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MECANISMOS DE AGRESSÃO E DEFESA

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MECANISMOS DE AGRESSÃO E DEFESA	
UNIDADE 1: AGENTES PATOGÊNICOS E BIOSSEGURANÇA 	
Introdução: Estudaremos os mecanismos básicos de agressão e defesa, visando compreender os aspectos da imunologia, da microbiologia e da parasitologia. Para isso, vamos explorar as principais características dos organismos patogênicos, tais como as bactérias, os fungos, os vírus e os parasitas. Você já imaginou como as áreas da imunologia, microbiologia e parasitologia podem estar relacionadas? Bactérias, vírus, fungos e parasitas, na maior parte das vezes, são vistos como organismos patogênicos capazes de provocar apenas doenças, mas você sabia que nem todos são maléficos para os seres humanos? No decorrer desta unidade você conhecerá, também, a grande diversidade de microrganismos, suas características, grupos distintos e classificação, bem como a estrutura, a morfologia, a virulência, a genética e o crescimento dos agentes infecciosos. Você irá se surpreender com a grande variedade desses agentes! Compreender a complexidade dos agentes patogênicos e de que modo a biossegurança pode impactar na vida das pessoas é de extrema importância para aqueles que desejam atuar na área da saúde. Você já se perguntou quais são os cuidados que os profissionais que atuam em ambientes onde os agentes patogênicos circulam devem tomar para evitar que sejam contaminados e contaminem terceiros?	
Bactérias, vírus, fungos e parasitas: estruturas, morfologia, virulência, genética e crescimento: Os micróbios, também chamados de microrganismos, são seres vivos tão minúsculos que, em geral, é necessário um microscópio para sua visualização. Individualmente muito pequenos para serem visualizados a olho nu, o grupo inclui bactérias, fungos (leveduras e bolores), protozoários (um tipo de parasita) e algas microscópicas. Também inclui os vírus, que entidades acelulares muitas vezes consideradas como o limite entre o vivo e o não vivo (TORTORA; FUNKE; CASE, 2016). Hoje, sabemos que os microrganismos são encontrados em quase todos os lugares e, apesar de apenas uma minoria dos microrganismos ser patogênica (causadora de doenças), o conhecimento prático sobre os micróbios é necessário para a medicina e para as ciências relacionadas à saúde, pois, apesar de termos a tendência de associar esses pequenos organismos apenas a infecções incômodas, a transtornos comuns, como alimentos deteriorados, ou a outras doenças mais severas, como a Aids. 	
A maioria dos microrganismos, na verdade, auxilia na manutenção do equilíbrio da vida no nosso meio ambiente. Microrganismos marinhos e de água doce constituem a base da cadeia alimentar em oceanos, lagos e rios. Os micróbios do solo auxiliam na degradação de resíduos e na incorporação do gás nitrogênio do ar em compostos orgânicos, reciclando, assim, elementos químicos do solo, água, organismos vivos e ar. Certos micróbios têm um papel fundamental na fotossíntese, pro- cesso gerador de oxigênio e alimento que é crucial para a vida na Terra. (TORTORA; FUNKE; CASE, 2016, p. 2)	
Vemos, assim, que os microrganismos são essenciais para a sobrevivência dos seres humanos na terra e deles também depende o seu equilíbrio.	
> VOCÊ CONHECE? O cientista alemão Paul Ehrlich foi o primeiro a pesquisar os agentes antimicrobianos. Ele desenvolveu o conceito de toxicidade seletiva no século XX e em seus trabalhos observou que, dependendo do agente utilizado, somente os microrganismos tinham uma coloração alterada, o que não era observado no tecido animal. Nessa época, ele descobriu vários agentes químicos, como por exemplo, a Salvarsan, utilizada contra a sífilis.	
Você já deve ter percebido que o estudo dos microrganismos pode ser bastante complexo, por isso, neste tópico, vamos estudar detalhadamente os principais deles, entendendo como cada grupo é classificado e quais são suas principais características.	
Bactérias: As bactérias estão entre os microrganismos mais conhecidos. São temidas por muitos, pois podem causar, em certas ocasiões, doenças bastante graves para os seres humanos. Por outro lado, elas também podem ser benéficas, participando da microbiota normal do nosso corpo, protegendo superfícies corporais e até mesmo servindo para o uso em processos industriais. Neste item, vamos estudar algumas características das bactérias, que são microrganismos pertencentes ao Reino Monera, e possuem como característica serem unicelulares e procariontes, por não observarmos um envoltório nuclear protegendo seu material genético. Para que você conheça melhor algumas estruturas que compõem a célula bacteriana, e como a sua morfologia pode variar entre os diferentes grupos de bactérias, vamos, a partir daqui, estudar com mais detalhes a relação entre a morfologia e a estrutura. Com relação à sua estrutura, as bactérias de importância médica apresentam diferentes formatos. Seus formatos são uma característica genética e normalmente elas são monomórficas (mantêm uma única forma). Clique nas abas a seguir e veja as suas diferentes formas:	
• Cocos: Essas bactérias possuem um formato arredondado e podem ser encontradas em formas isoladas ou em grupos, denominados de colônias. As colônias recebem os nomes de acordo com o formato final. Quando se encontram aos pares, são chamadas de diplococos. Quando apresentam um formato de cachos são classificadas de estafilococos e, quando estão enfileiradas são chamadas de estreptococos. A forma menos frequente é a sarcina, em que as bactérias formam um cubo de oito cocos.	
• Bacilos: São bactérias que possuem um formato de bastão. Alguns bacilos podem ter uma aparência muito similar a um coco. Essas bactérias são chamadas de cocobacilos (BRASIL, 2013).	
• Vibriões: Bactérias que lembram o formato de uma vírgula.	
• Espirilos: Bactérias que têm aparência espiralada.	
O formato é, portanto, um importante critério para a classificação das bactérias, uma vez que sua forma serve para diferenciá-las a partir de sua morfologia e estrutura.	
> VOCÊ SABIA?	Em microbiologia o termo “bacilo” pode ser utilizado em dois sentidos. O primeiro se refere ao formato da célula, como vimos anteriormente; e o segundo quando nos referimos ao gênero de uma bactéria. Exemplos: Bacillus anthracis, Bacillus cereus e o Bacillus subtilis.	
A seguir, estudaremos quais são as principais estruturas que uma bactéria possui.	
 Para visualizar do que se compõe a estrutura de uma célula bacteriana, arraste os blocos e complete as lacunas, associando-as aos conceitos:	
 Independentemente de sua forma, as bactérias podem ser classificadas por um tipo de coloração, desenvolvida por um médico dinamarquês, chamado Hans Christian Joachim Gram. Clique nos botões a seguir e veja que a coloração de Gram classifica as bactérias da seguinte forma:	
Gram-positiva: Parede celular simples, composta principalmente por uma única macromolécula, mas com grande quantidade de peptidoglicano, em torno de 70% a 75%; quando coradas pela coloração de Gram elas adquirem coloração roxa.	
Gram-negativa: Parede celular complexa, formada por uma ou poucas camadas de peptideoglicano, não ultrapassando 5% na sua composição. Quando coradas pela coloração de Gram adquirem coloração rosa.	
As bactérias possuem material genético em seu interior.	
Nucleoide: O nucleoide não possui membrana nuclear. É formado por uma única molécula de DNA dupla hélice, o cromossomo bacteriano.
Plasmídeo: São moléculas de DNA circulares, independentes do cromossomo bacteriano. Geralmente possuem poucos genes. Alguns genes de resistência a antibióticos são armazenados nessas estruturas. Nem todas as bactérias possuem plasmídeos.	
 O citoplasma bacteriano é limitado pela membrana plasmática e não possui organelas membranosas (como complexo de Golgi e Retículo Endoplasmático). É constituído de uma solução aquosa na qual estão dissolvidas partículas insolúveis necessárias ao metabolismo celular, como por exemplo:	
	Ribossomos: Os ribossomos das bactérias são responsáveis pela síntese de proteínas.	
Grânulos: Os grânulos são responsáveis por compor outrasestruturas celulares e servem, também, de substância de reserva.	
Os estudos que relacionam genética e virulência são extremamente importantes para o profissional da área. O genoma bacteriano é constituído de cromossomos e plasmídeos. Os cromossomos possuem o DNA que carrega a informação genética nos genes. O cromossomo bacteriano é um DNA dupla fita circular, altamente empacotado, disperso no citoplasma (nucleoide). Já os plasmídeos são moléculas de DNA dupla fita circulares, menores que os cromossomos, que carregam informação genética não essencial à célula, mas conferem uma vantagem seletiva, sob diversas condições (TRABULSI; ALTHERTUM, 2015). As mutações e as recombinações genéticas fornecem a variabilidade genética nas bactérias. As mutações podem ser geradas de forma espontânea (geralmente ocasionadas por um erro durante a replicação do DNA), ou induzida (provocadas por um agente mutagênico físico ou químico). Já a recombinação pode ocorrer de três 	formas, sendo elas:	
Transdução: quando o material genético é transferido por um bacteriófago de uma bactéria para outra. 	
Conjugação: quando o material genético é transferido por meio do contato entre duas células bacterianas.	 	Transformação: quando o DNA livre é incorporado após uma análise celular. A grande variabilidade genética observada nas bactérias está diretamente ligada à aquisição e transferência dos genes que codificam os fatores de virulência.		
O termo virulência se refere à capacidade de uma bactéria, vírus, fungo ou parasita, produzir a doença no hospedeiro. É, como o nome diz, determinada pelos fatores de virulência expressos nas células. São consideradas fatores de virulência bacterianos aquelas estruturas ou estratégias que permitem que a bactéria entre, replique-se, dissemine-se e sobreviva aos mecanismos de defesa do hospedeiro (BROOKS et al., 2014).	
