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O conceito de tecnologia na perspect

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ISSN 2176-1396 
 
O CONCEITO DE TECNOLOGIA NA PERSPECTIVA DE 
PROFESSORES DA EDUCAÇÃO BÁSICA 
 
Camila Tatiane de Souza1 - UFPR 
Letícia Perez da Costa2 - UFPR 
 
Eixo – Educação, Tecnologia e Comunicação 
Agência Financiadora: não contou com financiamento 
 
Resumo 
 
O presente artigo apresenta uma pesquisa de abordagem qualitativa do tipo exploratória. O 
trabalho partiu de um levantamento desenvolvido para a disciplina Tecnologias da Educação 
do Programa de Pós Graduação em Educação da Universidade Federal do Paraná ao longo do 
primeiro semestre de 2016. O problema que norteou a investigação foi: qual o conceito de 
tecnologia para diferentes professores da educação básica? Para responder ao questionamento, 
professores que cursam o Mestrado Profissional em Educação, foram convidados a responder 
um questionário através do Formulário Google. Para este trabalho, portanto, tomou-se como 
objetivo analisar os conceitos de tecnologia apresentados por professores da educação básica 
que cursam o Mestrado Profissional em Educação. O trabalho apresenta, inicialmente, o 
referencial teórico, recorrem-se as definições de Kenski (2008, 2015), Bueno (1999) e Sancho 
(1998, 1999) procurando conhecer como estas autoras apresentam e discutem o conceito de 
tecnologia. Aborda-se, também, a classificação de tecnologia em três grandes grupos 
especificados por Sancho (1998), sendo eles: tecnologias artefatual, tecnologias simbólicas e 
tecnologias organizacionais ou biotecnológicas. Tais conceitos auxiliam na classificação e 
interpretação das respostas dos professores obtidas através do questionário. O questionário 
desenvolvido como instrumento de pesquisa era composto por perguntas abertas e fechadas 
que permitiram realizar a análise dos dados de forma a codificá-los e classificá-las conforme o 
referencial teórico. Partindo da análise dos conceitos apresentados pode-se perceber que as 
diversidades das respostas demonstram a amplitude do próprio conceito de tecnologia, que 
pode ser interpretado de formas diferentes, em diversos níveis a partir da perspectiva pessoal a 
da prática profissional de cada um, podendo, inclusive, influenciar nesta prática através do 
uso ou não de diferentes tecnologias como recursos educativos. 
 
Palavras chave: Tecnologia. Professores. Mestrado Profissional. Educação. 
 
1 Mestranda em Educação, UFPR. Professora da Rede Estadual do Paraná. E-mail: kmila.t.souza@hotmail.com 
2 Mestranda em Educação, UFPR. Professora da Rede Estadual do Paraná. E-mail: letsperez@gmail.com 
14989 
 
Introdução 
O presente estudo apresenta e discutem resultados de uma investigação desenvolvida 
inicialmente para a disciplina Tecnologias da Educação, do Programa de Pós Graduação em 
Educação da Universidade Federal do Paraná, ministrada pela Professora Doutora Glaucia da 
Silva Brito, ao longo do primeiro semestre de 2016, na qual tinha a intenção de apenas 
conhecer os conceitos de tecnologias explicitados por diferentes professores. 
De forma a aprofundar esta pesquisa inicial este trabalho, através de uma proposta de 
investigação de abordagem qualitativa do tipo pesquisa exploratória, traz como problema o 
seguinte questionamento: qual o conceito de tecnologia para diferentes professores da 
educação básica? Para isso, se propôs inquirir professores que cursam o Mestrado Profissional 
em Educação da Universidade Federal do Paraná. 
Os mestrandos foram convidados a responder um questionário através do Formulário 
Google dividido em duas partes: Sobre sua formação e experiência profissional que visa 
maior conhecimento dos sujeitos de pesquisa e Sobre o conceito que permite o 
desenvolvimento do objetivo deste trabalho. 
Para este artigo traçou-se, portanto, o objetivo de analisar os conceitos de tecnologia 
apresentados por professores da educação básica que cursam o Mestrado Profissional em 
Educação. Os conceitos explicitados pelos professores pesquisados são analisados visando 
codificá-los conforme a classificação de tecnologias em três grandes grupos especificadas por 
Sancho (1998): tecnologias artefatual (física), tecnologias simbólicas e tecnologia 
organizacional ou biotecnológica. 
Apresentando os conceitos 
Para a proposta deste trabalho se faz necessário iniciar explanando sobre o conceito de 
tecnologia apresentado por diferentes autores, pois se compreende a amplitude de significados 
que este tema pode levantar. Neste caso, restringe-se a gama de autores que abordam o tema 
de forma a melhor aproximar do objeto da pesquisa. Inicialmente recorre-se a Kenski (2008), 
quando a autora apresenta que 
14990 
 
