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MÓDULO 1 ENTENDENDO AENERGIA SOLAR 8 ENERGIA FOTOVOLTAICA Neste módulo, vamos desde entender a história da criação de energia solar até compreender em que pé se encontra esse tipo de geração no mundo, no Brasil e em Goiás. Passo a passo, vamos entender as vantagens e as desvantagens de se gerar energia elétrica por meio do Sol e ter noção do potencial dessa tecnologia nas propriedades goianas. A partir daí, o conteúdo será aprofundado, e entenderemos como funcionam as placas solares e seus possíveis sistemas de instalação. Entendendo essa base, com certeza será muito mais fácil assimilar as aulas dos próximos módulos! AULA 1 – O QUE É ENERGIA SOLAR? Andando pela cidade ou pelo campo, muitas vezes observamos algumas placas ora de cor preta, ora de cor azul, e nos perguntamos: O que é aquilo? De uma hora para outra, algumas casas nos lugares mais distantes da zona rural passaram a usar esses painéis que dizem gerar energia. Para entender essa tecnologia que nos fascina, vamos voltar até onde tudo começou. O Sol, apesar de estar longe de ser a maior estrela do nosso universo, é o gerador de energia que permite a existência de vida no planeta Terra e, claro, a geração de energia! ORIGEM 9 ENERGIA FOTOVOLTAICA A maior estrela conhecida é a VY Canis Majoris, que tem 2,9 bilhões de quilômetros de diâmetro, porte de 1.800 a 2.100 vezes maior que o do Sol. Fonte: Schlindwein (2011). ENTENDENDO O primeiro registro contado pelos livros data de 1839, quando o físico francês Alexandre Edmond Becquerel observou, em um de seus experimentos, a possibilidade de transformar energia solar em energia elétrica. HISTÓRIA Após esse fato, algumas outras descobertas ocorreram até o inventor americano Charles Fritts, em 1883, criar a primeira célula solar. Houve algumas outras histórias depois dessas datas, porém os dois registros servem para lembrar o leitor que há quase 200 anos já havia gente de várias partes do mundo tentando criar meios de aproveitar nosso querido Sol. Nesse início, era impossível imaginar que estaríamos aqui, hoje, em Goiás, falando de energia solar como algo normal para pequenos e grandes produtores rurais. Essa teoria ajudou a energia solar a dar um salto de tecnologia até chegarmos ao nível de conhecimento que temos hoje, no qual nos damos conta de que placas solares são cada vez mais comuns em nosso dia a dia. 10 ENERGIA FOTOVOLTAICA TIPOS DE FONTE DE ENERGIA A lâmpada que você acende na sua residência pode estar transformando vários tipos de energia em energia luminosa. Já parou para pensar nisso? A luz pode se originar da força do vento, da água, das marés, do carvão, mas claro que gostaríamos que ela viesse do Sol! A energia solar é abundante por quase todo o mundo, oferece recurso considerado infinito e, por isso, tem um potencial enorme em comparação com todas as outras fontes de energia. Na imagem a seguir, veremos o consumo anual global de energia (primeira linha roxa de baixo), o potencial anual das energias não renováveis (carvão, urânio, petróleo e gás natural) e as energias alternativas, que são consideradas renováveis, tendo o Sol como principal expoente. Fonte: Portal Solar https://www.portalsolar.com.br/o-que-e-energia-solar-.html 11 ENERGIA FOTOVOLTAICA TIPOS DE ENERGIA SOLAR Vamos focar a energia solar. Já sabemos que ela é proveniente da luz e do calor do Sol, porém há duas maneiras principais de aproveitá-la, como veremos a seguir. ENERGIA SOLAR TÉRMICA É transformar a energia do Sol, na forma de calor, para aquecimento de água. Sabe aqueles “fios pretos” do lado de um tambor metálico nos telhados das casas? Se já viu, saiba que aquilo é um aquecedor solar para água; se ainda não viu, repare nos telhados da sua cidade da próxima vez... TIPOS DE ENERGIA SOLAR Vamos focar a energia solar. Já sabemos que ela é proveniente da luz e do calor do Sol, porém há duas maneiras principais de aproveitá-la, como veremos a seguir. ENERGIA SOLAR FOTOVOLTAICA Por meio de módulos solares, ocorre a transformação da luz solar em energia elétrica. Essa eletricidade é chamada de fotovoltaica. Energia alternativa é a derivada de fontes sem as consequências indesejáveis inerentes à utilização de combustíveis fósseis, particularmente as emissões de dióxido de carbono (um dos gases do efeito estufa — fator importante no aquecimento global). 12 ENERGIA FOTOVOLTAICA ONDE UTILIZAR ENERGIA SOLAR Assim como outras fontes de energia, há inúmeras formas de aproveitarmos a energia solar fotovoltaica. O que torna esse recurso mais atrativo que outros é que tanto podemos utilizá-lo conectado à rede em regiões mais desenvolvidas como nos beneficiar dele em sistemas isolados. Já imaginou bombear água sem precisar de rede elétrica passando por sua propriedade? Ou utilizar um banco de baterias acoplado a um sistema fotovoltaico que armazene energia suficiente para suprir quedas de abastecimento ou alimentar equipamentos no período noturno? O termo fotovoltaica é formado a partir de duas palavras: foto, que em grego significa “luz”, e voltaica, que vem da palavra “volt”, a unidade para medir o potencial elétrico. A geração fotovoltaica será o foco deste estudo, desde sua origem até linhas de financiamento para sua aquisição. É claro que, de acordo com a região em que vivemos, temos maiores ou menores índices de insolação, porém também é possível explorar o potencial energético nessas áreas — basta alcançarmos os incentivos necessários. Insolação significa “radiação solar entrante”. É a medida da irradiação solar em uma superfície por unidade de tempo. A unidade de medida mais comum é o watt por metro quadrado (W/m²). 13 ENERGIA FOTOVOLTAICA AULA 2 – PANORAMA SOLAR – MUNDO × BRASIL × GOIÁS ENERGIA SOLAR NO MUNDO O uso de energia solar vem aumentando progressivamente como consequência, principalmente, da preocupação com os impactos ambientais e da elevação dos custos de produção de outras fontes de energia. Segundo a Agência Internacional de Energia (IEA), o uso do Sol como fonte de energia poderá chegar a 30% em 2022, principalmente em países com maior capacidade instalada de geração, como China, Alemanha, Japão e EUA. No Atlas Solar Global, é possível identificar as localidades com maior potencial fotovoltaico no mundo, em que se destacam os continentes asiático e africano. Saiba que, no Brasil todo, já é possível produzir a sua própria energia elétrica com sistemas fotovoltaicos e, se houver produção maior do que consumo, trans- formar o excedente em créditos para abatimento na conta. ENTENDENDO 14 ENERGIA FOTOVOLTAICA Correspondendo a 25,8% da produção global, a China é o país mais capacitado para a geração de energia solar instalada, totalizando até 78.100 MW, de acordo com o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma). ENTENDENDO Fonte: Atlas Solar Global (2019). https://www.portalsolar.com.br/distribuicao-energia-solar-brasil-e-mundo https://www.portalsolar.com.br/distribuicao-energia-solar-brasil-e-mundo https://globalsolaratlas.info/download/world 15 ENERGIA FOTOVOLTAICA Quando consideramos somente a geração centralizada em nosso país, ou seja, grandes centrais de energia fotovoltaica, chegamos ao percentual, até 2020, de 1,4% da capacidade de geração da energia elétrica brasileira. Se levarmos em conta também a geração distribuída fotovoltaica, o valor chegará a 2,5%. Parece pouco em relação ao total, mas, quando entendemos que o setor cresceu quase 200% em 2019, vemos um terreno bem fértil pela frente. Fonte: Absolar (2020). PARA LEMBRAR Geração Distribuída (GD) é uma expressão usada para designar a geração elétrica próxima do consumidor. Neste conteúdo, vamos falar de duas maneiras de geração de energia solar fotovoltaica: 1) Geração Distribuída (foco deste estudo). 2) Geração Centralizada. Geração Centralizada é a modalidade em que as grandes usinas geradoras produzem energia e a enviam aos consumidorespor meio das linhas e redes de transmissão. ENERGIA SOLAR NO BRASIL O Brasil tem na água a fonte principal de geração de energia elétrica, entretanto, assim como no restante do mundo, a energia solar vem crescendo a passos largos. 16 ENERGIA FOTOVOLTAICA POTENCIAL FOTOVOLTAICO BRASILEIRO O Brasil não tem a melhor localização mundial, porém possui um bom potencial para exploração da energia solar. Basta lembrar que a região mais ensolarada da Alemanha (um dos países mais desenvolvidos nesse setor) tem o índice de radiação solar 40% menor que o da região menos ensolarada do Brasil. Radiação solar é uma forma de transferência de energia vinda do Sol, através por meio da propagação de ondas eletromagnéticas. Fonte: Absolar (2020). http://www.absolar.org.br/infografico-absolar-.html 17 ENERGIA FOTOVOLTAICA Fonte: Absolar (2019). A potência instalada é medida em Wp (watt-pico) e se refere à energia nominal, ou seja, em condições-padrão (1.000 W/m2/ano, 25 °C, 1,5 AM). Em relação a tipos de consumidores, em 2019 os produtores rurais do Brasil representaram 7,3% em potência instalada em geração distribuída solar fotovoltaica. Fonte: Atlas Solar Global (2019). GERAÇÃO DISTRIBUÍDA SOLAR FOTOVOLTAICA NO BRASIL, POR CLASSE DE CONSUMO POTÊNCIA INSTALADANÚMERO DE SISTEMAS http://www.absolar.org.br/infografico-absolar-.html https://globalsolaratlas.info/download/brazil 18 ENERGIA FOTOVOLTAICA POTÊNCIA INSTALADA POR ESTADO Em termos de municípios, observa-se que Goiânia ocupa a sexta posição nacional em potência instalada para geração distribuída de energia fotovoltaica. Fonte: Absolar (2020). Em análise por estados, podemos destacar Minas Gerais como maior usuário do Sol em terras brasileiras. Conforme ranking publicado pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), Goiás, até 2019, ocupava a 10ª posição no país. http://www.absolar.org.br/infografico-absolar-.html 19 ENERGIA FOTOVOLTAICA Um sistema de