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Microbiologia: Introdução e Classificação

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BACTERIOLOGIA
 MICROBIOLOGIA
1. Introdução 2. Classificação 3. Noções de taxonomia 4. Importância da microbiologia 5. Morfologia 6. Estruturas externas da célula bacteriana 7. Membrana plasmática – modelo mosaico fluido 8. Estruturas internas 9. Reprodução bacteriana 10. Microbiota normal 11. Microbiota da pele 12. Microbiota dos olhos e conjuntiva 13. Microbiota do trato respiratório 14. Microbiota do trato gastrointestinal 15. Microbiota do trato genitourinário 16. Patogênese bacteriana 17. Resistências aos antibióticos 
1. Introdução
A microbiologia [do grego: micros (“pequeno”), bios (“vida”) e logos (“ciência”)] é o estudo dos organismos microscópicos e de suas atividades - forma, estrutura, reprodução, fisiologia, metabolismo e a identificação dos microrganismos. Microbiologia - envolve o estudo de organismos procariotos (bactérias, archaeas), eucariotos inferiores (algas, protozoários, fungos).
Início - A microbiologia teve início com o polimento de lentes, feitas a partir de peças de vidro, combinadas até produzir aumentos suficientemente grandes que possibilitassem a visualização dos microrganismos. Os relatos de Robert Hooke e Antonyvan Leeuwenhoek possibilitaram as primeiras observações de bactérias e outros microrganismos. Embora não tenha sido, provavelmente, o primeiro a ver as bactérias e os protozoários, o holandês Antony van Leeuwenhoek (1632-1723) - considerado o “pai” da microbiologia - foi o primeiro a relatar suas observações, com descrições precisas e desenhos.. Os relatos de Hooke, descrevendo a estrutura de um bolor, foram publicados anteriormente aos de Leeuwenhoek. - esses dois pesquisadores são considerados os pioneiros nessa ciência. 
Microrganismos procariontes = bactérias, que se dividem em: eubactérias e arqueobactérias
microrganismos eucariontes = protozoários e alguns fungos.
CONCEITO - Bactérias são organismos unicelulares. Podem ser encontrados de forma isolada ou em colônias; são constituídos por uma célula (unicelulares), não possuem núcleo celular definido(procariontes) e não possuem organelas membranosas.
 
2. CLASSIFICAÇÃO
Quanto ao grau de organização celular
As células dos microrganismos podem ser divididas em duas categorias: - células eucarióticas apresentam um núcleo separado do citoplasma por uma membrana nuclear (carioteca)
 
 Células procarióticas apresentam material nuclear sem membrana.
Os procariontes possuem duas linhagens distintas: Bactéria (ou eubactéria) e Archea. São os menores organismos e os mais simples estruturalmente. Em termos evolutivos, eles são também os mais antigos organismos da Terra (foram encontrados fósseis de cerca de 3,5 bilhões de anos).
Quanto ao metabolismo 
O metabolismo apresenta dois componentes: o catabolismo e o anabolismo. O metabolismo catabólico - engloba processos de obtenção de energia liberada pela clivagem de diferentes compostos (p. ex., glicose), que é usada para síntese de ATP. O metabolismo anabólico (ou de biossíntese) - inclui processos que utilizam a energia armazenada no ATP para sintetizar e montar as subunidades das macromoléculas que compõem a célula.
As bactérias apresentam grande diversidade metabólica. Existem espécies: 
Espécies Heterótrofas - destacam-se as parasitas, as decompositoras de matéria orgânica e as que obtêm matéria orgânica de outros seres vivos, com os quais se associam sem prejudicá-los. 
Espécies Autótrofas. - existem espécies que produzem matéria orgânica por fotossíntese e outras que produzem por quimiossíntese.
TAXONOMIA
É o estudo descritivo de todas as espécies de seres vivos e sua classificação dentro de uma hierarquia de grupamentos. A classificação, a nomenclatura e a identificação constituem três áreas distintas, porém inter-relacionadas da taxonomia. 
A classificação - pode ser definida como a categorização de microrganismos em grupos taxonômicos. A classificação de bactérias exige um conhecimento adquirido por meio de técnicas experimentais e de observação, devido à frequente necessidade de se recorrer a propriedades bioquímicas, fisiológicas, genéticas e morfológicas para efetuar uma descrição adequada de um táxon.
Nomenclatura - refere-se à designação de um organismo segundo regras internacionais (estabelecidas por um grupo de profissionais clínicos reconhecidos), de acordo com suas características.
A identificação - é o uso prático de um esquema de classificação para: 1. isolar e distinguir microrganismos desejáveis de indesejáveis; 2. verificar a autenticidade ou as propriedades especiais de determinada cultura. 3. isolar e identificar o agente etiológico de determinada doença. - Podendo levar à seleção de um tratamento farmacológico orientado para a erradicação do agente, de uma vacina que atenue sua patologia, ou de uma medida de saúde pública (p. ex., lavagem de mãos ou uso de preservativo) que previna sua transmissão.
Na designação científica os nomes devem ser em latim de origem ou, então, latinizados. • Todo nome científico deve estar destacado no texto. Pode ser escrito em itálico, se for impresso, ou sublinhado se for em trabalhos manuscritos. • Cada organismo deve ser reconhecido por uma designação binomial, sendo o primeiro termo para designar o seu gênero e o segundo, a sua espécie. Considera-se um erro grave usar o nome da espécie isoladamente, sem ser antecedido pelo gênero. • O nome relativo ao gênero deve ser um substantivo simples ou composto, escrito com inicial maiúscula. • O nome relativo à espécie deve ser um adjetivo escrito com inicial minúscula, salvo raríssimas exceções: nos casos de denominação específica em homenagem a pessoa célebre. Por exemplo no Brasil, há quem escreva: Trypanosoma Cruzi, já que o termo Cruzi é a transliteração latina do nome de Oswaldo Cruz, uma homenagem a esse grande sanitarista brasileiro.
A importância da Microbiologia 
A microbiologia aplicada estuda o controle e o uso dos microrganismos de maneira benéfica (processos industriais, controle de pragas e de doenças, produção de alimentos, etc.). Na área industrial, os microrganismos são utilizados na síntese de substâncias químicas como ácido cítrico, antibióticos mais complexos e enzimas. Na área ambiental, os microrganismos são usados como agentes de biodegradação e de limpeza ambiental, no controle de pragas, etc.
A microbiologia médica trata dos microrganismos causadores de doenças e da prevenção e controle das mesmas. A microbiologia dos alimentosestá relacionada com doenças transmiti das por alimentos, controle de qualidade e produção de alimentos (queijos, bebidas, pães, etc.).
