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UNIVERSIDADE PAULISTA EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Vanusa Pereira da Silva 1948175 A Importância do Brincar Para o Desenvolvimento e Aprendizagem da Criança na Educação Infantil Toledo/PR– 2021 UNIVERSIDADE PAULISTA EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Vanusa Pereira da Silva 1948175 A Importância do Brincar Para o Desenvolvimento e Aprendizagem da Criança na Educação Infantil Toledo/PR – 2021 Trabalho de conclusão de curso apresentado como requisito parcial para a obtenção do título de Licenciatura em Pedagogia pela Universidade Paulista – Polo de Toledo/PR, sob orientação da Profª. Paula Martins da Silva. A Importância do Brincar Para o Desenvolvimento e Aprendizagem da Criança na Educação Infantil Data de aprovação __/__/____ ___________________________________ Prof. (a) Orientador (a) UNIP – Universidade Paulista __________________________________ Prof. (a) Orientador (a) UNIP – Universidade Paulista ___________________________________ Prof. (a) Orientador (a) UNIP – Universidade Paulista Dedico esse trabalho à minha mãe Maria e ao meu filho Joaquim. Ela quem me deu a vida e ele minha vida toda. Agradecimentos À Deus, que permitiu e possibilitou meus estudos me abençoando com saúde, discernimento e uma bolsa de estudos cedida pela Universidade Paulista. À minha amiga Márcia que me convidou para dar início à graduação de pedagogia mesmo depois de tanto tempo após a conclusão do ensino médio e talvez, sem o qual, eu não tivesse começado e consequentemente não tivesse chegado onde cheguei. À minha família pelo apoio e dedicação, em especial ao meu marido Flávio que sempre esteve ao meu lado, me ajudando e incentivando. E à Unip – Universidade Paulista – Polo de Toledo/PR, pelo oferecimento do excelente curso de graduação em Pedagogia ofertado e pelos serviços prestados sempre com muita cordialidade e eficiência. A atividade lúdica é o berço obrigatório das atividades intelectuais da criança, sendo por isso, indispensável à prática educativa. Jean Piaget RESUMO A criança nem sempre foi vista tal como é hoje, pois até meados do século XVI era tratada como um adulto em miniatura que desde muito cedo tinha que trabalhar para ajudar no orçamento familiar. Com decorrer do tempo adquiriu direitos garantidos por lei que visam seu desenvolvimento de maneira integral, ou seja, seu desenvolvimento físico, afetivo, cognitivo e psicomotor, valorizando sua educação e seu lazer, isto é, o direito de aprender, de brincar e de ser criança. Teóricos da área da educação, reforçam que o uso de jogos e brincadeiras com a intenção de promover a aprendizagem são de grande valia. Nesse sentido, a ludicidade ganhou espaço em sala de aula, pois é considerada uma ferramenta pedagógica. As creches que antes eram locais com pouca estrutura para o recebimento das crianças e possuíam um cunho assistencialista, também foram reformuladas, se transformando em espaços educativos que integram cuidado e ensino, com profissionais preparados para desenvolver o trabalho com as crianças. Nesta perspectiva, é preciso que os profissionais da educação abracem o uso do lúdico, desenvolvendo atividades prazerosas que envolvam brincadeiras, o brinquedo e os jogos como forma de ensinar, mas para isso precisam sempre se atualizar e se aperfeiçoar. Palavras-Chave: Educação Infantil. Jogos. Brincadeiras. Aprendizagem. ABSTRACT The child was not always seen as he is today, because until the middle of the 16th century he was treated as a miniature adult who had to work from a very early age to help with the family budget. Over time, he acquired rights guaranteed by law that aim at his integral development, that is, his physical, affective, cognitive and psychomotor development, valuing his education and leisure, that is, the right to learn, to play and to be kid. Education theorists reinforce that the use of games and games with the intention of promoting learning are of great value. In this sense, playfulness gained space in the classroom, as it is considered a pedagogical tool. The daycare centers that were previously places with little structure for receiving children and had an assistance nature, were also reformulated, transforming themselves into educational spaces that integrate care and teaching, with professionals prepared to develop the work with the children. In this perspective, it is necessary that education professionals embrace the use of playfulness, developing pleasurable activities that involve games, toys and games as a way of teaching, but for this they always need to update and improve themselves. Keywords: Early Childhood Education. Games. Pranks. Learning. SUMÁRIO INTRODUÇÃO ......................................................................................... 11 CAPITÚLO I – REFERENCIAL TEÓRICO ............................................... 12 1.1 Conceituando Educação Infantil ...................................................... 12 1.1.1 Breve Histórico da Educação Infantil .................................... 14 1.2 Concepções de Infância ............................................................... 16 1.3 Definição de Jogos, Brinquedo e Brincadeiras........................... 19 1.3.1 O Jogo ..................................................................................... 20 1.3.2 O Brinquedo ............................................................................ 21 1.3.3 A Brincadeira .......................................................................... 23 1.4 O Brincar e suas implicações para o desenvolvimento Infantil Segundo Piaget e Vygotsky.................................................................................. 24 1.5 O Lúdico Como Ferramenta Pedagógica..................................... 27 CAPíTULO II – O MÉTODO ..................................................................... 29 CAPÍTULO III – JOGOS E BRINCADEIRA NA PRÁTICA DOCENTE ..... 30 3.1 O Papel do Professor da Educação Infantil na Condução de Uma Educação Lúdica ................................................................................................... 35 CONSIDERAÇÕES FINAIS ..................................................................... 39 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS......................................................... 41 11 INTRODUÇÃO Embasado em pesquisa bibliográfica e tendo como referencial autores como Kishimoto, Piaget, Vygotsky, Kramer, entre outros que fizeram analises sobre o assunto, o presente trabalho tem como objetivo identificar a importância que o ato de brincar exerce sobre as crianças de zero a cinco anos de idade, relacionando ao seu desenvolvimento cognitivo. Nesse sentido a pesquisa busca salientar o quão necessário e importante o professor saber, entender e desenvolver seu trabalho baseado em questões relacionadas ao tema, pois o brincar pode ser considerado um modo de comunicar, por meio do qual a criança reproduz o seu cotidiano. De acordo com Vygotsky (1979): A criança aprende muito ao brincar. O que aparentemente ela faz apenas para distrair-se ou gastar energia é na realidade uma importante ferramenta para o seu desenvolvimento cognitivo, emocional, social, psicológico. (VYGOTSKY, 1979, p.45). Nessa perspectiva, o processo de aprendizagem segue uma sequência de aquisição de competências as quais permiteà criança a construção de habilidades no decorrer do seu crescimento. Essas construções precisam ter como alicerce outras habilidades básicas tais como: Atenção, Coordenação motora, Memória, Consciência fonológica e numérica, Espacialidade, entre outras, sendo as mesmas desenvolvidas nas brincadeiras, nos jogos e na interação com outras crianças. Desta forma, os pontos norteadores desse trabalho, culminam em relacionar as fases do desenvolvimento físico da criança com seu processo cognitivo de acordo com o que ela vivencia, sendo o ato de brincar ator principal nessa relação. Fazer uma análise do lúdico, das brincadeiras, dos jogos e consonância com o que desperta e inspira no aluno na fase inicial da educação infantil. Ao brincar, a criança usa criatividade, expressa o imaginário, desenvolve autonomia, constrói formas de trabalhar os seus problemas. Em suma, o referido trabalho tem como intenção contribuir para a reflexão da prática docente e pedagógica voltada para a valorização do ato de brincar, salientando ainda que a ludicidade é fator inerente à aprendizagem. 