energia solar em Goiânia custa a mesma coisa que em qualquer outro lugar do Brasil, porém tem capacidade para gerar mais energia elétrica, pois existe maior disponibilidade de radiação solar do que em quase todo o território nacional. Isso quer dizer que Goiás tem um enorme potencial e que o Sol é uma ótima opção para diminuir sua conta de luz! ENERGIA SOLAR EM GOIÁS Apesar de o número de sistemas fotovoltaicos instalados no território goiano ter crescido consideravelmente, nos últimos anos ainda se tem um custo alto de aquisição de equipamentos. Pensando nisso, é necessário que o estado invista cada vez mais na oferta de incentivos e linhas de crédito a fim de estimular a diminuição dos preços dessa tecnologia e contribuir para a geração de energia fotovoltaica. Goiás, na maior parte do seu território, está localizado no que chamamos de “Cinturão do Sol”, ou seja, faz parte de uma das regiões com o melhor potencial para geração de energia solar no Brasil. Fonte: Atlas Solarimétrico Brasileiro (2000). Radiação solar global diária, média anual (MJ/m.dia). http://www.cresesb.cepel.br/publicacoes/download/Atlas_Solarimetrico_do_Brasil_2000.pdf 20 ENERGIA FOTOVOLTAICA Entre as energias consideradas renováveis, o Sol possui boa consistência e confiabilidade nos seus dados estatísticos, o que nos dá tranquilidade para previsões e investimentos de longo prazo. ENERGIA RENOVÁVEL Temos observado grande mudança do regime chuvoso em nosso estado nos últimos anos, porém nossa estrela maior continua firme e forte! Além de presente quase todos os dias do ano, irradia luz em boa parte das nossas 24 horas diárias, ou seja, somente à noite não temos geração, pois, mesmo em dias nublados, embora em menor quantidade, há produção de energia. Precisamos, urgentemente, aliviar a tensão que Goiás sofre para produzir energia por meio de hidroelétricas. Não é novidade haver estiagem e aquela incerteza de abastecimento de água e energia, não é verdade? LUZ ABUNDANTE VANTAGENS No contexto atual, temos muitos motivos que favorecem o Sol como ótima opção de fonte energética. Elencamos, a seguir, alguns fatos que orientam esse raciocínio: Vivemos na era do petróleo, entretanto esse recurso é totalmente finito, e, ainda que tenhamos muito tempo até que acabe, sabemos que estamos sujeitos a uma indústria totalmente volátil e instável, dominada pelo mundo árabe. RECURSOS FINITOS AULA 3 – VANTAGENS × DESVANTAGENS Assim como tudo na vida, temos que pesar os prós e os contras para entender a fundo o tema. Tratando-se de energia solar, serão expostos os dois lados da moeda. 21 ENERGIA FOTOVOLTAICA Sendo uma questão de política pública, esbarramos nos incentivos em nosso estado e no Brasil. Comparados aos do resto do mundo, são poucos. Esse, hoje, é um grande entrave para uma maior disseminação fotovoltaica, porém se acredita que, quanto maior a demanda, menor será o custo da tecnologia. FALTA INCENTIVO DESVANTAGENS Vejamos, a seguir, algumas desvantagens que podem ser encontradas no sistema fotovoltaico: Como já exposto, sabemos que a energia solar não pode ser utilizada à noite em sistemas sem baterias e seu custo não é acessível para cidadãos de baixa renda, muito embora haja algumas opções de financiamento mais em conta para vários perfis. FALTA DE SOL Descentralizar a produção e diversificar nossa matriz energética são metas fundamentais para o equilíbrio e a segurança do nosso estado. Podemos acrescentar que em regiões isoladas, onde não se tem rede elétrica, a alternativa de energia solar é bastante viável do ponto de vista econômico em se tratando de alimentar equipamentos de baixa e média potências. Além de todas essas vantagens para o consumidor, o governo também é beneficiado diretamente, pois há diminuição da necessidade de investimentos públicos em infraestrutura para transmissão e distribuição de energia, uma vez que os cidadãos produzem a energia e a consomem no local, a chamada “geração distribuída”. 22 ENERGIA FOTOVOLTAICA ANÁLISE A potência instalada é medida em Wp (watt-pico) e se refere à energia nominal, ou seja, em condições-padrão (1.000 W/m2/ano, 25 °C, 1,5 AM). Diante do exposto, podemos concluir que, se o crescimento anual da potência instalada no mundo, de forma geral, continuar nas taxas atuais, o Sol, em médio prazo, será a fonte mais utilizada e mais barata para produzir energia. Dos pontos de vista arquitetônico e legal, ainda podemos citar a alteração da aparência do imóvel quando as placas solares são instaladas no telhado ou na fachada de uma edificação. Por isso, é fundamental que o projeto fotovoltaico seja pensado em parceria com arquitetos, engenheiros e profissionais especialistas em energia solar a fim de obter a melhor eficiência energética, preservar a estética do imóvel e, claro, chegar ao menor custo, haja vista que a falta de compatibilização de diferentes projetos (arquitetura, estrutura e instalações elétricas, hidráulicas e sanitárias) de uma obra é sempre fator que a onera. Ambientalmente falando, alguns projetos fotovoltaicos podem confundir o senso de direção de animais, como pássaros, devido ao reflexo da luz do Sol. Além disso, há risco de queimar as aves que porventura tenham contato com as placas, por causa do calor excessivo durante a geração de eletricidade. INTERAÇÃO AMBIENTAL 23 ENERGIA FOTOVOLTAICA Célula: unidade básica que converte diretamente a energia solar em eletricidade. Painéis: grupo de módulos fotovoltaicos interligados, que trabalham de forma conjunta. Módulo: conjunto de células solares revestidas e interligadas. AULA 4 – GERAÇÃO DE ENERGIA ELÉTRICA SOLAR Primeiramente, vamos alinhar algumas definições sobre os diferentes termos referentes à geração fotovoltaica: Por fim, há uma grande questão cultural no Brasil de se buscarem retornos rápidos. Convencer o investidor a realizar um aporte relevante e esperar o equilíbrio financeiro em um período maior do que um ano não é uma tarefa fácil. Precisamosdesenvolver melhor nosso pensamento de médio e longo prazos. Isso, certamente, é uma grande barreira para a popularização fotovoltaica. O custo inicial do sistema fotovoltaico em relação às fontes de energia convencionais parece caro e acaba sendo pouco acessível para a maioria dos produtores de agricultura familiar, porém, se analisarmos a eco- nomia imediata na conta de energia, percebemos que o investimento se paga rapidamente, o que resulta em sobra de dinheiro para outras atividades. ENTENDENDO 24 ENERGIA FOTOVOLTAICA Semicondutores são substâncias que, quando aquecidas ou combinadas com outros materiais, são capazes de conduzir eletricidade. Semicondutores em células fotovoltaicas são, por exemplo, silício, telureto de cádmio (CdTe) e disseleneto de cobre e índio (CIS). Elétrons são partículas que fazem parte do átomo. Giram ao redor do núcleo atômico e possuem massa menor que a dos prótons e nêutrons. A estrutura de um átomo é formada por núcleo, níveis de energia, prótons, elétrons e nêutrons. Assim, os elétrons são parte da constituição de um átomo e se encontram na eletrosfera. O mineral citado aparece em grande quantidade na natureza. No universo inteiro, é o sétimo mais abundante, ficando atrás dos seguintes elementos: hidrogênio, hélio, neônio, oxigênio, nitrogênio e carbono. Na crosta terrestre, ele é o segundo (27,7%), perdendo apenas para o oxigênio. A radiação solar pode ser diretamente convertida em energia elétrica por meio de efeitos de calor e luz (conhecido como efeito fotovoltaico) sobre determinados materiais, particularmente os semicondutores. Em primeiro lugar, efeito fotovoltaico é um fenômeno de excitação de elétrons que ocorre com alguns materiais na presença de luz solar. Em segundo, semicondutores são materiais de boa condutividade elétrica em células fotovoltaicas, como o silício. COMPOSIÇÃO Agora que estamos falando o mesmo vocabulário, seguimos com o processo de geração de eletricidade via luz solar. https://brasilescola.uol.com.br/quimica/silicio.htm 25 ENERGIA FOTOVOLTAICA Conforme a figura, a transformação do silício em painéis ocorre da seguinte maneira: Extração do mineral bruto da natureza por meio de detonações de rocha controladas e maquinário de escavação pesado. Processamento primário em forma de lingotes. A eficiência de conversão das células solares é medida pela proporção da radiação solar incidente sobre a superfície da célula, que é convertida em energia elétrica. Atualmente, as melhores células apresentam um índice de eficiência de 25%. (GREEN et al., 2000). FABRICAÇÃO Vamos agora entender como esse minério é transformado em painéis solares. Fonte: Portal Solar https://www.portalsolar.com.br/como-funciona-o-painel-solar-fotovoltaico.html 26 ENERGIA FOTOVOLTAICA Fatiamento dos lingotes em formato de placas. Conexão das fatias, transformando-as em células ligadas entre si, formando um circuito Essa série de células fotovoltaicas é, então, coberta com uma lâmina de vidro temperado (resistente até a granizo) tratado com uma substância antiaderente e antirreflexiva e, posteriormente, emoldurada usando um quadro de alumínio ou material similar. Na parte de trás do módulo fotovoltaico, há dois condutores provenientes de uma pequena caixa preta (caixa de junção). Esses cabos são usados para ligar os módulos solares fotovoltaicos em conjunto. Fonte: Portal Solar Essa técnica de fabricação é a mais tradicional e, hoje, possui a maior escala de produção em nível comercial, porém há outras maneiras de produzir os módulos. Uma delas é a aplicação “similar a um spray” de material condutor posicionado entre uma superfície inferior, que pode ser, inclusive, flexível, e um material superior transparente, normalmente vidro, ou seja, uma espécie de sanduíche. https://www.portalsolar.com.br/como-funciona-o-painel-solar-fotovoltaico.html 27 ENERGIA FOTOVOLTAICA CARACTERÍSTICAS Um painel fotovoltaico é uma placa de células fotovoltaicas dispostas em 6 × 10, utilizada para produzir energia elétrica com a luz solar. Painéis fotovoltaicos constituem parte do sistema fotovoltaico, que gera e fornece energia solar, e há diversas informações que devem ser consideradas ao se escolher um painel fotovoltaico. Não é possível determinar a qualidade baseando-se somente em um orçamento — é necessário analisar a ficha técnica do equipamento, devendo estar atento a alguns itens importantes: É mais fácil integrar essa tecnologia às edificações, o que, por consequência, possibilitou o desenvolvimento de módulos solares flexíveis, leves e resistentes, como telhas e revestimentos de fachada. Isto é, criou-se mais uma gama de opções para integrar novos sistemas fotovoltaicos de maneira “camuflada” a construções. O único inconveniente para esse modo de produção, pelo menos até hoje, é a sua baixa eficiência, pois o ângulo de incidência dos raios solares nas placas acaba afetando o desempenho de geração solar comparado a um painel plano. Será que em breve esse problema será resolvido? 