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Lívia Araujo Oliveira, RA 1520100580 / 1º C RESUMO: CURSO DE DIREITO PENAL (ILICITUDE, CULPABILIDADE, CONCURSO DE PESSOAS E DAS PENAS). VICTOR EDUARDO RIOS GONÇALVES. ILICITUDE A ilicitude é a contrariedade entre a conduta e o ordenamento jurídico. Exemplo: O ART 121 CAPUT do Código Penal diz: Matar alguém: Pena – reclusão, de seis a vinte anos. Logo, se eu mato alguém, estou indo contra o ordenamento jurídico e cometendo um ato ilícito. E terei que responder por isso. Causa excludente de ilicitude Existem as que estão previstas no Art. 23 do Código Penal as quatro causas de exclusão da ilicitude. São elas: Legitima defesa, estado de necessidade, estrito cumprimento do dever legal e exercício regular de direito. E também existem as especificas, que constam na Parte Especial do Código Penal, mas essas são somente aplicadas em determinados delitos. São eles: A. Art. 128 do Código Penal - Não se pune o aborto praticado por médico: Aborto necessário I - Se não há outro meio de salvar a vida da gestante; Aborto no caso de gravidez resultante de estupro II - Se a gravidez resulta de estupro e o aborto é precedido de consentimento da gestante ou, quando incapaz, de seu representante legal. B. C. Art. 150 do Código Penal - Entrar ou permanecer, clandestina ou astuciosamente, ou contra a vontade expressa ou tácita de quem de direito, em casa alheia ou em suas dependências: § 3º - Não constitui crime a entrada ou permanência em casa alheia ou em suas dependências: II - A qualquer hora do dia ou da noite, quando algum crime está sendo ali praticado ou na iminência de o ser. Diferença entre ilícito e injusto Ilícito é aquilo que vai contrario a lei, ao ordenamento jurídico (exceto nos casos de excludente de ilicitude). Injusto é o fato típico que colide com o sentimento social de justiça. Nessa questão, aqui não é a lei que diz o que é ou não injusto, mas julga-se como tal aquilo que é socialmente errado/inadequado. Causas de excludente de ilicitude – Estado de necessidade Está previsto no Art. 24 do Código Penal. Art. 24, CAPUT - Considera-se em estado de necessidade quem pratica o fato para salvar de perigo atual, que não provocou por sua vontade, nem podia de outro modo evitar, direito próprio ou alheio, cujo sacrifício, nas circunstâncias, não era razoável exigir-se. Requisitos para que a situação de risco configure excludente: A) O perigo deve ser atual. Para a proteção de um bem jurídico, é preciso estar em uma situação de perigo atual, ou seja, em que o perigo esteja ocorrendo no mesmo momento, esteja presente. Referente ao perigo iminente, prevalece que não, pois essa não foi a intenção do legislador. Mas existem doutrinadores que dizem o contrário. B) O perigo deve ameaçar direito próprio ou alheio. Aqui ele se subdivide em dois: Estado de necessidade próprio e estado de necessidade de terceiros. Estado de necessidade próprio: Quando a ameaça for a direito próprio, como por exemplo, furtar pequena quantidade de alimento para que não venha morrer de fome (furto famélico). Estado de necessidade de terceiros: Quando a ameaça for direito de terceiro, como por exemplo, furtar pequena quantidade de alimento para alimentar e salvar a vida do filho pequeno. Destaca-se que, no caso de defesa do direito de terceiro, é desnecessária a prévia autorização deste, já que a lei não exige esse requisito. Não precisa também haver autorização posterior pelo terceiro. C) Que a situação de perigo não tenha sido causada voluntariamente pelo agente. Se o agente causou a situação real e atual de perigo ele não poderá se beneficiar do estado de necessidade. Damásio de Jesus, Cezar Roberto Bitencourt, e Fernando Capez sustentam que se o agente deu causa culposamente ao perigo, pode invocar o estado de necessidade em seu favor, pois a lei só proíbe tal invocação quando a situação de perigo tiver sido causada intencionalmente por ele. Ainda assim, há um entendimento em