12 CAPITÚLO I – REFERENCIAL TEÓRICO 1.1 Conceituando Educação Infantil De acordo com a LDB (Lei nº 9.394/1996) mais especificamente pelos Artigos 29 e 30, dentro da Seção II, a educação infantil é a primeira etapa da educação básica, sendo referente ao início da criança com idade entre 0 (zero) e 5 anos no processo educativo e de socialização. Tendo como objetivo o desenvolvimento integral de forma a abranger os aspectos físico, psicológico, intelectual e social. Desta forma a educação infantil é subdividida entre as instituições educativas especializadas responsáveis pelo desenvolvimento das atividades, tais como as creches para crianças de até 3 anos e pré-escolas para as crianças de 4 a 5 anos de idade. Nesta primeira etapa de desenvolvimento, o professor faz a mediação entre o aluno e a realização das atividades que são desenvolvidas de acordo com cada faixa etária, dando prioridade a ludicidade, teatros, histórias, brincadeiras, jogos, enfim, atividades que estimulam as potencialidades cognitivas da criança. De acordo ainda com a LDB (Lei nº 9.394/1996) a educação infantil organiza-se de acordo com as seguintes regras comuns: I - avaliação mediante acompanhamento e registro do desenvolvimento das crianças, sem o objetivo de promoção, mesmo para o acesso ao ensino fundamental; II - carga horária mínima anual de 800 (oitocentas) horas, distribuída por um mínimo de 200 (duzentos) dias de trabalho educacional; III - atendimento à criança de, no mínimo, 4 (quatro) horas diárias para o turno parcial e de 7 (sete) horas para a jornada integral; IV - controle de frequência pela instituição de educação pré-escolar, exigida a frequência mínima de 60% (sessenta por cento) do total de horas; V - expedição de documentação que permita atestar os processos de desenvolvimento e aprendizagem da criança. (LDB, Lei nº 9.394/1996). 13 Na pratica, os CEMEIs (Centros Municipais de Educação Infantil) não devem ser visto como o local onde as crianças são deixadas apenas para cuidados básicos enquanto seus pais, mães ou responsáveis trabalham, mas sim como espaço de aprendizagem, pois os profissionais envolvidos são capacitados para atuarem de maneira a promover condições de desenvolvimento em diversas dimensões do conhecimento. A regulamentação de uma Educação Infantil de qualidade, segundo Machado deverá ser fundamentada na formação dos professores, sendo definida uma formação mínima com prazo estipulado para que todos consigam se adequar, além parâmetros a serem seguidos para os espaços físicos de forma a assegurar higiene e segurança, como também equiparação das salas como de toda a escola para as crianças pequenas; outro fator seria a relação entre docente e criança que em concordância com a LDB deve abranger a capacidade de entendimento entre o corpo docente, a faixa etária entendida e a proposta pedagógica a ser trabalhada. Um modelo bem esclarecedor quanto ao papel da educação infantil nas creches encontramos no documento Critérios Para Um Atendimento em Creches que Respeite os Direitos das Crianças (CAMPOS; ROSEMBERG, 2009) que detalha com precisão as situações representativas desses direitos como nos tópicos a seguir: • Nossas crianças têm direito à brincadeira. • Nossas crianças têm direito à atenção individual. • Nossas crianças têm direito a um ambiente aconchegante, seguro e estimulante. • Nossas crianças têm direito ao contato com a natureza. • Nossas crianças têm direito à higiene e à saúde. • Nossas crianças têm direito a uma alimentação sadia. • Nossas crianças têm direito a desenvolver sua curiosidade, imaginação e capacidade de expressão. • Nossas crianças têm direito ao movimento em espaços amplos. • Nossas crianças têm direito à proteção, ao afeto e à amizade. • Nossas crianças têm direito a expressar seus sentimentos. 14 • Nossas crianças têm direito a uma especial atenção durante seu período de adaptação à creche. • Nossas crianças têm direito a desenvolver sua identidade cultural, racial e religiosa. (CAMPOS; ROSEMBERG, 2009, p. 13). 1.1.1 Breve Histórico da Educação Infantil As primeiras creches surgiram pela prevalência da iniciativa privada, assumindo um caráter de assistência direcionado às famílias mais humildes. De acordo com Kuhlmann Jr (2011), havia apenas a Casa dos Expostos ou Roda direcionado ao atendimento de crianças abandonadas. Até o ano de 1874apenas crianças pequenas sem família eram atendidas em instituições: Até então, apenas crianças pequenas sem família eram atendidas em instituições. As Casas de Expostos recebiam os bebês abandonados nas “rodas” – cilindros de madeira que permitiam o anonimato de quem ali deixasse a criança – para depois encaminhá-los a amas que os criariam até a idade de ingressarem em internatos. (KUHLMANN JR, 2011, p. 473). No Brasil, as primeiras creches surgiram no início do século XX, em decorrência do contexto social da época, com a estruturação do capitalismo, urbanização acelerada e a necessidade de reprodução de mão de obra barata, sendo esta suprida por mulheres cujas quais não tinham onde deixar seus filhos enquanto laboravam. Nesse contexto, Kramer (1998) relata que as creches tinham como função o apoio à família, no sentido de “guardar” a criança. eram as creches que surgiam, com caráter assistencialista, visando afastar as crianças pobres do trabalho servil que o sistema capitalista em expansão lhes impunha, além de servirem como guardiãs de crianças órfãs e filhas de trabalhadores. (KRAMER, 1998, p.23). Seguindo o contexto, as creches por atuarem num papel assistencialista numa relação de prestação de favor, não possuíam estruturas adequadas, os recursos eram insuficientes, o atendimento precário sem a devida formação de pessoas na área e ainda sem possuir uma legislação ou até mesmo normas básicas de atendimento. Com o passar do tempo, surgiram discursos sobre os possíveis prejuízos no desenvolvimento da criança em nível psíquico, afetivo e cultural com 15 relação aos cuidados oferecidos na época. Desta forma surgiu a necessidade de compensar as deficiências apontadas, introduzindo assim novos profissionais tais como professores recreacionistas, psicólogos e pedagogos. Enfim foram promovidas mudanças significativas tanto de espaços como de organização dando maior importância à autonomia da criança. De acordo com Haddad (1991), houve uma grande evolução no que diz respeito às creches no Brasil. Os vários setores da sociedade como os grupos ligados aos movimentos populares, os representantes dos Conselhos da Condição Feminina, os profissionais que atuam nos programas pré-escolares em conjunto reivindicaram pelas creches e pré-escolas com a argumentação de ser um direito àeducação de todas as crianças independente de suas classes sociais. Sob essa pressão a Assembleia Constituinte aprovou as principais exigências publicando-as na Constituição de1988. Sendo a inclusão da creche no sistema escolar e a educação da criança de zero a seis anos. O dever do Estado com a Educação será efetivado mediante a garantia de: atendimento em creche e pré-escolas às crianças de zero a seis anos de idade. (Constituição Brasileira, 1988, cap. III, art. 208, inciso IV). Diante do apresentado, a creche torna-se subordinada à área de educação, deixando de ser “agência de guarda e assistência” para assumir o papel de instituição educacional bem como novas responsabilidades para o sistema escolar. Na análise de Kramer, Nunes e Corsino, podemos perceber que os avanços na área da educação infantil fazem caminho paralelo com o desenvolvimento das políticas públicas no que diz respeito à qualidade oferecida pelos sistemas de ensino tanto municipais quanto estaduais e a democratização do acesso à educação, confirmada pelo aumento do número de matriculas devido ao impacto dos movimentos sociais, bem como das mudanças legais promovidas pelo Estado. A aprovação do Fundo de Manutenção e desenvolvimento da Educação Básica e a valorização dos profissionais da educação, ampliação do ensino fundamental de oito para nove anos e a elaboração e definição de diretrizes e critérios de qualidade de ensino, nos traz uma ótica de consequente mudanças (KRAMER, 2009). 16 Kramer (2009) ainda destaca as mudanças que ocorreram no Brasil, nos últimos 30 anos: A situação da cobertura se alterou muito nos últimos 30 anos no Brasil, com avanços mais visíveis em relação às crianças de 4 a 6 anos, mas com um panorama ainda preocupante em relação àquelas de 0 a 3, nas creches. No que diz respeito à qualidade do trabalho realizado, os debates teóricos, os embates dos movimentos sociais e os esforços das políticas públicas (secretarias municipais, secretarias estaduais e Ministério da Educação) têm se dirigido especialmente à busca de consenso sobre os critérios de qualidade para a educação infantil, o delineamento de alternativas curriculares e a formação de professores. Persistem inúmeros desafios: da concepção de políticas à implementação de propostas pedagógicas e às práticas, muitas são as conquistas a obter, tanto em termos teóricos quanto curriculares. (KRAMER, 2009, p. 13). 