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Sabrina Angheben │Psiquiatria Depressão e Transtorno Afetivo Bipolar NEUROBIOLOGIA DA REGULAÇÃO DO HUMOR ● Envolve 1. Identificação do significado emocional do estímulo estressante 2. A produção de um estado em resposta ao estímulo 3. Regulação resposta afetiva e comportamental, que envolve a modulação da percepção e da resposta para o ambiente ● Regiões anatômicas relacionadas - 1 → Percepção do significado do estímulo estressante - Amígdala - Córtex insular - Núcleo caudado - 2 → Resposta afetiva aos estímulos - Córtex pré-frontal ventrolateral - Cortex orbitofrontal - Córtex insular - Giro cingulado anterior - Amígdala - Estriado - 3 → Regulação afetiva e comportamental - Córtex pré-frontal dorsolateral e dorsomedial - Hipocampo - Giro cingulado anterior dorsal TRANSTORNO DE HUMOR ● Humor - É definido como uma emoção ou tom de sentimento difuso e persistente, que influencia o comportamento de uma pessoa e dá sua percepção de mundo Transtorno de humor Caracterização geral Transtorno depressivo maior ou depressão unipolar Pacientes que possuem episódios depressivos sem associação com mania Transtorno bipolar Possuem episódios maníacos e depressivos Hipomania Episódio de sintomas maníacos que não satisfazem os critérios de mania Ciclotimia Forma menos grave de transtorno bipolar Distimia Forma menos grave de transtorno depressivo ● Caracterização - Alterações patológicas do humor, cognição e psicomotora - Sintomas variam de leve intensidade a incapacitantes - Compreende doenças fásicas - Episódios únicos ou repetidos - Início súbito ou cronificado - Pode evoluir com remissão espontânea - Pelo DMS-IV consiste em - Transtorno afetivo bipolar - Transtornos depressivos ● Etiologia - É multifatorial - Fatores ambientais - Dieta - Álcool - Ritmos biológicos - Fatores individuais - Personalidade - Relacionamentos interpessoais - Genéticos - Orgânico - Processos de prazer e recompensa - Alteração no sistema límbico - Desequilíbrio das monoaminas biogênicas - Noradrenalina - Serotonina - Dopamina - Disfunção dos mensageiros secundários - Adenilciclase - Peptideos neuroativos - Disfunção do ritmo circadiano - Desregulação neuroendócrina - Hormônios tireoidianos - GH TEORIA MONOAMINÉRGICA - Os sistemas monoaminérgicos são originados nos núcleos do tronco cerebral e mesencéfalo Sabrina Angheben - Emitem projeções para córtex e sistema límbico - Efeitos - Regulação psicomotora - Apetite - Sono - Humor - Pressupõe que a depressão seja consequência de uma menor disponibilidade de aminas biogênicas cerebrais - Serotonina - Noradrenalina - Dopamina ● Norepinefrina - Relação com concentração e alerta - Causa problemas de - Atenção - Memória - Lentificação psicomotora - Fadiga - Humor deprimido - Neuroanatomia relacionada - Locus ceruleus - Localizado na ponte - Emite projeções para - Córtex cerebral - Tálamo - Hipotálamo - Bulbo olfatório - Cerebelo - Mesencéfalo - Medula espinhal - Depressão - Menor débito de NE e menor sensibilidade dos receptores alfa 2 - TAB → mania - Maior atividade da NE - Maior número de células no locus ceruleus ● Serotonina - A depleção de serotonina pode precipitar a depressão - Responsável pelo humor e bem-estar - Causa - Humor deprimido - Ansiedade - Fissuras - Obsessão - Tendência suicida - Agressividade - É o mais relacionado com o tratamento - Déficit na neurotransmissão de serotonina (demais monoaminas variam, diferindo entre os dois quadros) - Depressão (baixa) - Atividade pré-sináptica diminuída - Fase maníaca (elevada) - Sensibilidade dos receptores pós sinápticos aumentada - Neuroanatomia relacionada - Núcleos da Rafe - Localizado na linha média do tronco encefálico - Emite projeções para - Núcleos inferiores, que projetam para medula espinhal - Dor - Locomoção - Núcleos superiores, que projetam para área pré-frontal e núcleos da base - Agressividade - Depressão - Sono e vigília - Receptores