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Vínculos de Parentesco na Roma Antiga e no Brasil

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS
Faculdade de Direito – Terceiro Departamento
Projeto de Ensino Estudos de Direito Comparado: Direito Romano e Direito Civil Brasileiro
Disciplina de História das Instituições Jurídicas
Trabalho de Direito Comparado do Primeiro Semestre de 2021
AS ESPÉCIES DE VÍNCULO DE PARENTESCO NA ROMA ANTIGA E NO BRASIL
Ronald Oliveira Souza – 21300098 – Turma 1 - ronald.souza@ufpel.edu.br
Nicole Oliveira Gabriel – 21300148 – Turma 1 - nicoleoliveiraaag@gmail.com
Mateus Zortéa – 21300078 – Turma 1 - mateuszortea86@gmail.com
Marcos Vinicius Costa Fernandes – 21300080 – Turma 1 - marcos.fernandes@ufpel.edu.br
Maruã Cardozo Cabreira – 21300168 – Turma 1 - maruacabreira02@gmail.com
Jamilly Moraes Neves – 21300189 – Turma 1 - jajamoraesneves61@gmail.com
Michele Pereira Barbosa – 20300105 – Turma 1 - michelebarbosampb2018@gmail.com
Raíssa Chagas Rodrigues – 21300151 – Turma 1 - rayychagasro@gmail.com
Maria Eduarda Visconde de Souza Schmitt – 21300049 – Turma 1 - dudsschmitt@hotmail.com
Rafael Borba Machado – 21300171 –Turma 1 - rafael2002borba@gmail.com
1. INTRODUÇÃO
Inicia-se este trabalho com a apresentação do conceito de família para o posterior
entendimento das espécies de vínculos de parentesco presentes na Roma Antiga e no Brasil,
os quais serão definidos e classificados de forma sintética e que conduzirão ao método
comparativo. Além disso, cabe ressaltar a importância da estrutura familiar romana e seus
princípios jurídicos para o estabelecimento do parentesco que influenciaram a formação do
Direito de Família brasileiro tanto na Constituição Federal como no Código Civil. Contudo,
também busca-se destacar as diferenças encontradas perante a evolução sofrida nos códigos
brasileiros para a compreensão do tema mencionado. Nessa perspectiva, o objetivo das
pesquisas realizadas sobre essa temática é demonstrar de modo lúcido os conteúdos que
serão abordados e, que anteriormente, foram expostos em sala de aula.
A palavra família originou-se de imediato da língua latina e, ao longo do tempo,
abrangeu concepções muito amplas que foram se modificando por diversas questões políticas,
históricas e sociais. Não se contendo somente com a linguística, o legado de Roma também foi
deixado na estruturação da entidade familiar pelo Direito romano ao estabelecer direitos de
propriedade, de sucessão e de proteção aos indivíduos. Esses direitos influenciaram na
construção dos códigos civis no panorama mundial, em destaque aos países da América
Latina, como o Brasil, revelando a legitimação dessa comparação. Com base nessa instituição
familiar, surgiram os vínculos de parentesco que podem ser definidos como relações
vinculativas entre indivíduos levando em conta determinados tipos.
Na Roma Antiga, o parentesco de natureza agnátícia era caracterizado pelo papel que o
vínculo de origem jurídica tinha sob a estrutura familiar, sobretudo, por fundamento da religião.
Quanto ao vínculo parental de natureza cognatícia, diferenciou-se do primeiro no sentido que
fundamenta-se pela relação sanguínea. Por fim, alguns romanistas consideraram que havia a
modalidade de parentesco por afinidade, sendo que esse vínculo parental era produto do
parentesco por cognação e originária do casamento sine manus (SANTOS, 2005).
Por outro lado, no Brasil existem três origens de parentesco previstas no Código Civil e
de acordo com Paulo Lobo, são elas: a afinidade, a socioafetiva e a consanguinidade. Dentro
da primeira e da segunda origem, fundamenta-se a modalidade de parentesco civil,
baseando-se no vínculo jurídico de parentalidade, não levando em conta, necessariamente, o
fator sanguíneo. Já a terceira origem, diz respeito à modalidade de parentesco natural a qual
sustenta-se no vínculo biológico, ou seja, de sangue, e subdivide-se em ancestrais comuns
mailto:ronald.souza@ufpel.edu.br
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Faculdade de Direito – Terceiro Departamento
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Disciplina de História das Instituições Jurídicas
Trabalho de Direito Comparado do Primeiro Semestre de 2021
diretos e indiretos.
