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A Conversao de Belzebu

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Prévia do material em texto

EDISAW
A ANJO DE DEUS
DE PRÍNCIPE DOS DEMÔNIOS
DE BELZEBU
A CONVERSÃO
SAMAEL AUN WEOR
- W
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W.GNOSE.OR
G.
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BRAGNOSE DIG
IT
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L
Aviso de copyright: 
Todos os direitos reservados para a EDISAW - Editora Samael Aun Weor. 
A distribuição deste material é permitida desde que seja mantida a totalidade do material,
e seja expressamente mencionada a fonte (EDISAW / Projeto Abragnose Digital) 
e ambos os nossos endereços na internet (www.gnose.org.br e www.edisaw.com.br).
Este livro digital foi disponibilizado gratuitamente pelo 
Projeto Abragnose Digital, mantido pela 
ABRAGNOSE - Academia Brasileira de Gnose.
 
O Projeto Abragnose Digital, por meio de contribuições 
de estudantes gnósticos e simpatizantes, 
tem por objetivo disponibilizar tem por objetivo disponibilizar versões digitais gratuitas 
de obras publicadas pela EDISAW - Editora Samael Aun Weor.
 
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a preço de custo, visite a nossa loja na página www.edisaw.com.br. 
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do conhecimento gnóstico contemporâneo.
 
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assistencial e missionário você pode também contribuir diretamente 
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Conta: 27.361-9
CNPJ 14.578.176/0001-30
Academia Brasileira de Gnose
 
Agradecemos o seu apoio!Agradecemos o seu apoio!
 
Paz Inverencial!
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W.GNOSE.OR
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BRAGNOSE DIG
IT
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A CONVERSÃO DE BELZEBU
Samael Aun Weor
A CONVERSÃO DE BELZEBU
DE PRÍNCIPE DOS DEMÔNIOS A ANJO DE DEUS
1ª. Edição
Curitiba - PR
IGB Editora
2009
4
A CONVERSÃO DE BELZEBU
De príncipe dos demônios a anjo de Deus
SAMAEL AUN WEOR
[Kalki Avatar da Era de Aquário]
Título Original: La Revolución de Bel
(também publicado como La Revolución de Belcebú)
AUN WEOR – OCTUBRE DE 1950
(Con el secreto de todos los poderes y la llave de todos los imperios)
1ª. Edição original publicada em outubro de 1950 em
Ciénega – Magdalena - Colômbia, por Julio Medina Vizcaino.
(Al Padre se llega por medio del Corazón).
(Para llegar a la Alta Iniciación no se requiere ser erudito; lo que se requiere es ser
perfecto como nuestro Padre que está en los cielos es perfecto.
La perfección se logra con el corazón, no con el intelecto).
TRADUÇÃO: KARL BUNN – Presidente da Igreja Gnóstica do Brasil
Curitiba – PR – Brasil – Março 2005 – XLIII Ano de Aquário
Tradução totalmente revisada em novembro de 2009.
Design da Capa: Ricardo Bianca de Mello e Helen Sarto de Mello
Diagramação: Gilberto da Lapa Silva
Fotolitos e Impressão: Gráfica Editora Pallotti
1ª reimpressão (Terceiro milheiro) novembro 2009
© Direitos autorais desta edição: Igreja Gnóstica do Brasil www.gnose.org.br
Textos entre [ ] são do tradutor; não constam no original. Usamos esse recurso para
oferecer rápido e melhor entendimento e orientação para o leitor, evitando assim as
nem sempre práticas notas de rodapé. Textos entre ( ) constam do original exatamente
entre ( ).
Em sinal de respeito ao autor e aos irmãos que nos antecederam na história do Movi-
mento Gnóstico, nossas edições mantêm a totalidade e a integridade das obras origi-
nais. Nossos adendos estão sinalizados de forma expressa e direta, de modo que nossos
leitores possam diferenciar claramente o que é um e o que é outro.leitores possam dife-
renciar claramente o que é um e o que é outro.
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
(Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil
Weor, Samael Aun
A conversão de Belzebu : de príncipe dos
demônios a anjo de Deus / Samael Aun Weor. --
1. ed. -- Curitiba : IGB Editora, 2009.
 1. Magia 2. Mistério 3. Ocultismo 4. Tergia
 I. Título.
09-06927 CDD-133
Índice para catálogo sistemático:
1. Belzebu : Ocultismo 133
5
EXPLICAÇÕES NECESSÁRIAS
A CONVERSÃO DE BELZEBU é a segunda obra da cronologia
bibliográfica oficial do autor. Na época, 1950, um jovem Mestre da
Primeira Iniciação de Mistérios Maiores, de apenas 33 anos de ida-
de [06.03.1917 – 24.12.1977].
Aqueles que quiserem conhecer em detalhes os elementos inici-
ais da história da gnose do século XX, devem ler, em rigorosa or-
dem cronológica, as obras de Samael Aun Weor. Também devem,
obrigatoriamente, ler o livro A HISTÓRIA DA GNOSE do primei-
ro discípulo do jovem Mestre na época: Julio Medina Vizcaino que
foi o financiador dos primeiros livros de Aun Weor.
Inexplicavelmente, muitos dirigentes atuais querem esconder as
verdadeiras raízes históricas da Gnose do Século XX, cujo marco
cósmico é a emblemática data de 9 de abril de 1948. Mas, nós, da
Igreja Gnóstica do Brasil e da Fundação Samael Aun Weor –
FUNDASAW-BRASIL, com a missão de preservar e velar pela in-
tegridade e totalidade das obras do Mestre, principalmente no idi-
oma “português”, fizemos um grande esforço no sentido de buscar
as edições originais; quer dizer, “a primeira edição original publica-
da”, para, então, traduzir ao nosso idioma. Assim, mantemos hoje,
em nosso acervo, as obras originais em espanhol [impressas e em
formato digital] e a tradução completa, total e integral dessas mes-
mas obras para nosso idioma.
Nossa visão e nossa preocupação sempre foram históricas. Nos-
so objetivo, como Fundação e como Igreja, é deixar, para as futuras
gerações, a obra completa e original, como fonte histórica autêntica,
confiável, legítima e verdadeira, para que os pesquisadores do futu-
ro não venham a beber de fontes adulteradas por interesses mesqui-
nhos e transitórios dos incontáveis grupos, que se dizem gnósticos,
espalhados pelo mundo.
6
A bem da verdade, as versões que circulam hoje [2009] no Brasil,
não são originais; foram traduzidas, em sua maioria, de edições pos-
teriores. Por isso, nem sempre apresentam a integridade e a totali-
dade das obras originais; porém, o pior de tudo é que foram
traduzidas sem os devidos cuidados e responsabilidade, omitindo
parágrafos inteiros ou adulterando, inúmeras vezes, o sentido ori-
ginal, por desconhecimento mesmo do idioma espanhol. Daí nosso
trabalho e nosso esforço para reparar tal falha e poder oferecer ao
leitor brasileiro um trabalho completo e confiável, se não de todos os
livros escritos pelo Grande Mestre Gnóstico, ao menos de suas obras
principais, com excelente qualidade gráfica e a preço de custo.
Sabemos que o ser humano é falho. Portanto, muito provavel-
mente o leitor venha a encontrar neste livro eventuais erros de
digitação ou de concordância nominal ou verbal [apesar das atentas
revisões que fizemos]. Mas podemos assegurar que aqui não encon-
trará supressões ou acomodações dos textos escritos pelo Mestre
Samael Aun Weor. Se alguma explicação acrescentamos ao texto ori-
ginal, está entre [ ].
A CONVERSÃO DE BELZEBU é uma obra dramática e polê-
mica, como, aliás, foi o próprio nascimento da gnose no século XX.
Estamos seguros que, mesmo tendo passados quase 60 anos da apa-
rição do primeiro livro gnóstico no cenário espiritualista sul-ameri-
cano, ainda hoje [2009], e por muitos anos mais, irá gerar verdadei-
ras comoções nas mentes arraigadas de idéias e conceitos piscianos.
Aqui neste livro é relatado, passo a passo, como Belzebu, citado
na Bíblia como o Príncipe dos Demônios, alcançou este grau dentro
da Loja Negra. Depois, num segundo momento, o autor descreve
como Belzebu se arrependeu, deu-se conta de seus erros e decidiu
voltar a trilhar o caminho da luz.
Na realidade, bem poucos seres humanos estão prontos e ma-
duros para compreender e aceitar essas verdades cósmicas. A igno-
rância dos temas espirituais e esotéricos continua sendo gigantesca
em todos os segmentos da sociedade humana. A humanidade segue
acreditando que é impossível alguém sairdo inferno ou deixar de ser
diabo para se lançar pelo caminho da luz e tornar-se anjo de Deus.
7
O mais surpreendente é tomar ciência que os supostos estudio-
sos e conhecedores das diferentes escolas esotéricas ignoram esses
fatos. Sinal que não possuem nenhuma capacidade de investigação
espiritual; sinal que são apenas intelectuais de suas doutrinas, ver-
dadeiros papagaios a repetir os mesmos e desatualizados textos.
Que um crente, um católico, um evangélico ignore ou rejeite as
asseverações deste livro, é compreensível, considerando-se sua to-
tal ignorância dos temas iniciáticos. Mas que os líderes, dirigentes e
instrutores das distintas escolas que se dizem e se apresentam ao
público como “iniciáticas” desconheçam tal evento cósmico da con-
versão do Príncipe dos Demônios e seu reingresso no caminho
angélico, é inaceitável – posto que passam atestado de total igno-
rância nas matérias onde se dizem ou se presumem “Mestres”.
Também é preciso que se diga que os primeiros livros de Samael
Aun Weor vieram para abrir caminho em meio a total ignorância
espiritual que pairava - e ainda paira - sobre a humanidade. A tarefa
de abrir caminho nunca é fácil, porque sempre houve e sempre ha-
verá uma guerra entre o velho e o novo.
Nos alvores da Era de Peixes, Jesus e João Batista tiveram que
abrir caminho em meio às arraigadas tradições mosaicas, conserva-
das e defendidas pelo rabinato da época. Agora, em 1950, Samael Aun
Weor, tendo buscado inicialmente – de forma infrutífera - apoio junto
às escolas ditas espiritualistas, rosacruzes, espíritas e teosóficas, den-
tre outras, das quais foi membro, não lhe restou alternativa que rom-
per com o velho e abrir caminho a ferro e fogo, em meio à eterna luta
do velho contra o novo. Foi assim que, anos mais tarde, surgiu o
Movimento Gnóstico Cristão Universal, aqui na América do Sul [1956].