Crescimento: O aumento no número de bactérias é o que chamamos de crescimento bacteriano. Esse aumento se dá por meio dos processos de reprodução das células, por fissão binária ou por brotamento. A fissão binária, processo de divisão assexuado, ocorre com a geração de duas células filhas com o genoma completo, e é comumente encontrada na maioria das bactérias. Essas duas células se dividem, originam quatro células e assim ocorre sucessivamente. Podemos chamar o tempo que uma célula leva para se dividir em duas de tempo de geração. Esse tempo é variável entre as bactérias, podendo ser de 1 até 24 horas (MADIGAN et al., 2016). Para determinar o crescimento de uma bactéria experimentalmente, ela deve ser semeada em meio de cultura em estado líquido e acompanhada em condições controladas. O seu crescimento segue uma curva que pode ser dividida em quatro etapas. 	
	 
Vírus: Os vírus são responsáveis por várias doenças infecciosas humanas e podem provocar desde um resfriado até o imuno-comprometimento, como o causado pelo vírus do HIV. Eles são considerados parasitas celulares obrigatórios, pois não conseguem realizar suas atividades metabólicas se não estiverem no interior de uma célula hospedeira. Possuem o seu material genético (DNA ou RNA) envolto por um capsídeo proteico, que pode ser recoberto por um envelope composto por proteínas, carboidratos e lipídeos. Eles podem, ainda, infectar uma variedade de organismos, desde os vertebrados, as plantas, fungos e até mesmo outros vírus (LA SCOLA et al., 2008, tradução nossa). A partícula viral infecciosa, chamada de vírion, possui o seu material genético (DNA ou RNA) protegido por uma camada de proteínas que além de proteger atua como veículo de transmissão de uma célula hospedeira para outra. Os vírus podem ter seu material genético sob forma de fita simples ou fita dupla. Dessa maneira, é possível termos vírus com DNA fita simples ou fita dupla e RNA fita simples ou fita dupla. O capsídeo viral, composto por proteínas, protege o material genético, formado por capsômeros, que são subunidades proteicas e podem ser de um único tipo ou ter uma variedade de tipos. Em alguns vírus, encontramos um envelope que recobre o capsídeo e é composto por proteínas, lipídeos e carboidratos. No entanto, nem todos os vírus possuem o envelope recobrindo o capsídeo, nesse caso eles são chamados de vírus não envelopados (TORTORA; FUNKE; CASE, 2016).	
 Os vírus envelopados são vulneráveis aos solventes orgânicos, como o éter, devido a presença de lipídeos na composição de seu envelope. As glicoproteínas, presentes na composição do envelope, são os antígenos principais dos vírus e estão associadas ao reconhecimento e ligação aos receptores celulares específicos durante o processo de infecção das células.
> CASO:	 Você sabia que as pessoas infectadas pelo vírus HIV são tratadas com medicamentos que chamamos de antirretrovirais? A terapia antirretroviral é uma combinação de medicamentos que impede a replicação do vírus. Se o tratamento for seguido fielmente, ele pode reduzir consideravelmente o número de vírus presente no sangue. Recentemente, foi publicado um estudo, na conceituada revista cientifica The Lancet, confirmando que o tratamento eficaz com os antirretrovirais impedia a transmissão do vírus HIV entre os casais (COHEN, 2019). Isso é possível uma vez que a pessoa infectada possui níveis indetectáveis do vírus por conta do tratamento com antirretrovirais. Temos, aqui, um exemplo da importância de se conhecer o agente infeccioso para que se possa utilizar o tratamento mais eficiente e eficaz.	
Em sua maioria, os vírus entram em seus hospedeiros pelas mucosas do trato gastrointestinal, ou trato respiratório. Isso ocorre, principalmente, por meio da ingestão de alimentos ou água contaminados, mas outras formas de transmissão também são possíveis, como no caso das doenças virais sexualmente transmissíveis como HIV, HPV ou pelo contato com sangue e hemoderivados contaminados.		
Crescimento: Por serem parasitas celulares obrigatórios, é extremamente difícil acompanhar o crescimento do vírus como fazemos com as bactérias em meios de culturas. Entretanto, os vírus podem se multiplicar de duas formas: pelo ciclo lítico ou pelo ciclo lisogênico.	• Ciclo lítico: Esse ciclo é dividido em cinco etapas: adsorção, penetração, biossíntese, maturação e liberação. Iniciando pela adsorção, as partículas virais “colidem” com a célula na qual ocorre a ancoragem dessas partículas. Após a adsorção, ocorre a penetração, momento em que o vírus injeta seu material genético na célula. Quando o material genético alcança o citoplasma da célula hospedeira, ele inicia o comando para a síntese de proteínas e ácidos nucleicos “virais” e, assim, inicia-se a etapa da biossíntese. Na etapa de maturação novas partículas virais são montadas, ocorrendo o rompimento da membrana da célula hospedeira e a liberação dos vírus, que podem invadir novas células e iniciar o processo de multiplicação.		
• Ciclo lisogênico: Nesse ciclo não ocorre a morte da célula hospedeira. Aqui, o vírus insere seu ácido nucleico na célula hospedeira, que continua funcionando normalmente. O material genético do vírus, então, é incorporado ao DNA da célula hospedeira que, ao realizar mitose, gera células filhas com o novo genoma viral. Assim, a célula que foi infectada transmite o material genético para todas as células filhas, que também estarão, portanto, infectadas.		
Fungos: Os fungos são seres eucariontes, unicelulares ou pluricelulares, quimio-heterotróficos, que utilizam a matéria orgânica do ambiente para obter energia e carbono para realizar suas atividades metabólicas. Fungos não realizam fotossíntese e a sua reserva energética é o glicogênio (MORAES; PAES; HOLANDA, 2009). Suas células possuem uma parede celular constituída de quitina, uma proteína. Algumas espécies de fungos são parasitas e outras são saprófagos, pois decompõem matéria orgânica. Entre as mais de cem mil espécies de fungos descritas na literatura, somente duzentas podem causar doenças em seres humanos, animais e plantas. Existem, ainda, fungos aeróbicos e anaeróbicos. Na indústria, são utilizadas, por exemplo, as espécies anaeróbiasfacultativas para os processos de fermentação.	
Estrutura e morfologia: Todas as células dos fungos possuem seu material genético (DNA) envolvido por carioteca. A seguir, você verá as principais estruturas das células fúngicas.	
• Parede celular: composta de quitina ou por polissacarídeos de natureza celulósica, ela fornece rigidez para a célula. A presença de glicocálice, ancorado pelas glicoproteínas e glicolipídios, fornece um reforço da superfície celular e promove o reconhecimento entre as células, ajudando estas a se unirem. As células eucarióticas não possuem peptideoglicanas, o que impede que os antibióticos, como a penicilina, que têm como alvo peptideoglicanas afetem as células de quem está sendo tratado por esse medicamento.	
• Membrana plasmática: possui duas camadas de fosfolipídios revestidas por proteínas. As invaginações presentes na membrana dão origem a um sistema de vesículas ou vacúolos que realizam o contato com o meio externo e o interno. 					• Citoplasma: no citoplasma encontramos as mitocôndrias, vacúolos, ribossomos, retículo endoplasmático, aparelho de Golgi, glicogênio (responsável pela reserva energética), peroxissomos e lisossomos.	
• Núcleo: podem ter mais de um núcleo envolto por uma carioteca. Dentro do núcleo, encontra-se o nucléolo (contém DNA, RNA e proteínas).	
• Cápsula: alguns fungos apresentam uma cápsula mucopolissacarídica, composta por polímeros de cadeias ramificadas. Os diferentes níveis de ramificações desses polímeros da cápsula podem interferir na fagocitose, mediados pelos sistemas de complemento e impedir a produção de óxido nítrico pelos macrófagos (CORDERO et al., 2011, tradução nossa). Logo, são importantes na virulência do fungo patogênico.	
As características morfológicas permitem identificar os diferentes fungos, que podem ser classificados como: bolores, leveduras e cogumelos.	
• Levedura: são unicelulares, ovais ou alongadas; se reproduzem por brotamentos. 	
• Bolores ou fungos filamentosos: são multicelulares e multinucleados; possuem micélio vegetativo pluricelular filamentoso. Nesse tipo de fungo as várias células que o compõe se organizam formando estruturas denominadas hifas. Por sua vez, um conjunto de hifas (filamentos longos e delgados) é denominado micélio.	
 • Cogumelos: possuem uma parte do corpo crescendo abaixo do solo e uma parte aérea, com formato de chapéu. Essa parte aérea é chamada micélio reprodutivo, ou corpo de frutificação, porque é nela que ocorre a reprodução sexuada e a formação de estruturas que darão origem aos esporos, responsáveis pela reprodução assexuada.	
Classificação e virulência: Os fungos podem ser classificados em cinco filos diferentes: Ascomicetos, Basidiomicetos, Zigomicetos, Oomicetos e Deuteromicetos. A maioria dos fungos patogênicos são pertencentes ao filo Deuteromicetos. A maior parte dos fungos saprófitos podem ser patógenos primários ou oportunistas. São denominados de primários aqueles que são capazes de penetrar em tecidos saudáveis, desenvolver-se e provocar danos no hospedeiro imunocompetente. Os fungos considerados oportunistas são aqueles que causam uma enfermidade aos seres humanos quando o sistema de defesa não está responsivo. As principais vias de transmissão são as vias aéreas ou por contato direto com objetos contaminados. Para que uma infecção por fungos se aloje, vai depender da virulência do fungo e como o sistema imunológico do hospedeiro se encontra no momento do contato. Os indivíduos imunocomprometidos são os mais atingidos pelas infecções fúngicas.		