2. METODOLOGIA
Esse trabalho, por sua natureza, foi baseado no método de pesquisa bibliográfico
usando-se de aspectos conceituais dos vínculos de parentesco presentes no ius civile e no
Código Civil Brasileiro. Nesse sentido, o processo de elaboração dele foi feito, primeiramente,
com a divisão do grupo para as leituras extensas referentes ao estudo da Roma Antiga e do
Brasil. Em seguida, produziram-se sínteses para o melhor entendimento do assunto e
promoveram-se discussões em campos de análise das obras sobre os códigos civis de ambos
países e épocas.
A pesquisa apoiou-se nas obras “Institutas do Imperador Justiniano” de Justiniano,
“Direito Romano” de Moreira Alves, “Direito Romano: Uma introdução ao Direito Civil” e “Direito
Romano: Tutela da Idade” de Severino dos Santos, as quais serviram de embasamento para as
modalidades de parentesco romanas, incluindo seus desdobramentos e leis que serão
abordados posteriormente. Já os livros relativos ao Brasil, apresentam um viés mais atual da
estruturação da família brasileira e da parentalidade remetendo as influências das fontes
romanas que também serão desenvolvidas, sendo eles: “Direito Civil Brasileiro” de Álvaro
Villaça, “Novo Curso de Direito Civil: Direito de Família” de Pablo Stolze, “Direito Civil: Famílias”
de Paulo Lôbo, “Direito Civil: Direito de Família” de Flávio Tartuce. Além disso, utilizou-se e a
Constituição Federal na Lei n० 10.406 que instituiu o Código Civil Brasileiro.
3. RESULTADOS
3.1. Roma
Na Roma Antiga, o conceito de família era dado em um sentido estrito, de acordo com
Moreira Alves, levando em conta o cônjuge e os filhos. Segundo o autor, o Direito Romano
considerava diversos complexos familiares, tais como: família communi iure, gentiles,
cognados, família proprio iure e família natural, dando destaque para as duas últimas. É
importante salientar que o termo família sofreu evolução desde o período pré-clássico, em que
a instituição familiar era totalmente patriarcal em decorrência da figura do pater familias
proveniente do parentesco agnatício, ao período do Imperador Justiniano, em que ela passa a
se basear no parentesco cognatício.
Nesse contexto, é válido definir as expressões sui iuris e alieni iuris dessas unidades
familiares. A primeira diz respeito aos sujeitos que eram plenamente capazes de exercerem
poderes, como o pater familias; já a segunda remete às pessoas dependentes desse poder
pátrio, como os filii familias. A família proprio iure, por exemplo, era constituída por indivíduos
subordinados ao poder de um mesmo pater familias, o qual era chefe absoluto dela e gozava
de plenos poderes sobre eles. Desse modo, a patria potestas estendia-se sobre filhos, filhas,
netos, netas, escravos, adotados, a mulher do pater familias e também as mulheres do filii
familias que se casaram pelo cum manus. A família natural também tinha sua relevância para
esse estudo por ser fundamentada no casamento e composta pelo cônjuge e filhos.
Além disso, faz-se necessário destacar outras noções importantes estudadas para um
completo domínio das formas de vínculos de parentesco. São elas:
3.1.1. O poder do pater familias
O pater familias era um cidadão romano, sempre do sexo masculino, que não estava sob
patria potestas de outro, figura que não se vinculava com o fator biológico. Normalmente
tornava-se um pater após a emancipação do filho ou após a morte do chefe da domus. Dentro
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da residência ou domus, apenas o pater era sui iuris de seu próprio direito. Além do mais, o
patrimônio familiar era administrado por ele, o qual detinha o poder da patria potestas sobre
seus filhos e é sacerdote doculto doméstico aos seus antepassados (SANTOS, 2005). Alguns
dos poderes exercidos por ele: a manus (poder exercido sob a mulher que se casava por
conventio in manum), dominica potestas (poder exercido sob os escravos), patria potestas -
poder exercido sob os filhos biológicos, filhos por ad-rogação ou adoção; ius exponendi - poder
de reconhecer ou não a paternidade de crianças nascidas de justas núpcias; mancipium -
poder especial de sujeição que o pater exercia sobre pessoas livres.
3.1.2 Adoção
Os mecanismos de adoção consistiam das seguintes formas: pela adoção e ad-rogação.
adoção. A primeira se dava pela autoridade do imperador e recebia esse nome pois o adotado
não é membro da mesma família do que o adota (JUSTINIANO, 1915). Em outras palavras, era
quando um adotando, sendo alieni iuris, ingressava na entidade familiar daquele que adotava,
um sui iuris, de outro pater familias. Já a segunda se realizava pelo poder do pretor ou
magistrado e acontecia entre membros sob potestade de um mesmo pater familias,
(JUSTINIANO, 1915). Em outros termos, significa dizer que o indivíduo que seria adotado era
sui iuris e entrava na família do adotante, também sui iuris.
