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Fisiopatologia da Suprarrenal

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• Fisiopatologia da Suprarrenal 
Órgão endócrino de coloração amarelada. 
Localização: 
 
o Localiza-se no espaço 
retroperitoneal, acima dos polos 
superiores dos rins 
o Direita (formato 
triangular/piramidal): Mais apical o 
Anterolateral ao pilar direito do 
diafragma. Faz contato com a veia 
cava inferior anteromedialmente e 
o fígado anterolateralmente 
o Esquerda (formato semilunar): 
Medial à metade superior do rim 
esquerdo. Relaciona-se com: baço, 
estômago, pâncreas e o pilar 
esquerdo do diafragma. 
Divisão da glândula: 
o Córtex: o Derivado do mesoderma 
e secreta corticosteroides e 
androgênios. Estes hormônios 
causam retenção renal de sódio e 
água em resposta ao estresse, ↑ 
volume sanguíneo e PA. Afetando 
desta maneira: músculos, coração 
e pulmões. Medula suprarrenal: o 
Massa de tecido nervoso 
permeada por capilares sinusóides 
derivados das células da crista 
neural (Neuroectoderma) 
associadas à parte simpática do 
sistema nervoso. 
o Células cromafins: secretam 
catecolaminas (principalmente 
epinefrina). Epinefrina (adrenalina) 
e norepinefrina (noradrenalina). 
Aumenta FC e PA; dilatam 
bronquíolos e modificam os 
padrões de fluxo sanguíneo, 
preparando para o exercício físico. 
Vascularização 
3 artérias suprarrenais: 
Artéria suprarrenal superior: se origina 
da a. frênica inferior. 
A. suprarrenal média: se origina 
diretamente da aorta. 
A. suprarrenal: ramo da a. renal. 
Apenas 1 veia: Veia suprarrenal, que 
coleta o sangue e conduz até a veia 
cava inferior (no lado direito) ou até a 
veia renal (no lado esquerdo). 
Drenagem linfática: linfonodos 
lombares -> tronco lombar 
 
 
Inervação 
A rica inervação das glândulas 
suprarrenais provém do plexo celíaco e 
dos nervos esplâncnicos 
abdominopélvicos. 
 Histologia 
o Órgão encapsulado - (tecido 
conjuntivo denso) 
o Fibras reticulares 
Duas camadas concêntricas: 
o Camada externa mais 
amarelada 
CAMADA CORTICAL / CÓRTEX 
ADRENAL 
80-90% 
 
-Esteroides- 
o Camada central acinzentada 
CAMADA MEDULAR / MEDULA ADRENAL 
10-20% 
-Catecolaminas- 
 
o O córtex é a porção secretora 
de esteroides. Situa-se abaixo 
da cápsula e constitui quase 
90% da glândula por peso. 
o A medula é a porção secretora 
de catecolaminas. Situa-se 
abaixo do córtex e forma o 
centro da glândula 
 
As células parenquimatosas do córtex e da 
medula são de origem embriológica 
diferente. 
Córtex 
Mesoderma intermediário 
Medula 
Células da crista neural (neuroectoderma) 
 
 
➔ Produtos provenientes do córtex 
suprarrenal fetal influenciam a 
maturação dos pulmões, do fígado e do 
trato digestivo e podem regular o parto. 
 
A) 6 semanas 
B) 7 semanas -> células da crista neural 
C) 8 semanas -> córtex fetal e o córtex 
precoce permanente começando a 
envolver a medula. 
F) recém-nascido mostrando o córtex fetal 
e duas zonas de córtex permanente. 
G) 1 ano -> o córtex fetal quase 
desapareceu. 
H) 4 anos -> padrão adulto das zonas 
corticais. 
Zonalidade do córtex da suprarrenal 
 
 
Zona Glomerulosa 
Logo abaixo da cápsula 
15% do volume glandular 
Células piramidais ou colunares, 
organizada em forma de arcos 
(glomérulos), envolvidos por capilares 
sanguíneos fenestrados. 
 
 
 
 
 
 
 
 
Zona Fasciculada 
 
Células poliédricas ricas em gotículas de 
lipídio citoplasmático -> espongiócitos 65% 
do volume glandular 
Cordões de uma ou duas células de 
espessura, retos e regulares, entremeados 
por capilares, perpendiculares à superfície 
do órgão. 
 
Zona Reticulada 
Células dispostas em cordões irregulares, 
formando uma rede anastomosada, 
separados por capilares fenestrados 7% do 
volume glandular 
Células acidófilas (adundantes lisossomos) 
com grânulos de lipofiscina. 
 