Crescimento: Os fungos podem se reproduzir assexuadamente ou sexuadamente. As hifas que compõem o micélio podem atingir a superfície e entrar em contato com o ar. Essas hifas podem desenvolver em suas extremidades os esporos, chamados de conídios. Os conídios são assexuados e altamente resistentes à desidratação. Existem fungos que produzem diferentes esporos sexuais. Os esporos dos bolores são originados da fusão de gametas unicelulares ou de gametângios (hifas especializadas). Já em outros tipos de fungos, temos a formação de esporos por meio da fusão de duas células haploides, após meiose e mitose, resultando em esporos individuais. 	Parasitas: protozoários e helmintos: Todos os protozoários são unicelularese eucariontes. Existe uma enorme variedade de formas que podem ser de vida livre ou parasitas, que podem se reproduzir sexuadamente (com a união de gametas), ou assexuadamente (divisão celular). Dentre os protozoários que se reproduzem sexuadamente, há a formação de gametas masculinos e femininos que, após a união, formam uma célula diploide. Já os protozoários que fazem a reprodução assexuada, podem realizar a divisão binária, merogonia, esporogonia e a esquizogonia. Os protozoários se diferenciam dos fungos, pois não apresentam parede celular rígida (COURA, 2013). Inúmeros protozoários são causadores de doenças como malária, doença de Chagas, leishmanioses, toxoplasma, entre outras. Os helmintos, comumente conhecidos como vermes, são pluricelulares de vida livre ou parasitas, seus hospedeiros incluem o ser humano. Platyhelminthes: Vermes que possuem o corpo achatado e possuem um tubo digestivo ausente ou primitivo. São representantes desse filo: Taenia solium, Taenia saginata e Schistosoma mansoni.	
Nemathelminthes: Vermes que possuem o corpo cilíndrico e o tubo digestivo completo. São representantes desse filo: Ascaris lumbricoides, Ancylostoma duodenale e Enterobius vermicularis.	
Annelida: São vermes que não parasitam.	
Os parasitas podem apresentar ciclos de vida monóxeno ou heteróxeno. O que caracteriza o ciclo de vida monóxeno é a necessidade de apenas um hospedeiro para completar seu ciclo de vida (por exemplo, Ascaris, Enterobius, Strongyloides). Diferentemente, os parasitas que possuem o ciclo heteróxeno necessitam de dois ou mais hospedeiros para completar seu ciclo de vida (por exemplo, Taenia, Plasmodium, Trypanosoma, Leishmania ).	
Classificação e virulência: Grande parte dos protozoários faz uso da fagocitose para englobar e ingerir partículas sólidas. Outros protozoários possuem o citostoma para “engolir” uma célula bacteriana inteira ou pequenas células eucarióticas. Os protozoários podem ser classificados pelo seu modo de locomoção (NEVES, 2016). Os Sarcodinas (amebas) são aqueles que se locomovem por movimentos ameboides.	
 Os que utilizam os flagelos chamamos de Mastigophora (ou flagelados), e os de cílios, de Ciliophora (ou ciliados). Os protozoários imóveis são denominados de Apicomplexa (ou esporozoários).	
• Mastigophora: Tripanossoma cruzi, causador da Doença de Chagas.	
• Sarcodinas: Entamoeba histolytica, que pode provocar uma disenteria amebiana ou amebíase.	
• Ciliophora: O representante mais conhecido é o Paramecium.	
• Apicomplexa: Um de seus principais representantes são os plasmódios (causadores da malária).	
Procedimentos de biossegurança e aplicação no controle microbiano: O objetivo da aplicação das normas de biossegurança em ambientes da área de saúde, seja para fins educacionais ou hospitalares, é evitar ou minimizar os riscos de acidentes no uso desses ambientes. A biossegurança, por definição, compreende: um conjunto de ações (normas) destinadas a prevenir, controlar, mitigar ou eliminar riscos inerentes às atividades que possam interferir ou comprometer a qualidade de vida, a saúde humana e o meio ambiente. Desta forma, a biossegurança caracteriza-se como estratégica e essencial para a pesquisa e o desenvolvimento sustentável sendo de fundamental importância para avaliar e prevenir os possíveis efeitos adversos de novas tecnologias à saúde. (BRASIL, 2010 a , p. 15).	
> VAMOS PRATICAR? A Organização Mundial da Saúde (OMS) considera que a gripe é um dos grandes desafios da saúde pública. Segundo dados da mesma organização, a cada ano estima-se que um bilhão de pessoas podem se contaminar com o vírus da gripe, conhecido como influenza. O controle da disseminação desse vírus é um grande desafio, uma vez que ele é de fácil transmissão. Situação-problema: Você já deve ter ouvido falarque criança, sobretudo quando começa a frequentar a creche, vive doente. Em ambientes fechados ou semifechados, como as creches e escolas, a propagação do vírus causador da gripe é mais elevada. As crianças são mais suscetíveis a terem complicações graves causadas pela gripe. Todo ano, nas estações mais frias, quando os locais ficam sem circulação de ar, aumentam os casos de gripe. A forma de prevenção de contaminação entre crianças e seus cuidadores já são bastantes difundidas. Baseado nessa informação, você, no cargo de diretor(a) de uma creche, tomaria quais medidas para evitar um surto da doença, caso soubesse da presença de uma criança ou adulto gripado?
Em 8 de junho de 1978, o Ministério do Trabalho aprovou as normas regulamentadoras (NRs) referentes à segurança e saúde do trabalhador. Especificamente, a NR-9 estabeleceu a obrigatoriedade do Programa de Prevenção de Riscos Ambientais (PPRA) como medida de proteção à saúde e integridade do trabalhador. Os tipos de riscos ambientais são classificados como: riscos de acidentes; ergonômico; físico; químico e biológico. Esse último se refere aos agentes biológicos que podem causar danos à saúde do trabalhador, como, por exemplo as bactérias, vírus, fungos ou protozoários. Os agentes biológicos podem ser classificados em cinco classes de risco biológico, conforme as “Diretrizes Gerais para o Trabalho em Contenção com Material Biológico” (BRASIL, 2010 b ). São elas:	
• classe de risco I (baixo risco individual e coletivo): baixa probabilidade de o agente causar uma enfermidade. Exemplo: Lactobacillus;
	• classe de risco II (risco moderador para o individual e limitado risco para a comunidade): pode vir a causar uma infecção, porém, existem medidas terapêuticas e profiláticas. Exemplo: Schistosoma mansoni; 	
• classe de risco III (alto risco individual e risco moderado para a comunidade): os agentes biológicos de classe III podem causar graves infecções em humanos e animais, mas existem tratamentos eficazes. Exemplo: Bacillus anthracis; 	
• classe de risco IV (alto risco para o individual e para a comunidade): os agentes biológicos de classe IV são de fácil propagação e não existem medidas profiláticas e nem terapêuticas eficazes. São altamente patogênicos. Exemplo: vírus Ebola;	
• classe de risco V (alto risco de contaminação em animais e do meio ambiente): são os agentes biológicos que não existem no país, como o Achantina fulica (caramujo-gigante-africano trazido para o Brasil).	
Somente em 1995, o Brasil instituiu uma lei que criou a Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio). A Lei n. 8.974, de 5 de janeiro de 1995, determinou os diferentes níveis de biossegurança, denominando-os de NB-1, NB-2, NB-3 e NB-4.	
	As NBs determinam os critérios para os níveis de segurança na manipulação de agentes biológicos. Para se determinar o nível de biossegurança, deve-se seguir alguns critérios de avaliação, como origem e virulência do agente, modo de transmissão, entre outros (CDC, 1999, tradução nossa). As principais funções das normas são garantir um ambiente seguro para quem está manipulando o agente biológico, a proteção para o meio ambiente e para a comunidade.	
NB-1: aplica-se a laboratórios de ensino médio com manipulação somente de agentes de classe 1. Necessidade de se adotar boas práticas laboratoriais. 	
NB-2: laboratórios clínicos e hospitalares, onde ocorre manipulação de agentes de classe 2. Necessidade de se adotar boas práticas laboratoriais, instalação de barreiras físicas primárias (cabine de segurança biológica) e uso de EPI.	
NB-3: laboratórios onde ocorre a manipulação de grande quantidade de agentes de classe 2 ou de classe 3. Além da estrutura requerida em um laboratório de nível 2, deve-se construir áreas de trabalho especiais. 	
NB-4: laboratório de contenção máxima, onde há manipulação de agentes de classe 4. Nesse laboratório, deve-se ter todos os níveis de contenções exigidos nos laboratórios anteriormente citados, e barreiras de contenções e procedimentos de segurança especiais.	
Especificamente para os profissionais da área de saúde, foi criada também a NR-32, que tem como finalidade “estabelecer as diretrizes básicas para a implementação de medidas de proteção à segurança e à saúde dos trabalhadores dos serviços de saúde, bem como daqueles que exercem atividades de promoção e assistência à saúde em geral (BRASIL, 2005). Além de todos as normas já elencadas, algumas outras regras são importantes para reduzir ou minimizar os riscos em um ambiente hospitalar e em laboratórios, como, por exemplo, a utilização de equipamentos de proteção individual (EPI), como luvas, jalecos, óculos e máscaras. Especificamente para os profissionais da área de saúde, foi criada também a NR-32, que tem como finalidade “estabelecer as diretrizes básicas para a implementação de medidas de proteção à segurança e à saúde dos trabalhadores dos serviços de saúde, bem como daqueles que exercem atividades de promoção e assistência à saúde em geral (BRASIL, 2005). Além de todos as normas já elencadas, algumas outras regras são importantes para reduzir ou minimizar os riscos em um ambiente hospitalar e em laboratórios, como, por exemplo, a utilização de equipamentos de proteção individual (EPI), como luvas, jalecos, óculos e máscaras.		
Métodos químicos para controle microbiano: Os métodos utilizados para o controle dos microrganismos visam eliminá-los por meio da perda da capacidade de reprodução, reduzindo e inibindo o seu crescimento. Por meio da utilização de métodos químicos ou físicos, é possível causar a destruição total de todas as formas de vida, impedindo, ou reduzindo-o a uma taxa aceitável, o seu crescimento em um ambiente. Métodos químicos utilizam agentes químicos para fazer a eliminação dos microrganismos. Os principais grupos de agentes químicos são: álcoois; compostos fenólicos (fenóis, timol, cresóis); aldeídos e derivados (aldeído fórmico, aldeído glutárico); halogênios e derivados (iodo, cloro); biguanidas (clorexidine); agentes de superfície (detergentes); conservantes químicos de alimentos; quimioesterelizantes gasosos (óxido de etileno); agentes oxidantes (peroxigênios) e metais pesados (sais de prata).		