Este é um livro-denúncia contra as atividades das escolas tene-
brosas e suas artimanhas para seduzir, aprisionar e escravizar os
inocentes e ignorantes da via iniciática. Este livro é o símbolo e, ao
mesmo tempo, é a síntese da II Guerra dos Céus. A primeira foi
conduzida e vencida por Mikael [Miguel], que, na época, como ex-
plicado neste livro, expulsou a Serpente Antiga do Céu; ela e seus
demônios vieram morar na Terra (na época da Lemúria). Agora, a II
Guerra Celeste foi conduzida e vencida por Samael, que encerrou
todos os demônios no Abismo da lua Lilith.
8
Se não tivesse havido essa II Guerra Celeste na década dos anos
1940, não teríamos hoje nada de bom nesta Nova Era. Não teria ha-
vido espaço para a introdução de doutrinas libertadoras e salvadoras.
O comércio e a prostituição religiosa teriam alcançado níveis bem
mais profundos do que vemos hoje por aí pela televisão.
Tudo que se vê diariamente nos noticiários sinaliza, inequivoca-
mente, que o APOCALIPSE já se cumpriu totalmente, ao pé da le-
tra. O sétimo selo foi aberto em 2005 e já estamos na reta final, cujo
fim está às portas.
- Quando será isso? O dia e a hora exatos ninguém sabe, “só o
Pai que está nos céus”. Porém, os Maias prevêem o fim, ou a Grande
Catástrofe, para o ano 2012. Aguardemos, pois!
Paz Inverencial!
Karl Bunn
9
LIBERDADE E ORDEM
Democracia é o [tipo de] governo que aspiram os povos livres
que alcançaram uma cultura elevada à base da religião, buscando a
moral perfeita, o bem estar comum e a união com um ser superior
que chamamos de Deus.
A cultura alcançada pela humanidade está em grande perigo.
Hoje, um sistema exclusivamente político quer, fazendo exclusão
do governo divino, catequizar o mundo por meio da confusão e do
caos, e reger os destinos da humanidade à base de ódios e destrui-
ção. Nós não estamos de acordo com a agressão comunista, e luta-
mos pela sagrada defesa de nosso Hemisfério Ocidental, e advoga-
mos pelo fogo sagrado de nossa constituição democrática e pelo
restabelecimento da moral cristã.
O Editor [da obra original - 1950]
10
11
APRESENTAÇÃO DA EDIÇÃO ORIGINAL
NO VESTÍBULO DO SANTUÁRIO
A verdade é como as tempestades: causa estragos.
***
Ao homem lhe agrada a lisonja e lhe desagrada que lhe
digam a verdade, porque é amigo do engano.
***
As pessoas se agradam mais se lhes falarmos falsidades
em vez de verdades; fascinam-se com o falso e se sur-
preendem com a verdade.
***
Desde que Sócrates bebeu cicuta a verdade se tornou
amarga.
 (V.M. Gargha Kuichines)
O homem na cidade converteu-se em idólatra do Bezerro de
Ouro: o dinheiro, invenção do mesmo homem. Por meio do dinhei-
ro tudo se classifica e se justifica; em resumo: vem a ser a máxima
aspiração da atual civilização.
12
Tanto o homem que perdeu sua juventude buscando conheci-
mentos, por meio do estudo intelectual, como aquele que nada es-
tudou, chegam a essa mesma aspiração: ter dinheiro. Tanto para o
que muito tem como para o que nada tem, o dinheiro é a panacéia de
todos os males; é a única coisa em que todos concordam, tanto o que
sabe como o que não sabe; tanto os que têm como os que não têm.
Quando o grande Iniciado Moisés subiu ao Monte Sinai entre
trovões, raios, relâmpagos e tempestades para conquistar as Tábuas
da Lei, não teve medo das dificuldades, em meio às quais se deba-
teu para adquirir os dez mandamentos da Lei de Deus. Essas leis
são as leis do código da natureza. Todo seu imenso sacrifício foi
destruído, quando, tendo baixado do Monte, encontrou o povo de
Deus adorando o Bezerro de Ouro – esse mesmo dinheiro que hoje
embriaga a humana espécie. Cheio de profunda dor e indignação
destruiu as tábuas da lei. Quer dizer: o conhecimento por ele adqui-
rido, com tanto sacrifício não pôde ser entregue ao povo, porque o
povo estava adorando a sua própria criação. Hoje, essa idolatria al-
cançou o máximo, e o homem terá que saber, por experiência pró-
pria, qual será o resultado de haver se destruído com seus costumes
e com sua idolatria aos falsos ídolos: as leis do código da natureza.
No [plano] material tudo progrediu; no campo moral o homem
se tornou um perfeito artista, e no campo espiritual, lembra uma
possível promessa. A palavra “mistério” tem servido de rótulo ma-
ravilhoso para classificar o que o homem despreparado não conse-
gue compreender. O homem em si não progrediu; melhor dito, tor-
nou-se inútil. Se tirarmos do homem civilizado os elementos de que
se vale para ser poderoso, daria pena. Ao que tudo indica, é na co-
modidade que está a sua felicidade, e com garra, procura e conse-
gue, mas, depois que obtém, não sabe usar, e isso se vê até mesmo
no campo do menor de seus sentimentos. Vemos, assim, que
dedicadamente busca um amor, e quando consegue, forma um lar
carinhoso e respeitado; mas, inesperadamente, se encarrega de des-
truí-lo, como se não sentisse pena pela obra que ele mesmo realizou.
Se isso faz com suas realizações, com sua própria dor, o que não
será capaz de fazer com a dor alheia? Tornou-se poderoso para o
mal, e trata de justificá-lo recorrendo à história para confirmar que
13
assim tem sido o homem em todos os tempos, e que a história sem-
pre se repete. Maravilhosa forma de justificar a perversidade! E as-
sim segue preparando-se para se destruir... Entretanto, o homem
crê piamente que está buscando o bem e a perfeição; tem posto mais
atenção às coisas de sua própria lavra do que as que faz o eterno
Deus vivo.
A educação, em geral, é puramente material, mesmo quando é
assistida com sentimentos piedosos e sabor religioso. A educação
não consegue transformar a pessoa; apenas a capacita. Porém, ela
segue com os mesmos vícios e rancores. O mau e o perverso não
deixam de sê-lo pelo fato de serem instruídos. Para que a educação
consiga cultivar o Ser, ou seja, transformar suas qualidades negati-
vas em qualidades positivas, é indispensável conhecer a fundo as
leis da natureza e a posição do homem diante delas. A cultura, que
atualmente se dá aos povos, somente serve para torná-los aptos para
o consumo dos elementos que produz o Bezerro de Ouro.
O progresso material tem íntima relação com os problemas eco-
nômicos. O progressomaterial se traduz em maior conforto; e mai-
or conforto, requer maiores investimentos de dinheiro para a vida
diária. De um lado, todo mundo deseja e exige comodidades e com-
pleta facilidade para tudo; mas, de outro lado, o mesmo homem se
queixa do custo de vida. Não é possível convidar o prazer sem que
venha junto sua irmã gêmea, a dor. O fato concreto é que assim como
uma família se endivida visivelmente quando adquire comodida-
des para sua casa, assim também os filhos de uma cidade se tornam
imediatamente endividados quando a cidade decide oferecer maio-
res comodidades e facilidades. Ou seja: o custo de vida aumenta
imediatamente. Uma cidade que pavimenta suas ruas, tem que tirar
o dinheiro do custo dessa pavimentação do bolso de todo mundo
que vive ali e daqueles que a visitam. A valorização de uma casa ou
de um prédio imediatamente se reflete no aumento do aluguel, o qual
encarece o custo das mercadorias vendidas nas lojas desse edifício.
A comodidade tornou o homem covarde. Por isso, tem medo da
vida, da morte, do amanhã e do que vão dizer por aí. O homem
valente evita a comodidade porque nada teme.
Daqui para frente [1950] a humanidade enfrentará muito sofri-
14
mento, e teremos que recebê-lo com resignação, porque esse é o meio
de que se vale a Mãe Natureza para fazer com que seus filhos a ela
retornem. A dor será a marreta e a bigorna com a qual se modelará a
nova humanidade. As Raças [humanas] que chegaram a desfrutar
de maior comodidade jamais foram as de maior duração como cole-
tividade humana. Elas desapareceram e delas só restam vestígios
de sua grandeza e opulência. A única coisa que pode acabar com o
Bezerro de Ouro, é a dor, porque a dor foi o caminho mostrado pelo
Cristo para nossa redenção.
Aqui, entre nós, os humildes índios da Serra Nevada de Santa
Marta [Colômbia] vivem sem necessidade de dinheiro, e têm sobre-
vivido à catequização civilizatória do nosso meio, porque tanto o
seu número como a defesa natural que os protege, não permitiu [que
o dinheiro os alcançasse até 1950]. Sua escassa povoação não atrai
os produtores e fabricantes para criar centros de consumo; e a difi-
culdade de acesso do terreno, evita que os curiosos civilizados che-
guem ao cume tradicional.
Esses índios não possuem dinheiro, nem nossa cultura; entre-
tanto, vivem felizes e contentes. Eles trabalham na terra e trocam
seus produtos entre si, atendendo às suas necessidades. As únicas
tribos que têm problemas são aquelas que ficam nas partes baixas
[da Serra Nevada], ao alcance dos civilizados. Os índios que vivem
nas partes altas da Serra não entendem de problemas, nem sabem o
que significa “problema”. As ovelhas, o cizal e o algodão lhes dão
lã, fios e cordas para fazer suas roupas e seus utensílios indispensá-
veis; suas mulheres, nas horas de folga, confeccionam suas roupas e
seus utensílios.
O homem criou seus próprios problemas econômicos quando se
afastou de sua Mãe Natureza; o homem se separou da natureza quan-
do inventou a vida urbana; na cidade, criou uma vida artificial, e a
vida artificial urbana está cheia de problemas que o próprio homem
criou para si. Ao homem acontece o mesmo que acontece com o
pintinho que se separa da galinha. Se o pintinho tem frio, busca sua
mãe; ela o abriga com suas asas e seu calor; se tem fome, busca a
galinha que o alimenta; a galinha, escavando a terra, consegue
alimentá-lo. Nenhum partido político, nem o melhor e mais bem
15
organizado governo [do mundo], é capaz de fazer pelo pintinho o
que faz sua mãe galinha.
Só ela é capaz de resolver esse grave e duro problema escavan-
do a terra; só a mãe sabe tirar a fome dos seus filhos. Nenhum líder
político, por mais inteligente que seja, e por maior que seja a sua
doutrina política, poderá fazer o que é capaz de fazer a mãe por seu
filho, pelo fruto de seu amor. É que só a mãe sabe e entende quais
são as íntimas necessidades de seu filho; só a mãe pode abrigá-lo
com seu calor e alimentá-lo com seu seio, porque ela é a natureza
em miniatura.
