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eczema / dermatite Os termos eczema e dermatite são sinônimos e denotam um padrão de reação inflamatória polimórfica que acomete a derme e epiderme. São caracterizados pela presença de: · Eritema · Edema · Infiltração · Vesiculação · Secreção · Formação de crostas · Escamas · Liquenificação · Espongiose (formação de edema intracelular na epiderme) As lesões são acompanhadas de prurido e a síndrome eczematosa pode ser classificada em: aguda, subaguda ou crônica, de acordo com o aspecto que apresenta. · Aguda: eritema, edema, vesículas e secreção · Subaguda: eritema e edema menos intensos e predominam as secreções com formação de crostas. · Crônica: xerose, liquenificação e descamação dermatite atópica (da) Também denominada eczema constitucional ou neuro dermite disseminada, é uma manifestação eczematosa peculiar, frequentemente relacionada à asma, rinite alérgica e urticária. É uma doença inflamatória, pruriginosa e recorrente. Caracteriza-se pelo curso crônico, com períodos de crise. Os surtos de eczema manifestam-se isoladamente ou simultaneamente ou intercalando-se com as crises de asma/rinite. A pele dos indivíduos atópicos é ressecada (xerodermia) por conta de alterações do manto lipídico cutâneo e há alterações na reatividade vascular cutânea (dermografismo branco). Nota-se também um limiar diminuído para prurido. *Obs – demografismo branco: a aplicação de pressão suave sobre a pele acometida não provoca eritema, mas empalidecimento EPIDEMIOLOGIA Idade de início: primeiros 2 anos de vida; raramente tem início na vida adulta É ligeiramente mais comum no sexo masculino PATOLOGIA Não há uma causa única. Surge como resultado de uma interação de fatores genéticos e ambientais. Isso inclui defeitos na função de barreira da pele, tornando-a mais susceptível à irritação por detergentes ou outros irritantes de contato. Fatores desencadeantes: · Aeroalérgenos (poeira, pólen) · Agentes microbianos (Staphylococcus aureus) · Autoalérgenos · Alimentos (ovos, leite, amendoim, soja, peixw, trigo só em lactentes e crianças) Agravantes: · Estações do ano (inverno) · Roupas (prurido é pior após a remoção da roupa) · Estresse emocional A maioria dos pacientes têm aumento de IgE, linfócitos T CD4+, Th2, células apresentadoras de antígenos e citocinas IL-4 e IL-5. MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS · Ressecamento da pele · Prurido · Rinite alérgica · Obstrução das vias nasais · Lacrimejamento PEEP: Prurido Escoriação Erupção Prurido Lesões cutâneas: · Agudas: máculas eritematosas mal definidas, pápulas e placas, com ou sem descamação; edema; erosões úmidas e crostosas. · Crônicas: liquenificação (espessamento da pele), fissuras dolorosas, alopecia Há predileção pelas áreas flexoras, regiões anterior e lateral da cervical, pálpebras, fronte, face, punhos e dorso dos pés e mãos. DA DO LACTENTE: · Início entre 2-6 meses · Nos primeiros 18 meses: área mais acometida são as faces (malar) e a superfície de extensão dos MMII e SS, podendo ser generalizado. · Normalmente melhora após os 2 anos · Pode ocorrer surtos DA INFANTIL · Pápulas, placas liquenificadas, erosões e crostas, particularmente nas fossas antidecubital e poplítea, na região cervical e na face · Pode ser generalizada · Tende a melhorar na puberdade DA DO ADULTO · Distribuição semelhante, principalmente nas áreas flexoras, mas também na face e região cervical, em que a liquenificação e as escoriações constituem os sintomas mais evidentes. · Pode ser generalizada. DIAGNÓSTICO Anamnese + exame dermatológico (morfotopografia + prurido + tendencia a cronicidade) EXAMES LABORATORIAIAS · Cultura para bactérias (S. aureus) · Aumento de IgE, eosinofilia · Antígeno do HSV COMPLICAÇÕES · Infecção secundária por S. aureus e HSV · Erupção variceliforme de Kaposi: causada pelo herpes vírus ou vacina, indica maior susceptibilidade a infecções fúngicas, viraris e bacterianas TRATAMENTO · Cuidados gerais: banho, hidratação