1.2 Concepções de Infância O desenvolvimento físico e psicológico tem início desde o momento da fecundação, sendo um processo contínuo e não linear que se estende por toda a vida do ser humano. Segundo a Sociedade Brasileira de Pediatria, o cérebro tem uma maior evolução nos três primeiros anos de vida, desta feita, a primeira infância torna-se fator decisivo quanto ao desenvolvimento cognitivo, afetivo e cultural possuindo uma relação direta de progressão das habilidades de aprendizagem. De acordo com o Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil (Brasília, 1998) Nos primeiros anos de vida, o contato com o mundo permite à criança construir conhecimentos práticos sobre seu entorno, relacionados à sua capacidade de perceber a existência de objetos, seres, formas, cores, sons, odores, de movimentar-se nos espaços e de manipular os objetos. Experimenta expressar e comunicar seus desejos e emoções, atribuindo as primeiras significações para os elementos do mundo e realizando ações cada vez mais coordenadas e intencionais, em constante interação com outras pessoas com quem compartilha novos conhecimentos. (Brasília, 1998). No entanto, ao logo da história podemos identificar que nem sempre a criança teve esse olhar. Nos séculos XIV, XV e XVI a criança era conceituada como um adulto em tamanho menor, sendo tratada da mesma forma que os adultos ao seu redor. De acordo com Ariès (1981) na Idade Média, a infância era vista como um período marcado pela dependência, inexperiência, e incapacidade de adequação social em suas formas mais complexas, sendo que 17 as crianças vestiam roupas trabalhavam nos mesmos serviços e recebiam tratamento equivalente aos de adultos. A intenção era formar para servir, ou seja, a criança ganhava responsabilidades e aprendiam através do trabalho enquanto ajudavam os pais. Em tudo eram iguais, apenas o tamanho e a força eram considerados características diferentes entre os adultos e as crianças (ARIÈS, 1981). Este cenário começa a mudar no decorrer do século XVII, com o aparecimento da escola e o processo de escolarização. No entanto o conceito de infância ainda não era definido, o que só começaria a mudar no final do mesmo século em decorrência de fatores que envolviam a Igreja e a família no processo de educação, como também as descobertas sobre as práticas de higiene e de vacinação. Desta feita esse período é considerado um marco na evolução do pensamento sobre a infância, que originou uma preocupação com sua formação e sua constituição como indivíduo. As crianças começam a ser enxergadas diferentes a partir do século XVIII, quando tem suas particularidades reconhecidas e um tratamento diferenciado pela família ao dar-lhes seu próprio quarto, alimentação considerada especifica e roupas apropriadas. De acordo com Ariès (1981) entre os fatores que contribuíram para a formação do sentimento de infância estão o processo de escolarização o qual separou as crianças do mesmo ambiente que os adultos; a fabricação de brinquedos direcionados especificamente para as elas e a por último, a mudança do papel dos pais que agora tem como função o papel moral e espiritual, acentuando-se o sentimento de família. Segundo os estudos de Carvalho (2003): [...] A aparição da infância ocorreu em torno do século XIII e XIV, mas os sinais de sua evolução tornaram-se claras e evidentes, no continente europeu, entre os séculos XVI e XVIII no momento em que a estrutura social vigente (Mercantilismo) provocou uma alteração nos sentimentos e nas relações frente à infância. (CARVALHO, 2003, p. 47). Sob a influência de educadores e psicólogos, já no século XX, a criança adquiri novos direitos sendo consideradas sujeitos em fase de desenvolvimento (ARIÈS, 1981). 18 No entanto, apenas no início do século XXI que a infância ganha novas concepções as quais considera a criança como ser participativo da sociedade, sujeito histórico e criador de cultura (KRAMER, 1996). Nesta perspectiva Sônia Kramer (1986) nos apresenta que: Conceber a criança como ser social que ela é, significa: considerar que ela tem uma história, que pertence a uma classe social determinada, que estabelece relações definidas segundo seu contexto de origem, que apresenta uma linguagem decorrente dessas relações sociais e culturais estabelecidas, que ocupa um espaço que não é só geográfico, mas que também dá valor, ou seja, ela é valorizada de acordo com os padrões de seu contexto familiar e de acordo com sua própria inserção nesse contexto. (KRAMER, 1986, p. 79). Sob a mesma ótica o art. 4º das Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Infantil (RESOLUÇÃO Nº 5, DE 17 DE DEZEMBRO DE 2009) nos traz: As propostas pedagógicas da Educação Infantil deverão considerar que acriança, centro do planejamento curricular, é sujeito histórico e de direitos que, nas interações, relações e práticas cotidianas que vivencia, constrói sua identidade pessoal e coletiva, brinca, imagina, fantasia, deseja, aprende, observa, experimenta, narra, questiona e constrói sentidos sobre a natureza e a sociedade, produzindo cultura. (BRASIL, 2009, Art. 4º). Enfim, podemos perceber que a concepção de infância é historicamente construída, passando pela definição da mesma como sendo adulto em miniatura na Idade Média até chegar à criança cidadã na Contemporaneidade do século XXI. Fernandes e Kuhlmann Júnior (2004) apontam que: Os fatos relativos à evolução da infância,na pluralidade de suas configurações, inscrevem-se em contextos cujas variáveis delimitam perfis diferenciados. A infância é um discurso histórico cuja significação está consignada ao seu contexto e as variáveis de contexto que o definem. (KUHLMANN 2004, p. 29). Nesta perspectiva, cada período da história como também cada lugar em conformidade com sua organização e características próprias é que determina o conceito de infância. Sendo assim: [...] a ideia de infância, não existiu sempre, e da mesma maneira, ao contrário, ela aparece com a sociedade capitalista, urbano-industrial, na medida em que muda a inserção e o papel social desempenhado pela criança na comunidade. Se na sociedade feudal, a criança exercia um papel produtivo direto (“de adulto”) assim que ultrapassava o período de alta mortalidade, na sociedade burguesa ela passa a ser 19 alguém que precisa ser cuidada, escolarizada e preparada para uma atuação futura. Este conceito de infância é, pois, determinado historicamente pela modificação das formas de organização da sociedade. (KRAMER, 1992, p.19). No Brasil, a seguridade do período de infância deu-se a partir da promulgação da Constituição da República Federal de 1988, cuja qual em seu artigo 227 do Capítulo VII, delega os cuidados com a criança primeiramente à família seguida da sociedade e do Estado. É dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança e ao adolescente, com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária, além de colocá-los, a salvo de toda forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão. (CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL, 1988,- Capítulo VII art. 227). A partir de então, a infância passou a ser um assunto de maior relevância no Brasil, obtendo assim maior valorização com a Constituição de 1988, o que assegurou melhores condições de desenvolvimento à criança em todos os aspectos. Seguindo no mesmo sentido, o ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE (ECA) Lei – nº 8.069 publicado em de 13 de julho de 1990, amplia e reforça os direitos da criança e do adolescente, dando subsídios e prioridade absoluta do Estado. 1.3 Definição de Jogos, Brinquedo e Brincadeiras Em todo decorrer da história, nos mais variados países, nas mais diferentes sociedades, enfim, o ato de brincar é uma ação presente na vida do ser humano não importa onde ele se encontre. Jogos e brincadeiras, assim como o brinquedo, são recriados de geração em geração, pois faz parte da cultura popular, sendo manifestações espontâneas, perpetua a cultura infantil ao mesmo tempo em que desenvolve formas de convivência social (KISHIMOTO, 1993). Podemos encontrar os seguintes significados para as palavras jogo, brinquedo e brincadeira no dicionário Larousse (1982): Jogo = Ação de jogar; folguedo, brinco, divertimento. Seguem-se alguns exemplos: "jogo de futebol; Jogos Olímpicos; jogo de damas; jogos de azar; jogo de palavras; jogo de empurra". 20 Brinquedo = objeto destinado a divertir uma criança. Brincadeira = ação de brincar, divertimento. / Gracejo, zombaria. / Festinha entre amigos ou parentes. / Qualquer coisa que se faz por imprudência ou leviandade e que custa mais do que se esperava: aquela brincadeira custou-me caro. Do ponto de vista didático, Kishimoto (2001) define da seguinte maneira: JOGO: Tentar definir o jogo não é tarefa fácil. Quando se pronuncia a palavra jogo cada um pode entendê-la de modo diferente. Pode-se estar falando de jogos políticos, de adultos, crianças, animais, ou amarelinha, xadrez, adivinhas, contar estórias, brincar de “mamãe e filhinha”, futebol, dominó, quebra-cabeça, construir barquinho, brincar na areia e uma infinidade de outros. Tais jogos, embora recebam a mesma dominação, tem suas especificidades. [...] BRINQUEDO: Diferindo do jogo, o brinquedo supõe uma relação íntima com a criança e uma indeterminação quanto ao uso, ou seja, a ausência de um sistema de regras que organizam sua utilização. [...]