O homem se afastou de sua Mãe, a Natureza, quando se isolou
dentro da vida urbana. Conheceu então o homem a fome e a nudez;
surgiram os problemas e se corrompeu moralmente, porque ficou
órfão. Se o homem quiser solucionar seus problemas econômicos,
precisa retornar ao seio de sua mãe, a Natureza; ela sempre espera
por seus filhos, como a galinha espera seus pintinhos. Ela [a nature-
za] dá ao homem a lã e o linho para que se vista, o fogo para que se
aqueça e as madeiras da mata para que construa suas casas, seu
refúgio. Assim, enquanto o homem viver na cidade, tentando solu-
cionar seus problemas, estará fazendo o contrário do que deveria
fazer para se livrar dos mesmos. O homem que, tendo fome, sede e
está nu, acudir à vida urbana para resolver suas necessidades, asse-
melha-se ao homem que vai buscar alimentos no meio da areia do
deserto.
O alimento deve ser buscado onde é produzido: nos campos,
nos bosques; não nas cidades, porque na cidade não há agricultura.
Ali vivem os que produzem dinheiro, e o dinheiro faz com que os
homens, como feras, se matem uns aos outros. Para que o homem
solucione seus problemas terá que virar as costas à vida urbana, ao
Bezerro de Ouro e aos ídolos que adora, e acabar com as fronteiras
egoístas, porque as fronteiras são filhas do egoísmo do homem. O
mundo nos foi dado sem fronteiras; temos que regressar ao campo
para trabalhar e produzir vida, para assim ganhar o pão de cada dia
com o suor de nosso rosto, e, reverentes, inclinar nossa cabeça dian-
te da semente que depositamos na terra, para que multiplique nos-
so alimento e o de nossos filhos. Nesse dia, o homem não terá mais
16
problemas, porque sua mãe, a natureza, lhe matará a fome, o frio e a
nudez. Os partidos políticos se dissolverão porque os líderes políti-
cos não podem existir sem a massa que os siga, e haverá felicidade.
Nem o comunismo, nem o fascismo, nem o nazismo, nem o traba-
lhismo, nem o socialismo poderão dar ao homem o seio de sua mãe,
porque só a mãe pode dar o seio aos seus filhos e matar-lhes a fome
e o frio.
Não há motivos para que as pessoas morram de fome, porque a
terra dá abundantes frutos para alimentar a todos os seres que nela
moram. Os animais que morrem de fome, morrem porque o ho-
mem os prendeu em terrenos e lugares onde não há alimento. O
mesmo sucede com os homens que se encerram na vida urbana. A
solução econômica do mundo não consiste em dar mais dinheiro ao
mundo, porque com o dinheiro que existe, já temos suficientes pro-
blemas. O que necessita cada homem, para viver, é uma casinha e
um pedaço de terra para cultivar seus alimentos, e nossa mãe natu-
reza proverá o restante. Para fazer isso, não é preciso inventar mais
partidos políticos. Os partidos são como muletas para a humanida-
de inválida.
Recorremos sempre à natureza como exemplo para o ensi-
namento porque ela é um livro aberto, e seus ensinamentos são ofe-
recidos como exemplos vivos, fatos concretos – o que nos dá a expe-
riência, e a experiência é o melhor ensinamento. Conhecemos algo
quando realizamos; se não realizamos, é apenas uma teoria. Por isso,
buscamos incorporar em nossos costumes sociais os ensinamentos
que nos dá a mãe natureza, buscando levar as pessoas a discernir
aquilo que nos é mais conveniente.
É por isso que apresentamos exemplos como estes: A mulher do
campo cria o seu filho, o alimenta com seu peito; nela manda mais o
seu amor que o seu interesse, e esse alimento ela oferece cada vez
que seu filho pede; e seu afeto diz quando ele deseja e quando não
deseja, sem levar em conta hora, minuto ou segundo, porque ela
não tem relógio, nem o conhece, nem necessita. Em troca, a mãe
condicionada da cidade, não se sensibiliza pelo choro do seu filho;
mais parece que tem coração de pedra, e ao pé da letra, espera que
transcorram as quatro martirizantes horas que indicam todos os tex-
17
tos infantis sobre alimentar crianças. A mãe do campo sempre dor-
me com seu filho; ela o protege com seu calor e intuitivamente faz
com que o filho siga se alimentandocom as cores de sua aura; ou seja,
da força radiante, que, como auréola, sai do corpo humano, especi-
almente da mãe, que é toda amor e ternura para com seu filho.
Essa força vital é indispensável para que se estabeleça uma ínti-
ma e estreita conexão externa e interna entre mãe e filho. Em troca,
a dama da cidade, desde o momento mesmo que nasce seu filho,
exige que o ponham em cama separada; além de não receber o calor
de sua mãe, para não a incomodar, faz, assim, tudo ao contrário do
que faz a mãe natureza, quando permite ao feto não só se alimentar
do mesmo sangue de sua mãe, como também viver em meio ao seu
calor e aconchego. Tudo isso dá lugar a que surjam mais compreen-
são e maior união entre mãe e filho nas pessoas que vivem no cam-
po e aldeias do que entre as pessoas finas e de costumes civilizados;
isso faz com que o primeiro se enraíze mais com sua mãe e com seu
lar que os filhos que são criados com tantos códigos, regras e siste-
mas antinaturais, que os desnaturaliza.
O materialismo histórico, como teoria da ciência oficial, não pode
servir de fundamento para a vida social, porque não conhece a his-
tória do materialismo; nem a conhece nem a pode conhecer, porque
desconhece a própria matéria e suas íntimas funções vitais que têm
determinado a teoria da matéria e o materialismo da história. A cons-
tituição da matéria está sujeita às leis do tempo e do espaço, e os
tempos não têm sido sempre os mesmos, nem os meio ambientes
jamais foram iguais.
A composição físico-química da matéria não tem sido a mesma
em todos os tempos, nem a biologia orgânica de alguns milhões de
anos atrás é igual a atual. Aquelas teorias peregrinas do materialis-
mo histórico, que afirmam que o homem teve que se afastar da na-
tureza e formar cidades para se defender das inclemências da pró-
pria natureza, são tão absurdas como pretender tirar o peixe da água
para salvá-lo das inclemências da mesma água. Cada organismo está
biologicamente adaptado ao ambiente em que se move; portanto, o
materialismo histórico, como base para uma sociedade bem organi-
zada, é completamente inadequado, porque desconhece a mesma
18
história da matéria, a qual, nem sempre, tem sido igual em sua cons-
tituição biológica, física, psíquica e somática.
O materialista nada sabe sobre o fundo vital; ou seja, sobre os
tattwas. Os tattwas são o fundo interno [invisível] da matéria. Os
físicos admitem o éter para explicar as leis de coesão, gravitação,
vibração e pulsação; porém, nada dizem sobre a constituição do
mesmo éter.
Se a Física quiser avançar de forma eficiente, terá que recorrer
ao Ocultismo e ao estudo dos tattwas, que são as primeiras modifi-
cações do éter, causa fundamental das tensões e distensões do
calórico, do movimento que produz o calor e o som, do calor e som
que produzem a luz, a luz que produz a cor. Por isso, nota, luz, cor
e movimento são uma só coisa, com distintas vibrações, e se desen-
volvem, evoluem e progridem dentro do éter e suas modificações,
chamadas de tattwas, em linguagem oriental.
Esta obra encerra uma série de conhecimentos incalculáveis,
porém, lástima que essa luz não possa chegar a todos, porque as
massas estão mais empenhadas em gozar a vida, e os que estuda-
ram, já formaram seus juízos; estão contentes com suas crenças e
prejuízos e são pouco amigos de fazer revisões. Tudo faz com que o
homem não busque a felicidade dentro de si, mas fora. Ele acredita
que com o dinheiro se consegue e se obtém tudo, mas, o dinheiro
somente poderá dar prazeres, nunca felicidade. Os prazeres can-
sam e desgastam, enquanto que a felicidade é constituída pelo con-
tentamento íntimo, e no interno não entra o dinheiro. A felicidade
se traduz pela beleza sadia e nunca enjoa.
Quando você, caro leitor, sentir desejos de nos considerar aman-
tes do atrasado e cantores da miséria, lembre-se que, o que estamos
tentando fazer, é fazer você compreender que a natureza é um livro
aberto; que nesse livro não se aprende com adornos nem com des-
prezos. Lembramos a você que a alquimia da natureza é muito mais
poderosa que a química que utiliza o homem; lembramos a você
que o talo de uma flor, por obra e graça da alquimia, transforma a
fetidez do lodo no perfume de sua flor; que da sujeira do pântano
sai a flor esplendorosa do loto; que da podridão da semente sai o
talo do fruto que nos dá o alimento; que do pasto e detritos com que
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se alimenta o gado sai o leite e a carne que alimentam o gênero hu-
mano; lembramos a você, que antes de inspirar-lhe compaixão, me-
lhor que se compadeça de seu corpo, que exala pestilências, porque
não tens decência; e se a conheces, não a praticas, porque ainda es-
tás sujo por dentro, por não saber fazer o que faz o talo de uma flor.
Todo o dinheiro que se emprega em conforto, luxo e comodida-
de faz pesar automaticamente a economia de todos participantes;
em troca, o dinheiro que se utiliza para favorecer o acesso aos pro-
dutos da terra, por meio de estradas, vias, ferrovias e outros meios
de transporte, diminuem o custo de vida, porque essas medidas con-
tribuem para minorar o custo do transporte dos alimentos que dá a
terra, e que se produzem nas regiões onde há acesso; ao mesmo tem-
po põe a cidade em contato com os produtores, evitando assim o
complicado mecanismo dos intermediários, já que os terrenos vizi-
nhos aos grandes centros de consumo, por seu alto custo, estão em
poder de pessoas que não cultivam a terra.
Não se pode negar que o homem melhorou muito as espécies de
que se serve e alimenta por haver dado muita atenção a isso. O agri-
cultor sabe que selecionando a semente obtém melhor colheita; o
mesmo sabe o avicultor, o agrônomo, o criador de gado, enfim, os
que sabem manejar a terra e suas espécies. Os próprios governos, de
forma eficaz, têm contribuído para essa realidade positiva. O único
que nunca recebeu a atenção dos homens foi a sua própria reprodu-
ção. Hoje em dia, depois de tantos avanços e estudos para melhorar
as raças animais, os frutos e as sementes, nada foi feito para melho-
rar a reprodução da espécie humana. É preciso ensinar o homem a
melhorar a sua reprodução. Para entrar nesse terreno é preciso pe-
netrar no conhecimento do próprio homem, não somente sobre os
componentes de seu corpo físico, mas também, de sua alma e de seu
espírito.