sentido oposto, vindo de Francisco de Assis Toledo e Frederico Marques, excluindo o estado de necessidade em relação àquele que, culposamente ocasionou a situação de risco. D) Inexistência do dever legal de enfrentar o perigo. Os garantidores previstos pelo Código Penal não podem se recusar a exercer o seu dever alegando estado de necessidade pois eles possuem o dever legal de enfrentar o perigo. Exemplo: Bombeiros, policiais e etc. Requisitos para reconhecimento do estado de necessidade no caso concreto: A) Inevitabilidade da conduta. O agente que ira se beneficiar do estado de necessidade, quando sacrificado um bem alheio para proteger o próprio ou de terceiros, ele não pode ter uma segunda opção, como por exemplo, a de fugir daquela situação de perigo atual sem sacrificar um bem. Pois, se houver essa opção e mesmo assim o agente optar por sacrificar um bem ele não poderá se beneficiar do estado de necessidade. Ou seja, o comportamento (lesão ao bem jurídico alheio) deve ser absolutamente inevitável para salvar o direito próprio ou de terceiro que está sofrendo a situação de risco. A inevitabilidade deve ser considerada em dois enfoques: 1) Em face do homem comum; 2) em relação àquele que tem o dever legal de enfrentar o perigo. Para o homem comum, a conduta é inevitável quando fica comprovado que o bem alheio só poderia ter sido preservado mediante riscos pessoais ao agente. Para aqueles que têm o dever legal de enfrentar o perigo, a conduta lesiva só é inevitável quando ficar comprovado que nem mesmo enfrentando o perigo o bem poderia ser salvo. B) Razoabilidade do sacrifício. O Brasil adota a chamada teoria unitária, essa teoria reconhece um único estado de necessidade que é o justificante (aquele que exclui a ilicitude), de forma que o bem jurídico sacrificado não pode ser de maior valor que o bem jurídico protegido. Quando o bem sacrificado é menor ou de igual valor ao bem a ser protegido, é falado em estado necessidade justificante. De outro lado, se o bem sacrificado for de maior valor em relação ao bem a ser salvo, não é levado em conta o estado de necessidade. C) Conhecimento da situação justificante. O agente que vai agir em estado de necessidade deve saber que está agindo nessa condição. Então se o agente eventualmente sacrifica um bem jurídico e depois perceba que se ele soubesse ele estaria agindo em estado de necessidade ele não será beneficiado. Causas de excludente de ilicitude – Legitima defesa. Esta prevista no art. 25 do Código Penal. Art. 25, CAPUT - Entende-se em legítima defesa quem, usando moderadamente dos meios necessários, repele injusta agressão, atual ou iminente, a direito seu ou de outrem. Requisitos da legítima defesa: A) Existência de uma agressão. Deve haver uma agressão de pessoa humana, não podendo ser confundida com uma provocação, logo que, provocações são apenas de efeitos psicológicos e mentais. A agressão é o efetivo ataque contra os bens jurídicos de outrem. Vale ressaltar que ataques de animais não autorizam legítima defesa caso o animal não tenha sido usado como instrumento de uma ação humana para a agressão. B) A agressão deve ser injusta. A injustiça da agressão mencionada no texto legal está empregada no sentido de agressão ilícita, pois, caso contrário, não haveria justificativa para a legítima defesa. Essa agressão injusta não depende de capacidade do agente agressor, ele não precisa ser capaz, ou seja, essa injusta agressão pode ser causada por um menor de idade, doente mental, e etc. Não depende de capacidade, sendo praticada por um ser humano já autoriza a legítima defesa. Nessa mesma linha de pensamento, admite-se: 1) Legítima defesa putativa contra legítima defesa putativa: é quando dois agentes se encontram e, erroneamente acham que serão agredidos um pelo outro. – é aquela imaginada por erro. 2)Legítima defesa real de legítima defesa putativa: Quando o agente A efetua disparos ao agente B (que pode ser um parente entrando em sua casa) supondo tratar-se de um assalto. O agente B que também esta armado reage e mata primeiro o agente A. 3) Legítima defesa putativa de legítima defesa real: Suponha-se que João querendo lesionar Lucas lhe desfira um golpe e o derrube no chão. Lucas, em legítima defesa real, consegue imobilizar João. Nesse instante, chega Breno e, desconhecendo que Lucas está em legítima defesa real, o ataca agindo em legítima defesa putativa de João (legítima defesa de terceiro). 