pós-sinápticos - 5HT1A - Antidepressivo - Ansiolítico - Anti-obsessivo - 5HT2A - Agitação - Ansiedade - Insônia - Disfunção sexual - 5HT3 - Disfunção TGI - Náuseas - Vômitos - Cefaleia - Receptores pré-sinápticos - SERT - Realiza a recaptação de serotonina conforme a concentração na fenda sináptica - Auto-receptores - Realiza a recaptação - Faz feedback negativo ● Dopamina - Funções - Controle motor - Centro de recompensa - Comportamento de adição - Neuroanatomia relacionada - Substância negra do mesencéfalo e núcleo accumbens (área tegmental ventral do mesencéfalo) - Emite projeções para córtex e sistema límbico - Depressão - Redução - TAB → mania - Maior atividade dopaminérgica - Aumento da liberação - Diminuição do feedback negativo - Maior sensibilidade dos receptores Depressão Mania Redução serotonina e noradrenalina Aumento serotonina e noradrenalina OUTROS NEUROTRANSMISSORES ● Sistema GABAérgico - O decréscimo na função do GABA acompanha estados depressivos e maníacos ● Sistema glutamatérgico - TAB - Aumento da concentração de glutamina/glutamato no córtex pré-frontal dorsolateral e giro do cíngulo ● Acetilcolina - Níveis anormais de colina, que é um precursor de ACh, foram encontrados na necropsia de cérebros de alguns pacientes deprimidos, talvez refletindo anormalidades na composição de fosfolipídio das células - Agentes agonistas e antagonistas colinérgicos têm efeitos clínicos diferentes sobre depressão e mania. HIPÓTESE DE DESSENSIBILIZAÇÃO DE RECEPTORES - A quantidade de neurotransmissores pode estar mantida, porém a sensibilidade dos receptores pré e pós-sinápticos está alterada HIPÓTESE IMUNOLÓGICA - A elevação de citocinas pró-inflamatórias resulta nos sintomas da depressão - As citocinas agiriam nos aspectos neuroquímicos, neuroendócrinos e comportamentais da depressão - Relação hipotálamo-hipófise-adrenais - Relação dessas estruturas com o sistema límbico, especialmente o hipocampo ATIVIDADE EIXO HHA - A atividade aumentada do eixo causa hipercortisolemia, levando a - Tônus inibitório de serotonina - Impulso aumentado de nora - Diminuição de feedback no hipocampo FATORES GENÉTICOS TRANSTORNO DEPRESSIVO DEFINIÇÃO ● Depressão - Consiste em um estado afetivo fisiológico, quando se trata de um sintoma - Comum durante o luto - Ocorre como resposta a uma situação de estresse psíquico - Transtorno depressivo maior - Ocorre sem história de episódio maníaco, misto ou hipomaníaco - Deve durar pelo menos duas semanas - Deve possuir pelo menos 4 - Alteração do apetite e peso - Alteração no sono e atividade - Falta de energia - Sentimentos de culpa - Problemas para tomar decisões - Pensamentos recorrentes de morte ou suicídio ● Episódio depressivo - Consiste em uma situação de desadaptação frente às adversidades, sendo considerada uma patologia - Diferença entre sintoma e episódio - O episódio apresenta comprometimento cognitivo e da capacidade hedônica - Pode ocorrer em outras patologias, psiquiátricas ou não - Exemplo → fibromialgia EPIDEMIOLOGIA e FATORES DE RISCO - Cerca de 15% dos pacientes deprimidos sem tratamento adequado cometem suicídio - Sexo - Mais comum em mulheres 2:1 - Idade - Idade média de início em torno de 40 anos - 50% dos pacientes tem início entre 20-50 anos - Incidência em aumento em menores de 20 anos - Estado civil - Mais comum em pessoas sem relacionamentos interpessoais íntimos - Divorciados - Separados - Comorbidades - Mais comuns relacionadas - Abuso ou dependência de álcool - Transtorno de pânico - TOC - Transtorno de ansiedade social - Perda de um dos pais com menos de 11 anos QUADRO CLÍNICO - Expressão facial triste - Olhar melancólico - Testa franzida - Ombros curvados - Tendência ao choro - Olhar apreensivo - Sintomas fundamentais - Humor depressivo - Falta de interesse e motivação - Tendência de isolamento - Lentificação psicomotora - Redução daenergia mental e física - Dificuldade para levantar pela manhã e