A ciência contemporânea tem ensinado mal o homem; ensina
que o ato sexual ou a união de um homem com uma mulher é um
fato biológico, semelhante aos que cumpre o corpo feminino por
sua qualidade de mulher, dando a entender com isso que é uma
função somente biológica chegar ao orgasmo; não se dão conta os
cientistas que a produção hormonal das gônadas [sexuais] também
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é uma função biológica, e que a magia sexual é um processo de pro-
dução hormonal intensificado, desde o ponto de vista puramente
biológico; portanto, nós não violamos a lei biológica; somos mestres
da lei biológica. A ciência material esqueceu por completo o precei-
to bíblico, que diz ao homem em seu sexto mandamento “não
fornicar”. Ali não é dito com quem se autoriza fornicar; simples-
mente diz “não fornicar”. Quer dizer: o homem não deve utilizar a
sua semente senão única e exclusivamente para criar ou para gerar,
apesar do visto bom que as distintas crenças e sociedades dão às
uniões que não cumprem a lei de Deus.
Não se dá conta o homem que a sua semente está sujeita às mes-
mas regras de reprodução que os demais seres vivos? Com repug-
nância vemos o homem, mergulhado na pior ignorância, usar a sua
semente sem selecioná-la por meio de qualidades e condições inter-
nas, pondo seu corpo em melhores condições, e sobretudo, saber
que vai cumprir o ato mais santo, mediante o qual ele é um Deus
criador, e nas piores condições e com as mais baixas paixões se apre-
senta à mulher, sem respeito e sem amor, para fazer o contrário do
que ordena o sexto mandamento da lei de Deus: Não fornicar. Em
estado de embriaguez exalta seus mais baixos sentimentos, e por
último, como quem vai ao mercado, dá o seu dinheiro para selar [ou
pagar] o ato vergonhoso,como fiel idólatra do Bezerro de Ouro.
Com razão, esses filhos da paixão os chamam de suas próprias mães,
quando se referem ao novo ser que é gestado: um “descuido” indi-
cando assim que naquela união jamais tiveram a intenção de criar. A
bíblia, no Apocalipse, chama a humanidade de “grande rameira”.
O que pode nascer dessa união que se verifica contrariando uma
lei natural? O que pode esperar o gênero humano de sua própria
produção? Qual será a qualidade moral dessa nova semente que
leva potencialmente o germe dos motivos mesmos que deram ori-
gem à sua existência? Que educador pode mudar as mesmas bases
que geraram esse novo ser?
A educação, ali, terá que ser de uma transformação total do ser,
e para transformar o ser humano, é preciso conhecer o Ser. A educa-
ção exterior poderá fazê-lo apto a ganhar a vida e capacitá-lo para o
campo intelectivo, para conviver em sociedade, mas, no campo da
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cultura e da decência, nem lhe interessa a cultura nem quer a decên-
cia. Essa semente má, que inconscientemente para seus genitores se
converteu em um novo ser vivo, vem a ser, mais tarde, causa de
espanto para a sociedade da qual procede. Aqui, praticamente, a
sociedade vem a ser vítima de seu próprio invento. Depois, horrori-
zada, e sem dar com a causa do mal, acorre aos piores castigos para
a sua correção, e inventa leis, cárceres, punhais, confinamentos, tra-
balhos forçados, castigos corporais e até a morte, para assim, tratar
de regenerar ou extirpar o mal. Porém, o mal não somente segue de
pé, como ainda segue avançando de forma avassaladora, apesar das
leis e castigos existentes.
Prisões e lugares de confinamento são antros de corrupção. Ali
acontecem as piores indecências; o problema sexual adquire traços
repugnantes. Almas perversas, almas afins em convivência íntima
facilmente se corrompem umas as outras, e assim, em lugar de ex-
tirpar o mal, só fazem aumentá-lo. Nessas condições, as prisões e
cadeias para regenerar o delinqüente, têm que ser um rotundo fra-
casso, porque a cadeia é um lugar de vícios. Tiranizando o preso só
se faz aumentar o ódio para com a sociedade da qual procede; logo,
este não é o caminho para regenerar os delinqüentes, porque não se
consegue o resultado almejado, que é converter esses indivíduos
em pessoas úteis à sociedade.
Reformar é voltar a formar, e assim se vai combater o mal com a
violência, com castigos vergonhosos, com grilhões e cadeias; isso
vem a aumentar o mal. O mal não deve ser combatido com o mal,
porque isso só faz reforçar o próprio mal. O mal se combate com o
bem, que é o seu oposto, como calor e frio, duro e mole, luz e trevas.
Se os delinqüentes causam mal à sociedade, para regenerá-los é pre-
ciso buscar o modo e a forma de fazer com que eles pratiquem o
bem à sociedade, ou seja: o contrário do mal, e isso é possível fazen-
do-se do castigo algo proveitoso para a sociedade, e para isso, apre-
sentamos os seguintes pontos:
1. Criar granjas agrícolas com suficiente quantidade de terra para
cultura e cultivo de alimentos. Ali, a agricultura, a avicultura,
a apicultura e todo tipo de criação, dará vida. Quando o ho-
mem faz a terra produzir, dentro dele se agita o plano divino.
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Para nosso governo isso não é problema porque dispõe de
imensas áreas vazias. O dinheiro usado para as cadeias seria
usado em colônias agrícolas, onde cada apenado tenha seu
pedaço de terra, e depois, segundo seu merecimento, o tenha
fora da colônia também, após haver cumprido a sua sentença
e possa viver com sua família, isolando-se assim da vida ur-
bana e evitando-se que volte ao lodo do qual procede.
2. Todo homem que tenha um ofício ou profissão que pague a
sua pena trabalhando dentro das granjas naquilo que é espe-
cialista.
3. Manter psicólogos que estudem as aptidões dos penados, e
logo, ensinar-lhes ofícios e artes de acordo com suas caracte-
rísticas. O ensinamento deve ir acompanhado de boa assis-
tência social, filmes regeneradores e livros construtivos, etc.
Com essas medidas se logrará baratear o custo de vida, e o esta-
do, em vez de manter preguiçosos e formar especialistas em ócio [e
crime], lograria uma superprodução agrícola e por conseguinte, bai-
xar o custo de vida. Assim, em vez de os presos serem um estorvo,
passariam a ser úteis; de consumidores, passariam a ser produtores
e de peso-morto para a sociedade passariam a ser úteis ao país.
Existem duas classes de produção bem definidas e ao alcance de
toda compreensão: A que necessita o homem para viver e a que ne-
cessita para sua comodidade.
A que é necessária para viver foi criada por Deus e cultivada
pelo homem.
A que necessita para seu conforto é elaborada pelo homem com
os produtos criados por Deus.
A primeira é primordial para a vida e seu consumo iguala todos
os homens.
O outro não é primordial e seu consumo o divide em muitas clas-
ses, segundo o uso e o consumo do que é produzido pelo homem.
Poderíamos dizer que [há duas classes de homens, classificados]
segundo se ocupem em cultivar as coisas que cria Deus - as que
servem para dar vida - e as que elabora [ou produz] o homem – que
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são as que servem para a sua comodidade. Uns podem ser chamado
de colonos, camponeses, agricultores, etc. Os outros, chamamos de
operários, artesãos, profissionais, etc.
Os colonos, segundo as quantidades que produzem, vão adqui-
rindo nomes como agricultores, criadores de gado, fazendeiros, etc.
Os operários e artesãos segundo os volumes produzidos passam a
ser fabricantes, industriais, magnatas, burocratas, etc.
Dentro dos elementos que o homem constrói para seu conforto,
estão incluídos os que usam para sua defesa e os que servem para
manter seus vícios e prazeres.
O homem, como fiel idólatra do Bezerro de Ouro, desdenha as
coisas que Deus cria e se esmera naquilo que ele [homem] elabora.
Isso fez com que o colono, que é o responsável por produzir os ele-
mentos que dão vida, tenha sido relegado e desconsiderado, e quan-
do dele nos lembramos, é de modo compassivo. Na sociedade, ele
não ocupa nenhum posto, pelo fato de não possuir educação, que é
o que aspira nossa cultura atual. Em troca, os que elaboram os ele-
mentos de comodidade, de vícios, prazeres e até de morte, formam
a elite social em meio de aplausos e sorrisos.
Porém, uma coisa é a justiça dos homens, e outra, a justiça divi-
na. O homem que cria para a vida recebe: valor, paciência, mansi-
dão, humildade, resignação, sinceridade, fé, amor, caridade, justiça
– que são os dons e virtudes. Tudo isso se traduz em íntima compla-
cência, em satisfação plena. Em troca, os outros, se tornam podero-
sos, porém, uma coisa é ser poderoso e outra coisa é ser virtuoso.
Um tem valor perante os homens, o outro, diante de Deus.
Todas essas reflexões vamos fazendo aos nossos leitores para
que aprendam a discernir, e o discernimento os conduzirá ao esta-
belecimento de uma diferença entre o real e o ilusório, entre o direi-
to divino e o direito social.
É fato concreto que hoje estamos assistindo a catástrofe final da
falsa civilização moderna. Essa ordem de coisas está se esgotando,
através de grandes cataclismos sociais, e o homem é impotente para
conjurar o mal, porque o homem não aprendeu a discernir; quer
dizer: está caindo cego no abismo do desespero. Não é preciso ser
24
filósofo para compreender a catástrofe atual da falsa civilização
moderna. A vida nas cidades se torna cada dia mais insuportável e o
custo de vida, pior. Os líderes políticos querem oferecer panacéias,
porém, ao tomarem o poder, seus respectivos partidos políticos e
seus filiados se sentem enganados porque as promessas sempre se-
guem sendo apenas promessas.
A humanidade quer abrir um abismo entre o humano e o divi-
no, e aí está, precisamente, o erro do homem, porque, dentro do
mesmo homem está o divino (o Íntimo) que quer se atualizar medi-
ante as atividades diárias, mas, o homem busca fugir; o homem,
com suas crenças, o que faz é se afastar de si mesmo.
O homem que se filia às escolas materiais ou espirituais busca
somente escapatórias; quer fugirdo conflito, tirar o corpo fora; sen-
te medo e preguiça de conhecer-se a si mesmo para resolver seus
próprios conflitos. As escolas, crenças, filosofias, etc. são formas fic-
tícias de consolo. A verdade não consiste em ser materialista nem
em ser espiritualista, mas sim, em ser realista, ou seja: realizar-se a
fundo, abordar-se a si mesmo, ajuizar a sua personalidade sem or-
gulhos adornados de virtudes, fingidas santidades, mas fazendo
sentar nossa personalidade no banco dos réus para julgá-la sem con-
siderações de nenhum tipo, severamente. Em seguida, traçar uma
severa disciplina moral e ética, para assim acabar com as raízes mais
íntimas de nossos próprios conflitos. Os conflitos são filhos de nos-
sa própria ignorância. Esses conflitos individuais, somados, vêm
gerar, depois, os conflitos sociais.
