nos traz 
uma ótica de consequente mudanças (KRAMER, 2009). 
 
16 
 
Kramer (2009) ainda destaca as mudanças que ocorreram no 
Brasil, nos últimos 30 anos: 
A situação da cobertura se alterou muito nos últimos 30 anos no Brasil, 
com avanços mais visíveis em relação às crianças de 4 a 6 anos, mas 
com um panorama ainda preocupante em relação àquelas de 0 a 3, 
nas creches. No que diz respeito à qualidade do trabalho realizado, os 
debates teóricos, os embates dos movimentos sociais e os esforços 
das políticas públicas (secretarias municipais, secretarias estaduais e 
Ministério da Educação) têm se dirigido especialmente à busca de 
consenso sobre os critérios de qualidade para a educação infantil, o 
delineamento de alternativas curriculares e a formação de professores. 
Persistem inúmeros desafios: da concepção de políticas à 
implementação de propostas pedagógicas e às práticas, muitas são as 
conquistas a obter, tanto em termos teóricos quanto curriculares. 
(KRAMER, 2009, p. 13). 
1.2 Concepções de Infância 
O desenvolvimento físico e psicológico tem início desde o momento 
da fecundação, sendo um processo contínuo e não linear que se estende por 
toda a vida do ser humano. Segundo a Sociedade Brasileira de Pediatria, o 
cérebro tem uma maior evolução nos três primeiros anos de vida, desta feita, a 
primeira infância torna-se fator decisivo quanto ao desenvolvimento cognitivo, 
afetivo e cultural possuindo uma relação direta de progressão das habilidades 
de aprendizagem. 
De acordo com o Referencial Curricular Nacional para a Educação 
Infantil (Brasília, 1998) 
Nos primeiros anos de vida, o contato com o mundo permite à criança 
construir conhecimentos práticos sobre seu entorno, relacionados à 
sua capacidade de perceber a existência de objetos, seres, formas, 
cores, sons, odores, de movimentar-se nos espaços e de manipular os 
objetos. Experimenta expressar e comunicar seus desejos e emoções, 
atribuindo as primeiras significações para os elementos do mundo e 
realizando ações cada vez mais coordenadas e intencionais, em 
constante interação com outras pessoas com quem compartilha novos 
conhecimentos. (Brasília, 1998). 
No entanto, ao logo da história podemos identificar que nem 
sempre a criança teve esse olhar. Nos séculos XIV, XV e XVI a criança era 
conceituada como um adulto em tamanho menor, sendo tratada da mesma forma 
que os adultos ao seu redor. De acordo com Ariès (1981) na Idade Média, a 
infância era vista como um período marcado pela dependência, inexperiência, e 
incapacidade de adequação social em suas formas mais complexas, sendo que 
 
17 
 
as crianças vestiam roupas trabalhavam nos mesmos serviços e recebiam 
tratamento equivalente aos de adultos. A intenção era formar para servir, ou seja, 
a criança ganhava responsabilidades e aprendiam através do trabalho enquanto 
ajudavam os pais. Em tudo eram iguais, apenas o tamanho e a força eram 
considerados características diferentes entre os adultos e as crianças (ARIÈS, 
1981). 
Este cenário começa a mudar no decorrer do século XVII, com o 
aparecimento da escola e o processo de escolarização. No entanto o conceito 
de infância ainda não era definido, o que só começaria a mudar no final do 
mesmo século em decorrência de fatores que envolviam a Igreja e a família no 
processo de educação, como também as descobertas sobre as práticas de 
higiene e de vacinação. Desta feita esse período é considerado um marco na 
evolução do pensamento sobre a infância, que originou uma preocupação com 
sua formação e sua constituição como indivíduo. 
As crianças começam a ser enxergadas diferentes a partir do 
século XVIII, quando tem suas particularidades reconhecidas e um tratamento 
diferenciado pela família ao dar-lhes seu próprio quarto, alimentação 
considerada especifica e roupas apropriadas. De acordo com Ariès (1981) entre 
os fatores que contribuíram para a formação do sentimento de infância estão o 
processo de escolarização o qual separou as crianças do mesmo ambiente que 
os adultos; a fabricação de brinquedos direcionados especificamente para as 
elas e a por último, a mudança do papel dos pais que agora tem como função o 
papel moral e espiritual, acentuando-se o sentimento de família. Segundo os 
estudos de Carvalho (2003): 
[...] A aparição da infância ocorreu em torno do século XIII e XIV, mas 
os sinais de sua evolução tornaram-se claras e evidentes, no 
continente europeu, entre os séculos XVI e XVIII no momento em que 
a estrutura social vigente (Mercantilismo) provocou uma alteração nos 
sentimentos e nas relações frente à infância. (CARVALHO, 2003, p. 
47). 
 
Sob a influência de educadores e psicólogos, já no século XX, a 
criança adquiri novos direitos sendo consideradas sujeitos em fase de 
desenvolvimento (ARIÈS, 1981). 
 
18 
 
No entanto, apenas no início do século XXI que a infância ganha 
novas concepções as quais considera a criança como ser participativo da 
sociedade, sujeito histórico e criador de cultura (KRAMER, 1996). Nesta 
perspectiva Sônia Kramer (1986) nos apresenta que: 
Conceber a criança como ser social que ela é, significa: considerar que 
ela tem uma história, que pertence a uma classe social determinada, 
que estabelece relações definidas segundo seu contexto de origem, 
que apresenta uma linguagem decorrente dessas relações sociais e 
culturais estabelecidas, que ocupa um espaço que não é só geográfico, 
mas que também dá valor, ou seja, ela é valorizada de acordo com os 
padrões de seu contexto familiar e de acordo com sua própria inserção 
nesse contexto. (KRAMER, 1986, p. 79). 
Sob a mesma ótica o art. 4º das Diretrizes Curriculares Nacionais 
para a Educação Infantil (RESOLUÇÃO Nº 5, DE 17 DE DEZEMBRO DE 2009) 
nos traz: 
As propostas pedagógicas da Educação Infantil deverão considerar 
que acriança, centro do planejamento curricular, é sujeito histórico e de 
direitos que, nas interações, relações e práticas cotidianas que 
vivencia, constrói sua identidade pessoal e coletiva, brinca, imagina, 
fantasia, deseja, aprende, observa, experimenta, narra, questiona e 
constrói sentidos sobre a natureza e a sociedade, produzindo cultura. 
(BRASIL, 2009, Art. 4º). 
Enfim, podemos perceber que a concepção de infância é 
historicamente construída, passando pela definição da mesma como sendo 
adulto em miniatura na Idade Média até chegar à criança cidadã na 
Contemporaneidade do século XXI. Fernandes e Kuhlmann Júnior (2004) 
apontam que: 
 Os fatos relativos à evolução da infância,na pluralidade de suas 
configurações, inscrevem-se em contextos cujas variáveis delimitam 
perfis diferenciados. A infância é um discurso histórico cuja significação 
está consignada ao seu contexto e as variáveis de contexto que o 
definem. (KUHLMANN 2004, p. 29). 
Nesta perspectiva, cada período da história como também cada 
lugar em conformidade com sua organização e características próprias é que 
determina o conceito de infância. Sendo assim: 
 [...] a ideia de infância, não existiu sempre, e da mesma maneira, ao 
contrário, ela aparece com a sociedade capitalista, urbano-industrial, 
na medida em que muda a inserção e o papel social desempenhado 
pela criança na comunidade. Se na sociedade feudal, a criança exercia 
um papel produtivo direto (“de adulto”) assim que ultrapassava o 
período de alta mortalidade, na sociedade burguesa ela passa a ser 
 