> VAMOS PRATICAR? Como vimos, os vírus são parasitas intracelulares obrigatórios e possuem uma grande capacidade de se multiplicar quando encontram uma condição favorável. Ao longo dos anos, com a descobertas das vacinas contra determinados vírus, foi possível “exterminar” ou declarar que uma determinada doença foi extinta em algum país ou mesmo no mundo todo. Nessa atividade, você vai exercitar sua capacidade de pensar sobre uma situação relacionada à erradicação de um determinado vírus e o seu armazenamento em laboratórios de pesquisas. 	Situação-problema: Após uma campanha de vacinação no mundo todo contra a varíola, que teve início em 1966, essa doença foi considerada erradicada em 1980. Porém, grupos de pesquisadores do Centro de Doenças e Prevenção de Doenças, o CDC, nos Estados Unidos e em Koltsovo, na Rússia, ainda detêm amostras desse vírus em seus laboratórios. Se pensarmos no quanto essa doença é fatal, o mais lógico seria eliminarmos essas amostras, para que não houvesse nenhum risco desse vírus voltar a circular no mundo. Essa questão é tão polêmica que a Organização Mundial da Saúde (OMS) e a Organização das Nações Unidas (ONU) já se reuniram mais de uma vez para decidir o futuro dessas amostras. E você, o que pensa sobre esse assunto? Colocando todos os prós e contras sobre a manutenção dessas amostras em laboratório, dê o seu veredito: as amostras devem ou não ser destruídas?	
Os principais agentes químicos podem ter função desinfetante ou esterilizante. Os esterilizantes atacam os microrganismos e os desinfetantes diminuem a carga microbiana a ponto de não representar mais perigo. Os álcoois possuem atividade bactericida, pois desnaturam as proteínas e solubilizam os lipídeos. Em ambientes hospitalares e laboratoriais, usualmente é utilizado álcool 70%. Nesses casos, a diluição do álcool etílico se faz necessária,pois na ausência de água, as proteínas não são desnaturadas, por isso, o álcool etílico absoluto é menos eficiente que a versão diluída em água. Os aldeídos utilizam o mecanismo de alquilação direta dos grupos funcionais das proteínas que aumentam seu poder bactericida. Em ambientes hospitalares, é comumente utilizada a metenamina como antisséptico urinário. A sua atividade está ligada à liberação do aldeído fórmico. Já os fenóis atuam em qualquer proteína, e para atuarem como bactericida, necessitam estar em uma concentração de 0,2% a 1%. Em ambientes hospitalares, é comum utilizar a creolina (cresóis) para desinfetar excretas, pisos etc. O representante dos halogênios, comumente utilizados em hospitais e laboratórios, é a tintura de iodo. Por ter a função fungicida, bactericida e esporocida, é um potente antisséptico. O iodo em solução alcoólica de 2% tem uma ação imediata. É utilizado na prática cirúrgica. Outro exemplo desse grupo é o cloro, que ataca os grupos alfa-aminados das proteínas, afetando as funções de enzimas vitais. Os agentes de superfície (detergentes catiônicos) mais utilizados são: cloreto de benzalcônio, cloreto de benzetônico, cloreto de cetilpiridíneo e cetrimida. Eles têm ação sobre a permeabilidade da membrana, inibem a respiração e a glicólise das bactérias, vírus e esporos bacterianos. Dentro do grupo das biguanidas, a clorohexidine é utilizada nos centros cirúrgicos na antissepsia de pele, na lavagem das mãos e na preparação dos pacientes. Ela adsorve a parte externa dos microrganismos, ligando-se ao grupo fosfato da parede e da membrana, provocando danos e liberação do conteúdo citoplasmático. Os agentes classificados como metais pesados têm ação bacteriostática. O nitrato é comumente utilizado em soluções oftalmológicas, a 1%, como prevenção da oftalmia neonatorum. Os agentes oxidantes, como a água oxigenada, liberam o oxigênio nascente, que oxida os sistemas enzimáticos essenciais para a sobrevivência dos microrganismos. O uso comum para a água oxigenada é a lavagem de feridas e mucosas nas quais haja tecido necrosado, pois a ação da catalase facilita a limpeza da área. O óxido de etileno, representante dos esterilizantes gasosos, é utilizado na esterilização de instrumentos cirúrgicos, pois inativa enzimas cruciais para os microrganismos por meio da alquilação direta dos grupos hidroxilas, sulfidrilas e carboxilas.	Os principais locais de ação dos agentes químicos são:	
Parede celular e membrana: a ação dos agentes químicos afeta a permeabilidade e favorece a análise celular. Proteínas: causa desnaturação ou inativação das proteínas. 	
Material genético (DNA ou RNA): causa degradação do material genético; pode inibir os processos de replicação e tradução.	
Métodos físicos para controle microbiano: Os métodos físicos são aqueles que permitem a eliminação dos microrganismos por meio de técnicas que desnaturam as proteínas, oxidam, destroem o DNA, interrompem o metabolismo.	
 No caso dos agentes físicos, o calor é um dos métodos mais utilizados em ambientes de saúde, como clínicas e hospitais. A autoclavação, utilizando calor úmido e os fornos, utilizando calor seco, estão entre os métodos mais eficientes e práticos. Por outro lado, as baixas temperaturas são utilizadas principalmente para o controle do crescimento dos microrganismos, conservando produtos médico/hospitalares.	
 Ao utilizarmos esses métodos físicos e químicos podemos obter os resultados desejados, conceitualmente conhecidos como: antissepsia (utilização de produtos sobre a pele ou mucosa com o objetivo de reduzir os microorganismos em sua superfície); esterilização (total eliminação da vida microbiológica em materiais); desinfecção (processo capaz de eliminar a maioria dos organismos causadores de doenças presente em superfícies e materiais).	
UNIDADE 2: SISTEMA IMUNOLÓGICO	
Introdução: Nesta unidade, vamos conhecer alguns conceitos relativos à imunologia, explorando as principais características do sistema imunológico humano. Todo mundo sabe da importância do nosso sistema imunológico no combate aos patógenos. Ele garante a nossa defesa por meio de inúmeras células de defesa que estão circulando pelo nosso corpo, impedindo, assim, que o patógeno desencadeie uma doença. Mas e se o patógeno tiver sucesso em vencer as barreiras imunológicas, o que acontece? Para responder a essa pergunta, veremos que possuímos dois tipos de respostas imunológicas: a resposta imunológica inata e a adaptativa. Se as células e moléculas que citamos anteriormente não derem “conta do recado”, ou seja, não conseguirem eliminar o patógeno, entra em ação o sistema imune adaptativo. E você sabe como nosso organismo conhece a hora de iniciar uma resposta imunológica? Você conhece as células que fazem a defesa do nosso organismo? Já ouviu falar em órgãos linfoides primários e secundários? Esses sistemas possuem características únicas e eficientes para eliminar agentes agressores. Para se ter êxito nesse combate, diferentes células possuem distintas funções. Nesta unidade, você conhecerá essas células que atuam no combate ao patógeno. Dentre elas, temos os linfócitos T e B, que atuam no local da infecção.	
Introdução ao estudo do sistema imunológico e órgãos linfoides: A área que estuda o sistema imunológico – ou sistema imunitário – dos seres humanos é chamada de imunologia. O sistema imunológico é responsável por nos proteger contra doenças causadas por microrganismos patogênicos. Os órgãos linfoides são responsáveis pela resposta imunológica, pois dão origem a diversas células do sistema imune e fornecem um local propício para que ocorra essa resposta.	
Componentes do sistema imunológico: Uma série de moléculas e células fazem parte da composição do sistema imunológico. Todas as células do nosso sistema de defesa têm em comum sua origem. Elas são originadas a partir de células-tronco hematopoiéticas (CTHP) da medula óssea. As células CTHP iniciam a formação das células do sangue no processo conhecido como hematopoese. Esse processo começa pela divisão da CTHP em progenitores mieloides ou linfoides, e depois em precursores dos tipos celulares encontrados no sangue.
	 O progenitor mieloide dá origem aos megacarioblastos e aos eritroblastos. Os megacarioblastos (precursor) dão origem às plaquetas e os eritroblastos (precursor) aos eritrócitos. Importante lembrar que este progenitor também pode dar origem aos precursores de granulócitos e macrófagos e, por sua vez, aos leucócitos sanguíneos, incluindo os neutrófilos, monócitos, eosinófilos e basófilos. Os neutrófilos, eosinófilos e os basófilos são granulócitos. Os granulócitos se caracterizam por apresentarem grânulos no seu citoplasma. Durante um processo inflamatório, os neutrófilos são os primeiros a serem recrutados. Eles eliminam grandes agentes patogênicos por meio de enzimas e substâncias antimicrobianas. Já os eosinófilos e os basófilos agem sobre grandes patógenos multicelulares, por exemplo, os helmintos.	
> VAMOS PRATICAR? Como vimos, todas as células do sistema imunológico têm origem a partir das células-tronco hematopoiéticas (CTHP) da medula óssea. Essas células são responsáveis pela formação das células do sangue por meio de um processo conhecido como hematopoese. Nesta atividade, você vai analisar, sob uma visão crítica, o fortalecimento do sistema imunológico e o jejum. 	 Situação problema O jejum virou moda entre as pessoas que desejam emagrecer. Essa situação pode ser observada em inúmeras postagens nas maiores redes sociais do mundo. As pessoas que praticam jejum, acreditam que ele tem o poder de melhorar o sistema imunológico. Esse mecanismo atuaria nas células-tronco hematopoiéticas, estimulando a formação de novos leucócitos e melhorando, assim, a função do sistema imunológico. Além disso, o organismo eliminaria componentes que estariam velhos ou danificados. Muitos médicos são contra essa prática. E você, se estivesse na posição do médico, e baseado nos seus conhecimentos de imunologia, o que indicaria?	