para todas as atividades que realizamos, precisamos de produtos e equipamentos 
resultantes de estudos, planejamentos e construções específicas, na busca de 
melhores formas de viver. Ao conjunto de conhecimentos e princípios científicos 
que se aplicam ao planejamento, à construção e à utilização de um equipamento em 
um determinado tipo de atividade nós chamamos de "tecnologia" (KENSKI, 2008, 
p.18). 
Portanto, tecnologia pode ser compreendida como algo presente no cotidiano de tal 
forma que muitas das vezes já não nos damos conta da sua existência, “as tecnologias estão 
tão próximas e presentes que nem percebemos mais que não são coisas naturais” (KENSKI, 
2015, p. 24). Neste sentido concorda-se, ainda, com Bueno (1999), para a autora tecnologia é 
um processo contínuo através do qual a humanidade molda, modifica e gera a sua 
qualidade de vida. Há uma constante necessidade do ser humano de criar, a sua 
capacidade de interagir com a natureza, produzindo instrumentos desde os mais 
primitivos até os mais modernos, utilizando-se de um conhecimento científico para 
aplicar a técnica e modificar, melhorar, aprimorar os produtos oriundos do processo 
de interação deste com a natureza e com os demais seres humanos (BUENO, 1999, 
p.87). 
Assim, entende-se que “a evolução tecnológica, não se restringe apenas aos novos 
usos de determinados equipamentos e produtos. Ela altera comportamentos” (KENSKI, 2015, 
p.21), ou seja, é algo que gera e resulta da transformação social. 
Para esclarecer esta visão Sancho (1999) corrobora quando fala em entrevista para o 
Jornal do Brasil defendendo que a tecnologia tem uma relação com nossas vidas e possui uma 
efetiva utilização social, ou seja 
não desvincula o conhecimento da sua aplicação, não se despreocupa do processo de 
tomada de decisões políticas, econômicas e éticas que informa a aplicação de 
recursos no desenvolvimento de determinados saberes e ferramentas [...] Entende 
que a tecnologia - seja artefatual, simbólica, organizativa ou biotecnológica - surge 
em um determinado contexto para tentar resolver um problema. Nesse sentido, 
qualquer indivíduo é produtor e consumidor de tecnologia, de conhecimento em 
ação (SANCHO, 1999, s.p.). 
Por tecnologia artefatual (ou física) a autora classifica as máquinas ou instrumentos 
criados recentemente. Este entendimento restrito de tecnologia pode levar, muitas vezes, ao 
entendimento de que tecnologia são apenas computadores, smartphones, tablets e 
desconsidera que instrumentos como o livro, o quadro de giz, os cadernos que, também, são 
tecnologias artefatuais (SANCHO, 1998). 
Entretanto, as tecnologias também podem se apresentar como simbólicas, ou seja, 
pode ser entendida como os meios que compõem a comunicação entre as pessoas, tais como a 
14991 
 
