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Retina I ________________________________________________________________ Anatomia: - A retina está situada imediatamente posterior ao corpo vítreo e a frente do coróide - Como a retina é uma estrutura muito posterior, não é possível examiná-la a olho nu - Para isso, lança-se mão de algumas estratégias: • O primeiro passo para estudar a retina é dilatar a pupila • Oftalmoscópio unilocular direto: é o aparelho mais simples para avaliar retina • Oftalmoscópio binocular indireto (OBI): permite ao avaliador realizar o exame com os dois olhos abertos, fornecendo uma melhor noção de profundidade - Na retina, é possível visualizar: • Nervo óptico • Mácula • Fóvea: não possui nenhum vaso sanguíneo cruzando, uma vez que é a região de melhor acuidade visual (sua vascularização vem do coróide) • Vasos mais escuros e mais largos: veias • Vasos mais claros e delgados: artérias • Obs: a grande limitação desse tipo de exame é a não visualização da periferia da retina - Optomap®: • Exame que possibilita visualizar a extrema periferia da retina • Permite visualizar com facilidade o descolamento da retina ________________________________________________________________ Cones e Bastonetes: - 120 milhões de bastonetes —> sensíveis a luz (visão de escuro) e de baixo detalhe - 6 milhões de cones —> visão de cores e detalhes - A distribuição de cones e bastonetes não é homogênea em toda a retina: • Fóvea: densa concentração de cones. Não existem bastonetes • Restante da retina: grande concentração de bastonetes e baixa concentração de cones ________________________________________________________________ Respostas da Retina: - Sistema Fotópico (Adaptado à luz): • Realizado pelos cones • Pigmento: opsinas • Existem 3 tipos de opsinas (tricromatas): • Red (pico máximo de comprimento de onda = 564nm) • Green (pico máximo de comprimento de onda = 533nm) • Blue (pico máximo de comprimento de onda = 437nm/ausentes no centro da fóvea) • Com apenas 3 tipos de pigmento, o ser humano consegue visualizar cerca de 10 milhões de cores • Sensibilidade ao contraste, cores e detalhes • Unidirecional • Ordem de prevalência: vermelho > verde > azul - Sistema Escotópico (Adaptado ao escuro): • Realizado pelos bastonetes • Pigmento: rodopsina (pico máximo de comprimento de onda = 498nm) • Percebe 1 (um) fóton de luz • Convergência de vários bastonetes para uma células bipolar • Percebe luminância • Ausente na fóvea ________________________________________________________________ Exames para Testar a Retina: - Teste da acuidade visual: • É um teste muito simples • Não é muito bom para avaliar retina • Avalia a região da fóvea (sistema de cones), por isso, pode não revelar doenças que ocorrem na periferia - Teste da sensibilidade ao constraste: • Tabelas com diferentes níveis de contraste em que o paciente deve informar até onde ele enxerga • Também só avalia a região da fóvea - Teste da visão de cores: • O teste de visão de cores mais famoso é o Teste de Ishihara • Avalia se o paciente possui todas as opsinas (pigmentos dos cones) funcionantes - Teste de confrontação visual: • Examinador tampa seu próprio olho e o paciente tampa o olho contralateral • Testa o campo periférico do paciente • É um teste rudimentar mas já consegue avaliar algumas desordens da periferia - Teste de campo visual computadorizado: • Quando o paciente percebe a luz ele deve apertar um botão. Dessa forma, o computador faz um mapeamento da retina do paciente. • Mancha cega = região da cabeça do nervo óptico; é o chamado ponto cego - Microperimetria: • Câmera infravermelha que monitora o movimento ocular dos pacientes • Através de um sistema de rastreio, realizado o padrão dos vasos da retina - Eletrofisiologia ocular: • Paciente fica olhando para uma projeção em uma tela • Essa projeção na tela desencadeia um estímulo elétrico na retina, que é transmitido para a pele do paciente • Eletrodos colocados na pele irão perceber esse estímulo • Útil em doenças como glaucoma, diabetes e pacientes com uma opacidade ocular muito grande - Tomografia de retina: • Permite visualizar a histologia da retina a partir da luz • É um dos exames mais importantes e revolucionários no estudo da retina - Angiografia da retina: • Utiliza da injeção de contraste de fluoresceína • Permite avaliar a parte vascular da retina • É um exame um pouco menos moderno - Angiotomografia da retina: • Analisa a movimentação de hemácias na retina, criando uma mapa vascular • Permite avaliar a parte vascular da retina sem o uso do contraste, substituindo a angiografia - Ecografia ocular: • US que permite avaliar a anatomia da retina • Mais utilizada em pacientes com alguma alteração do segmento anterior do olho, em que não é possível usar exames que dependem da passagem da luz Retina II ________________________________________________________________ Retinografia: - É uma “fotografia da retina” - Todos os meios do olho (córnea, cristalino e vítreo) devem estar transparentes para um bom exame da retina. Por isso, catarata, ceratocone, entre outros, muitas vezes impedem a avaliação de fundo de olho - Movimentos oculares patológicos, como o nistagmo, também podem prejudicar a retinografia - Existem diferentes tipos de exames para avaliar a retina, no entanto, na maioria das vezes um único aparelho realiza todos esses exames (utilizando diferentes filtros de cor para cada exame) - Existem 2 técnicas: • Oftalmoscopia utilizando uma câmera: • É como se fosse uma fotografia