28 ENERGIA FOTOVOLTAICA Pensando nesse panorama, reflita sobre sua propriedade e faça uma lista de justificativas positivas e negativas sobre a instalação de energia fotovoltaica. Mais adiante, trataremos sobre os demais equipamentos que compõem o sistema fotovoltaico. Qual é a garantia? O fabricante tem boas referências? Há assistência técnica no Brasil? Qual é a eficiência? Quantos kilowattsquilowatts (kW) produz minha placa? Quantas células tem o painel? Qual é a tolerância de potência? Como é a qualidade da moldura? E do vidro? E da camada inferior? Qual é a faixa de temperatura de operação? Analisando esses pontos básicos, com certeza a aquisição do painel fotovoltaico será bem feita, pois vale sempre a pena verificar o valor do serviço prestado, e não somente o preço, sem que se tenha um entendimento detalhado do produto. 29 ENERGIA FOTOVOLTAICA AULA 5 – SISTEMA ISOLADO × SISTEMA CONECTADO À REDE Já sabemos um pouco da história da energia solar, então vamos agora compreender alguns fatos que serviram para nortear a criação dos modelos solares que temos disponíveis hoje. Os sistemas fotovoltaicos surgiram, primordialmente, para levar energia elétrica a locais de difícil acesso, por isso as primeiras soluções propostas não tinham conexão com a rede elétrica, ou seja, a energia gerada pelo sistema fotovoltaico alimentava diretamente os aparelhos consumidores e/ ou a bateria do sistema. Depois de um longo período, em meados da década de 1990, mais especificamente na Alemanha, surgiu a solução que mudaria o rumo da geração solar: O uso de inversores! Com eles, foi possível ligar diretamente os painéis solares à rede pública de energia elétrica, pois havia a possibilidade de transformar a tensão/corrente contínua em tensão/corrente alternada! Benditos alemães! 30 ENERGIA FOTOVOLTAICA Nesse momento, surgiu o conceito de sistema fotovoltaico conectado à rede, também chamado de on-grid. Os primeiros modelos foram instalados na Alemanha e continuaram evoluindo até chegarmos ao que conhecemos hoje. Com a possibilidade de se injetar diretamente a energia elétrica gerada pelos módulos fotovoltaicos na rede elétrica, pôde-se abrir mão do armazenamento de energia. Não era mais necessário o uso de baterias, e a energia solar tornou-se opção para locais que possuíam rede elétrica mesmo nas proximidades. Uma verdadeira revolução! Resultado: o gerador fotovoltaico conectado à rede é, com certeza, o mais comum e mais utilizado no mundo atualmente. A título de curiosidade, uma televisão comum utiliza corrente alternada, já a bateria de um automóvel possui corrente contínua. Os símbolos são: VCA ou VAC: tensão corrente alternada. VCC ou VDC: tensão corrente contínua. Caso esteja interessado em saber mais sobre a diferença entre essas duas correntes, visite: www.super.abril.com.br/mundo-estranho/qual-a- diferenca-entre-corrente-alternada-e-corrente-continua. ENTENDENDO https://super.abril.com.br/mundo-estranho/qual-a-diferenca-entre-corrente-alternada-e-corrente-continua/ https://super.abril.com.br/mundo-estranho/qual-a-diferenca-entre-corrente-alternada-e-corrente-continua/ https://super.abril.com.br/mundo-estranho/qual-a-diferenca-entre-corrente-alternada-e-corrente-continua/ 31 ENERGIA FOTOVOLTAICA Painéis solares: captação da radiação solar e conversão em energia elétrica. Inversor solar (grid tie): transformação da corrente contínua gerada pelas placas solares em corrente alternada, favorecendo a utilização de eletrodomésticos convencionais, como TV, rádio, chuveiro, computador e celular. Medidor bidirecional: medição da energia produzida pelos geradores fotovoltaicos, assim como da energia utilizada pela unidade consumidora. Sistema fotovoltaico on-grid, ou conectado à rede A composição desse modelo é feita, essencialmente, pelos seguintes equipamentos: COMPONENTES De forma resumida, vamos também diferenciar os dois sistemas de geração fotovoltaica de acordo com seus equipamentos principais e as respectivas funções. 32 ENERGIA FOTOVOLTAICA Sistema fotovoltaico off-grid, ou isolado da rede Um sistema fotovoltaico autônomo tem, basicamente, a seguinte estrutura: Painéis solares: captação da radiação solar e conversão em energia elétrica. Banco de baterias: armazenamento da energia elétrica convertida, permitindo sua utilização a qualquer momento, inclusive durante a noite. Controlador de carga: gerenciamento de carga e descarga do banco de baterias e, em alguns casos, acompanhamento da energia utilizada pelos aparelhos consumidores de energia elétrica. Inversor solar (autônomo): transformação da corrente contínua gerada pelas placas solares e armazenada nas baterias em corrente alternada, possibilitando, assim como o inversor on-grid, a utilização de eletrodomésticos convencionais. Quando os aparelhos trabalham somente com corrente contínua (caso de algumas luminárias de LED ou bombas d’água, por exemplo), não há necessidade de se ter um “inversor autônomo”. São muitos pontos que precisam ser levados em consideração, não é mesmo? Acesse o curso no AVA e assista a um vídeo para entender um pouco mais sobre o histórico e o potencial da geração de energia fotovoltaica. 33 ENERGIA FOTOVOLTAICA ATIVIDADES DE APRENDIZAGEM Convidamos você a fazer as atividades de aprendizagem referentes ao Módulo 1. Leia com atenção os textos antes de responder às perguntas. Você pode conferir as questões do módulo aqui na apostila, mas lembre-se de que deverá acessar o AVA e enviar suas respostas obrigatoriamente por lá. Você terá duas tentativas, e o próximo módulo só será liberado após a conclusão da atividade. Questão 1 | Qual razão levaria um produtor rural, em uma área distante de um grande centro, a instalar um sistema fotovoltaico? a) Não haver disponibilidade de rede elétrica da concessionária. b) Ter a possibilidade de gerar energia para a venda. c) Incentivar os demais produtores a fazerem o mesmo. d) Ter um sistema de geração, vislumbrando o dia em que a rede pública chegará. Questão 2 | O que seria importante para a ampliação da utilização de energia solar fotovoltaica nas propriedades rurais goianas? a) Diminuição do período chuvoso no estado. b) Maior incentivo governamental por meio de diminuição de impostos e boas taxas de financiamento. c) Aumento de empresas de instalação de painéis solares. d) Menos utilização de usinas hidroelétricas. Questão 3 | Qual é a principal fonte energética que atende a máquinas e equipamentos da agropecuária goiana atualmente? a) Biomassa. b) Petróleo. c) Sol. d) Vento. 34 ENERGIA FOTOVOLTAICA Questão 4 | Qual é o melhor módulo solar que pode ser instalado, hoje, em uma zona rural de Goiás? a) Um módulo com 330 watts de potência. b) Qualquer módulo de tecnologia brasileira. c) Cada caso deve ser entendido de acordo com as características locais. d) Um módulo que seja resistente à poeira. Questão 5 | Em um sistema de bombeamento de água de cisterna isolado, ou seja, sem conexão com a rede elétrica e para o qual haja dificuldade de se adquirir um inversor, seria mais adequada a compra de uma motobomba: a) Centrífuga, potência de 1 CV, com motor em corrente contínua. b) Centrífuga, potência de 2 CV, com motor em corrente alternada. c) Anauger, potência de 2,5 CV, com motor em corrente alternada. d) Centrífuga, potência de 1 CV, com motor em corrente alternada. MÓDULO 2 SISTEMA CONECTADO À REDE 40 ENERGIA FOTOVOLTAICA Agora que já sabemos as principais diferenças entre os dois sistemas de geração de energia solar e os componentes fundamentais de cada um, vamos entrar mais a fundo, primeiramente no sistema conectado à rede. Neste módulo, aprenderemos sobre o funcionamento e as características do sistema on-grid como um conjunto e também de maneira individual, detalhando seus dois principais componentes: o inversor interativo e o medidor bidirecional. Por fim, vamos mostrar um exemplo de dimensionamento com painéis fotovoltaicos e um inversor interativo para uma residência em Goiânia-GO. AULA 1 – QUANDO UTILIZAR O SISTEMA ON-GRID? A partir de agora, vamos conhecer todo o processo, desde a captação da luz solar até a medição da energia elétrica que é lançada na rede. Relacionaremos os equipamentos que fazem esse sistema operar, colocando-os em sequência conforme o esquema residencial a seguir: 41 ENERGIA FOTOVOLTAICA Primeiramente, a radiação solar é convertida em eletricidade por meio das células fotovoltaicas. CONVERSÃO Essa energia segue para o inversor — neste caso, chamaremos de inversor grid tie, ou interativo —, que recebe a energia em corrente contínua (CC) e a transforma em energia elétrica de corrente alternada (CA). Esse equipamento também age como misturador de energia. Isso significa que é possível uma senhora utilizar um secador de cabelo que esteja, em algum