Os macrófagos são as células fagocitárias,responsáveis por iniciar uma resposta imunológica devido à sua capacidade de ingerir uma variedade de microrganismos patogênicos e de estarem presentes em diversos tecidos (MURPHY, 2014). O progenitor linfoide da medula óssea, por sua vez, pode dar origem aos linfócitos B, linfócitos T ou células NK. Os linfócitos B, também conhecidos como células B, iniciam e terminam sua diferenciação na medula óssea, originando o linfócito B virgem, diferente do que ocorre para o linfócito T, ou célula T, que inicia sua diferenciação na medula e termina no timo.	
Os linfócitos B possuem ancorado em sua membrana plasmática um anticorpo que tem função de receptor para a célula B, o chamado BCR (receptor da célula B ou, em inglês, B cell receptor). O BCR é o responsável pelo processo de ativação do linfócito B virgem em plasmócito quando se liga à superfície de um patógeno. Diferentemente do linfócito B, o linfócito T não possui um anticorpo ancorado, e sim, um receptor chamado de TCR (ou T cell receptor). O TCR não se liga diretamente ao antígeno como o BCR: ele faz isso por meio de uma célula apresentadora de antígeno (APC) (MURPHY, 2014).	
> VOCÊ SABIA? Toda célula apresentadora de antígenos, conhecida também por APC, realiza o processo de fagocitose. Os macrófagos, as células dendríticas e os linfócitos B são capazes de exercer a função de apresentar o antígeno. Logo após realizarem a fagocitose, capturam e processam o antígeno. Mas, atenção! Nem toda célula capaz de realizar fagocitose é uma APC.	
Existe ainda uma célula que pode ser de origem tanto mieloide quanto linfoide. Essa célula é a célula dendrítica. As células dendríticas são especialistas em capturar antígenos por meio do processo de macropinocitose, capaz de englobar uma grande quantidade de líquido. Essas células estão presentes no sistema imune inato e adaptativo.		
> VAMOS PRATICAR? Os vírus são considerados parasitas celulares obrigatórios, ou seja, necessitam do maquinário da célula hospedeira para sobreviverem e se replicarem. Em especial, o HIV encontra no linfócito T seu local ideal para o seu desenvolvimento. Nesta atividade, você terá a oportunidade de trabalhar os conceitos sobre a resposta imunológica adaptativa celular.	Situação-problema Um amigo seu fez sexo desprotegido e está muito aflito com a possibilidade de ter sido contaminado com o vírus HIV. Os vírus são considerados parasitas celulares obrigatórios, ou seja, necessitam do maquinário da célula hospedeira para sobreviver e se replicar. Após o diagnóstico da AIDS, é necessário que o paciente comece o tratamento com os chamados antirretrovirais, cuja função é bloquear a replicação no interior dos linfócitos TCD4+, reduzindo, assim, os níveis de partículas virais no indivíduo até níveis indetectáveis. Baseado em seus conhecimentos de imunologia, qual o teste que você indicaria para o seu amigo realizar?	
As células que possuem função de apresentar antígeno (APCs) são os macrófagos, as células dendríticas e os linfócitos B. Elas conseguem internalizar o conteúdo extracelular e apresentar os fragmentos do que foi internalizado para os linfócitos T. Com origem linfoide, as células NK (natural killer, ou seja, exterminadora natural), finalmente, são células especializadas que não possuem nenhum tipo de receptor. Como seu nome mesmo diz, ela é especializada em matar outras células.	
Molécula do sistema imunitário: As moléculas do sistema linfocitário têm a função de atacar o patógeno ou, ainda, de aumentar e potencializar a resposta de algumas células frente a esse patógeno. Inúmeras moléculas possuem essas funções no sistema imunitário. Dentre elas, temos as citocinas, os anticorpos, as quimiocinas, o sistema complemento e os mediadores lipídicos. Os anticorpos, ou imunoglobulinas, são proteínas que compõem o BCR. Após a ativação dos linfócitos B, eles sofrem diferenciação em plasmócitos que produzem os anticorpos. Os anticorpos são secretados e pertencem a cinco classes diferentes. As classes de imunoglobulinas são: IgA, IgD, IgG, IgE e IgM.	
Órgãos linfoides: Os órgãos linfoides podem ser primários ou secundários. Eles são órgãos responsáveis pela resposta imunológica, pois dão origem a diversas células do sistema imunitário, e fornecem um local propício para que ocorra essa resposta.	
• Órgão linfoide primário: Local de origem de todas as células do sistema imunitário. A produção e diferenciação dessas células ocorre na medula óssea e no timo.	
• Órgão linfoide secundário: Local propício para ocorrer a potencialização da resposta imunológica. Isso acontece porque há uma enorme quantidade de linfócitos B e T, APCs que aumentam a probabilidade de ocorrer o reconhecimento de um antígeno pelo sistema imunológico. São classificados como órgãos linfoides secundários os linfonodos (gânglios linfáticos) presentes na virilha, axila, pescoço, entre outros; baço e o tecido linfoide associado à mucosa.	
> VOCÊ SABIA? A hematopoese, formação das células do sangue, inicia-se no saco vitelínico e durante todo o desenvolvimento fetal, ocorre no baço e no fígado, considerados os principais órgãos hematopoiéticos (órgãos linfoides primários). Após o nascimento, o órgão responsável pela hematopoese é a medula, e o timo é responsável pela diferenciação dos linfócitos T.	
Resposta imunológica inata e ativação da resposta inflamatória: A resposta imunológica pode ser dividida em dois tipos: resposta inata e resposta adaptativa. Ambas têm como função eliminar o patógeno da forma mais eficiente possível, porém, cada uma possui uma gama de células específicas para cumprir tal objetivo. A primeira linha de defesa de um organismo é a resposta imunológica inata. Conhecida também como imunidade inespecífica ou natural, ela tem como principal agente de proteção a atividade fagocítica dos neutrófilos, macrófagos e a ação das células NKs.	
Imunidade inata: Para que a resposta imunológica inata inicie, é necessário que os receptores das células reconheçam seus ligantes na superfície do agente patogênico. O PRRs – ou receptores de reconhecimento padrão, como são chamados – estão localizados nas membranas das células fagocíticas do hospedeiro. Eles se ligam aos padrões moleculares associados aos patógenos (PAMPs). Importante saber que esses PAMPs são comuns a diversos patógenos. Após o reconhecimento e ligação dos receptores de membrana do macrófago tecidual com os PAMPs do patógeno, o macrófago inicia a fagocitose, em que ocorre a formação do fagossoma (vesícula intracelular contendo o conteúdo extracelular). Esse fagossoma se une com um lisossoma dando origem a um fagolisossoma. Dentro do fagolisossoma ocorre a degradação do patógeno. Inúmeras vezes esse mecanismo consegue por si só eliminar o patógeno. Porém, quando isso não acontece, os macrófagos, após ligação entre os PAMPs e PRRs, liberam citocinas e quimiocinas no meio extracelular, responsáveis por atrair mais leucócitos para o local da infecção, dando início a uma resposta inflamatória (MURPHY, 2014).	
Resposta inflamatória: O processo inflamatório tem como característica a presença de quatro sinais cardinais da inflamação: calor, dor, rubor (vermelhidão) e edema. Como vimos anteriormente, nem sempre a ação dos macrófagos teciduais consegue eliminar o patógeno. Quando isso acontece, após a liberação de citocinas e quimiocinas pelos macrófagos, os leucócitos circulantes são atraídos para o local da inflamação para eliminar esse patógeno. Dentre os leucócitos circulantes, o neutrófilo é o primeiro a chegar no local da inflamação. Um dos motivos é por ele estar presente de forma abundante na corrente sanguínea. As citocinas e as quimiocinas liberadas pelos macrófagos formam um gradiente de concentração que guia de forma específica os neutrófilos até o local da inflamação. Ao chegarem ao local da inflamação, eles internalizam o patógeno e a célula inicia o processo de morte celular, denominada de apoptose.	
 Não somente os neutrófilos são recrutados: há o recrutamento também de monócitos e linfócitos para o local da inflamação. Lembrando que os monócitossão os precursores dos macrófagos, uma vez que eles deixam a corrente sanguínea para o tecido perivascular, sofrem alterações e nesse momento se transformam em macrófagos. Eles possuem a mesma função dos macrófagos residentes: a de fagocitar e degradar o patógeno. Se mesmo com a ação das células do sistema imune inato o patógeno não for eliminado, ocorre o recrutamento para o local da inflamação dos linfócitos, células do sistema imune adaptativo.	
Resposta imunológica adaptativa celular e humoral: A resposta imunológica adaptativa pode ser chamada também de adquirida ou específica. O sistema imunológico possui respostas mediadas por células, ou as respostas ditas humorais, que utilizam a ação de moléculas solúveis. As principais moléculas solúveis da resposta humoral são as imunoglobulinas. Umas das diferenças entre a resposta inata e a adaptativa está no reconhecimento de antígenos específicos por meio dos receptores expressos nos linfócitos. Aqui, temos os receptores de célula T (TCRs) e os receptores de célula B (BCRs). Ao iniciar a resposta imune adaptativa, os diferentes subtipos de linfócitos (T ou B) entram em ação. Os linfócitos T podem ser classificados como T citotóxicas ou T auxiliares, que expressam em sua superfície os marcadores CD8 e CD4, respectivamente. Já os linfócitos B dão origem aos plasmócitos, que são responsáveis por produzir as imunoglobulinas (ou anticorpos).	
 A formação de memória imunológica é uma característica importante da resposta imunológica adaptativa. Após a ativação dos linfócitos T ou B por um antígeno específico, uma parte das células dará origem às células de memória. Essas células responderão rapidamente em um segundo contato com o antígeno que deu origem a elas. Um exemplo de memória imunológica são as vacinas.	