19 
 
alguém que precisa ser cuidada, escolarizada e preparada para uma 
atuação futura. Este conceito de infância é, pois, determinado 
historicamente pela modificação das formas de organização da 
sociedade. (KRAMER, 1992, p.19). 
No Brasil, a seguridade do período de infância deu-se a partir da 
promulgação da Constituição da República Federal de 1988, cuja qual em seu 
artigo 227 do Capítulo VII, delega os cuidados com a criança primeiramente à 
família seguida da sociedade e do Estado. 
É dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança e ao 
adolescente, com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à 
alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à 
dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e 
comunitária, além de colocá-los, a salvo de toda forma de negligência, 
discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão. 
(CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL, 1988,- 
Capítulo VII art. 227). 
A partir de então, a infância passou a ser um assunto de maior 
relevância no Brasil, obtendo assim maior valorização com a Constituição de 
1988, o que assegurou melhores condições de desenvolvimento à criança em 
todos os aspectos. Seguindo no mesmo sentido, o ESTATUTO DA CRIANÇA E 
DO ADOLESCENTE (ECA) Lei – nº 8.069 publicado em de 13 de julho de 1990, 
amplia e reforça os direitos da criança e do adolescente, dando subsídios e 
prioridade absoluta do Estado. 
1.3 Definição de Jogos, Brinquedo e Brincadeiras 
Em todo decorrer da história, nos mais variados países, nas mais 
diferentes sociedades, enfim, o ato de brincar é uma ação presente na vida do 
ser humano não importa onde ele se encontre. Jogos e brincadeiras, assim como 
o brinquedo, são recriados de geração em geração, pois faz parte da cultura 
popular, sendo manifestações espontâneas, perpetua a cultura infantil ao 
mesmo tempo em que desenvolve formas de convivência social (KISHIMOTO, 
1993). 
Podemos encontrar os seguintes significados para as palavras 
jogo, brinquedo e brincadeira no dicionário Larousse (1982): 
Jogo = Ação de jogar; folguedo, brinco, divertimento. Seguem-se 
alguns exemplos: "jogo de futebol; Jogos Olímpicos; jogo de damas; 
jogos de azar; jogo de palavras; jogo de empurra". 
 
20 
 
Brinquedo = objeto destinado a divertir uma criança. 
Brincadeira = ação de brincar, divertimento. / Gracejo, zombaria. / 
Festinha entre amigos ou parentes. / Qualquer coisa que se faz por 
imprudência ou leviandade e que custa mais do que se esperava: 
aquela brincadeira custou-me caro. 
Do ponto de vista didático, Kishimoto (2001) define da seguinte 
maneira: 
JOGO: Tentar definir o jogo não é tarefa fácil. Quando se pronuncia a 
palavra jogo cada um pode entendê-la de modo diferente. Pode-se 
estar falando de jogos políticos, de adultos, crianças, animais, ou 
amarelinha, xadrez, adivinhas, contar estórias, brincar de “mamãe e 
filhinha”, futebol, dominó, quebra-cabeça, construir barquinho, brincar 
na areia e uma infinidade de outros. Tais jogos, embora recebam a 
mesma dominação, tem suas especificidades. [...] 
BRINQUEDO: Diferindo do jogo, o brinquedo supõe uma relação íntima 
com a criança e uma indeterminação quanto ao uso, ou seja, a 
ausência de um sistema de regras que organizam sua utilização. [...]. 
Admite-se que o brinquedo represente certas realidades. Uma 
representação é algo presente no lugar de algo. Representar é 
corresponder a alguma coisa e permitir sua evocação, mesmo em sua 
ausência. O brinquedo coloca a criança na presença de reproduções: 
tudo o que existe no cotidiano, a natureza e as construções humanas. 
Pode – se dizer que um dos objetivos do brinquedo é dar à criança um 
substituto dos objetos reais, para que possa manipulá-los. [...] 
BRINCADEIRA: É a ação que a criança desempenha ao concretizar as 
regras do jogo, ao mergulhar na ação lúdica. Pode-se dizer que é o 
lúdico em ação. [...] O brinquedo e a brincadeira relacionam-se 
diretamente com a criança e não se confundem com jogo. 
(KISHIMOTO, 2001, p. 13; 18 e 21). 
1.3.1 O Jogo 
Popularmente a palavra jogo remete ao conceito de 
competição, como por exemplo, jogos de futebol e vôlei pelos quais ao final da 
disputa teremos o time que vence e o que perde. No entanto, no contexto 
educacional a palavra jogo se reveste de outra significação, se distancia do 
sentido de disputa e se aproxima de sua origem etimológica latina (jocus), 
assumindo o sentido de gracejo, divertimento, passatempo sujeito à regras. 
Kishimoto (1999) afirma que existe inúmeros tipos de jogos 
conhecidos: 
[...] como o faz de conta, simbólicos, motores, sensório-motores, 
intelectuais ou cognitivos, de exterior, de interior, individuais ou 
coletivos, metafóricos, verbais, de palavras, políticos, de adultos, de 
animais, de salão e inúmeros outros. Essa multiplicidade de fenômenos 
considerados como jogo mostra a complexidade em defini-lo. 
(KISHIMOTO, 1999, p. 8). 
 
 
21 
 
Os jogos e brincadeiras fazem parte do cotidiano das 
crianças, sendo consideradas atividades prazerosas, que trazem alegria, além 
de possuírem cunho educativo. 
Para Piaget (1967), “o jogo não pode ser visto apenas como 
divertimento ou brincadeira para desgastar energia, pois ele favorece o 
desenvolvimento físico, cognitivo, afetivo e moral”. 
Nesta perspectiva Huizinga (2014) define o jogo como: 
O jogo é uma atividade ou ocupação voluntária, exercida dentro de 
certos e determinados limites de tempo e de espaço, segundo regras 
livremente consentidas, mas absolutamente obrigatórias, dotado de 
um fim em si mesmo, acompanhado de um sentimento de tensão e de 
alegria e de uma consciência de ser diferente da 'vida cotidiana'. 
(Huizinga, 2014). 
Os jogos contribuem para o processo de formação do 
conhecimento, torna-se agente mediador das aprendizagens significativas, 
desperta na criança as descobertas na satisfação do brincar. Dentro desta 
perspectiva, o jogo possui um caráter simbólico, caracterizado por uma atividade 
desinteressada, sendo livre e espontâneo, podendo ser regido ou não de regras, 
afim de alcançar um determinado objetivo. 
1.3.2 O Brinquedo 
Os brinquedos inicialmente não foram obra de invenções de 
fabricantes especializados, mas sim surgiram nas oficinas de artesãos tendo 
com matéria prima a madeira, tecidos, estanho e chumbo fundidos. Sendo uma 
forma de aumentar a renda familiar e também de reaproveitar sobras das 
matérias-primas, os artesãos produziam miniaturas que eram réplicas do objeto 
real. No entanto essas miniaturas eram direcionadas aos adultos, que as 
solicitavam para um fim específico, como o soldadinho de chumbo que servia 
para visualizar estratégias de guerra dos militares da época. 
Com o decorrer do tempo, os brinquedos que eram 
miniaturas, passaram a se tornar maiores, mais coloridos e com maiores 
variedades de materiais. Atualmente os materiais utilizados em sua fabricação, 
são derivados de matérias-primas industrializadas como o plástico. 
Hoje existe uma inúmera gama de brinquedos disponíveis no 
mercado dos mais variados tipos, cores,formatos e finalidades. Porém, a 
https://pt.wikipedia.org/wiki/Homo_Ludens#CITEREFHuizinga2014
 