4) Legítima defesa contra agressão culposa: isso porque ainda que a agressão seja culposa, sendo ela ilícita, contra ela cabe a excludente. Por sua vez, não se admite: 1) legítima defesa real de legítima defesa real; 2) legítima defesa real de estado de necessidade real; 3) legítima defesa real de exercício regular de direito real; 4) legítima defesa real de estrito cumprimento do dever legal real. É possível chegar a tais conclusões porque em nenhum desses casos a agressão é injusta, ilícita. C) A agressão deve ser atual ou iminente. A agressão deve ser atual ou iminente, ou seja, aquela agressão que está acontecendo ou aquela agressão que está prestes a acontecer. D) Que a agressão seja dirigida a direito próprio ou de terceiros. O sujeito pode tanto agir em legítima defesa para proteger um bem jurídico próprio, ou então, agir em legítima defesa de terceiros, para proteger bem jurídico de uma outra pessoa. Admite-se a legítima defesa no resguardo de qualquer bem jurídico: vida, integridade corporal, patrimônio, honra etc. Deve haver proporcionalidade entre os bens jurídicos em conflito. Como por exemplo, não há como aceitar legítima defesa na prática de um homicídio apenas porque alguém recebeu um empurrão. E) Utilização dos meios necessários para repelir a injusta agressão. Todos os recursos que a vitima tiver a disposição, ela deve optar pelo menos lesivo, porém eficaz para repelir a agressão. F) Moderação. Deve-se utilizar de maneira proporcional o meio utilizado para repelir a injusta agressão. G) Ciência da situação justificante (elemento subjetivo). A vítima deve saber que está repelindo a injusta agressão. Excesso: É a intensificação desnecessária de uma conduta inicialmente justificada. É o sujeito extrapolar os seus limites. O Art. 23 em seu parágrafo único, do Código Penal, estabelece que que o agente respondera pelos excessos que pode ser doloso ou culposo. Art. 23, Parágrafo único – O agente, em qualquer das hipóteses deste artigo, responderá pelo excesso doloso ou culposo. Outras denominações relacionadas ao excesso: A) Legítima defesa sucessiva: É quando devido ao excesso praticado inicialmente pela vítima, permite que, a legítima defesa possa ser permitida pela parte de quem inicialmente era o agressor. B) Legítima defesa subjetiva: é o excesso por erro de tipo escusável, ou seja, quando o agente, por erro, supõe ainda existir a agressão e, por isso, excede-se. Nesse caso, excluem-se o dolo e a culpa (art. 20, § 1º, 1ª parte) Diferenças entre o estado de necessidade e a legítima defesa. As principais diferenças são: a) no estado de necessidade, há um conflito entre bens jurídicos; na legítima defesa, ocorre uma repulsa contra um ataque; b) no estado de necessidade, o bem é exposto a risco; na legítima defesa, o bem sofre uma agressão atual ou iminente; c) no estado de necessidade, o perigo pode ser proveniente de conduta humana ou animal; na legítima defesa, a agressão deve ser humana; e d) no estado de necessidade, a conduta pode atingir o bem jurídico de terceiro inocente; na legítima defesa, a conduta pode ser dirigida apenas contra o agressor. Causas de excludente de ilicitude – Exercício regular de direito. O exercício regular de um direito consiste na atuação do agente dentro dos limites permitidos pelo ordenamento jurídico. O sujeito não comete crime por estar exercitando uma prerrogativa a ele conferida pela lei, como por exemplo, quando há lesões em práticas esportivas. Ofendículos. Ofendículos são os aparatos pré-ordenados para a defesa do patrimônio, exemplo: cacos de vidro no muro, lanças, arame farpado, cerca elétrica e etc. Quanto a isso, há duas opiniões: 1) Há legítima defesa preordenada. a. Existe a legítima defesa, porque o aparato só funciona quando há agressão ao bem jurídico, e é preordenada porque foi instalado no local anteriormente a esta. É o entendimento de Francisco de Assis Toledo, Nélson Hungria e Magalhães Noronha. 