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Capitulo4 (1)

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FILOSOFIA – Capítulo 04 
 
Platão e Aristóteles: os mestres 
do pensamento antigo 
 
PLATÃO: A CRIAÇÃO DA METAFÍSICA 01 
ARISTÓTELES: IMPORTÂNCIA DA REALIDADE SENSORIAL 10 
EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO 16 
EXERCÍCIOS PROPOSTOS 17 
SEÇÃO ENEM 18 
 
FRENTE
PLATÃO: A CRIAÇÃO DA 
METAFÍSICA
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Escola de Atenas, Rafael, 1506-1510. Afresco 
500 cm × 700 cm. Palácio Apostólico, Vaticano.
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an
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Platão e Aristóteles
Platão aponta para cima, numa clara referência ao mundo 
inteligível. Aristóteles tem sua mão direcionada para baixo, 
referindo-se à realidade sensorial. 
Vida e contexto histórico
Filho de Aristo e Perictona, Platão é um dos pensadores 
mais importantes de toda a história da Filosofia. Nascido 
em 427 a.C. em Atenas, Platão descendia da antiga 
nobreza daquela cidade. Pela sua descendência, teve uma 
educação esmerada para se tornar um guerreiro bom e 
belo, tal como era comum àqueles que pertenciam à sua 
estirpe, frequentando o ginásio para formação do belo e 
sendo educado pela música e pela poesia para a formação 
do guerreiro bom. Ao mesmo tempo, foi formado para a 
política, na nova Areté, e para a guerra, segundo os antigos 
costumes da aristocracia. 
Estudou com Crátilo, com o qual aprendeu as ideias de 
Heráclito. Aos vinte anos, tornou-se discípulo de Sócrates, 
tendo sido o mais importante de seus seguidores. Teve 
contato com os pitagóricos, com os quais aprendeu a 
importância da Matemática. Alguns defenderão que, com os 
pitagóricos, conheceu o pensamento de Parmênides. 
Morreu em 347 a.C., aos 80 anos. Não se sabem as causas 
exatas de sua morte, mas, ao que tudo indica, foi acometido 
por alguma doença. Diz-se que, ao receber a visita de um 
amigo, já no leito de morte, em estado febril, solicitou à 
escrava que tocasse a lira enquanto conversava com seu 
visitante, como era de costume e fazia parte da hospitalidade 
ateniense. Segundo esse relato, algumas horas mais tarde 
a febre aumentou e Platão faleceu. 
A Atenas que Platão conheceu em sua infância, a que 
vivia seu auge de desenvolvimento político, econômico, 
cultural e que despontava como centro do mundo, não foi 
a mesma Atenas de sua juventude e maturidade. A Atenas 
que Platão conheceu ao se tornar jovem estava em claro 
declínio, devido, principalmente, à Guerra do Peloponeso. 
Prestes a ser invadida pelas tropas da Macedônia, a grande 
polis grega havia perdido sua democracia e seu povo estava 
desorientado. Aos dois anos de idade, Platão vivenciou 
dois fatos importantes que representam os problemas aos 
quais a cidade estava submetida: a morte de Péricles, um 
dos mais importantes políticos atenienses, e uma peste, 
que matou milhares de pessoas, aprofundando ainda mais 
a grave crise ateniense. Devido a esses fatos, Atenas 
tentou, inclusive, negociar uma trégua com seus inimigos 
espartanos, trégua essa que durou curtos seis anos, sendo a 
guerra restabelecida até 404 a.C., com a vitória de Esparta. 
Platão e Aristóteles: os mestres 
do pensamento antigo
A
Pág 01
A segunda área em que Platão se destaca é na Acadêmica. 
A escola fundada por Platão, conhecida como Academia, 
foi o primeiro instituto de pesquisa filosófica do mundo. 
Em clara oposição à retórica sofística (Platão declarou 
uma verdadeira guerra contra este grupo), a Academia 
se diferencia por pregar a discussão e a dialética aplicada 
como o ideal e o espírito da educação, de forma que seus 
alunos possam se tornar autônomos no pensamento. Isso 
significa que Platão não tem um conjunto de saberes que 
são transmitidos como ideias prontas e acabadas, pelo 
contrário, o objetivo de sua escola é desenvolver no aluno 
o livre pensamento, estimular a pesquisa ética e política, 
induzir à busca pelas verdades que são postas à prova 
pelos argumentos contrários e pela discussão, método 
característico do processo dialético. A Academia manteve 
vivo e atuante o espírito socrático. 
Platão e a fundação da metafísica
Por metafísica, entende-se aquilo que está para além 
do mundo físico ou material. De acordo com a metafísica, 
também chamada de ontologia, os seres são formados 
por duas dimensões: a física, que compreende as coisas 
materiais e sensíveis, portanto mutáveis, e a essência, que 
se constitui naquilo que é imutável e que só é compreendido 
pela racionalidade humana. Dessa forma, pode-se dizer 
que a metafísica busca encontrar ou conhecer aquilo que é 
essencial do ser e que está para além de sua matéria.
Diz-se que Platão fundou a metafísica, pois a filosofia 
platônica foi a primeira a afirmar a existência de uma outra 
realidade superior à realidade do mundo sensível. Essa 
dimensão suprassensível, metafísica, ficou conhecida como 
o mundo inteligível ou, como é mais comumente chamada, 
mundo das ideias. É interessante ressaltar que, atualmente, 
existem algumas críticas a esse nome, pela confusão 
que pode trazer. No entanto, nessa concepção, deve-se 
entender por ideias não uma simples formulação racional da 
inteligência humana ou capacidade intelectiva, mas formas 
inteligíveis que existem por conta própria e que constituem 
a essência ou causa primeira da realidade sensível.
Platão está preocupado com um conhecimento do ser 
que ultrapasse a simples aparência, que pode gerar uma 
multiplicidade de saberes. Para ele, existe um saber único 
sobre as coisas, um saber imutável e essencial que deve 
ser encontrado para que o homem possua o conhecimento 
verdadeiro. Aqui encontramos a diferença entre Platão e 
Sócrates. Enquanto Sócrates está preocupado em conhecer 
a essência da ação, ou seja, os conceitos sobre os valores 
ou princípios que devem ser tomados como fundamentos 
das ações humanas – por isso sua discussão é sobre o que 
é justiça, coragem, amor, amizade, virtude, etc. –, Platão 
vai mais além em busca de uma teoria do ser. Com essa 
teoria, Platão buscará pensar uma natureza última dos seres, 
As obras de Platão e a Academia
Duas foram as grandes áreas em que Platão se destacou: 
nos escritos e na Acadêmica. 
Mosaico de Pompéia. A Academia de Platão.
Após muitos anos discutindo-se a autenticidade dos 
escritos de Platão, hoje se acredita que temos acesso à 
totalidade de suas obras. Estas se dividem em treze cartas, 
duas obras não dialogadas, escritas na forma de longos 
trechos expositivos (Apologia de Sócrates) e (Menexeno) 
e vinte e três diálogos, em que o personagem principal 
é sempre Sócrates, seu mestre, dialogando com um ou 
alguns homens. Quanto aos diálogos, podemos dividi-los em 
socráticos, aqueles nos quais Platão tenta ser fiel às ideias 
de Sócrates, e os não socráticos, nos quais Platão, apesar 
de continuar a se referir a Sócrates como protagonista, 
coloca na boca deste suas próprias ideias. Os diálogos 
não socráticos também recebem uma divisão: diálogos 
da mocidade (em que Platão ainda está bem próximo das 
ideias de Sócrates), da maturidade (não aporéticos, isto é, 
inconclusivos, em que Platão expõe com mais clareza as 
suas próprias ideias) e da velhice (em que Platão assume 
um tom menos de diálogo e mais de discurso). 
Papiro Oxyrhynchus, com trecho da República, de Platão.
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em que tudo o que existe, sejam coisas materiais, ou 
imateriais, se origine de algo que seria a verdadeira 
perfeição dessas coisas ou seres. Dessa maneira, Platão 
está procurando a natureza essencial do ser. Conhecer a 
essência é conhecer validamente e perfeitamente o que a 
coisa é em si e não somente o que se pensa sobre a coisa 
a partir de sua manifestação visível nos seres. 
É precisamente essa natureza essencial que Platão chama 
de ideia ou forma e que está em um nível superior, no mundo 
inteligível ou das ideias, como dito anteriormente. Essa 
separação entre o sensível e o inteligível, entre o visível e o 
invisível, está na base da teoria do conhecimento de Platão. 
Assim, conhecer verdadeiramente o que uma coisa é significa 
encontrar, por meio da razão, a ideia que a originou, a forma 
inteligível,do mundo superior e perfeito das ideias, onde 
estão as verdades, as essências de todas as coisas. 
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Cena do filme Matrix, de 1999. Tal como na filosofia de Platão, 
essa produção traz duas realidades, sendo uma falsa e outra 
verdadeira.
É neste contexto que Platão fala do Demiurgo, uma 
espécie de deus-artífice que criou todas as coisas do mundo 
sensível. Assim, o Demiurgo, tomando como modelo as ideias 
inteligíveis ou formas perfeitas, que são eternas e imutáveis, 
plasmou, deu forma à matéria disforme (assim como o 
Deus cristão, ao criar o homem, modelou o barro disforme), 
imprimindo nessa matéria a forma, de acordo com o modelo 
perfeito. Para compreendermos melhor: há uma forma (o 
mundo ideal ou das formas perfeitas) que foi o modelo de 
todas as coisas. A partir desse modelo, o Demiurgo criou 
todas as coisas sensíveis, que são, por isso mesmo, uma 
cópia (o mundo sensível). Sendo cópia, segundo Platão, o 
mundo sensível é imperfeito, mutável, passageiro. 
Alcançar a verdade última e essencial das coisas exige um 
exercício de reflexão para que o homem alcance a própria 
ideia em si, os modelos que foram utilizados para a criação. 
Assim, a verdade para Platão não está na realidade sensível, 
que não passa de cópia imperfeita, mas na imutabilidade, na 
perfeição das ideias que devem ser buscadas pelo homem. 
Encontrando-as, o homem encontra a verdade, a essência. 
Desse modo, fica ainda mais fácil compreendermos a 
diferença entre a filosofia de Platão e a de seu mestre. 
