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Livro-Texto - Unidade II Fundamentos de Ecologia - Ecossistema e Biodiversidade (uni gestão ambiental)

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Unidade II
Sistemas ecológicos: ecossistemas
Viemos discutindo que ecossistema ou sistema ecológico estuda a interação entre organismos e 
meio físico, destacando o fluxo de energia e matéria entre as partes. Isso quer dizer que apenas florestas, 
grandes jardins ou grandes massas de água como um rio ou um oceano podem servir como ecossistemas? 
Uma bromélia pode ser considerada um ecossistema? E a pele humana? É possível imaginar trocas de 
energia e matéria entre fatores bióticos e abióticos de locais tão específicos e improváveis? Você já 
consegue ver o mundo de forma diferente? Consegue analisar uma aranha em sua teia e saber que ela 
vive naquele local porque é um meio que oferece condições propícias à sua sobrevivência, observá-la 
capturando um pequeno inseto voador, admirarando a relação de predação que se instalou, e imaginar 
que apenas 10% daquele inseto será realmente incorporado pela aranha? 
A Ecologia pode ser definida como a economia da natureza, pois as relações mantidas entre as 
várias espécies e o meio em que habitam otimizam a economia do sistema. Aproveitar apenas 10% da 
alimentação pode parecer pouco, mas é uma distribuição econômica, uma vez que todos os subprodutos 
gerados constituem matéria-prima para a atividade de outros seres vivos, com a mínima perda de 
energia e de nutrientes. Um organismo isolado não realiza trocas. À medida que se instala uma cadeia 
trófica, uma teia alimentar, percebemos as inter-relações intra e interespecíficas e sua distribuição no 
espaço, conforme as variações do meio físico, como fatores climáticos e edáficos (solo). Um ecossistema 
pode ser considerado uma unidade funcional, onde organismos autótrofos e heterótrofos são capazes 
de realizar transformações com utilização eficiente de energia e obtenção e reciclagem dos nutrientes 
ofertados no meio ambiente. Podemos definir as dimensões de um ecossistema?
As dimensões de um ecossistema não são definidas, pode-se analisá-lo em escalar maiores ou 
menores. Na pele, por exemplo, temos uma superfície irregular, orifícios como as glândulas sebáceas 
e folículos pilosos que eliminam secreções, como suor (rico em sais) e gordura; ela possui queratina, 
que serve de camada protetora e também é uma fonte de aminoácidos. Seu clima é agradavelmente 
quente e úmido, e todos esses fatores propiciam a existência e proliferação de bactérias, fungos, 
vírus e até certa espécie de ácaro, o Demodex folliculorum, vulgarmente conhecido como cravo. Uma 
bromélia mantém um receptáculo formado por suas folhas onde fica água acumulada, permitindo o 
desenvolvimento de microalgas fotossintetizantes, seguida por uma complexa fauna de protozoários e 
pequenos invertebrados. Mas, existem ecossistemas formados artificialmente? Podemos considerar um 
aquário como um ecossistema?
O que deve ser levado em conta? Quais os princípios gerais gerem um ecossistema, você se lembra? 
Pode enumerá-los?
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FUNDAMENTOS DE ECOLOGIA: ECOSSISTEMA E BIODIVERSIDADE
3 PRINCÍPIOS GERAIS
Dentro de um ecossistema encontramos os fatores bióticos e abióticos. Os seres vivos compõem a 
parte biótica do ecossistema e possuem características básicas como a organização, desde organismos 
microscópicos e unicelulares aos mais complexos e de grande porte, incluindo: todas as formas 
vegetais com sua capacidade fotossintética; a excitabilidade ou capacidade de responder a estímulos; 
o metabolismo, agrupando todas as reações químicas necessárias à manutenção das necessidades 
fisiológicas do organismo; e a reprodução, que garante a formação de descendentes com as mesmas 
características genéticas, mantendo assim a espécie ao longo do tempo.
Entre os fatores abióticos, encontramos os ecológicos, as condições ambientais que favorecem a 
sobrevivência dos seres vivos. Podem ser determinantes climáticos, como luminosidade, temperatura, 
pluviosidade, ventos, umidade do ar e fatores edáficos, referentes ao solo, como estrutura, pH, nutrientes, 
permeabilidade e capacidade de retenção de água. Quando nos referimos aos ecossistemas, pensamos 
em situações naturais como rios, florestas, bosques, etc. Porém, com o advento da humanidade e sua 
capacidade de modulação da natureza, percebemos a existência de ecossistemas artificiais, como 
aquários, plantações, açudes etc., que não existiriam naturalmente, mas que ainda assim podem 
demonstrar as inter-relações entre seres vivos e meio físico. 
Dentro dos ecossistemas naturais, identificamos duas grandes vertentes: os ecossistemas terrestres 
e os aquáticos. Quando um ecossistema está em equilíbrio, existe um fluxo de energia e materiais que 
são estabilizados por um mecanismo de retroalimentação, o que chamamos de mecanismo de feedback. 
Temos um exemplo desse mecanismo quando um predador se multiplica demasiadamente, a ponto 
de competir entre si pela caça de suas presas – o alimento é um fator limitante para manutenção do 
número de indivíduos dentro daquele ambiente. A escassez de recursos provoca mortalidade dentro 
da população e com o aumento da taxa de emigração, a população de predadores entra em declínio 
e formam-se condições para que a população de presas se recupere. Com maior oferta de alimento, a 
população de predadores volta a crescer e, assim, sucessivamente, ocorre um equilíbrio dinâmico. 
