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A ficção de Eça de Queirós

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A ficção de Eça de Queirós
José Maria de Eça de Queirós nasceu em 1845;
Romancista Português e diplomata.
Morreu em 1895.
Fonte: https://www.ebiografia.com/eca_queiroz/
Nos anos 60, uma série de transformações que culminaram na modernização de Portugal e numa aproximação ideológica com os demais países europeus;
Visada filosófica e cultural que define uma nova geração erguida contra o ultra-romantismo;
Essa mudança influencia os estudantes da década de 70, sendo Eça de Queirós um de seus representantes.
Os seus primeiros trabalhos, publicados na Revista “Gazeta de Portugal”, foram depois organizados em livro, publicados postumamente com o título Prosas Bárbaras;
Sua primeira novela, O crime do Padre Amaro, é publicada em 1875 e marca o início do Realismo em Portugal.
O Realismo ocupa a segunda metade do século XIX. Corresponde ao início da modernidade européia. Ex: estradas de ferro...
Eça de Queirós é considerado o maior representante da prosa realista da Língua Portuguesa;
Foi um inovador na prosa portuguesa ao criar novas formas de linguagens, neologismos e mudanças de sintaxe;
Afastou-se de modelos clássicos. Influência do francês Gustave Flaubert;
De maneira geral, suas obras abordam temas simples e do cotidiano, permeadas de humor, ironia, pessimismo e crítica social.
Obras de Eça de Queirós
O Mistério da estrada de Sintra (1870)
O crime do Padre Amaro (1875)
A tragédia da Rua das Flores (1877-8)
O primo Basílio (1878)
O Mandarim (1880)
A Relíquia (1887)
Os Maias (1888)
Uma campanha alegre (1890-91)
Correspondência de Fradique Mendes (1900)
Dicionário de Milagres (1900)
A ilustre casa de Ramires (1900)
A cidade e as serras (1901)
Contos (1902)
Prosas Bárbaras (1903)
Cartas de Inglaterra (1905)
Ecos de Paris (1905)
Cartas familiares e bilhetes de Paris(1907)
Notas contemporâneas (1909)
Últimas páginas (1912)
A capital (1925)
O conde de Abranhos (1925)
Alves e Companhia (1925)
Correspondência (1925)
O Egito (1926)
Cartas inéditas de Fradique Mendes (1929)
Eça de Queirós entre os seus (1949)
Ao se afastar do idealismo romântico, Eça de Queirós faz uma dura crítica aos valores da burguesia portuguesa e da corrupção da igreja;
Aborda a hipocrisia da burguesia aliada à análise psicológica das personagens;
Comprometido com a reforma social que introduziu o Realismo e o Naturalismo em Portugal – participou do grupo de intelectuais “Geração de 70”;
Nessa época, denunciava a literatura portuguesa contemporânea como não original.
O Crime do Padre Amaro
Descreve os efeitos destrutivos do celibato em um padre de caráter fraco e os perigos do fanatismo em uma cidade provinciana portuguesa;
Sátira sobre o ideal romântico da paixão.
Essas características também aparecem em O primo Basílio e em Os Maias.
“Depois dos primeiros desesperos, desabafos em patadas no soalho e blasfêmias de que pedia logo perdão a Nosso Senhor Jesus Cristo, quis serenar, estabelecer a razão das coisas. Aonde o levava aquela paixão? Ao escândalo. E assim, casada ela, cada um entrava no seu destino legítimo e sensato - ela na sua família, ele na sua paróquia. Depois, quando se encontrassem, um cumprimento amável; e ele poderia passear a cidade com a sua cabeça bem direita, sem medo dos apartes da Arcada, das insinuações da gazeta, das severidades de sua excelência e das picadinhas da consciência! E a sua vida seria feliz. - Não, por Deus! a sua vida não poderia ser feliz sem ela! Tirado à sua existência aquele interesse das visitas à Rua da Misericórdia, os apertozinhos de mão, a esperança de delicias melhores - que lhe restava a ele? Vegetar, como um dos tortulhos nos cantos úmidos da Sé! E ela, ela que o entontecera com os seus olhinhos e as suas maneirinhas, voltava-lhe as costas mal lhe aparecia outro, bom para marido, com 25$000 por mês! Todos aqueles suspiros, aquelas mudanças de cor - chalaça! Mangara com o senhor pároco!”
