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Desafio Nos últimos anos, principalmente a partir do final do século passado, o consumo de plantas e fitoterápicos tem aumentado consideravelmente entre boa parte da população brasileira, que está cada vez mais preocupada com a própria saúde e bem informada sobre os riscos decorrentes do uso crônico de fármacos sintéticos, além dos seus elevados custos de aquisição. Dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) demonstram que, no início da década de 1990, em muitos países em desenvolvimento, como o Brasil, por exemplo, cerca de 80% da população dependia do uso de plantas medicinais como única forma de acesso aos cuidados básicos de saúde. No entanto, em vários outros países do mundo, as plantas medicinais e os fitoterápicos deixaram de ser tratados apenas como terapia alternativa para prevenir doenças e promover boa saúde. Porém, apesar de a crescente participação das pessoas em sua própria saúde (controle/prevenção) ser uma boa notícia, existem também muitas preocupações em relação a isso. Por exemplo, ainda existe muita falta de informação clara e precisa sobre o uso de plantas medicinais, fitoterápicos e outros suplementos alimentares. Uma pesquisa revelou que 75% das pessoas que usam fitoterápicos ou suplementos alimentares deixam de compartilhar essa informação com seus médicos. Outra pesquisa elaborada pela OMS observou que, independentemente da popularidade crescente dos produtos naturais ou dos medicamentos tradicionais, seus consumidores desconhecem ou subestimam os riscos potenciais associados ao seu uso. Vale lembrar que muitas plantas e fitoterápicos são considerados medicamentos isentos de prescrição médica (MIPs), o que favorece ainda mais a automedicação. Como é sabido, esse hábito pode causar sérias complicações devido às interações entre os constituintes químicos de certos vegetais e os medicamentos convencionais. Imagine que você trabalha como farmacêutico em um hospital da sua cidade. Nesse local, você é o responsável por atender aos pacientes que são internados ou recebem alta diariamente, ou seja, você pratica o que se conhece por atenção farmacêutica. Com base nessas informações: a) Indique possíveis contraindicações, efeitos colaterais, interações e efeitos adversos a que seus pacientes estão sujeitos em decorrência do uso desses medicamentos. b) Proponha alternativas terapêuticas para cada um deles. Padrão de resposta esperado - Paciente 1 Possíveis interações Provavelmente, o uso do fitoterápico arpadol (Harpagophytum procumbens) em associação com a insulina NPH está potencializando a redução da glicemia, o que pode ser a causa de hipoglicemia aguda nas primeiras horas do dia, quando a paciente se levanta da cama e sente tonturas. Apesar de o ginko biloba ser ótimo para melhorar a circulação e a memória de pessoas idosas, também pode aumentar a concentração plasmática de insulina e agravar ainda mais o estado de hipoglicemia. Alternativas Suspender o uso de arpadol e substituir o ginko biloba por ácido acetilsalicílico, 100mg. Pode experimentar aumentar a dose do celecoxibe ou substituir por outro anti- inflamatório/analgésico. Deve-se verificar a possibilidade de usar cápsulas de cloreto de magnésio para melhorar os sintomas da artrite. - Paciente 2 Possíveis interações Nesse caso, existe grande possibilidade de interação medicamentosa entre a erva de São João (Hipericum perforatum) e o contraceptivo oral yasmin, já que componentes do Hipericum podem interferir na eficácia de anticoncepcionais. Isso pode ser uma das razões da suspeita de gravidez da paciente. Alternativas Caso a gravidez seja confirmada, a paciente deverá suspender o uso de untral, já que a biotina pode provocar efeitos colaterais no feto (risco na gravidez categoria C). Nesse caso, o benefício do produto não justifica tal risco. - Paciente 3 Possíveis interações O ginko biloba, quando usado em associação com sertralina, poderá desencadear aumento nos batimentos cardíacos, hipertermia, sudorese intensificada, rigidez muscular e agitação, o que pode justificar os sintomas do paciente. Alternativas Verificar a possibilidade de substituir um dos medicamentos ou, ainda, substituir ambos por cápsulas de Rhodiola rósea, já que é um fitoterápico indicado em casos de ansiedade, depressão e insônia e também melhora a concentração e a capacidade física e mental.
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