Um ecossistema autossuficiente precisa possuir componentes como produtores (vegetais 
fotossintetizantes), consumidores (herbívoros e carnívoros), decompositores (recicladores) e um 
ambiente físico para fornecer minerais, água e luz solar. 
Você entende agora que esses princípios se aplicam tanto para ecossistemas naturais quanto 
artificiais? Sejam terrestres ou aquáticos?
3.1 Ecossistemas terrestres 
Quais os componentes básicos de um ecossistema terrestre? 
O solo, o clima e a vegetação são componentes básicos da organização dos ecossistemas terrestres. 
O solo apresenta-se como uma fina cobertura sobre o planeta, formado por uma complexa mistura 
de rochas erodidas, nutrientes minerais, matéria orgânica em decomposição, água, ar e milhões de 
organismos e microrganismos vivos. 
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Você conhece a origem do solo da região em que você mora? Você sabia que é possível classificá-lo?
É um recurso de lenta renovação, depósitos de milhões de anos dispostos em camadas que 
denominamos de horizontes do solo, com textura e composição própria, formando diferentes tipos. 
Podemos identificar no solo, os horizontes zero, A, B, C e R. A camada superior ou horizonte zero é 
a camada de serapilheira, formada principalmente por ramos, folhas, resíduos de plantas, animais e 
fungos, materiais que ainda não foram decompostos (geralmente possui coloração marrom ou preta). 
A seguir, encontramos o horizonte A, camada superficial, composta por matéria orgânica em 
decomposição; o chamado húmus é uma camada porosa rica em nutrientes, minerais inorgânicos, um 
solo fértil, que facilita a infiltração da água da chuva. As raízes da maioria das plantas estão concentradas 
nas duas camadas superiores. 
O horizonte B apresenta uma concentração maior de minerais, pouca matéria orgânica e algumas 
raízes mais profundas. Enquanto o horizonte C, apresenta uma camada mineral pouco alterada com 
muitas rochas fragmentadas. E, finalmente, o horizonte R é composto pela rocha matriz que deu 
origem ao solo.
E você pode supor por que existem colorações diferentes em solos de regiões distintas?
Exatamente pela sua origem e granulação. Solos ricos em húmus possuem coloração mais escura, 
solos de origem vulcânica costumam ser mais avermelhados e solos arenosos são mais claros. Quanto à 
granulação, solos argilosos possuem grãos menores enquantosolos arenosos são mais permeáveis, pois 
possuem em sua composição, grãos maiores.
A vegetação ajuda na estrutura, retendo o solo entre as raízes e facilitando a retenção de água. A 
umidade do solo favorece ainda a sobrevivência de milhões de espécies de bactérias, fungos, pequenos 
insetos e anelídeos, como as minhocas.
O solo também varia conforme seu conteúdo de argila (partículas muito finas), silte (partículas finas), 
areia (partículas medianas) e cascalho (partículas grandes ou muito grandes). Temos, por exemplo, o solo 
de florestas de clima úmido, o solo de campos de clima semiárido e o solo desértico de clima quente. 
O conjunto dos diferentes horizontes que compõem um solo forma o chamado perfil do solo. 
Baseados na coloração da camada superior, os agricultores adéquam suas plantações: o solo 
escuro, marrom ou preto é rico em nitrogênio e matéria orgânica, ótimo para o cultivo; já os solos 
de superfície marrom clara, amarela e vermelha são pobres em matéria orgânica e precisam de 
enriquecimento por nitrogênio. Em alguns casos, é necessário corrigir o pH (taxa de acidez) dos 
solos – um solo muito ácido dificulta a fixação do nitrogênio pelas bactérias nitrificantes, o ideal 
é que o pH gire em torno de 6,5.
O solo é um produto de clima e vegetação. A partir de uma rocha-mãe favorável e uma topografia 
com pouca inclinação, a ação dos organismos e do clima exerce uma tendência a modular os 
componentes, construindo um solo com características próprias para cada região. A análise do 
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perfil do solo mostra que locais de topografia plana ou ligeiramente ondulada têm um solo maduro, 
enquanto locais com topografia irregular, infiltração inconstante e rocha-mãe em transformação são 
considerados solos imaturos. 
Até o momento, não há um acordo de como medir a qualidade de um solo. No entanto, a maioria 
dos ecólogos leva em consideração a variedade de nutrientes disponíveis, a textura, a diversidade de 
animais, insetos e microrganismos encontrados, os fixadores de nitrogênio, a erosão e a lixiviação.
Nos ecossistemas terrestres, a regeneração dos nutrientes ocorre no solo e a disponibilização de 
novos alimentos pelas rochas é um processo que ocorre lentamente. Em paralelo, temos a atividade de 
assimilação dos nutrientes pelos vegetais ocorrendo de forma muito mais acelerada. A produtividade 
primária depende amplamente da camada superficial, da serapilheira, da decomposição de detritos 
orgânicos e de ação das bactérias na ciclagem dos nutrientes.
A tríade solo, clima e vegetação se inter-relacionam, com um parâmetro interferindo no outro. O 
clima de cada região é determinado pelos padrões globais de movimento do ar e da água, pelos gases 
da atmosfera e pela radiação solar (a quantidade de energia recebida). 