(Disponível em http://www.dominiopublico.gov.br/download/texto/bv000082.pdf.)
9
Queirós especializa-se nos desejos e fantasias do ser humano, mostrando como se prestam ao exercício da sedução e do poder;
Ex. são as personagens Luísa (O primo Basílio) e Amélia (O crime do Padre Amaro): predispostas psicologicamente ao amor e biologicamente para o relacionamento sexual, tornam-se presas fáceis de conquistadores como Basílio e Amaro, sedutores que trazem geralmente a marca do “exótico”. Basílio se apresenta como viajado, interessante, rico e de hábitos franceses. Amaro é jovem, vem da capital e é sacerdote.
Tanto Amaro quanto Basílio não sentem remorso com a morte das mulheres com as quais se envolveram.
 
Nesses textos, o narrador é distanciado da ação. Mostra aos leitores que as personagens caem nas armadilhas porque são ingênuas e despreparadas, sem clareza suficiente para fazer uma leitura dos discursos.
Com esses romances, Eça critica um idealismo romântico em que o desejo alienado impede a percepção de sinais denunciadores de algo inadequado.
Os Maias
Descrição da sociedade portuguesa da classe média alta e aristocrática;
Eixo temático é a degeneração de uma família tradicional cujos membros se tornam símbolo da decadência da sociedade portuguesa.
“Se não aparecerem mulheres, importam-se, que é em Portugal para tudo o recurso natural. Aqui importa-se tudo. Leis, ideias, filosofias, teorias, assuntos, estéticas, ciências, estilos, indústrias, modas, maneiras, pilhérias, tudo nos vem em caixotes pelo paquete. A civilização custa-nos caríssima, com os direitos de alfândega:e é tudo em segunda mão, não foi feita para nós, fica-nos curta nas mangas...”
Fonte:https://www.goodreads.com/work/quotes/1238374-os-maias
A Ilustre Casa de Ramires
Mais de um narrador;
Mensagens duplas que permitem interpretações distintas;
Uma obra dentro da obra e um escritor em processo de escritura: Gonçalo.
Ele usa sua arma, a pena, com a mesma função da espada dos antigos Ramires. Afirma que sua escrita tem a missão de restaurar em Portugal o romance histórico.
Bocejando, apertando os cordões das largas pantalonas de seda que lhe escorregavam da cinta, Gonçalo, que durante todo o dia preguiçara, estirado no divan de damasco azul, com uma vaga dor nos rins, atravessou languidamente o quarto para espreitar, no corredor, o antigo relógio de charão. Cinco horas e meia!... Para desanuviar, pensou numa caminhada pela fresca estrada dos Bravais. Depois numa visita (devida já desde a Páscoa!) ao velho Sanches Lucena, eleito novamente deputado, nas Eleições Gerais de abril, pelo círculo de Vila Clara. Mas a jornada à Feitosa, à quinta do Sanches Lucena, demandava uma hora a cavalo, desagradável com aquela teimosa dor nos rins que o filara na véspera à noite, depois do chá, na Assembléia da Vila. E, indeciso, arrastava os passos no corredor, para gritar ao www.nead.unama.br 12 Bento ou à Rosa que lhe subissem uma limonada, quando, através das varandas abertas, ressoou um vozeirão de grosso metal, que gracejando mais se engrossava, rolava pelo pátio, numa cadência cava de malho malhando: — Oh sô Gonçalo! Oh sô Gonçalão! Oh só Gonçalíssimo Mendes Ramires!... 
Fonte: http://www.portugues.seed.pr.gov.br/arquivos/File/leit_online/eca3.pdf
Nesse romance, Eça critica a hipocrisia social, a degeneração na política, o desvirtuamento do clero, a ignorância, o comodismo e a repetição conservadora, apontados como causa do atraso de Portugal.