linguagem, as representações icônicas, o próprio conteúdo e no caso da escola o currículo 
(SANCHO, 1998). 
Sancho (1998) apresenta ainda a classificação de tecnologias organizativas ou 
biotecnológicas. Pode-se entender este grupo como a configuração do entendimento do 
indivíduo pelo mundo, a busca da resolução de problemas. 
Nenhuma destas classificações de tecnologia remete exclusivamente aos elementos 
que compõem a escola e muito menos a educação, entretanto, umolhar mais atento pode 
perceber que todas elas estão em composição com o processo educacional, por isso neste 
trabalho se propõe conhecer o conceito de tecnologia de diferentes professores e codificar 
suas respostas dentro destas diferentes classificações. 
Procedimentos metodológicos 
Para este artigo tomou-se como objetivo analisar os conceitos de tecnologia 
apresentados por professores da educação básica que cursam o Mestrado Profissional em 
Educação. Para realizar esta pesquisa escolheu-se a abordagem qualitativa. Optou-se por esta 
abordagem, pois se entende que 
não é mera classificação de opinião dos informantes, é muito mais. É a descoberta 
de seus códigos sociais e a partir das falas, símbolos e observações. A busca da 
compreensão e da interpretação à luz da teoria aporta uma contribuição singular e 
contextualizada do pesquisador (MINAYO, 2009, p. 27). 
Para compor este processo de compreensão e interpretação proposta pela abordagem 
qualitativa, para este trabalho definiu-se o tipo de pesquisa exploratória, pois permite 
“levantar informações sobre um determinado objeto, delimitando assim um campo de 
trabalho, mapeando as condições manifestantes desse objeto” (SEVERINO, 2007, p. 123). 
Este levantamento que compõe a pesquisa exploratória pode levar a percepção de novos 
problemas e propostas de pesquisas. 
Como instrumento de pesquisa se desenvolveu a construção do questionário através do 
Formulário Google que foi enviado aos participantes por email. De um total de 22 
questionários enviados o retorno foi de 15 respondidos. 
O questionário foi escolhido, pois se trata de uma técnica de investigação que permite 
o conhecimento de “o conhecimento de opiniões, crenças, sentimentos, interesses, 
expectativas, situações vivenciadas etc” (GIL, 1999, p.128). 
14992 
 
Segundo Rauen (2002), os questionários devem ser planejados para se definir o que 
realmente quer saber e assim fazer apenas as perguntas pertinentes, desta forma os 
questionários para este trabalho foram desenvolvidos com sete questões dispostas entre 
questões fechadas e abertas. Dividiu-se o questionário em: Sobre sua formação e experiência 
profissional que visa maior conhecimento dos sujeitos de pesquisa e Sobre o conceito que 
permite o desenvolvimento do objetivo deste trabalho. 
Tomando a primeira parte do questionário, na sequência apresenta-se o perfil dos 
sujeitos da pesquisa, por se entender que a formação e experiência de cada pesquisado 
influem no desenvolvimento e análise da questão norteadora do trabalho. 
Os sujeitos pesquisados 
Os professores participantes da pesquisa são integrantes do Programa de Mestrado 
Profissional, que iniciaram o curso no ano de 2015. Os Mestrados Profissionais em Educação 
são uma modalidade de pós-graduação stricto sensu, que de acordo com o texto da Portaria 
normativa nº 17, publicada no Diário Oficial da União do dia 28 de dezembro de 2009, tem 
como objetivo, segundo a mesma Portaria, “capacitar profissionais qualificados para o 
exercício da prática profissional avançada e transformadora de procedimentos, visando 
atender demandas sociais, organizacionais ou profissionais e do mercado de trabalho” 
(BRASIL, 2009, p. 20). 
Para participar do processo seletivo do Programa de Mestrado Profissional em 
Educação na UFPR, os candidatos devem comprovar vínculo com escolas da educação básica, 
pois a formação está focada em professores e pedagogos. Portanto, todos os participantes são 
profissionais atuantes na educação básica de escolas públicas e privadas. 
Após o levantamento das respostas enviadas por meio dos questionários, percebeu-se 
que diversas são as áreas de formação dos professores mestrandos, a maior parte é formada 
em Pedagogia e alguns apresentam mais de uma graduação (Tabela 1). 
Tabela 1 – Formação dos sujeitos da pesquisa 
Graduação 
Quantidade de 
formados 
Pedagogia 11 
Letras 4 
Teologia 1 
Estudos Sociais 1 
Biologia 1 
Psicologia 1 
14993 
 