momento, consumindo energia fornecida pela rede pública, bem como, em outro instante, o mesmo aparelho ser abastecido pela energia oriunda dos painéis fotovoltaicos. Assim, essa energia alimentará inteiramente a rede da unidade consumidora. INVERSOR Neste vai e vem de eletricidade, caso a potência gerada pelos módulos solares seja maior do que o consumo dos aparelhos que estiverem ligados ao mesmo tempo, haverá um saldo de energia. Essa quantidade lançada na rede será registrada como “injetada”. BAIXO CONSUMO Se houver mais consumo do que geração, essa energia será contabilizada como “consumida”. O medidor bidirecional, aparelho que faz os registros descritos anteriormente, deve ter essa capacidade de medir a energia elétrica fluindo nos dois sentidos (entrada e saída). ALTO CONSUMO Acompanhe o mecanismo de funcionamento do sistema: MECANISMO 42 ENERGIA FOTOVOLTAICA Infelizmente, o valor monetário da conta de luz não chega a zero, porque a distribuidora cobra uma taxa mínima: o chamado custo de disponibilidade, ou seja, um valor mínimo estipulado, conforme a classificação da unidade consumidora, pela oferta de energia elétrica. ANÁLISE Grid tie: termo em inglês que significa “conectado à rede elétrica da distribuidora”, assim como on-grid. Conhecido também como grid tie, o sistema fotovoltaico conectado à rede é o mais comumente utilizado para aplicações residenciais, comerciais e industriais onde, claro, há rede pública de energia nas proximidades. Em sistemas on-grid, quase sempre utilizados para residências, a conta de luz chega com os dois valores de energia já citados. 43 ENERGIA FOTOVOLTAICA A principal vantagem de um sistema fotovoltaico conectado à rede em relação a um isolado (off-grid) é a não utilização de baterias. Essa, porém, também é sua principal desvantagem. Que paradoxo, não? Vejamos a explicação: Não haver necessidade de uso de baterias torna essa opção bem mais barata do que uma independente da rede. Do ponto de vista do armazenamento e do transporte, não ser necessário utilizaruma grande quantidade de baterias é muito mais prático. Caso as baterias não sejam muito bem dimensionadas, acabamacabarão tendo uma vida útil bem breve. x Entretanto, não ter baterias significa estar à mercê da concessionária, ainda mais nos tempos atuais, em que muitas regiões do estado sofrem com falta de energia, pois automaticamente, no momento em que houver a queda de energia, o inversor on-grid desligará todo o sistema fotovoltaico por questão de segurança. AULA 2 – COMPONENTES > INVERSOR O inversor grid tie é um dispositivo utilizado em sistemas fotovoltaicos conectados à rede elétrica que possui duas funções principais: 44 ENERGIA FOTOVOLTAICA 1. Conversão da eletricidade gerada pelos painéis solares de tensão/corrente contínua (CC) para tensão/corrente alternada (CA). 2. Possibilidade de abastecimento da rede elétrica caso haja excedente de produção comparado ao consumo. Além das utilidades já conhecidas, indo mais a fundo nesse componente, devemos saber que ele tem também os seguintes usos: Sincronização da rede de energia da unidade consumidora na mesma frequência, em hertz, e na mesma tensão de saída, em volts, em que se encontra a rede da concessionária, ou seja, a energia produzida é exatamente igual à energia da rede elétrica que recebemos da concessionária. Desconexão do sistema fotovoltaico local da rede pública de energia por motivo de manutenção ou por alguma falha de distribuição, pois, caso haja corte de fornecimento da concessionária, o sistema de geração distribuída não deverá, em hipótese alguma, injetar energia na rede fora de funcionamento (segurança). Lembre-se, antes de escolher seu inversor, de que as distribuidoras exigem o registro no Inmetro para a homologação do seu projeto. Então, procure a informação dos modelos que são aprovados no próprio site da instituição antes, pois, mesmo que opte por um modelo de ótima qualidade, se não houver a chancela do Inmetro, nada feito. É interessante que o inversor seja instalado próximo ao quadro de distribuição elétrico, em um local de fácil acesso, amplo e ventilado, assim há facilidade para possíveis manutenções e não há risco de superaquecimento. 45 ENERGIA FOTOVOLTAICA Não instale o inversor próximo a nenhum produto inflamável. CARACTERÍSTICAS O inversor solar é calculado de acordo com a potência dos painéis que foram previamente dimensionados. Normalmente, tem-se um inversor com potência um pouco superior à das placas. Vale a pena entender do que tratam alguns dos principais itens citados na folha de dados de cada modelo de inversor grid tie, sobretudo porque nesse aparelho há o maior número de defeitos relatados pelos usuários. Confira: Corrente máxima de entrada Quantidade máxima de corrente contínua que o inversor pode receber. Corrente máxima de saída Quantidade máxima de corrente alternada que o inversor pode fornecer. Quantidade de MPPT (modulação por pulsos) Essa tecnologia busca sempre o ponto de máxima potência de operação do inversor, pois durante o dia há constante alteração da irradiação solar. A grande maioria dos inversores grid tie possui 1 MPPT. Caso seu telhado tenha várias águas (inclinações em diferentes direções) ou haja muito sombreamento sobre os painéis, é fundamental que seu inversor possua 2 MPPTs ou mais; caso contrário, o seu sistema fotovoltaico será ineficiente. Faixa de operação MPPT (modulação por pulsos) Há um intervalo de tensão de entrada em corrente contínua em que o inversor deve operar. Há um valor mínimo e um valor máximo a serem respeitados. Potência nominal de saída Significa a potência máxima de saída do aparelho, ou seja, a potência que irá abastecer os equipamentos alimentados com corrente alternada. 46 ENERGIA FOTOVOLTAICA Tensão nominal de saída Quer dizer em qual padrão de tensão o inversor grid tie será ligado. Geralmente, em Goiás, tem-se saída tipo monofásica de 220 V para residências e saída tipo trifásica de 380 V para indústrias agropecuárias ou locais que utilizem maquinário. Eficiência máxima Há sempre perda energética no processo de transformação de corrente contínua para alternada, que normalmente reduz a eficiência da geração energética, comumente, entre 4% a 6%. Saiba que inversores com eficiência inferior a 94% são de baixa qualidade e que há inversores com eficiência superior a 98%. Grau de proteção IP São padrões internacionais de níveis de proteção para classificar e avaliar a eficácia do equipamento contra poeira, contato acidental e água. A maioria dos inversores é classificada para instalação ao ar livre com IP45 (sem proteção contra poeira) ou IP65 (à prova de poeiras), ou seja, os inversores em uma propriedade rural devem ter grau de proteção IP65; caso contrário, terão sua eficiência comprometida. MPPT: MPPT é a sigla, em inglês, para maximum power point tracking, que significa “ponto rastreador de potência máxima”. AULA 3 – COMPONENTES > MEDIDOR BIDIRECIONAL O medidor de energia bidirecional é um componente do sistema fotovoltaico que tem a função de medir o consumo e a geração de energia elétrica. Porém, a depender do momento do dia em que observamos a tela do medidor, há variação nos valores registrados. 47 ENERGIA FOTOVOLTAICA Por quê? Entenda a seguinte situação: • Seu sistema fotovoltaico conectado à rede começa a operar nos primeiros raios de luz, pela manhã. Nesse horário, no qual as pessoas acordam, tomam banho, comem o café da manhã, é natural que haja um elevado consumo ante o início da geração. • Com o decorrer do dia, principalmente próximo ao meio-dia (Sol a pino), a maioria das pessoas já saiu de suas residências, então, ao contrário da manhã, tem-se uma produção de energia superior ao consumo. • Porém, com o entardecer, quando a maioria das pessoas retorna à casa, há aumento do consumo, pois tomam banho, jantam, assistem à televisão… e a geração se encerra com o pôr do sol. É um ciclo que varia, obviamente, de acordo com a nebulosidade e a chuva de cada dia. 48 ENERGIA FOTOVOLTAICA Para ilustrar a situação, segue um gráfico: Fonte: https://0201.nccdn.net/1_2/000/000/136/859/Guia-Self-Solar-01.08.2018.pdf Por fim, se o leitor entender os dados da conta de luz após o funcionamento de um sistema fotovoltaico on-grid, o famoso sistema de compensação de energia, ficará fácil perceber que geralmente em pouco tempo o investimento se paga. CALCULANDO SUA CONTA DE LUZ Vamos ao seguinte exemplo: https://0201.nccdn.net/1_2/000/000/136/859/Guia-Self-Solar-01.08.2018.pdf 49 ENERGIA FOTOVOLTAICA Abaixo, mostram-se os dados energéticos de uma propriedade rural entre os meses de maio e julho (período de seca). No mês de maio, houve consumo de 850 kWh (coluna 2) e geração de 861 kWh (coluna 3), ou seja, houve um excedente produzido de 11 kWh, que devem ser creditados na conta do mês seguinte, no caso, junho. MAIO Seguindo esse raciocínio, no mês de junho, o consumo foi igual à produção de energia fotovoltaica, ambos com 890 kWh. Nesses dois períodos, o consumidor pagou somente a tarifa mínima estipulada (coluna 6), pois, mesmo que haja muito mais geração do que consumo, sempre haverá o custo de disponibilidade do sistema de transmissão e distribuição. JUNHO Entretanto, em julho houve aumento do consumo na fazenda, com um deficit de 110 kWh. Nesse caso, os 11 kWh excedentes produzidos em maio foram usados para abater a conta a ser paga do mês sete. JULHO VAMOS ÀS CONTAS Sabendo que o valor do kWh na região equivale a R$ 0,47 para uma residência rural, temos a seguinte situação em julho: 50 ENERGIA FOTOVOLTAICA Repare na diferença entre a fatura sem e com uso de energia fotovoltaica nas colunas de 5 a 6. Grande, não é verdade? Quantidade de energia consumida no mês = 960 kWh Quantidade de energia gerada no mês = 850 kWh Excedente produzido em maio e não utilizado em junho = 11 kWh Custo de cada kWh consumido = R$ 0,47 Logo: (960 – 850 –11) x R$ 0,47 Valor a pagar = R$ 46,53 Assim como osinversores, os medidores bidirecionais também deverão ter registro no Inmetro; caso contrário, seu sistema fotovoltaico não será homologado pela concessionária, configurando fraude. 