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UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAZONAS RELATÓRIO FINAL PIBIC/PAIC 2017-2018 FORMULÁRIO PARA RELATÓRIO FINAL 1. Identificação do Projeto Título do Projeto PIBIC/PAIC Clonagem da recombinase RecA e seus efeitos na recombinação homóloga utilizando CRISPR-Cas9 Orientador Jerusa Araújo Quintão Arantes Faria Aluno Juliana Nascimento Vitoriano 2. Informações de Acesso ao Documento 2.1 Este documento é confidencial? 2.2 Este trabalho ocasionará registro de patente? 2.3 Este trabalho pode ser liberado para reprodução? 2. 4 Em caso de liberação parcial, quais dados podem ser liberados? Descreva. SIM x NÃO SIM x NÃO x SIM NÃO 1 UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAZONAS PRÓ-REITORIA DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO DEPARTAMENTO DE APOIO À PESQUISA PROGRAMA INSTITUCIONAL DE BOLSAS DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA COMITÊ CIENTÍFICO DE CIÊNCIAS BIOLOÓGICAS CLONAGEM DA RECOMBINASE RecA E SEUS EFEITOS NA RECOMBINAÇÃO HOMÓLOGA UTILIZANDO CRISPR-CAS9 Bolsista: Juliana Nascimento Vitoriano, Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica (PIBIC). MANAUS 2018 2 UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAZONAS PRÓ-REITORIA DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO DEPARTAMENTO DE APOIO À PESQUISA PROGRAMA INSTITUCIONAL DE BOLSAS DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA COMITÊ CIENTÍFICO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS RELATÓRIO FINAL PIB-B/ 0072/2017 CLONAGEM DA RECOMBINASE RecA E SEUS EFEITOS NA RECOMBINAÇÃO HOMÓLOGA UTILIZANDO CRISPR-CAS9 Bolsista: Juliana Nascimento Vitoriano Orientador: Profa. Dra. Jerusa Araújo Quintão Arantes Faria MANAUS 2018 3 Sumário 1. Resumo ..................................................................................................................... 4 2. Introdução ................................................................................................................ 5 3. Materiais e Métodos ................................................................................................ 7 3.1. Análise por ferramentas de bioinformática das sequências codificantes de recA em diversas linhagens de Escherichia coli. ................................................................... 8 3.2. Desenho do cassete de expressão do gene de recA. ............................................ 8 3.3. Síntese química do cassete de expressão do gene que codifica RecA. ................ 8 3.4. Linhagens celulares ................................................................................................ 8 3.5. Preparo de célula eletrocompetentes. .................................................................... 9 3.6. Clonagem em pUC19 do cassete de expressão do gene que codifica RecA.. ...... 9 3.7. Transformação por eletroporação.. ...................................................................... 11 3.8. Confirmação dos transformantes.. ........................................................................ 12 3.9. Indução de expressão da proteína RecA.. ........................................................... 12 3.10.Visualização da proteína em gel de poliacrilamida SDS-PAGE 10%.. ................ 13 4. Resultados e Discussões ..................................................................................... 14 4.1. Análise por ferramentas de bioinformática das sequências codificantes da RecA em diversas linhagens de Escherichia coli .................................................................. 14 4.2. Desenho do cassete de expressão do gene de recA%.. ...................................... 14 4.3. Síntese química do cassete de expressão do gene que codifica RecA. .............. 16 4.4. Clonagem em pUC19 do cassete de expressão do gene que codifica RecA. ..... 