22 
 
aproximação da realidade que alguns brinquedos possuem, pode dificultar a 
criatividade da criança, pois não deixa espaço para a imaginação fluir. Um 
exemplo disso são os brinquedos à pilha que praticamente brincam sozinhos e 
a criança só olha. 
Kishimoto (1999) afirma: 
[...] enquanto brinca, a criança cria e recria, usa o brinquedo com outras 
funções. O processo de brincar inclui ações sem caminho 
preestabelecido. É, por natureza, um ato incerto. O prazer de brincar 
vem dessas escolhas (KISHIMOTO, 1999, p. 32) 
Diferente do jogo, o brinquedo não especifica regras para a 
brincadeira, seu uso não é determinado, podendo ser utilizado até mesmo com 
outro intuito o qual a imaginação desejar. Nesse pensamento temos Kishimoto 
(1999): 
 [...] Diferindo do jogo, o brinquedo supõe uma relação íntima com a 
criança e uma indeterminação quanto ao uso, ou seja, a ausência de 
um sistema de regras que organizam sua utilização”. (Kishimoto, 1999, 
p. 17) 
O brinquedo propicia à criança a apropriação do mundo real 
numa relação cultural de forma a dominar conhecimentos. Através do brinquedo 
a criança desenvolve ações numa esfera cognitiva dependente de motivações 
internas (Vigotsky1991). 
Enquanto objeto, o brinquedo é sempre suporte de 
brincadeira, sendo o mesmo uma reprodução de objetos da vida cotidiana a partir 
da cultura e da sociedade. São reproduções adaptadas às crianças de acordo 
com cada faixa etária. No entanto, a criança além do brinquedo pode fazer uso 
de outros artigos em suas brincadeiras, o que desenvolve a imaginação, já que, 
se torna um faz de conta, pois um cabo de vassoura pode se tornar um cavalo, 
uma espada, um remo ou até mesmo uma bengala. Para Vygotsky (1998): 
No brinquedo, a criança sempre se comporta além do comportamento 
habitual de sua idade, além de seu comportamento diário; no 
brinquedo, é como se ela fosse maior do que é na realidade. Como 
foco de uma lente de aumento, o brinquedo contém todas as 
tendências do desenvolvimento sob forma condensada, sendo ela 
mesmo uma grande fonte de desenvolvimento. (Vygotsky, 1998, p. 
117) 
 
23 
 
Contudo, podemos perceber que todo brinquedo pode ser 
considerado educativo, o que vai depender da sua utilização, no entanto, nem 
todo brinquedo pode ser pedagógico. Dessa forma, só podemos diferenciar o 
brinquedo educativo e o brinquedo pedagógico ao relacionarmos as diferenças 
de atitude e comportamento da criança em relação ao brinquedo. 
1.3.3 A Brincadeira 
Ao brincar, a criança interage, toma decisões, organiza 
pensamentos e atitudes além de expressar seus anseios e sentimentos. O uso 
da imaginação é inerente à brincadeira, sendo que, a criança pode assumir 
vários papeis sociais como o de pai, de mãe, de médico (VIGOTSKY, 1991), 
enfim, a criança pode ser quem ela quiser ser, desde um animal à um herói com 
super poderes ou até mesmo um personagem que ouviu nas histórias infantis 
como o vilão Lobo Mal. Nesse sentido Piaget (1978), afirma que a brincadeira de 
faz-de-conta: 
está intimamente ligada ao símbolo, uma vez que por meio dele, a 
criança representa ações, pessoas ou objetos, pois estes trazem como 
temática para essa brincadeira o seu cotidiano (contexto familiar e 
escolar) de uma forma diferente de brincar com assuntos fictícios, 
contos de fadas ou personagens de televisão. (PIAGET, 1978. p.76). 
Podemos considerar a brincadeira como sendo uma forma 
particular de expressão, de pensamento e de comunicação infantil. Quando uma 
criança ao brincar classifica tamanhos de peças, faz encaixe de brinquedos, 
empilha cubos de madeira, diferencia as cores, classifica as formas geométricas 
ao colocá-las nos espaços adequados, ela está aprendendo de maneira 
prazerosa e significativa. Nesse sentido, a brincadeira torna-se um elemento 
atrativo na ação educativa, de forma que o professor faz uso do conhecimento 
didático e pedagógico com o objetivo de desenvolver habilidades especifica no 
decorrer das atividades lúdicas. Sob essa ótica Carvalho (1992) afirma: 
(...) o ensino absorvido de maneira lúdica, passa a adquirir um aspecto 
significativo e afetivo no curso do desenvolvimento da inteligência da 
criança, já que ela se modifica de ato puramente transmissor a ato 
transformador em ludicidade, denotando-se, portanto em jogo. 
(CARVALHO, 1992, p.28). 
 
24 
 
Brincar é um direto da criança reconhecido pela legislação 
brasileira, na Lei Nº 13.257, de 8 de Março de 2016 podemos ler o seguinte: 
Art. 17. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios deverão 
organizar e estimular a criação de espaços lúdicos que propiciem o 
bem-estar, o brincar e o exercício da criatividade em locais públicos e 
privados onde haja circulação de crianças, bem como a fruição de 
ambientes livres e seguros em suas comunidades. 
Nesta perspectiva podemos identificar o quão necessário e 
importante para a criança o ato de brincar. Desta feita, a educação infantil deve 
se valer dos recursos do jogo, do brinquedo e da brincadeira para garantir uma 
aprendizagem significativa e prazerosa. 
1.4 O Brincar e suas implicações para o desenvolvimento Infantil Segundo 
Piaget e Vygotsky 
Como já dito antes, existe uma relação íntima entre brincar e 
aprender. No entanto para cada fase do desenvolvimento temos uma 
abordagem de brincadeira, jogo e brinquedo específicos. De acordo com os 
estudos de Jean Piaget, existem quatroestágios de desenvolvimento cognitivo, 
caracterizados pela forma como cada indivíduo interage com a realidade, ou 
seja, a maneira como cada pessoa organiza o conhecimento, adaptando-os 
pelos processos de assimilação e acomodação. Piaget (1978) afirma que os 
estágios do desenvolvimento cognitivo acompanham as procedências das 
manifestações lúdicas no processo de desenvolvimento, reconhecendo a 
existência de três tipos de estruturas mentais que aparecem ininterruptamente 
na evolução do brincar infantil: o exercício, o símbolo e a regra: 
 Jogos de exercício: O jogo de exercício pode ser definido como 
os movimentos que a criança faz quando corre, anda, pula, enfim, sendo estes 
movimentos movidos pelo simples prazer da ação. Refere-se ao período 
sensório-motor do desenvolvimento cognitivo tendo sua ocorrência entre o 
nascimento até os dois anos de idade aproximadamente, quando aparece a 
fala, mas continua a existir por toda a vida do ser humano 
 Jogos simbólicos: Tem início por volta do final do segundo ano 
de vida com o surgimento da função simbólica. Refere-se à etapa pré-operatório 
do desenvolvimento cognitivo. Nesta fase a criança ainda se utiliza dos jogos 
 