3.1.3 Casamento
Haviam duas maneiras de existir o casamento romano entre homem e mulher: cum
manus e sine manus. Na primeira, o marido, com a manus, exerce poder sobre a esposa que
se torna ou apenas continua alieni iuris; em contraposição, na segunda o marido não tinha a
manus sobre a esposa. Assim, conserva-se os bens e a família de origem dela.
Para o matrimônio acontecer, existiam alguns requisitos como o consentimento (somente
para sui iuris), a puberdade (mulher como no mínimo 12 anos e homem com 14 anos) e a
legitimação do casamento (conubium). Vale destacar que a conubium poderia impedir um
casamento legítimo levando os critérios do parentesco, pois as pessoas não poderiam se casar
tanto na linha reta como na colateral (agnatício e cognatício); da afinidade e da condição social.
3.1.4 Tutela
A tutela pode ser definida como o poder que um indivíduo tem para proteger e de
administrar bens dos menores que estão fora do pátrio poder. Esses bens serão geridos por
um tutor até esses menores tornarem-se capacitados. Contudo, as mulheres, menores ou não,
estarão sempre sob tutela por serem consideradas incapacitadas. Os parentes de sangue do
lado masculino, ou agnados, eram os tutores legítimos e os escravos também poderiam ser
considerados tutores em determinados casos. Logo, essa forma de proteção e de regimento de
bens dos tutelados ou pupilos substitui o poder do pater familias quando ele falece, pois todos
os filhos passam a condição de sui iuris.
3.1.5 Filiação e reconhecimento dos filhos
Apresenta-se o reconhecimento dos filhos sob o viés dos poderes do pater famílias. Com
o ius exponendi, ele poderia negar a aceitação das crianças nascidas de justas núpcias, as
quais eram colocadas aos pés dele. Dessa forma, o pater poderia negar a criação de acordo
com sua compreensão, dissociando do fator biológico, nos casos de dúvida da legitimidade, de
extrema pobreza, de deformidade física, por qualquer outro motivo ou por razão nenhuma.
Através do ius vendendi, ele poderia vender todos os sujeitos sob sua potestade,
incluindo seus filhos e isso ocorria devido ao caráter rural e de pobreza em Roma tornando-se
uma prática comum que foi sendo, aos poucos, desencorajada. Além disso, no Direito
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justinianeu, o ingresso da família também poderia se realizar pela legitimação, ocorrendo de
três maneiras: por rescrição imperial, pelo posterior casamento dos pais e pela oblação à cúria.
3.1.6 Relações de parentesco
O parentesco agnatício ou civil era aquele que levava em conta um vínculo jurídico para
sua origem, baseado na religião e era transmitido apenas por indivíduos do sexo masculino
submetidos ao pater familias. Dessa maneira, cabia apenas ao homem o culto aos seus
ancestrais mortos e sacrifícios no que chama-se de domus e os filhos eram considerados parte
da propriedade do pater. Logo, a mulher não transmitia parentesco e caso contraísse
matrimônio, estando sob potestade de outro pater, renunciava aos seus antepassados tendo
agora que prestar culto aos de seu marido.
Seguindo esse vínculo, eram agnados os que tivessem relação de mulher, filho, filha ou
escravo com o pater. Portanto, essa relação poderia ser construída tanto pelo casamento como
pela adoção. No entanto, era possível que esse parentesco deixasse de existir nas situações
de adoção, ad-rogação, conventio-in-manum, mancipio e capitis-deminutio-minima –
circunstância em que um sujeito perde sua posição dentro de uma família romana.
O parentesco cognatício era baseado na consanguinidade, ou seja, no fator biológico.
Dessa forma, a sua transmissão de parentesco se dava tanto pelo homem (via paterna) quanto
pela mulher (via materna). Severino Santos define que tal parentesco é composto pelos
descendentes, ascendentes e colaterais de um mesmo tronco ancestral, como pais, filhos,
avós e netos. Como se exemplifica: “contam-se, na linha reta, os graus de parentesco pelo
número de gerações, e, na colateral, também pelo número delas, subindo de um dos parentes
até ao ascendente comum, e descendo até encontrar o outro parente” - Artigo 1594 da Lei nº
10.406, de 10 de Janeiro de 2002 (BRASIL, 2002).
Esse vínculo de parentesco era muito importante para o direito sucessório devido a
interesses econômicos quanto a herança e patrimônio. Divide-se sua contagem em linhas e
graus, tendo como limite no caso do casamento ad infinitum, e em outros casos até o sétimo
grau pelo parentesco direto (SANTOS, 2005).