A Sócrates interessa a vida do homem real, em sociedade, 
e como esse homem deve agir. Por isso, é conhecido como o 
“pai da ética”, pois sua preocupação é com o comportamento 
do homem e com a vida em sociedade. Já para Platão a 
filosofia é essencialmente teoria, tentativa de contemplar, por 
um processo de abstração, a natureza verdadeira e última 
dos seres. Sua preocupação é com o fundamento de toda 
a realidade. É claro que Platão também se preocupa com 
as ações humanas, como pode ser verificado na República 
e na Carta sétima. No entanto, como estamos enfatizando 
aqui, Platão funda uma teoria do conhecimento, mostrando 
ao homem como é possível conhecer o mundo e as coisas de 
forma verdadeira. Apesar de estarmos no mundo e também 
participarmos de sua imperfeição, porque também somos 
materiais, nossa alma, nossa inteligência deve buscar a 
verdade dos seres, verdade esta que se encontra em uma 
dimensão superior.
Como é possível conhecer: a 
epistemologia de Platão
Um dos pontos fundamentais da filosofia platônica é sua 
resposta ao problema nascido do embate entre Parmênides 
e Heráclito quanto ao ser e ao seu conhecimento. Heráclito 
é o filósofo do devir, para ele, tudo está em constante 
movimento. Segundo seu pensamento, não há o que se 
conhecer, porque o objeto a ser conhecido muda o tempo 
todo, assim como o sujeito conhecedor. Para Platão, o erro 
heraclitiano foi o de considerar que a única coisa que existe 
é o devir, não existindo nada além do mundo físico, da 
materialidade das coisas sensíveis que estão, inegavelmente, 
em constante transformação. Ao contrário de Heráclito, 
Parmênides acredita que o que existe é somente o ser, 
entendido como aquilo que é imóvel, imutável e eterno. 
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Assim, para Parmênides só existiria a essência, sendo que 
a aparência, aquilo, que se transforma, seria o não ser. 
Segundo Platão, Parmênides também cometeu um erro, 
pois não há como negar a existência das coisas sensíveis. 
Desse modo, Platão procura trazer uma resposta ao 
problema dos dois mais importantes pré-socráticos, ao 
propor que o ser e o não ser existem, mas cada um possui 
características fundamentalmente distintas. Ao pensar no 
mundo sensível e no mundo inteligível, Platão identificou o 
inteligível com a teoria proposta por Parmênides, pois as ideias 
inteligíveis são perfeitas e imutáveis. Já a tese de Heráclito 
é identificada com o mundo sensível, em que tudo está em 
constante movimento. O homem vive no mundo sensível, 
estando, portanto, à mercê da mudança e da transitoriedade. 
Porém, a alma do homem, que veio do inteligível, corresponderia 
àquilo que não muda, e é por meio dela que o homem busca 
as verdades, as ideias, as essências da realidade inteligível. 
Com base no que foi discutido até aqui, nos perguntamos: 
como esse conhecimento, essa subida do sensível ao 
inteligível para atingir a verdade “em si e por si” acontece? 
A ascensão dialética
Para Platão, o conhecimento das ideias acontece por meio 
da dialética, que busca a verdade num processo de ascensão, 
isto é, o homem não alcança a verdade de uma só vez, mas 
tal conhecimento se dá numa subida gradativa e constante 
até que o sujeito alcance a ideia em si mesma, ou seja, 
contemple, no final desse processo, a forma inteligível. 
No livro VI da República, a exposição da teoria do 
conhecimento de Platão se dá na separação entre graus 
diferentes de conhecimento, fundamentando-se na 
separação entre mundo sensível e mundo inteligível. 
A alma, através de um processo de busca e ascensão, sairia 
do sensível, no nível mais básico do conhecimento, a eikasía 
– conhecimento baseado somente nas imagens dos seres – 
até atingir o mais alto conhecimento, a nóesis ou episteme, 
estando, no meio desse caminho, o conhecimento da pístis, 
ou doxa, e da diánoia. Platão resume esse processo em um 
diagrama, a “Similitude da linha”, que podemos representar 
da seguinte forma:
Ascensão
da alma
EIKASÍA
PÍSTIS OU DÓXA
DIÁNOIA
NÓESIS OU EPISTEME
Imagens das coisas
sensíveis – simulacros
Crenças e opiniões 
sobre as coisas sensíveis
Raciocínio dedutivo –
conhecimento matemático
Intuição intelectiva
ou ciência – conhecimento
das ideias ou formas
 inteligíveis
Mundo
Sensível
Mundo
Inteligível
Pelo diagrama anterior, podemos compreender com mais clareza o que Platão chama de ascensão dialética. Segundo ele, 
o homem deve sair do grau mais baixo do conhecimento, que seria o conhecimento somente das imagens dos seres. Esse é 
um conhecimento de “segunda mão”, sendo comparado à imagem do ser refletida por um espelho. O homem não olha para 
o ser em si, enxergando somente seu reflexo. 
Em um segundo momento, o conhecimento alcançaria um nível acima, ainda no mundo sensível, da mutabilidade e da 
imperfeição, que seria o conhecimento das coisas sensíveis ou materiais. Observe que tal conhecimento, por se basear nos 
dados sensíveis, é sempre imperfeito, já que parte de opiniões diversas, pois cada homem pode perceber os objetos de modo 
diferente e também porque os próprios objetos estão em constante mudança. 
No terceiro momento, o homem já sairia do mundo sensível e atingiria o primeiro estágio do conhecimento do mundo 
inteligível, que seria o conhecimento matemático. A matemática é um modo superior de conhecimento porque ela não lida 
com as coisas sensíveis, é abstrata e racional, não dependendo dos sentidos, que são imperfeitos, para atingir a verdade. 
Vemos aqui claramente a influência do pensamento pitagórico na filosofia platônica e entendemos por que, na porta de 
sua Academia, havia uma placa com os seguintes dizeres: “Quem não é geômetra não entre!”. Apesar de o homem, 
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nesse estágio, alcançar um modo superior de conhecimento, 
este ainda não é o maior e mais perfeito conhecimento. 
O último e definitivo estágio do saber seria quando o 
homem, por meio do exercício racional, atingisse a intuição 
intelectiva, que seria o conhecimento por excelência. Nesse 
estágio, o homem alcançaria as ideias perfeitas, as formas 
inteligíveis, as essências das coisas. Aqui ele atingiria o 
conhecimento de fato. 
Devemos enfatizar que as ideias ou formas não são simples 
conceitos mentais, mas entidades ou essências que existem 
por si mesmas em um sistema hierárquico bem organizado. 
No topo dessa hierarquia, estaria a ideia do bem, a mais 
importante de todas as ideias. A passagem de um grau a 
outro se dá pela dialética,quando o homem encontra as 
contradições no nível de conhecimento inferior e passa 
ao grau seguinte. Nesse sentido, a educação ocupa papel 
fundamental na filosofia platônica, pois é por ela que a alma 
é direcionada (o que se conhece também como educação da 
inteligência) para vir a contemplar a ideia do bem. Dessa 
forma, diz Platão:
a educação [...] seria uma arte da reviravolta, uma arte 
que sabe como fazer o olho mudar de orientação do modo 
mais fácil e mais eficaz possível; não a arte de produzir nele 
o poder de ver, pois ele já o possui, sem ser corretamente 
orientado e sem olhar na direção que deveria, mas a arte 
de encontrar o meio para reorientá-lo.
PLATÃO. República. VII 518D.
A imagem mais conhecida e também a mais interessante 
utilizada por Platão para explicar sua teoria do conhecimento 
encontra-se no “Mito da Caverna”. Vejamos: 
SÓCRATES – Figura-te agora o estado da natureza humana, 
em relação à ciência e à ignorância, sob a forma alegórica 
que passo a fazer. Imagina os homens encerrados em morada 
subterrânea e cavernosa que dá entrada livre à luz em toda 
extensão. Aí, desde a infância, têm os homens o pescoço e as 
pernas presos de modo que permanecem imóveis e só vêem 
os objetos que lhes estão diante. Presos pelas cadeias, não 
podem voltar o rosto. Atrás deles, a certa distância e altura, 
um fogo cuja luz os alumia; entre o fogo e os cativos imagina 
um caminho escarpado, ao longo do qual um pequeno muro 
parecido com os tabiques que os pelotiqueiros põem entre si 
e os espectadores para ocultar-lhes as molas dos bonecos 
maravilhosos que lhes exibem. 
GLAUCO – Imagino tudo isso. 
SÓCRATES – Supõe ainda homens que passam ao longo 
deste muro, com figuras e objetos que se elevam acima 
dele, figuras de homens e animais de toda a espécie, 
talhados em pedra ou madeira. Entre os que carregam tais 
objetos, uns se entretêm em conversa, outros guardam 
em silêncio. 
GLAUCO – Similar quadro e não menos singulares cativos! 
SÓCRATES – Pois são nossa imagem perfeita. Mas, dize-
me: assim colocados, poderão ver de si mesmos e de seus 
companheiros algo mais que as sombras projetadas, à 
claridade do fogo, na parede que lhes fica fronteira? 
GLAUCO – Não, uma vez que são forçados a ter imóveis a 
cabeça durante toda a vida. 
SÓCRATES – E dos objetos que lhes ficam por detrás, 
poderão ver outra coisa que não as sombras? 
GLAUCO – Não. 
SÓCRATES – Ora, supondo-se que pudessem conversar, 
não te parece que, ao falar das sombras que vêem, lhes 
dariam os nomes que elas representam? 
SÓCRATES – Figura-te agora o estado da natureza 
humana, em relação à ciência e à ignorância, sob a 
forma alegórica que passo a fazer. Imagina os homens 
encerrados em morada subterrânea e cavernosa que dá 
entrada livre à luz em toda extensão. Aí, desde a infância, 
têm os homens o pescoço e as pernas presos de modo que 
permanecem imóveis e só vêem os objetos que lhes estão 
diante. Presos pelas cadeias, não podem voltar o rosto. 
Atrás deles, a certa distância e altura, um fogo cuja luz 
os alumia; entre o fogo e os cativos imagina um caminho 
escarpado, ao longo do qual um pequeno muro parecido 
com os tabiques que os pelotiqueiros põem entre si e 
os espectadores para ocultar-lhes as molas dos bonecos 
maravilhosos que lhes exibem. 
GLAUCO – Imagino tudo isso. 
SÓCRATES – Supõe ainda homens que passam ao longo 
deste muro, com figuras e objetos que se elevam acima 
dele, figuras de homens e animais de toda a espécie, 
talhados em pedra ou madeira. Entre os que carregam tais 
objetos, uns se entretêm em conversa, outros guardam 
em silêncio. 
GLAUCO – Similar quadro e não menos singulares cativos! 