2) Não há crime, por estar o sujeito acobertado pela excludente do exercício regular do direito de defesa de seus bens jurídicos. Não se poderia cogitar de legítima defesa por não haver agressão atual ou iminente. Este o entendimento de Fernando Capez e Aníbal Bruno. Caso haja aparatos ocultos com a mesma finalidade dos ofendículos, os mesmos podem ser caracterizados como ilícitos penais. Nesse caso o responsável pode responder pelo delito caso alguém se lesione ou venha a morrer. Exercício regular de direito e teoria da imputação objetiva: Para a teoria da imputação objetiva, o exercício regular de direito deixa de ser causa excludente da ilicitude, pois, as hipóteses do exercício regular de direito são situações em que o agente expõe os bens jurídicos alheios em riscos permitidos, sendo assim, atípicos. Causas de excludente de ilicitude – Estrito cumprimento do dever legal. Está previsto no Art. 23, III, do Código Penal. Art. 23 - Não há crime quando o agente pratica o fato: III - em estrito cumprimento de dever legal ou no exercício regular de direito Age em estrito cumprimento do dever legal o agente público que pratica um fato obedecendo um dever emanado da lei, sejam elas, decretos, regulamentos, ou atos administrativos fundados em leis e que sejam de caráter geral. Consentimento do ofendido. Alguns crimes implicam o dissentimento do ofendido, explícito ou implícito como um elementar do crime, assim, só se tipificam quando, no caso concreto não existe consentimento. Quando, todavia, o dissenso não é elementar, mas o bem é disponível e a vítima capaz (maior de idade e sã), o consentimento atua como causa supralegal de exclusão da ilicitude. Descriminantes putativas Descriminantes são as causas que excluem a ilicitude da conduta. São causas imaginarias, são causas excludentes de ilicitudes fantasiadas pelo agente, como por exemplo, 1) legitima defesa putativa; 2) estado de necessidade putativo; 3) estrito cumprimento de dever legal putativo; e 4) exercício regular de direito putativo. Suas consequências variam de acordo com a espécie de equívoco, sendo possíveis duas hipóteses: A) Se o erro se refere aos pressupostos de fato da causa excludente de ilicitude, temos a descriminante putativa por erro de tipo (permissivo). O que se imagina não é o que acontece de fato. B) Se o erro se refere aos limites da excludente de ilicitude, temos a descriminante putativa por erro de proibição. O agente acredita que a conduta não é um ato ilícito. CULPABILIDADE Culpabilidade é o juízo de reprovação que recai sob o fato típico e ilícito, ou seja, o agente podendo optar pela via da legalidade, opta por cometer uma infração penal. Portanto, culpabilidade é o juízo de censura, juízo de reprovação. Existem três teorias acerca da culpabilidade: A) Teoria psicológica. Para a teoria psicológica, a culpabilidade é a relação psíquica do agente com o fato, na forma de dolo ou de culpa B) Teoria psicológico-normativa. Segundo a teoria psicológico-normativa, o dolo e a culpa não são espécies da culpabilidade, mas apenas elementos integrantes desta, ao lado da imputabilidade, da consciência da ilicitude e da exigibilidade de conduta diversa. Sem esses elementos, a conduta não é considerada reprovávelou censurável e, assim, não há crime. C) Teoria normativa pura. Para a teoria normativa pura, adotada pela escola finalista, o dolo e a culpa não integram a culpabilidade, mas sim a conduta (primeiro elemento do fato típico). Para essa teoria, a culpabilidade, que não é requisito do crime, mas simples