. Admite-se que o brinquedo represente certas realidades. Uma representação é algo presente no lugar de algo. Representar é corresponder a alguma coisa e permitir sua evocação, mesmo em sua ausência. O brinquedo coloca a criança na presença de reproduções: tudo o que existe no cotidiano, a natureza e as construções humanas. Pode – se dizer que um dos objetivos do brinquedo é dar à criança um substituto dos objetos reais, para que possa manipulá-los. [...] BRINCADEIRA: É a ação que a criança desempenha ao concretizar as regras do jogo, ao mergulhar na ação lúdica. Pode-se dizer que é o lúdico em ação. [...] O brinquedo e a brincadeira relacionam-se diretamente com a criança e não se confundem com jogo. (KISHIMOTO, 2001, p. 13; 18 e 21). 1.3.1 O Jogo Popularmente a palavra jogo remete ao conceito de competição, como por exemplo, jogos de futebol e vôlei pelos quais ao final da disputa teremos o time que vence e o que perde. No entanto, no contexto educacional a palavra jogo se reveste de outra significação, se distancia do sentido de disputa e se aproxima de sua origem etimológica latina (jocus), assumindo o sentido de gracejo, divertimento, passatempo sujeito à regras. Kishimoto (1999) afirma que existe inúmeros tipos de jogos conhecidos: [...] como o faz de conta, simbólicos, motores, sensório-motores, intelectuais ou cognitivos, de exterior, de interior, individuais ou coletivos, metafóricos, verbais, de palavras, políticos, de adultos, de animais, de salão e inúmeros outros. Essa multiplicidade de fenômenos considerados como jogo mostra a complexidade em defini-lo. (KISHIMOTO, 1999, p. 8). 21 Os jogos e brincadeiras fazem parte do cotidiano das crianças, sendo consideradas atividades prazerosas, que trazem alegria, além de possuírem cunho educativo. Para Piaget (1967), “o jogo não pode ser visto apenas como divertimento ou brincadeira para desgastar energia, pois ele favorece o desenvolvimento físico, cognitivo, afetivo e moral”. Nesta perspectiva Huizinga (2014) define o jogo como: O jogo é uma atividade ou ocupação voluntária, exercida dentro de certos e determinados limites de tempo e de espaço, segundo regras livremente consentidas, mas absolutamente obrigatórias, dotado de um fim em si mesmo, acompanhado de um sentimento de tensão e de alegria e de uma consciência de ser diferente da 'vida cotidiana'. (Huizinga, 2014). Os jogos contribuem para o processo de formação do conhecimento, torna-se agente mediador das aprendizagens significativas, desperta na criança as descobertas na satisfação do brincar. Dentro desta perspectiva, o jogo possui um caráter simbólico, caracterizado por uma atividade desinteressada, sendo livre e espontâneo, podendo ser regido ou não de regras, afim de alcançar um determinado objetivo. 1.3.2 O Brinquedo Os brinquedos inicialmente não foram obra de invenções de fabricantes especializados, mas sim surgiram nas oficinas de artesãos tendo com matéria prima a madeira, tecidos, estanho e chumbo fundidos. Sendo uma forma de aumentar a renda familiar e também de reaproveitar sobras das matérias-primas, os artesãos produziam miniaturas que eram réplicas do objeto real. No entanto essas miniaturas eram direcionadas aos adultos, que as solicitavam para um fim específico, como o soldadinho de chumbo que servia para visualizar estratégias de guerra dos militares da época. Com o decorrer do tempo, os brinquedos que eram miniaturas, passaram a se tornar maiores, mais coloridos e com maiores variedades de materiais. Atualmente os materiais utilizados em sua fabricação, são derivados de matérias-primas industrializadas como o plástico. Hoje existe uma inúmera gama de brinquedos disponíveis no mercado dos mais variados tipos, cores,formatos e finalidades. Porém, a https://pt.wikipedia.org/wiki/Homo_Ludens#CITEREFHuizinga2014 22 aproximação da realidade que alguns brinquedos possuem, pode dificultar a criatividade da criança, pois não deixa espaço para a imaginação fluir. Um exemplo disso são os brinquedos à pilha que praticamente brincam sozinhos e a criança só olha. Kishimoto (1999) afirma: [...] enquanto brinca, a criança cria e recria, usa o brinquedo com outras funções. O processo de brincar inclui ações sem caminho preestabelecido. É, por natureza, um ato incerto. O prazer de brincar vem dessas escolhas (KISHIMOTO, 1999, p. 32) Diferente do jogo, o brinquedo não especifica regras para a brincadeira, seu uso não é determinado, podendo ser utilizado até mesmo com outro intuito o qual a imaginação desejar. Nesse pensamento temos Kishimoto (1999): [...] Diferindo do jogo, o brinquedo supõe uma relação íntima com a criança e uma indeterminação quanto ao uso, ou seja, a ausência de um sistema de regras que organizam sua utilização”. (Kishimoto, 1999, p. 17) O brinquedo propicia à criança a apropriação do mundo real numa relação cultural de forma a dominar conhecimentos. Através do brinquedo a criança desenvolve ações numa esfera cognitiva dependente de motivações internas (Vigotsky1991). Enquanto objeto, o brinquedo é sempre suporte de brincadeira, sendo o mesmo uma reprodução de objetos da vida cotidiana a partir da cultura e da sociedade. São reproduções adaptadas às crianças de acordo com cada faixa etária. No entanto, a criança além do brinquedo pode fazer uso de outros artigos em suas brincadeiras, o que desenvolve a imaginação, já que, se torna um faz de conta, pois um cabo de vassoura pode se tornar um cavalo, uma espada, um remo ou até mesmo uma bengala. Para Vygotsky (1998): No brinquedo, a criança sempre se comporta além do comportamento habitual de sua idade, além de seu comportamento diário; no brinquedo, é como se ela fosse maior do que é na realidade. Como foco de uma lente de aumento, o brinquedo contém todas as tendências do desenvolvimento sob forma condensada, sendo ela mesmo uma grande fonte de desenvolvimento. (Vygotsky, 1998, p. 117) 23 Contudo, podemos perceber que todo brinquedo pode ser considerado educativo, o que vai depender da sua utilização, no entanto, nem todo brinquedo pode ser pedagógico. Dessa forma, só podemos diferenciar o brinquedo educativo e o brinquedo pedagógico ao relacionarmos as diferenças de atitude e comportamento da criança em relação ao brinquedo. 1.3.3 A Brincadeira Ao brincar, a criança interage, toma decisões, organiza pensamentos e atitudes além de expressar seus anseios e sentimentos. O uso da imaginação é inerente à brincadeira, sendo que, a criança pode assumir vários papeis sociais como o de pai, de mãe, de médico (VIGOTSKY, 1991), enfim, a criança pode ser quem ela quiser ser, desde um animal à um herói com super poderes ou até mesmo um personagem que ouviu nas histórias infantis como o vilão Lobo Mal. Nesse sentido Piaget (1978), afirma que a brincadeira de faz-de-conta: está intimamente ligada ao símbolo, uma vez que por meio dele, a criança representa ações, pessoas ou objetos, pois estes trazem como temática para essa brincadeira o seu cotidiano (contexto familiar e escolar) de uma forma diferente de brincar com assuntos fictícios, contos de fadas ou personagens de televisão. (PIAGET, 1978. p.76). Podemos considerar a brincadeira como sendo uma forma particular de expressão, de pensamento e de comunicação infantil. Quando uma criança ao brincar classifica tamanhos de peças, faz encaixe de brinquedos, empilha cubos de madeira, diferencia as cores, classifica as formas geométricas ao colocá-las nos espaços adequados, ela está aprendendo de maneira prazerosa e significativa. Nesse sentido, a brincadeira torna-se um elemento atrativo na ação educativa, de forma que o professor faz uso do conhecimento didático e pedagógico com o objetivo de desenvolver habilidades especifica no decorrer das atividades lúdicas. Sob essa ótica Carvalho (1992) afirma: (...) o ensino absorvido de maneira lúdica, passa a adquirir um aspecto significativo e afetivo no curso do desenvolvimento da inteligência da criança, já que ela se modifica de ato puramente transmissor a ato transformador em ludicidade, denotando-se, portanto em jogo. (CARVALHO, 1992, p.28). 24 Brincar é um direto da criança reconhecido pela legislação brasileira, na Lei Nº 13.257, de 8 de Março de 2016 podemos ler o seguinte: Art. 17. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios deverão organizar e estimular a criação de espaços lúdicos que propiciem o bem-estar, o brincar e o exercício da criatividade em locais públicos e privados onde haja circulação de crianças, bem como a fruição de ambientes livres e seguros em suas comunidades. Nesta perspectiva podemos identificar o quão necessário e importante para a criança o ato de brincar. Desta feita, a educação infantil deve se valer dos recursos do jogo, do brinquedo e da brincadeira para garantir uma aprendizagem significativa e prazerosa. 