MORFOLOGIA 
As bactérias são variáveis quanto ao tamanho e quanto às formas que apresentam. Tamanho = a unidade de medida das bactérias é o mm (micrômetro) que equivale a 10^3 mm. Muitas bactérias medem de 2 a 6 mm de comprimento e 1 a 2 mm de largura. Tamanho variável: 0,1 – 0,2 m a 5,0 mm.
Embora existam milhares de espécies bacterianas, elas podem ser agrupadas em três tipos morfológicos gerais: cocos, bacilos e espiralados.
• Tipo morfológico: COCOS Formas de cocos (esféricas) – é o grupo de bactérias mais homogêneo em relação ao tamanho. Os cocos tomam denominações diferentes de acordo com o seu arranjo. ◊ Micrococos – cocos. ◊ Diplococos – cocos agrupados aos pares. ◊ Tétrades – agrupamentos de quatro cocos. ◊ Sarcina – agrupamentos de oito cocos em forma cúbica. ◊ Estreptococos – cocos agrupados em cadeias ◊ Estafilococos – cocos agrupados em grupos irregulares, lembrando cachos de uva.
De um modo geral, essas duas formas de bactérias (cocos e bacilos) são as mais comuns entre as contaminantes nas indústrias de açúcar e de álcool.
• Tipo morfológico: BACILOS Forma de bastonete – são células cilíndricas em forma de bastonete; apresentam grande variação na forma e no tamanho entre gêneros e espécies. As células bacterianas (bacilos) não apresentam a mesma disposição dos cocos, mas podem apresentar-se isolados, aos pares (diplobacilos) e em cadeias (estreptobacilos). Em alguns casos esses arranjos não constituem padrões morfológicos característicos, mas é devido às etapas de crescimento ou às condições de cultivo. 
• Tipo morfológico: ESPIRALADO Formas espiraladas – caracterizadas por células em espiral; dividem-se em:
◊ Espirilos – possuem corpo rígido e movem-se à custa de flagelos externos. Ex.: Gênero Aquaspirillium. 
◊ Espiroquetas – são flexíveis e locomovem-se geralmente por contrações do citoplasma, podendo dar várias voltas completas em torno do próprio eixo. Ex.: Gênero Treponema.
• Além desses três tipos morfológicos, existem algumas formas de transição. 
◊ Bacilos muito curtos: coco-bacilo. 
◊ Unidades celulares que se assemelham a uma vírgula: vibrião.
ESTRUTURAS
EXTERNAS DA CÉLULA
BACTERIANA
Parede Celular
A parede celular é uma estrutura rígida que está presente em quase todas as bactérias - localiza-se acima da membrana citoplasmática. Ela contém polímeros complexos – os peptidioglicanos, - responsáveis pela sua rigidez. A parede celular impede que a célula estoure (em decorrência do grande turgor), atua como uma barreira de proteção contra determinados agentes químicos e físicos externos e funciona como suporte de antígenos somáticos bacterianos. 
Polímeros são macromoléculas formadas a partir de unidades estruturais menores. 
As bactérias podem ser divididas em dois grandes grupos, com base na capacidade de suas paredes celulares fixarem o corante violeta cristal:
Gram-positivas (que coram em roxo) - A parede celular de bactérias Gram-positivas é composta basicamente por peptideoglicano - que constitui uma espessa camada ao redor da célula. Outros polímeros, tais como ácidos lipoteicóicos e polissacarídeos, também podem estar presentes nessa camada.
Gram-negativas (que coram em vermelho) - Nas bactérias Gram-negativas o peptideoglicano constitui uma camada basal delgada, sobre a qual se encontra outra camada, denominada membrana externa que é composta por lipoproteínas, fosfolipídios, proteínas e lipopolissacarídeos. 
Processo de coloração de Gram 
A coloração de Gram é amplamente utilizada para identificar e classificar bactérias em Gram-positivas ou Gram-negativas, conforme fixam ou não o corante. Essa classificação é importante, pois as bactérias Gram-positivas são mais sensíveis à penicilina e à sulfa. 
Consiste em tratar bactérias sucessivamente com cristal violeta, lugol, álcool e fucsina. O cristal violeta e o lugol penetram tanto nas bactérias Gram-positivas quanto nas Gram-negativas, formando um complexo de cor roxa. 
O tratamento com álcool é a etapa diferencial; nas Gram-positivas, o álcool não retira o complexo cristal violeta + lugol, pois a sua ação desidratante faz com que a espessa camada de peptideoglicano torne-se menos permeável, retendo o corante. Nas Gram-negativas, devido à pequena espessura da camada de peptideoglicano, o complexo corado é extraído pelo álcool, deixando as células descoradas.
O tratamento com fucsina não altera a cor roxa das Gram-positivas, ao passo que as Gram-negativas descoradas pelo álcool tornam-se avermelhadas. 
FLAGELOS
São organelas especiais (apêndices delgados) responsáveis pela locomoção das bactérias. De acordo com o número e distribuição dos flagelos, as bactérias podem ser classificadas como: Atríquias (sem flagelos), Monotríquias (um único flagelo), Anfitríquias(um flagelo em cada extremidade) Lofotríquias (um tufo de flagelos em uma, ou ambas as extremidades) Peritríquias (apresentando flagelos ao longo de todo o corpo bacteriano).
Algumas bactérias movimentam-se por outros meios, diversos da atividade flagelar, tais como o deslizamento provocado pelo fluxo protoplasmático ou pela resposta táxica (fototaxia, quimiotaxia).
PÊLOS (fímbrias)
 São apêndices finos, retos e curtos que estão presentes em muitas bactérias Gram-negativas. Encontrados tanto nas espécies móveis como nas imóveis e, portanto, não desempenham papel relativo à mobilidade. Os pêlos originam-se de corpúsculos basais na membrana citoplasmática e sua função parece estar relacionada com a troca de material genético durante a conjugação bacteriana (fímbria sexual) com a aderência às superfícies mucosas. As fímbrias podem ser removidas sem comprometimento da viabilidade celular e regeneram-se rapidamente.
GLICOCÁLICE
Formado por substância mucilaginosa ou gelatinosa (viscosa) e fica ligada à parede celular como um revestimento externo. Cápsula – é assim chamado se o glicocálice estiver organizado de maneira definida e acoplado firmemente à parede celular. Camada limosa – Recebe esse nome se estiver desorganizado e sem qualquer forma frouxamente acoplada à parede celular. 
O glicocálice pode ser de natureza polissacarídica (um ou vários tipos de açúcares como galactose, ramnose, glicana, etc.) ou polipeptídica (ácido glutâmico). 