Hoje, mais que nunca, é necessário que o homem comece a pen-
sar por si próprio. As pessoas não querem usar o seu critério, mas se
acomodam no alheio e pensam como pensam seus líderes. O pro-
blema da massa [o povo] é o problema do indivíduo; enquanto este
não aprender a resolver seus próprios problemas, a massa inteira
da humanidade viverá cheia de incertezas, sofrimentos e calamida-
des que, em vão, tentarão resolver os líderes políticos, porque eles
mesmos estão cheios de problemas, e primeiramente, teriam que
aprender a resolver seus próprios problemas, para, depois, tentar
resolver os problemas alheios. Hoje, a massa desiludida, aspira a
catástrofe porque está martirizada, e assim pretende sair rapida-
25
mente de seu desespero, e por isso todos os dias ouvimos frases
como: “Antes de ficar arrastando, melhor deixar-se levar”.
Essa é uma idéia clara do desespero das massas e da magnitude
da catástrofe. A mente do homem terá que se libertar das travas do
desejo, do medo, dos apetites (da vida mole), das ânsias de acumu-
lação, do egoísmo, porque tudo isso coage a mente e a incapacita
para distinguir o real do ilusório, o mutável do permanente, o útil
do inútil bem como o mais útil do menos útil.
A mente atual do homem é um barco que vai de porto em porto;
cada porto é uma escola, uma teoria, uma crença, uma seita, um
partido político, um conceito, uma bandeira, uma filosofia, uma re-
ligião; quando a mente ancora num desses ancoradouros mentais,
então se encerra nesses molhes para agir e a reagir incessantemente
com seus pré-conceitos ali estabelecidos. Uma mente assim está in-
capacitada para compreender a vida livre em seu movimento; uma
mente assim é escrava do eu animal e das energias estancadas da
vida, onde existem conflitos, lutas de classes e onde existem a fome
e a dor.
A mente humana necessita se liberar do batalhar de antíteses
que a divide e a incapacita como instrumento do Íntimo. O homem
raciocinador, por meio das escolhas mentais, comete o erro de se
dividir a si mesmo, e disso resulta a ação equivocada e o esforço
inútil, de onde brota o conflito e a amargura. Se quisermos resolver
nossos próprios problemas individuais temos que aprender o uso e
o manejo da mente. O pensamento deve fluir integralmente, sem o
processo da opção (opinião) que divide a mente em opiniões tão
opostas. A mente deve fluir serena, integralmente, como o doce fluir
do pensamento, guiada unicamente pela intuição, que é a voz do
Íntimo, a flor da inteligência; disso resulta a reta ação, o reto esforço
e a plenitude perfeita. A chama evocadora da nova era é a luz do
pensamento.
O homem não vive o presente senão em meio das experiências
do passado e as preocupações do amanhã. Vê o presente através do
colorido das experiências do passado, por conseguinte, vê o presen-
te desfigurado, e por tanto, não vê a realidade do presente, e mesmo
assim, se chama a si mesmo de homem prático.
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O novo mundo não será um mundo de conquistas militares nem
de linhas fronteiriças, senão de um novo estado de consciência, que
já está nascendo à margem de todas as limitações. Bandeiras verme-
lhas e azuis estão cheias de prejuízos ancestrais, tudo isso pertence
ao passado, ao que já deu seu fruto. Logo, ressoarão as trombetas
da Páscoa da Ressurreição de Aquário. Quando a chama do enten-
dimento iluminar a face da terra, todos os problemas do mundo
desaparecerão e não haverá senão felicidade.
O amor é a base da vida, e é conveniente falarmos do amor à luz
da ciência oculta. As pessoas necessitam de um conhecimento mais
profundo sobre essa vivência íntima do amor. As pessoas, até ago-
ra, não receberam uma luz sobre estes problemas profundos da cons-
ciência. Milhões de filósofos quiseram explicar o que não pode ser
explicado. A cada momento ouvimos falar de amor; nos salões, nas
ruas, nos clubes as pessoas fazem diversos comentários sobre os dis-
tintos problemas do amor, porém, ninguém compreendeu nunca a
fundo o que é essa força misteriosa que dorme no fundo de todos os
corações humanos. Os filósofos, por meio de suas elocubrações men-
tais, querem ajustar o amor a regras fixas e frias, como se o amor
fosse frio e estivesse sujeito a regras.
Com profunda dor observamos que as pessoas confundem a
paixão animal com o amor, a tal ponto que a humanidade já não
sabe quando é paixão carnal e quando é amor. O amor, até o dia de
hoje, é um mistério para a humanidade. Só a ciência oculta pode
descerrar o véu desse algo delicioso que jamais compreendemos,
mas que sempre temos sentido no fundo de nosso coração, como
uma sede devoradora, como uma contemplação divina; essa divin-
dade chegamos a conhecer por meio da forma (da figura material),
e quando o noivo ama e contempla a sua noiva, esta, sentindo-se
amada e absorvida, não troca esses momentos nem por todo o ouro
do mundo, porque seu próprio amor puro e vivido a leva até a
exaltação, e aí, em meio de um êxtase sublime, sente as delícias do
amor; não se pertence e até se sente alheia.
Assim, espontâneo como é alguém falar, mais se aproxima da ver-
dade do amor do que quando o trata de forma artificial, querendo
formar conceitos lógicos sobre esse algo que não admite conceitos.
27
Muitos desiludidos do amor vêm o final de uma tragédia amo-
rosa como uma catástrofe, mas, ocorre que as pessoas confundem o
que é uma vivência da alma com o que é uma paixão carnal. O amor
não pode trazer jamais desilusões, quando, de verdade, se sente
amor. Durante o transe amoroso e quando os que se amam se sen-
tem em plena contemplação, não lhes interessa que lhes explique o
que é o amor. O que se sente, sente e ninguém pode sentir teorias.
O casamento, através da gnose, exige afinidade de pensamen-
tos, afinidade de sentimentos, união de vontades, vivências afins
das consciências (que internamente sentem o mesmo) e as mesmas
aspirações.
No homem existem sete níveis de consciência, os quais devem
vibrar em uníssono com os sete estados de consciência do cônjuge.
O casamento deve acontecer no físico, no vital, no astral, no senti-
mental, no volitivo, no conscientivo e no místico; cada um desses
sete níveis de consciência se relaciona com cada um dos sete corpos
do homem.
É verdade que, a muitos, soa estranho falar de sete corpos que
tem o homem, porém, se o leitor tiver interesse e ler com atenção,
compreenderá o que tratamos de explicar sobre as sete bases do amor.
Esses sete corpos do homem são os seguintes:
1. Corpo físico
2. Corpo vital
3. Corpo astral
4. Corpo mental
5. Corpo da vontade
6. Corpo da consciência
7. Corpo do Espírito.
Estes sete corpos são totalmente materiais porque é um fato real
que nada pode existir, nem Deus, sem o auxílio da matéria. Cada
um desses corpos tem sua anatomia, sua biologia, sua fisiologia.
Por isso, o médico ocultista cura rapidamente, porque conhece a
anatomia desses sete corpos do homem.
Um casamento perfeito se realiza sob a condição de que os sete
corpos do homem realizem a união sexual com os sete corpos da
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mulher. Há quem esteja casado com o corpo físico, mas no mundo
do desejo não está casado por falta de compatibilidade emocional e
sentimental. Nesse caso, dito casamento é um fracasso. Ocorrem
casos de casais que estão desposadosno mundo físico e até no mun-
do emocional, mas seus corpos mentais não realizam o ato sexual.
Esses casais possuem planos, pensamentos e projetos desafinados
entre si, ou seja, não compartilham no mundo da mente. Nesse caso,
o casamento tampouco é perfeito. Existem outros casais que vibram
afinadamente no físico, no emocional e no mental, mas, quando se
trata de tomar uma decisão na vida diária, então se chocam as von-
tades e surge o conflito. Esses casamentos tampouco são perfeitos.
Há consciências que vibram desafinadamente, ainda que nos de-
mais aspectos, sejam afins. Nesses casos, tampouco o casamento é
perfeito, porque, para que um casamento seja perfeito, é necessário
que os sete corpos do homem realizem a união sexual com os sete
corpos da mulher.
Muitas vezes um homem e uma mulher, que são simplesmente
amigos no mundo físico, que se compreendem mentalmente de for-
ma mútua, se deve a que são casados no mundo da mente universal,
mesmo que aqui, no mundo físico, estejam casados com outra pes-
soa. Isso dá uma idéia clara ao leitor do que significa o conhecimen-
to oculto do homem que a cada novo dia mais desconhece o próprio
homem.
Quando um casamento acontece apenas no plano físico, só exis-
te a relação carnal, o que significa que a única coisa que os une é a
relação sexual [física]. Quando o casamento acontece no físico e no
vital, existe, além do anterior, afinidade de gostos e pensamentos.
Quando o casamento se verifica no físico, vital e astral, além do an-
terior, há afinidade emocional. E quando o casamento acontece no
físico, vital, astral e mental, além do anterior, existe afinidade de
pensamentos e de sentimentos; e se o casamento acontece em todos
os planos anteriores mais o plano da vontade, haverá afinidade de
vontades, resoluções, decisões, aspirações, etc. Se o matrimônio se
verifica no físico, vital, astral, mental, vontade e consciência, soma-
se ao anterior as afinidades de consciências, amor, idéias, aspira-
ções, ideais, etc. Por fim, se houver um casamento nos sete planos,
29
um casamento de Íntimos, haverá um casamento de dois seres do
mesmo Raio e isso vem a ser o Matrimônio Perfeito, o Matrimônio
Gnóstico.
Há duas classes de vínculos matrimoniais: Cármico – que come-
ça do plano físico para cima, e Cósmico - que se realiza de cima para
baixo. Quer dizer: um casal recebe uma missão para cumprir nos
planos superiores, e logo irá se encontrando, de plano em plano, e
também, verificando os casamentos aí, até se encontrarem no plano
físico, dando lugar aos grandes amores, os quais não separam nem
a morte, porque vivem dentro do amor, e o amor os torna imortais,
sendo eles também um casal perfeito.
Uma grande maioria de seres vai se encontrando através das
idades e vai sendo marido e mulher em diferentes retornos e em
diferentes lugares da terra, gerando com isso grande afinidade e
mútuo conhecimento. Tudo isso nos dá a entender o grave que é o
homem ou a mulher se casarem por conveniência própria ou social,
o qual gera uma série de condições martirizantes que devem supor-
tar os casais, sendo que para muitos o casamento é um pesado fardo
ou uma tremenda desgraça para sua obscurecida mentalidade.