pressuposto da aplicação da pena, possui os seguintes elementos: a) imputabilidade; b) potencial consciência da ilicitude; e c) exigibilidade de conduta diversa. Imputabilidade penal. Imputabilidade é a possibilidade de atribuir a alguém a responsabilidade por algum fato, ou seja, são as pessoas que podem ser punidas. Mas, o Código Penal não define o que é imputabilidade, apenas numera hipóteses da inimputabilidade. Inimputabilidade Os inimputáveis são as exceções, o Código Penal traz as hipóteses em que conduz a inimputabilidade do agente. Pelo nosso Código penal, os inimputáveis são: A) Doença mental ou desenvolvimento mental incompleto ou retardado: Previsto no Art. 26 CAPUT do CP adota o critério biopsicológico, nesses casos o juiz deve absolver o réu e aplicar uma medida de segurança de internação ou tratamento ambulatorial (dependendo da gravidade da infração penal cometida). É necessário que haja prova pericial para que demonstre que o agente é portador de doença mental, e a perícia pelo critério biopsicológico. B) Menoridade: Previsto no Art. 27 do CP, os menores de 18 anos são inimputáveis e ficam sujeitos a normas estabelecidas na legislação especial (ECA). Aqui adota-se o critério biológico, a menoridade cessa no primeiro instante do dia em que o agente completa 18 anos, ou seja, se o crime for praticado na data do 18º aniversário, o agente já será considerado imputável e responderá pelo crime. C) Embriaguez completa, proveniente de caso fortuito ou força maior: A embriaguez pode ser acidental ou não acidental, patológica ou preordenada. As consequências variam de acordo com cada uma dessas hipóteses. O único caso em que há a exclusão da imputabilidade é a embriaguez acidental, proveniente de fortuito ou força maior (art. 28, § 1º), isso porque se adotou a tese da actio libera in causa, segundo a qual o agente, ao se embriagar, sabe da possibilidade de infringir a lei penal e é livre para decidir. D) Dependência ou efeito de droga proveniente de caso fortuito ou força maior: Previsto nos termos do art. 45, caput, da Lei n. 11.343/2006 (Lei Antidrogas), é isento de pena o agente em razão da dependência ou efeito de droga proveniente de caso fortuito ou força maior. Mas se na ação ou omissão sua capacidade for apenas parcial, o agente é considerado imputável, mas sua pena será reduzida de 1/3 a 2/3 Critérios para a definição da inimputabilidade: Existem três critérios que podem ser adotados pelo legislador para definir a inimputabilidade, são eles: A) Biológico: leva em conta apenas o desenvolvimento mental do acusado. B) Psicológico: leva em conta se o acusado, no tempo da ação ou omissão tinha a capacidade de entendimento ou autodeterminação. C) Biopsicológico: é uma fusão do biológico com o psicológico. Leva em conta aquele que em razão da sua condição mental, não tinha entendimento e autodeterminação no momento da ação ou omissão Potencial Consciência da Ilicitude. É quando o agente tem total conhecimento do fato, mas entende que esse ato é lícito. Ele conhece a lei equivocadamente. Exigibilidade de conduta diversa. É um elemento componente da culpabilidade, fundado na tese de que só devem ser punidas as condutas que poderiam ser evitadas. A exigibilidade de conduta diversa pode ser excluída por dois motivos previstos no art. 22 do Código Penal: a coação moral irresistível e a obediência hierárquica. A coação moral irresistível é aquela que não pode ser vencida, aqui existe uma pequena vontade por parte do coagido de cometer o delito. E a obediência hierárquica ocorre quando o subordinado comete o ilícito penal atendendo à ordem de um superior hierárquico. CONCURSO DE PESSOAS. Concurso de pessoas é a denominação dada pelo Código Penal quando duas ou mais pessoas cometem um delito. Também é utilizado as expressões “concurso de agentes” e “codelinquência” pela doutrina e jurisprudência. Algumas infrações penais só podem ser cometidas por duas ou mais pessoas em conjunto, e a doutrina fez a seguinte divisão: A) crimes unissubjetivos: São os delitos que podem ser praticados por apenas um agente, mas nada impeça dele ser cometido por mais de uma pessoa. Exemplo: crime de furto. B) crimes plurissubjetivos: São os delitos que só podem ser praticados por duas ou mais pessoas, por exigência do Código Penal. Exemplo: associação criminosa. Os crimes plurissubjetivos, por sua vez, podem ser de condutas 1) paralelas: Os agentes visam o mesmo resultado e se auxiliam mutuamente. 