 
 
Medula da suprarrenal 
 
 
 
CÉLULAS CROMAFINS – neurônios pós-
ganglionares modificados 
Organizadas em cordões ou aglomerados 
arredondados 
Citoplasma com grânulos de secreção – 
epinefrina ou norepinefrina 
(CATECOLAMINAS) 
Vasos sanguíneos fenestrados 
Fibras reticulares 
 
 
 
 
Biossíntese dos hormônios adrenais 
Os hormônios do córtex adrenal são 
derivados da PREGNENOLONA, derivada 
do COLESTEROL pela ação da enzima 
CYP11A1. 
 
 
COLESTEROL 
Precursor dos hormônios corticoesteróides 
-Colesterol oriundo da biossíntese ou 
dieta pode ser direcionado no córtex da 
adrenal para produção das três classes de 
hormônios:! 
-Glicocorticóides (cortisol), 
mineralocorticóides (aldosterona) e 
alguns hormônios sexuais (testosterona, 
progesterona, estradiol) podem ser 
formadas pelo colesterol.! 
-Observação: adrenal não é o único local 
de secreção de hormônios sexuais, 
sendo as gônadas o principal local, que 
também utiliza de colesterol para essa 
produção 
-Biossíntese: 
-Enzima principal: HMG-CoA redutase 
- principal ponto de regulação na via 
para colesterol e principal local de ação 
da classe de agentes redutores do 
colesterol! 
-É a principal, pois produz o 
intermediário que fica comprometido com 
a via do colesterol!-Inibidores dessa enzima 
são chamados estatinas 
- podem modular a atividade dessa 
enzima. Efeito importante para redução 
da biossíntese de colesterol endógeno, 
pois as células podem se mobilizar para 
sua maior captação.!-Via importante porque 
for nece precursores para outras vias 
relevantes 
- para síntese de componentes celulares 
como Heme, ubiquinona, etc 
-Ação do ACTH na produção de cortisol: 
-ACTH secretado pela glândula pituitária, 
sujeita a regulação do CRH no 
hipotálamo - hipotálamo secreta CRH, 
que estimula a liberação de ACTH, que 
estimula a liberação de cortisol pela 
adrenal. ! 
-Receptor do ACTH: de membrana, 
acoplado a proteína G, modula a atividade 
de PKA! 
-Observa-se secreção de cortisol nas 
zonas fasciculada e reticulada, já que 
ambas as regiões apresentam o 
mecanismo enzimático para tal!-Mediante 
a presença de ACTH na zona 
fasciculada, observa-se a sinalização 
para mobilização do conteúdo de 
colesterol, para formação de cortisol.! 
-O colesterol mobilizado pode ser 
oriundo da síntese a partir de Ace-til-
CoA ou captação de LDL (endocitado e 
digerido por enzimas li-sossomais), 
armazenado nas células do córtex da 
adrenal em forma de éster! 
-ACTH sinaliza a mobilização dessas 
reservas a fim de fornecer colesterol livre 
para formação de cortisol! 
-Maquinário enzimático importante para 
essa conversão não está presente na 
zona glomerulosa, por isso essa zona 
não secreta cortisol! 
-Observam-se respostas rápidas e 
respostas lentas!-Mobilização de 
colesterol a partir da ativação de PKA, 
permitindo que seja utilizado para 
síntese de cortisol, alguns efeitos 
perduram por mais tempo, pois a 
transcrição de algumas das enzimas 
envolvidas está sendo estimulada. ! 
-Ou seja, aumenta a mobilização de 
colesterol e ao mesmo tempo aumenta 
a transcrição de enzimas envolvidas 
com a produção de cortisol 
 
Hiperfuncionamento Adrenocortical 
(Hiperadrenalismo) 
 
 
Síndrome de Cushing 
Esse distúrbio é causado por condições 
que produzem níveis elevados de 
glicocorticoides. 
 
 
perda do mecanismo de retroalimentação 
normal do eixo hipotálamo-hipófise-adrenal 
e do ritmo circadiano da secreção do 
cortisol 
Os aspectos que dificultam a 
caracterização do diagnóstico sã o as 
manifestações clínico-laboratoriais 
observadas na SC e em doenças be m 
mais frequentes, tai s como obesidade 
exógena, síndrome dos ovários policísticos 
e depressão 
❖ Deve-se considerar também que a 
síndrome de Cushing pode se apresentar 
de forma leve, com alterações clínico- 
laboratoriaissutis, e passar despercebida 
ou manifestar-se apenas como 
comorbidades (Cushing subclínico) 
❖ Além disso, o diagnóstico diferencial da 
síndrome de Cushing dependente do 
hormônio adrenocorticotrófico 
❖ (ACTH) é frequentemente complexo em 
relação à imagem radiológica e aos testes 
dinâmicos 
 