A incidência dos raios solares no planeta é influenciada pela latitude. A latitude é um referencial 
geográfico que divide o planeta horizontalmente de zero a 90 graus para norte ou para sul, a partir 
da linha imaginária do Equador, considerado latitude zero. A partir dele, temos ao norte o Trópico 
de Câncer (latitude de 23 graus, 27 minutos e 30 segundos ao norte do Equador) e o Círculo Polar 
Ártico, e ao sul o Trópico de Capricórnio e o Círculo Polar Antártico. As regiões delimitadas pela 
latitude recebem intensidades diferentes de energia solar. No Equador, o ângulo de incidência dos raios 
solares é praticamente perpendicular ao planeta, a espessura da atmosfera atravessada é menor e o 
aproveitamento da energia é maior; é uma região mais quente, que recebe muita energia, tem alto 
índice de pluviosidade e um altíssimo grau de diversificação das formas de vida.
Círculo Polar Ártico
Latitude 66º 32’30” N
Círculo Polar Antártico
Latitude 66º 32’30” S
Equador
Latitude 0º
Raios 
solares
Equador
Atmosfera
Trópico de Câncer
Latitude 23º 27’30” N
Trópico de Capricórnio
Latitude 23º 27’30” S
Figura 16 – Influência da latitude na incidência solar
À medida que nos afastamos da linha do Equador para norte ou sul, o ângulo de incidência dos raios 
solares vai variando e a espessura da camada atmosférica que a radiação precisa atravessar para incidir 
no solo é maior. Nos trópicos, temos um clima temperado, mais ameno que na linha do Equador, e a 
pluviosidade é menor. Nas extremas regiões do planeta, nos polos, a temperatura é muito baixa, os raios 
solares percorrem uma distância muito maior para incidirem. 
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As diferentes latitudes apresentam variações na umidade do ar, ventos, na pluviosidade e na 
quantidade de energia solar recebida. Em geral, o clima da terra tende a ser frio e seco em direção dos 
polos e quente e úmido em direção ao Equador. 
Os ciclos periódicos no clima seguem ciclos astronômicos: a rotação da Terra sobre seu eixo causa 
a periodicidade diária (dia/noite), a rotação da Lua ao redor da Terra cria os ciclos lunares e suas 
interferências nas marés e a rotação da Terra ao redor do sol cria as mudanças de estação. Conforme 
essas condições, ocorre a distribuição de diferentes tipos de vegetações e das mais variadas espécies de 
seres vivos, criando características distintas que veremos na discussão sobre biomas. 
3.2 Ecossistemas aquáticos (marinho, água doce e manguezal)
Você já se perguntou por que o oceano visto do espaço é azul? E por que olhando daqui da superfície 
da Terra ele pode ser azul, verde e até cinzento? Na verdade, dentro do espectro de luz solar, a luz azul 
não é absorvida pela água e as outras cores vão sumindo com a profundidade. Com seis metros de 
profundidade paramos de perceber a cor vermelha, aos 15 metros a amarela, até chegar a um ponto 
onde só se enxerga a cor azul que refletiu. Quanto à presença de outros materiais, deve-se lembrar de 
que a água é incolor e, quando percebemos a cor azul, significa que não há material em suspensão. 
Muitas vezes, identificamos uma cor esverdeada no mar, indicando que o local é rico em organismos 
fotossintetizantes. Quando ocorre muito material particulado ou lixiviado do solo, identificamos uma 
cor amarelada, marrom ou acinzentada.
A distribuição dos ecossistemas aquáticos é muito diferente do terrestre. Não é possível, por exemplo, 
determinar uma vegetação que se desenvolva em um determinado clima. Nos ecossistemas aquáticos, 
os produtores primários são algas unicelulares, seres microscópicos que não formam uma estrutura 
característica que se identifique como vegetação. E como fica a composição básica de um ecossistema 
aquático? São os mesmos parâmetros para a água doce e o ambiente marinho?
A classificação dos ecossistemas aquáticos baseia-se em características físicas como salinidade, 
movimentação da água e profundidade. 
Ambientes aquáticos são substratos que apresentam movimentação tanto vertical como horizontal; 
a pressão aumenta regularmente com a profundidade: a cada dez metros há adição de uma atmosfera 
(ATM), aproximadamente 1Kg/cm2. Para exemplificar melhor, a uma profundidade de um quilômetro a 
pressão da água é de cerca de uma tonelada. 
Os ecossistemas aquáticos podem se diferenciar em ambientes marinhos e de água doce 
(oceanos, estuários, águas correntes e lagos), e os organismos que vivem em meio aquático são 
classificados como planctônicos – os seres de vida livre, que podem ser o fitoplâncton (organismos 
fotossintetizantes) e o zooplâncton (animais heterotróficos) – e bentônicos (animais do fundo do 
mar sésseis e de vida livre). 