25 
 
anteriores encontrando satisfação nos mesmos, mas agora ela já é capaz de 
usar os símbolos. Ocorrem então as brincadeiras de faz-de-conta a qual permite 
que a criança utilize outros objetos para simbolizar o que está fazendo. Ao utilizar 
o jogo simbólico, a criança desenvolve a capacidade de assimilar o mundo 
exterior ao “eu” da criança, pois quando representa algo que presencia, de certa 
forma ela exterioriza seus medos, desejos, angustias e alegrias. Entre os dois e 
quatros anos, o uso do próprio corpo nas representações é comum, como por 
exemplo, a criança pode fazer a imitação de animais como o cachorro, o gato e 
até de pessoas. O jogo simbólico ocorrência até por volta dos sete anos quando 
surge o pensamento intuitivo. 
 Jogos de regras: São os jogos que propiciam a socialização do 
indivíduo. Por volta dos quatro anos a criança já começa a se interessar pelas 
regras, no entanto é a partir dos sete anos até por volta dos onze ou doze anos 
que o jogo de regras fará sentido para o sujeito. Essa fase refere-se o período 
cognitivo de operações concretas. No jogo de regras, a criança já possui a 
capacidade reversibilidade do pensamento operatório concreto, sendo 
necessário trabalhar com a atenção, concentração,raciocínio e sorte. Os jogos 
e as brincadeiras dispõe de regras e necessitam que haja a participação de pelo 
menos dois indivíduos, sendo que as regras podem ser transmitidas (aquelas 
que já são estabelecidas pelas gerações anteriores) ou espontâneas que a 
criança em conformidade com seus pares decidem na hora para o jogo inventado 
ou momentâneo. 
Para Piaget (1978) a atividade lúdica é o berço obrigatório das 
atividades intelectuais da criança. São, pois, meios que contribuem e 
enriquecem o desenvolvimento cognitivo e não apenas forma de entretenimento 
para gastar energia. Ele considera que: 
O jogo e o brincar, portanto, sob as suas duas formas essenciais de 
exercício sensório-motor e de simbolismo, proporciona uma 
assimilação da real à atividade própria, fornecendo a esta seu alimento 
necessário e transformando o real em função das necessidades 
múltiplas do eu. Por isso, os métodos ativos de educação das crianças 
exigem todos que se forneça às crianças um material conveniente, a 
fim de que, jogando e brincando, elas cheguem a assimilar as 
realidades intelectuais que, sem isso, permanecem exteriores à 
inteligência infantil. (PIAGET 1976, p.160). 
 
26 
 
Na teoria construtivista de Piaget, o jogo e a brincadeira fazem 
partedo processo de construção do sujeito, sendo responsável pela inserção do 
mesmo no meio social. Para o autor é através do jogo e do brincar que a criança 
aplica tudo o que aprende de forma a adaptar-se e interagir com o meio, 
consolidando assim as habilidades aprendidas, refletindo o nível do 
desenvolvimento cognitivo da criança. O desenvolvimento do jogo está em 
constante evolução, sendo individual e subjetivo, sendo também considerado um 
instrumento de aprendizagem. 
Assim como Piaget, Vygotsky apresentou contribuições 
significativas para a educação, através de suas pesquisas relacionadas ao 
desenvolvimento e aprendizagem. O Autor afirma que existe uma distância entre 
o nível de desenvolvimento real (capacidade de resolução de um problema 
sozinho) e o nível de desenvolvimento potencial (quando o indivíduo necessita 
de auxílio para resolver o problema). Essa relação do sujeito com o mundo sob 
mediação é denominada zona proximal de desenvolvimento. Desta forma "A 
Zona de Desenvolvimento Proximal define aquelas funções que ainda não 
amadureceram, mas que estão em processo de maturação, funções que 
amadurecerão, mas que estão, presentemente, em estado embrionário" 
(VYGOTSKY. 1984, p. 97). 
No processo de desenvolvimento infantil Vygotsky (1984) relata 
que: 
a criança começa usando as mesmas formas de comportamento que 
outras pessoas inicialmente utilizaram em relação a ela. Isto acontece 
desde os primeiros anos de vida, onde as atividades das crianças 
possuem um significado próprio, num sistema de comportamento 
social, modificada através de seu ambiente humano, que auxilia a 
atender seus objetivos. Portanto isto vai envolver a comunicação, ou 
melhor, a fala. (VIGOTSKY,1984). 
A brincadeira é considerada por muitos autores como uma ação 
assimiladora. Nesse sentido o ato de brincar é importante para o 
desenvolvimento psíquico da criança, pois relaciona o mundo da imaginação 
com o mundo real. Podemos perceber isso quando uma criança brinca 
representando seu cotidiano, imitando o comportamento dos pais e familiares. 
 
27 
 
Ela transporta para a brincadeira as situações vivenciadas no seu dia a dia e 
sente como sendo realidade. Para Vygotsky (1984): 
A brincadeira fornece, pois, ampla estrutura básica para mudanças da 
necessidade e da consciência, criando um novo tipo de atitude em 
relação ao real. Nela aparece a ação na esfera imaginativa numa 
situação de faz-de-conta, a criação das intenções voluntárias e a 
formação dos planos da vida real e das motivações volitivas, 
constituindo-se assim, no mais alto nível de desenvolvimento pré-
escolar. (Vygotsky 1984, p.105-118). 
1.5 O Lúdico Como Ferramenta Pedagógica 
A palavra lúdica é originaria do latim ludus, é um substantivo 
masculino e remete ao sentido de jogos e divertimento. Faz parte da atividade 
humana, possuindo características de ser algo espontâneo e satisfatório. 
A evolução semântica da palavra "lúdico", entretanto, não parou 
apenas nas suas origens e acompanhou as pesquisas de 
Psicomotricidade. O lúdico passou a ser reconhecido como traço 
essencial de psicofisiologia do comportamento humano. De modo que 
a definição deixou de ser o simples sinônimo de jogo. As implicações 
da necessidade lúdica extrapolaram as demarcações do brincar 
espontâneo. (ALMEIDA, 2009, p.1). 
A atividade lúdica envolve prazer e interação dos envolvidos, sem 
pretensão de resultados sendo visto como um entretenimento (Almeida, 2009). 
Os jogos, brinquedos, brincadeiras, representações artísticas, 
músicas, cantigas de roda, danças são atividades que podem ser desenvolvidas 
de maneira lúdicas que envolvem ação e pensamento criativo. Desta forma, ao 
utilizar o lúdico de maneira correta é possível obter aprendizagem e 
conhecimentos múltiplos, pois a criança se interessa de maneira expressiva 
pelas atividades, de maneira que desenvolve uma troca contínua de aprendizado 
mesmo sem perceber. Para Kishimoto (2010): 
Ao brincar, a criança experimenta o poder de explorar o mundo dos 
objetos, das pessoas, da natureza e da cultura, para compreendê-lo e 
expressá-lo por meio de variadas linguagens. Mas é no plano da 
imaginação que o brincar se destaca pela mobilização dos significados. 
Enfim, sua importância se relaciona com a cultura da infância, que 
coloca a brincadeira como ferramenta para a criança se expressar, 
aprender e se desenvolver. (Kishimoto, 2010 p.01). 
Nesta perspectiva, o lúdico pode ser considerado uma ferramenta 
eficiente para a educação infantil. O professor deve ter e buscar conhecimentos 
 