Resposta imunológica adaptativa celular: A ativação de um linfócito T, via TCR, inicia-se pelo reconhecimento do antígeno apresentado na superfície da célula apresentadora de antígeno (APC) nos órgãos linfoides secundários. Essa interação da célula T com a APC levará à diferenciação do linfócito, originando os linfócitos T efetores. Inicialmente, as células T começam a diferenciação pela expressão do marcador de superfície CD4 ou CD8. As células T CD8+ são aquelas que expressam em sua superfície o marcador para CD8 e possuem uma função citotóxica. Esses linfócitos T CD8+, chamados de linfócitos T citolíticos, matam as células que estão infectadas e se apresentam por meio do MHC de classe 1. As células T que expressam em sua superfície o CD4 são chamadas de células CD4+ ou células T auxiliares. Somente após a sua diferenciação em subtipo específico são classificadas em linfócitos efetores. Os linfócitos efetores podem se diferenciar em célula T 1, T 2, T 17, T , Treg.	
 A apresentação de antígenos às células T ocorre em etapas. Para aprender sobre elas, clique nas abas abaixo:	 
 (
A entrada dos linfócitos nos linfonodos:
 O processo de saída dos diferentes tipos de leucócitos de dentro dos vasos sanguíneos para o tecido perivascular, incluindo a saída de linfócitos da corrente sanguínea para dentro do linfonodo, é mediado por moléculas de adesão expressas nas células endoteliais e nos leucócitos. As células endoteliais são as células de revestimento dos vasos sanguíneos. Dentro de um linfonodo existem vasos sanguíneos especializados chamados de vênulas endoteliais altas (HEV), sendo que as células endoteliais que revestem esses vasos sanguíneos expressam na sua superfície as moléculas GlyCAM-1 e CD34. Os linfócitos, por sua vez, expressam L-
selectina
, uma molécula de adesão que possui afinidade por GlyCAM1 e CD34. Essa primeira interação fará com que os linfócitos inicialmente rolem em 
contatocom
 o endotélio. O endotélio possui a CCL21, uma 
quimiocina
 da parede do endotélio que os linfócitos possuem como um receptor específico. Após a interação ocorre a ativação de 
integrinas
 (moléculas de adesão) expressas na superfície do linfócito que se ligam às moléculas das superfamílias das imunoglobulinas expressas na superfície do endotélio. A forte adesão permite que o linfócito saia da corrente sanguínea e entre 
nos
 linfonodos.
A migração de células dendríticas até os linfonodos:
 Após as células dendríticas internalizarem os antígenos, elas migram para os órgãos linfoides secundários para apresentarem o antígeno a um linfócito específico (ABBAS; LICHTMAN; PILLAI, 2012).
 
)
	
	
	
	
		
	
 
	
> CASO: A AIDS, causada pelo vírus HIV, tem como alvo principal as células do sistema imunológico, em especial os linfócitos T CD4 . Esses linfócitos organizam e comandam a resposta imune frente + a uma ameaça ao organismo. O linfócito T CD4+ possui em sua membrana o marcador CD4, que se torna o local de ligação no momento que o vírus HIV entra no organismo. Após essa ligação, o HIV consegue penetrar no linfócito T CD4+ para se multiplicar. Ao final, o vírus rompe o linfócito e as “cópias” do vírus estão livres para infectar novas células, enfraquecendo a resposta imunológica do indivíduo. Após o diagnóstico da AIDS, o paciente deve iniciar imediatamente o tratamento com os chamados antirretrovirais. A função desse coquetel de medicamentos é bloquear a replicação no interior dos linfócitos TCD4 , e assim reduzir os níveis de partículas virais no indivíduo até + níveis indetectáveis (BRASIL, 2019).	
Agora que os linfócitos T e as células dendríticas estão nos linfonodos, o processo de apresentação de antígeno e ativação da célula T está próximo do final. Uma vez que as células dendríticas apresentam o antígeno para os linfócitos T e ocorra o reconhecimento, começa o processo de proliferação dos linfócitos. Para que o processo de ativação e proliferação seja concluído, é necessário que as moléculas B7.1 e B7.2, expressas na superfície das células dendríticas, liguem-se ao marcador CD28 expresso nas células T virgens. Quando ocorre a interação entre essas moléculas, inicia-se o processo de proliferação celular. Após alguns dias, os clones dos linfócitos formados começam a expressar diferentes moléculas na sua membrana, o que propicia a sua saída dos linfonodos e possibilita a sua migração para os tecidos infectados.	
Resposta imunológica adaptativa humoral: Uma vez que um BCR se liga a um antígeno, inicia-se o processo de ativação do linfócito B, o qual levará à formação de plasmócitos secretores de anticorpos. Os anticorpos, ou imunoglobulinas, são os principais constituintes da resposta adaptativa humoral. A ativação de um linfócito B virgem depende inicialmente da ligação do anticorpo ao antígeno específico, e de dois sinais de ativação para concluir esse processo. Importante chamar atenção para a classificação dos antígenos que se ligam aos linfócitos B. Eles podem ser classificados de duas maneiras: antígenos timodependentes ou antígenos timo-independentes.	 
> VAMOS PRATICAR? O nosso organismo possui armas de defesa poderosas contra possíveis invasores, os agentes patogênicos. Essa defesa é dividida, como vimos, em dois tipos: resposta imune inata e resposta imune adaptativa. Ambas têm como função eliminar o patógeno da forma mais eficiente possível, porém, cada uma possui uma gama de células específicas para cumprir tal objetivo. Nessa atividade, você terá a oportunidade de trabalhar os conceitos sobre a imunidade inata e adaptativa.	 Situação- problema: Hoje em dia é comum vermos as pessoas sendo submetidas a níveis elevados de estresse no seu dia a dia. O estresse consiste em respostas que o organismo dá frente a estímulos, sejam eles internos ou externos, mediados por vários hormônios, neurotransmissores e modulando, principalmente, a resposta imunológica. O estresse está associado ao desenvolvimento de inúmeras doenças, e um dos motivos é que ele afeta o funcionamento do sistema imunológico, pois diminui a proliferação e atividade dos leucócitos. Dessa forma, nosso organismo fica mais suscetível às doenças infecciosas, causadas por vírus ou bactérias. Sabendo de todos os malefícios que o estresse causa no sistema imune, quais medidas você tomariapara que sua saúde não fosse afetada?	
Os antígenos timo-dependentes são aqueles que necessitam do auxílio de um linfócito T CD4 para a ativação. A + ativação do linfócito B por um antígeno timo-dependente tem início no reconhecimento dos antígenos pelo BCR que está presente na superfície do linfócito e dispara o primeiro sinal de ativação. Esse sinal faz com que a célula B exerça a função de APC, que internaliza o antígeno e expressa os fragmentos peptídicos derivados da quebra do antígeno. Esses fragmentos peptídicos expostos são apresentados via MHC de classe II que possibilita a ativação da célula T CD4 . Com a ativação, as células T CD4+ começam a expressar uma grande quantidade de + moléculas de superfície e produção de citocinas. Ao final, a célula T fornecerá o segundo sinal para que ocorra a ativação da célula B que realizou o papel de APC. Uma vez ativada, a célula B inicia sua multiplicação para dar origem aos plasmócitos, células especializadas em produzir e secretar anticorpos. Como vimos anteriormente, os antígenos timo-dependentes necessitam do auxílio dos linfócitos T CD4 para o + processo de ativação das células B virgens. Já os antígenos timo-independentes não necessitam desse auxílio. O primeiro sinal de ativação é disparado quando ocorre a ligação do receptor BCR com o antígeno específico. Após o primeiro sinal, outros receptores de superfície da célula B se ligam aos padrões moleculares associados a patógenos (PAMPs), disparando o segundo sinal para a ativação. Assim, as células B são ativadas sem a necessidade das células T CD4 . Porém, existem casos que não somente o reconhecimento se dá pelo BCR dos + patógenos, mas também por algumas moléculas que podem ser reconhecidas por outros receptores das células B virgens (JULG et al., 2019). Podemos observar um exemplo dessa situação quando analisamos uma bactéria Gram-negativa. O lipopolissacarídeo (LPS) presente na membrana dessas bactérias é o responsável por fornecer o segundo sinal na ativação da célula B. Uma vez ativadas, as células B iniciam sua diferenciação em plasmócitos e começam a secretar as imunoglobulinas no sangue.	
 Vale lembrar que uma parte das células ativadas irá se transformar em células de memória. As células de memórias são responsáveis por garantir que no momento do próximo contato com o antígeno haja uma resposta rápida e eficiente. 	
> VOCÊ CONHECE? Emil Adolf von Behring é considerado um dos precursores da imunologia, tendo em 1901 recebido o prêmio Nobel de Fisiologia. Em 1890, junto do cientista japonês Shibasaburo Kitasato, observou a presença de uma substância, denominada por eles de antitoxina, no sangue de animais que haviam sido imunizados anteriormente para difteria e tétano. Hoje sabe-se que a antitoxina que eles observaram é o que conhecemos por anticorpo, responsável pela defesa e eliminação do patógeno no organismo (VON BEHRING; KITASATO, 1991).		
Ocorre ativação de linfócitos B virgens que se encontram dentro dos linfonodos. Eles chegam nos linfonodos por meio dos vasos sanguíneos denominados de HEV (vênulas endoteliais altas). Uma vez que já se encontram dentro dos linfonodos, os BCRs das células B virgens podem se ligar a antígenos específicos. Como isso acontece? O conteúdo que chega aos linfonodos por meio da drenagem linfática via vaso linfático aferente vem carregado de células e antígenos solúveis na linfa. Os macrófagos residentes nos linfonodos capturam os antígenos e os retêm nas suas superfícies sem fagocitá-los. Isso possibilita a interação dos BCRs das células B virgens com os antígenos que estão na superfície dos macrófagos (ABBAS; LICHTMAN; PILLAI, 2012).	
	 Após a ativação, as células B iniciam sua diferenciação em plasmócitos e começam a secretar as imunoglobulinas no sangue. Os anticorpos secretados atuam na defesa e na eliminação do patógeno, impedindo que ele cause qualquer desequilíbrio no organismo. Os anticorpos secretados no sangue possuem cinco funções básicas. São elas:	
 Na figura a seguir, é possível verificar como ocorrem os tipos de respostas imunológicas adaptativas.	