16 4.5. Indução da proteína RecA e visualização em gel de poliacrilamida SDS-PAGE 10%. ............................................................................................................................. 18 5. Conclusão .............................................................................................................. 19 6. Referências ............................................................................................................ 19 7. Cronograma ........................................................................................................... 22 4 1. Resumo O sistema CRISPR-CAS9 tem emergido como uma nova tecnologia que possibilita a edição do genoma em pontos específicos com a integração ou subtração de nucleotídeos de interesse. Dada a facilidade de manipulação dos organismos procariotos, bem como as aplicações biotecnológicas para os mesmos como: eliminação de genes de resistência em superbactérias, biorremediação de ambientes contaminados, biocombustíveis entre outras múltiplas abordagens, torna-se interessante a implementação do sistema de edição CRISPR/Cas9 em tais organismos. Contudo, como esta tecnologia é relativamente nova, muitos aspectos demandam aprimoramento como: a eficiência da edição, criação de vetores eficazes e versáteis padronização dos protocolos. Sendo assim, o presente trabalho teve por foco o estudo da recombinase RecA e a ação desta nos processos de recombinação homóloga determinantes na edição pelo sistema CRISPR/Cas9. Neste sentido, foi realizado o desenho e clonagem da proteína RecA associada ao sistema de CRISPR - Clustered Regularly Interspaced Short Palindromic Repeats. Primeiramente, analisou-se por ferramentas de bioinformática sequências codificantes de recA em diversas linhagens de Escherichia coli para em seguida, ser realizado o desenho do cassete de expressão do gene recA e envia-lo para síntese química. Em seguida, clonou-se a sequência de recA mais seu terminador no plasmídeo pUC19 e inseriu-se na E. coli por eletroporação. Por fim, a indução e expressão da proteína recombinante foi confirmada por SDS-PAGE. Com o resultado positivo da eficiência da RecA pode-se prosseguir para elaboração de um vetor único de clonagem que visa facilitar o método de manipulação e edição genética, tornando-a menos laboriosa e demandando menos tempo de laboratório. Palavras-chave: proteína RecA, edição genética, recombinação homóloga, CRISPR- Cas9. 5 2. Introdução A tecnologia do DNA recombinante gerou um novo paradigma na biologia. Biólogos moleculares desenvolveram ferramentas capazes de manipular as moléculas de DNA, possibilitando o estudo de sua função, bem como a construção de novos circuitos genéticos, contribuindo assim para o aperfeiçoamento da engenharia genética (HSU et al. 2014). Novas tecnologias de edição genética baseadas em nucleases vem sendo desenvolvidas como: Zinc Finger Nucleases (ZFNs) e Transcription Activator-Like Effector nucleases (TALENs), nas quais as enzimas são programadas para clivar o genomas em pontos específicos. Porém, nestas técnicas é necessária a engenharia de uma enzima específica para cada nova sequência alvo (JIANG et al., 2013). Um novo sistema baseado em CRISPR - Clustered Regularly Interspaced Short Palindromic Repeats – que é um processo de defesa natural das células procarióticas, tem se mostrado uma tecnologia inovadora. Este sistema consiste de uma endonuclease (Cas9), primeiramente isolada de Streptococcus pyogenes, guiada por um RNA guia (sgRNA) para a clivagem de uma sequência de DNA específica (ZHAO et al, 2016). A partir desta clivagem, a célula pode seguir uma de duas vias alternativas para reparar o genoma, sendo uma delas o mecanismo de reparo por recombinação, Homology Recombination (HR), onde o DNA clivado é reparado na presença de