28 
 
sobre o assunto antes de usar o lúdico como método de ensino. De acordo com 
os Referenciais Curriculares para a Educação Infantil RCNEI: 
Na instituição de educação infantil, pode-se oferecer às crianças 
condições para as aprendizagens que ocorrem nas brincadeiras e 
aquelas advindas de situações pedagógicas intencionais ou 
aprendizagens orientadas pelos adultos. É importante ressaltar, 
porém, que essas aprendizagens, de natureza diversa, ocorrem de 
maneira integrada no processo de desenvolvimento infantil. (BRASIL, 
1998, p. 23). 
De acordo com Antunes "Os jogos ou brinquedos pedagógicos são 
desenvolvidos com a intenção explícita de provocar uma aprendizagem 
significativa, estimular a construção de um novo conhecimento" (ANTUNES, 
2002, p.38). Sendo assim, as atividades lúdicas precisam ser planejadas, 
estruturadas e estudadas de acordo com o objetivo que se quer ensinar ou 
desenvolver, a fim de alcançar bons resultados no trabalho pedagógico. Quando 
a criança vivencia o lúdico num processo de construção de conhecimento ela 
aprende num contexto significativo, construtivo e expressivo. Para Luckesi 
(1998): 
a atividade lúdica é aquela que dá plenitude e, por isso, prazer ao ser 
humano, seja como exercício, seja como jogo simbólico, seja como 
jogo de regras. Os jogos apresentam múltiplas possibilidades de 
interação consigo mesmo e com os outros. (LUCKESI, 1998, p. 29). 
Para Luckesi (1998) a ludicidade não pode ser considerada como 
sinônimo de brincadeira, como algumas vezes percebemos tal afirmação, pois a 
brincadeira apenas será lúdica se levar a criança à plena entrega e vivência no 
momento da ação, e para isso precisa despertar na criança a vontade de 
participar da atividade, além de mantê-la envolvida por completo durante a 
realização da brincadeira. Desse modo, nem toda brincadeira é lúdica da mesma 
forma que nem toda atividade lúdica é uma brincadeira. 
Tomando por base os escritos, as falas e os debates, que tem se 
desenvolvido em torno do que é lúdico, tenho tido a tendência em 
definir a atividade lúdica como aquela que propicia a ‘plenitude da 
experiência’.Comumente se pensa que uma atividade lúdica é uma 
atividade divertida. Poderá sê-la ou não. O que mais caracteriza a 
ludicidade é a experiência de plenitude que ela possibilita a quem a 
vivencia em seus atos. (LUCKESI, 1998). 
A utilização da ludicidade na educação infantil é de extrema 
importância, visto que, o lúdico é inerente ao ser humano. Dessa forma, a 
 
29 
 
construção do conhecimento encontra um caminho agradável e fácil nas 
atividades que envolvem a ludicidade, onde a criança usa o raciocínio, cria, 
fantasia, brinca, enfim, se entrega à imaginação. 
CAPÍTULO II – O MÉTODO 
Este trabalho foi elaborado através de pesquisa bibliográfica, o qual 
tem por base a leitura e reflexão de publicações impressas e eletrônicas (Martins 
Junior, 2008). Possui abordagem qualitativa exploratória, ou seja, tem a 
finalidade de compreender os fenômenos em seu caráter subjetivo sem a 
intenção de medir, enumerar ou quantificar o resultado, como tão pouco usar 
estatísticas como processo de estudo da problemática. Visa a compreensão de 
analises variável, a descrição de hipóteses, levantamento de dados no que se 
refere à compreensão comportamental. 
Segundo Gil (2007, p. 17), “pesquisa é um procedimento racional e 
sistemático que tem como objetivo proporcionar respostas aos problemas que 
são propostos”, dessa feita, a pesquisa é um meio pelo qual se constrói um 
roteiro de investigação, ou seja, após definir o problema busca-se as 
informações pertinentes acerca do assunto, sendo que para cada tipo de 
pesquisa existe um método apropriado. 
Neste contexto, é necessária a delimitação do tema e hipóteses. 
Lakatos e Marconi (2009) afirmam que “toda pesquisa deve ter um objetivo 
determinado para saber o que se vai procurar e o que se pretende alcançar”. 
Sob estas perspectivas, os procedimentos utilizados para a 
realização da pesquisa em questão foram: 
 Definição do tema a ser trabalhado. 
 Delimitação do tema e problema da pesquisa. 
 Seleção da bibliografia e documentos relevantes ao tema, sendo estes 
impressos e eletrônicos para a comprovação ou refutação das hipóteses em 
questão pra chegar ao objetivo final da pesquisa. 
 Leitura, análise e compreensão dos materiais selecionados. 
 
30 
 
 Explanação dos resultados obtidos, em forma de texto dissertativo, escrito e 
referenciado por autores e estudiosos da área. 
CAPÍTULO III – JOGOS E BRINCADEIRA NA PRÁTICA DOCENTE 
O Referencial Nacional para Educação Infantil (1998) traz que não 
podemos perder de vista o trabalho envolvendo o lúdico na escola. E partir daí 
surgem algumas indagações acerca do desenvolvimento de atividades usando 
a ludicidade, os jogos e as brincadeiras num contexto ensino-aprendizagem, tais 
como: Quais experiências pedagógicas o aluno precisa viver e interiorizar, 
considerando as especificidades em relação à brincadeira? De que forma o 
educador deve usar o lúdico na sala de aula? Qual a maneira certa de intervir no 
jogo ou brincadeira? 
De acordo com Moura (1991), a intenção deve partir do professor 
em consonância com seu plano de ensino e este deverá estar vinculado ao 
projeto pedagógico da escola de forma unificada. Dessa forma, através do que 
se almeja atingir, o docente defini quais objetivos quer alcançar com aquela 
determinada atividade de jogo ou brincadeira, que poder ser utilizado(a) tanto 
para construir conceitos ou ainda para a fixação de conceitos já existentes. 
 Nessa perspectiva, podemos identificar que as atividades que se 
utilizam dos jogos representam um importante recurso pedagógico. Os novos 
Parâmetros Curriculares Nacionais afirmam que: 
 Os jogos constituem uma forma interessante de propor problemas, pois 
permitem que estes sejam apresentados de modo atrativo e favorecem 
a criatividade na elaboração de estratégias de resolução e busca de 
soluções. Propicia a simulação de situações-problema que exigem 
soluções vivas e imediatas, o que estimula o planejamento das ações. 
(PCN’ s, MEC, 1998, p.47). 
No entanto percebe-se ainda que existe certa dificuldade de 
trabalhar com os jogos em sala, pois muitas vezes o professor não sabe como 
dar encaminhamento ao trabalho após a finalização da atividade, o que reflete a 
falta de subsídios que possuem para dar suporte à exploração das inúmeras 
possibilidades cabíveis que as brincadeiras e jogos oferecem, como também 
avaliar os resultados em relação ao processo de ensino-aprendizagem. Desta 
feita é comum encontrarmos educadores que desenvolvem o trabalho com os 
 