iniciar tarefas - Pode ocorrer mesmo em atividades básicas, como higiene - Exaustão durante o dia - Dificuldade de concentração - Prejuízo da memória - Compromete organização e planejamento - Anedonia - Incapacidade de sentir prazer, alegria e felicidade - Outros sintomas → podem ou não estar presentes, em intensidades variáveis - Alterações do sono - Mais comum - Insônia intermediária ou terminal - Hipersonia - Sonolência diurna - Sono prolongado - Dificuldade para despertar - Alterações do apetite - Comumente diminuído - Alteração da função sexual - Redução da libido - Humor irritável - Sensibilidade exacerbada aos estímulos negativos - Apatia - Falta de motivação - Sintomas dolorosos podem ocorrer - Comumente dor é desproporcional - Insegurança - Medo - Menos-valia - Insuficiência - Culpa, desesperança - Ruminação depressiva - Os pensamos negativos tomam conta da maior parte do dia do depressivo - Ampliação das dificuldade reais - Medos irracionais - Preocupações excessivas e desproporcionais - Estupor depressivo - Condição clínica psicótica - Paciente fica alheio à realidade - Emudece - Deixa de se alimentar ● Delírios psicóticos - De culpa - Paciente se culpa por tragédias - De ruína - Verem-se arruinados financeiramente e culpados pela inanição dos filhos - De perseguição - Hipocondríaco - Acreditam portarem doenças graves - Niilista - Nega a existência do mundo, corpo, vida ou da morte - Melancólico - Tonalidade afetiva penosa - Monótonas e repetitivas - Não se desenvolve, sendo pobre em conteúdo - Passivas - Doente aceita sua infelicidade - Divergentes e centrífugas - Estende-se entre pessoa e ambiente - Lamentações remorsos do passado - Ansiedade e temores do futuro SUBTIPOS ● Depressão endógena ou melancólica - Caracterização - Anedonia absoluta - Humor depressivo não-reativo a estímulos agradáveis - Diferente da tristeza normal (diferente do luto) - Sentimentos de culpa - Insônia terminal - Piora matutina - Redução do apetite - Perda de peso - Retardo cognitivo ou agitação psicomotora - Classificação - DMS-IV - Características melancólicas de episódio depressivo - CID10 - Sintomas somáticos ● Depressão atípica - Inversão dos sintomas vegetativos - Aumento do apetite - Aumento do sono - Ganho de peso - Paralisia de chumbo - Sensação de ausência total de força - Reatividade do humor - Capacidade de se alegrar com eventos positivos - Persistência de extrema sensibilidade à rejeição interpessoal ● Depressão sazonal - Episódios depressivos em épocas características do ano - Comumente início do outono e inverno - Remissão na primavera - Mais comum em mulheres - Sintomas atípicos - Hipersonia - Hiperfagia - Letargia - Ganho de peso - Avidez por carboidratos ● Depressão psicótica - Depressão grave - É associada com sintomas psicóticos - Delírio - Alucinações - Vozes acusatórias - Sensação de ouvir barulhos - Visuais - Ilusões (ver vultos) ● Depressão bipolar - Episódios depressivos em pessoas com história de - Hipomania → Tipo II - Mania → Tipo I - Mais comum - Retardo psicomotor - Sintomas atípicos - Sintomas psicóticos - Início precoce - Costuma recorrer - Maior probabilidade de abuso de substâncias - Maior risco de suicídio DIAGNÓSTICO (CRITÉRIOS) - Pode-se solicitar exames complementares para excluir outras causas orgânicas - Ex. TSH e cortisol - Exames de imagem - Minti - Exames - RM - TC - PET - Redução do fluxo sanguíneo - Áreas mesolímbicas - Hemisfério esquerdo TRATAMENTO ● Objetivos - Controle dos sintomas agudos - Segurança do paciente - Não tratar apenas sintomas imediatos, mas também o bem-estar futuro - Redução da gravidade e número de estressores - Prevenir recorrência de episódios ● Psicoeducação - É importante que os pacientes e familiares entendam sobre a patologia e sobre a conduta terapêutica, para aumentar a adesão ao tratamento - Deve-se esclarecer os possíveis efeitos colaterais em caso de uso de medicamentos ● Medicamentos disponíveis - Podem levar de 3-4 semanas para obter efeito satisfatório - Período mínimo de tratamento → 6 meses - Risco de recorrência → 2 anos - Indicação individualizada - Perguntar se já tomou antes ou algum familiar já tomou - Fluoxetina e escitalopram - Disponibilizados pelo SUS - Às vezes Sertralina - Duais - Não têm pelo SUS - Tricíclicos - Amitriptilina - Bupropiona - Disponível pelo SUS - Pode ser utilizado no TAB - Primeira geração - IMAOS - Tricíclicos - Segunda geração - ISRSs - Terceira geração - Duais - Inibidores seletivos da recaptação de noradrenalina ● Hospitalização - Indicações - Risco de suicídio - Risco de homicídio - Vulnerabilidade social - Capacidade reduzida do indivíduo obter alimento e abrigo - Progressão rápida dos sintomas - Ruptura do sistema de apoio - O médico pode tratar com segurança a depressão ou a hipomania leves no consultório se avaliar o paciente com frequência - Sinais clínicos de dificuldade de julgamento, perda de peso ou insônia devem ser mínimos ● Terapia psicossocial - Em casos leves pode ser dispensada, caso o paciente não tenha acesso à terapia - Ex. dificuldades socioeconômicas - Psicanálise - Visa alterar a estrutura da personalidade do paciente - Não visa apenas alívio dos sintomas - Terapias de curto prazo são preferíveis: a. Cognitiva - Aliviar os episódios depressivos - Prevenir recidivas - Ajudar o paciente na identificação das cognições negativas - Desenvolver pensamentos alternativos b. Interpessoal - Relaciona os episódios atuais com relacionamentos disfuncionais precoces - Pode ser indicado para casos graves - 12-16 sessões semanais c. Comportamento - Baseada na ideia de que padrões comportamentais mal-adaptativos resultam na baixa percepção de respostas positivas - Paciente se sente rejeitado socialmente - Vida o reforço-positivo ● Eletroconvulsoterapia - Definição - É um procedimento que utiliza energia elétrica para induzir uma crise convulsiva, sob anestesia geral, com o objetivo de causar alterações de comportamento e melhora dos sintomas - Funcionamento (teorias) - Monoaminérgica - Corrente elétrica aumenta a neurotransmissão adrenérgica, dopaminérgica e serotoninérgica - Neuroendócrina - Aumenta liberação de prolactina, TSH e endorfinas - Neurotrófica - Aumento da neurogênese, aumentando a sinalização no cérebro - Indicação - Depressão grave, grande risco de suicídio e catatonia - É a 1ª linha - Necessita de melhora rápida - Casos de difícil controle, resistentes às terapias convencionais - É a 2ª linha - Contraindicações - Relativas - Hipertensão intracraniana - Processo expansivo no SNC - Doenças ortopédicas - Absolutas - ASA 4 ou 5 - Orientação - Interromper benzodiazepínicos e lítio ● Fases do tratamento - Pelo menos 6 meses ou a duração do episódio anterior 1. Aguda - Objetivo - Remissão completa dos sintomas ou o mínimo de sintomas residuais - Resposta - Se em 4 semanas não houver resposta ou ela for mínima - Mesmo com as doses máximas toleradas - Deve-se trocar a classe do antidepressivo - Resposta parcial em 2 semanas - Otimizar doses - Alcançar máxima da faixa terapêutico ou máxima dose tolerada - Depressão moderada a grave - Optar por ISRS e duais - Efeitos colaterais - Mais intensos na primeira semana - Costumam desaparecer progressivamente - Psicoterapia 2. Continuação - Manutenção da dose adequada instituída durante a fase aguda - Visa prevenir recidivas - Dura de 4 a 9 meses, no geral 3. Manutenção - Visa prevenir recorrências - Duração - Mínimo de 1-2 anos - Pacientes com 3 ou mais episódios necessitam de 5 anos de continuação - Alguns pacientes podem necessitar de tratamento por mais tempo ou até mesmo ininterrupto PROGNÓSTICO ● Curso clínico - Início - Cerca de 50% dos pacientes com episódio significativojá apresentaram sintomas prévios mais leves - Geralmente não há transtorno de personalidade pré-mórbido - 50% dos casos ocorrem antes dos 50 anos - Duração - 6-13 meses em caso de