Hoje em dia a mulher não busca um homem para se casar como
é normal, mas busca um “partido”. Isso cheira a dinheiro, a negó-
cio. Este partido implica que o indivíduo seja endinheirado ou que
tenha alta posição ou um trabalho bem pago ou um título acadêmi-
co que lhe permita viver folgadamente. Tudo isso é um insulto à
majestade do amor; tudo isso só traz dor e desilusão.
Ao homem jovem sempre se apresenta uma mulher pura e ho-
nesta, com quem pode formar um lar e com a qual pode dignificar a
sua vida e assegurar uma velhice paterna dentro de um lar cheio de
amor e ternura com uma esposa e filhos que velem por sua velhice.
Porém, ocorre que o jovem mal instruído, pelo exemplo desolador e
vergonhoso dos mais velhos, se torna amigo de trocar de mulheres,
e com umas e outras, perde a sua juventude e a virilidade, alcançan-
do a velhice sem lar e sem mulher e sem ninguém que lhe alcance
um copo de água no leito de sua enfermidade. Então, busca e não
encontra, pede e não lhe dão. Esse é o seu castigo. “Prenderão ao
ímpio às suas próprias iniqüidades e detido será com as cordas de
30
seu pecado”. (Provérbios 5:22). Realmente, assim termina uma vida
concupiscente.
A humanidade é escrava do sexo. O gnóstico é seu rei! O gnóstico
sabe honrar o sexo e sabe que sua própria semente é a base de sua
própria existência; sua semente é para criar, vivificar-se e redimir-
se. A humanidade se envergonha do sexo, porém, a humanidade
deveria sentir vergonha é de sua corrupção, não do sexo, porque o
sexo não é culpado do mau uso que a humanidade dele faz.
Os ensinamentos desta obra levam o leitor à raiz mesma de nos-
so Ser, que é o sexo, que é a origem mesma de nossa existência,
porque todo ser humano é filho de um homem e de uma mulher.
Entretanto, alguns semivirtuosos, que querem aparentar castidade,
se escandalizam com o tema sexual e das palavras que representam
o sexo por razões de ensinamento. Até parece que esses novos vir-
tuosos não tiveram nem pai nem mãe; parece que se formaram do
vento. Não sabem eles que para o puro tudo é puro e para o impuro
tudo é impuro. Pois saibam eles que o homem não se transforma
senão mediante o sexo, e não se regenera senão pelo sexo, porque o
homem é filho do sexo e pelo sexo vive. Por essa porta se vem ao
mundo e por ela se sai também; por essa porta saímos do Paraíso e
por essa mesma porta voltaremos a conquistar o Paraíso.
Quem menospreza o sexo e se horroriza com o sexo está insul-
tando a Deus, porque Deus criou o mundo mediante o sexo e [até
hoje] vive dentro do sexo. Só se escandalizam com o sexo os
decrépitos, porque já esgotaram a sua seiva em bacanais e
fornicações. Do sexo só se horrorizam os fariseus hipócritas, os se-
pulcros caiados. Há quem se horroriza com a magia sexual, mas,
adulteram à esquerda e à direita, superando as piores bestas. Esses
são os que difamam; cada qual dá o que tem: o sábio dá sabedoria, o
hipócrita, difamação.
As aduanas objetivam controlar a economia das pessoas; elas
possuem uma verdadeira chave econômica que pesa terrivelmente
sobre os consumidores. Para saber quem se beneficia do sistema
aduaneiro, é só falar publicamente sobre sua eliminação; notaría-
mos quem se alarmaria com isso e seguramente aí não tem cabida a
teoria dos demais. Nós advogamos pelo livre intercâmbio comerci-
31
al, não a base de dinheiro, como hoje, mas de produtos, aos quais,
grandes e pequenos, pudéssemos ter igualdade, equidade e
fraternidade, em forma cristã; estimo que quando alcancemos essa
paridade teremos encontrado o princípio econômico internacional
da futura Idade de Aquário. Seguramente que esse sistema não alar-
maria as pessoas do povo porque lhes favorece; só se alarmariam os
que hoje gozam do sistema atual: a minoria. Porém, o que criou o
homem que não possa cair? Este sistema político-econômico do li-
vre comércio sem barreiras aduaneiras e sem tantos controles que
descontrolam, substituiria o que existe hoje e que nos mantém em
estado de alarme.
Quando falamos de reincorporar o homem à vida natural, no
seio da natureza, os primeiros que aparecem entre os leitores são os
defensores da vida urbana, porque não conhecem outra vida; a pri-
meira pergunta que surge deles é acreditar que nós defendemos o
selvagem das cavernas e da idade da pedra. A esses contestaremos
com o axioma oculto: “O fim é igual ao começo mais a experiência
do ciclo”. Aqui também, a primeira idéia que surge no leitor, é a
figura do “círculo vicioso” (sair da selvageria para voltar à selvage-
ria). Isso porque a maioria dos leitores não nos lê com ânimo de
aprender, mas de criticar, porém, ao círculo que aludimos, “se reali-
za em forma de espiral”. Quer dizer: “Que tudo regressa ao ponto
de partida, somado com as experiências milenares, o que significa
regressar ao começo, com uma cultura superior, que serviu de fun-
damento para aespiral da vida”. Aquelas foram as bases seculares
de nossa espiritualidade triunfante e vitoriosa.
O homem tem medo ao que se chama de inclemências da natu-
reza e por isso prefere viver encerrado nas cidades, porque parece
que no campo não poderá desfrutar do luxo, conforto e comodida-
des que a vida urbana oferece. Mesmo assim, vemos como em Nova
Iorque, por exemplo, muitos comerciantes (de Wall Street) que tra-
balham durante o dia em meio ao ruído tormentoso da cidade e do
trabalho brutal dos negócios, já pela tarde saem fugindo da vida
urbana para passar a noite em suas mansões, chácaras e chalés, situ-
ados nos campos e a grandes distâncias da urbe, e ali, na tranqüili-
dade do campo, têm sua família. Isso nos dá a entender claramente
32
que os habitantes das cidades grandes estão começando a regressar
ao seio da mãe natureza.
Essa política que estamos propondo significa levar o conforto e
a comodidade das cidades ao seio da natureza. Assim, advogamos
meios de transporte cada vez mais rápidos e eficientes, estradas e
vias férreas que atravessem o planeta em todas as direções, peque-
nas vilas comerciais, artísticas e culturais, desde as quais se possa
governar sabiamente os destinos da coletividade. Quer dizer: nós
queremos converter o planeta inteiro em uma gigantesca cidade,
cheia de conforto e comodidades de todo tipo.
Que objetivo tem em seguir vivendo todos prensados uns nos
outros como sardinha em lata? Que necessidade temos de construir
casa com casa e apartamento sobre apartamento? Acaso o mundo
não é suficientemente grande e espaçoso para que possamos ter nossa
confortável residência, nossa horta e nosso jardim? Que necessida-
de temos de atormentar-nos uns aos outros e de respirar o ar vicia-
do das grandes metrópoles?
Convertamos todo o planeta numa só cidade, em cujos domíni-
os jamais se ponha o sol. Essa cidade celestial será a Nova Jerusa-
lém, descendo do céu de Deus, como uma esposa ataviada para re-
ceber seu marido (o Cristo).
A Idade de Aquário já está às portas e é imprescindível que a
humanidade desperte de sua letargia. O homem só tem consegui-
do, com sua primordial ambição, o adultério, ter contribuído para
multiplicar a maldade, espalhando-a, através de sua semente con-
cupiscente, a todos os âmbitos da terra. Aqui e ali nascem diaria-
mente os despropósitos, e o novo ser leva em seu germe as forças
latentes do mal, contra as quais se estatela toda educação, toda cul-
tura e toda religião.
O homem, por todas as suas crenças e sentimentos, tem dado
mais atenção à moral que à ética, ao extremo de a juventude acredi-
tar que só se deve usá-la no ramo dos negócios. Não senhores! A
ética provém, nada menos nada mais, que dos Dez Mandamentos
da lei de Deus, do Decálogo, que são as leis do Código da Natureza,
que servem para todos os tempos, para todas as raças e, por con-
33
seguinte, para todas as culturas e todas as civilizações. A ética da
natureza é superior à moral convencional dos homens; essa moral é
filha dos maus costumes de cada raça e o homem a utiliza quando
está em presença dos demais, enquanto que a ética põe o homem
permanentemente em presença da divindade, através da augusta
eternidade...
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35
DEDICATÓRIA
Dedico este livro aos homens de vontade de aço, aos grandes
rebeldes, às águias altaneiras, aos que jamais dobram sua cabeça
diante das fuças dos tiranos, aos super-homens da humanidade, aos
grandes pecadores arrependidos, porque deles sairá uma raça de
Deuses.
Bem sei que toda essa fauna de mentecaptos teosofistas,
rosacrucistas e espíritas da Colômbia lançarão, uma vez mais, suas
difamações contra o Mestre da Fraternidade Branca Aun Weor, so-
mente pelo fato de ser colombiano, pois é uma tremenda verdade
que ninguém é profeta em sua terra. Mas se alguém viesse do Ori-
ente, falando inglês ou sânscrito, toda essa fauna de misticóides e
santarrões beijariam seus pés, mesmo se tratando de um impostor;
porém, aceitar que na Colômbia exista um Mestre nativo, isso sim é
que não podem aceitar esses bobos do espiritualismo, e cheios de
ira, acabarão cravando os pregos de sua cruz a marteladas e dele se
mofarão e cuspirão em seu rosto, porque é uma tremenda realidade
que ninguém é profeta em sua terra. Por isso, lemos no Novo Testa-
mento estas palavras do Cristo: “E continuou: Decerto vos digo que
nenhum profeta é aceito em sua própria terra”. (Lucas 4:24)
Assim, pois, não é de se estranhar que os mesmos espiritualis-
tas colombianos tratem de me ridicularizar, porque o próprio Jesus
deu testemunho de que “o profeta em sua terra não tem honra” -
(João 4:44).
Esta sublime mensagem, que eu, Aun Weor, entrego à humani-
dade, inevitavelmente será rechaçada pela maior parte dos “sabi-
chões” do rosacrucianismo, do teosofismo, do espiritismo e até por
certos grupos de castrados volitivos cheios de pietismos, como os
denominados “Irmãos Herméticos de Lúxor”, famosos por sua pre-
guiça mental; os denominados Martinistas seguidores do mago ne-
36
gro Papus; os denominados buddhistas livres, entre os quais abun-
da o homossexualismo; os partidários de Max Heindel, famosos por
sua ignorância; e os exploradores das distintas religiões do mundo.