O parentesco por afinidade origina-se no vínculo de natureza cognatícia e que provém
do casamento de modalidade sine manus. Entretanto, é importante destacar que esse tipo de
casamento ocorre quando a mulher ainda permanece vinculada ao seu pater original. Esse
parentesco era a combinação entre os parentes do esposo ou esposa com fundamento no
vínculo cognatício e limitava-se a enteados, sogros, nora, genro ou madrasta e padrasto.
Posteriormente, o parentesco por afinidade sofreu mudanças e passou a se associar às regras
de contagem do vínculo cognatício. Por fim, no Direito Romano Clássico é válido ressaltar que
esse o parentesco por afinidade era dissolvido junto com o casamento.
a) Contagem de parentesco
Utiliza-se os termos “linha” e “grau” para entender os aspectos básicos da contagem do
parentesco cognatício, apoiando-se nas definições de Severino Augusto dos Santos. “Linha” é
o grupo de sujeitos que compartilham de uma mesma descendência de um tronco ancestral e,
dentro dessa compreensão, existe o termo “reto” ou “parentes em linha reta” que refere-se a
um grupo de sujeitos que têm um ancestral comum e que, portanto, descendem um dos outros.
Logo, “parentes em linha colateral'' são indivíduos que compartilham de um mesmo ancestral,
porém não descendem uns dos outros como na linhagem reta prolonga-se até o sexto grau. Já
o termo "grau'' seria uma forma de medir a distância entre gerações, assim, ela é importante
para a divisão de linhagem quando combinada ao entendimento de linha.
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Imagem 1 - Funcionamento da Contagem de Parentesco [Produzida pelo Autor]
3.2 Brasil
Em um mundo globalizado, desfez-se o estigma da união com a finalidade de acumular
bens materiais e, diante disso, a família na sociedade brasileira marca o espaço preferencial da
realização de seus integrantes. É imprescindível destacar que o viés patriarcal aindaé
encontrado nela, entretanto tal característica pode ser amenizada pela repercussão do caso
Maria da Penha, o qual ocorreu em 1983, em que a farmacêutica foi agredida e jurada de
morte pelo seu marido, infelizmente devido a violência excessiva, a mulher ficou paraplégica.
Essa lei – nº 11.340 – foi sancionada em 2006, no governo de Luiz Inácio Lula da Silva, que
além de punir severamente o agressor, ampliou o entendimento de entidade familiar, sendo ela
caracterizada por uma comunidade formada por indivíduos que são ou se consideram
aparentados, unidos por laços naturais, por afinidade ou vontade expressa.
Posteriormente, extinguiu-se o caráter hétero e monogâmico, ampliando tal concepção
para abranger casais homossexuais, que ao longo dos anos vem ganhando representatividade
e voz nos debates legislativos do país, e relações poligâmicas. Vale ressaltar que na maioria
dos países, especialmente no Brasil, dentro do núcleo familiar, há paridade e proteção jurídica
independentemente do sistema político e ideológico. Para uma compreensão plena dos tipos
de parentescos brasileiros, faz-se necessário apresentar alguns fundamentos. São eles:
3.2.1. Poder Familiar
Referindo-se ao contexto brasileiro, o poder familiar está sob vigência dos pais tanto do
sexo masculino quanto feminino. Ademais, mesmo que o casal esteja separado cabe a eles a
responsabilidade sobre os filhos. Tal contexto evidencia a paridade jurídica entre os sexos
opostos, vetor que por anos foi motivo de lutas feministas e após longas batalhas e
reivindicações foi-se adquirido. Diante dos escritos acima, urge deveres e direitos que são
determinados, mediante o artigo 1634 (redação dada pela lei 13.058, de 2014). Recaindo sobre
o feitio dos pais, as principais diretrizes são: “I - dirigir-lhes a criação e a educação; (Redação
dada pela Lei nº 13.058, de 2014); II - exercer a guarda unilateral ou compartilhada nos termos
do art. 1.584; (Redação dada pela Lei nº 13.058, de 2014); III - conceder-lhes ou negar-lhes
consentimento para casarem; (Redação dada pela Lei nº 13.058, de 2014); IV - nomear-lhes
tutor por testamento ou documento autêntico, se o outro dos pais não lhe sobreviver, ou o
sobrevivo não puder exercer o poder familiar; V- conceder-lhes ou negar-lhes consentimento
para mudarem sua residência permanente para outro Município; (Redação dada pela Lei nº
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13.058, de 2014) e VI - nomear-lhes tutor por testamento ou documento autêntico, se o outro
dos pais não lhe sobreviver, ou o sobrevivo não puder exercer o poder familiar; (Redação dada
pela Lei nº 13.058, de 2014)”.