2) convergentes: Os agentes cometem o ato ilícito no mesmo momento em que se unem, exemplo: crime de bigamia. 3) contrapostas: Os agentes agem um contra o outro. Teorias quanto ao conceito de autor Para que se possa entender claramente o concurso de pessoas é preciso entender o conceito da autoria criminal, existem diversas definições e teorias, e dependendo da que será adotada, haverá desdobramentos diferente, as teorias são: 1) Unitária: Todos que cometeram um delito devem ser tratados como autores. 2) Extensiva: Todos que cometeram o delito devem ser tratados como autores, porém, admite a aplicação de pena menor a aqueles que a colaboração no delito tenha sido de menor relevância. 3) Restritiva: Divide os autores dos partícipes: Aqui os autores são os que realizam a conduta descrita no ordenamento, e os partícipes são os que de alguma forma contribuíram para a realização do ato ilícito. 4) Do domínio do fato: Aqui também há a divisão entre o autor e os partícipes, sendo o autor aquele que, não só comete o ato descrito no ordenamento jurídico como também controla toda o desenrolar do ato criminoso. A teoria adotada pelo Código Penal brasileiro é a teoria restritiva, sendo assim, pode-se dizer que as formas de concurso de pessoas são a coautoria e a participação. Coautoria – quando duas ou mais pessoas juntas praticam o a conduta descrita no ordenamento jurídico. Participação – quando o agente não realiza a conduta descrita no ordenamento jurídico, mas de alguma forma contribui para o crime. Espécies de participação. Existem duas: a moral e a material, a moral se dá pelo induzimento (o sujeito sugere a pratica do crime) enquanto a material é a colaboração do sujeito (sem qualquer envolvimento na realização da conduta ilícita) com o crime a ser cometido por outrem. Não identificação do autor e possibilidade de punição do partícipe: mesmo que não haja a identificação do autor do crime, mas haja a do partícipe, ele poderá ser punido. Participação posterior ao crime: Só é partícipe de um crime quem contribui antes ou durante da conduta ilícita junto ao autor. Participação inócua: Não é punível a participação em que não agregou para a realização do crime, nesses casos, é excluído o concurso de pessoas. Participação por omissão: É quando um agente que possui um dever jurídico de evitar tal resultado tem a ciência do que irá acontecer e não faz nada. Conivência: Omissão voluntaria de não informar as autoridades necessárias para que o crime seja evitado. Coautoria e participação em crime culposo: é aceitável a coautoria em crimes culposos, isso está presente na Exposição de Motivos do Código Penal de 1940. Participação dolosa em crime culposo e vice-versa: Não se admite participação dolosa em crime culposo, nem participação culposa em crime doloso, aqui cada agente responderá por um crime autônomo. Participação da participação ou em cadeia: É quando um agente convence um individuo a convencer outro a praticar uma conduta criminosa. Participação sucessiva: É quandoduas pessoas (sem terem conhecimento entre si) induzem o mesmo individuo a praticar uma conduta criminosa. Coautoria sucessiva: É quando os coautores iniciam juntos a infração penal, mas, pode ocorrer de um começar e o outro terminar a mesma ação. Participação em fatos não delituosos tipificados como crime: Temos como exemplo a prostituição e o suicídio que por si só não são crimes, mas o agente que assiste alguém se suicidar ou atrai alguém a prostituição