É tremendamente real e verdadeiro que as muitas letras corrom-
pem. Contam-se aos milhões os eruditos do espiritualismo que sa-
bem de tudo e não sabem nada. Eles discutem, eles polemizam, eles
argumentam e se declaram amos do saber, porém, no fundo, não
são senão pobres mentecaptos cheios de ódios, cheios de egoísmos,
cheios de invejas, cheios de intrigas e rancores.
Ocorre que, para se chegar à Alta Iniciação, não é preciso ser
erudito; o que se requer é ser perfeito, como Nosso Pai que está nos
Céus é perfeito. À Alta Iniciação não se chega com o intelecto, mas
sim, com o coração. Existem verdadeiros Mestres da Fraternidade
Branca que sequer sabem ler e escrever, e mesmo assim, são gran-
des sábios iluminados.
O tempo que perdem esses mentecaptos dessas famosas escolas
espiritualistas enchendo a cabeça de teorias e misticismos doentios
que a nada levam, deveriam empregá-lo para corrigir todos os seus
defeitos e acabar com todas as suas travas morais, porque ao Gólgota
da Alta Iniciação sobem somente as almas de coração puro e santo.
O intelecto não chega jamais à Iniciação. Só o coração chega ao
Gólgota da Alta Iniciação; a maior parte dos espíritas, teosofistas e
rosacrucistas já está corrompida; estão com a cabeça cheia de teori-
as absurdas e antigos preconceitos; eles não dão “passe” a nada novo.
Quando entrou em circulação nosso [primeiro] livro intitulado
O Matrimônio Perfeito, não houve espiritualista na Colômbia que
não lançasse contra nós a infâmia de suas críticas; é que os estultos
não estudam para aprender, senão para criticar.
Cada escola, sociedade ou loja espiritualista tem seu “tiraninho”
e sua “camarilha de mentecaptos”, que não querem nada novo. Ne-
nhum “chefinho ou tiraninho de escolinha” ou de “loja” quer admi-
tir algo que possa ameaçar a sua existência e o “negócio” de sua
congregação.
Dentro de pouco rugirão os canhões da Terceira Guerra Mundi-
al, e então, os que hoje se burlam de Aun Weor terão que escutá-lo (e
em que forma horrível o farão).
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“A Justiça é a suprema piedade e a suprema impiedade da Lei”.
Os Deuses julgaram a Grande Rameira (a humanidade) e a con-
sideraram indigna; a sentença dos Deuses foi: Ao Abismo! Ao Abis-
mo! Ao Abismo!
Homens da Idade de Aquário! Homens do século XXI! Homens
do século XXX! Permanecei firmes na Luz; recordai-vos que os ho-
mens do século XX foram uns bárbaros, e que todos eles pereceram
e foram castigados por suas maldades. Que isto vos sirva de exem-
plo para que permaneçais firmes na fé em Cristo.
Homens de Aquário, apressai vosso Caminho à Luz; redimi-vos
e fusionai-vos com vossos Íntimos antes que os malvados do século
XX saiam do Abismo. Um novo período de trevas se aproxima
(Capricórnio), e a vós vos tocará estar alertas e vigilantes, porque a
terra será novamente invadida pelas “Almas-Demônios” da Negra
Idadeque no século XX, eu, Aun Weor, encerrei no Abismo para
que tivésseis a felicidade que agora estais desfrutando.
Homens de Aquário, a vós especialmente dedico este livro que
os bárbaros do século XX não entenderam. Homens do século XX,
ouvi a palavra de Jeová: “Assim disse Jeová dos exércitos: Assim
quebrantarei este povo e esta cidade (a civilização atual) como quem
quebra uma vasilha de barro, que não se pode restaurar mais; e no
Tofet (vale da matança) serão enterrados, porque não haverá outro
lugar para enterrar”. (Jeremias 19:11)
Por: Aun Weor
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CAPÍTULO 1
A REVOLUÇÃO DE BELZEBU
Canta, ó Deusa da Sabedoria, a majestade do fogo!
Levantemos nossas taças e brindemos pela Hierarquia das Chamas...
Escancaremos nossas ânforas de ouro e bebamos o vinho da luz
até embriagar-nos...
Ó Demóstenes! Quão rápidos foram teus passos em Queronéia...
Mesmer, Cagliostro, Agripa, Raimundo Lulio, a todos conheci,
a todos vi, e vos chamaram de loucos.
De onde tirastes vossa sabedoria? Por que a morte selou vossos
lábios? Que se fizeram de vossos conhecimentos?
Eu beberei o vinho da sabedoria esta noite, no cálice de vossos
augustos crânios, e num gesto de rebeldia onipotente, me rebelarei
contra a antiga sepultura.
Eu romperei todas as cadeias do mundo e me declararei imortal,
mesmo que me chamem de louco...
Eu empunharei a espada de Dâmocles e farei fugir a inoportuna
hóspede...
Porém, nada poderás contra mim, muda caveira, porque sou
eterno...
Cristo Ígneo, Cristo ardente! Levanto meu cálice e brindo pelos
Deuses, e Tu, batiza-me com o fogo...
De onde surgiu esta enorme Criação? De onde surgiram estas
imensas massas planetárias que, como monstros milenares, pare-
cem sair das fauces de um abismo para cair noutro mais terrível e
espantoso que o primeiro?
Levanto meus olhos ao alto e, sobre a cabeça ígnea do maior de
todos os sacrificados, leio esta palavra: INRI.
Ignis Natura Renovatur Integram. (O fogo renova incessante-
mente toda a natureza).
Sim, amados discípulos, tudo no universo não é senão gra-
nulações do Fohat.
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Ah! As hierarquias do Fogo! Ah! As hierarquias das Chamas!
Rosas ardentes! Serpentes ígneas! Silvai! Silvai eternamente so-
bre as águas da vida, para que surjam os mundos! Silvai, silvai, silvai
eternamente com o silvo do Fohat, Santas Chamas! Bendito seja o
Fiat luminoso, o Fiat espermático do eterno Deus vivo que pôs em
existência o universo.
Divino fogo, tu és o Númen Divino de todas as existências infi-
nitas, e quando a chama subterrânea devorar a forma e queimar os
fundamentos do mundo, tu serás como eras antes, sem sofrer mu-
dança alguma. Ah! Fogo divino e eterno!
O Fohat fecunda a matéria caótica e surgem os mundos à exis-
tência. Tudo o que tem sido, o que é e o que será, é filho do fogo... O
fogo do Espírito Santo é a chama de Horeb.
O Fohat está em nossos testículos. É só questão de colocá-lo em
atividade por meio da Magia Sexual para converter-nos em Deuses,
em Devas, em seres divinos e inefáveis. O fogo da castidade é o fogo
do Espírito Santo, é o Fogo de Pentecostes, é o fogo de Kundalini...
É o fogo que Prometeu roubou do céu... É a chama sagrada do tem-
plo que as Vestais acendem... É a chama de tríplice incandescência,
é o carro de fogo com que Eliseu subiu ao céu...
Nos tempos do antigo Egito o neófito que aspirava ser um alqui-
mista, para despertar o fogo divino deveria casar-se com uma mu-
lher madura; porém, se o fazia com uma mulher jovem, havia de
esperar alguns meses antes de efetuar a união sexual. Entre as con-
dições matrimoniais, estava a obediência à sua mulher, à qual o al-
quimista se sujeitava com muito prazer...
“Introduzir o membro viril na vagina e retirá-lo sem derramar o
sêmen”.
Esta é a velha fórmula dos antigos alquimistas. Com ela, desper-
ta-se a serpente ígnea e conseguimos a união com o Íntimo. Ele [o
Íntimo] é o Real Ser, é aquele Ruach Elohim que, segundo Moisés,
lavrava as águas no princípio do mundo. Então, nos convertemos
no Rei-Sol, no Mago Triunfador da Serpente... Nos tornamos Deu-
ses onipotentes, e com a espada de Dâmocles, derrotamos a morte...
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E a natureza inteira se ajoelhará diante de nós, e as tempestades
servirão de tapete para nossos pés.
Fohat é o Elixir da Longa Vida, e com este elixir poderemos con-
servar o corpo através de milhões de anos...
A mulher é a Vestal do Templo... A mulher acende a chama de
nosso Arqué sonoro, o qual vibra nos espaços cósmicos com essa
tremenda euforia solene e inefável dos extensos céus de Urânia...
MULHER
Aun Weor
Mulher, eu te amo...
Há muitas noites
Que choro muito... Muito...
E ao fim da jornada escuto teus cânticos,
E vibram de amor os sonolentos astros,
E beijam-se as musas celestiais com teus cantos...
És um livro selado com sete selos.
Não sei se és dita ou veneno.
Estou à borda de um abismo que não entendo:
Sinto medo de ti e de teu mistério.
Mulher, eu te adoro...
Quero beber licor de mandrágora,
Quero beijar teus seios,
Quero sentir o canto de tuas palavras
E acender meus fogos
Mulher, não podes me esquecer,
Me disseste que me amavas,
E me juraste teu carinho,
Em noites adoradas...
Em noites de idílio
Em noites perfumadas...
De cantos e de ninhos...
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Antiga sacerdotisa, acende minha luz
Acende minha chama de tríplice incandescência,
Núbil Vestal do templo divino...
Entrega-me os frutos da ciência...
CAPÍTULO 2
A ARCÁDIA
Quem é esse jovem de túnica cinzenta, olhos negros e profun-
dos, nariz aquilino, corpo alto e cabelo desalinhado?
Quem é esse jovem alegre, que ri folgadamente em tertúlias com
os amigos, despreocupado e feliz na orgia?
Ah! É Belzebu, o rei da festa, o simpático amigo dos bares, o
alegre companheiro da orgia, o romântico galã despreocupado da
antiga Arcádia...
Tenho penetrado clarividentemente na Época de Saturno [Pri-
meira Ronda]. Aqui, não vejo nada vago, nem vaporoso... Besant,
Leadbeater, Heindel, Steiner, onde estão vossos poderes? Que foi
feito de vossos conhecimentos? Por que me falais de coisas vagas,
quando tudo aqui é concreto e exato?
Esses homens da Época de Saturno [Primeira Ronda] eram ho-
mens... E homens de verdade, porque tinham um Ser e sabiam que
o tinham...
As humanidades sempre são análogas. Esses homens da Época
de Saturno eram como os atuais... O ambiente semelhante... Quan-
do se fala de humanidades, vêm à mente negócios, cantinas, [bares,
boates, botecos], prostíbulos, orgias, belas jovens desajuizadas, dis-
putados galãs, princesas raptadas, velhos castelos, Tenórios de bair-
ro, poetas tresnoitados, o ancião que passa, a criança que chora, a
mãe que canta uma esperança e o frade que murmura alguma pre-
ce... Enfim, toda essa gama de qualidades e defeitos variados que
constituem os valores humanos...