um DNA homólogo e proteínas recombinases, helicases e polimerases (NG et al, 2016). A proteína RecA é uma recombinase que tem função de promovera recombinação através do rearranjo dos nucleotídeos em sítios específicos com a ativação das vias de reparo de DNA (WANG et al, 2011). Esta enzima atua na via de reparo por Recombinação Homóloga (HR) e pertence a família das ATPases, sendo altamente conservada nos diversos microrganismos. Tal conservação é decorrência tanto das funções cruciais de manutenção da integridade do genoma, quanto dos mecanismos que proporcionam a variabilidade genética. Assim, a análise da sequênica de recA é utilizada frequentemente para identificação de linhagens bacterianas (CHEN et al, 2008; LEHNINGER, 2015). Em condições naturais, ao ocorrer uma quebra abrupta na fita de DNA do genoma, a resposta SOS é ativada recrutando uma exonuclease da própria maquinaria bacteriana que cliva as extremidades do DNA, tornando-as colantes não complementares, então a RecA, na 6 presença do seu cofator ATP, liga-se à região de fita simples do DNA clivado – single strand DNA (ssDNA) -, formando uma estrutura helicoidal como mostrado na figura 1. Figura 1: Complexo RecA- ssDNA associado ao DNA dupla-fita. À esquerda a “entrada de DNAs” e à direita a “saída de DNAs”, tendo como cofator da enzima o ATP (Imagem modificada de LEHNINGER, 2015). O braço 3’ deste complexo invade o DNA homólogo íntegro presente no meio, identifica a homologia entre ambas sequências e catalisa o intercâmbio da fita complementar. A partir do pareamento, uma polimerase completa a sequência invasora, preenche a fita clivada baseada na sequência de DNA homóloga. Juntamente com a nova síntese pela polimerase, há um cruzamento entre as sequências, e esse cruzamento começa a se deslocar entre as fitas, passando uma das fitas da sequência intacta para a sequência quebrada. Esse cruzamento é chamado de Junção de Holliday. Uma representação deste mecanismo está ilustrado na figura 2. Este processo também pode ser acionado durante a meiose com a recombinação de fragmentos paternos e materno determinantes para a variabilidade genética (CHEN et al, 2008; NEALE; KEENEY, 2006). 7 Figura 2: Representação do mecanismo de ação da recombinação. Atuação da RecA como catalizadora da reação de recombinação (Modificada de MICHEL, 2005). A presença de recA expresso pelo vetor de clonagem tem a função de carrear o DNA clivado (genoma) até o DNA molde homólogo (Vetor de clonagem) e invadi-lo a fim de se restaurar o genoma, porém acrescentando durante a recombinação o DNA de interesse. No sistema de edição genética baseado em CRISPR-Cas9, verifica-se uma maior eficiência de recombinação quando tal maquinaria está associada à recA (ZHAO et al. em 2016). O presente projeto teve por objetivo o desenho, a clonagem e expressão da proteína RecA induzível pelo reagente Isopropyl β-D-1-thiogalactopyranoside (IPTG). Assim, o objetivo futuro deste trabalho consiste na utilização do cassete de expressão de recA na construção de um vetor único para manipulação e edição gênica bacteriana do tipo CRISPR-CAS9. 3. Materiais e Métodos Todas as etapas experimentais deste trabalho foram realizadas no Laboratório de Tecnologia do DNA do Centro de Apoio Multidisciplinar (CAM) na Universidade Federal do Amazonas (UFAM), localizado em Manaus, Amazonas, Brasil. 8 3.1. Análise por ferramentas de bioinformática das sequências codificantes de recA em diversas linhagens de Escherichia coli. Inicialmente, foram conduzidos o estudo de revisão das literatura sobre o mecanismo de ação de RecA na recombinação homóloga. Para a análise in silico de RecA foram adquiridas as sequências codificantes de DNA através da plataforma do NCBI (National Center for Biotechnology Information) (BENSON et al., 2014.) A sequência do gene recA proveniente de Escherichia coli MG1655 foi selecionada. Estas ORFs (open read frames) foram estudadas através de programas de bioinformática como ExPasy (Bioinformatics Resource Portal) de acordo com GASTEIGER, et al. 2003 para traduzir as sequências de DNA em aminoácidos. 