1.4 O Brincar e suas implicações para o desenvolvimento Infantil Segundo Piaget e Vygotsky Como já dito antes, existe uma relação íntima entre brincar e aprender. No entanto para cada fase do desenvolvimento temos uma abordagem de brincadeira, jogo e brinquedo específicos. De acordo com os estudos de Jean Piaget, existem quatroestágios de desenvolvimento cognitivo, caracterizados pela forma como cada indivíduo interage com a realidade, ou seja, a maneira como cada pessoa organiza o conhecimento, adaptando-os pelos processos de assimilação e acomodação. Piaget (1978) afirma que os estágios do desenvolvimento cognitivo acompanham as procedências das manifestações lúdicas no processo de desenvolvimento, reconhecendo a existência de três tipos de estruturas mentais que aparecem ininterruptamente na evolução do brincar infantil: o exercício, o símbolo e a regra: Jogos de exercício: O jogo de exercício pode ser definido como os movimentos que a criança faz quando corre, anda, pula, enfim, sendo estes movimentos movidos pelo simples prazer da ação. Refere-se ao período sensório-motor do desenvolvimento cognitivo tendo sua ocorrência entre o nascimento até os dois anos de idade aproximadamente, quando aparece a fala, mas continua a existir por toda a vida do ser humano Jogos simbólicos: Tem início por volta do final do segundo ano de vida com o surgimento da função simbólica. Refere-se à etapa pré-operatório do desenvolvimento cognitivo. Nesta fase a criança ainda se utiliza dos jogos 25 anteriores encontrando satisfação nos mesmos, mas agora ela já é capaz de usar os símbolos. Ocorrem então as brincadeiras de faz-de-conta a qual permite que a criança utilize outros objetos para simbolizar o que está fazendo. Ao utilizar o jogo simbólico, a criança desenvolve a capacidade de assimilar o mundo exterior ao “eu” da criança, pois quando representa algo que presencia, de certa forma ela exterioriza seus medos, desejos, angustias e alegrias. Entre os dois e quatros anos, o uso do próprio corpo nas representações é comum, como por exemplo, a criança pode fazer a imitação de animais como o cachorro, o gato e até de pessoas. O jogo simbólico ocorrência até por volta dos sete anos quando surge o pensamento intuitivo. Jogos de regras: São os jogos que propiciam a socialização do indivíduo. Por volta dos quatro anos a criança já começa a se interessar pelas regras, no entanto é a partir dos sete anos até por volta dos onze ou doze anos que o jogo de regras fará sentido para o sujeito. Essa fase refere-se o período cognitivo de operações concretas. No jogo de regras, a criança já possui a capacidade reversibilidade do pensamento operatório concreto, sendo necessário trabalhar com a atenção, concentração,raciocínio e sorte. Os jogos e as brincadeiras dispõe de regras e necessitam que haja a participação de pelo menos dois indivíduos, sendo que as regras podem ser transmitidas (aquelas que já são estabelecidas pelas gerações anteriores) ou espontâneas que a criança em conformidade com seus pares decidem na hora para o jogo inventado ou momentâneo. Para Piaget (1978) a atividade lúdica é o berço obrigatório das atividades intelectuais da criança. São, pois, meios que contribuem e enriquecem o desenvolvimento cognitivo e não apenas forma de entretenimento para gastar energia. Ele considera que: O jogo e o brincar, portanto, sob as suas duas formas essenciais de exercício sensório-motor e de simbolismo, proporciona uma assimilação da real à atividade própria, fornecendo a esta seu alimento necessário e transformando o real em função das necessidades múltiplas do eu. Por isso, os métodos ativos de educação das crianças exigem todos que se forneça às crianças um material conveniente, a fim de que, jogando e brincando, elas cheguem a assimilar as realidades intelectuais que, sem isso, permanecem exteriores à inteligência infantil. (PIAGET 1976, p.160). 26 Na teoria construtivista de Piaget, o jogo e a brincadeira fazem partedo processo de construção do sujeito, sendo responsável pela inserção do mesmo no meio social. Para o autor é através do jogo e do brincar que a criança aplica tudo o que aprende de forma a adaptar-se e interagir com o meio, consolidando assim as habilidades aprendidas, refletindo o nível do desenvolvimento cognitivo da criança. O desenvolvimento do jogo está em constante evolução, sendo individual e subjetivo, sendo também considerado um instrumento de aprendizagem. Assim como Piaget, Vygotsky apresentou contribuições significativas para a educação, através de suas pesquisas relacionadas ao desenvolvimento e aprendizagem. O Autor afirma que existe uma distância entre o nível de desenvolvimento real (capacidade de resolução de um problema sozinho) e o nível de desenvolvimento potencial (quando o indivíduo necessita de auxílio para resolver o problema). Essa relação do sujeito com o mundo sob mediação é denominada zona proximal de desenvolvimento. Desta forma "A Zona de Desenvolvimento Proximal define aquelas funções que ainda não amadureceram, mas que estão em processo de maturação, funções que amadurecerão, mas que estão, presentemente, em estado embrionário" (VYGOTSKY. 1984, p. 97). No processo de desenvolvimento infantil Vygotsky (1984) relata que: a criança começa usando as mesmas formas de comportamento que outras pessoas inicialmente utilizaram em relação a ela. Isto acontece desde os primeiros anos de vida, onde as atividades das crianças possuem um significado próprio, num sistema de comportamento social, modificada através de seu ambiente humano, que auxilia a atender seus objetivos. Portanto isto vai envolver a comunicação, ou melhor, a fala. (VIGOTSKY,1984). A brincadeira é considerada por muitos autores como uma ação assimiladora. Nesse sentido o ato de brincar é importante para o desenvolvimento psíquico da criança, pois relaciona o mundo da imaginação com o mundo real. Podemos perceber isso quando uma criança brinca representando seu cotidiano, imitando o comportamento dos pais e familiares. 27 Ela transporta para a brincadeira as situações vivenciadas no seu dia a dia e sente como sendo realidade. Para Vygotsky (1984): A brincadeira fornece, pois, ampla estrutura básica para mudanças da necessidade e da consciência, criando um novo tipo de atitude em relação ao real. Nela aparece a ação na esfera imaginativa numa situação de faz-de-conta, a criação das intenções voluntárias e a formação dos planos da vida real e das motivações volitivas, constituindo-se assim, no mais alto nível de desenvolvimento pré- escolar. (Vygotsky 1984, p.105-118). 1.5 O Lúdico Como Ferramenta Pedagógica A palavra lúdica é originaria do latim ludus, é um substantivo masculino e remete ao sentido de jogos e divertimento. Faz parte da atividade humana, possuindo características de ser algo espontâneo e satisfatório. A evolução semântica da palavra "lúdico", entretanto, não parou apenas nas suas origens e acompanhou as pesquisas de Psicomotricidade. O lúdico passou a ser reconhecido como traço essencial de psicofisiologia do comportamento humano. De modo que a definição deixou de ser o simples sinônimo de jogo. As implicações da necessidade lúdica extrapolaram as demarcações do brincar espontâneo. (ALMEIDA, 2009, p.1). A atividade lúdica envolve prazer e interação dos envolvidos, sem pretensão de resultados sendo visto como um entretenimento (Almeida, 2009). Os jogos, brinquedos, brincadeiras, representações artísticas, músicas, cantigas de roda, danças são atividades que podem ser desenvolvidas de maneira lúdicas que envolvem ação e pensamento criativo. Desta forma, ao utilizar o lúdico de maneira correta é possível obter aprendizagem e conhecimentos múltiplos, pois a criança se interessa de maneira expressiva pelas atividades, de maneira que desenvolve uma troca contínua de aprendizado mesmo sem perceber. Para Kishimoto (2010): Ao brincar, a criança experimenta o poder de explorar o mundo dos objetos, das pessoas, da natureza e da cultura, para compreendê-lo e expressá-lo por meio de variadas linguagens. Mas é no plano da imaginação que o brincar se destaca pela mobilização dos significados. Enfim, sua importância se relaciona com a cultura da infância, que coloca a brincadeira como ferramenta para a criança se expressar, aprender e se desenvolver. (Kishimoto, 2010 p.01). Nesta perspectiva, o lúdico pode ser considerado uma ferramenta eficiente para a educação infantil. O professor deve ter e buscar conhecimentos 28 sobre o assunto antes de usar o lúdico como método de ensino. De acordo com os Referenciais Curriculares para a Educação Infantil RCNEI: Na instituição de educação infantil, pode-se oferecer às crianças condições para as aprendizagens que ocorrem nas brincadeiras e aquelas advindas de situações pedagógicas intencionais ou aprendizagens orientadas pelos adultos. É importante ressaltar, porém, que essas aprendizagens, de natureza diversa, ocorrem de maneira integrada no processo de desenvolvimento infantil. (BRASIL, 1998, p. 23). De acordo com Antunes "Os jogos ou brinquedos pedagógicos são desenvolvidos com a intenção