Fonte: As autoras. 
A maioria dos pesquisados atuam no Ensino Fundamental Anos Iniciais, que 
compõem o ensino de 1º. a 5º. ano. Estes professores compõem o quadro próprio de 
educadores, ou seja, são concursados da Prefeitura Municipal de Curitiba, São José dos 
Pinhais e Campo Largo. Os demais profissionais estão divididos entre profissionais da rede 
particular e da rede estadual de ensino (Tabela 2). 
Tabela 2 – Ciclo de atuação 
Ciclo Quantidade 
Educação Infantil 1 
Ensino Fundamental Anos Iniciais 12 
Ensino Fundamental Anos Finais 2 
Ensino Médio 1 
Fonte: As autoras. 
 
Os profissionais pesquisados contam tempo de atuação na educação básica 
concentrados principalmente entre 6 e 20 anos de trabalho (Tabela 3). 
Tabela 3 – Tempo de atuação 
Tempo de atuação Quantidade 
Menos de 5 anos 2 
Entre 6 e 10 anos 6 
Entre 11 e 20 anos 5 
Mais de 21 anos 2 
Fonte: As autoras. 
 
Para esta pesquisa optou-se por, também, conhecer os objetos de pesquisa da 
dissertação dos pesquisados, compreendendo que sendo todos professores mestrandos as 
temáticas também podem nortear a respostas dadas ao questionário recebido. 
Para a apresentação desta resposta optou-se por criar uma identificação para o 
participante, visando manter os nomes em sigilo conforme critérios éticos de pesquisa (Tabela 
4). Sendo assim, fica determinado R para resposta e o número para identificar as respostas 
conforme ordem de recebimento da devolutiva do questionário, portanto a numeração não se 
apresenta de forma hierárquica ou predileção. 
Tabela 4 – Temas de pesquisa 
Identificação do Questionário Tema de pesquisa 
R01 
A Educação ambiental nas práticas pedagógicas nos anos iniciais do 
ensino fundamental 
R02 Educação ambiental 
R03 Radioweb 
R04 Tecnologias e mídias digitais nas aulas de língua inglesa 
14994 
 
R05 Leitura 
R06 Letramento literário 
R07 Alfabetização 
R08 A escrita como procedimento de autoria na EJA no contexto prisional 
R09 Formação de Professores 
R10 Quais os saberes dos professores em suas práticas em Ciências Naturais 
R11 Práticas Pedagógicas 
R12 Espaços de educação infantil 
R13 
A criação de um jogo educativo interdisciplinar e as contribuições dele 
para estudantes do ciclo de alfabetização 
R14 O uso das tecnologias pelos professores co-regentes de Curitiba 
R15 Processo de Formação de leitores literários no ensino fundamental I 
Fonte: As autoras. 
 
Conhecendo a proposta de pesquisa dos sujeitos é possível perceber a variedade de 
temas, que incluem dissertação que destacam a especificidade em trabalhar as tecnologias, é 
interessante atentar para a compreensão destes para o conceito de tecnologia. 
Delineando o perfil dos professores pesquisados, a seguir, apresentamos os dados 
levantados que compôs a segunda parte do questionário Sobre o conceito, ou seja, a parte que 
questiona os conceitos de tecnologias para professores cursistas do Mestrado Profissional em 
Educação. 
Apresentação e discussão dos dados coletados 
O processo de análise de dados é parte fundamental de uma pesquisa, segundo Ludke 
e André (2015) 
a tarefa de análise implica, num primeiro momento, a organização de todo o 
material, dividindo-se em partes, relacionando essas partes e procurando identificar 
nele tendências e padrões relevantes. Num segundo momento essas tendências e 
padrões são reavaliados, buscando-se relações e inferências num nível de abstração 
mais elevado (LUDKE E ANDRÉ, 2015, p. 53). 
O primeiro momento de análise dos dados desta pesquisa se apresentou anteriormente 
ao utilizar das informações da primeira etapa do questionário para melhor conhecimento dos 
sujeitos. 
Neste momento da análise, realizada após a leitura de cada questionário respondido, 
procura-se identificar o foco principal de cada resposta para a pergunta presente no 
questionário: O que é tecnologia? 
A partir da resposta de cada entrevistado realiza-se a codificação, “isto é, uma 
classificação dos dadosde acordo com as categorias teóricas iniciais” (LUDKE E ANDRÉ, 
14995 
 