3.2. Desenho do cassete de expressão do gene de recA. Para o desenho do cassete de expressão, primeiramente foram deletadas as sequências correspondentes aos sítios de enzimas de restrição da EcoRI, NcoI e PstI de acordo com o prefixo padrão de BioBricks (SHETTY et al. 2008) na sequência de recA, com auxílio de programas de bioinformática como NEBcutter V2.0 como descrito em VINCZE, et al. 2003, o qual mapeia sítios de restrição presentes na sequência submetida e EMBOSS Sixpack, que analisa as fases de códons, a fim de se deletar os sítios sem alterar as sequências originais de aminoácidos. Além disso, foi acrescentado um terminador de transcrição e sítios antes e depois da sequência codificante da RecA, a fim de se faciltar na clonagem. 3.3. Síntese química do cassete de expressão do gene que codifica RecA. A síntese química do cassete de expressão do gene da proteína RecA foi realizada pela empresa IDT - Integrated DNA Technologies - (Skokie, Illinois – EUA ) cedido aos times participantes da Competição Internacional de Engenharia de Sistemas Biológicos - International Genetically Engineered Machine Competition (iGEM), de acordo com o método primeiramente desenvolvido por KHORANA et al. em 1976. Após a síntese e confirmação da sequência através de sequenciamento, a empresa enviou o DNA liofilizado. 3.4. Linhagens celulares Neste projeto foram utilizadas as linhagens de Escherichia coli BL21DE3, DH5α, DH5α F’IQ, e MG1655 provenientes do banco de bactérias do Laboratório de 9 Tecnologia do DNA do Centro de Apoio Multidisciplinar (CAM) – Universidade Federal do Amazonas (UFAM). 3.5. Preparo de célula eletrocompetentes Uma colônia isolada das bactérias de cada linhagem foi inoculada em 20 mL de meio LB sem antibiótico e incubadas a 37°C com rotação a 150 rpm overnight. Em seguida, foi transferido 2,0 ml para 1L de meio LB sem antibiótico. Deixou-se crescer até atingir uma Densidade Ótica (OD) 600nm =0,7 (aproximadamente 5 horas a 150 rpm). Ao atingir a OD, o material foi centrifugado por 10 minutos a 4°C a 4000rpm, lavou-se o pellet com glicerol 12% gelado ressuspendendo com cuidado e centrifugado em 4°C a 4000 rpm durante 10 minutos, repetiu-se este processo 4 vezes. O pellet foi ressupendido em 1,5ml de glicerol 12% gelado. O material foi distribuído em microtubos estéreis de 100 µl e congelado rapidamente para estocar à - 80°C; 3.6. Clonagem em pUC19 do cassete de expressão do gene que codifica RecA. O DNA obtido da síntese foi ressuspendido em água deionizada na concentração de 10 ng/µL, de acordo com as instruções da empresa. Os fragmentos de DNA e vetores purificados foram quantificados pelo Kit da Quibit 2.0 Fluorometer, seguido as recomendações da empresa Invitrogen – Life Technologies. O fragmento de DNA dupla fita contendo a sequência de recA e o vetor de clonagem pUC 19 foram submetido a digestão com a incubação das enzimas SmaI e EcoRI com os tubos estoque na concentração de 20.000 unidades/ mL, da New England Biolabs de acordo com a tabela 1 e 2 a baixo: 10 Tabela 1: Sistema de digestão de pUC19 e recA com enzima SmaI. Controle (pUC 19) pUC 19 pUC 19 recA H2O 7.5µL 23µL 23µL 12.5µL Tampão 10x CutSmart 1µL 5µL 5µL 4µL DNA 1.5µL 20µL 20µL 20µL SmaI X 2µL 2µL 2µL Total 10µL 50µL 50µL 40µL Após 1h30min incubando à 25°C em banho-seco seguiu-se com a condução do protocolo descrito na tabela 2: Tabela 2: Sistema de digestão de pUC19 e recA com enzima EcoRI. Após mais uma hora de digestão, as amostras foram purificadas em colunas de purificação do Kit GE Healthcare para o volume final de 30µL. Em seguida, foi realizada a quantificação