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CONTAR HISTÓRIAS – UMA ARTE SEM IDADE Maria Betty Coelho Silva • ANTECEDENTES OU UMA HISTÓRIA NA PRIMEIRA PESSOA “Aprendi a primeira lição do magistério: ouvir histórias e cantar são coisas de que as crianças gostam muito.” Pg. 8 - CONTE DE NOVO! CONTE OUTRA VEZ! “Como toda arte, a de contar histórias também possui segredos e técnicas. Sendo uma arte que lida com matéria-prima especialíssima, a palavra, prerrogativa das criaturas humanas, depende, naturalmente, de certa tendência inata, mas pode ser desenvolvida, cultivada, desde que se goste de crianças e se reconheça a importância da história para elas.” Pg. 9 “... é preciso levar a sério algo que provoca relevante impressão e exerce grande influência sobre as crianças.” Pg. 9 - GENTE GRANDE VOLTA A SER CRIANÇA “A história faz todos sorrirem, a aula passa a ser uma divertida brincadeira – e gente grande volta a ser criança.” Pg. 10 “... o narrador deve estar consciente de que importante é a história, ele apenas conta o que aconteceu, emprestando vivacidade à narrativa, cuidando as limitações impostas pela escrita. A história é que sugere o melhor recurso de apresentação, sugere inclusive as interferências feitas por quem a conta.” Pg. 11 - A HISTÓRIA ALIMENTA A IMAGINAÇÃO “O fazer é direito de todos assegurado pela Declaração Universal dos Direitos Humanos, convém não esquecer.” Pg.12 “A história aquieta, serena, prende a atenção, informa, socializa, educa. Quanto menor a preocupação em alcançar tais objetivos explicitamente, maior será a influência do contador de histórias.” Pg. 12 “A história permite a auto-identificação, favorecendo a aceitação de situações desagradáveis, ajuda a resolver conflitos, acenando com a esperança. Agrada a todos, de modo geral, sem distinção de idade, de classe social, de circunstância de vida.” Pg. 12 • CAPÍTULO 1 – ESCOLHA DA HISTÓRIA - QUE HISTÓRIA CONTAR? Levar em conta: - o ponto de vista literário - o interesse do ouvinte - sua faixa etária - as condições sócio-econômicas “Primeiro é preciso gostar dela (a história), compreendê-la, para transmitir tudo isso ao ouvinte.” Pg.14 - INDICADORES QUE POSSIBILITAM A ESCOLHA Destaca-se: o conhecimento dos interesses predominantes em cada faixa etária. - FAIXA ETÁRIA E INTERESSES Pré – escolares Até 3 anos: fase pré – mágica 3 a 6 anos: fase mágica • histórias de bichinhos, brinquedos, objetos, seres da natureza (humanizados); • histórias de crianças; • histórias de repetição e acumulativas (Dona Baratinha, A formiguinha e a neve, etc); • histórias de fadas Escolares 7 anos • histórias de crianças, animais e encantamento; • aventuras no ambiente próximo: família, comunidade; • histórias de fadas 8 anos • histórias de fadas com enredo mais elaborado; • histórias humorísticas 9 anos • histórias de fadas; • histórias vinculadas à realidade 10 anos em diante • aventuras, narrativas de viagens, explorações, invenções; • fábulas, mitos, lendas. - NA FASE PRÉ- MÁGICA “Evidentemente, não há rigidez nessa classificação, pois cada criança cresce com seu ritmo próprio.” Pg. 16 - NA FASE MÁGICA “Nesta fase, os pequenos solicitam várias vezes a mesma história e a escutam sempre com encanto e interesse. É a fase do “conte de novo”, “conte outra vez”. Por que a mesma história? Da primeira vez tudo é novidade; nas seguintes, já sabendo o que vai acontecer, a criança pode se identificar mais ainda, apreciando os detalhes. Igual reação pode acontecer com o adulto ao ler um bom