normal • Oftalmoscopia utilizando laser de varredura (SLO): • Utiliza um comprimento de onda específico e ilumina pontos específicos da retina, fazendo uma mapeamento • Vantagens: • Permite avaliar pupilas pequenas • Maior velocidade • Melhor resolução • Atravessa melhor opacidade • Variados comprimentos de onda para estudar variadas camadas da retina Retinografia Colorida: - É uma “foto” da retina - A porção medial é denominada retina nasal e a porção lateral é denominada retina temporal - Os vasos da retina não são facilmente visualizados nesse filtro Retinografia Red Free: - Utiliza um filtro específico que elimina o comprimento de onda da luz vermelha - Melhor opção para visualizar os vasos retinianos - Útil em lesões da córoide e epitélio pigmentar da retina (EPR) Retinografia autofluorescente: - Utiliza um comprimento de onda específico para captar a fluorescência de estruturas da retina - Objetivo: avaliar o estado metabólito do epitélio pigmentar da retina (EPR) - A fluorescência é uma propriedade que certos corpos possuem de emitir luz ao receberem uma radiação - Existem 2 substâncias na retina que possuem a propriedade de fluorescência: • Lipofuccina • Melanina - A retina é uma estrutura nobre do corpo e, por isso, possui uma barreira hematorretiniana (que é formada internamento pelos vasos e externamente pelo epitélio pigmentar da retina) - Por isso é muito importante avaliar o EPR - Não há necessidade de injetar contraste - As regiões da retina podem ser dividas por cor em: • Hiperautofluorescente • Isoautofluorescente • Hipoautofluorescente Angiografia com fluoresceína: - Utiliza corante endovenoso - Primeiro as artérias são visualizadas e depois as veias - 33 segundos é a média de enchimento total Angiografia com indocianina verde: - Utiliza corante com iodo endovenoso - O corante indocianinia verde é diferente da fluoresceína pois se liga na albumina, o que dificulta com que ele se ligue diretamente na retina - Avalia o fluxo sanguíneo na coróide Retina III ________________________________________________________________ Descolamento de Retina: - Existem 3 tipos básicos de descolamento de retina: 1. Regmatogênico: • Rotura (descontinuidade) da retina que permite que o líquido do corpo vítreoacesse o espaço subretiniano • É o tipo mais comum • Tratamento cirúrgico 2. Tracional: • Comum em pacientes diabéticos e com oclusão de ramos venosos • Há proliferação de tecido fibrótico e elástico para o centro do globo ocular • Essa fibrose faz com que a retina seja tracionada, descolando-a • Tratamento cirúrgico 3. Seroso: • Ocorre em pacientes com inflamação intraocular (ex: tuberculose) • O epitélio pigmentar da retina está acometido, causando acúmulo de líquido no espaço subretiniano • Também pode ocorrer em pacientes com metástase para a coróide • É importante tratar a doença de base ________________________________________________________________ Descolamento de Retina Regmatogênico: - Existem 3 condições para que um descolamento regmatogênico ocorra: 1. Rotura da retina 2. Vítreo liquefeito 3. Tração na borda da retina - Lesões que podem predispor o descolamento: • Degeneração lattice (malformação que causa adelgaçamento da retina) • Roturas retinianas - Quando há rotura mas não existe descolamento total da retina pode-se optar por uma tratamento ambulatorial com “laser de barragem” - Retinografia mostrando um descolamento de retina importante: - Os descolamentos podem ser classificados em: • Com comprometimento macular: • Quadro mais grave e com alta chance de sequela • Deve ser operado em até 3 dias • Sem comprometimento macular: • É uma emergência oftalmológica • Deve ser operado em no máximo 24h para evitar que atinja a mácula - Quadro Clínico: • Floaters (pontos pretos que o paciente observa) — indica início da liquefação do corpo vítreo • Pontos de opacidade na fundoscopia — com a progressão da liquefação do vítreo • Não há dor - Fatores de Risco: • Sexo masculino • Miopia > 3 • Degeneração lattice • Roturas retinianas • Cirurgia ocular prévia • Trauma ocular • Desaceleração brusca • Histórico de inflamação ocular (principalmente necrose ocular aguda) • Descolamento prévio no olho contralateral ________________________________________________________________ Diagnóstico: - Mapeamento de retina (identifica a localização e extensão da rotura) - Retinografia de grande angular - Ecografia ocular (principalmente quando há opacidade dos meios transparentes do olho) ________________________________________________________________ Tratamento: - Opções cirúrgicas: 1. Retinopexia Pneumática: • Injeção de gás intraocular • Indicações: • Localização superior • Tamanho não maior que 1h do relógio • Sem glaucoma severo • Capacidade de manter a cabeça em uma posição específica: essa posição leva o gás para a região superior • Meios transparentes do olho não opacificados (paciente que nunca operou a catarata) 2. Retinopexia Primária: • Insere-se uma faixa de silicone ao redor dos músculos extra-oculares na intenção de diminuir o tamanho do globo ocular • Com essa diminuição de tamanho, há uma aproximação da esclera com a retina • Isso permite o posterior tratamento ambulatorial com laser, drenagem ou tratamento com gás • A principal desvantagem é que com a compressão há alteração do comprimento ocular e, consequentemente, alteração da refração (miopia) 3. Vitrectomia via pars plana: • Utiliza um sistema de visualização 3D • É como se fosse uma “videolaparoscopia do olho” • Cirurgia altamente refinada