2015, p. 57), para isso, consideram-se os exemplos de conceitos de tecnologia apresentado 
por Sancho (1998): tecnologias artefatual, tecnologias simbólicas e tecnologias 
organizacionais ou biotecnológica. 
Inicialmente se faz a codificação das repostas que apresentam tecnologia como 
artefatual (Tabela 5). 
Tabela 5 – Codificação do conceito: Tecnologia Artefatual (ou física) 
Identificação do Questionário Conceitos dos sujeitos 
R01 “Uma ferramenta que auxilia no desenvolvimento do meu trabalho”. 
R07 
“É o estudo de técnicas e conhecimentos pra criação de novos 
instrumentos”. 
R04 
“A grosso modo é o produto do conhecimento científico acumulado pelo 
homem. Objetos que utilizamos em nosso dia a dia, como lápis, caneta, 
eletrodomésticos, etc., são exemplos de tecnologias”. 
R05 
“São recursos e instrumentos utilizados para facilitar as relações e ações 
do cotidiano”. 
R08 “O conjunto de recursos materiais utilizado com objetivo específico”. 
Fonte: As autoras. 
 
Mesmo que alguns dos sujeitos tenham apresentado a tecnologia como estudo, produto 
do conhecimento, conjunto de recursos o foco destas repostas foi na materialidade, na 
instrumentalização da tecnologia, ou seja, uma ferramenta física. 
Esta generalização que muitas vezes ocorre sobre tecnologia somente como máquinas, 
e, principalmente as máquinas criadas recentemente, contribui para a ideia de que a tecnologia 
desumaniza e que para combater este processo desumanizador a melhor alternativa é não usar 
(SANCHO, 1998). 
Pode-se entender que, talvez seja esta a compreensão daqueles que rejeitam qualquer 
inserção das chamadas novas tecnologias digitais (smartphones, tablets, computadores) no 
cotidiano escolar, com o receito de que a interferências deste tipo de tecnologia seja negativa. 
Mas, as tecnologias também podem ser vistas como simbólicas, ou seja, as formas de 
linguagem, os ícones utilizados na representação (Tabela 6). 
Tabela 6 – Codificação do conceito: Tecnologia Simbólica 
Identificação do Questionário Conceitos dos sujeitos 
R15 
“É um conjunto de técnicas, métodos e processos para facilitar a relação 
entre o homem é o mundo é entre homem e homem. Exemplo: escrita”. 
R09 
“Tecnologia é o estudo da técnica, ou dos instrumentos que o ser 
humano cria para facilitar o seu trabalho. Deste modo, tecnologia é a 
extensão da ação humana, facilitando e ampliando a sua ação além do 
seu corpo. A tecnologia é dialógica, no aspecto de não haver tecnologia 
que dispense a interação. Dado a sua importância dialógica, ela é social e 
14996 
 
pronuncia o desenvolvimento da sociedade, também por influir na 
economia”. 
R10 
“Tudo em nosso meio está ligado à tecnologia, não podemos dizer que é 
apenas uma coisa”. 
Fonte: As autoras. 
 