Entre as características principais do ecossistema marinho ou talassociclo está a salinidade. Os 
oceanos cobrem a maior parte da superfície do planeta. Nesse ambiente, encontramos uma concentração 
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de sais que gira em torno de 35 gramas por litro de água. Na verdade, seria mais correto dizer 35 partes 
por milhão, sendo que o sódio (Na+) e o cloreto (Cl-) são os dois sais que predominam. O nível da água 
do mar passa por alterações, é o que chamamos de marés, que sofrem influência da proximidade da 
Lua em relação à Terra, determinando a maré baixa e a maré cheia. Os ambientes marinhos apresentam 
diferenças de temperatura e luminosidade: à medida que a profundidade aumenta, as diferenças formam 
verdadeiros estratos na coluna de água, requerendo adaptações dos organismos vivos em cada situação 
em particular. 
As diferenças de profundidade que influenciam na capacidade de entrada de luz dividem os 
ecossistemas marinhos em zonas, onde podemos identificar a plataforma continental, composta 
pelo litoral e pela zona nerítica, e a zona oceânica. Na zona de litoral, onde ocorre a variação de 
marés, alternadamente exposta ao ar e recoberta pela água, apesar de haver uma ótima situação 
quanto aos nutrientes e taxa de oxigênio, animais e plantas têm muita dificuldade de viver, devido 
à incessante movimentação das ondas. A zona nerítica abrange águas rasas, até duzentos metros, 
e, portanto, recebe luz em toda a sua profundidade; há abundância de seres vivos e fitoplâncton, 
apresenta variações de temperatura conforme as estações do ano e diferenças de salinidade conforme 
a quantidade de chuvas e de desembocaduras de rios (entrada de água doce), estendendo-se até o 
limite da plataforma continental.
A zona oceânica está além da plataforma continental, onde o fundo do mar cai a grandes 
profundidades e identificamos uma estratificação vertical devido à quantidade de oxigênio disponível. 
A zona que recebe luz solar (duzentos metros) ou zona fótica mantém organismos capazes de realizar 
fotossíntese; a zona afótica, com presença apenas de predadores e organismos saprófagos, se estende 
até os abismos oceânicos. É uma água uniformemente fria e calma, permanentemente escura, que 
possui pouco alimento e na qual os organismos aproveitam ao máximo suas oportunidades.
Plataforma 
continental
Zona
fótica
Zona
litoral
Zona
nerítica
Zona
afótica
Zona
bentônica
Zona oceânica
Figura 17 – Zonas ecológicas no oceano
O fundo do mar, abaixo da zona oceânica, constitui a zona bentônica, onde vivem organismos em 
meio lodoso; alguns se locomovem horizontalmente, outros são sésseis.
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Nos oceanos, há uma tendência natural dos nutrientes sedimentarem, atravessarem a coluna 
de água e se depositarem no fundo. Sua regeneração é muito lenta. As algas e plantas aquáticas 
assimilam nutrientes na coluna de água, mas a entrada de luz é um fator limitante, e a realização 
dos processos fotossintéticos se restringe à camada fótica, uma faixa com extensão de cerca de 
duzentos metros a partir da superfície, raio de alcance dos raios solares. Uma das consequências 
dessa limitação é que a sedimentação dos materiais orgânicos os coloca em uma zona afótica, 
sem luminosidade, sem fotossíntese e sem renovação de oxigênio, retardando as transformações 
bioquímicas da decomposição, alterando os caminhos de reciclagem dos elementos. A concentração 
de nutrientes torna-se também um fator limitante, pois em alto-mar a quantidade de autótrofos é 
muito inferior à de heterótrofos.
A produtividade primária em águas marinhas está intimamente ligada à proximidade entre a zona 
fótica e os sedimentos profundos e à possibilidade do transporte desses nutrientes de volta às camadas 
superficiais, como por eventos de ressurgência, provocados por fortes ventos em águas rasas que 
resultam em misturas turbulentas, revirando o fundo e disponibilizando o material para a zona fótica.
Em sistemas marinhos, a reciclagem de sedimentos ainda pode ocorrer quando há uma taxa de 
evaporação maior que a entrada de água doce (chuvas), o que deixa a camada superficial mais salina, 
tornando-a mais densa, resultando na descida dessa camada para estratos inferiores por correntes 
marinhas geradas pelas águas frias e densas que se formam ao redor dos polos da Terra; elas afundam 
e se espalham por todos os oceanos, fluindo abaixo de todas as outras massas de água. 
A mistura vertical das águas pode beneficiar ou afetar a sua produtividade. Ao trazer águas ricas 
em nutrientes das profundidades para as zonas fóticas, ocorre o aumento da oferta de nutrientes e, 
consequentemente, a produção primária. No entanto, o mesmo fator, ao misturar as águas, pode levar 
o fitoplâncton para a zona afótica, onde, por falta de luminosidade, não consegue realizar fotossíntese 
nem se reproduzir. Essa situação pode ser temporária, mas diminui a produção primária local. 
Todos os mares do planeta estão interligados por correntes impulsionadas pelos ventos criados pelas 
diferenças de temperatura entre as regiões dos polos e do Equador, pela rotação da Terra e pela diferença 
de densidade criada pela salinidade e temperatura. Essa continuidade confere-lhe uma uniformidade, 
e as correntes oceânicas exercem um profundo efeito sobre o clima mundial. Além disso, as correntes 
favorecem a dissolução do oxigênio, a dispersão das formas de vida e a manutenção da composição 
uniforme dos elementos químicos na água.