3.2.2 Adoção
Com relação aos procedimentos de adoção, anteriores ao Código Civil, subdividiam-se
em duas partes as formas de adoção, sendo elas: adoção plena e adoção simples. A primeira
refere-se à adoção de menores de idade, já a segunda, à adoção de maiores de idade.
Entretanto, posteriormente ao Código Civil, tal subdivisão extinguiu-se (TARTUCE, 2021). O
tema da adoção, de fato, nunca teve estabilidade antes da criação do Estatuto da Criança e do
Adolescente (ECA).
Sendo assim, adoção é estabelecer vínculo familiar, filiação (maternidade ou
paternidade) com alguém que, outrora, era desconhecido, por sua vez a adoção não é
realizada unilateralmente, tendo em vista que depende de decisão judicial e em casos de
crianças maiores de doze anos é imprescindível ouvi-los. Logo, infere-se que o processo de
adoção passou a ter uma maior relevância na questão psicológica, visto que, a prioridade do
processo se transferiu da figura do adotante para o adotado.
3.2.3 Tutela
A tutela e a curatela são mecanismos jurídicos que tem por finalidade proteger a vida e a
administração dos bens de pessoas incapazes de gerir sua vida e posteriormente seus
interesses, seja, pela idade ou por doença mental. A tutela é caracterizada levando em conta a
menoridade do protegido, independente de inserção em família substituta. Assim, cabe aos
tutores representar judicial e extrajudicialmente o menor até os 16 anos e assisti-lo entre 16 e
18 anos nos atos da vida civil.
3.2.4 Filiação e Reconhecimento dos Filhos
É notória a importância do desenvolvimento da ciência, essencialmente, da medicina, no
qual procedimentos artificiais são presentes no mundo globalizado, apresentando a opção de
conservação de semen, permitindo a casais inférteis, à filiação. É importante destacar que no
reconhecimento dos filhos, a tecnologia auxiliou com os exames de DNA, que de certa forma
substitui a presunção de paternidade, apesar desse método ser muito utilizado em situações
específicas. Quanto à filiação, o artigo 1.597 do Código Civil define as presunções de
paternidade.
Art. 1.597. Presumem-se concebidos na constância do casamento os filhos: “I –
nascidos cento e oitenta dias, pelo menos, depois de estabelecida a convivência conjugal; II –
nascidos nos trezentos dias subsequentes à dissolução da sociedade conjugal, por morte,
separação judicial, nulidade e anulação do casamento; III – havidos por fecundação artificial
homóloga, mesmo que falecido o marido; IV – havidos, a qualquer tempo, quando se tratar de
embriões excedentários, decorrentes de concepção artificial homóloga; V – havidos por
inseminação artificial heteróloga, desde que tenha prévia autorização do marido”. Por fim, o
reconhecimento de filhos pode ser feito de duas formas: reconhecimento voluntário ou
perfilhação e reconhecimento judicial.
3.2.5 Relações de Parentesco
Para compreender as relações de parentesco é necessário entender, primeiramente,
que existem duas divisões para classificá-los. Por isso, toma-se como referência, para
introduzir essas divisões, o seguinte artigo: “O parentesco é natural ou civil, conforme resulte
de consanguinidade ou outra origem” - Artigo 1595 da Lei nº 10.406, de 10 de Janeiro de 2002
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(Brasil, 2002). Com o auxílio do artigo citado acima, entende-se que natural ou civil são as
modalidades de parentescos reconhecidos no Código Civil e o motivo de existir essas
modalidades deve-se aos diferentes tipos de origem. Logo, são origens o vínculo
consanguíneo e dentro do termo “outros” tem-se a socioafetividade e a afinidade.
a) Origens
Como apresentado acima, as origens dividem-se em dois tipos: a consanguinidade e a
afinidade, sendo elas imprescindíveis para se interpretar como se subdividem as modalidades.
Predomina na origem de parentesco por consanguinidade, o fator biológico, isto é, o sangue,
portanto, prevalece o fator de descendência. Isso quer dizer que, biologicamente, ambos
tiveram no passado, dentro da árvore genealógica, um antepassado em comum.