Nestas compreensões destaca-se o papel do homem no desenvolvimento tecnológico, 
dentro desta perspectiva, segundo Sancho (1998, p.26) “podemos dizer que a tecnologia é 
uma produção basicamente humana, entendendo aqui que este termo no sentido de 
‘pertencente à espécie humana, próprio da mesma’”. 
Esta visão de tecnologia como resultado da ação humana aparece em destaque, 
também, nos conceitos codificados como tecnologia organizacionais ou biotecnológicas 
(Tabela 7). 
Tabela 7 – Codificação do conceito: Tecnologia Organizativas ou Biotecnológicas 
Identificação do Questionário Conceitos dos sujeitos 
R03 
“Tecnologia é tudo que foi criado pelo ser humano para satisfazer as 
suas necessidades”. 
R06 
“Conjunto de ações criações desenvolvidas para melhorar ou aperfeiçoar 
as necessidades humanas. Pode ser chamada de arte ou cultura criada”. 
R11 “É tudo o que usamos para melhorar nossa vida”. 
R02 
“Tecnologia é um produto da ciência e da engenharia que envolve um 
conjunto de instrumentos, métodos e técnicas que visam a resolução de 
problemas. É uma aplicação prática do conhecimento científico em 
diversas áreas de pesquisa”. 
R14 
“Considero que tecnologia é um processo de evolução humana, em que o 
homem, com o objetivo de melhorar sua qualidade de vida, desenvolveu 
técnicas e ferramentas. Desde a pedra polida, a invenção da roda; do 
lápis ao computador, tudo é tecnologia. A ciência, os símbolos do nosso 
alfabeto, o sistema de escrita e comunicação, as maneiras de 
organização. Enfim, todo o conhecimento humano em prol de melhorar 
sua vida, é uma tecnologia. Temos também a tecnologia social, que visa 
atender as classes menos favorecidas, de maneira a diminuir as 
desigualdades sociais”. 
R13 
“Entendo tecnologia como a criação e uso de instrumentos para auxiliar 
nas atividades humanas. A tecnologia avança com a ciência e cada vez 
mais está em nosso cotidiano, não só auxiliando as atividades básicas 
como também criando novas atividades, novas possibilidades e novas 
necessidades”. 
R12 
“São técnicas, métodos complexos inventados pelo homem, para auxiliar 
no seu dia a dia”. 
Fonte: As autoras. 
 
Portanto, a maior parte dos sujeitos pesquisados apresenta seu conceito de tecnologia 
atrelado à ideia de meio para atender as necessidades humanas, melhorar a vida, obter 
resolução de problemas, ou seja, a tecnologias compõem a evolução da sociedade. 
14997 
 
Recorrendo a Sancho (1998) pode-se entender esta concepção de melhorar a vida 
como resultado da ação humana de domínio do meio, que acumula estrutura de poder, 
controle social, portanto “a tecnologia não permite somente agir sobre a natureza, mas é, 
principalmente, uma forma de pensar sobre ela” (SANCHO, 1998, p. 27). 
Ao perceber a tecnologia como um “saber fazer” entende-se com potencialidade de 
interferência nas relações sociais e abre-se caminho para a reflexão do uso e entendimento das 
diferentes formas de tecnologias como pertencentes ao processo educativo. 
Esta possibilidade de reflexão sobre a tecnologia para atender as necessidades 
humanas focando a educação não se amplia neste trabalho, mas deixa em aberto a 
possibilidade de aprofundamento sobre o tema. 
Considerações Finais 
A partir do questionamento: qual o conceito de tecnologia para diferentes professores 
da educação básica? Desenvolveu-se, neste trabalho, a análise de um questionário aplicado 
para professores que cursam o Mestrado Profissional em Educação, pela Universidade Federal 
do Paraná. 
Os dados obtidos foram categorizados e analisados permitindo perceber que os 
sujeitos pesquisados, sendo professores em processo de aperfeiçoamento profissional, 
apresentam concepções de tecnologias que em muito englobam os diferentes grupos definidos 
por Sancho, a maior parte percebem a tecnologia como um saber resultado da própria 
humanidade. 
Portanto, entende-se que o conceito de tecnologia não é desconectado da constante 
capacidade de reflexão humana e muito menos fragmentado em apenas uma modalidade. 
Resultado de inúmeras interações no mundo sejam elas físicas, simbólicas ou sociais, as 
tecnologias são provenientes do saber fazer, que, por sua vez, pode contribuir para um novo 
caminho de intervenção em qualquer área do conhecimento. 
É neste contexto que se concorda com Brito e Purificação (2015), pois vivemos 
cercados de tecnologias e por isso a educação não pode ignorá-las, portanto 
14998 
 