31 
 
jogos de forma espontânea, ou seja, o jogo pelo jogo apenas num caráter 
esportivo e motivacional. Isso pode ser considerado um problema, já que é de 
extrema importância a mediação do professor entre a atividade pedagógica 
lúdica e o aluno. 
Conforme Grando (2001, p. 6), a inserção dos jogos no contexto de 
ensino-aprendizagem implica em vantagens e desvantagens como descritas a 
seguir: 
Vantagens: 
- Fixação de conceitos já aprendidos de uma forma motivadora para o aluno; 
- Introdução e desenvolvimento de conceitos de difícil compreensão; 
- Desenvolvimento de estratégias de resolução de problemas e desafios dos 
jogos; 
- Aprender a formar decisões e saber avaliá-las significação para conceitos 
aparentemente incompreensíveis; 
- Propicia o relacionamento de diferentes disciplinas (interdisciplinaridade); 
- O jogo requer a participação ativa do aluno na construção do seu próprio 
conhecimento; 
- O jogo favorece a socialização entre alunos e a conscientização do trabalho 
em equipe; 
- A utilização dos jogos é um fator de motivação para os alunos; 
- Dentre outras coisas o jogo favorece o desenvolvimento da criatividade, de 
senso crítico, da participação, da competição “sadia”, da observação das várias 
formas de uso da linguagem e do resgate do prazer em aprender; 
- As atividades com jogo podem ser utilizadas para reforçar o recuperar 
habilidade de que os alunos necessitem. Útil no trabalho com alunos de 
diferentes níveis; 
- As atividades com jogos permitem ao professor identificar, diagnosticar alguns 
erros de aprendizagem, as atitudes e as dificuldades dos alunos. 
Desvantagens: 
- Quando os jogos são utilizados, existe o perigo de dar ao jogo um caráter 
puramente aleatório, tornando-se um apêndice em sala de aula. Os alunos 
jogam e se sentem motivados apenas pelo jogo, sem saber porque jogam; 
 
32 
 
- O tempo gasto com as atividades de jogo em sala de aula é maior e, se o 
professor não estiver preparado, pode existir um sacrifício de outros conteúdos 
pela falta de tempo; 
- As falsas concepções de que devem ensinar todos os conceitos através dos 
jogos. Então, as aulas, em geral, transformam-se em verdadeiros cassinos, 
também sem sentido algum para o aluno; 
- A perda de “ludicidade” do jogo pela interferência constante do professor, 
destruindo a essência do jogo 
- A coerção o do professor, exigindo que o aluno jogue, mesmo que ele não 
queira, destruindo a voluntariedade pertencente a natureza do jogo; 
- A dificuldade de acesso e disponibilidade de materiais e recursos sobre o uso 
de jogos no ensino, que possam vir a subsidiar o trabalho docente. 
Seguindo esse contexto, Spodek e Saracho (1998) afirmam que 
existe dois modos de mediação: o modo participativo e o modo dirigido. A 
mediação no modo participativo tem por objetivo a aprendizagem incidental 
durante a brincadeira, ou seja, os alunos encontram um problema e juntamente 
com o professor trabalham para obter as soluções e os resultados pretendidos, 
dessa forma usam a imaginação e criatividade; já a mediação no modo dirigido, 
o professor insere conteúdos escolares nas brincadeiras e direciona a 
aprendizagem através de atividades não lúdicas, o que pode desvalorizar a 
espontaneidade do brincar. 
Sendo assim, a maneira como o professor deve trabalhar com as 
brincadeiras, os jogos e o lúdico em sala de aula, deve ser encarada de formaconsciente, pois são práticas que devem ter um estudo e um planejamento 
anterior à sua aplicação como atividade escolar. De um modo geral, é preciso 
saber que tais recursos não devem ser trabalhados apenas para um 
preenchimento de tempo livre das crianças, mas sim como um meio eficiente de 
ensinar e também aprender. Kishimoto (1999) afirma que: 
O jogo é um instrumento pedagógico muito significativo. No contexto 
cultural e biológico é uma atividade livre, alegre que engloba uma 
significação. É de grande valor social, oferecendo inúmeras 
possibilidades educacionais, pois favorece o desenvolvimento 
corporal, estimula a vida psíquica e a inteligência, contribui para a 
adaptação ao grupo, preparando a criança para viver em sociedade, 
 
33 
 
participando e questionando os pressupostos das relações sociais tais 
como estão postos. KISHIMOTO (1999, p. 37). 
De forma a garantir a essência do jogo em união com a função 
lúdica e educativa, Kishimoto afirma que é necessário critérios para a seleção 
dos jogos no ambiente escolar tais como: 
O valor experimental – que permite a manipulação e exploração; 
O valor da estruturação – que visa dar suporte à construção da 
personalidade infantil; 
O valor de relação – que tem objetivo de propiciar a interação entre 
pares e também entre os adultos e as crianças; 
O valor lúdico – que são propriedades que estimulam a ação lúdica. 
Para tanto, a metodologia leva em conta a faixa etária, espaços, e 
diversidades de jogos disponíveis. 
Apesar da visível contribuição dos jogos para o processo ensino-
aprendizagem, é necessário atenção quanto ao comportamento competitivo no 
decorrer das atividades que envolvem o jogo ou a brincadeira, para evitar que o 
aluno tenha um comportamento individualista. Nesse sentido, o professor deve 
intervir para demonstrar que todos, sem exceções, são passiveis de ser 
vencedores, assim como também precisam ser resiliente quando perdem. 
Ribeiro (2011) afirma que o professor deve “possuir característica 
básica de observação, ter olhos e ouvidos bem atentos e sensibilidade para 
perceber as necessidades de seus alunos”. Assim sendo, educar requer 
sensibilidade e empatia por parte do docente que precisa direcionar atenção á 
todos os seus alunos. 
É necessário propor as regras, mas não as impor, assim a criança 
fica livre e tem maiores possibilidades de elaborar novas regras para a 
brincadeira. Dessa forma, encontra motivação para tomada de decisões o que 
caracteriza um trabalho com o desenvolvimento social e político (Ribeiro 2011) 
É o adulto, na figura do professor, portanto, que, na instituição infantil, 
ajuda a estruturar o campo das brincadeiras na vida das crianças. 
Consequentemente é ele que organiza sua base estrutural, por meio 
da oferta de determinados objetos, fantasias e brinquedos ou jogos, da 
delimitação e arranjo dos espaços e do tempo para brincar. (RCNEI, 
1998. p.28). 
 