SÓCRATES – Pois são nossa imagem perfeita. Mas, dize-me: 
assim colocados, poderão ver de si mesmos e de seus 
companheiros algo mais que as sombras projetadas, à 
claridade do fogo, na parede que lhes fica fronteira? 
GLAUCO – Não, uma vez que são forçados a ter imóveis a 
cabeça durante toda a vida. 
SÓCRATES – E dos objetos que lhes ficam por detrás, 
poderão ver outra coisa que não as sombras? 
GLAUCO – Não. 
SÓCRATES – Ora, supondo-se que pudessem conversar, 
não te parece que, ao falar das sombras que vêem, lhes 
dariam os nomes que elas representam? 
GLAUCO – Sem dúvida. 
Pág 05
SÓCRATES – E, se, no fundo da caverna, um eco lhes 
repetisse as palavras dos que passam, não julgariam certo 
que os sons fossem articulados pelas sombras dos objetos? 
GLAUCO – Claro que sim. 
SÓCRATES – Em suma, não creriam que houvesse nada de 
real e verdadeiro fora das figuras que desfilaram. 
GLAUCO – Necessariamente. 
SÓCRATES – Vejamos agora o que aconteceria, se se 
livrassem a um tempo das cadeias e do erro em que 
laboravam. Imaginemos um destes cativos desatado, 
obrigado a levantar-se de repente, a volver a cabeça, a 
andar, a olhar firmemente para a luz. Não poderia fazer 
tudo isso sem grande pena; a luz, sobre ser-lhe dolorosa, 
o deslumbraria, impedindo-lhe de discernir os objetos cuja 
sombra antes via. 
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Que te parece agora que ele responderia a quem lhe 
dissesse que até então só havia visto fantasmas, porém que 
agora, mais perto da realidade e voltado para objetos mais 
reais, via com mais perfeição? Supõe agora que, apontando-
lhe alguém as figuras que lhe desfilavam ante os olhos, o 
obrigasse a dizer o que eram. Não te parece que, na sua 
grande confusão, se persuadiria de que o que antes via era 
mais real e verdadeiro que os objetos ora contemplados? 
GLAUCO – Sem dúvida nenhuma. 
SÓCRATES – Obrigado a fitar o fogo, não desviaria os 
olhos doloridos para as sombras que poderia ver sem dor? 
Não as consideraria realmente mais visíveis que os objetos 
ora mostrados? 
GLAUCO – Certamente. 
SÓCRATES – Se o tirassem depois dali, fazendo-o subir 
pelo caminho áspero e escarpado, para só o liberar quando 
estivesse lá fora, à plena luz do sol, não é de crer que daria 
gritos lamentosos e brados de cólera? Chegando à luz do 
dia, olhos deslumbrados pelo esplendor ambiente, ser-lhe 
ia possível discernir os objetos que o comum dos homens 
tem por serem reais? 
GLAUCO – A princípio nada veria. 
SÓCRATES – Precisaria de algum tempo para se afazer à 
claridade da região superior. Primeiramente, só discerniria 
bem as sombras, depois, as imagens dos homens e outros 
seres refletidos nas águas; finalmente erguendo os olhos 
para a Lua e as estrelas, contemplaria mais facilmente os 
astros da noite que o pleno resplendor do dia. 
GLAUCO – Não há dúvida. 
SÓCRATES – Mas, ao cabo de tudo, estaria, decerto, em 
estado de ver o próprio sol, primeiro refletido na água e 
nos outros objetos, depois visto em si mesmo e no seu 
próprio lugar, tal qual é. 
GLAUCO – Fora de dúvida. 
SÓCRATES – Refletindo depois sobre a natureza deste 
astro, compreenderia que é o que produz as estações e 
o ano, o que tudo governa no mundo visível e, de certo 
modo, a causa de tudo o que ele e seus companheiros 
viam na caverna. 
GLAUCO – É claro que gradualmente chegaria a todas 
essas conclusões. 
SÓCRATES – Recordando-se então de sua primeira morada, 
de seus companheiros de escravidão e da idéia que lá se 
tinha da sabedoria, não se daria os parabéns pela mudança 
sofrida, lamentando ao mesmo tempo a sorte dos que lá 
ficaram? 
GLAUCO – Evidentemente. 
SÓCRATES – Se na caverna houvesse elogios, honras 
e recompensas para quem melhor e mais prontamente 
distinguisse a sombra dos objetos, que se recordasse com 
mais precisão dos que precediam, seguiam ou marchavam 
juntos, sendo, por isso mesmo, o mais hábil em lhes 
predizer a aparição, cuidas que o homem de que falamos 
tivesse inveja dos que no cativeiro eram os mais poderosos 
e honrados? Não preferiria mil vezes, como o herói de 
Homero, levar a vida de um pobre lavrador e sofrer tudo 
no mundo a voltar às primeiras ilusões e viver a vida que 
antes vivia? 
GLAUCO– Não há dúvida de que suportaria toda a espécie 
de sofrimentos de preferência a viver da maneira antiga. 
SÓCRATES – Atenção ainda para este ponto. Supõe que 
nosso homem volte ainda para a caverna e vá assentar-se 
em seu primitivo lugar. Nesta passagem súbita da pura luz 
à obscuridade, não lhe ficariam os olhos como submersos 
em trevas? 
GLAUCO – Certamente. 
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SÓCRATES – Se, enquanto tivesse a vista confusa – porque 
bastante tempo se passaria antes que os olhos se afizessem 
de novo à obscuridade – tivesse ele de dar opinião sobre as 
sombras e a este respeito entrasse em discussão com os 
companheiros ainda presos em cadeias, não é certo que os 
faria rir? Não lhe diriam que, por ter subido à região superior, 
cegara, que não valera a pena o esforço, e que assim, se 
alguém quisesse fazer com eles o mesmo e dar-lhes 
a liberdade, mereceria ser agarrado e morto? 
GLAUCO – Por certo que o fariam. 
SÓCRATES – Pois agora, meu caro Glauco, é só aplicar 
com toda a exatidão esta imagem da caverna a tudo o que 
antes havíamos dito. O antro subterrâneo é o mundo visível. 
O fogo que o ilumina é a luz do sol. O cativo que sobe à 
região superior e a contempla é a alma que se eleva ao 
mundo inteligível. Ou, antes, já que o queres saber, é este, 
pelo menos, o meu modo de pensar, que só Deus sabe se é 
verdadeiro. Quanto à mim, a coisa é como passo a dizer-te. 
Nos extremos limites do mundo inteligível está a idéia do 
bem, a qual só com muito esforço se pode conhecer, mas 
que, conhecida, se impõe à razão como causa universal 
de tudo o que é belo e bom, criadora da luz e do sol no 
mundo visível, autora da inteligência e da verdade no 
mundo invisível, e sobre a qual, por isso mesmo, cumpre 
ter os olhos fixos para agir com sabedoria nos negócios 
particulares e públicos.
PLATÃO. República. VII 515a – 517d
A caverna é o mundo sensível onde vivemos. A pouca luz 
da fogueira que projeta as sombras na parede da caverna 
é um reflexo da luz verdadeira sobre o mundo sensível. 
Os prisioneiros são todos os homens que estão presos no 
mundo sensível e imperfeito. As sombras são as coisas 
sensíveis que os homens tomam como verdadeiras, mas 
que não passam de cópias das ideias perfeitas. As correntes 
são os preconceitos dos homens, a confiança nas opiniões 
obtidas pelos sentidos. O instrumento que faz possível se 
libertar das correntes para sair da caverna é a dialética. 
O prisioneiro que escapa é a representação do filósofo que 
busca o conhecimento e não se contenta com aquilo que é 
“normal”. A luz que o prisioneiro vê é o próprio Sol, a ideia 
do bem, que ilumina todo o mundo inteligível como o Sol 
ilumina o sensível. O retorno à caverna com a intenção de 
levar os homens para fora é o convite ao diálogo filosófico. 
Dessa forma, o conhecimento, como representado no Mito 
da Caverna, é um ato de libertação e de iluminação da 
alma rumo à verdade; é a tentativa de retirar o homem da 
ignorância das trevas e levá-lo à claridade do conhecimento. 
A reminiscência da alma: 
“Conhecer é relembrar”
Será que todos os homens podem se libertar da caverna 
para atingir a visão do Sol, alcançando a verdade? Todos 
os homens podem sair da ignorância, do conhecimento 
sensível e imperfeito e alcançar o conhecimento perfeito 
e verdadeiro do inteligível? A resposta de Platão a essas 
perguntas encontra-se na teoria da reminiscência da alma. 
Utilizando-se de imagens, recurso didático muito 
característico do filósofo, Platão tenta tornar claro seu 
pensamento por meio do mito de Er, conhecido também 
como o Mito da Reminiscência ou da Anamnese. 
Nesse mito, Platão narra a história do pastor Er, que, 
levado por uma deusa, visita o reino dos mortos, onde ficam 
as almas de todos os homens serenamente contemplando as 
ideias ou formas inteligíveis. Nesse lugar, as almas aguardam 
um dia em que poderão se encarnar em novos corpos, sendo 
que elas poderão escolher a vida que terão na Terra. Após 
sua escolha, elas são encaminhadas ao rio do esquecimento, 
Léthe (contrário a Alétheia, que significa verdade ou o 
não esquecido). Aquelas almas que escolherem uma vida 
de prazeres, desejos, luxúrias, fama, prestígio, riquezas, 
bebem a água do rio do esquecimento em muita quantidade. 
Aquelas almas que escolherem uma vida de conhecimento, 
de sabedoria, bebem a água do rio em pouca quantidade. 
Nesse caso, as almas que beberam muita água se afastam 
quase por completo do conhecimento, pois esquecem as 
ideias que um dia contemplaram. Já as almas que beberam 
pouca água estão mais próximas do conhecimento, pois 
facilmente podem se lembrar das ideias perfeitas que um 
dia contemplaram. Estas últimas almas desejarão a verdade, 
serão por ela atraídas, amarão o saber, pois nelas haverá a 
vaga lembrança daquilo que um dia contemplaram. 
Assim, podemos compreender por que, para Platão, 
conhecer é relembrar. As ideias já foram contempladas, o 
homem já as conhece pela alma. O processo de conhecimento 
consiste em, por meio da dialética, levar a alma à lembrança 
daquilo que já existe dentro dela. 
A teoria da tripartição da alma: 
a psicologia platônica e a divisão 
entre corpo e alma
Vimos que, na filosofia platônica, é clara a separação 
entre o sensível e o inteligível, os dois mundos ou as 
duas realidades, o que nos leva à conclusão de que o 
conhecimento desses dois mundos também é diferente, 
sendo o conhecimento do sensível imperfeito e passageiro, 
e o do inteligível, perfeito e verdadeiro. 