da pele, vestuário, ambiente limpo e livre de poeira · CE tópico de baixa potência (hidrocortisona) em < 2 anos. · Hidroxizina para o prurido · Antibióticos orais (dicloxacilina, eritromicina): em caso de infecção secundária · Fototerapia com UVA-UVB CASO CLÍNICO Criança, 1 ano, com história de erupção cutânea recorrente desde os 4 meses. É o 2º filho, nascido a termo, sem intercorrências, com peso e estatura adequados, tendo recebido aleitamento materno exclusivo até o 6º mês de vida. Mãe relata que, desde os primeiros meses, a criança apresenta a pele ressecada. O prurido iniciou aos 4 meses, quando surgiram algumas erupções cutâneas difusas, predominando na face e tronco, bem como nas fossas cubitais e poplíteas. Antecedentes: mãe com asma; irmão (7 anos) com quadro pruriginoso similar até os 3 anos, que melhorou com a idade, tratamento com hidratante e uma “pomada” que não se recorda. Apresenta, concomitantemente, quadro de rinite alérgica. HD: dermatite atópica dermatite seborreica (ds) Eczema seborreico/eczemátide É uma dermatose crônica, frequente, recorrente, não contagiosa, que ocorre em regiões cutâneas ricas em glândulas sebáceas e, eventualmente, em algumas áreas intertriginosas (dobras). Constitui-se de uma doença eritemato-descamativa de caráter crônico – recidivante. EPIDEMIOLOGIA Há 2 picos de incidência: durante os primeiros 3 meses de vida e a partir da puberdade, atingindo seu ápice entre os 40-60 anos. Maior prevalência entre os indivíduos HIV + Mais comum em homens PATOGÊNESE A causa é desconhecida, mas na patogênese há uma alteração sebácea e do componente imunológico. As glândulas sebáceas são ambientes desfavoráveis para crescimento do fungo Malasseria, que se prolifera em locais com predileção para dermatite seborreica. Há uma multiplicação celular acelerada com a presença de células nucleadas na camada da córnea (no couro cabeludo com DS, o número de células nucleadas é cerca de 20x maior do que no couro cabeludo normal!) A gravidade do quadro pode variar de mínima (descamação assintomática da pele caspa) até o mais disseminado. Os pacientes acometidos são previamente hígidos, embora exista uma associação ao HIV, Parkinson etc. A doença tende a piorar com o estresse e durante o tempo frio e seco e os sintomas tendem a melhorar no verão. Seborreia: fator predisponente! Consiste na alteração qualitativa do sebum, com maior proporção de colesterol, triglicérides e parafina. As glândulas sebáceas são estimuladas por andrógenos maternos, o que explica a dermatite seborreica do lactente. MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS · Início gradual · Prurido variável e frequentemente aumenta com a transpiração · Pele vermelho-alaranjada ou branco-acinzentada, frequentemente com máculas com escamas secas brancas ou gordurosas, pápulas de dimensões variáveis ou placas nitidamente demarcadas. · No couro cabeludo, ocorre descamação acentuada (caspa), com acometimento difuso. · Pode haver lesões isoladas e dispersas na face e lesões numerosas, policíclicas e até mesmo anulares no tronco. DERMATITE SEBORREICA DO ADULTO Lesões eritemato-escamosas que atingem couro cabeludo, face (sulco nasogeniano e glabela), área retroauricular, região pubiana, axilar e torácica. DERMATITE SEBORREICA DO LACTENTE Escamas gordurosas e aderentes, sobre base eritematosa no couro cabeludo, não afetando os cabelos, constituindo a “crosta láctea”. Ocorrem manchas eritemato-escamosas na face, tronco, áreas de dobras e intertriginosas (pescoço, nuca, axilas, inguinal e genitoanal) DIAGNÓSTICO É clínico e definido com base na aparência e localização das lesões Nos pacientes com HIV: padrão histopatológico de maior gravidade, com presença de paraceratose mais disseminada e queratinócios necróticos na epiderme. DIAGNÓSTICOS DIFERENCIAIS · Psoríase: lesões secas e lesões típicas em cotovelos e joelhos é o principal DD! · Pitiríase rósea: quadro eruptivo atingindo tronco, com múltiplas lesões ovaladas ou papulosas, prurido