explícita de provocar uma aprendizagem significativa, estimular a construção de um novo conhecimento" (ANTUNES, 2002, p.38). Sendo assim, as atividades lúdicas precisam ser planejadas, estruturadas e estudadas de acordo com o objetivo que se quer ensinar ou desenvolver, a fim de alcançar bons resultados no trabalho pedagógico. Quando a criança vivencia o lúdico num processo de construção de conhecimento ela aprende num contexto significativo, construtivo e expressivo. Para Luckesi (1998): a atividade lúdica é aquela que dá plenitude e, por isso, prazer ao ser humano, seja como exercício, seja como jogo simbólico, seja como jogo de regras. Os jogos apresentam múltiplas possibilidades de interação consigo mesmo e com os outros. (LUCKESI, 1998, p. 29). Para Luckesi (1998) a ludicidade não pode ser considerada como sinônimo de brincadeira, como algumas vezes percebemos tal afirmação, pois a brincadeira apenas será lúdica se levar a criança à plena entrega e vivência no momento da ação, e para isso precisa despertar na criança a vontade de participar da atividade, além de mantê-la envolvida por completo durante a realização da brincadeira. Desse modo, nem toda brincadeira é lúdica da mesma forma que nem toda atividade lúdica é uma brincadeira. Tomando por base os escritos, as falas e os debates, que tem se desenvolvido em torno do que é lúdico, tenho tido a tendência em definir a atividade lúdica como aquela que propicia a ‘plenitude da experiência’.Comumente se pensa que uma atividade lúdica é uma atividade divertida. Poderá sê-la ou não. O que mais caracteriza a ludicidade é a experiência de plenitude que ela possibilita a quem a vivencia em seus atos. (LUCKESI, 1998). A utilização da ludicidade na educação infantil é de extrema importância, visto que, o lúdico é inerente ao ser humano. Dessa forma, a 29 construção do conhecimento encontra um caminho agradável e fácil nas atividades que envolvem a ludicidade, onde a criança usa o raciocínio, cria, fantasia, brinca, enfim, se entrega à imaginação. CAPÍTULO II – O MÉTODO Este trabalho foi elaborado através de pesquisa bibliográfica, o qual tem por base a leitura e reflexão de publicações impressas e eletrônicas (Martins Junior, 2008). Possui abordagem qualitativa exploratória, ou seja, tem a finalidade de compreender os fenômenos em seu caráter subjetivo sem a intenção de medir, enumerar ou quantificar o resultado, como tão pouco usar estatísticas como processo de estudo da problemática. Visa a compreensão de analises variável, a descrição de hipóteses, levantamento de dados no que se refere à compreensão comportamental. Segundo Gil (2007, p. 17), “pesquisa é um procedimento racional e sistemático que tem como objetivo proporcionar respostas aos problemas que são propostos”, dessa feita, a pesquisa é um meio pelo qual se constrói um roteiro de investigação, ou seja, após definir o problema busca-se as informações pertinentes acerca do assunto, sendo que para cada tipo de pesquisa existe um método apropriado. Neste contexto, é necessária a delimitação do tema e hipóteses. Lakatos e Marconi (2009) afirmam que “toda pesquisa deve ter um objetivo determinado para saber o que se vai procurar e o que se pretende alcançar”. Sob estas perspectivas, os procedimentos utilizados para a realização da pesquisa em questão foram: Definição do tema a ser trabalhado. Delimitação do tema e problema da pesquisa. Seleção da bibliografia e documentos relevantes ao tema, sendo estes impressos e eletrônicos para a comprovação ou refutação das hipóteses em questão pra chegar ao objetivo final da pesquisa. Leitura, análise e compreensão dos materiais selecionados. 30 Explanação dos resultados obtidos, em forma de texto dissertativo, escrito e referenciado por autores e estudiosos da área. CAPÍTULO III – JOGOS E BRINCADEIRA NA PRÁTICA DOCENTE O Referencial Nacional para Educação Infantil (1998) traz que não podemos perder de vista o trabalho envolvendo o lúdico na escola. E partir daí surgem algumas indagações acerca do desenvolvimento de atividades usando a ludicidade, os jogos e as brincadeiras num contexto ensino-aprendizagem, tais como: Quais experiências pedagógicas o aluno precisa viver e interiorizar, considerando as especificidades em relação à brincadeira? De que forma o educador deve usar o lúdico na sala de aula? Qual a maneira certa de intervir no jogo ou brincadeira? De acordo com Moura (1991), a intenção deve partir do professor em consonância com seu plano de ensino e este deverá estar vinculado ao projeto pedagógico da escola de forma unificada. Dessa forma, através do que se almeja atingir, o docente defini quais objetivos quer alcançar com aquela determinada atividade de jogo ou brincadeira, que poder ser utilizado(a) tanto para construir conceitos ou ainda para a fixação de conceitos já existentes. Nessa perspectiva, podemos identificar que as atividades que se utilizam dos jogos representam um importante recurso pedagógico. Os novos Parâmetros Curriculares Nacionais afirmam que: Os jogos constituem uma forma interessante de propor problemas, pois permitem que estes sejam apresentados de modo atrativo e favorecem a criatividade na elaboração de estratégias de resolução e busca de soluções. Propicia a simulação de situações-problema que exigem soluções vivas e imediatas, o que estimula o planejamento das ações. (PCN’ s, MEC, 1998, p.47). No entanto percebe-se ainda que existe certa dificuldade de trabalhar com os jogos em sala, pois muitas vezes o professor não sabe como dar encaminhamento ao trabalho após a finalização da atividade, o que reflete a falta de subsídios que possuem para dar suporte à exploração das inúmeras possibilidades cabíveis que as brincadeiras e jogos oferecem, como também avaliar os resultados em relação ao processo de ensino-aprendizagem. Desta feita é comum encontrarmos educadores que desenvolvem o trabalho com os 31 jogos de forma espontânea, ou seja, o jogo pelo jogo apenas num caráter esportivo e motivacional. Isso pode ser considerado um problema, já que é de extrema importância a mediação do professor entre a atividade pedagógica lúdica e o aluno. Conforme Grando (2001, p. 6), a inserção dos jogos no contexto de ensino-aprendizagem implica em vantagens e desvantagens como descritas a seguir: Vantagens: - Fixação de conceitos já aprendidos de uma forma motivadora para o aluno; - Introdução e desenvolvimento de conceitos de difícil compreensão; - Desenvolvimento de estratégias de resolução de problemas e desafios dos jogos; - Aprender a formar decisões e saber avaliá-las significação para conceitos aparentemente incompreensíveis; - Propicia o relacionamento de diferentes disciplinas (interdisciplinaridade); - O jogo requer a participação ativa do aluno na construção do seu próprio conhecimento; - O jogo favorece a socialização entre alunos e a conscientização do trabalho em equipe; - A utilização dos jogos é um fator de motivação para os alunos; - Dentre outras coisas o jogo favorece o desenvolvimento da criatividade, de senso crítico, da participação, da competição “sadia”, da observação das várias formas de uso da linguagem e do resgate do prazer em aprender; - As atividades com jogo podem ser utilizadas para reforçar o recuperar habilidade de que os alunos necessitem. Útil no trabalho com alunos de diferentes níveis; - As atividades com jogos permitem ao professor identificar, diagnosticar alguns erros de aprendizagem, as atitudes e as dificuldades dos alunos. Desvantagens: - Quando os jogos são utilizados, existe o perigo de dar ao jogo um caráter puramente aleatório, tornando-se um apêndice em sala de aula. Os alunos jogam e se sentem motivados apenas pelo jogo, sem saber porque jogam; 32 - O tempo gasto com as atividades de jogo em sala de aula é maior e, se o professor não estiver preparado, pode existir um sacrifício de outros conteúdos pela falta de tempo; - As falsas concepções de que devem ensinar todos os conceitos através dos jogos. Então, as aulas, em geral, transformam-se em verdadeiros cassinos, também sem sentido algum para o aluno; - A perda de “ludicidade” do jogo pela interferência constante do professor, destruindo a essência do jogo - A coerção o do professor, exigindo que o aluno jogue, mesmo que ele não queira, destruindo a voluntariedade pertencente a natureza do jogo; - A dificuldade de acesso e disponibilidade de materiais e recursos sobre o uso de jogos no ensino, que possam vir a subsidiar o trabalho docente. Seguindo esse contexto, Spodek e Saracho (1998) afirmam que existe dois modos de mediação: o modo participativo e o modo dirigido. A mediação no modo participativo tem por objetivo a aprendizagem incidental durante a brincadeira, ou seja, os alunos encontram um problema e juntamente com o professor trabalham para obter as soluções e os resultados pretendidos, dessa forma usam a imaginação e criatividade; já a mediação no modo dirigido, o professor insere conteúdos escolares nas