em Quibit das concentrações das amostras revelando que pUC19 estava com concentração de 20,5ng/µL e o cassete de recA com 1,61ng/µL.A partir desses dados foi calculada a quantidade necessária de cada amostra para se montar o sistema de ligação conforme a tabela 3: pUC 19 pUC19 recA Tp 10x 5.0µL 5.0µL 4.0µL EcoRI 2.0µL 2.0µL 2.0µL Total 7.0µL 7.0µL 6.0µL 11 Tabela 3: Sistema de ligação de pUC 19 e recA. recA Tp Ligase 10x 1.5µL DNA (pUC 19) 1µL DNA (gBlock 4) 11.5µL Ligase 1.5µL TOTAL 15.5µL A reação foi incubada durante 17 horas a 16°C e seguiu-se para a precipitação com 2 µL de glicogênio 20% 0,1V de NaCl 3 M e 2,5 de álcool 70% durante 6 horas. Em seguida foi centrifugado a 16.000g em 4°C durante 5 minutos e o sobrenadante removido para proceder com a lavagem do tubo com 1 mL de álcool 70%. Novamente, centrifugou-se a 16.000g em 4°C durante 10 minutos e o sobrenadante foi removido. Esperou-se secar o resíduo de álcool e se eluiu o material em 3µL de água deionizada. 3.7. Transformação por eletroporação. Antes do procedimento foram preparadas placas de petri contendo meio Luria Bertani e 100µL/mL de penicilina. Para transformação genética, as células eletrocompetentes congeladas juntamente com o DNA precipitado foram colocados no gelo durante 10 minutos, em seguida foram aplicados a volume dav precipitação na célula competente e aguardado 5 minutos no gelo. Passado este tempo, a solução foi passada para uma curveta de eletroporação, com o cuidado de não causar choque térmico, e acoplada ao eletroporador da Eppendorf onde recebeu uma carga elétrica de 1900 Volts. Para recuperação da célula, foi transferido o material eletroporado a um tubo eppendorf de 1,5mL contendo 500mL de meio Luria Bertani e incubado à 37°C durante 1 hora. Após a recuperação, as culturas foram plaqueadas em três placas de petri nas quantidades de 50µL, 100µL e 150µL da amostra, e colocadas na estufa a 37°C– overnight. Cada linhagem transformada foi destinada para processos diferentes. A cepa DH5α transformada foi destinada à extração plasmidial para futura 12 clonagem em vetor de pSB1C3, a MG1655 para teste de eficiência que será discutido mais posteriormente e DH5αF’IQ e BL21DE3 que foram destinadas para expressão da proteína. 3.8. Confirmação dos transformantes A partir das bactérias crescidas nas placas de petri, foram selecionadas colônias para extração plasmidial com o Kit de miniprep da GE Healthcare, recuperando-se 30µL. Em seguida, as amostras foram digeridas com EcoRI e PvuII com os tubos estoque na concentração de 20.000 unidades/ mL, da New England Biolabs, para confirmação da clonagem do cassete de expressão de RecA em pUC19. O sistema está esquematizado na tabela 4: Tabela 4: Sistema de Digestão para confirmação de clonagem Cassete de recA em pUC19 Controle Negativo EcoRI PvuII PvuII + EcoRI H2O 8.5µL 7.75µL 7.75µL 7.25µL Tp 2.1 10X 1µL 1µL 1µL 1µL DNA 0.5µL 0.75µL 0.75µL 0.75µL EcoRI - 0.5µL - 0.5µL PvuII - - 0.5µL 0.5µL Total 10µL 10µL 10µL 10µL 3.9. Indução de expressão da proteína RecA . No dia anterior ao da indução, foi feito o pré-inóculo das E. coli das linhagens BL21DE3 e DH5αF’IQ com o plasmídeo de expressão da RecA e as mesmas bactérias sem essa construção, que ficaram crescendo no agitador durante 16h. Após este tempo, foi realizada a transferência de 200µL de cada amostra para 6 tubos 13 contendo 2mL de meio Luria-Bertani. Os tubos destinados às bactérias transformantes foram quatro ao total, sendo duas para a cepa BL21DE3 e as outras duas para DH5αF’IQ, todas contendo 2µL de ampicilina. Nos outros dois tubos foram inoculados as outras células não transformantes. Após este processo, todos os tubos foram incubados no agitador a 37°C até atingirem a OD em 600nm de 0,6. Com o valor de OD atingida, foi acrescentado em cada tubo mais 1mL de meio LB contendo 1µL de ampicilina, onde