51 ENERGIA FOTOVOLTAICA CARACTERÍSTICAS No visor do medidor, há dois códigos e um valor específico para cada um. Acompanhe: Código 03: indica a quantidade de energia consumida, também conhecida como energia ativa direta (kWh). Código 103 ou 55: mostra o valor da energia injetada, também chamada energia ativa reversa (kWh). Fonte: https://microgeracaofv.wordpress.com/2018/07/09/saiba-como-fica-a-sua- conta-de-energia-eletrica-apos-a-instalacao-do-seu-sistema-solar-fotovoltaico/ https://microgeracaofv.wordpress.com/2018/07/09/saiba-como-fica-a-sua-conta-de-energia-eletrica-apos-a-instalacao-do-seu-sistema-solar-fotovoltaico/ 52 ENERGIA FOTOVOLTAICA Número de fios condutores que passam pelo medidor. Varia de um (monofásico) a três (trifásico). NÚMERO DE FASES Na hora da instalação, fique atento e peça as orientações necessárias ao profissional que estiver realizando o serviço. Sendo um medidor bidirecional, devem-se notar alguns aspectos importantes na folha de dados, como: Temperaturas mínima e máxima de operação. Temperaturas muito elevadas, além de diminuírem a eficiência, podem ocasionar acidentes. FAIXA DE TEMPERATURA Significa a corrente da rede máxima que o medidor suporta. CORRENTE MÁXIMA 53 ENERGIA FOTOVOLTAICA Frequência da rede para a qual o medidor foi projetado. Normalmente fica entre 50 Hz e 60 Hz. FREQUÊNCIA NOMINAL Corrente da rede para a qual o medidor foi dimensionado. CORRENTE NOMINAL Tensão da rede para a qual o medidor foi projetado. TENSÃO NOMINAL É comum o usuário se confundir com os dados de energia mostrados no inversor e no medidor. No inversor, pode aparecer a quantidade de energia gerada pelo sistema fotovoltaico, enquanto no medidor você tem a quantidade de energia que foi injetada na rede. É normal que esses valores sejam diferentes, pois parte da sua produção de energia é consumida diretamente em sua residência. Esta propriedade é conhecida como autoconsumo. 54 ENERGIA FOTOVOLTAICA AULA 4 – EXEMPLO DE APLICAÇÃO ON-GRID Vamos supor que determinado fazendeiro, cuja propriedade fique perto de Goiânia, queira instalar um sistema fotovoltaico conectado à rede. E mais: a título de comparação de potencial fotovoltaico, vamos calcular o mesmo sistema para uma pessoa que more na cidade de Chapecó, em Santa Catarina. De modo simplificado, vamos seguir as etapas: Atualmente, só temos a opção de gerar créditos de energia para faturas seguintes da mesma unidade consumidora ou outra com mesmo CPF/ CNPJ. Porém imagine, daqui a algum tempo, poder vender esses créditos de energia para a concessionária ou para outro consumidor. Será que teremos essa possibilidade algum dia? 55 ENERGIA FOTOVOLTAICA Neste caso específico, temos a média de 850 kWh por mês. De posse desse número, assumimos um valor diário, ou seja, dividimos esse consumo por 30 dias. Logo, temos 850 kWh / 30 = 28,33 kWh, que representam o consumo médio diário. É necessário saber a média mensal de consumo de energia em kWh para o dimensionamento. Esses dados estão todos na fatura da conta, basta somar todos os consumos mensais e dividir pelo número de meses. IRRADIAÇÃO SOLAR DIÁRIA MÉDIA Outro dado importante é saber o período de exposição solar na localidade desejada. Isso faz toda a diferença! Para tanto, podemos entrar no site do Cresesb (Centro de Referência para Energia Solar e Eólica), no endereço www.cresesb.cepel.br. Neste exemplo, inserimos as seguintes coordenadas (retiradas do serviço Google Maps): AVALIAÇÃO DA CONTA DE ENERGIA http://www.cresesb.cepel.br 56 ENERGIA FOTOVOLTAICA QUANTIDADE DE PAINÉIS De posse desses dois resultados (consumo médio diário e tempo de exposição), podemos encontrar a demanda prevista de pico, que será o resultado entre o consumo médio diário e o tempo de exposição ao Sol: Se compararmos esses dados com os de um agricultor que reside próximo à região de Chapecó, no oeste do estado de Santa Catarina, teremos: Note que em Goiânia há, em média, 12% mais exposição de luz solar do que em Chapecó. Goiânia (GO): 28,33 kWh / 5,47 h = 5,18 kWp Para o agricultor catarinense, esse valor seria: Chapecó (SC): 28,33 kWh / 4,87 h = 5,82 kWp DEMANDA PREVISTA Há inúmeros modelos e fabricantes diferentes no mercado. Prosseguiremos com um painel do seguinte modelo: • Potência = 260 W • Dimensão = 1,60 m x 1,00 m • Células por módulo = 60 unidades • Eficiência = 16% • Peso = 18 kg 57 ENERGIA FOTOVOLTAICA Logo, se dividirmos a demanda prevista de pico pela potência individual do painel, chegaremos à quantidade total. Assim, fica fácil entender que, no estado de Goiás, em praticamente toda a sua extensão territorial, tratando-se de dimensionamento de sistemas fotovoltaicos, é mais barato gerar a mesma quantidade de energia solar do que em Santa Catarina, estado pioneiro na tecnologia. Frisando o que já foi demonstrado por meio de números: há grande potencial em solo goiano! Poderíamos ter elegido outro tipo de painel completamente diferente do escolhido. Para a decisão correta, devemos levar em conta o espaço do local, a qualidade do material, o preço de mercado, a eficiência energética, enfim, todas as características detalhadas para a otimização do sistema. Lembre-se de que, quanto mais eficiente é o painel solar, melhor é a célula usada para construí-lo e mais energia solar ele gera por área. CÁLCULO DO INVERSOR GRID TIE Para um simples dimensionamento de inversor, costuma-se selecionar uma potência um pouco acima da potência total das placas. Por exemplo, se temos 5,2 kWp, escolhemos um inversor de 6 kW, que é um valor comercial próximo a 5,2 kW. 58 ENERGIA FOTOVOLTAICA Se o dimensionamento fosse em uma residência nova, deveríamos tomar como premissa o valor de todos os equipamentos consumidores de energia para determinar a demanda de pico prevista. Vale lembrar que ainda nos faltam alguns itens para fechar o custo do nosso sistema, como projeto, cabos, conectores, estrutura de apoio dos painéis e mão de obra para instalação. Para que seja feito um bom dimensionamento, temos que checar os detalhes de cada modelo disponível no mercado para saber qual se adapta melhor às características do local no qual será instalado e à relação custo-benefício que desejamos. Os sistemas conectados à rede parecem ser muito atrativos, não é mesmo? Acesse o curso no AVA e assista aos vídeos indicados para entender os principais pontos que precisam ser levados em consideração. 59 ENERGIA FOTOVOLTAICA ATIVIDADES DE APRENDIZAGEM Convidamos você a fazer as atividades de aprendizagem referentes ao Módulo 2. Leia com atenção os textos antes de responder às perguntas. Você pode conferir as questões do módulo aqui na apostila, mas lembre-se de que deverá acessar o AVA e enviar suas respostas obrigatoriamente por lá. Você terá duas tentativas, e o próximo módulo só será liberado após a conclusão da atividade. Questão 1 | Um inversor interativo, localizado em área externa de uma propriedade rural, deve possuir um grau de proteção IP65: a) Devido a descargas atmosféricas, que são mais frequentes no campo. b) Por causa da constante exposição a poeira e chuva. c) Por que somente a partir desse valor é possível lançar o excedente na rede. d) Pela possibilidade de queda de árvore sobre o sistema fotovoltaico. Questão 2 | Qual potência de painel se ajusta melhor a uma propriedade rural localizada no município de São Miguel do Araguaia? a) 160 W. b) 330 W. c) 150 W. d) ) Cada situação deve ser analisada de acordo com a necessidade do local e os modelos disponíveis no mercado. Questão 3 | Um sistema on-grid cuja geração é maior do que o consumo de energia elétrica não está com o valor da conta de luz zerado, embora tenha injetado mais energia na rede pública doque consumido. Esse fato se deve a: a) Erro da concessionária. b) Custo de disponibilidade de uso da rede pública, ou seja, taxa mínima. c) Falha no dimensionamento do sistema fotovoltaico. d) Imposto cobrado sobre aproveitamento de energia solar. 60 ENERGIA FOTOVOLTAICA Questão 4 | A conta de luz de uma propriedade rural pode ser gerada com valor zerado caso o sistema utilizado na residência seja: a) On-grid, com geração de energia maior do que o consumo. b) Conectado à rede, com geração de energia maior do que o consumo. c) Off-grid, pois é o único no qual há independência da conta de luz, ou seja, não se paga pela energia consumida. d) Grid tie, com geração de energia igual ao consumo. MÓDULO 3 SISTEMA ISOLADO 66 ENERGIA FOTOVOLTAICA No Módulo 2, tratamos de descrever o sistema conectado à rede de forma detalhada. Da mesma maneira, neste vamos acompanhar o mecanismo off-grid trabalhando de forma engrenada, assim como o funcionamento de seus três principais componentes, individualmente: • Controlador de carga • Conjunto de baterias • Inversor autônomo No final do módulo, será apresentado um exemplo de dimensionamento de bombeamento de água para irrigação em região próxima à Goiânia-GO. AULA 1 – QUANDO UTILIZAR UM SISTEMA OFF-GRID? Vamos utilizar o esquema a seguir para facilitar a visualização das etapas do sistema off-grid. Trata-se de um exemplo residencial para facilitar a comparação com um sistema conectado à rede. 67 ENERGIA FOTOVOLTAICA MECANISMO O sistema fotovoltaico off-grid residencial tem o mesmo princípio de funcionamento do sistema grid tie, com exceção do controlador de carga e das baterias. Não são obrigatórios esses dois equipamentos para configurar esse tipo de sistema, pois, dependendo do objetivo, pode-se conectar o módulo diretamente ao equipamento de uso, como uma motobomba. Vamos passo a passo: O módulo fotovoltaico capta a luz do Sol e a transforma em energia elétrica. TRANSFORMAÇÃO A energia produzida nos painéis é transmitida ao controlador de carga, que por sua vez é ligado às baterias. O controlador tem a função de evitar que as baterias sejam sobrecarregadas ou descarregadas profundamente e, assim, garantir que toda a energia produzida pelos painéis fotovoltaicos seja armazenada com eficácia e segurança. CONTROLE E ARMAZENAMENTO Após a passagem pelo inversor, a corrente alternada pode seguir para abastecer as tomadas da residência. INVERSÃO E CONSUMO 68 ENERGIA FOTOVOLTAICA O sistema isolado da rede, geralmente, é instalado em locais específicos que não têm rede de energia elétrica, tornando-se o modo mais viável e econômico para se obter energia. No desenho anterior, aparece a figura de um inversor autônomo, porém somente háhaverá necessidade deladesse aparelho se os equipamentos elétricos abastecidos forem de corrente alternada. Caso contrário, esse aparelho não há necessidade desse aparelhoserá necessário. Exemplos de uso: • Sistemas de bombeamento de água. • Eletrificação de cercas. • Geladeiras para armazenar vacinas. • Postes de luz. • Estações replicadoras de sinal. 