De um modo geral, predominam queixas de 
perda ponderal , hiperpigmentação 
cutânea, hiperglicemia, HAS e alcalose 
metabólica hipocalêmica, além de sintomas 
de miopatia proximal (fraqueza nas 
cinturas escapular e pélvica) 
 
 
 
 
 
Síndrome de Cushing Endogena 
 
o Adenomas hipofisários secretores 
de ACTH (70% dos casos) 
o Acomete 4 vezes mais mulheres. 
o Na maioria dos casos, é causado 
por um microadenoma hipofisário 
produtor de ACTH. 
 
Hipercortisolismo -> Dependente de ACTH 
 
 
Endógenas Não Dependentes de ACTH: 
o adenomas (∼10%) e os carcinomas 
(∼5%) 
o Hiperplasia Micro e Macronodular 
(incomum) 
o 10% Adenomas 
o 5% Carcinomas (marcante) 
o ↑Cortisol / ↓ACTH 
 
Hiperplasia Micronodular 
 
o Doença corticossuprarrenal nodular 
pigmentadaprimária 
o Raro 
o Histórico Familiar ou associada 
Complexo de Carney 
Hiperplasia Macronodular 
 
o Rara 
o Esporádica/ Familiar 
 
 
Dependendo da causa do 
hipercortisolismo, as adrenais apresentam 
uma das seguintes alterações: 
1) Atrofia cortical 
• Supressão do ACTH endógeno; 
• Atrofia bilateral; 
• Falta de estimulo das zonas fasciculada e 
reticular pelo ACTH 
 
2) Hiperplasia difusa 
 
•Snd. Cushing dependentede ACTH. 
• Aumento bilateral; 
• Córtex adrenal está difusamente 
espessado e variavelmente nodular 
•Córtex hiperplásico 
 zona reticulada expandida e “pobre em 
lipídios” (células eosinófilas compactadas). 
• Circundadas por uma zona externa de 
células vacuoladas “ricas em lipídios” , 
semelhantes aquelas vistas na zona 
fasciculada. 
 
3) Hiperplasia macronodular e micronodular 
• Na hiperplasia cortical primária, o córtex é 
quase inteiramente substituído por macro 
(≤ 3 cm) ou micronódulos, sendo estes 
últimos compostos por nódulos de 
pigmentação escura de 1-3 mm. 
• O pigmento supõe-se ser lipofuscina, um 
pigmento de desgaste. 
 
 
 
 
 
4) Adenoma ou carcinoma 
 
 
Sinais Clínicos: 
 
o Obesidade (moon-face) 
o Estrias violáceas 
o Equimose (eritema malar) e acne 
o Hirsutismo 
o Hipogonadismo 
o Impotência sexual masculina 
/Amenorréia 
o Osteroporose 
o Hipertensão arterial sistêmica 
o Redução de tolerância à glicose 
o Transtornos psiquiátricos 
 
 
 
 
Diagnostico laboratorial 
Baseia-se: 
1) Concentração de cortisol livre na urina 
por 24 horas, que está aumentada. 
2) Perda do padrão diurno normal de 
secreção de cortisol. 
Determinação da causa depende do ACTH 
sérico e da medida da excreção urinária de 
esteroides após a administração de 
dexametasona (teste de supressão de 
dexametasona). 
 
 
 
 
 
 
Hiperaldosteronismo 
o No hiperaldosteronismo, a 
superprodução de aldosterona 
causa a retenção de líquidos e o 
aumento da pressão arterial, 
fraqueza e, raramente, períodos de 
paralisia. O hiperaldosteronismo 
pode ser causado por um tumor na 
glândula adrenal ou pode ser uma 
resposta a algumas doenças 
o A aldosterona, um hormônio 
produzido e secretado pelas 
glândulas adrenais, emite um sinal 
que faz com que os rins retenham 
mais sódio e excretem mais 
potássio. A produção da 
aldosterona é parcialmente 
regulada pelo hormônio 
corticotrofina (secretada pela 
hipófise), mas principalmente pelo 
sistema renina-angiotensina-
aldosterona 
 
 
 
 
Angiotensina 
o A angiotensina é um hormônio 
peptídico que causa 
vasoconstrição e aumento da 
pressão arterial. Faz parte do 
sistema renina-angiotensina, que 
regula a pressão arterial. A 
angiotensina também estimula a 
liberação de aldosterona do córtex 
adrenal para promover a retenção 
de sódio pelos rins. 
 