Por outro lado, existe a origem por afinidade que provém do viés casamentício, nesse
âmbito, é importante destacar a noção de união estável no artigo a seguir: “É reconhecida
como entidade familiar a união estável entre o homem e a mulher, configurada na convivência
pública, contínua e duradoura e estabelecida com o objetivo de constituição de família”- Artigo
1723 da Lei nº 10.406, de 10 de Janeiro de 2002 (Brasil, 2002). Por fim, existe a compreensão
da origem baseada na socioafetividade, que é característica do ordenamento jurídico brasileiro,
onde o afeto torna-se componente principal para existência de um vínculo de parentalidade.
b) Modalidades
Referenciando as origens do vínculo de parentalidade citados acima, parte-se agora
para as modalidades de parentesco, que subdivide-se em natural e civil. Iniciando pelo
parentesco natural, a qual baseia-se na origem de vínculo consanguíneo e tem comobase o
sangue para delimitar a parentalidade.
Adiante, tem-se o parentesco civil que congrega, o que o Código Civil trata como “outras
origens”, que são, como citados, as origens por socioafetividade e afinidade. Tendo isso em
vista, entende-se em primeiro lugar que a socioafetividade, dentro do espectro de
parentalidade civil, agrupa a adoção que caracterizou-se anteriormente, a inseminação artificial
heteróloga e a tutela de uma criança. Em segundo lugar, destaca-se que a afinidade integra os
parentes de um casal quando existe uma união civil.
c) Contagem de Parentesco
Ademais, ressalta-se a existência de distinções entre o parentesco de linha reta e o
parentesco na linha colateral. Parentes em linha reta são aqueles que estão ligados uns aos
outros pelos seus descendentes e ascendentes. Isso é evidenciado no Art. 1.591 do Código
Civil que afirma: “são parentes em linha reta as pessoas que estão umas para com as outras
na relação de ascendentes e descendentes”. Assim, nessa linha, os graus de parentesco são
infinitos e contados pelo número de gerações, como consta no Art. 1.594 do Código Civil.
Já no art. 1.592 do Código Civil consta que “são parentes em linha colateral ou
transversal, até o quarto grau, as pessoas provenientes de um só tronco, sem descenderem
uma da outra”. O grau de parentesco entre colaterais, assim como na linha reta, é contado pelo
número de gerações, entretanto “subindo de um dos parentes até ao ascendente comum, e
descendo até encontrar o outro parente” (Art. 1594 do Código Civil).
4. CONCLUSÃO
Diante dos fatos mencionados, infere-se que em relação aos laços de parentesco na
legislação romana e brasileira há inúmeras diferenças e um forte viés congruente, visto que, o
Direito Brasileiro apresenta base romano-germânica. Vale ressaltar que uma das principais
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assimetrias consiste no papel do sexo feminino no núcleo familiar e no parentesco socioafetivo,
vetor que é presente no código civil brasileiro. Partindo dessa perspectiva, foram realizadas
diversas comparações, dentre as quais se destacam:
1. Origem romana do parentesco x Art. 1593 do Código Civil.
Em Roma, existiam apenas três tipos de parentesco: agnação, cognação e afinidade.
Em primeiro lugar, resumindo esses conceitos, o primeiro fundamenta-se na religião e na figura
do pater, sendo profundamente relacionado ao vínculo jurídico. O segundo, é baseado no fator
do sangue, enquanto o último é ligado ao vínculo cognatício e provém do casamento sine
manu congregando os parentes dos cônjuges. Observando o Código Civil Brasileiro,
destaca-se que há dois tipos de parentesco no seguinte artigo: “O parentesco é natural ou civil,
conforme resulte de consanguinidade ou outra origem” - Artigo 1593 da Lei nº 10.406, de 10 de
Janeiro de 2002 (Brasil, 2002).
Comparando esses tipos de parentesco, pode-se estabelecer que o parentesco natural
baseia-se na relação de origem consanguínea, ou seja, de sangue, tal qual o vínculo por
cognação no Direito Romano. Enquanto, no parentesco civil, engloba-se a adoção, a
parentalidade socioafetiva, a inseminação artificial heteróloga, aqueles que detém a tutela de
outrem e os afins, ou seja, que a parentalidade provém da união do casal. Porém, a afinidade
torna-se umas das origens do parentesco civil, compartilhado com a socioafetividade que é
inédita e só existe no ordenamento jurídico brasileiro.
2. Compreensão romana de afinidade x Art. 1595 do Código Civil.
Outro importante tipo de parentesco é por afinidade, explicou-se o conceito acima e
retomando a linha de explicação, essa relação com o matrimônio sine manu é mister para
relacioná-lo com o Código Civil Brasileiro uma vez que a relação parental se dá entre cônjuges
em casamento e aos seus respectivos parentes por oposição. Observa-se o seguinte artigo
para a comparação: “Cada cônjuge ou companheiro é aliado aos parentes do outro pelo
vínculo da afinidade” - Artigo 1595 da Lei nº 10.406, de 10 de Janeiro de 2002 (Brasil, 2002).