ausente ou discreto, não acometendo o couro cabeludo e sem localização preferencial nas áreas seborreicas · Dermatite atópica: lesões pápulo-vesiculosas-secretantes,tem comprometimento da dobra anterior do cotovelo e posterior do joelho e outras manifestações como asma ou rinite · Candidíase ou dermatofitose: erupção é vista em áreas não seborreicas e em ambas o exame direto permite confirmar de imediato o diagnóstico TRATAMENTO · Orientar sobre lavagens da pele do couro cabeludo frequentemente · Evitar uso de sprays, pomadas e géis para cabelo · Descontinuação do uso de chapéus e bonés · Antifúngicos tópicos imidazólicos (cetoconazol) em xampu, creme ou loção · Corticosteroides tópicos (hidrocortisona): reduzem a inflamação, eritema e prurido · Inibidores da calcineurina tópicos (tacrolimus) · Selênio e piritionato de zinco CASO CLÍNICO Homem, 25 anos, tabagista (10 anos-maço) e etilista (10 deses/semana). Observa-se descamação furfurácea brancacentra em couro cabeludo e face, além de exuberantes pápulas na face. HD: dermatite seborreica dermatite de contato irritativa (dci) Doença inflamatória e localizada na pele, resultado do contato com diversos agentes físicos e químicos. É uma doença multifatorial e resulta da interação ds propriedades físico-químicas do agente irritante, da susceptibilidade dos pacientes e dos fatores ambientais, não dependendo da resposta imune para se desenvolver. Mulheres são mais afetadas O risco ocupacional é maior naqueles com trabalhos em locais úmidos. É a forma mais comum de doença cutânea ocupacional AGENTES ETIOLÓGICOS · Abrasivos · Produtos de limpeza · Agentes oxidantes · Agentes redutores, enzimas e secreções vegetais e animais · Pós dessecantes, poeira, solo · Exposição excessiva à água FATORES PRÉ-DISPONENTES · Atopia · Pele clara · Temperatura baixa · Clima (baixa umidade) · Oclusão · Irritação mecânica EXPOSIÇÃO AMBIENTAL · Serviços médicos, odontológicos e veterinários · Limpeza domestica · Cabeleleiros · Limpeza geral · Floricultura, agricultura, horticultura, silvicultura · Preparação e fornecimento de alimentos · Impressão gráfica, pintura · Trabalho com metais · Engenharia mecânica, manutenção de automóveis · Construção · Pesca PATOGÊNESE · Rompimento da barreira epidérmica · Danos às membranas ceulares · Efeitos citotóxicos · Liberação de citocinas pelos queratinócitos MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS Variam de pele moderadamente seca e hiperemiada a uma dermatite eczematosa crônica ou necrose da pele (queimadura química) DERMATITE AGUDA · Decorrente de exposição única a um agente químico · Eritema, edema, vasiculas, bolhas e descamação · Reação limitada ao local de contato, com sensação de ardência, parestesia ou dor DERMATITE CRÔNICA · Resultado da exposição repetida a irritantes moderados ou a baixas concentrações de irritantes fortes · Eritema, liquenificação (espessamento da pele com acentuação das marcas cutâneas), hiperceratose (espessamento da camada exterior da pele) e fissuras · Locais mais acometidos: dorso das mãos, pontas dos dedos e espaços interdigitais DIAGNÓSTICO História clínica + exame físico + biópsia de pele (se necessário) Patch teste (teste de contato) DIAGNOSTICO DIFERENCIAL · Dermatite atópica · Psoríase não pustulosa palmoplantar · Eczema distrófico TRATAMENTO · Identificar e interromper contato com agente irritativo · Corticosteroides tópicos (hidrocortisona) · Tacrolimo · Ciclosporina · Fototerapia CASO CLÍNICO Mulher, 36 anos, empregada doméstica. Refere que suas mãos a incomodam muito porque “estão sempre inchadas e pinicando nos vãos dos dedos, com a pele descamando feito cobreiro”. Ao interrogar por exposições ocupacionais ela relata que usa água quente e utiliza luvas. Ao exame, observa-se afinamento da pele com hiperemia e fissuras profundas aos sulcos interdigitais. À palpação, as mãos se apresentam quentes e dolorosa HD: dermatite de contato por irritante primário
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