não tratamento - Os episódios costumam duram mais quanto mais recidivas ocorrerem ● Prognóstico - Tende à cronificação - Alta taxa de recidivas - Relação com hospitalização - 50% têm chances de recuperação no primeiro ano - Mais mais hospitalizações menor a chance de recuperação - 25% tiveram recorrência em 6 meses - 30-50% nos primeiros dois anos - 50-75% em cinco anos - A incidência de recidiva é menor do que em pacientes que continuam o tratamento psicofarmacológico profilático e naqueles que tiveram apenas 1 ou 2 episódios depressivos - Indicadores de gravidade - Menor gravidade - Episódios leves - Ausência de sintomas psicóticos - Internação hospitalar curta - Família estável - Boas relações interpessoais, especialmente durante a adolescência - Ausência de transtorno psiquiátrico - Idade de início avançada - Maior gravidade - Coexistência de - Distimia - Abuso de álcool - Abuso de substâncias - Sintomas ansiosos - História de mais de um episódio anterior - Homens costumam cronificar mais que as mulheres TRANSTORNO AFETIVO BIPOLAR DEFINIÇÃO - Compreende - TAB I (mania) - Pode ser de ciclagem rápida - TAB II (hipomania) - Hipomania - Ciclotimia EPIDEMIOLOGIA e FATORES DE RISCO - Genética - Cerca de 50% dos bipolares tipo I têm pelo menos um dos pais com TAB - Hereditariedade - Um pai com TAB I → chance de 25% - Dois pais com TAB I → 50-75% de chance - Sexo - Ocorre por - Fatores hormonais - Efeitos do parto - Estressores psicossociais - TAB 1 → prevalência de quase 1:1 - Episódios maníacos são mais comuns em homens - Episódios depressivos são mais comuns em mulheres - Idade - Variável - Pode iniciar dos 5 aos 50 anos - Estado civil - TAB I - Menos comum em pessoas casadas - Comorbidades - Mais comuns relacionadas - Abuso de substâncias - Transtorno de pânico - TOC - Mais comum em classes sociais mais altas e maior escolaridade TIPOS ● TAB I - Curso clínico de um ou mais episódios maníacos - Às vezes ocorrem episódios depressivos maiores ● TAB II - Curso clínico de episódios de hipomania e depressão maior ● Episódio misto - Em um período de pelo menos uma semana em que ocorrem episódios de mania e depressivos maiores quase diariamente QUADRO CLÍNICO MANIA ● Caracterização - Alterações de humor, cognição e psicomotricidade e nas funções vegetativas, mas com características opostas à depressão ● Episódio maníaco - É um período distinto de humor anormal e persistentemente elevado, expansivo ou irritável - Dura pelo menos uma semana - Causa comprometimento social ou ocupacional - Aspectos psicóticos presentes ● Sintomas - Autoestima inflada - Otimismo exagerado - Ausência de medo - Necessidade de sono diminuída - Superioridade - Superficialidade - Frieza no contato interpessoal - Grande atividade física e mental - Taquipsiquismo - Envolvimento excessivo em comportamento prazeroso - Impulsividade - Percepção da realidade é distorcida - Cria realidade própria - Labilidade emocional - Instabilidade afetiva com brusca inflexão para tristeza - Retorno rápido para expansível dominante - Sentimentos de erotismo ou exacerbação de fé - Logorréia - Fala rápida, difícil ou impossível de interromper - Falas dispersas - Baixa fixação de memória durante a fase ● Quadros psicóticos - Atividade alucinatória - Visual e auditiva - Confusão mental HIPOMANIA - Consiste em uma mania atenuada - Dura pelo menos 4 dias - Similar ao quadro maníaco, porém é menos grave e não possui aspecto psicótico - Não causa comprometimento funcional ao indivíduo ● Sintomas - Irritabilidade - Alegria - Jocosidade - Sociabilidade - Procura por companhia - Aumento do desejo e comportamento sexual - Tagarelice - Autoconfiança - Otimismo exagerado - Desinibição - Redução da necessidade de sono - Vitalidade - Ânimo - Aumento do envolvimento em projetos novos - Hiperatividade de ideias MISTO - Associação entre quadros de mania e quadro clínico completo de depressão - Transitória - Transição entre mania