Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
FILOSOFIA E SOCIOLOGIA DO DIREITO IDADE MODERNA Surgiu no século XV e prevaleceu até o século XVIII, marcando uma mudança de pensamento medieval - que até então era voltado à fé cristã - para a reflexão em torno do conhecimento humano e valorização da razão. RENASCIMENTO deixando de lado a ideia de predominância da fé e promovendo uma maior aproximação da razão. A ruptura com a teocracia explicitou que a origem das leis é a vontade humana, e não a vontade de Deus. Reflexo da retomada da posição central do homem na leitura do mundo – humanismo. É no período do renascimento que Gutemberg cria a Imprensa, Copérnico desafia a Igreja introduzindo sua nova visão do Sistema Solar. Neste período são também descobertos instrumentos que revolucionaram a humanidade a exemplo da bússola, que viabilizou as grandes navegações e a pólvora, que permitiu a colonização e subjugação de povos por muitos séculos. A dinâmicas de trocas da Idade Média cedem lugar ao mercantilismo, embrião do sistema capitalista. A elite mercantilista, a burguesia, deposita no espaço político suas esperanças de conquistas de liberdades tornando necessário o pensar sobre a ação e o papel a ser desenvolvido pelo governante, o qual não possui mais sua legitimidade na fé ou em Deus. Em paralelo à teorização do Estado (o que vem a ser, quais suas funções, quais seus limites), surge também a necessidade de pensar a liberdade da burguesia e o fim dos privilégios medievais, o que forma a noção de direitos subjetivos – em oposição a ideia de direitos coletivos do período medieval. O professor Mascaro (2014) afirma que com a modernidade e o capitalismo é que “abrem-se as grandes matrizes do pensamento filosófico do direito: individualismo, direitos subjetivos, limitação do Estado pelo direito, universalidade dos direitos, antiabsolutismo, contratualismo.” Sob sistemas filosóficos pautados na ideia de modernidade e racionalidade é que surgiram a filosofia política e a filosofia do direito, desdobradas da filosofia. Os jusfilósofos modernos passaram, sob influência desta racionalidade, a questionarem-se: qual o melhor método (caminho) para alcançar a verdade e compreendê-la? Neste momento a filosofia passa a buscar verdades estáveis, eternas e universalmente tradicionais. Esse objetivo seria alcançável em razão do método. Os métodos, empíricos ou ideais. No Direito, a vinculação do empirismo com a commom law e do idealismo com a civil law, tornaram-se geograficamente nítidos no decorrer do tempo. Common Law: sistema legal fundado na jurisprudência e costumes, comum em países anglofônicos como EUA e Inglaterra. Civil law: sistema legal fundado em leis, comum em países de tradição romano- germânica como França e Portugal. É também chamado de Sistema Romano-germânico. Além do Renascimento, ideias foram difundidas pelo Humanismo nessa época. O Humanismo é uma Filosofia Moral centrada no ser humano. O Humanismo, como diversas correntes da modernidade, ainda hoje faz-se presente no cotidiano da Filosofia Contemporânea. Jean-Paul Sartre é a referência que lhes indicamos como nome contemporâneo do Humanismo. A sua obra, O Ser e o nada, resumem a concepção moderna do valor da vida humana. PRINCIPAIS FILÓSOFOS René Descartes (1596-1650) Conhecido pela frase “penso, logo existo”, o pensador era cético quanto aos sentidos e valorizava o conhecimento dominado pela razão. Foi criador do método cartesiano, o qual seguia as regras da evidência, análise, ordem e enumeração. Descartes é considerado o “pai da filosofia moderna” e faz parte da corrente racionalista. Thomas Hobbes (1588-1679) Empirista, defendia a ideia de que não existia representação mental e entendimento sem a prévia experiência. Era defensor da monarquia e acreditava que o ser humano era inclinado para o mal e, por isso, precisava de uma intervenção forte, aplicada por leis. Criador da frase “ o homem é o lobo do homem”, tinha em mente que o ser humano nutria uma necessidade de se livrar desse estado natural para então se relacionar socialmente. Estado natural de guerra de todos contra todos. John Locke (1632-1704) Considerado um dos filósofos mais influentes da modernidade, John Locke defendia o empirismo e a liberdade individual, tornando-se precursor de muitas ideias apresentadas no Iluminismo francês no século XVII. Locke, em sua obra O tratado sobre o magistrado civil declara, diferente de Hobbes, que a índole social é a harmonia, e que o desequilíbrio e violência social surgem em razão da ausência de um terceiro “tertius”, para julgar os conflitos que surgem. Assim, as lides originárias da vida social eram resolvidas com violência pela ausência desse terceiro. Para esse jusfilósofo, a função precípua do Estado é a proteção da propriedade. Valor que informa sistemas jurídicos até os dias atuais. Ele também entende que um juiz, ao decidir de forma contrária aos direitos naturais, abre espaço para a resistência legitima do cidadão e oposição a submeter-se a decisão. Podemos notar assim, as sementes da ideia de desobediência civil. David Hume (1711-1776) Tinha fortes argumentos céticos, o que causou grande repercussão na época. Chegou a ser acusado de heresia pela Igreja Católica e foi um grande crítico do racionalismo. Para ele, o conhecimento estava relacionado às impressões sensoriais, como a visão, o tato, a audição, olfato e o paladar, e as ideias que surgem na consciência. A razão de ser da justiça era justificada apenas pela necessidade de manutenção e sobrevivência da sociedade. Fundado em seu empirismo, Hume argumentava que até mesmo os grupos de piratas, bandidos, possuíam seus códigos de conduta, o que provava, pela experiência, a necessidade generalizada de critérios de justiça para manutenção e harmonia em um grupo. A função da lei, assim, era de tradução das expectativas de um povo, que são geográfica, histórica, culturalmente, climaticamente, religiosamente, moralmente definidas. Para Hume não existia a imanência das regras de justiça, mas sim, experiências de justiça. A paz social é garantida pela não invasão do que pertence ao outro. Jean Jacques Rousseau (1712- 1778) Considerado um dos mais renomados pensadores do Iluminismo, Rousseau tinha uma tese de que o ser humano viveria melhor em seu estado natural, em liberdade. Era contrário aos ideais de Hobbes e acreditava que as leis, o governo e a moral instituída na sociedade corrompia o homem.
Compartilhar