34 
 
A relação professor-aluno é criada através de um relacionamento de 
respeito, empatia, sensibilidade, dedicação e troca, sendo um fator que contribui 
exponencialmente para o desenvolvimento cognitivo da criança. Sob essa ótica, 
quando o educador participa das brincadeiras, estimula a criança de maneira 
prazerosa, pois os alunos se sentem valorizados e mais protegidos. Acontece 
também um aumento de vínculo com a criança em paralelo com a troca de 
experiência de ambas as partes. Fontana e Cruz afirmam que: 
Brincar é sem dúvida uma forma de aprender, mas é muito mais que 
isso. Brincar é experimentar-se, relacionar-se, imaginar-se, expressar-
se, negociar, transformar-se. Na escola, o despeito dos objetivos do 
professor e do seu controle, a brincadeira não envolve apenas a 
atividade cognitiva da criança. Envolve a criança toda. É prática social, 
atividade simbólica, forma interação com o outro. É criação, desejo, 
emoção, ação voluntária. (FONTANA; CRUZ, 1997, p. 115) 
Nesta perspectiva, o Referencial Curricular Nacional da Educação 
Infantil, (1998) nos traz que educar tem como base a integração de cuidados 
com a criança, a brincadeira e a aprendizagem orientada propiciando o 
desenvolvimento de capacidades, socialização, relação interpessoal, ao mesmo 
tempo em que incentiva atitudes de respeito, confiança e aceitação. Desta feita, 
aprender brincando é muito mais significativo e prazeroso. Assim sendo, 
destacamos a seguir algumas atividades que contribuem para o 
desenvolvimento da criança: 
 
Massinha de Modelar: contribui para o fortalecimento dos músculos das mãos e 
dos dedos, além de estimular o desenvolvimento da motricidade fina, sendo 
ainda uma brincadeira prazerosa que envolve criatividade e diversão. O 
professor pode ainda inserir novos objetos no decorrer da atividade de 
modelagem tais como palitos, olhinhos de plástico, rolos de PVC entre outro. 
Brincadeiras com Fantasias: esse tipo de brincadeira estimula a imaginação, 
criatividade e interação social. Possibilita a exploração de inúmeros papéis 
desde o mundo real como imitar o pai, a mãe, o professor, como também o 
mundo da ficção quando a criança pode se por como uma princesa, uma bruxa, 
um super herói, enfim, não há limites. Para tanto, o professor deve disponibilizar 
adereços, roupas e se possível, fantasias para a criança e deixar a brincadeira 
fluir. 
 
35 
 
Desenho e pintura: esse tipo de atividade estimula a percepção sensorial, 
expressão de sentimentos e desejos, imaginação, coordenação motora, além de 
aprender sobre as cores e desenvolver habilidades preparatórias para a escrita. 
O educador pode oferecer tintas, pincéis, telas, papel sulfite, lápis de cor, enfim 
tem muitas formas de se trabalha em cima dessa atividade. 
Blocos e quebra-cabeças: esse tipo de brinquedo auxilia no desenvolvimento 
do pensamento espacial, coordenação, reconhecimento de cores, tamanhos e 
formas, também contribui para o raciocínio lógico. 
Música, dança e canto: são atividades que desenvolvem a linguagem, 
expressão de sentimentos, ritmo e habilidades auditivas, além de fornecer 
habilidades que ajudam no processo de alfabetização e dos conceitos básicos 
de matemática. Flexibilidade, coordenação e força também são alguns 
benefícios da dança. 
Correr e pular: Desenvolvem a psicomotricidade da criança, além de aumentar 
a autoconfiança e capacidade de assumir riscos. As atividades podem ser 
desenvolvidas como pistas de circuitos sendo feitas por bambolês, pneus, 
peças de E.V.As., cones, mas tudo deve ser feito em conformidade com a faixa 
etária e de maneira segura. 
Jogos sensoriais: toda atividade lúdica que envolve o tato, paladar, visão, olfato 
e audição, desenvolvem a percepção sensorial e curiosidade. 
Jogos de tabuleiro: são ótimos para o ensino de regras, raciocínio e respeito, 
além de favorecer a aprendizagem das cores, números e formas. 
Amarelinha: Desenvolve o equilíbrio e noções básicas de matemática das 
crianças, além de propiciar convivência em grupo e habilidades de pensamentos 
para soluções de problemas. 
Pular corda: é uma atividade divertida que desenvolve coordenação motora, 
força e a superação de limites, além de promover a socialização das crianças. 
3.1 O Papel do Professor da Educação Infantil na Condução de Uma 
Educação Lúdica 
 
36 
 
De acordo com RCNEI (1998), o professor da Educação Infantil 
desenvolve um trabalho que abrange questões de naturezas diversas, 
englobando desde cuidados básicos essenciais de higiene e alimentação até 
conhecimentos específicos em diversas áreas do conhecimento. Dessa maneira, 
precisa possuir uma formação e capacidade reflexiva a respeito de sua prática 
profissional. 
Educar requer assumir desafios, dedicar-se ao outro, é pensar o ser 
humano em sua totalidade. Nesse processo, o professor, antes de tudo, precisa 
saber o quão importante é seu trabalho e o significado do seu papel perante aos 
alunos. Por isso, também precisa se valorizar e buscar sempre ampliar seusconhecimentos para poder oferecer o melhor de si em seu trabalho. 
Infelizmente, ainda encontramos professores que, seguindo um 
senso comum, pensa que ensinar é apenas apresentar um conteúdo na sala 
para os alunos, de uma maneira mecânica, sem embasamento. Diante disso, 
mudar depende de cada um. É necessário um engajamento por parte da escola 
e do corpo docente para que o ensino oferecido por parte da instituição seja de 
qualidade ao mesmo tempo em que contribua para uma transformação de 
entendimento. De acordo com Almeida (2003): 
De modo geral, é preciso recuperar o verdadeiro sentido da palavra 
“escola”: lugar de alegria, prazer intelectual, satisfação. É preciso 
também repensar a formação do professor, para que reflitam cada vez 
mais sobre a sua função (consciência histórica) e adquira cada vez 
mais competência, não só em busca do conhecimento teórico, mas 
numa prática que se alimentará do desejo de aprender cada vez mais 
para poder transformar. (ALMEIDA, 2003, p.64). 
O educador da primeira infância deve utilizar o ato de brincar, 
sendo um mediador das atividades espontâneas, nas quais a imaginação flui e 
a criança recria e/ou consolida aquilo que já sabe. Nesse sentido, o professor 
precisa possuir um perfil que condiz com as espeficidades do seu trabalho, para 
articular conteúdos diversificados e promover a aprendizagem. Contudo, precisa 
escolher os materiais corretos e desenvolver as atividades junto às crianças, 
levando em conta cada faixa etária, organizar o espaço físico, enfim, precisa 
pensar na totalidade da criança como indivíduo. De acordo com Vygotsky 
(1998), é necessário que o educador se utilize de jogos, brinquedos, 
 
37 
 
brincadeiras, histórias, enfim, mecanismos que despertem o pensar e o interesse 
da criança, apresentando situações problemáticas de forma que desenvolva no 
aluno a capacidades de solucioná-las. 
Ao conduzir aspectos lúdicos na aprendizagem, a ação do 
professor tem fundamental importância, pois oferece subsídios na efetivação das 
atividades. Diante disso, o educar deve intervir de forma a incentivar as 
atividades oferecendo objetos e deixando à disposição das crianças para brincar; 
promover o jogo espontaneamente (em caráter não obrigatório), ou seja, as 
crianças escolhem se aceitam ou não a atividade proposta pelo professor; 
desenvolver atividades dirigidas que podem não ter uma relação direta com a 
brincadeira, mas enriquecê-las de ludicidade, como um meio de intervenção. 
Nesse sentido, é papel do professor fazer o resgate da brincadeira, 
aquela que é divertida que vai além do fazer pedagógico cotidiano, sabendo que 
aprender e brincar andam de mão dadas na Educação Infantil. Seguindo no 
mesmo caminho, as instituições que entendem a importância dos jogos, 
brincadeiras e do lúdico na educação, trabalham para melhorar tanto o 
atendimento por parte do corpo docente oferecendo capacitações, quanto para 
organização e desenvolvimento de espaços físicos propício à prática das 
atividades lúdicas de acordo com as necessidades das crianças, oferecendo 
matérias diádicos, brinquedos, fantasias, enfim, tudo que abre as portas para a 
criatividade e imaginação. De acordo com o Referencial Curricular Nacional para 
a Educação Infantil (1998) a organização do tempo deve ser agrupada em três 
modalidades: 
• Atividades permanentes: cujo tempo é direcionado às atividades 
lúdicas e de necessidades básicas de cuidados, tais como brincadeiras livres 
nos espaços internos e externos, rodas de conversas e ou histórias, oficinas de 
músicas e desenhos, cuidados com o corpo, entre outras. 
• Sequências de atividades: cujo tempo é direcionado a atividades 
que têm como proposta promover uma aprendizagem específica, ou seja, 
trabalhando de acordo com os conteúdos sugeridos em cada eixo norteador 
proposto no Referencial. 
 