Os ecossistemas de água doce, também conhecidos como limnociclo, incluem: os ecossistemas 
lóticos, de águas correntes, e ecossistemas lênticos, de águas calmas como lagos, lagoas e represas. Apenas 
cerca de 1% da massa aquática existente na superfície da Terra é de água doce e, como no mar, apresentam 
variações no conteúdo de oxigênio, quantidade de sais minerais, luminosidade e movimentação. 
Os sistemas fluviais, como são chamados os rios, são distinguidos pelo fato de apresentarem uma 
corrente de água que está continuamente transportando material particulado, animais e plantas. 
As correntes se formam onde quer que a precipitação exceda a evaporação e a água em excesso escoe 
pelo solo ou rochas (a água é bem oxigenada devido a movimentação). A velocidade da correnteza 
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depende do formato que o rio adquiriu, da aspereza e profundidade do fundo e da quantidade de 
chuvas. No trajeto do rio, nos locais onde o relevo produza fendas, ocorre o acúmulo de água e 
formam-se poças, onde há maior quantidade de matéria orgânica e particulados. As correntes são 
limitadas por uma área de vegetação terrestre, chamada de várzea, que está sujeita a inundações nas 
épocas de chuvas intensas, pois isso aumenta o volume das águas. Quanto mais largo o rio, maior sua 
produção interna. 
A água corrente transporta nutrientes para muitos organismos aquáticos, carrega suas excretas e 
traz organismos diferentes que habitavam regiões superiores. A temperatura não é constante, pode 
permanecer constante ou mudar a cada estação. Geralmente, rios de maior correnteza são mais frios e 
ricos em oxigênio, enquanto os mais lentos são menos oxigenados e mais quentes. Cada curso de água 
apresenta sua fauna e flora particular, mas o pH da água mais ácido reflete o nível de gás carbônico 
(CO2), a presença de ácidos orgânicos e poluição e menor quantidade de nutrientes, enquanto o pH mais 
básico indica a presença de carbonatos, bicarbonatos e sais associados e apresentam uma vida aquática 
mais abundante. 
Rios de águas muito calmas, quase paradas, assemelham-se a lagos: a correnteza não tem força 
o suficiente para remover o material do fundo e os sedimentos e detritos se acumulam. As cadeias 
alimentares dependem das terras vizinhas, folhas e galhos caídos da vegetação ou trazidos pelo 
vento e chuvas. 
Os lagos são corpos de água que se formam em depressões no relevo ou em regiões ecologicamenteativas, onde o deslocamento vertical de blocos da crosta terrestre cria bacias, dentro das quais a água se 
acumula. Podem variar de tamanho, desde pequenas poças e lagoas até represas e lagos profundos e de 
grandes dimensões, e não apresentam correnteza. Um lago inteiro poderia ser considerado um bioma, 
mas é normalmente subdividido em regiões com características próprias. A zona litoral é identificada em 
torno das margens. É uma região rasa, com vegetação enraizada; a área aberta, onde há luminosidade, 
com presença do fitoplâncton e algas unicelulares, é chamada de zona limnética, e o fundo do lago, com 
sedimentos, microrganismos e animais escavadores, é a zona bentônica.
As mudanças de estação influenciam diretamente as características físicas dos lagos. Quanto maior 
for a variação de temperatura entre as estações, mais acentuados serão os fenômenos ocorridos. Uma 
situação típica de lagos é a estratificação térmica, que ocorre no verão, impedindo a mistura vertical: 
com a sedimentação dos nutrientes, a produtividade cai. 
Em casos em que a luz do sol aquece a água da superfície com mais rapidez que as camadas 
profundas, cria-se uma zona de rápida mudança de temperatura em uma profundidade intermediária, 
estabelecendo o que chamamos de termoclina. Uma vez que a termoclina está bem estabelecida, não 
há mistura ao longo da coluna de água. A água aquecida da superfície é menos densa e flutua sobre a 
camada de água mais fria e densa abaixo. A profundidade da termoclina pode variar conforme os ventos 
locais, a profundidade e a turbidez do lago. No entanto, as termoclinas costumam se formar entre cinco 
e vinte metros de profundidade, não sendo encontrados registros desse fenômeno em locais com menos 
de cinco metros de profundidade.
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Unidade II
Zona
litoral
Zona
limnétrica
Zona
bentônica
Figura 18 – Zonas ecológicas de um lago
A produtividade costuma a se restringir à camada superficial onde a luminosidade é mais intensa, apesar 
de pobre em nutrientes, e os organismos que ficaram abaixo da termoclina deplecionam o ambiente de 
oxigênio, criando condições anaeróbicas. No outono e na primavera, a ação dos ventos causa movimentos 
verticais, revirando o fundo dos lagos, oxigenando o ambiente e provocando crescimento do fitoplâncton. 
No inverno, as camadas superficiais dos lagos ficam com uma temperatura mais baixa que seu interior; 
em alguns casos, podem até congelar. Como a água é menos densa em estado sólido, pode ocorrer o 
congelamento superficial, mantem seu interior líquido. A luminosidade diminui, a produtividade diminui, 
mas ainda é possível manter a sobrevivência dos organismos que tolerem a água mais fria.
No Brasil, onde temos uma hidrologia privilegiada, as bacias hidrográficas desembocam no mar. 
Sendo assim, existem locais onde os rios que são de água doce se encontram com a água do mar, de alta 
salinidade. Esse encontro gera condições particulares, formando um ecossistema muito rico.