em um dos tubos de cada grupo das bactérias transformadas foi acrescentado IPTG 1mM, e incubado novamente no shaker a 37°C durante 2,5 horas. Em seguida, 2mL do material foi centrifugado a 13.500 rpm 4°C durante 10 minutos para formação de pellet e retirado o sobrenadante para armazenagem do material a -20°C. 3.10. Visualização da proteína em gel de poliacrilamida SDS-PAGE 10%. O material congelado foi ressuspenso em tampão de amostra contendo Tris- HCl a 100mM pH 6,8 e 2% de SDS 10%. Após a eluição, as amostras foram submetidas ao sonicador Ecosonics com a potência em 20% de 1 pulso durante 5 segundos. Para quantificação das proteínas, foi utilizado o kit 2D Quant de acordo com o protocolo recomendado pela empresa. Os marcadores de quantificação foi o Soro de Albumina Bovina (BSA) para a escala 0, 10, 20 e 30 que também foram submetidos a estes processos. Esperou-se 20 minutos e as amostras foram lidas no espectrofotômetro da Thermo a 480nm e foram anotados suas respectivas valores de absorbâncias. Através dos dados obtidos, foi calculado a quantidade necessária para se aplicar x micrograma de proteínas totais no gel de poliacrilamida (SDS-PAGE 12%). Para a migração das proteínas foi utilizado uma tensão de 200v, e corrente elétrica 30mA no aparato de eletroforese da marca BioRad. Para a visualização, o gel foi coroado com Comassie-Blue R350 seguido de descoloração em solução descorante. O gel foi visualizado sendo analisado no digitalizador de gel Typhoon FLA 7000 da GE Healthcare. 14 4. Resultados e Discussões 4.1. Análise por ferramentas de bioinformática das sequências codificantes da RecA em diversas linhagens de Escherichia coli. A partir da análise de sequências codificantes da RecA proveniente de várias linhagens de E.coli verificou-se a elevada conservação das sequências primárias entre as diversas linhagens, como apresentado na figura 3. Figura 3: Porcentagem da composição dos resíduos de aminoácidos da proteína RecA em diversas cepas de bactéria E. coli. A composição dos resíduos de aminoácidos da proteína de RecA apresenta-se conservadas nas linhagens UMN026, O157H7, NRG857C, MG1655 e LY180 de E. coli. (Fonte: Foto modificada do aplicativo Mega). Os dados obtidos refletem o alto grau de conservação da sequência primária de recA devido a importância crucial da mesma nos processos de recombinação e reparo para a sobrevivência celular. A composição de recA está de acordo com o descrito em SANCAR et a.,1980. 4.2. Desenho do cassete de expressão do gene de recA. Para o desenho do cassete de expressão de RecA, a sequência codificante deste gene adquirido da plataforma NCBI usando-se a cepa de MG1655. Precisou ser redesenhado substituindo-se algumas sequências de sítios de enzimas de EcoRI e PstI os quais foram usados na estratégia posterior de clonagem. Este processo é possível graças à versatilidade que um mesmo aminoácido pode ser sintetizado por mais de um códon de nucleotídeos, podendo-se manipular desta forma qualquer sequência de interesse sem alterar a sequência primária da proteína como descrito em LEHNINGER et al. 2015. Em seguida foi acrescentado o terminador de transcrição forte L3S2P00 (CHEN et al. 2013) do repositório do iGEM após a sequência codificante de recA. Na 15 região montante (upstream) do cassete gene-terminador foi inserido as sequências correspondentes aos sítios de EcoRI, NotI e XbaI e na parte a jusante do cassete os sítios para NotI e PstI. Ao fim do desenho, o cassete completo apresentou uma extensão total de 1181 pares de bases .O desenho do cassete está representado na figura 4. Figura 4: Cassete de expressão de recA. No prefixo do cassete estão inseridos os sítios de digestão para as enzimas EcoRI, NotI e XbaI, após a sequência codificante foi inserido o terminador L3S2P00, seguido dos sítios de digestão correspondente à de NotI e PstI (Modificado da Wiki iGEM Team:Amazonas_Brazil). Ovetor pUC19 possui 2686 pares de base e inclui a sequência gênica LacZ flanqueada por vários sítios alvos de enzima restrição como descrito no GenBank, o que facilita a confirmação dos recombinantes. O mapa de enzimas de restrições do vetor pUC19 é apresentado na figura 5. 