defendemos, na formação inicial e continuada do professor, o uso dos recursos 
tecnológicos que possam apoiá-lo em sua atuação na sala de aula e na dinâmica de 
investigação de suas próprias práticas. Assim, o docente poderá buscar caminhos de 
valorização de suas vivencias e experiências possibilitando-lhe, em parceria com 
outros professores, efetivar uma metodologia interdisciplinar, discutindo a relação 
entre os saberes profissionais, a experiência, a criatividade e a reflexão crítico 
científica a respeito da evolução humana e dos artefatos tecnológicos (BRITO E 
PURIFICAÇÃO, 2015, p. 18). 
Percebe-se, também, que a análise de categorização aquidesenvolvida ainda permite 
levantar novos questionamentos a partir de diferentes perspectivas, portanto, concorde-se com 
Ludke e André (2015, p. 58) quando discorrem sobre a pesquisa exploratória, “por si mesma, 
não esgota a análise. É preciso que o pesquisador vá além, ultrapasse a mera descrição, 
buscando realmente acrescentar algo à discussão já existente sobre o assunto focalizado”. 
Portanto, considerando os dados coletados nesse estudo, é possível levantar diferentes 
reflexões e principalmente hipóteses, pois como se trata de uma pesquisa exploratória, os 
resultados não findam aqui, eles permitem perceber a relevância do tema para a continuidade, 
até mesmo para a validação do instrumento aplicado. 
REFERÊNCIAS 
BRASIL. Portaria normativa nº 17, 28 de dezembro de 2009. Diário Oficial da União. 
Disponível em: 
<https://www.capes.gov.br/images/stories/download/legislacao/PortariaNormativa_17MP.pdf
>. Acesso em: 01 fev. 2017. 
BUENO, Natalia de Lima. O desafio da formação do educador para o ensino fundamental 
no contexto da educação tecnológica. 1999. Dissertação (Mestrado) - CEFET-PR, Curitiba, 
1999. 
BRITO, Glaucia. S.; PURIFICAÇÃO, Ivonélia da. Educação e novas tecnologias: um 
repensar. Curitiba: IBPEX, 2015. 
GIL, Antônio Carlos. Métodos e técnicas de pesquisa social. São Paulo: Atlas, 1999. 
KENSKI, V. M. Educação e tecnologias: o novo ritmo da informação. Papirus editora, 2015. 
_____________. Tecnologias e ensino presencial e a distância. Campinas, SP: Papirus, 
2008. 
LUDKE, Menga; ANDRÉ, Marli E. D. A. Pesquisa em educação: abordagens qualitativas. 
Rio de Janeiro: E.P.U., 2015. 
14999 
 
MINAYO, M. C. S. O desfio da pesquisa social. In: MINAYO, M. C. S. Pesquisa social: 
teoria, método e criatividade. Petrópolis, RJ: 2009. p. 9-29. 
RAUEN, Fábio José. Roteiros de investigação científica. Tubarão: Editora Unisul, 2002. 
SANCHO, Juana M. Lição para usar a tecnologia. 1999. Jornal do Brasil. Disponível em: 
<http://homes.dcc.ufba.br/~frieda/mat061/liopara.htm>. Acesso em: 10 abr. 2017. 
SANCHO, Juana M. A tecnologia: um modo de transformar o mundo carregado de 
ambivalência. In: SANCHO, J. M. (org.) Para uma tecnologia educacional. Trad. Beatriz 
Affonso Neves. Porto Alegre: ArtMed, 1998. p. 23-49. 
SEVERINO, Antônio Joaquim. Metodologia do trabalho científico. São Paulo: Cortez, 
2007.

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