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Sendo o homem constituído de corpo e de alma, qual 
dessas duas realidades poderia alcançar o conhecimento 
verdadeiro das ideias? Evidentemente, apenas a alma. 
O corpo é constituído de matéria e nele estão os sentidos – 
tato, olfato, paladar, audição e visão –, que só permitem um 
conhecimento ilusório e passageiro dos seres, não levando à 
verdade. A alma humana possui uma origem supraterrena, 
e sua destinação é o conhecimento da verdade e do bem. 
Por isso, ela busca o que é superior e não se prende àquilo 
que é passageiro do mundo sensível. 
Platão, em sua obra Fedro, utiliza o Mito do Cocheiro para 
falar sobre a separação existente dentro da própria alma 
do homem. Nesse mito, tem-se a imagem da carruagem, 
que, guiada por um cocheiro, é puxada por dois cavalos, um 
bom e obediente e outro mal e desobediente. A carruagem 
é o próprio homem e sua alma é dividida em três partes:
1ª Parte racional ou alma racional: Representa o 
cocheiro, aquele que deve conduzir a carruagem 
ao seu destino. A parte racional deve comandar os 
cavalos e dirigi-los ao conhecimento do inteligível. 
É a sede do pensamento, sendo uma faculdade 
ativa e superior. Está localizada na cabeça e é a 
alma imortal. 
2ª Parte colérica ou alma irascível: Representa no 
mito o cavalo bom e obediente, aquele que é fiel 
e obedece ao cocheiro. Essa parte da alma tem 
como função garantir a manutenção e a segurança 
do corpo e da vida. Protesta e se irrita contra tudo 
o que possa ameaçar o homem e que seja fonte de 
dor e sofrimento. É a faculdade combativa da alma. 
Protege a vida contra todos os perigos das coisas 
materiais e mundanas. Está localizada no peito, isto 
é, no coração e é mortal. 
3ª Parte apetitiva ou alma apetitiva ou concupiscente: 
Representa o cavalo mal e desobediente. É a parte 
da alma que busca as coisas materiais e a satisfação 
dos desejos e prazeres corporais. Está preocupada 
com bebida, comida, sexo e prazeres em geral, 
ou seja, aquilo que é necessário à manutenção 
da vida material. É a parte passional do homem, 
que sempre está em busca da satisfação de seus 
desejos passageiros. É mortal, sempre insatisfeita 
e sedenta de mais prazer. Localiza-se no baixo 
ventre, entre o “diafragma e o umbigo”. Precisa 
ser controlada.
Com essa imagem Platão dirá que é necessário que a 
alma racional, com a ajuda da alma irascível, domine a alma 
apetitiva.O cocheiro, com a ajuda do cavalo bom, domina 
o cavalo mal. A tarefa ética ou moral da alma racional é se 
sobrepor e dominar as outras duas almas e harmonizá-las 
consigo. A alma temperante é aquela que não cede aos 
impulsos dos prazeres, que pode administrá-los de acordo 
com a racionalidade, sabendo de seus limites. A razão 
domina a alma irascível, que é aquela que administra, 
coordena, domina a alma concupiscível. A virtude da alma 
irascível é a coragem, a força, e por isso ela age diretamente 
no domínio da alma apetitiva, controlando até onde podem 
ir os desejos e prazeres, preservando a integridade do 
homem e discernindo o que é bom e mau para a vida do 
corpo, de forma a não deixar que o homem se perca na 
busca indiscriminada dos prazeres. 
O amor platônico
Na concepção do senso comum, o amor platônico é 
entendido como um amor impossível de ser realizado, por isso 
idealizado e inacessível. Um amor romântico e que não pode 
ser concretizado. Uma amor irreal e enganoso. Porém, essa 
acepção, presente inclusive em dicionários, foge às ideias de 
Platão, pois, segundo o filósofo, o amor não é um sentimento, 
mas sim uma força que impulsiona o homem a algum lugar. 
Em Sua obra, o Banquete, Platão fala sobre a natureza do Amor. 
A tumba Tuffatore (480 e 470 a.C.) Representa um típico 
Banquete ou festa particular feita pelos gregos.
Em Platão, o tema da beleza, da busca pelo belo, não se 
restringe à estética, à arte, inclusive porque esta é vista 
como uma forma ainda mais imperfeita de conhecimento, já 
que seria a imitação daquilo que já é imitação, ou seja, a arte 
é imitação do real e este, por sua vez, é cópia da ideia ou 
forma perfeita. A beleza, que para Platão está junto ao bem, 
ideia mais sublime, que no Mito da Caverna corresponde 
ao Sol, deve ser buscada pelo eros, pelo amor. O eros, 
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o amor, é a força mediadora entre o sensível e o inteligível. 
O amor em si não é belo nem bom, mas é a força que leva o 
sujeito à busca do belo e do bom. O amor não é o fim em si 
mesmo, mas o caminho que leva ao conhecimento da ideia. 
A filosofia está entre a ignorância e a sabedoria, pois é 
o reconhecimento de que não se sabe, mas que se pode 
saber. E o que faz com que o homem busque, se coloque a 
caminho, se dedique ao exercício da dialética para encontrar 
o conhecimento é exatamente o amor. A alma do homem, 
que um dia contemplou as verdades, ao encarnar num 
corpo material, passa por um processo de esquecimento. 
Vivendo no mundo sensível, o homem está distante das 
verdades, mas traz em si a nostalgia destas. Desse modo, 
o amor é a força que leva o homem a buscar aquilo que um 
dia contemplou. O amor é, portanto, a força geradora que 
faz o homem buscar aquilo que um dia esteve junto de si 
e pelo processo de esquecimento se tornou distante, mas 
ainda sim alcançável pelo conhecimento. 
O eros é justamente este anseio de voltar para o lugar 
de onde veio, lugar este em que conhecia a beleza em 
si, por meio da contemplação das idéias. O eros é este 
desejo de voar novamente, depois de ter perdido as asas 
e ter-se precipitado para cá embaixo. É a tentativa de 
lembrar o que se esqueceu. O eros é a busca da recordação 
daquela realidade primeira, onde o homem, neste mundo, 
somente pela filosofia poderá satisfazer seu desejo de 
transcendência.
TEIXEIRA, Evilázio Francisco. A educação do homem 
segundo Platão. São Paulo: Paulus, 1999. p. 94.
A concepção política de Platão
Sendo um filósofo que se importou fundamentalmente 
com a vida da cidade, Platão tratou em sua obra mais 
importante, a República, da política e procurou apontar 
quais são os caminhos adequados para que a cidade possa 
ser corretamente governada, de forma a alcançar seu bem 
maior: a felicidade dos cidadãos no cumprimento da justiça. 
Segundo o filósofo, a finalidade da política não é outra senão 
a realização da justiça para o bem comum da cidade, e 
nunca a simples posse do poder. Nesse aspecto, o homem 
livre é somente o cidadão da polis, sendo que sua liberdade 
se realiza exclusivamente na cidade, vivendo junto aos seus 
concidadãos. Sendo então a moral privada, particular, inferior 
à moral pública, coletiva. Os interesses pessoais devem estar 
abaixo dos interesses coletivos. 
Contrariando os sofistas, Platão acredita que a cidade não 
deve ser governada pelo melhor discurso, pois este pode 
não ser a melhor ideia. O filósofo não acredita que qualquer 
pessoa possa ocupar o governo da cidade, sendo averso à 
democracia e à monarquia, acreditando que a cidade deve 
ser governada pelos melhores em inteligência e sabedoria, 
ou seja, por um governo de poucos a favor de todos, 
sendo estes poucos os filósofos. Enfim, Platão propõe uma 
sofocracia (Sophos: sábios; Kratia: poder). 
Tal como a alma possui três partes ou faculdades, a polis 
também é possuidora de três partes ou classes sociais distintas: 
a dos magistrados, a dos guerreiros ou soldados e a do povo, 
constituída pelos agricultores, comerciantes e artesãos.
Em um regime democrático, as três classes governam 
conjuntamente. Na aristocracia tradicional, os guerreiros 
poderiam ocupar a função de magistrados. Na monarquia, 
um guerreiro ou um rico comerciante, artesão ou agricultor 
poderia ocupar o posto de magistrado. O que há de errado 
nessas formas de governo, segundo Platão, é que em 
todas pode haver uma confusão de funções, o que levará à 
injustiça, característica de cidades mal governadas.
Na concepção política platônica, o povo é responsável pela 
sobrevivência da polis, ao produzir o que é necessário para 
que a cidade se mantenha, como alimentos, construções, 
manufaturas, etc. A classe social do povo corresponde, na 
teoria da tripartição da alma, à parte inferior, à alma apetitiva 
ou concupiscente e está preocupada com o bem pessoal, 
com a riqueza e o prestígio. Se essa parte comandasse a 
cidade, esta estaria à mercê do enriquecimento, da vida 
luxuosa e de prazeres, o que não traria como consequência 
o bem comum, finalidade última do governo.
A classe dos guerreiros, que corresponde à alma irascível, 
é responsável pela defesa da cidade. Se essa classe ocupasse 
o governo, prevaleceriam os combates, a guerra, o gosto 
pela luta em busca de fama e glória. Nesse caso, a cidade 
estaria envolvida em intermináveis conflitos, tanto externos 
quanto internos, e, assim, fica evidente que o bem comum 
não seria alcançado.
A terceira classe social, representada pelos magistrados, 
a menos numerosa de todas, é encarregada de fazer as 
leis e torná-las efetivas. Porém, como acontece na alma, 
em que a parte racional pode estar dominada pelas outras, 
desviando-se de seu objetivo, os magistrados podem se 
ver dominados pelas outras classes sociais. O povo pode 
dominá-la pela corrupção e os guerreiros pelo medo. Além 
disso, os magistrados podem não conhecer verdadeiramente 
a ideia de justiça, o que comprometeria a qualidade das leis. 
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Segundo Platão, em sua nova proposta política, a cidade 
deve ser governada pelos magistrados, desde que estes 
sejam adequadamente preparados para isso, e deve haver 
uma clara separação das funções de cada uma das outras 
classes sociais. Os agricultores, artesãos e comerciantes 
devem ser educados para o estrito cumprimento de sua 
função, a de cuidar da sobrevivência da cidade. A classe 
dos guerreiros ou soldados deve ser educada para guardar 
e proteger a cidade. Os guerreiros devem ser escolhidos por 
um processo de educação ainda quando crianças, processo 
do qual participariam tanto homens quanto mulheres e em 
que haveria uma escolha daqueles que devem seguir para 
o treinamento cívico (ginástica, música, dança e arte). 