O glicocálice desempenha papel importante na infecção, permitindo que a bactéria patogênica se ligue a tecidos específicos do hospedeiro. Acredita-se que o glicocálice possa proteger as bactérias da dessecação
MEMBRANA
PLASMÁTICA 
Modelo Mosaico Fluído
Fina membrana que separa a parede celular do citoplasma. - espessura da ordem de 7,5 nanômetros. Composta principalmente por uma bicamada de fosfolipídeos (20 a 30%) e proteínas (50 a 70%); desempenha importante papel na permeabilidade seletiva da célula. A membrana é o sítio da atividade enzimática específica e do transporte de moléculas para dentro e para fora da célula. Ela difere da membrana plasmática das células eucarióticas por: • Não apresentar esteróides em sua composição;• Ser sede de numerosas enzimas do metabolismo respiratório das bactérias (mesmas funções das cristas mitocondriais); 
• Controlar a divisão bacteriana através dos mesossomos - Os mesossomos são invaginações da membrana plasmática que podem ser simples dobras ou estruturas tubulares ou vesiculares. Alguns autores associam ainda aos mesossomos o valor funcional das mitocôndrias, atribuindo a eles o papel na respiração bacteriana
O modelo de mosaico fluido da estrutura da membrana bacteriana mostra as proteínas integrais inseridas na bicamada lipídica. Proteínas periféricas estão frouxamente associadas à membrana de superfície interna. As pequenas esferas representam as extremidades hidrofílicas da membrana fosfolipídica, e as caudas duplas, as cadeias de ácidos graxos hidrofóbicos. Outros lipídeos de membrana, tais como os hopanoides, podem estar presentes. Por razões de clareza, os fosfolipídeos são mostrados em tamanho muito maior do que o tamanho real nas membranas.
ESTRUTURAS INTERNAS 
Citoplasma
 Composto pela porção fluida e contém substâncias dissolvidas e partículas - como ribossomos, e material nuclear ou nucleóide, (rico em DNA)
Inclusões citoplasmáticas 
 São formações não vivas existentes no citoplasma, como grãos de amido, grânulos (gotas de óleo) podem servir como fonte de material de reserva ou energia
Nucleoide e plasmídeos
As células bacterianas não possuem um núcleo típico. O cromossomo bacteriano consiste em um cromossomo único e circular e ocupa uma posição próxima ao centro da célula. Pode ser chamado de nucleóide. Várias bactérias apresentam também plasmídeos (moléculas de DNA extracromossomal) que são geralmente circulares e contém muitas
vezes genes que conferem características adaptativas vantajosas ao microrganismo. 
Plasmídeos = são moléculas de DNA de dupla fita pequenas e circulares. Não estão conectados ao cromossomo bacteriano principal e replicam-se, independentemente, do DNA cromossômico. Podem ser ganhos ou perdidos sem lesar a celular e transferidos de uma bactéria para outra. Podem transportar genes para atividades como a resistência aos antibióticos, tolerância aos metais tóxicos, produção de toxinas e síntese de enzimas. Quanto mais alto o peso molecular maior será sua importância. Cada plasmídeo tem uma função própria, os que não têm função são crípticos e apresentam baixo peso molecular.
REPRODUÇÃO
BACTERIANA
As bactérias geralmente reproduzem-se assexuadamente por fissão binária ou cissiparidade - Nesse processo reprodutivo ocorre à replicação do cromossomo e uma única célula divide-se em duas; em seguida ocorre a divisão do cromossomo bacteriano replicado e o desenvolvimento de uma parede celular transversal.. 
FISSÃO BINÁRIA (reprodução de batérias)
 A fissão binária não é o único método reprodutivo assexuado entre as bactérias. Também pode ocorrer esporulação e brotamento. 
Mesmo sem reprodução sexuada, pode ocorrer troca de material genético entre as bactérias - Tal recombinação genética pode ocorrer de 3 formas: 
1. Transformação – incorporação de fragmentos de DNA perdidos por outra bactéria que se rompeu. Esse mecanismo demonstra formalmente que o DNA é a base química da hereditariedade.
2. Conjugação – duas células bacterianas geneticamente diferentes trocam DNA através de pêlo sexual.
3. Transdução – moléculas de DNA são transferidas de uma bactéria para outra usando os vírus bacteriófagos como vetores - o bacteriófago entra na célula bacteriana e o DNA do vírus mistura-se com uma parte do DNA bacteriano - o vírus passa a carregar essa parte do DNA. e infecta uma segunda bactéria - o DNA da primeira pode misturar-se com o DNA da segunda – A informação genética é replicada a cada nova divisão.
10. MICROBIOTA NORMAL
“microbiota normal” = população de microrganismos que habita a pele e as mucosas dos indivíduos sadios. – Pode-se encontrar 10 vezes mais células microbianas que células humanas (somáticas e germinativas humanas somadas).
Fornece a primeira linha de defesa contra patógenos microbianos, auxilia na digestão, desempenha um papel na degradação das toxinas e contribui para a maturação do sistema imunológico. Mudanças na microbiota normal ou na estimulação da inflamação por esses comensais = podem causar doenças, como as doenças intestinais inflamatórias.
microbioma. = genomas desses microrganismos simbiontes 
A pele e as membranas mucosas sempre abrigam uma variedade de microrganismos que podem ser classificados em dois grupos:
• Microbiota residente - tipos relativamente fixos de microrganismos encontrados com regularidade em determinadas áreas e em certa idade, e que, quando perturbada, recompõe-se prontamente
• Microbiota transitória - microrganismos não patogênicos ou potencialmente patogênicos, que permanecem pele ou nas mucosas por horas, dias ou semanas, vindos do meio ambiente, não causando doença e nem se estabelecendo permanentemente. São de pouca importância, enquanto a microbiota residente normal permanece intacta. Mas se a microbiota residente for perturbada, os microrganismos transitórios poderão colonizar e proliferar-se, ocasionando doença.
No corpo humano encontra-se grande quantidade de microrganismos, os quais se distribuem em diferentes órgãos e tecidos. - Essa distribuição depende de vários fatores como: umidade, acidez, temperatura e disponibilidade de nutrientes. Esses microrganismos influenciam o sistema imunológico, a resistência aos patógenos e o aproveitamento dos alimentos.
Na microbiota humana os microrganismos podem ser mutualistas, comensais e oportunistas.
• Mutualistas = microrganismos que protegem o hospedeiro - produzem nutrientes importantes e colaboram para o crescimento e desenvolvimento do sistema imunológico.
• Comensais = microrganismos que mantêm associações sem benefícios ou malefícios detectáveis - associações neutras.
• Oportunistas = microrganismos que causam doenças em indivíduos com o sistema imune comprometido devido a fatores como: infecção pelo vírus HIV, terapia imunossupressora de transplantados, radioterapia, quimioterapia anticâncer, queimaduras extensas ou perfurações das mucosas.