Você sabe dizer como são caracterizadas estas regiões? E quais particularidades possuem e se 
exercem alguma importância para o meio ambiente?
Os locais onde os rios desembocam no mar e há o encontro da água doce com a água salobra, 
formando locais que chamamos de estuários ou mangues; há locais como esses em toda a extensão de 
clima tropical do planeta. No Brasil, estende-se por quase toda a costa, desde o Amapá até Santa Catarina. 
São caracterizados por um ambiente pantanoso, movediço, sujeito a inundações diárias conforme as 
marés. Possuem uma vegetação muito particular, adaptada à alta concentração de salinidade, à falta 
de oxigênio no solo e à instabilidade física. As poucas espécies de árvores adaptadas que habitam o 
mangue possuem raízes radiculares, que saem de seus troncos acima do nível máximo da maré cheia 
e formam um verdadeiro meio de escoramento, mantendo a árvore em posição vertical e permitindo 
que se absorva o oxigênio diretamente da atmosfera. Suas sementes germinam ainda presas às árvores 
até o período em que estão prontas para enraizar; possuem uma haste que, ao cair na água, ajudam a 
fincar-se no solo. Outra espécie possui prolongamentos que emergem do solo até uma altura superior à 
das marés, chamados de pneumatóforos, que servem para a respiração.
A presença do manguezal está associada à presença de rios de planície, que transportam partículas 
de argila e matéria orgânica, que acabam formando flocos, no momento em que a água doce se mistura 
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FUNDAMENTOS DE ECOLOGIA: ECOSSISTEMA E BIODIVERSIDADE
com a água salgada. A camada de lodo chega a atingir até vinte metros de espessura em São Paulo. 
Enquanto no Maranhão e no Pará a vegetação penetra até 40 km pelo interior do território.
O bosque de mangue é um local enriquecido pela matéria orgânica em decomposição, restos de 
folhas da própria vegetação do mangue e minerais vindos dos rios e do mar. A grande parcela de 
decomposição desse sistema leva ao esgotamento total de oxigênio, o meio se torna anaeróbico e 
formam-se gases, como o metano e o gás sulfídrico.
O manguezal é um ecossistema com uma das maiores produtividade primária, assemelhando-se a 
uma floresta tropical. A contínua renovação de sua fertilidade é garantida pela constância de elementos 
minerais trazidos pelos rios que drenam os continentes e sustentam uma imensa cadeia alimentar 
detritívora de bactérias e invertebrados que fornecem alimento para animais estuarinos. O mangue é 
considerado um berçário de espécies, serve de local de reprodução e crescimento para muitos organismos 
marinhos. Cerca de 90% dos pescados e frutos do mar consumidos pelo homem vem de águas costeiras, 
cujos organismos passaram parte de sua vida ou a vida inteira em estuários. 
Apesar de desprezado por sua aparência escura, lodosa e cheiro acentuado, a importância do 
manguezal para a manutenção das cadeias alimentares oceânicas é indiscutível. Esse local ainda 
suporta uma parte de fauna superior: muitos pássaros migratórios utilizam o mangue para descanso e 
alimentação, outros nidificam e animais como jacarés e peixes-boi procuram constantemente o mangue 
para se alimentar. 
A prática de soterramento vem diminuindo drasticamente a ocorrência de mangues em locais 
próximos a centros de desenvolvimento urbano. Como não se consegue utilizá-lo para atividades 
turísticas, ele vai sendo ocupado por moradias de classes menos favorecidas, que constroem favelas 
suspensas (palafitas), sem nenhum saneamento básico; outra agressão ao manguezal são as constantes 
enchentes que os rios sofrem pela degradação e ocupação das áreas de várzea, que aumentam muito 
o volume e velocidade das águas doces que chegam no estuário, realizando uma devastação nesse 
território. A extinção dos mangues significa, na prática, eliminar uma das maiores fontes de alimento de 
que o homem dispõe. No Brasil, o mangue é um ecossistema de preservação permanente, incluído em 
diversos dispositivos constitucionais, impondo ordenações quanto ao uso e ações em áreas estuarinas, 
com destaque à Lei nº 4.771, de 1965, que implantou o Código Florestal, e a Lei nº 7.661, de 1988, que 
institui o Plano Nacional de Gerenciamento Costeiro. 
 Saiba mais
Assista ao documentário a respeito da atividade humana no mangue, 
que conquistou o “X Prêmio Nacional de Comunicação e Justiça”: 
NO RUMO do Uçá. Dir. Wladymir Lima. Brasil: Ministério Público Federal 
em Alagoas; Núcleo de Biodiversidade do Ibama, 2012. 23 minutos e 48 
segundos. 
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Unidade II
4 BIOMAS
Você saberia identificar um husky siberiano? Aquele cachorro que puxa os trenós na neve? Você 
já o viu? Perto da sua casa tinha um? Concordo que é uma espécie belíssima, e nem étão difícil de se 
conseguir. Você sabia que existem pessoas que criam esse tipo de animal só para lucrar com a venda de 
seus filhotes? Geralmente, os compradores se manifestam mesmo antes dos filhotes nascerem. Porém, 
com base no que foi aprendido até agora, responda: existe coerência em manter um animal desses 
por aqui? Um animal adaptado à neve? Vivendo em clima tropical, esse organismo está sofrendo, suas 
funções fisiológicas estão sobrecarregadas. Eles vivem cansados, não é mesmo? Nem parece que teriam 
forças para puxar um trenó! É claro que no calor brasileiro, eles não têm mesmo. Contudo, lá no clima 
frio, na neve, com certeza teriam.