Usa ironia.
Joga com 2 características humanas: o desejo de poder e a tendência a agregar-se em partidos.
Mudanças nos últimos romances
São mais sentimentais, ao contrário de seus trabalhos anteriores.
Em A cidade e as serras exalta a beleza do campo português e as alegrias da vida rural.
Abandona a postura em que a representação pretende identificar-se à realidade. Começa a brincar com os sentidos e a considerar a verdade e os significados como relativos.
Valorização da ambiguidade e do aspecto lúdico da literatura, revelando a perspectiva de que é impossível afirmar umsentido definitivo, dado o caráter fluido da linguagem.
O Conde de Abranhos
Novela de 1879, publicada pelo filho, José Maria, 25 anos após a morte de Eça de Queirós.
Integrada ao espírito crítico da Geração de 70, critica a vida pública e privada de Portugal através da pena do secretário Zagalo, que constrói o elogioso retrato de Alípio Abranhos.
Política corrupta, vida familiar e religiosa degradadas, preocupação com as aparências, educação deficiente e mal orientada.
“Tenho, porém, a certeza de que o Conde, com a sua grande modéstia, não exprimia inteiramente a verdade quando atribuía aos ninhos e aos papagaios o privilégio de lhe absorverem todo o interesse! Não! Já então naquele espírito de criança deviam passar ideias, ainda indefinidas mas fortemente marcadas de originalidade: soltando aos ares os seus papagaios, é de crer que pensasse na eterna aspiração da alma para os cimos azulados da graça; e, ao contemplar ovos de pintassilgo, fofamente dispostos no fundo de um ninho muito quente e muito tenro, decerto lhe devia passar na alma a ideia eterna.9 da instituição da família. Um dia mesmo, ao contar-lhe estas suposições que me tinham atravessado o espírito: – Qual história! – respondeu com bondade o Conde. – Isso são coisas da sua imaginação de poeta. Eu era um cavalão, aqui onde me vê!... Não nego, porém, que desde novo, fui inclinadote a agitar questões sociais!...”
Fonte: http://www.dominiopublico.gov.br/download/texto/eq000004.pdf, p.7
Mais uma vez, incapacidade de leitura crítica por parte de uma personagem, Zagalo.
Personagens que não conseguem distinguir entre realidade e ilusão, como Luísa, Zagalo...
Para Eça, o Realismo teria a função de contribuir com a consciência de que a realidade não existe, o que existe são perspectivas sobre o real.
Eça de Queirós mostra, ironicamente, que nessa sociedade vencem os tipos como os de Basílio, Amaro ou do Conde de Abranhos, vitoriosos porque sabem camuflar, aos olhos dos outros, com o necessário manto de fantasia.
Referências
DA CAL, Ernesto Guerra. Língua e estilo de Eça de Queiroz. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 1969.
FEITOSA, Rosane Gazzola. Eça de Queiroz: realismo português e realidade portuguesa. São Paulo: HVF Arte & Cultura, 1995.
LINS, Álvaro. História literária de Eça de Queiroz. Rio de Janeiro: José Olympio, 1939.
MOISÉS, Massaud. A literatura portuguesa. São Paulo: Cultrix, 1999.
OLIVEIRA, Raquel Trentin. A configuração do espaço: Uma abordagem de romances queirosianos. Tese de Doutorado: UFSM, 2008. 
QUEIRÓS, Eça. O Conde de Abranhos. http://www.dominiopublico.gov.br/download/texto/eq000004.pdf. Acesso em 7 de maio de 2020.
________________. A Ilustre Casa de Ramires. http://www.portugues.seed.pr.gov.br/arquivos/File/leit_online/eca3.pdf. Acesso em 7 de maio de 2020.
________________. Os Maias. https://www.goodreads.com/work/quotes/1238374-os-maias. Acesso em 7 de maio de 2020. 
________________. O crime do Padre Amaro. http://www.dominiopublico.gov.br/download/texto/bv000082.pdf. Acesso em 7 de maio de 2020.

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