O organismo humano dispõe de mecanismos de defesa contra a patogênese bacteriana decorrente da microbiota humana. - Porém, alguns microrganismos podem agir como oportunista - A microbiota constitui-se em reservatório de bactérias patogênicas que podem invadir os tecidos do hospedeiro causando doenças graves em casos de imunodeficiência transitória ou persistente.
11. MICROBIOTA DA PELE
A pele (maior órgão do corpo humano) é colonizada diversos microrganismos não patogênicos. Alguns benéficos para o hospedeiro. Por estar em constante contato com o meio ambiente, é mais propensa a abrigar microrganismos transitórios. 
Existe na pele uma microbiota residente constante e bem definida - modificada em diferentes áreas por secreções, uso de roupas ou proximidade de membranas mucosas (boca, nariz e área per e área perineal). 
Estrutura básica da pele: Estrato córneo (camada mais externa) - é o mais fino e menor compartimento da pele - A barreira à absorção percutânea está no seu interior Epiderme Derme Hipoderme (camada mais interna) 
Microrganismos residentes encontrados predominantemente na pele: 
Bacilos difteroides aeróbios e anaeróbios - ex.: Corynebacterium, Propionibacterium; Estafilococos aeróbios e anaeróbios não hemolíticos - Staphylococcus epidermidis e outros estafilococos coagulase-negativos, Staphylococcus aureus, espécies de Peptostreptococcus; Bacilosgram-positivos, aeróbios, formadores de esporos - onipresentes no ar, água e solo; Estreptococos a-hemolíticos (estreptococos viridans); Enterococos (espécies de Enterococcus); Bacilos gram-negativos coliformes Acinetobacter; Fungos e Leveduras nas dobras cutâneas Micobactérias não patogênicas álcool-acidorresistentes - em áreas ricas em secreções sebáceas (genitália, orelha externa). 
Fatores importantes na eliminação de microrganismos não residentes da pele: pH baixo, ácidos graxos nas secreções sebáceas e presença de lisozima. 
A sudorese profusa, a lavagem e o banho não são capazes de eliminar ou modificar significativamente a microbiota residente normal. 
O número de microrganismos superficiais pode ser diminuído por escovação vigorosa diária com sabão que contenha hexaclorofeno ou outros desinfetantes; porém, a microbiota recupera-se rapidamente a partir das glândulas sebáceas e sudoríparas mesmo sem contato com outras áreas da pele ou com o meio ambiente. O uso de curativo oclusivo na pele tende a resultar em aumento acentuado da população microbiana total, e pode causar alterações qualitativas da microbiota. 
Além de barreira física, a pele é uma barreira imunológica
Os queratinócitos reconhecem a microbiota da pele por meio dos receptores de reconhecimento de padrão (PRRs) - ex., receptores do tipo Toll (TLR), receptores de manose, receptores do tipo NOD). A ativação dos receptores PRRs (de reconhecimento de padrão) nos queratinócitos pelos PAMPs (padrões moleculares associados a patógenos) - inicia a resposta imune inata - resultando na secreção de peptídeos antimicrobianos, citocinas e quimiocinas. A pele é exposta a um grande número de microrganismos, mas é capaz de reconhecer entre microrganismos da microbiota normal e microrganismos potencialmente patogênicos. Os mecanismos que permitem essa seletividade não estão completamente esclarecidos
Com frequência, bactérias anaeróbias e aeróbias unem-se para causar infecções sinérgicas (gangrena, fasceíte necrosante e celulite) na pele e nos tecidos moles. As bactérias frequentemente fazem parte da microbiota normal. Em geral, é difícil apontar um microrganismo específico como responsável pela lesão progressiva, visto que em geral estão envolvidas misturas de microrganismos.
12. MICROBIOTA DOS OLHOS E CONJUNTIVA
Por estar em constante exposição ao meio externo, a conjuntiva está sujeita a intensa contaminação microbiana. A maioria dos microrganismos é removida por lacrimação, restando apenas uma microbiota de densidade relativamente baixa, em número reduzido de espécies. 
Os microrganismos predominantes da conjuntiva consistem em:
• Difteroides (Corynebacterium xerosis); • S. epidermidis; • Estreptococos não hemolíticos. Com frequência, verifica-se também a presença de •Neisseria •Bacilos gram-negativos semelhantes ao Haemophilus (espécies de Moraxella). 
A microbiota da conjuntiva normalmente é controlada pelo fluxo da lágrima. A lágrima, é um fluido constituído por componentes como lisozima, lactoferrina, beta-lisina e IgG. - A combinação sinérgica desses componentes tem a capacidade de destruir bactérias (ação antibacteriana das lágrimas) As lágrimas agem também de maneira mecânica - removendo a maioria dos microrganismos que invadem a conjuntiva ou a superfície do globo ocular através dos ductos lacrimais em direção às fossas nasais.
As propriedades antibacterianas das lágrimas são refletidas no fato de que os pacientes com paralisia de Bell (que perderam a capacidade para piscar e remover microrganismos da córnea), desenvolvem frequentemente conjuntivite bacteriana. A paralisia de Bell é um distúrbio de instalação repentina, sem causa aparente, marcado pelo enfraquecimento ou paralisia dos músculos de um dos lados do rosto
13. MICROBIOTA DO TRATO RESPIRATÓRIO
A composição da microbiota pulmonar é moldada primeiramente pelo ambiente: clima, zona geográfica, a área onde vive e a exposição a animais domésticos... Possui muitas semelhanças com a microbiota intestinal.
Diferentes fatores podem diminuir a diversidade bacteriana e levar a desequilíbrios na microbiota respiratória: alguns são relacionados com o corpo – imunidade reduzida, tosse...... Outros com o ambiente - tabaco, infeções virais, tratamento com antibióticos.... Um desequilíbrio (disbiose) na microbiota pulmonar pode levar ao aparecimento de bactérias e fungos patogénicos e contribuir para o desenvolvimento de doenças respiratórias crónicas, como a asma e a Doença Pulmonar Obstrutiva Crónica (DPOC). 
Um amplo espectro de organismo coloniza o nariz, a garganta e a boca. Diferentemente dos brônquios inferiores e alvéolos que contém poucos organismos ou nenhum. Nariz – é colonizado por uma variedade de espécies estreptocócicas e estafilocócicas, a mais importante é S. aureus. Faringe e Traqueia - Variedade de espécies estreptocócicas e estafilocócicas (microbiota semelhante ao nariz). Brônquios normais - poucas bactérias são encontradas. Bronquíolos e Alvéolos - normalmente estéreis. 
Os microrganismos predominantes nas vias respiratórias superiores, em particular na faringe = Estreptococos não hemolíticos e a-hemolíticos, bem como neisserias. Também são observados: estafilococos, difteroides, Haemophilus, pneumococos, Mycoplasma Prevotella. 