 Como verificamos na figura, na resposta imunológica humoral, ocorre a formação de anticorpos, e na celular, temos a formação de células de memória.	
Diferença entre a resposta inata e adaptativa: Baseado em todos os conceitos que estudamos sobre as respostas inata e adaptativa, é possível verificarmos quais as diferenças entre elas. Observe, no quadro a seguir, um comparativo entre os dois tipos de respostas.		 Para que o sistema imune obtenha sucesso na eliminação do patógeno, são necessários que os dois sistemas (inato e adaptativo) atuem em cooperação, utilizando as células e os mecanismos de ambas as respostas imunes.	
UNIDADE 3: DOENÇAS INFECCIOSAS	
Introdução: Nesta unidade, você irá descobrir aspectos das doenças virais e bacterianas e como nosso sistema imunológico combate os diferentes agentes patogênicos. Vivemos cercados de inúmeros microrganismos e muitas vezes não desenvolvemos uma doença. Mas por que isso acontece? Somente uma parcela dos microrganismos são patogênicos, ou seja, são capazes de desenvolver uma doença no ser humano. Nós possuímos inúmeras barreiras imunológicas que têm a função de impedir que alguns patógenos consigam entrar no nosso organismo. Mas, e se o patógeno tiver sucesso em vencer as barreiras imunológicas, o que acontece? Para responder a essa pergunta, temos que saber primeiro qual o patógeno que o sistema imunológico terá que combater. A partir desse ponto, têm início as respostas imunológicas inata e adaptativa. Existem também protocolos de imunização, por meio das vacinas, que nos fornecem proteção contra um determinado agente patogênico. A vacinação é uma “arma” de extrema importância para evitarmos e até erradicarmos inúmeras doenças. O objetivo principal da vacinação está na geração de memória imunológica duradoura. Essa memória gerada protege o indivíduo de infecções futuras por longos períodos. Mas você sabe por que não ficamos doentes quando somos vacinados? E como temos sucesso na vacinação que não utiliza o patógeno inteiro?	
Doenças bacterianas e fúngicas e resposta imune frente a microrganismos extracelulares: As bactérias ocupam praticamente todos os ambientes, inclusive o corpo humano, sendo muitas delas patogênicas. Quando um microrganismo patogênico inicia seu processo de instalação, pode desencadear uma doença. Nesse momento, nosso sistema imunológico entra em ação, sendo responsável por garantir a eliminação desse patógeno. O início de uma infecção bacteriana se dá no momento em que essa bactéria consegue ultrapassar todas as barreiras imunológicas que impedem o acesso a diferentes tecidos do nosso corpo.	
> VAMOS PRATICAR?	Quem nunca se machucou ou teve um ferimento que apresentou aquela secreção amareloesverdeada ou amarelada? Essa secreção, conhecida popularmente como pus, é composta de diversas células de defesa do sistema imunológico, dentre elas, os neutrófilos, que são as primeiras células a chegarem ao local da infecção. Nesta atividade, você vai exercitar sua capacidade de pensar sobre uma situação relacionada à infecção.	Situação-problema: Ao se machucar, seu ferimento começa a apresentar os sintomas clássicos de uma resposta inflamatória, como calor, vermelhidão, dor e inchaço. Acompanhado desses sintomas, o ferimento começa a infeccionar e apresentar pus. Ao procurar ajuda médica, baseado nos seus conhecimentos, você seria capaz de informar qual o agente patogênico que poderia estar causando esse processo infeccioso?		
A pele é considerada a primeira barreira física que a bactéria tem de vencer. Formada pelo tecido epitelial, é uma importante forma de impedir que esses microrganismos atinjam tecidos subjacentes. O epitélio possui peptídeos microbianos que controlam o tamanho da microbiota ali existente (MURPHY, 2014).	
 Uma vez que essas bactérias conseguem atingir os tecidos mais profundos, a saúde do hospedeiro está em risco. Nesse momento, o sistema imunológico entra em ação para combater esses microrganismos. Assim, logoque o tecido é acometido por uma infecção, os macrófagos residentes são responsáveis por iniciar a resposta imune inata. Nem sempre a resposta imune consegue eliminar o patógeno, sendo preciso que elementos da resposta adaptativa entrem em ação. Os linfócitos que estão nos órgãos linfoides precisam entrar em contato com os antígenos provenientes deste patógeno. As células dendríticas são responsáveis por fagocitar o patógeno, processá-lo e transportá-lo até os órgãos linfoides. Logo após a internalização do patógeno, ocorre a expressão de receptores de quimiocinas na superfície das células dendríticas, responsáveis por guiar essas células até os vasos linfáticos. Uma vez que as células dendríticas conseguem entrar nos vasos linfáticos, elas são transportadas até os linfonodos, onde apresentarão o antígeno para os linfócitos que ali residem.	 
Resposta inata e adaptativa: A resposta inata é ativada já nas primeiras horas quando se instala a lesão. Assim que a bactéria invade o hospedeiro, os macrófagos iniciam sua função fagocítica visando eliminar o risco de desenvolver a doença, e começam a produzir quimiocinas e citocinas no tecido lesionado, formando um infiltrado leucocitário. Com a liberação das citocinas, ocorre a ativação do endotélio vascular, que envia um sinal para os leucócitos circulantes sinalizando que existe algum problema no local. As moléculas expressas na superfície dos leucócitos sanguíneos se ligam às moléculas de adesão das células endoteliais. Entre os principais recrutadores de leucócitos, estão as integrinas, as selectinas e as moléculas da superfamília das imunoglobulinas (MURPHY, 2014).	 
> VOCÊ SABIA? As primeiras células leucocitárias a chegarem no local atingido por uma infecção bacteriana são os neutrófilos – uma vez que existem em grande quantidade na corrente sanguínea –, resultando em um infiltrado leucocitário no tecido. Esse infiltrado tem sua importância no combate à proliferação bacteriana. Nesses casos, ainda, ocorre um aumento dos neutrófilos, causando o quadro conhecido como neutrofilia.	
Os neutrófilos são granulócitos que possuem grânulos primários e secundários com ação antimicrobiana. A eliminação do patógeno pelos neutrófilos inicia no momento em que os receptores de reconhecimento de padrão (PRRs) se ligam aos padrões moleculares associados ao patógeno (PAMPs) presentes na bactéria. Uma vez que houve essa interação entre o PRR e o PAMP, ocorre a formação do fagossomo (vesícula fagocítica) com a bactéria em seu interior. O fagossomo se une ao lisossomo formando o fagolisossoma.	
 No processo de fagocitose, ocorre um aumento na produção de espécies reativas de oxigênio (radicais livres), levando à morte do neutrófilo e consequentemente do microrganismo fagocitado.	
Linfócitos e diferentes moléculas: Caso a resposta imunológica inata não consiga eliminar o microrganismo patogênico, a resposta adaptativa inicia sua ação. As células B e T são recrutadas para evitar que a infecção tome grandes proporções. Assim, inicialmente, as células B e T precisam ser ativadas por meio do reconhecimento do antígeno pelo receptor de células B (BCR) ou receptor de células T (TCR), respectivamente. É importante lembrar que os TCRs só reconhecem antígeno proteico e os BCRs, podem reconhecer antígeno não proteico. Após a ativação desses linfócitos, eles se diferenciam em linfócitos efetores e células de memória. Quando um linfócito B reconhece um antígeno pelo BCR, ele se diferencia em plasmócitos, que são capazes de produzir e secretar anticorpos. Esses anticorpos são dispersos pela corrente sanguínea e podem chegar até o local da infecção. Os anticorpos que estão presentes no sangue, podem ter como funções:	
Opsonização do microrganismo (anticorpos recobrem patógeno, facilitando fagocitose).	
Ativação do sistema complemento (formando poros que induzem a morte do microrganismo). 	
Neutralização dos antígenos (impedindo que ele adentre à sua célula alvo).	
Ativação da citotoxicidade celular dependente de anticorpos (ADCC) – que possui como célula efetora a célula NK, que reconhece um anticorpo aderido à superfície de uma célula infectada e a mata.	
Todas essas funções são importantes para a resposta contra uma infecção por bactérias. É importante lembrar que somente os microrganismos que estão no espaço extracelular podem ser “atacados” pelos anticorpos e pelo sistema complemento (ABBAS; LICHTMAN; PILLAI, 2012).	 
> CASO:	 Um local inflamado pode apresentar, em alguns casos, uma secreção amarelo-esverdeada ou amarelada. Essa secreção é composta por neutrófilos que combatem a infecção bacteriana, e para que ocorra a eliminação do patógeno, essas células morrem. No local da infecção, há muitos neutrófilos que já morreram ou estão prestes a morrer. A secreção que observamos nessas feridas é o conhecido pus, e é composta por esses neutrófilos que morreram para combater essa infeção bacteriana, normalmente causada por bactérias piogênicas (bactérias capsuladas de vida extracelular), e também por glóbulos brancos em processo de degeneração, bactérias, proteínas e elementos orgânicos.
Os linfócitos T podem ser classificados como linfócitos T CD8+, podendo ser chamados de T citolíticos ou citotóxicos. Eles expressam em sua superfície CD8 e são extremamente importantes como armas para combater infecções virais e tumores. Além desses linfócitos, aqueles linfócitos T que expressam em sua superfície o CD4 são denominados de linfócitos T CD4+, também chamados de linfócitos T auxiliares ou helper. Os linfócitos T CD4+ são importantes nas respostas contra infecções bacterianas. Os efetores podem se diferenciar em célula T H 1, T 2, T 17, T , Treg e alguns podem ser ativados em infecções causadas por bactérias.	