38 
 
• Projetos de trabalho: cujo tempo é direcionado à realização de um 
projeto pedagógico que deve ter suas etapas planejadas em conjunto com as 
crianças e um tema relacionado a um dos eixos de trabalho. Essa forma de 
organização do tempo sugerida pelo Referencial é uma maneira de administrá-
lo dentro do ambiente escolar, e desta forma, o educador poderá garantir um 
tempo específico para a criança brincar. 
No entanto, o professor da educação infantil precisa ter a 
consciência de que pode não obter os resultados almejados no desenvolvimento 
das atividades escolhidas, em decorrências dos fatores variáveis relativos ao 
grupo de alunos envolvidos. Nesse sentido deve adaptar ou até mesmo mudar 
as atividades, mas sem perder o foco. Para tanto o profissional precisa estar 
capacitado e saber que as atividades que envolvem o lúdico, são promotoras de 
aprendizagem. Em conformidade com Carneiro (2011), “falta preparo aos 
profissionais que atuam no mercado, mas acima de tudo, falta disponibilidade 
para mudar”. Sendo assim, é preciso maior empenho e dedicação por parte tanto 
da escola, quando do educador para desenvolver um bom trabalho. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
39 
 
CONSIDERAÇÕES FINAIS 
Conforme apresentado, houve uma enorme evolução na área da 
educação infantil, considerando a inexistência de órgãos específicos destinados 
à educação da criança de zero a seis anos até por volta do século XIX, quando 
a família era a única responsável pela educação de seus filhos, sendo as creches 
instituições assistencialistas apenas, possuindo pouca estrutura física e 
funcional para receber os alunos. Nessa época, em decorrência do grande 
aumento da industrialização, as mulheres, mães de família, eram uma das 
principais mãos de obra, o que levou a surgir a necessidade de ampliar os 
centros de acolhimento das crianças como também melhorias dos serviços e 
estruturação o que levou a reivindicações nesse sentido. Dessa forma, 
aconteceu a aprovação pela Assembleia Constituinte das principais exigências 
referentes a valorização da educação no Brasil, sendo que a Constituição 
de1988 trouxe na sua publicação a inclusão da creche no sistema escolar e a 
educação da criança de zero a seis anos, qualificando como responsabilidade 
da família e do Estado a garantia de educação para criança. Desde então, 
percebemos que houve muitas mudanças no que diz respeito à melhoria na 
educação, no entanto ainda temos um longo caminho pela frente. Há muito o 
que adequar ainda. 
Nesta perspectiva, buscamos entender maneiras de ensino que 
sejam favoráveis ao desenvolvimento integral do ser humano, o que nos leva a 
chegar aos estudos e teorias de filósofos, cientistas e pesquisadores da área a 
respeito do desenvolvimento da criança relacionando-o ao uso de jogos e 
brincadeiras na educação infantil. Nesse sentido, no decorrer do presente 
trabalho, buscamos entender a importância do ato de brincar e as suas 
implicações para o desenvolvimento e aprendizagem. Assim, acabamos por 
verificar que a criança se torna construtora de conhecimento quando brinca, pois 
encontra motivos para solucionar problemas, desenvolver hipóteses ou até 
mesmo viajar na imaginação. 
Constatamos que brincar é prazeroso, é uma ação desenvolvida 
em sua plenitude, não cabendo imposições, dessa forma pode ser considerada 
uma atividade lúdica, um meio de comunicação, de aprendizagem e de 
 
40 
 
socialização. O lúdico é inerente ao ser humano, logo, podemos entender que o 
brincar é uma necessidade da criança. 
Encontramos motivos para entender o lúdico como uma importante 
ferramenta de ensino, pois desenvolve competências de uma forma prazerosa. 
Entendemos que brincar é mais que um ato recreativo, pois estimula o 
imaginário, propicia a imaginação, a socialização e dependendo da brincadeira, 
ensina regras e até mesmo a criação de novos modos de brincar. Na brincadeira 
está contida a verbalização, o pensamento, o movimento, o que possibilita meios 
de comunicar-se e ampliar o vocabulário, além da criação de vínculos afetivose 
emocionais. 
No entanto, percebe-se que ainda existe uma dificuldade por parte 
do professor da educação infantil em colocar adequadamente atividades que 
envolvam os jogos e brincadeiras em sala de aula, pois falta subsídios em sua 
formação para tal abordagem. Dessa forma se faz necessário investimentos na 
sua formação continuada com um olhar voltado para inserção do lúdico no 
ensino-aprendizagem, da mesma forma que as instituições voltadas para a 
educação da criança de zero a seis anos também valorizem o brincar como 
forma de ensinar e de aprender. 
Diante do que foi relatado, fica nítido as contribuições do brincar 
para o desenvolvimento físico, pisco e afetivo da criança. O que nos faz refletir 
sobre a prática pedagógica e o papel do educador infantil em relação a educação 
lúdica e os benefícios provenientes dos jogos, do brinquedo e das brincadeiras. 
Portanto, podemos entender que o brincar é inerente à criança, assim como 
também é inerente a aprendizagem. 
 
 
 
 
 
 
41 
 
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A formação social da mente. Trad. José Cipolla Neto et alii. São Paulo, Livraria Martins 
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	INTRODUÇÃO
	CAPITÚLO I – REFERENCIAL TEÓRICO
	1.1 Conceituando Educação Infantil
	1.1.1 Breve Histórico da Educação Infantil
	1.2 Concepções de Infância
	1.3 Definição de Jogos, Brinquedo e Brincadeiras
	1.3.1 O Jogo
	1.3.2 O Brinquedo
	1.3.3 A Brincadeira
	1.4 O Brincar e suas implicações para o desenvolvimento Infantil Segundo Piaget e Vygotsky
	1.5 O Lúdico Como Ferramenta Pedagógica
	CAPÍTULO II – O MÉTODO
	CAPÍTULO III – JOGOS E BRINCADEIRA NA PRÁTICA DOCENTE
	Nesta perspectiva, o Referencial Curricular Nacional da Educação Infantil, (1998) nos traz que educar tem como base a integração de cuidados com a criança, a brincadeira e a aprendizagem orientada propiciando o desenvolvimento de capacidades, socializ...
	Massinha de Modelar: contribui para o fortalecimento dos músculos das mãos e dos dedos, além de estimular o desenvolvimento da motricidade fina, sendo ainda uma brincadeira prazerosa que envolve criatividade e diversão. O professor pode ainda inserir ...
	Desenho e pintura: esse tipo de atividade estimula a percepção sensorial, expressão de sentimentos e desejos, imaginação, coordenação motora, além de aprender sobre as cores e desenvolver habilidades preparatórias para a escrita. O educador pode ofere...
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