A aspiração de saliva (contendo até 10^2 desses microrganismos, bem como aeróbios) pode resultar em pneumonia necrosante, abscesso pulmonar e empiema.
Neonatos - Ao contrário de suas mães que apresentam uma microbiota normal complexa e diferenciada, os neonatos são inicialmente colonizados por uma comunidade microbiana simples e indiferenciada nos vários habitats do seu corpo, independentemente do tipo de parto realizado - Nos primeiros estágios (menos de 5 min pós o parto) a microbiota é homogeneamente distribuída pelo corpo. A composição da microbiota normal de neonatos nascidos por parto normal é semelhante à microbiota vaginal das mães, enquanto neonatos nascidos de cesária raramente apresentam na composição de sua microbiota microrganismos vaginais (p. ex. Lactobacillus, Prevotella, Atopobium e Sneathia spp.) - Eles são colonizados nos diferentes habitats do seu corpo por microrganismos da pele de suas mães (p. ex. Staphylococcus, Corynebacterium e Proprionibacterium spp.) 
De 4 a 12 horas após o nascimento, os estreptococos viridans estabelecem-se como membros mais proeminentes da microbiota residente e assim permanecem por toda a vida. Provavelmente, originam-se das vias respiratórias da mãe e dos atendentes. No início da vida, aparecem estafilococos aeróbios e anaeróbios, diplococos gram-negativos (Neisseria, Moraxella catarrhalis), difteroides e lactobacilos ocasionais.14. MICROBIOTA DO TRATO
GASTROINTESTINAL
O trato gastrintestinal humano é dividido em diferentes compartimentos permitindo a digestão e a absorção de nutrientes na região proximal, que é separada de uma grande população microbiana presente no intestino grosso 
Ao nascimento, o intestino é estéril, porém diferentes microrganismos são introduzidos com os alimentos - O ambiente (p. ex., a microbiota vaginal, fecal e da pele materna) é o principal fator determinante do perfil inicial da microbiota.*. Nos lactentes alimentados por mamadeiras, existe uma microbiota mais diversificada no intestino, e os lactobacilos são menos proeminentes. À medida que os hábitos alimentares evoluem, a microbiota intestinal modifica-se. A dieta exerce acentuada influência sobre a composição relativa das microbiotas intestinal e fecal. 
O intestino dos neonatos em berçários de tratamento intensivo tende a ser colonizado por Enterobacteriaceae, como, por exemplo, Klebsiella, Citrobacter e Enterobacter. 
Boca - A microbiota normal da boca tem um papel importante na placa dental e na cárie (desintegração do dente que começa pelo esmalte e progride para a dentina e a polpa dentária). Primeiramente, o esmalte dentário (é inteiramente acelular) é desmineralizado – Processo realizado pelos microrganismos presentes no biofilme dental que pela atividade metabólica glicolítica produzem ácidos orgânicos a partir de determinados substratos. Em seguida, a decomposição da dentina e do cemento da superfície radicular exposta envolve a digestão bacteriana da matriz proteica. - O S. mutans é considerado o microrganismo predominante na iniciação da cárie, porém múltiplos membros do biofilme dental participam na evolução dessa lesão, incluindo outros Streptococcus (S. sobrinus, S. sanguinis e S. salivarius), Lactobacillus (L. acidophilus casei) e Actinomyces (A. viscosis e A. naeslundii)
Uma dieta à base de monossacarídeos (p. ex. glicose e frutose) e de dissacarídeos (sacarose, lactose e maltose) proporciona um substrato fundamental para a glicólise bacteriana.
As bifidobactérias são as bactérias mais prevalentes na microbiota infantil e sua quantidade é maior nos lactentes alimentados com leite materno do que com fórmulas. Os lactobacilos são parte da microbiota subdominante, e estão sob o controle das bifidobactérias. 
Os lactobacilos e as bifidobactérias: - Inibem o crescimento de bactérias exógenas e/ou nocivas -Estimulam as funções imunológicas -Auxiliam na digestão e/ou absorção dos ingredientes e minerais dos alimentos -Contribuem para a síntese de vitaminas 
A placa dental é um biofilme complexo composto por uma microbiota normal - O metabolismo de carboidratos por microrganismos pertencentes a esse biofilme, como o Streptococcus mutans - é responsável pela patogênese da cárie. 
Esôfago = contém microrganismos transportados pela saliva e pelos alimentos - Por conta do pouco trânsito alimentar nesse segmento do trato gastrointestinal, possui pouca proliferação bacteriana associada. Estômago = A acidez mantém o número de microrganismos em nível mínimo, a não ser que a obstrução do piloro favoreça a proliferação de cocos e bacilos gram-positivos. Das centenas de filotipos detectados no estômago, somente o Helicobacter pylori persiste nesse ambiente. O pH ácido do estômago protege acentuadamente o indivíduo contra infecções por alguns patógenos entéricos (p. ex., o Vibrio cholerae). A administração de antiácidos, antagonistas de receptor H2 e inibidores de bomba de prótons (para úlcera 
péptica e refluxo gastresofágico) resulta em acentuado aumento da microbiota do estômago, inclusive muitos microrganismos em geral prevalentes nas fezes. À medida que o pH do conteúdo intestinal se torna alcalino, a microbiota residente aumenta gradualmente. Intestinos = No duodeno de um adulto, existem 10^3 a 10^4 bactérias/mL efluentes; uma maior população no jejuno (10^4-10^5/mL), no íleo (10^8 bactérias/mL), no ceco e no colo transverso, (10^11 bactérias/mL). Intestino delgado = A população microbiana associada à mucosa inclui os filos Bacteroidetes e Clostridiales, enquanto no lúmen incluem membros do filo Enterobacteriales e Enterococcus. No colo sigmoide e no reto as bactérias constituem 60% da massa fecal. Os anaeróbios são predominantes sobre os organismos facultativos em uma proporção de 1.000 para 1. Na diarreia o conteúdo de bactérias diminui, na estase intestinal a contagem aumenta. No colo normal do adulto, 96 a 99% da microbiota residente consistem em anaeróbios. 
As funções da microbiota intestinal podem ser divididas em três categorias principais: 
1. Funções de proteção - nas quais as bactérias residentes deslocam e inibem indiretamente patógenos potenciais - pela competição por nutrientes e receptores ou diretamente através da produção de fatores antimicrobianos - como bacteriocinas e ácido láctico. 
2. Função do sistema imunológico das mucosas - organismos comensais são importantes para o desenvolvimento e a função do sistema imunológico das mucosas. Organismos comensais: a Induzem a secreção de lgA; a Influenciam o desenvolvimento do sistema imunológico humoral intestinal; a Modulam a resposta T celular e os perfis de citocinas. 