 Uns dos responsáveis pela produção de citocinas que recrutam os neutrófilos para o local de uma infecção são os linfócitos T 17. Eles têm papel importante na neutrofilia, condição bastante observada nas infeções bacterianas. H Já os linfócitos TH aumentam a capacidade microbicida dos fagócitos com a maior expressão de MHC de classe I 1 e classe II e receptores de citocinas na superfície celular. As citocinas produzidas pelos linfócitos TH podem 1 ativar a troca de um isotipo de anticorpo para IgG, que atua como opsonina e ativador do sistema complemento (CHAPEL et al., 2014).	
	Sistema complemento:	O sistema complemento é constituído por proteínas solúveis que atuam na eliminação de infecções bacterianas por meio da opsonização ou pela perfuração da membrana da bactéria. A via das lectinas e a via alternativa do sistema complemento podem ser ativadas sem a necessidade dos componentes da resposta adaptativa (anticorpos). Já a via clássica pode ser ativada pela ligação do anticorpo com a superfície do microrganismo patogênico. Após a invasão do patógeno aos tecidos do hospedeiro, as moléculas do sistema complemento (opsoninas) sinalizam para os fagócitos que podem realizar a fagocitose do patógeno mais facilmente. Esse sistema pode, também, lisar uma bactéria, causando sua morte.	
 Independente da forma que o sistema complemento é ativado (Via Clássica, Via alternativa ou das Lecitinas) a enzima C3 convertase, formada nas três vias do complemento, dá origem à enzima C5 convertase, que começa a formar o MAC (complexo de ataque à membrana). Esse complexo leva à citólise (morte) da bactéria pela formação de um poro, causando a perfuração de sua membrana.	
Doenças virais e resposta imune frente a vírus e outros patógenos intracelulares: Inúmeras doenças são causadas pelos vírus. Temos exemplos bem conhecidos, como a AIDS, causada pelo vírus HIV, e a gripe, causada pelo vírus da Influenza. Os vírus podem se propagar de diversas formas, seja pelo ar, por alimentos, pela água ou transmitidos pelo contato entre pessoas. Uma vez que houve a transmissão do vírus para o hospedeiro, tem início o seu ciclo, específico para cada tipo de vírus.	 As infecções causadas por vírus são altamente diversas, e dependem de características dos vírus e do hospedeiro.	
Os princípios importantes relacionadoscom as doenças virais compreendem os seguintes: (1) muitas infecções virais são subclínicas; (2) a mesma doença pode ser causada por uma variedade de vírus; (3) o mesmo vírus pode causar uma variedade de doenças; (4) a doença não tem relação com a morfologia viral; e (5) a evolução de qualquer caso específico é determinada pelos fatores virais e do hospedeiro, sendo influenciada pela genética de ambos (BROOKS et al., 2014, p.431).	
As células que compõem o corpo humano expressam em sua superfície o complexo principal de histocompatibilidade (MHC), exceto as plaquetas. Elas são responsáveis por apresentar o antígeno para os linfócitos T helper e T citotóxicos. Quando ocorre uma infecção das células é por meio desses receptores que os antígenos virais são expressos e podem ser detectados pelo sistema imunológico. As células apresentadoras de antígeno (APCs) expressam MHC de classe II na sua superfície e todas as outras células nucleadas do organismo expressam MHC de classe I, sendo as que expressam MHC de classe I essenciais para combater as infecções virais. Isso porque as células do hospedeiro continuamente estão apresentando antígenos via MHC de classe I, que carregam fragmentos proteicos que foram produzidos pela própria célula do hospedeiro. Quando a partícula viral invade a célula do hospedeiro, o material de ambos se mistura e ocorre a síntese de proteínas que não são próprias da célula hospedeira. Logo, no instante em que a molécula de MHC de classe I estiver carregando um peptídeo estranho, o linfócito T CD8+ ativado induzirá à morte dessa célula.	
Ativação de células T citotóxicas virgens: Para que as células T citotóxicas virgens sejam ativas são necessários dois sinais. O primeiro sinal vem do reconhecimento do MHC de classe I com o TCR da célula T CD8+, ou MHC de classe II com o TCR da célula T CD4+. O segundo sinal vem das moléculas coestimuladoras, conhecidas também por acessórias, expressas na superfície das APCs. No momento da apresentação de antígenos, essas moléculas se ligam ao CD28, que é expresso no linfócito T. As APCs capturam, por fagocitose ou macropinocitose, as partículas virais assim que elas ultrapassam a barreira imunológica da pele. Elas migram para os linfonodos e aumentam a expressão em sua superfície de CD80 e CD86, que atuam como moléculas coestimuladoras, importantes para ativarem os linfócitos T virgens. As células dendríticas podem apresentar o antígeno via MHC de classe II para as células T CD4+, e também, apresentarem os antígenos via MHC de classe I para célula T CD8+. Por conseguirem apresentar antígenos via MHC de classe I e II, algumas células dendríticas têm a capacidade de realizar a apresentação cruzada. Após a ativação dos linfócitos T CD4+ pode ocorrer o fornecimento de alguns sinais que ajudarão a completar a ativação do linfócito T CD8+ (BROOKS et al., 2014). Muitas vezes as células infectadas pelos vírus não têm a capacidade de expressar as moléculas coestimuladoras necessárias para disparar o segundo sinal de ativação dos linfócitos T CD8+ virgens. Quando isso acontece, os linfócitos T CD4+ produzem citocinas que vão ajudar nesse processo (como a IL-2, por exemplo). Uma vez que o linfócito T CD8+ foi ativado, inicia a sua função citolítica para combater a infecção viral (ABBAS; LICHTMAN; PILLAI, 2012).	
Combate à infecção viral: Com exceção das hemácias, todas as células expressam na sua superfície o MHC, algumas de classe I (todas as células que possuem núcleo) e outras de classe II (as APCs), que são responsáveis por apresentar antígenos para os linfócitos T CD4+ ou CD8+. Nas infecções virais, as células CD4+ T 1 possuem papel muito importante e isso H se deve às citocinas que tais células secretam. A IL-2, por exemplo, auxilia na multiplicação e diferenciação de células T, tanto CD4+ como CD8+. Já o aumento da expressão de moléculas do MHC de classe I e II é resultado da ação de outra citocina produzida pelas T 1, o IFN-γ. A combinação dessas duas citocinas, IL-2 e IFN-γ, estimula o H crescimento e a ativação de células NK. Além disso, o fator de crescimento GM-CSF leva a uma maior produção de granulócitos, macrófagos e de células dendríticas pela medula óssea. Graças à produção dessa variedade de citocinas, os linfócitos CD8+ efetores, ou linfócitos T citolíticos, que se encontram nos órgãos linfoides e, são capazes de sair, e ao se depararem com uma célula infectada que apresenta o antígeno via MHC de classe I, induzem a apoptose dessa célula. Para que somente a célula infectada sofra apoptose (morte celular programada), os linfócitos T citolíticos induzem essa morte via liberação de grânulos contendo granzimas e perforinas. Os grânulos são liberados somente no local de contato entre a célula infectada e o linfócito T citolítico. Primeiramente, é liberada a perforina, que abre um buraco na membrana plasmática da célula infectada, e logo após a liberação da perforina, são liberadas as granzimas que desencadeiam a apoptose da célula infectada.		
 As células da resposta imune inata responsáveis por combater as infecções virais são as células NKs ou natural killers. Elas matam todas as células que não possuem em sua superfície o MHC de classe I.	
 Alguns vírus podem alterar a expressão de MHC de classe I da célula infectada. Isso seria uma estratégia de evasão imunológica, em que o vírus tenta enganar o sistema imune do hospedeiro, pois evitaria, assim, que os linfócitos T CD8+ atacassem a célula infectada (MURPHY, 2014).	
Anticorpos: Os anticorpos só têm a capacidade de reconhecer e agir sobre uma partícula viral no momento em que ela não esteja no interior da célula hospedeira.	
 No momento que as partículas virais estão no espaço extracelular, podem ser reconhecidas por meio do BCR dos linfócitos B. Após o reconhecimento, a partícula viral é internalizada, processada e os antígenos são apresentados à célula T CD4+. Os linfócitos T helper produzem citocinas que disparam o processo de diferenciação dos linfócitos B em plasmócitos. Os plasmócitos iniciam a produção e secreção de anticorpos específicos àquele vírus fagocitado (ABBAS; LICHTMAN; PILLAI, 2012). As mucosas são locais onde os anticorpos da classe IgA têm uma importante participação, atuando na defesa contra infecções virais, pois neutralizam antígenos virais. Esses anticorpos podem ser transportados por meio da barreira epitelial, impedindo, dessa forma, a proliferação do vírus (ABBAS; LICHTMAN; PILLAI, 2012).		
Soros e vacinas aplicados a prevenção/tratamento de doenças humanas: Vimos, anteriormente, que através dos mecanismos da resposta imune adaptativa (celular e humoral) e inata somos capazes de nos proteger dos patógenos. Entretanto, é possível ajudar o sistema imunológico, pela administração de componentes individuais da resposta imune, como os anticorpos, ou pela exposição do sistema imune a determinado antígeno, de modo a estimular a resposta imune adquirida a gerar memória – um procedimento designado como vacinação. Um dos grandes triunfos da medicina foi a capacidade de aproveitar esses mecanismos por meio da imunização com o objetivo de proteger o indivíduo contra um grande número de doenças infecciosas. O termo “imunização” se refere estabelecimento de uma resposta imune adaptativa por meio de inoculação de antígenos ou anticorpos no hospedeiro, de modo a torná-lo resistente a um processo infecioso ou patológico. Existem dois tipos de imunização: a ativa e a passiva. Na imunização ativa, há o inóculo do antígeno, a fim de desencadear uma resposta adaptativa com geração de memória imunológica que garantirá uma proteção ao indivíduo. Um exemplo de sucesso da imunização ativa são as vacinas. Na imunização passiva, não há a formação de memória imunológica, pois os anticorpos já são introduzidos no organismo prontos. Um exemplo de imunização passiva são os anticorpos passados da mãe para o filho durante a gestação e aleitamento e os soros antiofídicos que combatem toxinas presentes no veneno de cobras.	
Vacina: Como mencionado anteriormente, a vacinação

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