Os soldados ou guerreiros não teriam absolutamente 
nenhuma posse particular, nem mesmo formariam famílias. 
Eles devem ser como cães de guarda: carinhosos e afáveis 
com os seus e terríveis e implacáveiscom os inimigos. 
A classe dos magistrados seria constituída por aqueles 
que seriam preparados para o governo da cidade. A função 
destes seria promover a justiça e não simplesmente deter o 
poder. E como estes homens seriam escolhidos e preparados 
para se tornarem filósofos? O sistema educacional proposto 
por Platão é bem particular.
Sistema educacional proposto por Platão
Inicialmente, todas as crianças receberiam a mesma 
educação até os sete anos, quando se iniciariam as seleções 
para a escolha dos futuros governantes da cidade, além da 
divisão das demais classes sociais.
• 7 anos – Primeira seleção: Os menos aptos passariam 
para a classe do povo, e os demais continuariam o 
processo.
• 20 anos – Segunda seleção: Os menos aptos passariam 
para a classe dos soldados e guerreiros.
• 30 anos – Terceira seleção: Os menos aptos passariam 
a ocupar os cargos menos importantes na administração 
pública.
• 35 anos – Quarta seleção: Os mais aptos seriam 
escolhidos para iniciar seus estudos de ética, política e 
física.
• 50 anos – Exame Final: Os melhores, aqueles que 
se destacassem, tornariam-se os governantes da 
cidade, pois teriam contemplado as ideias ou formas 
inteligíveis.
Numa comparação com a teoria da tripartição da alma, 
temos: razão (governantes-filósofos) dominam a coragem 
(guerreiros) que dominam a concupiscência (povo). 
A cidade justa é, portanto, aquela em que o filósofo governa, 
o militar defende e protege, e o povo produz os meios de 
subsistência de todos. 
ARISTÓTELES: IMPORTÂNCIA 
DA REALIDADE SENSORIAL
Vida e contexto histórico
Busto de Aristóteles 
Aristóteles nasceu em 384 a.C., em Estagira (por isso é 
também conhecido como o estagirita), cidade grega situada 
a noroeste da Península da Calcídia. Seu pai, Nicômaco, era 
médico e, como tal, descendia de uma família de médicos, 
pertencendo a uma corporação em que a prática da medicina 
passava de pai para filho. Nicômaco era o médico particular 
de Amintos, rei da Macedônia, sendo possível que Aristóteles 
tenha passado a primeira infância na capital dessa região. 
Apesar de perder o pai com 7 anos de idade, acredita-se 
que Aristóteles tenha sido iniciado na ciência da Medicina, 
pois, sendo pertencente a tal família, estava destinado a ser 
também um médico. Essa iniciação e as práticas de medicina 
de sua família marcarão seu grande interesse pela natureza, 
pela Biologia, pelo estudo das plantas, dos animais, dos 
astros e da alma. 
Aos 18 anos, Aristóteles se transfere para Atenas e passa 
a acompanhar as lições dadas por Platão na Academia. 
Ali permaneceu por 19 anos, até a morte de seu mestre, 
tornando-se seu discípulo mais importante. Deixou a 
Academia de Platão, pois não concordava com os novos 
rumos dados pelo novo diretor, Espeusipo (sobrinho de 
Platão). Este transformou a escola platônica em um grande 
centro matemático e astronômico, por acreditar que só por 
meio da Matemática se poderia chegar às verdades. 
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O pensamento de Platão influenciou decisivamente as 
ideias de Aristóteles, apesar das críticas realizadas ao 
mestre, principalmente no que diz respeito à divisão entre 
mundo ideal e mundo real. A importância desses dois 
pensadores foi tão grande que todo o pensamento ocidental 
teve como base de sua origem e constituição os sistemas 
filosóficos elaborados por eles.
Saindo de Atenas, Aristóteles passou por Eólida, Assos, 
Aterneu, casando-se com Pítia, filha do rei Hémias. Depois 
se transferiu para Mitilene e só então foi convidado por Filipe 
da Macedônia para ser o preceptor de seu filho, Alexandre, 
que mais tarde se tornou Alexandre, o Grande. Em 335 a.C., 
quando Alexandre herdou o trono de seu pai, Aristóteles 
voltou para Atenas, onde fundou sua própria escola, o 
Liceu. Situada num bosque perto da cidade, sua escola era 
constituída por um prédio, um jardim e uma alameda para 
passeio (perípatos). Devido a esse lugar e ao hábito de 
Aristóteles de discutir filosofia e ministrar seus ensinamentos 
caminhando com seus alunos é que a escola ficou conhecida 
como Escola Peripatética. 
Com a morte de Alexandre em 323 a.C., surgiram em 
Atenas sentimentos antimacedônicos, o que fez com que 
Aristóteles fosse acusado pelo povo da cidade de traidor, uma 
vez que teve ligação com a Macedônia. Segundo o próprio 
filósofo, ele saiu de Atenas e foi para a cidade de Eubéia, 
“para evitar que um novo crime fosse cometido contra 
a filosofia” (o primeiro foi a morte injusta de Sócrates). 
Aristóteles veio a falecer em 321 a.C., aos 63 anos, devido 
a uma doença no estômago que o acompanhara por alguns 
anos. 
Os escritos
Os escritos de Aristóteles se dividem em dois grupos. O 
primeiro é o dos “exotéricos”, destinados às pessoas de fora 
da Escola, ao público em geral, e sendo compostos, em sua 
maioria, de diálogos. O segundo é o dos “esotéricos” ou 
“acromáticos”, destinados ao público interno do Liceu e que 
tratavam de estudos e de ensinamentos mais especializados. 
A maioria dos escritos de Aristóteles são cópias de suas 
lições compiladas por seus discípulos e obras ditadas pelo 
mestre e escritas pelos seus alunos. O primeiro grupo de 
escritos se perdeu quase por completo, restando apenas 
alguns fragmentos e títulos. Porém, a maior parte de sua 
obra acromática resistiu às vicissitudes do tempo e das 
contingências, chegando aos dias atuais, todas tratando de 
problemas filosóficos e das ciências naturais. Alguns autores 
defendem que, ao todo, seriam quatrocentas as obras de 
Aristóteles. Outros dirão que esse número pode chegar ao 
total impressionante de mil obras. 
As diferenças e objeções de 
Aristóteles a Platão
Para se conhecer Aristóteles, é necessário antes 
compreender a filosofia platônica. Isso porque muito da 
filosofia aristotélica se apresenta como uma crítica àquilo que 
seu mestre disse. Isso pode dar a impressão de inimizade ou 
oposição entre os dois, mas, ao contrário, Aristóteles foi um 
genuíno platônico, principalmente por desenvolver uma visão 
crítica, ou seja, por ser um filósofo propriamente dito, aquele 
que busca o saber com seus próprios esforços e atitude. 
Partindo da teoria de seu mestre, Aristóteles tenta superá-la. 
Uma diferença fundamental entre os dois é que Platão nutria 
um grande interesse pela matemática, vista como meio de 
alcançar o conhecimento verdadeiro, e não pelas ciências 
empíricas, pois, para ele, a verdade está além da matéria, 
além daquilo que pode ser experimentado. Aristóteles, 
ao contrário, volta-se diretamente para os fenômenos da 
natureza, para aquilo que pode ser experimentado, com 
o objetivo de conhecer as coisas e o mundo por meio da 
empiria. 
Porém, a diferença mais importante entre os mestres da 
filosofia antiga e ocidental é a rejeição de Aristóteles ao 
dualismo platônico expresso nas duas realidades: o sensível, 
mundo real e imperfeito, e o inteligível, mundo ideal, das 
formas perfeitas. Aristóteles apontará as dificuldades de 
se estabelecer as relações existentes entre o inteligível 
e o sensível. Segundo ele, existem dois problemas em 
se admitir a diferença entre essas duas realidades: como 
garantir a existência da realidade superior e como admitir 
os efeitos dessa existência para o conhecimento dos seres. 
Aristóteles afirmará que aquilo que Platão chama de 
ideia inteligível, que estaria na origem de todos os seres 
– como a ideia de beleza –, não passa de uma característica 
dos próprios seres, uma qualidade, não existindo, portanto, 
uma ideia de beleza separada dos seres reais. Para o 
estagirita, quando o homem conhece, por exemplo, a 
beleza, o que permanece na mente são as representações 
ou abstrações daquilo que se conheceu e não uma entidade 
metafísica, uma ideia separada que existe por conta própria 
fora do intelecto humano. 
Aristóteles se esforçará para demonstrar que o inteligível 
de Platão está no próprio sensível,sendo possível que 
o homem conheça o próprio sensível e faça uma ciência 
verdadeira a partir dele. A grande diferença entre os dois 
maiores pensadores da Antiguidade é que, enquanto Platão 
tentou explicar por que o mundo é como é, buscando 
suas respostas no inteligível, fora da realidade sensível, 
Aristóteles tentou explicar como o mundo é como é, 
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buscando suas respostas no próprio sensível, nas coisas 
em si, encontrando seu sentido e explicação nele mesmo. 
De uma forma mais simples: segundo o estagirita, a divisão 
que Platão faz da realidade é desnecessária e leva a uma 
duplicidade incoerente, podendo tornar a vida e o mundo 
sensível sem sentido. Desse modo, Aristóteles elaborará 
uma filosofia em que o inteligível platônico está no próprio 
sensível, sendo possível assim um conhecimento, uma 
ciência verdadeira da realidade em si, isto é, é possível 
conhecer as ideias universais ou as essências dos seres, 
pois elas estão nas próprias coisas. 
A divisão das ciências
De acordo com o que foi dito, para Aristóteles, a ciência 
tem como objetivo conhecer verdadeiramente as coisas do 
mundo. O conhecimento de todos os seres, dos modos de 
ação do homem e dos objetos produzidos pelos homens é 
a própria filosofia. Vale dizer que, desde Aristóteles até o 
século XIX, não havia diferença entre filosofia e ciência.
Segundo o filósofo, as ciências se diferenciam de acordo 
com o seu objeto de estudo. Desse modo, o estagirita divide 
as ciências em três: ciências teóricas ou teoréticas, ciências 
práticas e ciências produtivas ou poiéticas. 