3. Funções metabólicas (grande variedade) - A microbiota do intestino delgado (bactérias intestinais) pode contribuir para: a A necessidade de aminoácidos apresentada, caso não fornecido pela alimentação. a Produção de ácidos graxos de cadeia curta - que controlam a diferenciação das células epiteliais intestinais. a Sintetizam vitamina K, biotina e folato e melhoram a absorção de íons. a Algumas bactérias metabolizam substâncias carcinogênicas da dieta e auxiliam na fermentação de resíduos não digestíveis da dieta. a As bactérias intestinais podem influenciar a deposição de gorduras no hospedeiro, levando a obesidade. 
A administração oral de antimicrobianos - pode suprimir temporariamente os componentes da microbiota fecal suscetíveis aos fármacos. Os efeitos agudos da antibioticoterapia na microbiota intestinal nativa variam de uma diarreia autolimitada até uma colite pseudomembranosa
Colite pseudomembranosa = inflamação no intestino grosso que provoca diarreia e dor, causada pela bactéria C. difficile. 
A supressão intencional da microbiota fecal é comumente efetuada pela administração oral pré-operatória de fármacos insolúveis - Por exemplo, a neomicina combinada com a eritromicina (pode, em 1 a 2 dias, suprimir parte da microbiota intestinal, particularmente os aeróbios). O metronidazol exerce o mesmo efeito sobre os anaeróbios. Em uma cirurgia de intestino grosso = quando as contagens microbianas estiverem em seu valor mínimo = alguma proteção contra a infecção decorrente de extravasamento acidental - Entretanto, pouco depois a contagem da microbiota fecal aumenta novamente e atinge níveis normais ou acima da faixa normal, incluindo principalmente alguns microrganismos em virtude de sua resistência relativa aos fármacos administrados. Os microrganismos sensíveis aos fármacos são substituídos por microrganismos resistentes, em particular estafilococos, enterobactérias,enterococos, Pseudomonas, Clostridium difficile e leveduras. Ingestão de grandes quantidades de Lactobacillus acidophilus = estabelecimento temporário desse microrganismo no intestino, com a supressão parcial concomitante de outra microbiota intestinal. 
Lactobacillus acidophilus - indicado no tratamento das enterocolites (inflamação do intestino delgado e grosso) e suas manifestações e também durante a terapêutica por antibióticos e quimioterápicos por via oral. Embora as bactérias da microbiota intestinal sejam normalmente inócuas para o hospedeiro, em indivíduos geneticamente suscetíveis alguns componentes da microbiota podem resultar em doença – Ex. doença inflamatória intestinal pode estar associada pela baixa tolerância imunológica a antígenos bacterianos - Isso leva a uma intensa inflamação causada por uma exuberante resposta imunológica. Mecanismos similares podem ser importantes em malignidades intestinais, tais como o câncer de colo.
As Enterobacteriaceae constituem um grande grupo heterogêneo de bacilos gram-negativos cujo habitat natural é o trato intestinal de seres humanos e animais. A família abrange muitos gêneros: Escherichia - Escherichia coli = microrganismo entérico, faz parte da microbiota normal e acidentalmente provoca doença Shigella - regularmente patogênicos para os seres humanos Salmonella - regularmente patogênicos para os seres humanos Enterobacter Klebsiella Serratia Proteus 
E. coli as que provocam diarreia são extremamente comuns no mundo inteiro. São classificadas com base nas características de suas propriedades de virulência - As propriedades de aderência nas células epiteliais do intestino delgado ou do intestino grosso são codificadas por genes nos plasmídeos. De modo semelhante, as toxinas são frequentemente mediadas por plasmídeos ou fagos.
 clostrídeos são bastonetes gram-positivos grandes, anaeróbios e móveis. Muitos decompõem proteínas ou formam toxinas, e alguns fazem ambos os processos. Seu habitat natural é o solo ou o trato intestinal de animais e seres humanos, onde vivem como saprófitas. Entre os patógenos, estão os microrganismos responsáveis pelo botulismo, pelo tétano, pela gangrena gasosa e pela colite pseudomembranosa.
15. MICROBIOTA DO TRATO GENITOURINÁRIO
O trato urinário (dos rins ao meato uretral) é normalmente estéril e resistente à colonização bacteriana apesar da contaminação frequente da uretra distal com bactérias colônicas. A principal defesa contra infecção do trato urinário é o esvaziamento completo da bexiga durante a micção*. Outros mecanismos que mantêm a esterilidade do trato urinário incluem a válvula vesicoureteral e várias barreiras mucosas e imunológicas. A uretra anterior (ambos os sexos) possui um pequeno número dos mesmos tipos de microrganismos encontrados na pele e no períneo. Esses microrganismos aparecem regularmente na urina normal eliminada em números de 10^2 a 10^4/mL. Pouco depois do nascimento - aparecem na vagina lactobacilos aeróbios que persistem enquanto o pH permanece ácido (várias semanas). Quando o pH se torna neutro (permanecendo assim até a puberdade), verifica-se a presença de uma microbiota mista de cocos e bacilos. Na puberdade - os lactobacilos aeróbios e anaeróbios reaparecem em grande número e contribuem para manutenção do pH ácido com a produção de ácido a partir de carboidratos (em particular glicogênio) - Mecanismo importante para evitar o estabelecimento de outros microrganismos possivelmente prejudiciais (na vagina) Se os lactobacilos forem suprimidos pela administração de antimicrobianos - o número de leveduras ou várias bactérias aumentará, causando irritação e inflamação. 
A vaginose bacteriana é uma síndrome caracterizada por alterações drásticas nas espécies da microbiota vaginal e em suas proporções relativas. Ocorrem mudanças a partir de um ecossistema vaginal saudável, onde há lactobacilos, para um estado de doença marcado pela presença de microrganismos pertencentes ao filos Bacteroidetes e Actinobacteria. Após a menopausa - o número de lactobacilos diminui, e reaparece uma microbiota mista. A microbiota normal da vagina inclui os estreptococos do grupo B em aproximadamente 25% das mulheres no período da gravidez. 
Durante o parto, a criança pode adquirir um estreptococo do grupo B, que pode subsequentemente causar sepse neonatal e meningite.
A microbiota vaginal normal também inclui a Estreptococos a-hemolíticos; a Estreptococos anaeróbios (peptoestreptococos); a espécies de Prevotella; a Clostridium; a Gardnerella vaginalis; a Ureaplasma urealyticum; a Espécies de Listeria ou Mobiluncus. (mais raramente). O muco cervical tem atividade antibacteriana e contém lisozima.
16. PATOGÊNESE BACTERIANA
A patogênese da infecção bacteriana abrange o início do processo infeccioso e os mecanismos que levam ao aparecimento dos sinais e sintomas da doença. 
Patogênese: mecanismo usado pelo patógeno para causar lesões no hospedeiro. 