69 ENERGIA FOTOVOLTAICA CASO DE SUCESSO Já escutou falar do programa “Luz para Todos”, do governo federal? No início dos anos 2000, foi criado um programa para levar energia elétrica a todos os quatro cantos do país. E adivinha qual opção tecnológica foi amplamente utilizada... Isso mesmo! Muitas distribuidoras que atendem às zonas rurais de Goiás e do Brasil adotaram os pequenos sistemas fotovoltaicos off-grid como solução, devido ao elevado custo de se levar infraestrutura de transmissão e distribuição de energia para comunidades distantes isoladas. ANÁLISE Um dos grandes poderes da energia solar é que ela está presente em cada peda- cinho do território goiano em abundância. Desde a capital goiana até o lugar mais longe e isolado do estado, essa tecnologia fotovoltaica tem total capacidade para gerar sua energia elétrica. Mas e se alguém quiser instalar um sistema off-grid no centro de Goiânia? 70 ENERGIA FOTOVOLTAICA Um ponto deve ficar claro: Em localidades próximas a aglomerações urbanas, utilizar um sistema autônomo é totalmente possível, porém não é nada atrativo economicamente falando. Isso porque, de antemão, sabemos que os custos de instalação e operação de um sistema assim são muito maiores do que o preço pago pela energia elétrica fornecida pela distribuidora do seu município para abastecimento de uma residência mediana. Um sistema fotovoltaico off-grid pode ser projetado para alimentar o mais complexo conjunto de equipamentos possível. Isso significa que, quanto maior a potência dos aparelhos a serem alimentados, e quanto maior o período de uso, mais energia será necessária para alimentar toda essa demanda. Seguindo esse raciocínio, logicamente, quanto maior o sistema projetado, maior será o desembolso econômico para a implantação. Produzir energia para um sistema de irrigação muito grande, por exemplo, torna-se totalmente inviável pelo alto custo. Assim, optar por um gerador a diesel ou gasolina pode ser uma alternativa bem mais barata do que uma opção fotovoltaica off-grid, principalmente por causa da quantidade de baterias necessárias (fator de custo preponderante) em um sistema isolado, utilizadas para manter o sistema de irrigação a pleno vapor. A grande vantagem do sistema off-grid é a autonomia. Ele conta com um banco de baterias, que tem como principal função manter o fornecimento de energia à noite e em períodos sem Sol — total independência! —, porém aí vai um ponto de atenção: Portanto, podemos concluir que é muito mais viável a alimentação de pequenas car- gas, como iluminação, telecomunicação e pequenos utensílios domésticos. 71 ENERGIA FOTOVOLTAICA AULA 2 – COMPONENTES > CONTROLADOR DE CARGA Sabemos que os painéis solares produzem eletricidade ao longo do dia, porém a geração oscila de acordo com o nível de irradiação solar, o que acaba impossibilitando o carregamento direto das baterias. Por esse motivo, para intermediar a operação, o controlador de carga se faz necessário. Irradiação solar é a Unidade de medida dada pela quantidade de radiação solar por unidade de área. Já sabemos que a função principal desse aparelho é controlar a variação de tensão entre os painéis solares e as baterias. Além dessa capacidade, alguns modelos de controladores atuam também em: Proteção contra corrente reversa, ou seja, desconexão dos painéis fotovoltaicos para prevenir perda de carga das baterias nos módulos solares durante a noite. CORRENTE REVERSA 72 ENERGIA FOTOVOLTAICA Desligamento da saída de corrente para evitar descarga das baterias abaixo de valores seguros. DESCARGA Medição digital ou analógica, com LEDs indicadores ou alarmes de advertência. MEDIÇÃO Proteção contra sobrecorrente por meio de fusíveis ou disjuntores. SOBRECORRENTE Há uma grande variação de aparelhos. Alguns possuem configuração manual e outros são totalmente automáticos, o que influencia, substancialmente, o custo. 73 ENERGIA FOTOVOLTAICA MUDAM OS TIPOS, MAS O FUNCIONAMENTO É O MESMO O circuito de um controlador de carga monitora a tensão entre as placas solares e a bateria, assim como entre a bateria e as cargas de uso, para determinar seu status de carregamento. Alguns circuitos internos dos controladores variam, mas a maioria lê a tensão para controlar a intensidade de corrente que flui para as baterias. Lembre-se: o regulador de carga é o cérebro do sistema off-grid. Ele é o responsável pela duração da vida útil do banco de baterias (componente mais caro do sistema). Se a bateria tiver um regime de carga e descarga adequado, certamente seu tempo de vida será o maior possível. CARACTERÍSTICAS O regulador de carga deve ser selecionado de acordo com as características de tensão e corrente dos demais equipamentos do sistema projetado. Todos devem “falar a mesma língua”, principalmente a bateria, pois um não existesem o outro. Geralmente, as conexões desse equipamento são parecidas com a da figura a seguir: 74 ENERGIA FOTOVOLTAICA Fonte:https://www.neosolar.com.br/loja/controlador-de-carga-unitron-total-control-tc80-80w- 12v.htm • Local de entrada dos condutores positivo e negativo do painel solar. • Local de conexão dos condutores positivo e negativo do banco de baterias. • Local de saída de corrente contínua direta, caso necessário. Similar aos inversores on-grid, há duas tecnologias disponíveis no mercado, que fazem toda a diferença: • PWM (modulação por pulsos) – trabalha baseada na tensão da bateria. Normalmente é utilizada com painéis menores, de menor potência. • MPPT (ponto rastreador de potência máxima) – extrai a máxima energia possível de um módulo solar por meio da alteração de sua tensão de operação para maximizar a potência de saída. Normalmente é utilizada com painéis maiores, de potência mais elevada. Exemplificando Suponha um painel fotovoltaico com potência de 160 Wp (watt-pico) ligado a uma bateria de 12 V. Pode ser que, em determinado momento, no painel, haja uma corrente de 8 amperes e uma tensão de 20 volts. https://www.neosolar.com.br/loja/controlador-de-carga-unitron-total-control-tc80-80w-12v.html 75 ENERGIA FOTOVOLTAICA Para calcular a potência de um aparelho, que é medida em watts (W), basta multiplicar a tensão, ou seja, a voltagem (110 V, 220 V), pela corrente, que é medida em amperes (A): tensão (V) x corrente (A) = potência (W) Na situação proposta, um regulador de carga modelo PWM: • Reduziria a voltagem de 20 volts para os 12 volts da bateria. • Manteria constante a corrente em 8 amperes. Logo, observamos que dos 160 W produzidos haveria uma transmissão para a bateria de somente 96 W (12 V x 8 A). Isso significa uma redução de 40%. Nessa mesma ocasião, um modelo controlador de carga MPPT: • Reduziria a voltagem de 20 volts para os 12 volts da bateria. • Elevaria a corrente em 13,3 A para alcançar a potência de pico do painel. Isto é, a potência seria transmitida integralmente para a bateria: 160 W = 12 V x 13,3 A Como a eficiência dos controladores não é de 100%, essa diferença não seria de 40%, como no exemplo; porém, sem dúvida nenhuma, ficaria em torno de 20%. 76 ENERGIA FOTOVOLTAICA Agora é colocar na ponta do lápis para saber se um controlador de carga MPPT, ou seja, um aparelho com maior eficiência, reduz o número de painéis dimensionados para justificar seu custo. AULA 3 – COMPONENTES > BATERIA Devemos saber que as baterias, seja- sejam de qual tipo forem, têm o papel de armazenamento de carga elétrica, tanto pensando em um automóvel, quanto num como em um nobreak ou sistema fotovoltaico. No caso de sistemas fotovoltaicosdes- tes, essa energia será guardada em baterias do tipo estacionárias (altamente recomendável) para, posteriormente, ser consumida no período noturno ou de elevada nebulosidade. BATERIAS ESTACIONÁRIAS × BATERIAS AUTOMOTIVAS As baterias estacionárias são muito parecidas com as automotivas, inclusive utilizam a mesma tecnologia de chumbo-ácido se olharmos por fora; porém, por dentro, têm modos de funcionamento bem distintos. 77 ENERGIA FOTOVOLTAICA Se cair na tentação de utilizar uma bateria automotiva, lembre-se de que a emissão de gases tóxicos nos veículos é rapidamente dissipada, pois a bateria fica debaixo do capô. No entanto, em outras situações, inclusive dentro de uma residência, esses gases ficam retidos, podendo ocasionar danos à saúde dos moradores. Algumas pessoas buscam nas baterias a alternativa para se desligarem da rede elétrica e garantirem a estabilidade no fornecimento de energia ou até mesmo a redução do seu consumo durante o horário de pico. Contudo é importante lembrar que uma bateria boa não é barata e não dura tanto tempo quanto um painel solar. Por isso é interessante, do ponto de vista econômico, adquirir baterias com alta carga de armazenamento para utilizar menor quantidade. Se o leitor deseja fazer testes e entender como funciona um sistema off-grid, pode até optar pela automotiva (mais barata no curto prazo). Porém, se deseja instalar um sistema fotovoltaico eficiente, não há dúvidas de que a estacionária é a melhor opção. 