Identifica-se, nesse primeiro momento, uma semelhança entre ambos os ordenamentos quanto
ao conceito de parentesco por afinidade.
Nesse âmbito, existem limitações quanto ao parentesco por afinidade que no Código
Civil vai até aos ascendentes e descendentes e os irmãos dos cônjuges. Enquanto no Direito
Clássico Romano, limitava-se, segundo Santos, a sogros, enteados, nora/genro ou
madrasta/padrasto. Apenas mais tardiamente que houve uma flexão da compreensão de
parentesco por afinidade no Direito Romano e passou a companhar as regras de contagem de
parentesco por cognação. Outra importante diferença é que no Direito Brasileiro, o fim da
sociedade conjugal não confere, em casos de parentes em linha reta, o fim de vínculo por
afinidade, o que se assemelha ao Direito Romano Clássico, porém, no avanço do ordenamento
permitiu-se que após a dissolução do casamento o vínculo também sofria o mesmo efeito.
3. Compreensão romana de parentesco em linha reta x Art. 1591 do Código Civil.
Como visto anteriormente, a classificação de parentes em linha reta, no Direito Romano,
restringe-se àqueles que são descendentes uns dos outros, em suma, bisavós, avós, filhos,
netos e assim por diante. Pode-se classificar os parentes em linha reta como um grupo
constituído, segundo Santos, de ascendentes e descendentes de um determinado tronco
familiar. Essa compreensão assemelha-se com o Código Civil onde lê-se: “São parentes em
linha reta as pessoas que estão umas para com as outras na relação de ascendentes e
descendentes” - Artigo 1591 da Lei nº 10.406, de 10 de Janeiro de 2002 (Brasil, 2002).
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Faculdade de Direito – Terceiro Departamento
Projeto de Ensino Estudos de Direito Comparado: Direito Romano e Direito Civil Brasileiro
Disciplina de História das Instituições Jurídicas
Trabalho de Direito Comparado do Primeiro Semestre de 2021
Portanto, conclui-se nesse item que a redação da lei assemelha-se bastante ao observado no
Direito Romano, em que ambos estão vinculados ao valor consanguíneo e de descendência.
Entretanto, a lei brasileira não faz menção a restrição desse tipo de parentesco,
aproxima-se em parte do Direito Romano onde esse tem efeito para o infinito ou ad infinitum
para fins de casamento, apenas, como esclarecido por Severino Augusto dos Santos. Todavia,
devido a baixa expectativa de vida, Modestino institui que em outros casos há limites, que se
restringiriam até o sétimo grau.
4. Compreensão romana de parentesco em linha colateral x Art.1592 do Código Civil
No Direito Romano, considerava-se parentes em linha colateral, paralela a linhagem
reta, aqueles que também descendiam de um mesmo tronco familiar, porém, não eram
descendentes umas das outras. Para exemplificar, primos, tios, sobrinhos e irmãos não
descendem uns dos outros e, logo, são parentes em linha colateral. Nesse primeiro momento,
pode-se estabelecer a semelhança na compreensão de parentesco em linha colateral no
Código Civil no seguinte artigo: “São parentes em linha colateral ou transversal, até o quarto
grau, as pessoas provenientes de um só tronco, sem descenderem uma da outra” - Artigo 1592
da Lei nº 10.406, de 10 de Janeiro de 2002 (Brasil, 2002).
Por outro lado, há uma semelhança quanto a restrição desse tipo de parentesco, que na
lei brasileira limita-se até o quarto grau. Quando trata-se do Direito Romano, esse limite
estende-se até o sexto grau. Conclui-se que há semelhanças quanto a classificação do
parentesco em linha colateral e no objetivo de estabelecer uma restrição a esse vínculo,
porém, há diferenças quanto a medida dessa restrição.
5. Contagem romana de parentesco x Art.1594 do Código Civil
Na Roma Antiga, para a contagem de descendentes e ascendentes na linha reta,
segundo Santos, toma-se um parente como referenciale, a partir dele, conta-se na vertical
quem vem antes ou depois na linhagem. Entretanto, na linhagem de colateral faz-se uso da
contagem horizontal, ambos fazem uso de graus, distância entre gerações, e linhas, conjunto
de graus, para contar o parentesco. Enquanto que no Código Civil, faz-se uso da mesma
metodologia como observado no seguinte artigo: “Contam-se, na linha reta, os graus de
parentesco pelo número de gerações, e, na colateral, também pelo número delas, subindo de
um dos parentes até ao ascendente comum, e descendo até encontrar o outro parente” - Artigo
1594 da Lei nº 10.406, de 10 de Janeiro de 2002 (Brasil, 2002).