brincadeiras e direciona a aprendizagem através de atividades não lúdicas, o que pode desvalorizar a espontaneidade do brincar. Sendo assim, a maneira como o professor deve trabalhar com as brincadeiras, os jogos e o lúdico em sala de aula, deve ser encarada de formaconsciente, pois são práticas que devem ter um estudo e um planejamento anterior à sua aplicação como atividade escolar. De um modo geral, é preciso saber que tais recursos não devem ser trabalhados apenas para um preenchimento de tempo livre das crianças, mas sim como um meio eficiente de ensinar e também aprender. Kishimoto (1999) afirma que: O jogo é um instrumento pedagógico muito significativo. No contexto cultural e biológico é uma atividade livre, alegre que engloba uma significação. É de grande valor social, oferecendo inúmeras possibilidades educacionais, pois favorece o desenvolvimento corporal, estimula a vida psíquica e a inteligência, contribui para a adaptação ao grupo, preparando a criança para viver em sociedade, 33 participando e questionando os pressupostos das relações sociais tais como estão postos. KISHIMOTO (1999, p. 37). De forma a garantir a essência do jogo em união com a função lúdica e educativa, Kishimoto afirma que é necessário critérios para a seleção dos jogos no ambiente escolar tais como: O valor experimental – que permite a manipulação e exploração; O valor da estruturação – que visa dar suporte à construção da personalidade infantil; O valor de relação – que tem objetivo de propiciar a interação entre pares e também entre os adultos e as crianças; O valor lúdico – que são propriedades que estimulam a ação lúdica. Para tanto, a metodologia leva em conta a faixa etária, espaços, e diversidades de jogos disponíveis. Apesar da visível contribuição dos jogos para o processo ensino- aprendizagem, é necessário atenção quanto ao comportamento competitivo no decorrer das atividades que envolvem o jogo ou a brincadeira, para evitar que o aluno tenha um comportamento individualista. Nesse sentido, o professor deve intervir para demonstrar que todos, sem exceções, são passiveis de ser vencedores, assim como também precisam ser resiliente quando perdem. Ribeiro (2011) afirma que o professor deve “possuir característica básica de observação, ter olhos e ouvidos bem atentos e sensibilidade para perceber as necessidades de seus alunos”. Assim sendo, educar requer sensibilidade e empatia por parte do docente que precisa direcionar atenção á todos os seus alunos. É necessário propor as regras, mas não as impor, assim a criança fica livre e tem maiores possibilidades de elaborar novas regras para a brincadeira. Dessa forma, encontra motivação para tomada de decisões o que caracteriza um trabalho com o desenvolvimento social e político (Ribeiro 2011) É o adulto, na figura do professor, portanto, que, na instituição infantil, ajuda a estruturar o campo das brincadeiras na vida das crianças. Consequentemente é ele que organiza sua base estrutural, por meio da oferta de determinados objetos, fantasias e brinquedos ou jogos, da delimitação e arranjo dos espaços e do tempo para brincar. (RCNEI, 1998. p.28). 34 A relação professor-aluno é criada através de um relacionamento de respeito, empatia, sensibilidade, dedicação e troca, sendo um fator que contribui exponencialmente para o desenvolvimento cognitivo da criança. Sob essa ótica, quando o educador participa das brincadeiras, estimula a criança de maneira prazerosa, pois os alunos se sentem valorizados e mais protegidos. Acontece também um aumento de vínculo com a criança em paralelo com a troca de experiência de ambas as partes. Fontana e Cruz afirmam que: Brincar é sem dúvida uma forma de aprender, mas é muito mais que isso. Brincar é experimentar-se, relacionar-se, imaginar-se, expressar- se, negociar, transformar-se. Na escola, o despeito dos objetivos do professor e do seu controle, a brincadeira não envolve apenas a atividade cognitiva da criança. Envolve a criança toda. É prática social, atividade simbólica, forma interação com o outro. É criação, desejo, emoção, ação voluntária. (FONTANA; CRUZ, 1997, p. 115) Nesta perspectiva, o Referencial Curricular Nacional da Educação Infantil, (1998) nos traz que educar tem como base a integração de cuidados com a criança, a brincadeira e a aprendizagem orientada propiciando o desenvolvimento de capacidades, socialização, relação interpessoal, ao mesmo tempo em que incentiva atitudes de respeito, confiança e aceitação. Desta feita, aprender brincando é muito mais significativo e prazeroso. Assim sendo, destacamos a seguir algumas atividades que contribuem para o desenvolvimento da criança: Massinha de Modelar: contribui para o fortalecimento dos músculos das mãos e dos dedos, além de estimular o desenvolvimento da motricidade fina, sendo ainda uma brincadeira prazerosa que envolve criatividade e diversão. O professor pode ainda inserir novos objetos no decorrer da atividade de modelagem tais como palitos, olhinhos de plástico, rolos de PVC entre outro. Brincadeiras com Fantasias: esse tipo de brincadeira estimula a imaginação, criatividade e interação social. Possibilita a exploração de inúmeros papéis desde o mundo real como imitar o pai, a mãe, o professor, como também o mundo da ficção quando a criança pode se por como uma princesa, uma bruxa, um super herói, enfim, não há limites. Para tanto, o professor deve disponibilizar adereços, roupas e se possível, fantasias para a criança e deixar a brincadeira fluir. 35 Desenho e pintura: esse tipo de atividade estimula a percepção sensorial, expressão de sentimentos e desejos, imaginação, coordenação motora, além de aprender sobre as cores e desenvolver habilidades preparatórias para a escrita. O educador pode oferecer tintas, pincéis, telas, papel sulfite, lápis de cor, enfim tem muitas formas de se trabalha em cima dessa atividade. Blocos e quebra-cabeças: esse tipo de brinquedo auxilia no desenvolvimento do pensamento espacial, coordenação, reconhecimento de cores, tamanhos e formas, também contribui para o raciocínio lógico. Música, dança e canto: são atividades que desenvolvem a linguagem, expressão de sentimentos, ritmo e habilidades auditivas, além de fornecer habilidades que ajudam no processo de alfabetização e dos conceitos básicos de matemática. Flexibilidade, coordenação e força também são alguns benefícios da dança. Correr e pular: Desenvolvem a psicomotricidade da criança, além de aumentar a autoconfiança e capacidade de assumir riscos. As atividades podem ser desenvolvidas como pistas de circuitos sendo feitas por bambolês, pneus, peças de E.V.As., cones, mas tudo deve ser feito em conformidade com a faixa etária e de maneira segura. Jogos sensoriais: toda atividade lúdica que envolve o tato, paladar, visão, olfato e audição, desenvolvem a percepção sensorial e curiosidade. Jogos de tabuleiro: são ótimos para o ensino de regras, raciocínio e respeito, além de favorecer a aprendizagem das cores, números e formas. Amarelinha: Desenvolve o equilíbrio e noções básicas de matemática das crianças, além de propiciar convivência em grupo e habilidades de pensamentos para soluções de problemas. Pular corda: é uma atividade divertida que desenvolve coordenação motora, força e a superação de limites, além de promover a socialização das crianças. 3.1 O Papel do Professor da Educação Infantil na Condução de Uma Educação Lúdica 36 De acordo com RCNEI (1998), o professor da Educação Infantil desenvolve um trabalho que abrange questões de naturezas diversas, englobando desde cuidados básicos essenciais de higiene e alimentação até conhecimentos específicos em diversas áreas do conhecimento. Dessa maneira, precisa possuir uma formação e capacidade reflexiva a respeito de sua prática profissional. Educar requer assumir desafios, dedicar-se ao outro, é pensar o ser humano em sua totalidade. Nesse processo, o professor, antes de tudo, precisa saber o quão importante é seu trabalho e o significado do seu papel perante aos alunos. Por isso, também precisa se valorizar e buscar sempre ampliar seusconhecimentos para poder oferecer o melhor de si em seu trabalho. Infelizmente, ainda encontramos professores que, seguindo um senso comum, pensa que ensinar é apenas apresentar um conteúdo na sala para os alunos, de uma maneira mecânica, sem embasamento. Diante disso, mudar depende de cada um. É necessário um engajamento por parte da escola e do corpo docente para que o ensino oferecido por parte da instituição seja de qualidade ao mesmo tempo em que contribua para uma transformação de entendimento. De acordo com Almeida (2003): De modo geral, é preciso recuperar o verdadeiro sentido da palavra “escola”: lugar de alegria, prazer intelectual, satisfação. É preciso também repensar a formação do professor, para que reflitam cada vez mais sobre a sua função (consciência histórica) e adquira cada vez mais competência, não só em busca do conhecimento teórico, mas numa prática que se