78 ENERGIA FOTOVOLTAICA • Feitas para atuar em movimento. • Projetadas para uso em veículos, no qual estão sempre carregadas (devido ao alternador) e fornecem um volume grande de energia em um curto período de tempo. • A descarga máxima projetada para a bateria automotiva é, em média, 10% de sua capacidade total. • Têm vida útil média de dois anos. BATERIAS AUTOMOTIVAS BATERIAS ESTACIONÁRIAS • Feitas para operarem sem movimentação. • Projetadas para suportar períodos longos de descarga e de corrente elétrica moderada. • Fabricadas com materiais mais nobres, feitos para durar mais tempo. • Têm vida útil média de 5cinco anos. Assim como o controlador de carga se assemelha ao cérebro do sistema off-grid, a bateria seria o pulmão. Conhecidas como baterias de ciclo profundo, possuem um período de uso médio de quatro anos e preços acessíveis. A diferença principal desse modelo é que possui placas bem grossas, conseguindo suportar níveis altos de descarga. BATERIAS COMUNS CARACTERÍSTICAS Entre as baterias do tipo estacionárias, os modelos mais comuns no mercado são: 79 ENERGIA FOTOVOLTAICA São baterias estacionárias ventiladas com eletrólito líquido (ácido sulfúrico diluído). Têm vida útil superior a 10 anos (excelente) e preços razoáveis. Por serem ventiladas e liberarem gás, deve-se realizar manutenção preventiva para a reposição de água. É importante utilizá-las em locais apropriados para não correr riscos de explosão. BATERIAS OpzS São reguladas à válvula e pela recombinação interna de gases, ou seja, a bateria não permite passagem significativa de qualquer elemento de dentro para fora nem de fora para dentro. Além disso, não necessita de nenhum tipo de manutenção interna. BATERIAS VLRA Possuem vida útil superior a 10 anos. Esse modelo de bateria tem uma elevada resistência a temperaturas extremas, vibrações e choques mecânicos, e seu valor de investimento é alto em relação às anteriores. BATERIAS AGM A vida útil destas também é superior a 10 anos e elas são muito usadas, principalmente, para sistemas solares fotovoltaicos em locais de grande movimentação, uma vez que o gel dá boa estabilidade durante as movimentações. BATERIAS DE GEL 80 ENERGIA FOTOVOLTAICA EXEMPLIFICANDO Ao escolher o tipo de bateria a utilizar, devem-se reparar alguns dados importantes, principalmente: Mas o que significa, para um simples consumidor, uma bateria de 220 Ah / 10 h (descrição na etiqueta)? Significa dizer que ela tem a capacidade de transmitir uma corrente de 22 A dentro do período de 10 horas. Obviamente, se aumentarmos a corrente, o tempo diminuirá, assim como a vida útil da bateria. Em geral, a corrente no sistema deve ser por volta de 10% da corrente nominal da bateria. Mas quantas baterias eu deveria utilizar? Ótima pergunta! A resposta é: depende de qual é o objetivo. Se a meta é reduzir por completo a quantidade de energia que você usa da concessionária, mas sem se desconectar da rede, simplificadamente temos a seguinte conta: 81 ENERGIA FOTOVOLTAICA Na verdade, a resposta para a pergunta anterior deve ser: BATERIAS DE GEL Uma casa média consome, usualmente, 15 kWh/dia, com 70% desse consumo ocorrendo no fim de tarde e durante a noite (é claro que, se você tiver uma casa de padrão elevado, o consumo será maior). Dessa forma, podemos assumir que a residência vá precisar comprar 70% de sua energia da rede, aproximadamente 10,5 kWh por dia. Nesse caso, por exemplo, a Powerwall 2 da Tesla daria conta do recado, pois possui capacidade para 13,5 kWh. Powerwall é uma bateria fabricada pela empresa norte-americana Tesla que possui elevadíssima capacidade de armazenamento e já vem com um inversor integrado ao equipamento.É impossível dimensionar a quantidade de baterias necessárias sem uma compreensão detalhada do seu perfil de consumo de energia. AULA 4 – COMPONENTES > INVERSOR Já estudamos no módulo sobre os sistemas on-grid, bem como o que é e para que serve um inversor grid tie. Em sistemas off grid, o inversor autônomo tem papel semelhante, porém mais simples, ou seja, serve basicamente para: • inversão de corrente contínua (CC) para corrente alternada (CA); • mudança das tensões de bateria, normalmente em 12 V, para 110 V / 220 V. 82 ENERGIA FOTOVOLTAICA Além dessas funções, a máquina protege o sistema contra subtensão, sobretensão, curto-circuito na saída e sobreaquecimento. É importante ressaltar que: O inversor deve ser ligado diretamente aos bornes das baterias, pois, na partida de certas cargas, as correntes solicitadas pelo inversor são altas para o controlador de carga, podendo danificá-lo. Ao contrário de inversores grid tie, o inversor off-grid não demanda registro obrigatório no Inmetro. Isso não significa que se deve utilizar um aparelho qualquer, mas sim que há outras marcas de qualidade disponíveis no mercado. 83 ENERGIA FOTOVOLTAICA Em sistemas de alta tensão, o inversor utiliza baterias ligadas em série com voltagem superior a 300 VDC. Para microinversores dedicados a motores, é aconselhável o uso de tecnologia soft start, ou seja, que dá partida no motor elétrico com uma velocidade mais baixa e vai acelerando com o tempo, chegando à plena carga em menos de 30 segundos. A grande vantagem desse método é que evita o pico de corrente, melhorando a eficiência e o tempo de vida de todo o sistema. Em propriedades isoladas, podemos citar seu uso em postes de iluminação solar, sistemas de rádio transmissão, telefones de emergência e estações meteorológicas. 84 ENERGIA FOTOVOLTAICA CARACTERÍSTICAS Assim como os demais equipamentos formadores do sistema off-grid, o inversor autônomo possui uma série de propriedades que devem ser levadas em conta no seu dimensionamento, como: Potência nominal Potência para a qual o aparelho é dimensionado, ou melhor, potência que o inversor é capaz de entregar permanentemente. Para uma boa eficiência operacional, deve-se escolher sempre um inversor de potência nominal superior à potência total necessária para alimentar as cargas. Capacidade de sobrecarga Atribuição para transmitir potência superior à nominal durante um curto período. Rendimento / eficiência Relação entre as potências de entrada e saída. O rendimento de um inversor não é constante, variando de acordo com a potência consumida. A eficiência dos inversores, geralmente, varia de 70% a 99,5%. O ideal é dimensionar o inversor para ter uma eficiência acima dos 90%. Autoconsumo Em função similar à de um sensor de presença, é esperado que os inversores sejam capazes de arrancar, automaticamente, quando for detectada alguma carga e de se desligarem quando perceberem que não há cargas ativas à sua saída. Porém, mesmo inativo, o inversor tem um autoconsumo, normalmente no valor de 2% da potência nominal de saída. Forma de onda É uma representação gráfica que demonstra a maneira como a energia evolui ao longo do tempo, com suas variações nos valores de tensão. A onda de energia que é transmitida pela rede elétrica, provida pela concessionária, é do tipo senoidal, ou seja, é uma onda pura e harmônica. Para que seu sistema fotovoltaico tenha uma energia de qualidade, dê preferência a inversores de onda senoidal! Embora mais caros, são bem superiores a modelos que têm onda senoidal modificada, por exemplo. 85 ENERGIA FOTOVOLTAICA AULA 5 – EXEMPLO DE APLICAÇÃO OFF-GRID A utilização de sistemas de bombeamento de água em locais remotos, distantes da rede elétrica convencional, é uma excelente opção, pois eles possuem longa vida útil, baixa manutenção e fácil instalação. Tratando-se de uma propriedade rural, o bombeamento de água solar oferece diversas opções, como: • Sistemas de reuso de água de chuva. • Abastecimento de água para bebedouro animal. • Abastecimento de caixas-d’água. • Abastecimento para irrigação de lavoura. • Abastecimento de água para comunidades isoladas. Para cada finalidade de uso, há um tipo de bomba que a atende de maneira mais adequada, seja ela: • bomba de diafragma – com motores de corrente contínua; • bomba d’água Anauger Solar – com motores de corrente alternada; • bombas centrífugas e helicoidais – com motores de corrente contínua ou alternada. 86 ENERGIA FOTOVOLTAICA É o tipo da bomba (potência, vazão necessária e irradiação solar local) a utilizar que servirá de base para o dimensionamento de todo o sistema. Neste exemplo, vamos instalar uma bomba centrífuga trifásica de corrente alternada, com potência de 2,5 CV, para abastecer o reservatório central elevado de uma fazenda. Quantos painéis utilizar? Qual inversor? Para responder a essas perguntas, acompanhe os passos a seguir: POTÊNCIA DA BOMBA A bomba citada possui os seguintes dados: • potência: 2,5 CV; • vazão máxima: 6,5 m³/h (Pressão: 46 mca); • vazão mínima: 1,5 m³/h (Pressão: 119 mca). Primeiramente, encontramos a potência da bomba em kW, ou seja, 1,85 kW. Explico: • 1 CV tem 0,74 kW, logo, fazendo a operação (2,5 CV x 0,74), chegamos ao resultado apresentado. 