• Ciências teóricas ou teoréticas: São as ciências que 
buscam o saber em si mesmo. Tais ciências investigam 
as causas e os princípios dos seres que existem na 
natureza independentemente da vontade e da ação 
do homem e que se desenvolvem sem qualquer 
participação humana. Como independem da ação 
humana, o conhecimento desses seres só pode se dar 
por teoria ou contemplação. Fazem parte das ciências 
teóricas físicas (que investigam os seres que tem 
movimento): a ciência da natureza (o que chamamos 
de física), a biologia e a psicologia. Temos também 
a ciência teorética matemática, que estuda as 
coisas que, embora tenham existência física, podem 
ser estudadas sem relação com a materialidade em 
movimento. Fazem parte dessa ciência a aritmética, a 
música, a geometria e a astronomia. Enfim, temos a 
filosofia primeira ou metafísica ou teologia, que 
se refere ao estudo mais importante e fundamental 
da filosofia aristotélica, ou seja, ao estudo dos 
primeiros princípios de todos os seres, ao estudo do 
ser enquanto ser. Refere-se também ao estudo da 
substância imóvel e independente do ser, aquilo que 
está para além da mobilidade e da materialidade das 
coisas. A filosofia primeira diz respeito também ao 
princípio de todas as coisas, ao ser imutável que é o 
princípio do mundo, ao ser absolutamente necessário 
a tudo o que existe, se referindo àquilo que Aristóteles 
chamará de primeiro motor imóvel. 
• Ciências práticas: São as ciências que se ocupam 
com as ações humanas. São aquelas cujo princípio 
ou causa é o homem como agente da ação e cuja 
finalidade é o próprio homem. Essa ciência se 
refere às atividades humanas que têm sua origem 
nas escolhas, nas vontades e na racionalidade dos 
próprios homens. Fazem parte dessa ciência a ética, 
que estuda a ação do homem enquanto ser que deve 
ser preparado para viver na cidade, e a política, 
que estuda o homem enquanto ser social, buscando 
os fundamentos das ações humanas e as formas de 
regimes políticos que seriam melhores para o bem 
da comunidade. 
• Ciências produtivas ou poiéticas: Referem-se à ação 
do homem que fabrica as coisas. A finalidade da ação 
está fora dela mesma, está no artefato, no produto, 
no objeto produzido. Essas ciências são as técnicas 
necessárias para a produção de coisas diferentes. 
São tão numerosas quanto a capacidade produtiva 
do homem, abrangendo a pintura, a escultura, a 
arquitetura, a medicina, a guerra, a discussão, 
a poesia, a engenharia, a tecelagem, a olaria, 
a culinária, etc. 
Dentre todas as ciências, evidentemente as mais elevadas, 
aquelas que todos os homens deveriam buscar, são as 
contemplativas ou teoréticas, pois elas dizem respeito 
à natureza primeira e mais fundamental dos seres, ao 
conhecimento verdadeiro, universal e necessário do ser, 
sendo também chamadas de metafísica. 
A metafísica
A metafísica é a busca por aquilo que está além da 
matéria, ou seja, é a busca pela essência das coisas ou 
daquela substância imaterial que seria o conhecimento 
por excelência, o conhecimento do ser enquanto ser. 
Na filosofia aristotélica, chamamos essa investigação de 
filosofia primeira. A filosofia primeira ou metafísica é o 
mais alto grau de conhecimento que o homem pode alcançar 
sobre o mundo e o ser. 
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Ao afirmar que “concebemos a filosofia como possuindo a 
totalidade do saber, tanto quanto isto é possível, mas sem 
possuir a ciência da cada objeto determinado”, Aristóteles 
está dizendo que a filosofia primeira ou metafísica é a 
mais difícil e a mais ampla de todas as ciências, uma vez 
que sua busca se concentra nas coisas que estão mais 
distantes das sensações, ou seja, nas essências que, apesar 
de estarem nas próprias coisas, só podem ser concebidas 
enquanto ideias ou conceitos dos seres. É precisamente a 
ciência que se ocupa das realidades que estão acima das 
realidades físicas. Dessa forma, a filosofia aristotélica busca 
o conhecimento daquilo que está para além do mundo 
empírico, uma realidade metaempírica. A metafísica, 
sendo o conhecimento por excelência, tem sentido em si 
mesma, não estando voltada para o conhecimento prático 
e empírico, com utilidade imediata na vida dos homens. 
A metafísica responde não às necessidades materiais da vida 
humana, mas às necessidades espirituais, às necessidades 
de saber, que são próprias e exclusivas do homem. Dessa 
forma, o filósofo afirma que “todas as outras ciências 
podem ser mais necessárias ao homem, mas superior a 
esta nenhuma”. 
Como compreender a realidade: a 
teoria do conhecimento
Ao contrário de Platão, Aristóteles concebia que a realidade 
que existe é única e material. Enquanto Platão buscava 
as verdades ou o conhecimento verdadeiro dos seres na 
realidade inteligível, Aristóteles busca esse conhecimento, 
a essência dos seres, na própria realidade existente. Essa 
realidade é constituída por seres singulares, concretos e 
mutáveis, e é nessa realidade que o homem deve buscar 
as verdades através da experimentação desses seres. 
É a partir das experiências da realidade empírica que 
os homens devem estabelecer definições essenciais 
dos seres e atingir o universal, que é o objetivo da 
metafísica. Para isso, o sujeito conhecedor deve partir 
dos dados sensíveis que lhe mostram o individual e o 
concreto para alcançar, por um processo de indução 
(da experiência dos seres particulares para um conceito 
geral), as verdades universais ou essências dos seres. 
Dessa forma, o conceito universal ou essência seria um 
produto do intelecto humano e não uma ideia em si e por 
si buscada em outra realidade, como queria Platão. Assim, 
o homem poderia alcançar as estruturas primeiras dos seres 
– o objeto da metafísica –, que seriam os conceitos gerais 
obtidos por meio dos dados capturados pelos cinco sentidos. 
Para compreendermos como é possível alcançar o 
conhecimento dos seres, precisamos antes entender alguns 
conceitos fundamentais da teoria do conhecimento de 
Aristóteles.
Matéria e forma
• Matéria: É a matéria indeterminada da qual as 
coisas são feitas. Segundo o estagirita, é a matéria 
que compõe o mundo físico, aquilo de que uma coisa 
é constituída. É o princípio de individualização do 
ser. A matéria contém a potência ou a possibilidade 
de o ser se transformar em outra coisa.Podemos 
dizer que a matéria é aquilo que é perceptível 
aos nossos sentidos. Por exemplo, a madeira é a 
matéria, o substrato dos móveis de uma casa. Em si, 
é indeterminada, pois pode receber a forma de uma 
coisa ou outra. No exemplo anterior, a madeira pode 
receber a forma de uma cadeira ou de uma mesa. 
• Forma: É a maneira de acordo com a qual a matéria 
de cada ser se individualiza e se dispõe. É o que 
faz com que o ser seja aquilo que ele é. É a própria 
essência do ser que lhe é intrínseca e faz com que ele 
seja o que é. O que faz com que o objeto de madeira 
seja cadeira é sua forma de cadeira. 
Dessa maneira, a forma é comum aos indivíduos da 
mesma espécie, sendo um princípio imaterial do ser. Assim, 
a matéria contém as características particulares dos seres, 
enquanto a forma é comum a todos os seres da mesma 
espécie. As formas, na filosofia de Aristóteles, seriam as 
ideias de Platão. Porém, se para este a ideia existe fora dos 
seres, para Aristóteles, as ideias são abstraídas dos próprios 
seres por meio do pensamento indutivo. Por exemplo: 
a ideia de homem só é possível por meio de uma abstração 
da forma que está contida em todos os homens reais. Pela 
experiência de vários homens particulares, o intelecto separa 
matéria e forma e alcança a forma, a ideia de homem por 
meio da abstração. 
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Substância e acidente
• Substância: Na filosofia aristotélica, este conceito 
tem duas definições. Substância pode ser entendida 
como a existência de seres particulares, chamados 
também de substâncias individuais ou essências 
individuais (Ex. este cavalo, João, Maria, esta casa). 
Também pode ser entendida como o objeto da 
metafísica, que busca encontrar a substância do ser, 
que seria o seu fundamento, sua causa e substrato, 
aquilo que é imaterial dos seres, sendo que o seu 
conhecimento representa o conhecimento verdadeiro. 
No segundo sentido, Abbagnano dirá que esta é a 
essência necessária ou substância, que é o verdadeiro 
objeto do saber ou da ciência aristotélica. Sem a 
essência, não poderíamos conhecer o ser em sua 
realidade primeira. Segundo Aristóteles, faz parte da 
substância do homem ser um animal racional e um 
animal político. 
• Acidente: É a característica circunstancial do ser. 
Aquilo que varia entre os seres da mesma categoria 
sem, no entanto, atingir ou modificar a sua essência. 
O homem ser alto ou baixo, magro ou gordo são 
características acidentais. Já o homem ser racional 
e político é uma característica essencial. 
• Necessidade e contingência: Juntamente à 
essência e ao acidente, podemos diferenciar as 
características do ser em necessárias e contingentes. 
• Necessário é a essência ou substância, pois sem 
elas as coisas não seriam o que são.
• Contingentes são as características não essenciais 
do ser, os acidentes. 
Potência e Ato
• Potência: Relaciona-se com a matéria. A matéria 
madeira é potência, pois pode receber a forma de 
uma cadeira, de uma mesa, de um objeto artístico, 
etc. O bronze é potência da estátua porque possui 
efetiva capacidade de receber e de assumir a forma 
da estátua. O ferro é potência de inúmeros objetos 
que podemos ser construídos com o ferro, pois pode 
assumir as formas desses vários objetos. 
• Ato: Relaciona-se com a forma. O ato é a atualização 
da forma na potência. O ato é oposto à potência, 
que é o ser na sua capacidade de se desenvolver. 
Exemplo: A semente é a árvore em potência. A árvore 
é o ato da semente. 
A importância desses conceitos está na possibilidade 
de se explicar o movimento de transformação dos seres. 
Os seres se transformam da potência para o ato. Aquilo 
que é possível se torna real, atualizado. A madeira é 
potência e pode se transformar em uma cadeira. Quando 
a transformação acontece, a potência se transformou 
em ato. 
A forma, por ser sempre um ato, é o real; a matéria, 
por ser sempre uma potência, é o possível. O real é mais 
perfeito do que o possível, por isso, a forma é mais perfeita 
do que a matéria e a “empurra” para a atualização do 
possível. 
A teoria das quatro causas
Se a metafísica é o estudo das causas primeiras, temos 
que definir então quais são essas causas a que Aristóteles se 
refere. Ou seja, para se alcançar o conhecimento verdadeiro 
dos seres, é necessário conhecer também as causas que o 
constituem.