16 Figura 5: Mapa de restrição pUC19. Tamanho do vetor e mapa de todos os sítios de restrição contidas no vetor de pUC19, sendo EcoRI e SmaI inseridas na sequência de LacZ (Fonte: figura obtida do site da New England Biolabs). 4.3. Síntese química do cassete de expressão do gene que codifica RecA. Após o envio do pedido de síntese, foi necessárias o aguardo de 4 semanas para a chegada do material. Durante esse período foram feitas revisões bibliográficas e organização dos reagentes como o preparo de células eletrocompetentes DH5a necessários à próxima etapa do desenvolvimento do projeto. 4.4. Clonagem em pUC19 do cassete de expressão do gene que codifica RecA. O vetor pUC19 possui cerca de 2686 pares de base enquanto o cassete de expressão do gene que codifica RecA possui 1181pb. Na primeira digestão com enzimas de restrição, o vetor (pUC19) liberou um fragmento de 16 pares de bases e ficou linear e contendo uma ponta colante para o sítio de EcoRI e uma abrupta para 17 SmaI, enquanto o inserto (cassete de expressão de recA) apenas teve seu sítio de EcoRI clivado. Após a ligação destes dois segmentos, o sítio de EcoRI foi restaurado na nova clonagem enquanto SmaI virou uma cicatriz no novo plasmídeo. A clonagem do cassete de expressão de recA em pUC 19 utilizando-se as enzimas de restrição foi realizada com êxito, como o observado na corrida eletroforética das amostras digeridas (figura 6). Figura 6: Gel de eletroforese das amostras da digestão enzimática para a confirmação de clonagem. 1 e 2 são resultados de outras construções do projeto de vetor único. a) legenda da relação do tamanho do fragmento em pares de base com a distância corrida no gel; b) o marcador de 1kb; c) vetor pUC19 contendo o cassete de RecA sem enzima; d) vetor pUC19 contendo o cassete de RecA digerido apenas com a enzima EcoRI; e) vetor pUC19 contendo o cassete de RecA digerido apenas com a enzima com PvuII; f) vetor pUC19 contendo o cassete de RecA digerido com EcoRI e PvuII. O resultado da eletroforese em gel de agarose das amostras submetidas à digestão permitiu observar que em “c”, não submetido a digestão, o DNA plasmidial obteve várias conformações uma vez que se encontrava circular. Em “d”, com a banda em um tamanho de sequência superior à 3kb encontra-se o plasmídeo em sua forma linear devido ao único sítio de EcoRI presente no vetor, confirmando seu tamanho de 3851 pb. Já em “e”, com o corte com PvuII, o qual apresenta dois sítios em pUC19, houve a liberação de dois fragmentos, um de 1502 pares de base, sendo o inserto e outro maior, o vetor, com cerca de 2348 pb. E por fim “f”, em que houve dupla digestão com EcoRI e PvuII, também houve a liberação de dois fragmentos também na mesma faixa de pares de base, sendo o inserto com 1403pb e o vetor 18 2348pb, confirmando a clonagem do gene recA em pUC19. A identificação “gblock4” para o cassete de expressão da RecA, distingue esta peça de outras construções proposta pelo vetor único de clonagem. 