87 ENERGIA FOTOVOLTAICA Há bombas d’água em corrente contínua, específicas para uso em sistemas de energia solar fotovoltaicos, que podem ser ligadas diretamente ao painel solar, já outras de corrente alternada, como neste exemplo, precisam de um inversor para funcionar adequadamente. POTÊNCIA DO INVERSOR Temos no mercado várias opções de inversores off-grid. Muitos deles já são bem conhecidos para atividades de irrigação e abastecimento de água para pecuária. Neste caso, vamos utilizar um inversor trifásico com potência nominal de 2,2 kW, pouco acima da potência da bomba d’água, como é aconselhado. Características do modelo escolhido: • corrente nominal de saída: 10 A; • tensão de entrada: 300-750 VCC; • tensão de operação recomendada: 550 VCC; • peso: 4,6 kg; • temperatura de trabalho: de -10 °C a 40 °C. VCA ou VAC: tensão em corrente alternada VCC ou VDC: tensão em corrente contínua 88 ENERGIA FOTOVOLTAICA QUANTIDADE DE PAINÉIS Primeiramente, escolhemos a potência do painel que melhor se encaixa na situação do produtor. Vamos utilizar painéis de 330 W, os quais têm uma tensão de 37 V. Dados: • número de células: 72; • dimensões: 1.960 x 992 x 35 mm; • peso: 22,4 kg. Portanto, de posse dessas informações, podemos calcular a quantidade de painéis com o seguinte raciocínio: Para alcançar uma tensão de trabalho próxima aos 550 V do inversor, devemos fazer a divisão de 550 por 37, o que nos retorna um valor de, aproximadamente, 14 painéis solares. Seria viável utilizar esse conjunto de equipamentos? Talvez fosse melhor outro tipo de painel? 89 ENERGIA FOTOVOLTAICA O sistema isolado parece solucionar grandes problemas quando estamos falando de lugares afastados e longe das redes de distribuição, não é? Acesse o curso no AVA e assista a um vídeo para entender melhor as características desse sistema. Com certeza, há modelos prontos no mercado disponíveis para operar de maneira mais prática. O exemplo serve, somente, para mostrar um raciocínio básico para você. Podemos, também, adicionar baterias e controlador de carga para o sistema, mas esse assunto merece uma explicação mais detalhada e extensa. 90 ENERGIA FOTOVOLTAICA ATIVIDADES DE APRENDIZAGEM Convidamos você a fazer as atividades de aprendizagem referentes ao Módulo 3. Leia com atenção os textos antes de responder às perguntas. Você pode conferir as questões do módulo aqui na apostila, mas lembre-se de que deverá acessar o AVA e enviar suas respostas obrigatoriamente por lá. Você terá duas tentativas, e o próximo módulo só será liberado após a conclusão da atividade. Questão 1 | Em uma situação em que o sistema conectadoà rede de uma residência tenha demonstrado problema no funcionamento do seu inversor grid tie, podemos solucionar o problema: a) Trocando o inversor grid tie por um inversor autônomo. b) Trocando o inversor grid tie por um inversor interativo. c) Redimensionando o controlador de carga. d) Aumentando o número de módulos fotovoltaicos no telhado. Questão 2 | Dentro de um sistema fotovoltaico autônomo, a bateria é o equipamento mais dependente do controlador de carga. Por quê? a) Porque o controlador regula a tensão de entrada na bateria e, automaticamente, sua carga e sua descarga. b) Porque ela possui um sistema de autocontrole ligado ao controlador. c) Porque, se não houvesse o regulador, a bateria duraria muito mais tempo. d) Porque é a bateria que determina a tensão que chega ao controlador. Questão 3 | É recomendável o uso de baterias estacionárias para sistemas fotovoltaicos on-grid, pois: a) São dimensionadas para trabalhar em movimento. b) São projetadas para trabalhar sem movimentação. c) Fornecem grande quantidade de energia em um curto espaço de tempo. d) Podem se recarregar automaticamente. 91 ENERGIA FOTOVOLTAICA Questão 4 | Em um sistema isolado, um produtor utiliza um inversor autônomo importado não homologado pelo Inmetro. Isso quer dizer que: a) Esse sistema está ilegal à luz das leis brasileiras. b) O produtor pode ter optado por outro inversor de alta qualidade, mas que ainda não foi homologado pelo instituto. c) O produtor pode ser multado pelos órgãos competentes. d) Não é autorizada a venda desse produto em território nacional. Questão 5 | Em um sítio que possui um poço semiartesiano, haverá a instalação de um sistema de bombeamento de água diretamente da bomba nos painéis. Pode-se afirmar que a bomba d’água será do tipo: a) Diafragma submersa 5.000 L/dia. b) Anauger 8.600 L/dia. c) Anauger 1.000 L/ hora. d) Anauger 800 L/ hora. MÓDULO 4 PASSO A PASSO PARA A INSTALAÇÃO 97 ENERGIA FOTOVOLTAICA Assim como a construção de uma casa deve ser projetada antes da execução, o sistema fotovoltaico funciona da mesma maneira. Vimos, até aqui, algumas opções de equipamentos/modelos de sistemas isolados e conectados à rede e o que devemos levar em conta para um bom dimensionamento desses conjuntos. No entanto, antes, vamos entender os pontos de atenção para manter o sistema em operação da maneira mais eficiente possível. Além disso, temos que conhecer os custos gerais de um sistema fotovoltaico (equipamento, instalação e manutenção), as normas que devem ser seguidas e também como acessar essa tecnologia da maneira menos custosa, de acordo com o perfil do usuário. Vamos lá? Agora, estamos prontos para colocar em funcionamento! AULA 1 – COMO É FEITA A INSTALAÇÃO SOLAR? Em resumo, a instalação do sistema fotovoltaico, em um telhado, por exemplo, segue as seguintes etapas: Locação de painéis solares De acordo com a planta baixa do projeto, a equipe de instalação realiza a demarcação, na cobertura da edificação, por exemplo, do local exato onde será montado cada módulo solar. Instalação de suportes Há duas situações mais comuns: • em coberturas com telhas de cerâmica, elas são removidas nos pontos marcados, de acordo com o layout de projeto, e logo os suportes são aparafusados nas terças, servindo de consolo para os trilhos; • em coberturas metálicas, a instalação é realizada sem a retirada da telha, facilitando o processo de fixação dos suportes. 98 ENERGIA FOTOVOLTAICA Instalação de trilhos A fixação dos trilhos é feita de forma rápida caso os suportes estejam na posição exata. Após essa parte do serviço, os painéis podem ser montados com total segurança. Geralmente, os trilhos são fabricados com materiais leves e resistentes. Instalação de módulos solares Com os trilhos bem fixos, é hora de instalar os painéis em seu devido lugar e conectar os cabos e a caixa de junção. Instalação elétrica Agora resta a conexão dos painéis solares aos demais equipamentos do sistema fotovoltaico e também ao quadro de distribuição da casa, se for o caso. Se o sistema for grid tie, após a instalação finalizada, já se poderá ir ao medidor bidirecional e verificar como estará seu balanço energético entre geração e consumo. Algumas vezes não é possível realizar a instalação nas melhores condições. Isso quer dizer que o sistema se tornou inviável? Claro que não! As perdas direcionais para coberturas com face para o Nordeste ou Noroeste variam entre 3% e 8%, o que ainda é aceitável. Porém, se seu sistema ficará voltado para a face Sul, realmente teremos um problema a resolver, pois nessa situação as perdas energéticas serão enormes. 99 ENERGIA FOTOVOLTAICA A posição ideal para o painel fotovoltaico, no Brasil, é voltada para o Norte, pois assim receberá luz a maior parte do tempo. Lembra aquela informação sobre tempo de exposição ao Sol? Tem tudo a ver! Então, se você possui um telhado com face orientada para Norte, ótimo! E, se não há sombreamento, melhor ainda! Dessa forma, seu gerador de energia solar (painel solar) produzirá mais energia. Em relação à inclinação do módulo, o ideal é que o ângulo da peça com a posição horizontal seja igual ao da latitude local. Exemplo: Goiânia fica a uma latitude de 16°, portanto a melhor posição possível seria em um ângulo de 16°. Seguem algumas dicas para a hora da instalação do suporte que devem ser levadas em consideração: • O suporte atende a todas as exigências e aos padrões de construção? • O preço da estrutura do suporte de fixação atende ao seu orçamento? • Qual é a durabilidade da estrutura do suporte de fixação? Seus componentes são testados e de qualidade? • A estrutura do suporte de fixação é a mais adequada para o seu projeto? • Será vedada a cobertura após a instalação contra infiltração de água? 100 ENERGIA FOTOVOLTAICA AULA 2 – MANUTENÇÃO DO SISTEMA A manutenção do sistema de energia solar é mínima e de baixo custo, porém deve ser feita. Em primeiro lugar, você precisa ter em mente a importância da manutenção preventiva. Assim como um veículo passa por revisões periódicas na oficina, por exemplo, trocas óleo, filtro e pastilha de freio, seu sistema fotovoltaico funciona da mesma maneira. Repare: O que pode atrapalhar a eficiência das placas? Muita poeira acumulada e a ação de animais, como pássaros e pombos, por exemplo. Dessa forma, a irradiação solar é absorvida com dificuldade, e o sistema pode perder eficiência. 101 ENERGIA FOTOVOLTAICA • As garantias variam de acordo com o fabricante. • Embora os prazos de fábrica sejam os já mencionados, há milhares de instalações de sistemas fotovoltaicos no mundo todo que duram muito mais do que a sua garantia. Há relatos de sistemas funcionando perfeitamente por mais de 25 anos. • A placa solar diminui a eficiência de geração energética com o tempo. Realizar atividades de manutenção também significa não perder a garantia dos equipamentos, que, em geral, são as seguintes: • garantia do painel solar = 25 anos; • garantia do inversor solar = de 5 a 12 anos; • garantia dos cabos e conectores especiais = mínimo de 10 anos; • garantia da estrutura de fixação dos painéis = de 10 a 15 anos; • garantia da instalação do sistema de energia solar = de 1 a 5 anos. GARANTIAS O procedimento padrão de manutenção preventiva é, simplesmente, limpar as placas solares com água e pano a cada quatro meses, no período de seca — em época de chuva, não há necessidade. Mas tome alguns cuidados! Não use nenhum produto químico nem pressurizador com jato direto nas placas e dê preferência para escovas macias e flexíveis, próprias para a higienização. ATIVIDADES 102 ENERGIA FOTOVOLTAICA Caso encontre alguma anomalia, o melhor será entrar em contato com a assistência técnica do equipamento. Não tente resolver por conta própria, pois poderá danificar os aparelhos e perder a garantia. Em caso de sistemas de grande porte, recomenda-se que a empresa fornecedora seja
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