Causa material: É a matéria de que a coisa é feita. 
Exemplo: A madeira é a matéria de que a cadeira é feita, 
logo, a causa material da cadeira é a madeira.
Causa formal: É a essência que constitui a coisa. É o 
princípio sem o qual a coisa não seria o que é. É a forma 
ou modelo do ser. Exemplo: A cadeira é a forma do objeto 
que a madeira adquire para se tornar uma cadeira real.
Causa eficiente: É aquela que realiza a transformação 
de potência em ato. É o ser que age sobre a potência 
imprimindo nela o ato. É o agente da transformação. 
Exemplo: O carpinteiro é a causa eficiente da cadeira. 
Causa final: É o objetivo, o porquê da coisa, a sua 
finalidade. Exemplo: O carpinteiro que fez a cadeira para 
ser utilizada como assento. Segundo Aristóteles, todas 
as coisas existentes têm um propósito, uma finalidade, 
e deveriam cumprir a finalidade pela qual existem ou 
foram criadas. 
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A psicologia
Aristóteles, em sua obra Sobre a Alma, trata da 
complexidade da alma. Ao se referir não à alma, mas a 
almas, entendemos que, como Platão, ele acredita que a 
alma não é formada como uma só coisa, mas tem dimensões 
distintas. O objetivo da psicologia aristotélica é descobrir a 
natureza e a essência da alma, tentando desvendar seus 
atributos e seus vários aspectos ou faculdades.
Segundo o estagirita, podemos identificar várias almas 
dos seres vivos:
Alma ou faculdade nutritiva e reprodutiva: Existe 
em todos os seres vivos. É responsável pelas faculdades 
de sobrevivência e perpetuação por meio da reprodução. 
Alma ou faculdade sensitiva: É característica somente 
dos homens e dos animais. Está ligada à capacidade dos 
seres de perceberem, sentirem as coisas. Diz respeito aos 
cinco sentidos (tato, olfato, paladar, audição e visão). Está 
na base do conhecimento, uma vez que este é obtido por 
meio dos sentidos. À faculdade sensitiva estão ligadas as 
funções de sentir dor e prazer e também da imaginação 
e da lembrança, estas últimas presentes apenas nos 
homens. 
Alma ou faculdade locomotora-apetitiva: Essa 
faculdade é responsável pela busca do prazer e fuga da dor. 
Nos homens, refere-se não só à locomoção e sensações, 
mas também à imaginação. 
Alma ou faculdade racional: É característica exclusiva 
do homem e tem como função o conhecimento intelectual.
Ética: o meio termo ou justa 
medida
Após tratar das ciências teoréticas, Aristóteles trata 
das ciências práticas, aquelas que dizem respeito ao 
comportamento dos homens vivendo em sociedade e o 
fim que eles querem atingir, tanto indivíduos quanto como 
seres políticos. O princípio fundamental que guiará toda a 
reflexão aristotélica é a noção de felicidade. Para o filósofo, 
todas as ações humanas têm um fim que devem alcançar, 
que seria o seu “bem” último. Todas essas ações, em 
conjunto, tenderiam para o bem supremo do homem, que 
é a felicidade. 
Por felicidade, Aristóteles entende a busca pelo 
aperfeiçoamento. Dessa forma, o homem precisa se tornar 
perfeito exatamente naquilo que o separa de todos os outros 
seres, ou seja, na capacidade racional. 
Felicidade não seria a posse de bens materiais, nem 
o prazer do gozo e desmedido, nem a honra diante dos 
homens. O homem, enquanto ser racional, tem como fim 
a realização de sua natureza específica, a racionalidade. 
É exatamente na realização de sua natureza de ser racional 
que consiste a felicidade. 
Como já vimos, o homem não tem somente uma alma 
racional, mas possui também uma alma ou natureza 
apetitiva que busca a satisfação dos prazeres. Porém, elenão deve se entregar a esses prazeres, devendo submetê-los 
à sua capacidade racional. Tais apetites e instintos se 
opõem à razão, mas podem ser regulados e submetidos 
a ela. Tal submissão ocorre por meio das virtudes éticas, 
pelas quais a razão impõe sua determinação aos apetites 
e instintos, podendo dominá-los. Tais virtudes constituem 
o que conhecemos por “justa medida” ou “meio termo”, 
que seria a medida entre o excesso e a falta. Exemplos: 
O sentimento original é o prazer, seu excesso é a 
libertinagem, sua falta é a insensibilidade, seu meio 
termo ou virtude é a temperança. Honra: seu excesso é a 
vulgaridade, sua falta é a vileza, sua virtude é o respeito 
próprio. Generosidade: seu excesso é a prodigalidade, sua 
falta é a avareza e sua virtude é a liberalidade. 
Dessa maneira, praticando constantemente a virtude, 
tornando-a hábito, modo de ser, ela se torna a vitória da 
razão sobre os instintos. Segundo Aristóteles, o homem não 
nasce bom, mas torna-se bom a partir da prática da virtude, 
alcançando assim a felicidade. 
A cidade e o cidadão: a política
Fonte: LAERTE. Classificados. São Paulo: Devir, 2001. p. 25.
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Segundo Aristóteles, o homem é um “animal político”. 
Isto significa que o homem nasceu para viver na cidade, em 
comunidade e não pode se realizar, encontrar a felicidade, 
sem que conviva com os demais homens. Aristóteles dirá 
que o homem político, o cidadão da polis, é aquele que 
participa da vida política da cidade, que ocupa cargos na 
administração pública. Os escravos e estrangeiros, assim 
como os homens livres que não tinham tempo para se 
dedicar à política, acabavam sendo meios para atingir 
a felicidade dos verdadeiros cidadãos. O pensamento 
aristotélico traz o preconceito claro da cultura grega de seu 
tempo: aqueles que não são cidadãos, os escravos (bárbaros 
presos de guerra) e estrangeiros têm uma natureza inferior 
à do homem grego. 
Estela funerária de Mnesarete. Um jovem escravo encara sua 
falecida patroa. 380 a.C.. Glyptothek, Munique, Alemanha.
De acordo com o filósofo, o Estado pode ter diferentes 
formas de governo, ou seja, diferentes estruturas ou 
constituições. Assim, Aristóteles dirá que o Estado pode se 
organizar a partir do governo de um só homem, de vários 
homens ou de todos os homens. Porém, seja qual for sua 
organização, o governo do Estado deve sempre garantir o 
bem comum. Se assim não for, ele se torna corrupto, pois 
somente considera os anseios de alguns e não de todos. 
Aristóteles assim classifica os modos de governo possíveis:
Governo a favor de todos 
– Formas corretas –
Governo a favor de 
poucos – Formas 
corruptas –
Monarquia Despotismo ou tirania
Aristocracia Oligarquia
Politía Democracia ou demagogia*
Para o estagirita, as melhores formas de governo, em 
abstrato, seriam a monarquia e a aristocracia. Porém, na 
prática, a politía seria a mais adequada porque valorizaria 
o segmento médio. 
* Democracia seria um governo que se tornaria alheio ao bem 
comum e favoreceria de maneira desproporcional os interesses 
dos mais pobres. Segundo o filósofo, se todos os homens são 
iguais na liberdade, não necessariamente o seriam em outros 
aspectos da vida. 
EXERCÍOS DE FIXAÇÃO
01. É neste contexto que Platão fala do Demiurgo, uma 
espécie de deus-artífice que criou todas as coisas do 
mundo sensível tendo como base as ideias ou formas do 
mundo inteligível.
De acordo com o estudado, EXPLIQUE com suas palavras 
a relação existente entre sensível e inteligível para Platão. 
02. Você está acompanhando, Sofia? E agora vem Platão. 
Ele se interessava tanto pelo que é eterno e imutável 
na natureza quanto pelo que é eterno e imutável na 
moral e na sociedade. Sim... para Platão tratava-se, 
em ambos os casos, de uma mesma coisa. Ele tentava 
entender uma “realidade” que fosse eterna e imutável. 
E, para ser franco, é para isto que os filósofos existem. 
Eles não estão preocupados em eleger a mulher mais 
bonita do ano, ou os tomates mais baratos da feira. (E 
exatamente por isso nem sempre são vistos com bons 
olhos). Os filósofos não se interessam muito por essas 
coisas efêmeras e cotidianas. Eles tentam mostrar o 
que é “eternamente verdadeiro”, “eternamente belo” 
e “eternamente bom”.
GAARDER, Jostein. O mundo de Sofia. Tradução de João Azenha 
Jr. São Paulo: Companhia das Letras, 1995. p. 98.
De acordo com o estudado sobre Platão, EXPLIQUE 
o que querem dizer as referências feitas àquilo que 
é “eternamente verdadeiro”, “eternamente belo” e 
“eternamente bom” e por que tais termos são importantes 
para a filosofia platônica.
03. Porém, a diferença mais importante entre os mestres 
da filosofia antiga e ocidental é a rejeição de Aristóteles 
ao dualismo platônico expresso nas duas realidades, o 
sensível, mundo real e imperfeito, e o inteligível, mundo 
ideal, das formas perfeitas.
EXPLIQUE, segundo o estudado sobre Aristóteles, por 
que o filósofo rejeita o dualismo platônico e onde ele 
acredita poder encontrar a verdade.
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EXERCÍCIOS PROPOSTOS
01. (UFMG) Leia este trecho:
A educação, disse eu, seria uma arte da reviravolta, uma 
arte que sabe como fazer o olho mudar de orientação 
do modo mais fácil e mais eficaz possível; não a arte de 
produzir nele o poder de ver, pois ele já o possui, sem 
ser corretamente orientado e sem olhar na direção que 
deveria, mas a arte de encontrar o meio para reorientá-lo.
PLATÃO. República. VII 518D.
Na imagem proposta por Platão, sair da caverna 
representa a educação como uma reviravolta.
Com base na leitura desse trecho e em outras informações 
presentes nessa obra, REDIJA um texto explicando o que 
significa essa reviravolta.
02. Como a temperança, também a justiça é uma virtude 
comum a toda a cidade. Quando cada uma das classes 
exerce a sua função própria, “aquela para a qual a sua 
natureza é a mais adequada”, a cidade é justa. Esta 
distribuição de tarefas e competências resulta do fato de 
que cada um de nós não nasceu igual ao outro e, assim, 
cada um contribui com a sua parte para a satisfação das 
necessidades da vida individual e coletiva. [...] Justiça é, 
portanto, no indivíduo, a harmonia das partes da alma 
sob o domínio superior da razão; no estado, é a harmonia 
e a concórdia das classes da cidade.