 
 
Hiperaldosteronismo Primário 
Causas: 
• Hiperplasia bilateral das suprarrenais 
(60%) – HÁ idiopático bilateral 
• Adenoma adrenal solitário secretor de 
aldosterona (35%) → SÍNDROME DE 
CONN 
• Mulheres, 30 a 50 anos 
Clínica: 
• Hipertensão arterial 
• Hipocalemia (fraqueza, parestesia, 
tetania, distúrbios visuais) → perda renal 
de K 
 
Idiopático bilateral 
• Caracterizado por hiperplasia nodular 
bilateral das glândulas suprarrenais. 
• Causa subjacente mais comum (60% dos 
casos). 
• Indivíduos mais velhos. 
• A patogenia não está clara. 
• Mutação germinativa em KCNj5 (codifica 
canal de potássio). 
Morfologia 
A hiperplasia idiopática bilateral é marcada 
por hiperplasia difusa ou focal de células 
que se assemelham às da zona 
glomerulosa. 
 
Neoplasia adrenocortical 
• Adenoma produtor de aldosterona (a 
causa mais comum), ou, raramente, 
carcinoma adrenocortical. 
• Em aproximadamente 35% dos casos, é 
provocado por adenoma solitário secretor 
de aldosterona, uma condição conhecida 
como síndrome de Conn. 
 
Morfologia 
São quase sempre lesões solitárias, 
pequenas (menores do que 2 cm de 
diâmetro), bem circunscritas. 
São amarelo-brilhantes na superfície de 
corte e, surpreendentemente, compostos 
por células corticais carregadas de lipídios, 
que mais se assemelham às células da 
fasciculada do que às da glomerulosa (a 
fonte normal de aldosterona). 
• Adultos de meia-idade; 
• Mais comum em mulheres 
• Mutações somáticas em KCNj5 (codifica 
canal de potássio). 
 
Em geral, as células tendem a ser de 
tamanho e formato uniformes; 
ocasionalmente, existe algum pleomorfismo 
nuclear a celular. 
 
Responsivo ao glicocorticoide 
• Raramente, o hiperaldosteronismo familial 
pode resultar de um defeito genético que 
leva a hiperatividade do gene aldosterona 
sintase, CYP11B2. 
• Rearranjo no cromossomo 8 
• ACTH estimula a produção de 
aldosterona. 
 
 
 
 
Hiperaldosteronismo Secundário 
Alteração presente: 
● Perfusão renal diminuída (nefrosclerose 
arteriolar, estenose da artéria renal). 
● Hipovolemia e edemas arteriais 
(insuficiência cardíaca congestiva, cirrose, 
síndrome nefrótica). 
● Gravidez (devido ao aumento do 
substrato da renina plasmática, induzido 
por estrogênio). 
 
Síndromes androgênicas 
Alteração presente: 
● Distúrbio de diferenciação sexual, 
causando virilização ou feminilização 
Principais Causas: 
● Neoplasias Adrenocorticais - Carcinoma 
Secretores de Andrógeno 
● Hiperplasia Adrenal Congênita – erros 
metabólicos (enzimas relacionada a 
biossíntese de esteroides) – tem pouco ou 
não tem 
 
Androgenitalismo com perda de sal 
(“clássico”) 
Incapacidade de converter 
progesterona em deoxicorticosterona por 
causa da ausência total de hidroxilase. 
Surge logo após o nascimento. 
Há perda de sais, hiponatremia e 
hipercalemia, a qual induz acidose. 
 
Androgenitalismo virilizante simples sem 
perda de sal 
1/3 dos pacientes com deficiência da 21-
hidroxilase. 
Ambiguidade genital 
Não provoca inibição retroativa da 
secreção de ACTH. 
Nível de Testosterona aumenta, virilização 
progressiva. 
 
 
Androgenitalismo virilizante “não clássico” 
É mais comum do que os padrões 
clássicos 
Deficiência parcial na função da 21-
hidroxilase. 
Pode ser: assintomático ou apresentar 
manifestações brandas (hirsutismo, acne e 
irregularidade menstrual). 
 
Morfologia 
As células em proliferação são, em sua 
maioria, compactas, eosinofílicas e 
depletadas de lipídios, entremeadas com 
células claras abarrotadas de lipídios. 
Além das anomalias corticais, a displasia 
adrenomedular também foi recentemente 
descrita em pacientes com deficiência da 
21- hidroxilase perdedora de sal.

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