livro ou ao assistir a um filme que lhe agrade. Relê. Revê. O prazer se renova.” Pg. 16 - NA IDADE ESCOLAR OUVINTE PECULIAR, ESCOLHA ESPECIAL “Crianças inválidas apreciam histórias que acionem a imaginação, com suavidade. Deficientes visuais são ouvintes excelentes. Se é para sorrir, dão gargalhadas, expressam-se com entusiasmo. Nesses casos, as histórias devem conter muito som e ritmo. Deficientes mentais requerem histórias que correspondem à sua idade mental.” Pg.20 • CAPÍTULO 2 – ESTUDO DA HISTÓRIA INFANTIL - ESTRUTURA DA NARRATIVA Introdução – quando - onde - quem “A introdução estabelece o contato inicial entre narrador e ouvinte, devendo ser enunciada com voz clara, pausada, uniforme.” Pg. 22 - EXPLORANDO A HISTÓRIA “Estudar uma história, portanto, é perscrutar-lhe todas as nuances e possibilidades de exploração oral.” Pg. 24 “Adaptar não significa modificar o texto aleatoriamente. As adaptações devem tornar mais espontânea a linguagem escrita e dar um tom harmônico à narrativa como um todo.” Pg. 26 - A MÚSICA COMPLETA A NARRATIVA “Estudar uma história é também inventar as músicas ou adaptar a letra a músicas conhecidas, conforme sugestão do texto, que são introduzidas no decorrer do enredo ou no seu final.” Pg. 27 • CAPÍTULO 3 – FORMAS DE APRESENTAÇÃO DAS HISTÓRIAS “Estudar a história é ainda escolher a melhor forma ou o recurso mais adequado de apresentá-la. Os recursos mais utilizados são: a simples narrativa, a narrativa com o auxílio do livro, o uso de gravuras, de flanelógrafo, de desenhos e a narrativa com interferências do narrador e dos ouvintes.” Pg. 31 - SIMPLES NARRATIVA “Não requer nenhum acessório e se processa por meio da voz do narrador, de sua postura. Este, por sua vez, com as mãos livres, concentra toda a sua força na expressão corporal.” Pg. 31 Aplica-se com: - contos de fadas - histórias de brinquedos “Lendas, fábulas, histórias recolhidas de tradição oral e histórias similares aos exemplos citados (O bonequinho doce, Pituchenha, O rabo do macaco e Tonho, o elefante), eu recomendo que sejam transmitidas sob a forma de simples narrativa. É a maneira ideal para contar uma história e a que mais contribui para estimular a criatividade. A utilização do material ilustrativo poderia desviar a atenção do ouvinte, que deve estar fixa no narrador, perturbando-lhe o enlevo.” Pg. 32 - COM O LIVRO “Narrar com o livro não é, propriamente, ler a história. O narrador a conhece, já a estudou e a vai contando com sua próprias palavras, sem titubeios, vacilações ou consultas ao texto, o que prejudicaria a integridade da narrativa.” Pg. 33 “Recomenda-se evitar observações do tipo: “Estão vendo o gato?”, “Olhem o pé da vovó na porta!”. As crianças percebem tudo enquanto escutam, sabendo fazer a leitura simultânea da imagem. Comentários dessa natureza atrapalham.” Pg. 33 “Quando o texto é extenso, destinado aos escolares, a história será lida por eles mesmos, de preferência, limitando-se o narrador a introduzir a temática e apresentar os personagens.” Pg. 33 “A conversa em torno da história é o momento ideal para atribuir às palavras um significado concreto, real, dirimir preconceitos, idéias falsas, mas claro que essa intenção eu não revelo às crianças. Estou querendo alertar os contadores para aproveitarem todas as ocasiões de ajudar as crianças a crescer e pensar.” Pg. 37 - COM GRAVURAS “As gravuras favorecem, sobretudo, as crianças pequenas, permitem que elas observem detalhes e contribuem para a organização de seu pensamento. Isso