Patogenicidade: capacidade que um agente infeccioso tem de provocar doença. 
Toxigenicidade: capacidade que um microrganismo tem de produzir uma toxina que contribui para o desenvolvimento de doença.
Em algumas mulheres -o introito vaginal contém uma microbiota densa (semelhante a do períneo e da área perineal) - pode constituir um fator predisponente nas infecções recorrentes do trato urinário.
Gardnerella vaginalis é um bacilo Gram-negativo que está implicado como principal causa de vaginose bacteriana (vaginite). As pacientes tipicamente apresentam uma secreção vaginal fina, verde-acinzentada, com odor desagradável (peixe).
 
Virulência: capacidade quantitativa de um agente provocar doença. A virulência envolve aderência, persistência, invasão e toxigenicidade. 
Aderência: processo pelo qual as bactérias se fixam à superfície das células do hospedeiro. Após as bactérias terem penetrado no organismo. A aderência constitui uma etapa inicial importante no processo de infecção*. Os termos aderência, adesão e fixação são sinônimos. 
Invasão: processo pelo qual bactérias, parasitas animais, fungos e vírus penetram nas células ou nos tecidos do hospedeiro e disseminam-se pelo corpo. 
Cepas: Grupos ou linhagens de um agente infeccioso.
Patogênese Bacteriana - As bactérias patogênicas caracterizam-se por sua capacidade de disseminação, aderência e persistência, bem como invasão de células e tecidos do hospedeiro, toxigenicidade e capacidade de escapar ou sobreviver ao sistema imunológico. A resistência a 
antimicrobianos e a desinfetantes também pode contribuir para virulência ou para capacidade em causar doença. Muitas infecções causadas por bactérias (geralmente patógenas) são assintomáticas –A doença ocorre se as bactérias ou reações imunológicas à sua presença prejudicarem o hospedeiro
As bactérias (e outros microrganismos) podem se adaptar a uma variedade de ambientes - fontes externas (solo, água e matéria orgânica) e ambientes internos (encontrados nos insetos vetores, animais e humanos) - onde normalmente habitam e subsistem. Assim, dotadas dessa capacidade, as bactérias asseguram sua sobrevida e aumentam a possibilidade de transmissão.
As mais frequentes portas de entrada das bactérias patogênicas são os locais do corpo nos quais as mucosas entram em contato com a pele: - vias respiratórias (superiores e inferiores), - trato gastrintestinal (principalmente a boca), - trato genital - vias urinárias
 
Processo infeccioso - as bactérias que causam doenças têm de se aderir às células do hospedeiro (geralmente às células epiteliais). Estabelecido um local primário de infecção, as bactérias multiplicam-se e disseminam-se diretamente, através dos tecidos ou do sistema linfático, para a corrente sanguínea. - Essa infecção (bacteriemia) pode ser transitória ou persistente, e permite que as bactérias se propaguem amplamente pelo corpo até alcançarem os tecidos particularmente apropriados para a sua multiplicação.
A invasão microbiana pode ser facilitada pelo seguinte:
• Fatores de virulência
• Aderência microbiana
• Resistência aos antimicrobianos
• Defeitos nos mecanismos de defesa do hospedeiro
A aderência microbiana auxilia os microrganismos a estabelecerem uma base através da qual penetram nos tecidos. 
Fatores que determinam a aderência: 
• Adesinas (moléculas microbianas que são mediadoras da adesão à célula) e os receptores do hospedeiro, aos quais as adesinas se ligam. - incluem resíduos de açúcares e proteínas de superfície celular, como a fibronectina, que aumenta a ligação de certos microrganismos Gram-positivos (p. ex., estafilococos). 
• Fibrilas - Estruturas finas nas paredes de certas bactérias (p. ex., estreptococos), por meio das quais certas bactérias se ligam às células epiteliais humanas. 
• Fímbrias ou Pili - Outras bactérias, como as Enterobacteriaceae (p. ex., Escherichia coli), possuem organelas específicas de adesão -As fímbrias capacitam o microrganismo a aderir a quase todas as células humanas, incluindo neutrófilos e células epiteliais do trato geniturinário, boca e intestino. 
• Biofilme - é uma estrutura fina que pode se formar ao redor de algumas bactérias, conferindo resistência à fagocitose e a antibióticos. - Desenvolve-se ao redor de Pseudomonas aeruginosa nos pulmões de pacientes com fibrose cística e também ao redor de estafilococos coagulase-negativos em dispositivos médicos sintéticos, como cateteres intravenosos, enxertos vasculares prostéticos e material de sutura. 
Toxinas Bacterianas 
As toxinas produzidas por bactérias são classificadas em dois grupos: 
Exotoxinas - são proteínas frequentemente excretadas pela célula bacteriana. - algumas exotoxinas se acumulam no interior do citosol e são injetadas diretamente no interior da célula hospedeira ou são liberadas durante lise celular.
Endotoxinas - são moléculas lipídicas que são componentes da membrana da célula bacteriana. - A cápsula contribui para a capacidade de invasão das bactérias patogênicas - as células encapsuladas ficam protegidas da fagocitose, a não ser que sejam recobertas por anticorpo anticapsular. 
Algumas bactérias (p. ex., M. tuberculosis, Listeria monocytogenes, espécies de Brucella e de Legionella) - vivem e crescem em ambiente hostil no interior das células polimorfonucleares, macrófagos ou monócitos - Esse crescimento intracelular favorece a bactéria já que evita o contato com anticorpos ou o sistema complemento. 
Algumas bactérias e outros microrganismos têm a capacidade de efetuar alterações frequentes na forma antigênica de suas estruturas de superfície in vitro e, in vivo - Essa frequente mudança de formas antigênicas possibilita a essas bactérias escaparem do sistema imunológico do hospedeiro. Ainda como mecanismos de escapes bacterianos, muitas espécies de bactérias produzem enzimas não intrinsecamente tóxicas, mas que desempenham importante papel no processo infeccioso. Destacam-se as bactérias que degradam tecidos:
• O C. perfringens produz a enzima proteolítica colagenase, que degrada o colágeno, a principal proteína do tecido conectivo fibroso, promovendo a disseminação da infecção nos tecidos. 
• S. aureus produz a coagulase, que atua em combinação com fatores sanguíneos para coagular o plasma. A coagulase contribui para a formação das paredes de fibrina ao redor das lesões estafilocócicas, ajudando esses microrganismos a persistirem nos tecidos. Também provoca a deposição de fibrina sobre a superfície de alguns estafilococos, podendo ajudar a protegê-los contra fagocitose ou destruição no interior das células fagocíticas. 