alimentará do desejo de aprender cada vez mais para poder transformar. (ALMEIDA, 2003, p.64). O educador da primeira infância deve utilizar o ato de brincar, sendo um mediador das atividades espontâneas, nas quais a imaginação flui e a criança recria e/ou consolida aquilo que já sabe. Nesse sentido, o professor precisa possuir um perfil que condiz com as espeficidades do seu trabalho, para articular conteúdos diversificados e promover a aprendizagem. Contudo, precisa escolher os materiais corretos e desenvolver as atividades junto às crianças, levando em conta cada faixa etária, organizar o espaço físico, enfim, precisa pensar na totalidade da criança como indivíduo. De acordo com Vygotsky (1998), é necessário que o educador se utilize de jogos, brinquedos, 37 brincadeiras, histórias, enfim, mecanismos que despertem o pensar e o interesse da criança, apresentando situações problemáticas de forma que desenvolva no aluno a capacidades de solucioná-las. Ao conduzir aspectos lúdicos na aprendizagem, a ação do professor tem fundamental importância, pois oferece subsídios na efetivação das atividades. Diante disso, o educar deve intervir de forma a incentivar as atividades oferecendo objetos e deixando à disposição das crianças para brincar; promover o jogo espontaneamente (em caráter não obrigatório), ou seja, as crianças escolhem se aceitam ou não a atividade proposta pelo professor; desenvolver atividades dirigidas que podem não ter uma relação direta com a brincadeira, mas enriquecê-las de ludicidade, como um meio de intervenção. Nesse sentido, é papel do professor fazer o resgate da brincadeira, aquela que é divertida que vai além do fazer pedagógico cotidiano, sabendo que aprender e brincar andam de mão dadas na Educação Infantil. Seguindo no mesmo caminho, as instituições que entendem a importância dos jogos, brincadeiras e do lúdico na educação, trabalham para melhorar tanto o atendimento por parte do corpo docente oferecendo capacitações, quanto para organização e desenvolvimento de espaços físicos propício à prática das atividades lúdicas de acordo com as necessidades das crianças, oferecendo matérias diádicos, brinquedos, fantasias, enfim, tudo que abre as portas para a criatividade e imaginação. De acordo com o Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil (1998) a organização do tempo deve ser agrupada em três modalidades: • Atividades permanentes: cujo tempo é direcionado às atividades lúdicas e de necessidades básicas de cuidados, tais como brincadeiras livres nos espaços internos e externos, rodas de conversas e ou histórias, oficinas de músicas e desenhos, cuidados com o corpo, entre outras. • Sequências de atividades: cujo tempo é direcionado a atividades que têm como proposta promover uma aprendizagem específica, ou seja, trabalhando de acordo com os conteúdos sugeridos em cada eixo norteador proposto no Referencial. 38 • Projetos de trabalho: cujo tempo é direcionado à realização de um projeto pedagógico que deve ter suas etapas planejadas em conjunto com as crianças e um tema relacionado a um dos eixos de trabalho. Essa forma de organização do tempo sugerida pelo Referencial é uma maneira de administrá- lo dentro do ambiente escolar, e desta forma, o educador poderá garantir um tempo específico para a criança brincar. No entanto, o professor da educação infantil precisa ter a consciência de que pode não obter os resultados almejados no desenvolvimento das atividades escolhidas, em decorrências dos fatores variáveis relativos ao grupo de alunos envolvidos. Nesse sentido deve adaptar ou até mesmo mudar as atividades, mas sem perder o foco. Para tanto o profissional precisa estar capacitado e saber que as atividades que envolvem o lúdico, são promotoras de aprendizagem. Em conformidade com Carneiro (2011), “falta preparo aos profissionais que atuam no mercado, mas acima de tudo, falta disponibilidade para mudar”. Sendo assim, é preciso maior empenho e dedicação por parte tanto da escola, quando do educador para desenvolver um bom trabalho. 39 CONSIDERAÇÕES FINAIS Conforme apresentado, houve uma enorme evolução na área da educação infantil, considerando a inexistência de órgãos específicos destinados à educação da criança de zero a seis anos até por volta do século XIX, quando a família era a única responsável pela educação de seus filhos, sendo as creches instituições assistencialistas apenas, possuindo pouca estrutura física e funcional para receber os alunos. Nessa época, em decorrência do grande aumento da industrialização, as mulheres, mães de família, eram uma das principais mãos de obra, o que levou a surgir a necessidade de ampliar os centros de acolhimento das crianças como também melhorias dos serviços e estruturação o que levou a reivindicações nesse sentido. Dessa forma, aconteceu a aprovação pela Assembleia Constituinte das principais exigências referentes a valorização da educação no Brasil, sendo que a Constituição de1988 trouxe na sua publicação a inclusão da creche no sistema escolar e a educação da criança de zero a seis anos, qualificando como responsabilidade da família e do Estado a garantia de educação para criança. Desde então, percebemos que houve muitas mudanças no que diz respeito à melhoria na educação, no entanto ainda temos um longo caminho pela frente. Há muito o que adequar ainda. Nesta perspectiva, buscamos entender maneiras de ensino que sejam favoráveis ao desenvolvimento integral do ser humano, o que nos leva a chegar aos estudos e teorias de filósofos, cientistas e pesquisadores da área a respeito do desenvolvimento da criança relacionando-o ao uso de jogos e brincadeiras na educação infantil. Nesse sentido, no decorrer do presente trabalho, buscamos entender a importância do ato de brincar e as suas implicações para o desenvolvimento e aprendizagem. Assim, acabamos por verificar que a criança se torna construtora de conhecimento quando brinca, pois encontra motivos para solucionar problemas, desenvolver hipóteses ou até mesmo viajar na imaginação. Constatamos que brincar é prazeroso, é uma ação desenvolvida em sua plenitude, não cabendo imposições, dessa forma pode ser considerada uma atividade lúdica, um meio de comunicação, de aprendizagem e de 40 socialização. O lúdico é inerente ao ser humano, logo, podemos entender que o brincar é uma necessidade da criança. Encontramos motivos para entender o lúdico como uma importante ferramenta de ensino, pois desenvolve competências de uma forma prazerosa. Entendemos que brincar é mais que um ato recreativo, pois estimula o imaginário, propicia a imaginação, a socialização e dependendo da brincadeira, ensina regras e até mesmo a criação de novos modos de brincar. Na brincadeira está contida a verbalização, o pensamento, o movimento, o que possibilita meios de comunicar-se e ampliar o vocabulário, além da criação de vínculos afetivose emocionais. No entanto, percebe-se que ainda existe uma dificuldade por parte do professor da educação infantil em colocar adequadamente atividades que envolvam os jogos e brincadeiras em sala de aula, pois falta subsídios em sua formação para tal abordagem. Dessa forma se faz necessário investimentos na sua formação continuada com um olhar voltado para inserção do lúdico no ensino-aprendizagem, da mesma forma que as instituições voltadas para a educação da criança de zero a seis anos também valorizem o brincar como forma de ensinar e de aprender. Diante do que foi relatado, fica nítido as contribuições do brincar para o desenvolvimento físico, pisco e afetivo da criança. O que nos faz refletir sobre a prática pedagógica e o papel do educador infantil em relação a educação lúdica e os benefícios provenientes dos jogos, do brinquedo e das brincadeiras. Portanto, podemos entender que o brincar é inerente à criança, assim como também é inerente a aprendizagem. 41 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ALMEIDA, Anne. Ludicidade como instrumento pedagógico. v. 12, 2009. ALMEIDA, Paulo Nunes de. Educação lúdica: prazer de estudar técnicas e jogos pedagógicos. São Paulo: Loyola, 2003. ANTUNES, C. Novas Maneiras de Ensinar- Novas formas de Aprender. Rio de Janeiro: Artmed, 2002. ÁRIES, Philippe. História social da criança e da família. 2. ed. Rio de Janeiro: LTC. 1981. BRASIL. 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Massinha de Modelar: contribui para o fortalecimento dos músculos das mãos e dos dedos, além de estimular o desenvolvimento da motricidade fina, sendo ainda uma brincadeira prazerosa que envolve criatividade e diversão. O professor pode ainda inserir ... Desenho e pintura: esse tipo de atividade estimula a percepção sensorial, expressão de sentimentos e desejos, imaginação, coordenação motora, além de aprender sobre as cores e desenvolver habilidades preparatórias para a escrita. O educador pode ofere... Jogos sensoriais: toda atividade lúdica que envolve o tato, paladar,
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