Você se lembra da tríade do ecossistema terrestre? 
Já discutimos que solo, clima e vegetação afetam profundamente a evolução de plantas e animais 
que se adaptam para as condições particulares de cada ambiente (e aí se encaixa a nossa indagação 
sobre o husky – adaptado a clima frio). Biomas são comunidades terrestres, facilmente reconhecíveis 
que resultam da interação dessa tríade. Os grandes biomas mundiais são classificados pelo clima, porque 
a vegetação se repete em regiões de clima semelhante, mesmo que as áreas estejam distantes uma das 
outras. Quando falamos sobre a incidência da radiação solar no planeta, aprendemos que, dependendo 
da latitude, podemos identificar regiões no globo terrestre que recebem os raios com maior ou menor 
intensidade. Dentro das mesmas zonas latitudinais os biomas ficam ainda mais específicos. 
Se temos solo, clima e vegetação interligados, após falarmos do solo, como seria a influência do 
clima sobre a vegetação?
 Lembrete
A latitude é um referencial geográfico que divide o planeta 
horizontalmente de zero a noventa graus para norte ou para sul a partir da 
linha imaginária do Equador, considerada latitude zero. 
4.1 Principais biomas do mundo
Se a posição do planeta interfere na distribuição climática, como a vegetação se comporta diante 
desse clima diferencialmente distribuído ao longo da latitude?
A partir da posição geográfica, o clima forma biomas. Você conhece os principais biomas climáticos?
Os principais biomas climáticos estão divididos em zonas tropicais, temperadas, boreais e polares 
de acordo com suas latitudes, a norte ou sul do Equador. Dentro das zonas climáticas temperadas, os 
grandes biomas são: Florestas Sazonais, Florestas Úmidas, Campos, Desertos e Bosques de Arbustos. 
Entre as zonas tropicais e temperadas estão os Desertos Subtropicais. Em latitudes maiores, as Florestas 
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FUNDAMENTOS DE ECOLOGIA: ECOSSISTEMA E BIODIVERSIDADE
Boreais. Próximo ao ártico, temos a Tundra, que se desenvolve em terreno permanentemente congelado. 
As zonas climáticas tropicais são representadas por Florestas Pluviais e Savanas. 
Uma característica marcante das florestas é que possuem uma estrutura com vários estratos vegetais, 
que proporcionam um hábitat para inúmeras espécies. Uma floresta protege o solo, impedindo o 
impacto total da chuva, do vento e do sol. Os vários estratos diferenciados pela luminosidade e umidade 
modificam o ambiente a partir do topo da floresta em direção ao solo. A camada mais iluminada é 
a do dossel; abaixo disso, a luminosidade vai diminuindo gradualmente. A umidade é alta devido à 
transpiração das plantas e a circulação do ar é baixa.
4.1.1 Tundra
O bioma de Tundra está situado na zona climática polar, próxima ao Círculo Polar Ártico, sem 
correspondência no hemisfério sul. Encontramos esse tipo de vegetação em parte do Alasca, Canadá, 
Groenlândia, Noruega, Suécia, Finlândia e Sibéria. Uma extensa região sem árvores que cresce sobre 
um solo permanentemente congelado, chamado de permafrost. No verão, que dura 3 meses, ocorre a 
estação de crescimento, onde a camada de solo que descongela chega a até um metro de profundidade. 
Como a camada abaixo permanece gelada, a água do degelo forma muitos brejos e o solo fica saturado 
por todo o verão. Os solos tendem a ser ácidos, devido ao alto conteúdo de matéria orgânica, mas 
possuem poucos nutrientes, pois a decomposição é extremamente lenta, quase não chove, os ventos 
são secos e há muita evaporação.
A curta duração do verão obriga as plantas herbáceas a crescerem e frutificarem rapidamente, e as 
raras plantas lenhosas são anãs, pequenos arbustos que alcançam aproximadamente um metro de altura. 
Os liquens representam a maior parte da produção primária do local. Como o solo é muito pobre, dizemos 
que há uma “seca fisiológica” e as plantas retêm suas folhagens por anos. Na maior parte do ano, a Tundra 
é um ambiente excessivamente rude e qualquer vegetal que surja acima da superfície da neve é destruída 
pelos cristais de gelo. Sua fauna compreende o caribu (um tipo de rena), o boi almiscarado, a lebre ártica, 
a raposa e o lobo ártico, o lemingue e, à beira-mar, o urso branco. Na Tundra, é comum no inverno ocorrer 
o mimetismo por homocromia, quando os animais parecem ficar todos brancos.
Na Tundra não há pinguins! Porém, no verão, encontramos algumas aves aquáticas que nidificam 
e depois migram para o sul, como corujas brancas e perdizes. Em algum momento em nossa história 
geológica, houve um único continente. E com o passar de milhões de anos, a separação dos continentes 
ficou caracterizada por biota própria. Apesar de os polos do planeta serem frios, na tundra, no Polo 
Norte, encontramos os ursos brancos que não habitam o Polo Sul. E da mesma forma, os pinguins que 
habitam a Antártida não estão presentes na tundra.