está cometendo um delito. Autoria mediata: A autoria imediata pode ocorrer nos seguintes casos, 1) Falta de capacidade do executor em razão de menoridade, doença mental ou embriaguez; 2) Coação moral irresistível; e 3) Erro de tipo escusável, provocado pelo autor mediato. Autoria mediata e coação física: Nesses casos de coação física irresistível ou naqueles em que o agente se vale de hipnose ou do sonambulismo de outrem para que neste estado cometa o crime, sem ciência do que está fazendo, não deve haver conduta por parte destes. Autoria mediata e crimes culposos: Não é possível autoria mediata em crimes culposos. Autoria mediata e autoria intelectual: Não se confunde a autoria mediata com a intelectual, nesta, o mentor é mero partícipe por ter concorrido para o crime ao idealizá-lo e induzir os demais a cometê-lo. Teorias quanto ao concurso de pessoas Existem três teorias a respeito de como deve se dar a punição dos envolvidos em caso de concurso de agentes: A) Teoria unitária: todos os que colaboram para determinado resultado criminoso incorrem no mesmo crime. Há uma única tipificação para autores, coautores e partícipes. É também conhecida como teoria monista. B) Teoria dualista: há dois crimes: um cometido pelos autores e o outro, pelos partícipes C) Teoria pluralista: defende que cada um dos envolvidos responda por crime autônomo, havendo, portanto, uma pluralidade de fatos típicos. Cada um dos envolvidos deve responder por crime diverso. O Código Penal adotou a teoria unitária, existem, excepcionalmente, algumas exceções à teoria unitária no próprio Código Penal, ou seja, em alguns casos expressamente previstos em lei, os envolvidos serão punidos por crimes diversos (teoria pluralista). Participação de menor importância: Prevê o art. 29, § 1o, do Código Penal que, se a participação for de menor importância, a pena poderá ser diminuída de 1/6 a 1/3. Esse dispositivo tem natureza jurídica de causa de diminuição de pena. Pluralidade de condutas: Para que seja possível a punição de duas ou mais pessoas em concurso, é necessário que cada uma delas tenha realizado ao menos uma conduta. Relevância causal das condutas: Somente as condutas que tenham efetivamente contribuído para o resultado podem gerar a punição do responsável. Liame subjetivo: Para que exista concurso de pessoas, é necessário que os envolvidos atuem com intenção de contribuir para o resultado criminoso. É suficiente que o envolvido tenha ciência de que, com sua conduta, colabora para o resultado criminoso. Identidade de crimes para todos os envolvidos: Havendo o liame subjetivo, todos os envolvidos devem responder pelo mesmo crime em razão da teoria unitária ou monista adotada pelo Código Penal. Autoria colateral Ocorre quando duas ou mais pessoas querem cometer o mesmo crime e agem ao mesmo tempo sem que uma saiba da intenção da outra. Autoria incerta Ocorre quando, na autoria colateral, não se consegue apurar qual dos envolvidos provocou o resultado. Participação impunível De acordo com o art. 31 do Código Penal, “o ajuste, a determinação, a instigação e o auxílio, salvo expressa disposição em contrário, não são puníveis, se o crime não chega, ao menos, a ser tentado”. Assim, se uma pessoa estimula outra a cometer um crime, mas está nem sequer inicia a execução do delito, o fato é atípico para ambas. DAS PENAS. Pena é a retribuição imposta pelo Estado em razão da prática de uma infração penal e consiste na privação ou restrição de bens jurídicos determinada pela lei, cuja finalidade é a readaptação do condenado ao convívio social e a prevenção em relação à prática de novas infrações penais. Estabelece o art. 5o, XLVI, da Carta Magna que a “lei regulará a individualização da pena e adotará, entre outras, as seguintes: A) privação ou restrição de liberdade: é exemplo de privação de direito (de ir e vir, de liberdade). B) perda de bens: consiste na reversão de pertences do condenado ao Fundo Penitenciário Nacional. C) multa: consiste no pagamento de valores impostos na sentença. Afeta o patrimônio do acusado. D) prestação social alternativa. E) suspensão ou interdição de direitos: pode consistir, por exemplo, na proibição do exercício de profissão ou de função pública, na suspensão da carteira de habilitação, na proibição de frequentar certos locais etc. O texto constitucional (art. 5o, XLVI) permite ao legislador a adoção de outras espécies de penas além daquelas citadas no item anterior. São proibidas as penas cruéis, como as que são cumpridas em regime degradante ou desumano. Tampouco são permitidos açoites, como chicotadas, marcações com ferro em brasa etc. Finalidades da pena: Existem três teorias que procuram explicar as finalidades da pena, A) Absoluta: a finalidade da pena é punir o infrator pelo mal causado à vítima, aos seus familiares e à coletividade. B) Relativa: a finalidade da pena é a de intimidar, evitar que delitos sejam cometidos. C) Mista: entende que a pena tem duas finalidades, ou seja, punir e prevenir. Fundamentos da pena. A aplicação da pena ao condenado possui diversos fundamentos: A) Preventivo: O fundamento da pena é preventivo no sentido de que a existência da norma penal incriminadora visa intimidar os cidadãos, no sentido de não cometerem ilícitos penais, pois, ao tomarem ciência de que determinado infrator foi condenado, tenderão a não realizar o mesmo tipo de conduta, pois a transgressão implicará a sanção. B) Retributivo: O fundamento da pena é também retributivo, porque ela funciona como castigo ao transgressor de forma proporcional ao mal que causou, dentro dos limites constitucionais. C) Reparatório: o fundamento é reparatório quando a pena consiste em compensar a vítima ou seus familiares pelas consequências advindas da prática do ilícito penal. D) Readaptativo: o fundamento da pena é a readaptação do condenado, porque busca igualmente com a aplicação da sanção penal a reeducação, a reabilitação do criminoso ao convívio social. Este tema refere-se às consequências práticas da condenação, ao contrário do item anterior (finalidades da pena), em que se analisam as próprias razões da existência do sistema penal. Princípios da aplicação das penas As penas regem-se rigorosamente pelos seguintes princípios: A) Da legalidade: o princípio da legalidade, ou da reserva legal, é o que exige a tipificação das infrações penais em uma lei aprovada pelo Congresso Nacional, de acordo com as formalidades constitucionais, e sancionada pelo Presidente da República. B) Da anterioridade: o princípio da anterioridade exige que a lei que incrimina certa conduta seja anterior ao fato delituoso que se pretende punir. C) Da humanização da pena: É o que se encontra no art. 5o, XLVII, da Constituição Federal que veda as penas cruéis, de morte, de trabalhos forçados, de banimento ou perpétuas. D) Da pessoalidade: de acordo com este princípio, a pena aplicada só pode ser cumprida pelo réu condenado, não podendo ser transferida a um sucessor ou coautor do delito que não tenha sido igualmente condenado. E) Da proporcionalidade: De acordo com esse princípio, deve haver correspondência entre a gravidade do ilícito praticado e a sanção a ser aplicada. F) Da individualização da pena: Nos termos do art. 5o, XLVI, da Constituição Federal, a lei deve regular a individualização da pena de acordo com a culpabilidade e os méritospessoais do acusado. G) Da inderrogabilidade: O juiz não pode deixar de aplicar a pena ao réu considerado culpado, bem como de determinar seu cumprimento, salvo exceções expressamente previstas em lei, como do perdão judicial nos crimes de homicídio culposo, lesão corporal culposa, receptação culposa etc. Penas principais A Constituição Federal, em seu art. 5o, XLVI, elenca um rol de penas que podem ser adotadas pelo legislador. Existem três modalidades de penas: a) as privativas de liberdade; b) as restritivas de direitos; e c) a de multa.
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