e depressão e vice-versa - Autônoma - Episódio da doença DIAGNÓSTICO (CRITÉRIOS) 1. Episódios maníacos - Focar em 1 semana 2. Episódio hipomaníacos - Focar em 4 dias ● Aspectos clínicos preditivos de TAB TRATAMENTO ● Medicamentos ● Mania aguda ou hipomania - Não utilizar o ADT sozinho, pois pode predispor à mania - Carbonato de lítio - 1ª linha - Estabilizador de humor - Início da ação anti maníaca é lento, devendo ser complementado inicialmente - Antipsicóticos atípicos - Anticonvulsivantes - Estabilizadores de humor - Benzodiazepínicos de alta potência - Pode causar hipertireoidismo - Similar ao TSH - Dose terapêutica próxima da tóxica - Valproato - Ácido valpróico - Indicado apenas para mania aguda - Pode ser utilizado como 1ª linha - Carbamazepina e oxcarbazepina - Utilizado para mania aguda - Clonazepam e lorazepam - Anticonvulsivantes benzodiazepínicos de alta potência - Usados na mania aguda - Comumente adjuvantes ao lítio, carbamazepina ou valproato - Antipsicóticos atípicos e típicos - Medicamentos - Olanzapina - Risperidona - Quetiapina - Ziprasidona - Aripiprazol - Efeitos antimaníacos ● Depressão bipolar aguda - Primeira linha - Estabilizador de humor + antidepressivo - Olanzapina + fluoxetina - Para primeiro episódio ou episódio isolado ● Tratamento de manutenção - Lítio, carbamazepina e ácido valpróico - Isolados ou em combinação - São os mais utilizados a longo prazo - Lamotrigina - Profilaxia anti depressiva - Possível ação estabilizadora de humor ● Princípios do tratamento PROGNÓSTICO - Tem um prognóstico pior que a depressão - Maior probabilidade dos pacientes cometerem suicidio SOBRE DISTÍMICOS DEFINIÇÃO - Consiste em uma forma de depressão crônica, não-episódica, de sintomatologia menos intensa que as depressões maiores QUADRO CLÍNICO - Semelhante ao transtorno depressivo maior, porém com sintomatologia atenuada e duração de, pelo menos dois anos - Letargia - Inércia - Piores pela manhã - Anedonia - Dificuldade de concentração - Sentimento de inadequação - Baixa auto-estima - Mau humor - Sensibilidade aumentada - Principais diferenças para depressão leve/moderada - Muito irritáveis - Crises de raiva - Mentalmente acelerados com conteúdo negativo - Agressivos - Ansiosos - Os sintomas não são incapacitantes, mas causam prejuízo social, pessoal e profissional DIAGNÓSTICO (CRITÉRIOS) TRATAMENTO - Terapia cognitivo-comportamental - Farmacológico - Mesmos medicamentos da depressão - Iniciar com tricíclico em baixa dose SOBRE CICLOTÍMICOS DEFINIÇÃO - É um subtipos das doenças bipolares - Consiste em manifestações afetivas leves de natureza sub depressiva e hipomaníaca, oscilantes por períodos longos - São distintos entre si - Podem coexistir - Pode haver predomínio depressivo ou hipomaníaco - Os sintomas costumam ser mais brandos que a depressão e hipomania - Ciclos curtos de depressão e hipomania que falham nos critérios de duração das síndromes afetivas maiores - Mais comum em mulheres - Início entre 15 e 25 anos DIAGNÓSTICO (CRITÉRIOS) TRATAMENTO - Psicoterapia - Estabilizadores de humor SEMIOLOGIA PSIQUIÁTRICA ● História clínica - Identificação do paciente - Queixa principal - Origem e motivo do encaminhamento - História da moléstia atual - Insight - O paciente admite e entende ter a doença - Avaliar início da doença - Fatores precipitantes - Evolução - Gravidade - Impacto da doença sobre a vida da pessoa - Descrição detalhada dos sintomas - Frequência - Duração - Flutuações - Cronologia dos sintomas - Eventos relacionados - História médica - Comorbidades - Cirurgias prévias - Internações hospitalares - Mudança recente de peso - Alteração do sono- Alterações intestinais - Ciclo menstrual - Medicamentos em uso - Verificar abuso - Associação com drogas - Dosagem - Motivo da prescrição - Hábitos e vícios - Antecedentes psiquiátricos - Diagnósticos - Tratamentos - Duração - Psicofármacos e efeitos - Antecedentes pessoais - Informações sobre