6. Reconhecimento dos filhos no Direito Romano x Art.1597
Quando fala-se do reconhecimento dos filhos no Direito Romano, primeiramente,
deve-se lembrar que o pater detinha o poder na domus, e exercia patria potetas sob todos os
filhos. Quando uma criança nascia, um dos poderes do pater era escolher reconhecer ou não a
paternidade, ele podia negá-la quando houvesse dúvidas quanto à sua legitimidade, situação
financeira, deformidades físicas e até mesmo por nenhum motivo. Quanto à legitimidade de um
filho, a Lei das XII Tábuas esclarece que: “Se um filho póstumo nasceu até o décimo mês após
a dissolução do matrimônio, que esse filho seja reputado legítimo”.
Nesse âmbito, toma-se como base o artigo 1597 do Código Civil que também discute
quanto ao reconhecimento de filiação nos seguintes incisos do artigo: “I - nascidos 180 (cento e
oitenta) dias, pelo menos, depois de estabelecida a convivência conjugal; II - nascidos nos 300
(trezentos) dias subsequentes à dissolução da sociedade conjugal, por morte, separação
judicial, nulidade e anulação do casamento” - Artigo 1597 da Lei nº 10.406, de 10 de Janeiro de
2002 (Brasil, 2002). Conclui-se, que há semelhanças claras quanto ao objetivo em ambos
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ordenamentos de limitar um determinado espaço de tempo para que o filho seja reconhecido,
após findada a união conjugal, e destaca-se que as limitações aproximam-se em valor.
Entretanto, extingue-se o poder da figura paterna de reconhecer ou não a paternidade no
Direito Brasileiro, surge também uma limitação para que se reconheça filhos nascidos após a
celebração da sociedade conjugal e, por fim, a figura do matrimônio não é reconhecida como o
único tipo de sociedade conjugal para fins de reconhecimento de filiação.
7. Compreensão de Pátrio Poder em Roma x Art. 1634 do Código Civil.
No Direito brasileiro, o pátrio poder se baseia em uma relação de direitos e deveres
sobre os filhos, tais como, educação, saúde, lazer e moradia. Entretanto, não há abusos de
poderes como no romano, em que estavam sob a vigência do pater familias (homem que não
tem um ascendente masculino vivo), os filhos, noras e a própria mulher do pater, ou seja, em
Roma apresenta-se um caráter patriarcal e de subordinação da mulher ao homem. Ao
contrário, no código civil brasileiro é detalhado que o pátrio poder é de responsabilidade do
casal, havendo paridade jurídica entre os diferentes sexos. Por fim, é notório destacar as
semelhanças entre os dois ordenamentos jurídicos em relação à extinção do tópico
supracitado, visto que a morte dos pais ou dos filhos e a emancipação colocam fim à relação.
Vale ressaltar que a mulher, no Direito romano, sempre estava sob a tutela de alguém, vetor
que é considerado atualmente esdrúxulo e que já não se enquadra no Código Civil Brasileiro.
5. REFERÊNCIAS
JUSTINIANO. Institutas do Imperador Justiniano. Traduzidas e comparadas com o Direito
Civil Brasileiro por: Spencer Vampré. São Paulo: Ed. Livraria Magalhães, 1915, p. 3-56.
MOREIRA ALVES, José Carlos. Direito Romano. 19. ed. rev. Rio de Janeiro: Forense, 2019,
Capítulos XLVII e XLIX (p. 601-674, na 19ª ed. impressa).
SANTOS, Severino Augusto dos. Direito Romano: Uma Introdução ao Direito Civil. 2. ed.
atual. e rev. Belo Horizonte: Del Rey, 2013.
SANTOS, Severino Augusto dos. Direito Romano: Tutela de Idade (Tutela Impuberum). Belo
Horizonte: Del Rey, 2005.
BRASIL. [Constituição (1988)]. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988.
Brasília, DF: Presidência da República, [2021]. Disponível em:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm. Acesso em: 20 ago. 2021.
BRASIL. Lei nº 10.406, de 10 de janeiro de 2002. Institui o Código Civil. Brasília, DF:
Presidência da República, [2021]. Disponível em:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/l10406compilada.htm. Acesso em 20 ago. 2021.
LÔBO, Paulo. Direito Civil: Famílias. 11. ed. São Paulo: Saraiva Educação, 2021.
TARTUCE, Flávio. Direito Civil: direito de família. 16. ed. rev., atual. e ampl. Rio de Janeiro:
Forense, 2021.

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