4.5. Indução da proteína RecA e visualização em gel de poliacrilamida SDS-PAGE 10%. Através da ferramentas de bioinformática Expasy, calculou-se o peso molecular da proteína RecA recombinante corresponderia a 37,98 kDa que vai de acordo com o descrito no artigo de SANCAR et al. 1980. O gel de poliacrilamida realizado dos extratos bacteriano expressando e induzindo a proteína RecA é apresentado na figura 7. Figura 7: SDS_PAGE dos extratos bacterianos não transformados e trasnsformados com a construção.: A) legenda do marcador de peso molecular (kDa); B) Marcador de peso molecular; C) proteínas da amostra da cepa BL21DE3 não transformada e tratada com IPTG; D) proteínas da amostra da cepa BL21DE3 com o plasmídeo de RecA sem indução por IPTG; E) proteínas da amostra da cepa BL21DE3 com o plasmídeo de RecA e induzido por IPTG; F) proteínas da amostra da cepa DH5αF’IQ sem o plasmídeo de RecA e tratada com IPTG; G) proteínas da amostra da cepa DH5αF’IQ com o plasmídeo de RecA e sem indução por IPTG; H) proteínas da amostra da cepa DH5αF’IQ com o plasmídeo de RecA e induzido por IPTG. As bandas proteícas abaixo da linha laranja foram analisadas, uma vez que e correspondem ao peso molecular da proteína recombinante. Como observado em “C”, o extrato protéico de bactérias BL21 não trasnfromadas mas tratadas com IPTG, não apresentou expressão da banda de proteína. Entretanto, como esperado em “D” e “E”, bactérias transformadas com o plasmídeo apresentaram a expressão da proteína 19 RecA. Tal expressão ocorre mesmo sem a adição do indutor “D” devido ao vazamento natural que o promotor Lac possui, contudo a expressão foi mais baixa que apresentada pelas bactérias transformadas e induzidas com IPTG “E”. Para a cepa DH5αF’IQ, observa-se em “F”, bandas de proteínas endógenas no tamanho da proteína RecA. Contudo, observa-se um conteúdo superior de proteínas com peso molecular correspondente superior nas amostras “G” e “H”, nas quais o extrato consiste de bactérias transformadas com o plasmídeo de RecA. As bandas visualizadas na canaleta “G” parecem indicar um perfil de expressão de RecA em função de um possível vazamento da expressão. Na canaleta correspondente a amostra induzida com IPTG- “H” verifica-se que todo o perfil eletroforético desse grupo está proporcionalmente mais fraco do que os outros dois grupos, provavelmente por um erro de pipetagem. Considerando essa questão, o perfil da amostra parece indicar a indução e expressão de RecA também na cepa DH5αF’IQ, Sendo assim, nossos resultados parecem indicar a expressão e indução da proteína RecA, como também apresentado em ZHAO et al. 2016. 5. Conclusão No presente projeto, os objetivos propostos referentes ao desenho da sequência gênica, a clonagem e expressão da proteína recombinase RecA foram alcançados. A partir destes resultados, poderemos prosseguir para a construção de um vetor único de clonagem baseado em CRISPR-Cas9 visando facilitar o processo de clonagem, e assim diminuir o tempo da aplicação desta técnica em laboratório. 6. Referências BENSON DA1, CLARK K, KARSCH-MIZRACHI I, LIPMAN DJ, OSTELL J, SAYERS EW. 2014. GenBank. Nucleic Acids Research. 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Cronograma Nº Descrição Ago 2017 Set Out Nov Dez Jan 2018 Fev Mar Abr Mai Jun Jul 1 Revisão de Literatura OK OK OK OK OK OK OK OK OK OK OK OK 2 Análise in silico das ORFs de RecA de diversas linhagens de Escherichia coli; OK OK OK 3 Desenho e síntese química do cassete de expressão do gene RecA; OK OK OK 4 Confecção do relatório parcial do projeto de iniciação científica OK OK 5 Indução e avaliação da expressão de RecA recombinante OK OK 6 Subclonagem e fusões gênicas dos cassete de expressão de RecA e do gene que codifica a proteína GFP (Green Fluorescent Protein) no vetor único de sistema CRISPR- Cas9; OK OK OK 7 Avaliação da eficiência da recombinação homóloga catalisada pela RecA através da inserção do gene repórter Green Fluorescent Protein (GFP) em genoma de E. coli utilizando o maquinário CRISPR-Cas9. OK OK OK 8 Confecção de um manuscrito de revisão da metodologia de CRISPR-CAS9 e resumos para submissão em congressos científicos da área. OK OK 9 - Elaboração do Resumo e Relatório Final (atividade obrigatória) - Preparação da Apresentação Final para o Congresso (atividade obrigatória) OK OK Formulario Relatorio Final_IC_ PIBIC_Juliana Relatorio final juliana_final