gestação, parto e nascimento - Infância e desenvolvimento - Adolescência - Menarca - Sexarca - Uso de álcool e drogas - Relacionamentos - Atividade laboral - História familiar - Especialmente distúrbios psiquiátricos - Personalidade pré-mórbida ● Exame físico - Descrição geral - Indivíduo deprimido - Postura encurvada - Sem movimentos espontâneos - Olhar desviado para baixo - Não mantém contato visual - Observar sinais de agitação psicomotora ● Exame do estado mental - Consiste na avaliação funcional mental do paciente durante a anamnese 1. Apresentação geral - É realizada a partir da impressão geral pela aparência física, atitude e conduta a. Aparência - Quanto a idade e saúde - Deformidades ou peculiaridades físicas - Modo de vestir-se - Cuidados pessoais - Expressão facial - Relação com patologias - Ex. ansiedade ou sinais de depressão b. Psicomotricidade - Comportamento e atividade motora - Intensidade e velocidade - Hiperatividade ou hipoatividade - Presença de tremores, maneirismos e tiques - Maneirismos → movimentos involuntários estereotipados - Tiques → movimentos involuntários e espasmódicos - Sinais de catatonia - Anormalidade motora não orgânica - Estupor - Lentificação motora - Catalepsia - Manutenção de posição imóvel c. Situação da interação - Participação de outros - Intercorrências individuais - Relação com a entrevista - Cooperação - Oposição - Tendência a conduzir a entrevista - Indiferença - Negativismo 2. Linguagem e pensamento a. Características da fala - Fala deve ser caracterizada - Espontânea - Apenas à estimulação - Mutismo - Volume da fala - Defeito na verbalização - Afasia - Prejuízo na compreensão ou transmissão de ideias - Alterações no SNC - Disartria - Incapacidade na articulação das palavras - Rouquidão - Gagueira b. Progressão da fala - Quantidade e velocidade da verbalização - Possíveis alterações - Quantitativamente diminuída - Restringe ao mínimo necessário - Respostas monossilábicas ou sucintas - Fluxo lento - Pausas entre palavras - Latência para iniciar a resposta - Prolixidade - Fala muito, discorrendo longamente sobre tópicos - Dentro dos limites de uma conversa normal - Fluxo acelerado - Paciente fala continuamente com velocidade aumentada - Comumente é difícil interromper o discurso do paciente c. Forma do pensamento - Deve-se examinar a organização formal do pensamento em sua continuidade e eficácia - Circunstancialidade - O objetivo é longamente adiado pela incorporação de detalhes irrelevantes e tediosos - Tangencialidade - O objetivo da fala não é atingido ou não é claramente definido - O paciente afasta-se do tema discutido dificultando a conclusão - Fala de forma vaga - Perseveração - O paciente repete a resposta para diferentes questões - Não se adequa ao tópico - Fuga de ideias - Ocorre quando há pensamos acelerados - Associações inapropriadas, denominadas ressonantes, sendo feitas pelo ritmo ou som das palavras - Pensamento incoerente - Perda da associação lógica entre as partes da sentença - Bloqueio de pensamento - Interrupção súbita da fala sem terminar a sentença - Neologismos - Paciente cria novas palavras ininteligíveis - Ecolalia - Repetição de palavras ou frases ditas pelo interlocutor d. Conteúdo do pensamento - Deve-se avaliar os conceitos emitidos pelo paciente e sua relação com a realidade - Caracterizar quanto a predominância de tema do discurso - Ansioso - Preocupações exageradas - Depressivos - Desamparo, desesperança e etc - Fóbico - Medo exagerado ou patológico - Obsessivos - Pensamentos recorrentes - Invasivos e sem sentido - Pode ser associado com compulsões - Caracterizar quanto a logicidade do pensamento - Ideias supervalorizadas - É irracional, porém menos sustentada que uma ideia delirante - Delírios - Crenças que refletem uma falsa realidade - Não é compartilhada por outros grupo - Não pode ser dissuadido por argumentação - Primários - Sem outros processos psicológicos - Secundários - Vinculados com outros processos psicológicos - Ex. alucinação e. Capacidade de abstração - Reflete a capacidade de formular conceitos e generalizações - Observação de manifestações espontâneas - O oposto é o pensamento concreto 3. Senso-percepção 4. Afetividade e humor 5. Atenção e concentração 6. Memória 7. Orientação 8. Consciência 9. Capacidade intelectual 10. Juízo crítico da realidade CRITÉRIOS DE ALERTA PARA IDEAÇÃO SUICIDA COMO DIFERENCIAR LUTO (ESTÁGIOS) E DEPRESSÃO Os cinco estágios do luto - Fisiologicamente dura, em média, 12 meses - Indicativos de patologia - Alucinação com a pessoa que se foi - Anedonia - Desânimo - Solidão intensa - Insônia - Afastamento das atividades que lembram do ente querido ● Primeiro estágio: negação e isolamento. É o primeiro sentimento diante da notícia de doença terminal para um paciente ou de morte para um enlutado, independentemente de como tomou conhecimento do fato que funciona como um para-choque, para que o paciente ou o enlutado se acostume com tal situação. Funciona como um para-choque para que o sujeito possa se acostumar com a situação e é preciso aguardar o momento oportuno para se aproximar dele, observando os sinais demonstrados. A aceitação parcial é a fase logo após a negação, quando não se utilizam da negação por muito tempo. É um estado temporário do qual ele se recupera, gradativamente, à medida que vai se acostumando com a realidade, até começar a reagir. ● Segundo estágio: raiva. Surge quando não é mais possível negar o fato e há o sentimento de revolta, de inveja e de ressentimento. O paciente ou o enlutado se pergunta “por que eu e não outra pessoa?”. A raiva é expressa por emoções projetadas no ambiente externo e pelo sentimento de inconformismo. Para a família e os amigos, é uma fase difícil de lidar, pois suas atitudes não têm justificativa plausível. A raiva só se torna patológica quando se torna crônica. ● Terceiro estágio: barganha. O paciente começa a ter esperança de uma cura divina ou de um prolongamento da vida, em troca de méritos que acredita ter ou ações que promete empreender. ● Quarto estágio: depressão. É o estágio de sentimentos de debilitação e tristeza acompanhados de solidão e saudade. Funciona para o paciente, bem como os envolvidos com ele, como uma preparação para suas perdas. Essa fase requer muita conversa e intervenções ativas por parte dos que estão a sua volta, de modo a evitar uma depressão silenciosa. Isso porque só os que conseguem superar as angústias e as ansiedades são capazes de alcançar o próximo estágio, que é a aceitação. ● Quinto estágio: aceitação. Após externar sentimentos e angústias, inveja pelos vivos e sadios, raiva pelos que não são obrigados a enfrentar a morte, lamento pela perda iminente de pessoas e de lugares queridos, a tendência é que o paciente terminal aceite sua condição e contemple seu fim próximo com mais tranquilidade e menos expectativa. O enlutado que já conseguiu vencer os estágios anteriores chega, agora, ao momento em que a saudade se torna mais sossegada, se sente mais em paz e começa a ter condições de se organizar na vida TABELA REFERÊNCIAS https://repositorio.ufmg.br/bitstream/1843/BUOS-A3YF 3Z/1/lucelia_tcc.pdf https://edisciplinas.usp.br/pluginfile.php/5740391/mod _resource/content/1/semiologia_psiquiatrica.pdf https://www.scielo.br/j/rbp/a/Z4SjY9BvfRv4K6jnrn4Y9g r/?format=pdf&lang=pt https://repositorio.ufmg.br/bitstream/1843/BUOS-A3YF3Z/1/lucelia_tcc.pdf https://repositorio.ufmg.br/bitstream/1843/BUOS-A3YF3Z/1/lucelia_tcc.pdf https://edisciplinas.usp.br/pluginfile.php/5740391/mod_resource/content/1/semiologia_psiquiatrica.pdfhttps://edisciplinas.usp.br/pluginfile.php/5740391/mod_resource/content/1/semiologia_psiquiatrica.pdf https://www.scielo.br/j/rbp/a/Z4SjY9BvfRv4K6jnrn4Y9gr/?format=pdf&lang=pt https://www.scielo.br/j/rbp/a/Z4SjY9BvfRv4K6jnrn4Y9gr/?format=pdf&lang=pt
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