A humanidade é uma matriz, onde são gestados Anjos e Demô-
nios... Dela não sai senão isso: Anjos e Demônios...
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Quando as Mônadas Divinas animam os três reinos inferiores
não há nenhum perigo. O perigo está quando se chega ao estado
humano. Desse estado, sai-se como Anjo ou como Demônio...
Belzebu foi um grande rebelde que sacudiu sua cabeça e sua
cabeleira alvoroçada sobre as taças de delícias da Arcádia... Teve
ânsias de sabedoria e suas asas de águia rebelde não cabiam dentro
do galinheiro paroquial. Seu verbo tremendo e fogoso desconcerta-
va os imbecis e desmascarava os traidores, com seus provérbios con-
tundentes e luminosos... Em sua alma, ardia o fogo da eternidade;
um grito de rebeldia sacudia suas entranhas de titã... Gozava de
toda classe de comodidades e habitava uma confortável e luxuosa
casa da Arcádia... Ali era seu ninho de águia rebelde...
Toda a matéria era mental... Todos os humanos usavam corpos
astrais... Comiam, vestiam, bebiam e se divertiam como agora, por-
que o corpo astral é um organismo quase tão denso como o físico, e
estava analogamente constituído como o físico... Certamente, os
homens da Arcádia, recordavam antigos cataclismos e formosas tra-
dições milenares de épocas pré-saturnianas... Porém, no pleno apo-
geu do estado humano, a vida era semelhanteà atual...
Festinhas brincalhonas...
De alegres camaradas...
Pálidas luzes
E licor de Mandrágoras.
Noites de festa e orgia...
Noites de carnaval...
Romances de amor e poesia...
Que vale mais não recordar...
Donzelas de cor morena
Que caem entre os braços...
E são como o vento ligeiras
Com esses trajes sem embaraços...
43
CAPÍTULO 3
MAGIA BRANCA E MAGIA NEGRA
Há sete Verdades, sete Senhores Sublimes e sete Segredos...
O segredo do Abismo é um dos sete grandes segredos indizíveis...
Abbadon é o Anjo do Abismo. Veste túnica negra e turbante ver-
melho, como os Dugpas e os Bonsos do Tibet oriental e das comarcas
de Sikkim e Butão; como os magos negros do Altar de MATHRA
(pronunciado MASSRA, pelos Rosacruzes da Amorc da Califórnia).
Magos de turbante vermelho são também os veneráveis Anagaricas
[mestres das sombras] e, enfim, os grandes hierarcas das cavernas
tenebrosas...
Uma coisa é a Teurgia, e outra coisa, é a Necromancia... O Mestre
Interno do Teurgo é o seu Íntimo. O Mestre Interno do Necromante
é o seu Guardião do Umbral, o qual chamam de “Guardião de sua
Consciência, Guardião do Recinto, Guardião de sua Câmara, Guar-
dião de seu Sanctum”.
O Íntimo é nosso espírito divino, nosso Real Ser, nosso Anjo
Interno.
O Guardião do Umbral é o fundo interno de nosso Eu Animal.
O Íntimo é a chama ardente de Horeb, aquele Ruach Elohim que,
segundo Moisés, lavrava as águas no princípio do mundo. É o Rei
Sol, nossa Mônada Divina, o ‘Alter Ego’ de Cícero.
O Guardião do Umbral é nosso Satã... Nossa besta interna, fonte
de todas as nossas paixões animais e apetites bestiais...
O Real Ser do Teurgo é o Íntimo. O Eu Superior do Necromante
é o Guardião do Umbral.
Os poderes do Íntimo são divinos. Os poderes do Guardião do
Umbral são diabólicos.
O Teurgo rende culto ao Íntimo. O necromante rende culto ao
Guardião do Umbral.
O Teurgo vale-se dos poderes do Íntimo para seus grandes tra-
balhos de Magia prática. O necromante rende culto ao Guardião do
Umbral para seus trabalhos de Magia Negra.
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Chegamos ao império onipotente da alta e da baixa magias.
A Luz Astral é o campo de batalha entre os magos brancos e ne-
gros. A Luz Astral é a chave de todos os impérios e a chave de to-
dos os poderes. Este é o grande agente universal da vida. Nela [luz
astral] vivem as colunas de Anjos e Demônios.
Para se chegar à Teurgia primeiro é preciso ser alquimista; é
impossível ser alquimista sem a mulher.
VITRIOLO é uma das chaves do Alquimista Gnóstico. Esta pa-
lavra significa: “Visita Interiorem Terrae Rectificando Invenies Occultum
Lapidem”. (Visita o interior da terra que retificando encontrarás a
pedra oculta).
A chave está no vidro líquido flexível maleável... Este vidro é o
sêmen. Temos que nos fundir dentro de nosso próprio laboratório
orgânico para aumentar e retificar nosso vidro líquido, a fim de au-
mentar, com heroísmo, a pedra filosofal, a força de Nous, o Logos
Imortal, a Serpente Solar, que, no fundo de nossa alma, dorme com
silente inquietude.
A mulher é a Vestal do Templo; a Vestal acende o fogo sagrado
de tríplice incandescência.
O elixir da longa vida é ouro potável; esse ouro é o sêmen... O
segredo está em conectar-se sexualmente com a sacerdotisa e reti-
rar-se antes de derramar o sêmen.
I... A... O...
Essas três vogais deverão ser pronunciadas durante o transe se-
xual assim: Cada letra requer uma exalação completa dos pulmões.
Logo se enchem [os pulmões] completamente, pronuncia-se a segun-
da [vogal]. Mais uma inalação, e a terceira. Isso deve ser feito mental-
mente quando a sacerdotisa não está preparada [não conhece o tra-
balho alquímico], evitando assim más interpretações de sua parte.
Com esta chave despertamos nosso Kundalini; depois, chegare-
mos ao matrimônio de Nous e conquistaremos a Bela Helena, pela
qual lutaram tantos ilustres guerreiros da velha Tróia.
A bela Helena é a mente ígnea da alma que já se desposou com
seu amado eterno, o Íntimo. A bela Helena é a mente ardente do
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Teurgo. Com essa mente, o Teurgo transmuta o chumbo em ouro
real e efetivo... O Teurgo empunha a espada e, como um Rei da Na-
tureza, ressuscita os mortos, cura os cegos, os coxos e os paralíticos
[espirituais]... Desata os furacões, e heróico, passeia pelos jardins de
fogo da natureza.
Que lógica indutiva ou dedutiva serve de base aos neoplatônicos
Plotino e Porfírio para combater a Teurgia fenomênica?
Todas as existências infinitas do universo são filhas da Teurgia
Fenomênica... Há uma enorme diferença entre o espelho da Teurgia
e o espelho da Necromancia. O espelho de Elêusis é diferente do
Espelho de Papus e da Amorc, da Califórnia.
O espelho da Escola de Papus é Necromancia e Magia Negra. O
espelho dos Mistérios de Elêusis é pura e divina Teurgia.
O Iniciado de Elêusis, em estado de Mantéia (Êxtase), pronunci-
ava a sílaba sagrada, e então, aparecia no resplandecente espelho o
Íntimo do Iniciado, todo feito de luz e beleza... Muitas vezes o Inici-
ado provocava o estado de mantéia bebendo o cálice do soma, que o
transportava ao Pleroma inefável do amor.
O Necromante da Escola Amorc da Califórnia roga ao Guardião
do Umbral para que apareça no espelho, e uma vez feita a visão, o
candidato fica escravo do Guardião do Umbral, convertido em Mago
Negro.
O ritual de primeiro grau da Amorc da Califórnia é o crime mais
monstruoso que se tem cometido contra a humanidade. O discípu-
lo, olhando o espelho, invoca o monstro do umbral com estas per-
guntas que faz a si mesmo:
1. Quer conhecer o mistério de teu ser?
2. Quer conhecer o terror do umbral?
3. Escutarás a voz que te responde?
4. Ouviste falar da consciência?
5. Sabes tu que a consciência é a voz interna que fala quando se
dá a oportunidade de fazê-lo?
6. Darás à consciência liberdade para que te fale?
7. Sabia que tua consciência é teu Guardião, e portanto, o
Guardião deste Sanctum?
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8. Sabia que este Sagrado Guardião estará sempre presente nes-
te Sanctum para guiar-te e proteger-te?
O ingênuo discípulo faz essas perguntas a si mesmo, e depois
de recitar alguns outros parágrafos de Magia Negra ante o espelho,
diz: “Ante meus Fráteres e Sorores e em presença do Guardião do
Sanctum proclamo que me aproximei do Terror do Umbral e que
não tive terror por minha alma. Agora sou um morador do umbral.
Purifiquei-me e ordenei a meu verdadeiro Eu (o Guardião do Um-
bral) que tenha domínio sobre meu corpo físico e minha mente”.
Assim, o ingênuo discípulo fica convertido em mago negro, es-
cravo do Guardião do Umbral e das trevas.
Este ritual de Magia Negra, adaptada hoje ao século 20, é
antiqüíssimo. Belzebu, depois de haver passado por ele, na antiga
Arcádia, começou sua horrível carreira de demônio. Com justa ra-
zão o reformador tibetano Tsong-Kapa, em 1387, lançou às chamas
quantos livros de necromancia encontrou. Porém, alguns lamas des-
contentes aliaram-se aos Bonsos aborígenes, e hoje formam uma
poderosa seita de Magia Negra nas comarcas de Sikkim, Butão e
Nepal, entregues aos ritos negros mais abomináveis.
Jâmblico, o grande Teurgo, disse: “A Teurgia nos une mais forte-
mente com a divina natureza. Esta natureza engendra-se por si mes-
ma e atua por meio de seus próprios poderes. É inteligente e man-
tém tudo. É o ornamento do Universo e nos convida à inteligente
verdade, à perfeição, a compartilhar a perfeição com os demais. Tão
intimamente nos une a todos os atos criadores dos Deuses, na pro-
porção de cada um, que logo ao cumprir os sagrados ritos, consoli-
da a alma nas ações de inteligência dos Deuses, até que se identifica
com elas e é absorvida pela primordial e divina essência. Tal é o
objetivo das Iniciações Egípcias”.
Jâmblico invocava e materializava os Deuses planetários. Pri-
meiro se é Alquimista, logo Mago, e por último, Teurgo. Praticando
Magia Sexual, despertamos a Serpente, e nos tornamos Teurgos. Todo
o segredo está em aprender a conectar-se com a mulher e retirar-se
sem derramar o sêmen.
Nos Mistérios de Elêusis, as danças desnudas, a Magia Sexual e
a música deliciosa eram algo inefável.

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