• Muitos estreptococos hemolíticos produzem estreptoquinase (fibrinolisina), substância que ativa uma enzima proteolítica do plasma - Essa enzima é capaz de dissolver o plasma coagulado e ajudar na rápida propagação dos estreptococos através dos tecidos. A estreptoquinase tem sido utilizada no tratamento do infarto agudo do miocárdio para dissolver os coágulos de fibrinas 
17. RESISTÊNCIAS AOS ANTIBIÓTICOS
A causa básica da resistência aos antibióticos é simples: uso de antibióticos. 
Algumas bactérias são notórias por sua capacidade intrínseca de expressar vários tipos de resistência, como Acinetobacter baumannii ou Pseudomonas aeruginosa. Outras são geralmente tratáveis por muitos anos e só recentemente se tornam altamente resistentes a medicamentos através da aquisição de novos elementos de resistência, como Klebsiella pneumoniae. Algumas permaneceram altamente suscetíveis a antibióticos “antigos” desde a sua introdução, como Streptococcus pyogenes e penicilina. Em qualquer espécie de bactéria, a resistência a antibióticos precisa ter um ponto de origem - A resistência pode emergir no organismo de interesse através de mutações aleatórias no alvo do antibiótico ou em outros elementos-chave. O mais comum é que uma determinada espécie de bactéria adquira os genes, que permitem um mecanismo de resistência, de outra espécie de bactéria que já o possuía através da transferência de elementos genéticos móveis. As bactérias são pequenos organismos promíscuos e não são exigentes - geralmente trocam genes não apenas entre suas próprias espécies, mas também entre espécies diferentes e até gêneros. Existem várias maneiras pelas quais os genes são transmitidos entre bactérias - A mais importante é a transmissão de plasmídeos via conjugação* - Os plasmídeos são laços de DNA que podem conter múltiplos genes que codificam para vários processos (incluindo resistência a antibióticos) e são altamente portáteis. Como os plasmídeos podem conter múltiplos genes, eles podem codificar vários tipos de resistência que não estão relacionados, como resistência às cefalosporinas através da produção de uma beta-lactamase e resistência à fluoroquinolona devido a uma bomba de efluxo. Com um ato de troca de genes, nasce uma cepa bacteriana multirresistente. PERMEABILIDADE REDUZIDA - impede que o antibiótico penetre na célula bacteriana, diminuindo sua concentração intracelular. A modificação enzimática devido a uma enzima produzida pela bactéria destrói o antibiótico antes que ele tenha a chance de atingir seu local de atividade ou entre nacélula. Podem ocorrer alterações no local de destino, levando a uma eliminação ou modificação do local de atividade do antibiótico, de modo que ele não funcione. EFLUXO ATIVO - ocorre quando bombas de efluxo nas bactérias bombeiam antibióticos, diminuindo as concentrações intracelulares. 
Se uma bactéria sofre a ação de um antibiótico, esta diz-se sensível; se o antibiótico não exerce qualquer efeito sobre a bactéria esta diz-se resistente. 
A resistência pode ser natural ou adquirida (por exemplo, pela transferência de plasmídeos ou por ocorrência de mutações). 
Para cada bactéria há um conjunto de antibióticos que são eficazes e outros não eficazes. 
De acordo com a faixa de bactérias sensíveis a determinado antibiótico, podemos classificá-los de largo espectro e de espectro estreito. 
Produção de ẞ-lactamase e resistência aos ẞ-lactâmicos: Três mecanismos básicos de resistência aos ß-lactâmicos são descritos: 1. Alteração do sítio de ligação - que no caso seriam as proteínas ligadoras de penicilina (PBPs); 2. Alteração da permeabilidade da membrana externa bacteriana (a impermeabilidade da membrana externa ocorre quando bactérias mutantes passam a não produzir os habituais canais da membrana externa bacteriana, porinas, locais por onde penetram os ß-lactâmicos, este mecanismo de resistência é mais comumente observado entre amostras de P. aeruginosa); 3. Degradação da droga através da produção de b-lactamases. - As amostras bacterianas pertencentes aos gêneros Citrobacter, Enterobacter, Morganella, Serratia e isolados de Proteus vulgaris são reconhecidamente produtores de ß-lactamases AmpC. - Estas enzimas são codificadas pelo gene ampC, e sua produção pode ser induzida quando são expostos a agentes ß-lactâmicos. A hiperprodução desta enzima pode acarretar hidrólise de cefalosporinas, como ceftazidima e ceftriaxona, ocasionando falência terapêutica durante tratamento com estes agentes. As cefalosporinas de quarta geração e os carbapenens são mais estáveis à hidrólise pela AmpC. 
ESBLs (ß-lactamases de espectro estendido) são ß-lactamases que sofreram mutações e são capazes de hidrolisar o anel beta-lactâmico de cefalosporinas de terceira geração e dos monobactâmicos. 
Resistência aos aminoglicosídeos 
A modificação enzimática é o mecanismo mais comum de resistência aos aminoglicosídeos - Este mecanismo pode resultar em alto grau de resistência a estes agentes antimicrobianos. Os genes responsáveis por esta resistência encontram-se geralmente em plasmídios ou transposons. Os aminoglicosídeos contêm em sua estrutura grupos amino ou hidroxila que podem ser modificados pelas enzimas acima, produzidas por isolados bacterianos. Os aminoglicosídeos modificados nestes grupamentos perdem a habilidade de se ligar ao ribossomo e, consequentemente, de inibir a síntese proteica bacteriana. Outros mecanismos de resistência aos aminoglicosídeos são as alteração no sítio de ação (subunidade 30S do RNA ribossomal) e alterações na permeabilidade da membrana celular externa.
Na prática clínica, a presença de resistência aos aminoglicosídeos leva à perda de sinergismo com ß-lactâmicos para o tratamento de infecções enterocócicas graves, como a endocardite. 
Resistência a sulfametoxazol-trimetoprima
Os enterococos frequentemente exibem suscetibilidade a sulfametoxazol-trimetoprima em testes in vitro, mas esses fármacos não são eficazes no tratamento de infecções. Tal discrepância decorre da capacidade dos enterococos de utilizarem folatos exógenos disponíveis in vivo, escapando, assim, da inibição pelos fármacos. 
Resistência às quinolonas
Está associada a alguns mecanismos de resistência, como: alteração de permeabilidade e hiperexpressão de bombas de efluxo; alterações do sítio de ação (topoisomerases); resistência mediada por plasmídeos; alteração enzimática da molécula do antimicrobiano. 
A emergência de resistência a fluoroquinolonas tem implicações no tratamento de infecções hospitalares e comunitárias. As enterobactérias são patógenos frequentemente associados a infecções do trato urinário, comunitárias, e pneumonias associadas à assistência à saúde. A emergência de mutantes resistentes de K.pneumoniae durante tratamento com ciprofloxacina já foi descrita, podendo levar à falha terapêutica
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