lhes facilitará mais tarde a identificação da idéia central, fatos principais, fatos secundários, etc.” pg. 39 “... se o número de ouvintes não é muito grande, distribuo as gravuras entre eles e pergunto de que parte da história gostaram mais, assim, vamos reconstruindo a história e se alguém na disposição dos quadros, os outros o alertam com todas as gravuras dispostas em seqüência, prosseguimos os comentários. Olham, observam, discutem e concluem que tudo é importante à compreensão do enredo. Sem o saberem, estão se familiarizando com noções de introdução, enredo, clímax, desfecho.” Pg. 39 - COM O FLANELÓGRAFO “O mais importante nessa técnica é a ação do personagem principal, num movimento constante.” Pg. 40- COM DESENHOS - COM INTERFERÊNCIAS DO NARRADOR E DOS OUVINTES “A interferência consiste numa participação ativa dos ouvintes, pela voz e/ou gestos, podendo ser bastante variável: - falada - cantada - de grupo.” Pg. 43 e 44 “A interferência resulta da criatividade do narrador, que a incorpora ao texto para tornar a narrativa mais atraente. É um excelente recurso quando se trata de público numeroso, em locais abertos, facilitando a concentração dos ouvintes.” Pg. 44 - PARA CADA SITUAÇÃO, UM RECURSO • “em casa, com uma, duas crianças ou em locais espaçosos, muitos ouvintes reunidos, idades heterogêneas, o que melhor funciona é a simples narrativa; • em sala de aula, qualquer dos recursos indicados; • o livro cabe no lar, na sala de aula, na biblioteca, na praça – conforme o número de presentes; • num hospital ou instituto de reabilitação, o bom-senso do narrador o orientará, considerando-se a enfermidade dos ouvintes; • nas escolas especiais, o material variará de acordo com a idade mental das crianças.” Pg. 46 Outros: teatro, fantoches, marionetes, sombras. • CAPÍTULO 4 – A NARRAÇÃO DA HISTÓRIA - A CONVERSA ANTES DA HISTÓRIA “Está evidente que não se trata de fornecer uma lista de sinônimos com o intuito de fornecer vocabulário. Não é uma aula de gramática. Contar histórias é, em todas as fases, entretenimento. Uma conversa informal estabelece, portanto, a empatia indispensável e ainda permite ao narrador conhecer melhor as crianças, além de dar-lhes oportunidade para falar.” Pg. 49 “Contar com naturalidade implica ser simples, sem artificialismos. São também indispensáveis sobriedade nos gestos e equilíbrio na expressão corporal.” Pg. 50 “As emoções se transmitem pela voz, principal instrumento do narrador.” Pg. 50 “Contar histórias é uma prática tão gratificante, que chega a produzir no narrador uma catarse dos conflitos mais íntimos.” Pg. 52 - CUIDADOS QUE CONTRIBUEM PARA O ÊXITO DA NARRAÇÃO • A DURAÇÃO DA NARRATIVA 5 a10 minutos = pequenos 15 a 20 minutos = maiores • COMO LIDAR COM AS INTERRUPÇÕES • CONVERSA DEPOIS DA HISTÓRIA “Quando o contador dá tempo às crianças de refletirem sobre as histórias, para que mergulhem na atmosfera que a audição cria, e quando elas são encorajadas a falar sobre o assunto, então a conversação posterior revela que a história tem muito a oferecer emocional e intelectualmente, pelo menos para algumas crianças.” (Bruno Bettelheim), Pg. 58 Pré – escolares Escolares “Quando o contador dá tempo às crianças de refletirem sobre as histórias, para que mergulhem na atmosfera que a audição cria, e quando elas são encorajadas a falar sobre o assunto, então a conversação posterior revela que a história tem muito a oferecer emocional e intelectualmente, pelo menos para algumas crianças.” (Bruno Bettelheim), Pg. 58