PIRES, Celestino. Convivência política e noção tradicional de 
justiça. In: BRITO, Adriano N. de; HECK, José N. (Org.). Ética e 
política. Goiânia: Editora da UFG, 1997. p. 23.
REDIJA um texto explicando o conceito de justiça para 
Platão e como essa ideia é essencial para a felicidade da 
cidade. 
03. Conhecer é relembrar.
De acordo com o estudado sobre a teoria de Platão acerca 
da reminiscência da alma, EXPLIQUE a citação anterior. 
04. Sócrates – Tomemos como princípio que todos os 
poetas, a começar por Homero, são simples imitadores 
das aparências da virtude e dos outros assuntos de que 
tratam, mas que não atingem a verdade. São semelhantes 
nisso ao pintor de que falávamos há instantes, que 
desenhará uma aparência de sapateiro, sem nada 
entender de sapataria, para pessoas que, não percebendo 
mais do que ele, julgam as coisas segundo a aparência?
Glauco – Sim.
PLATÃO. A República. Tradução de Enrico Corvisieri. São Paulo: 
Nova Cultural, 1997. p. 328.
De acordo com o estudado sobre Platão, REDIJA um texto 
explicando qual é a sua crítica às artes e FUNDAMENTE o 
texto com argumentos da teoria do conhecimento de Platão.
05. Todos os homens, por natureza, desejam conhecer. Sinal 
disso é o prazer que nos proporcionam os nossos sentidos; 
pois, ainda que não levemos em conta a sua utilidade, são 
estimados por si mesmos; e, acima de todos os outros, 
o sentido da visão. [...] Por outro lado, não identificamos 
nenhum dos sentidos com a sabedoria, se bem que eles nos 
proporcionem o conhecimento mais fidedigno do particular. 
Não nos dizem, contudo, o porquê de coisa alguma.
ARISTÓTELES. Metafísica. Tradução deLeonel Vallandro. 
Porto Alegre: Globo, 1969. p. 36 e 38.
REDIJA um texto caracterizando e explicando o tipo de 
conhecimento expresso no trecho anterior.
06. (UFMG) Leia este trecho:
[...] aquele que não faz parte de cidade alguma [ápolis], 
por natureza e não por acaso, é inferior ou superior a 
um homem.
ARISTÓTELES. Política. 1253a.
Com base na leitura desse trecho e em outras informações 
presentes nessa obra de Aristóteles, REDIJA um texto 
justificando, do ponto de vista do autor, essa afirmação.
07. (UFMG–2006) Leia este trecho:
Voltemos novamente ao bem que estamos procurando 
e indaguemos o que ele é, pois não se afigura igual 
nas distintas ações e artes; é diferente na medicina, na 
estratégia e em todas as demais artes do mesmo modo. 
Que é, pois, o bem de cada uma delas? Evidentemente, 
aquilo em cujo interesse se fazem todas as outras 
coisas. Na medicina é a saúde, na estratégia a vitória, 
na arquitetura uma casa, em qualquer outra esfera 
uma coisa diferente, e em todas as ações e propósitos 
é ele a finalidade; pois é tendo-o em vista que os 
homens realizam o resto. Por conseguinte, se existe 
uma finalidade para tudo que fazemos, essa será o bem 
realizável mediante a ação [...] Mas procuremos expressar 
isto com mais clareza ainda. Já que, evidentemente, os 
fins são vários e nós escolhemos alguns entre eles [...], 
segue-se que nem todos os fins são absolutos; mas o 
sumo bem é claramente algo de absoluto. Portanto, se só 
existe um fim absoluto, será o que estamos procurando 
[...] Ora, nós chamamos aquilo que merece ser buscado 
por si mesmo mais absoluto do que aquilo que merece 
ser buscado com vistas em outra coisa [...] Ora, esse é 
o conceito que preeminentemente fazemos da felicidade.
ARISTÓTELES. Ética a Nicômaco (Livro I, 1097 a . 1097 b). 
Tradução de Leonel Vallandro e Gerd Bornheim. São Paulo: Abril 
Cultural, 1979. p. 54-55.
Com base na leitura desse trecho e considerando outras 
ideias presentes nessa obra de Aristóteles, JUSTIFIQUE 
esta afirmativa:
É absurdo perguntar para que queremos ser felizes.
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08. (UFMG–2008) Leia este trecho:
Com efeito, ter a noção de que a Cálias, atingido de tal 
doença, tal remédio deu alívio, e a Sócrates também, e, 
da mesma maneira, a outros tomados singularmente, é 
da experiência; mas julgar que tenha aliviado a todos os 
semelhantes, determinados segundo uma única espécie, 
atingidos de tal doença, como os fleumáticos, os biliosos 
ou os incomodados por febre ardente, isso é da arte.
ARISTÓTELES. Metafísica. Livro I, cap. I. Tradução de 
Vinzenzo Cocco. São Paulo: Abril Cultural, 1979. 
Com base na leitura desse trecho e considerando outras 
informações presentes nessa obra de Aristóteles, REDIJA 
um texto, explicando, do ponto de vista do autor, a 
diferença entre arte (conhecimento técnico) e experiência.
SEÇÃO ENEM
01. Logo, desde o nascimento, tanto os homens como os 
animais têm o poder de captar as impressões que atingem 
a alma por intermédio do corpo. Porém relacioná-las com 
a essência e considerar a sua utilidade, é o que só com 
tempo, trabalho e estudo conseguem os raros a quem 
é dada semelhante faculdade. Naquelas impressões, 
por conseguinte, não é que reside o conhecimento, mas 
no raciocínio a seu respeito; é o único caminho, ao que 
parece, para atingir a essência e a verdade; de outra 
forma é impossível.
PLATÃO. Teeteto. Tradução de Carlos Alberto Nunes. Belém: 
Universidade Federal do Pará, 1973. p. 80.
Platão acredita que o conhecimento verdadeiro é possível 
de ser alcançado pelo homem. A parte da filosofia que 
trata da possibilidade do conhecimento é denominada 
epistemologia. De acordo com a epistemologia de Platão, 
para chegar ao conhecimento seguro, seria necessário que 
A) os homens confiassem nas impressões que recebem 
do mundo sensível, pois estas levam à formação de 
ideias por meio da repetição das experiências.
B) as impressões fossem comuns a todos os homens, 
uma vez que todos possuem as mesmas capacidades 
sensitivas que permitem o conhecimento do mundo.
C) os homens desconfiassem dos sentidos, pois 
suas variações entre os indivíduos podem levar à 
imprecisão sobre os objetos, fonte do conhecimento. 
D) o raciocínio humano a respeito das impressões fosse 
analisado em seus pormenores, uma vez que o 
conhecimento verdadeiro não pode admitir falhas ou 
erros.
E) os homens se dedicassem ao exercício da razão, uma 
vez que os sentidos, sendo imprecisos e variando em 
seus dados de homem para homem, podem levar ao 
engano. 
GABARITO
Fixação
01. Platão separa a realidade em duas dimensões. 
A realidade imaterial ou inteligível é a realidade do 
mundo superior, em que existem as ideias perfeitas 
e imutáveis. A realidade material ou sensível é a 
realidade do mundo real que pode ser percebida 
pelos sentidos. Esta realidade sensível é a cópia da 
realidade inteligível. Lá estão as formas, os modelos 
ideais que foram utilizados pelo Demiurgo, espécie 
de semideus, para criar todas as coisas do sensível. 
O que há no inteligível só pode ser conhecido por 
meio da razão, enquanto o sensível pode ser 
conhecido pela experiência. 
02. O “eternamente verdadeiro”, “eternamente belo” 
e “eternamente bom” referem-se às ideias do 
inteligível, ou ideias perfeitas, que são a origem e a 
essência do mundo sensível. A preocupação central da 
filosofia platônica é com o conhecimento verdadeiro, 
aquele que não é adquirido pela impressão das coisas 
no sensível, mas que é adquirido pelos homens na 
realidade superior, que é a realidade inteligível. 
Os termos se referem exatamente às ideias que 
são a perfeitas e imutáveis, por isso eternamente 
verdadeiras, eternamente belas e eternamente boas. 
03. Aristóteles, apesar de ser discípulo de Platão, 
discorda de seu mestre em relação ao caminho para 
o conhecimento, o que é chamado na filosofia de 
epistemologia. Segundo Aristóteles, não haveria dois 
mundos, como Platão afirmara, diferenciando um 
como perfeito e imutável e outro como imperfeito e 
mutável. Para Aristóteles, existe uma única realidade, 
e é nela que os homens devem encontrar as verdades. 
Desse modo, sua metafísica não busca o que está 
fora dos seres, mas busca nos próprios seres sua 
substância ou essência, que são encontradas pelo 
método indutivo, partindo da experiência sensível 
dos seres. 
Propostos
01. Para Platão, o significado dessa reviravolta seria 
a introdução de uma ciência numa alma que 
redirecionasse o olhar que estaria atrelado ao 
conhecimento sensível, este preso às crenças e 
opiniões (doxa), no qual poderíamos afirmar que não 
havia a “luz da verdade”. Esta passagem (poreia) 
ao conhecimento inteligível, este representado pela 
saída do “homem” da caverna (filósofo), se daria 
a partir do processo educacional (paideia) no qual 
homem seria corretamente orientado. Assim, após 
inúmeras ciências trabalhadas, o homem estaria 
apto a maior de todas as ciências, a dialética. Esta 
faria a conversão da alma, da noite para o dia, das 
trevas para a luz, e afastaria o “olhar” da alma da 
lama grosseira para elevá-la para a região superior 
(topos).
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02. Segundo Platão, justiça é a ordem determinada pela 
própria natureza última dos seres. Dessa forma, 
ser justo, seria obedecer tal ordem, pois esta faz 
com que as coisas estejam de acordo com sua 
própria finalidade. Na citação anterior, Platão trata 
de sua teoria política, da ordem natural da cidade, 
formando então a cidade justa. Nesta, os melhores 
em inteligência, educados adequadamente na 
dialética pelos filósofos, seriam os responsáveis 
pelo governo, os chamados reis-filósofos. Abaixo 
destes, estaria a classe dos guerreiros ou soldados 
que, fiéis aos governantes, fariam com que as leis 
determinadas por estes fossem cumpridas pelo 
povo, que ocuparia o último estamento dessa 
pirâmide hierárquica. Dessa maneira, cumpriria-se 
a justiça na cidade, uma vez que cada homem 
ocuparia seu lugar e

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