Aves e mamíferos das regiões frias possuem tamanho maior que os animais da mesma espécie de regiões 
quentes, pois quanto maior o corpo, melhor a retenção de temperatura. Possuem ainda, como adaptações, 
cauda, focinho, orelhas e bicos pouco desenvolvidos, para evitar a perda de calor pelas extremidades.
As cadeias alimentares da Tundra são curtas: os lemingues comem plantas e servem de alimento 
para raposas e lobos. A cada três ou quatro anos, a população de lemingues atinge a densidade 
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Unidade II
máxima e seus predadores ficam também muito numerosos, embora com um ano de atraso. Quando 
cessa bruscamente a proliferação desses roedores, seus predadores também diminuem, pois não 
conseguem mudar seu regime alimentar. Esse fenômeno ocorre em regiões mais quentes, onde a 
fauna é mais variada.
Nos limites da Tundra, chegando ao clima temperado, nas montanhas rochosas da América do Norte 
e no platô tibetano da Ásia Central, encontramos a Tundra alpina, que apresenta estações de crescimento 
mais quentes e longas, invernos menos severos, que resultam em uma produtividade maior, solo com 
uma drenagem melhor e uma diversidade maior de espécies. 
4.1.2 Floresta Boreal
A floresta Boreal, também conhecida por Taiga (floresta de coníferas), inicia-se nos limites finais da 
Tundra, próximo aos sessenta graus de latitude, e não possui vegetação correspondente no hemisfério 
sul. Compreende as regiões do norte do Alasca, Canadá, parte sul da Groenlândia, Islândia, parte da 
Noruega, Suécia, Finlândia e parte da Sibéria. Apresenta duas estações: o inverno, com duração de nove 
meses, e o verão, com três meses; nessa região chove muito pouco. Na Floresta Boreal, durante o verão, 
o solo degela totalmente, originando muitos lagos e, diferentemente da Tundra, não existe permafrost. 
A temperatura média anual é de 5ºC, a evaporação é baixa e os solos são úmidos durante a maior parte 
da estação de crescimento. 
A vegetação consiste em intermináveis bosques densos de árvores aciculadas, pinheiros e abetos, 
que alcançam de dez a vinte metros de altura, formando um largo cinturão verde – as florestas são 
sempre verdes, com folhas em forma de agulhas. A floresta boreal está entre as mais importantes 
regiões produtoras de madeira do mundo. Devido às baixas temperaturas,a serapilheira decompõe-se 
muito lentamente e acumula-se na superfície do solo, produzindo níveis de ácidos orgânicos. Esses 
solos ácidos de baixa fertilidade são chamados de solos podzolizados. Abaixo da floresta densa, crescem 
samambaias, musgos e algumas ervas. Os animais comumente encontrados são alces, veados de orelhas 
longas, raposas, linces, ratos, esquilos, castores e lebres. Existem muitas aves aquáticas e insetos de 
muitas espécies. 
4.1.3 Floresta Temperada Decídua
A Floresta Temperada Decídua, também conhecida como Floresta Sazonal Temperada, localiza-se 
no hemisfério norte, em condições moderadas do congelamento do inverno, abrangendo as regiões 
do sul do Canadá, leste dos Estados Unidos, oeste da Europa e leste da Ásia, Coréia e Japão. No 
hemisfério sul é pouco desenvolvido, devido às temperaturas mais amenas do inverno, abrangendo as 
áreas da Nova Zelândia e sul do Chile. Essa floresta é chamada de decídua porque perdem as folhas 
no outono. Observam-se nitidamente as quatro estações do ano: os verões são quentes e os invernos 
são frios, mas sem excesso. Ao norte, a estação de crescimento dura quase cinco meses e, no sul, esse 
período chega a seis meses. A precipitação excede a evaporação e a transpiração; consequentemente, 
a água é drenada pelo solo, formando águas subterrâneas e rios. Os solos tendem a ser ácidos, com 
grande quantidade de húmus.
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Há grandes extremos de variações de luminosidade, umidade e temperatura ao longo das estações do 
ano. Em abril, antes que as folhas apareçam, a luminosidade chega sem obstáculos até o chão da floresta. 
Nessa época, as variações de temperatura e umidade são pequenas quando comparamos o estrato superior 
da floresta com o interior. O solo, ainda não sombreado pela copa das árvores, absorve e irradia mais calor 
que no verão. As árvores decíduas são a forma de vegetação dominante nesse bioma. Todavia, na Europa, 
não restam senão fragmentos dispersos dessa vegetação, pois foram destruídas até a Idade Média, sendo 
substituídas por campos. E, atualmente, abrigam as maiores concentrações humanas. 
Esse bioma é bem mais complexo que a Floresta Boreal, pois apresenta diversas paisagens vegetais; 
as árvores mais comuns são o carvalho, a faia, a castanheira, a magnólia e a nogueira. A flora herbácea 
e arbustiva é rica em espécies e bem desenvolvida. As partes mais secas e quentes desse bioma, onde 
o solo é arenoso e pobre em nutrientes, podem desenvolver florestas de pinheiros, como as florestas 
das planícies costeiras do Atlântico na América do Norte. Como os solos são secos, os incêndios são 
frequentes e a maioria das espécies é capaz de resistir aos danos provocados pelo fogo. A fauna é ainda 
mais variada que a flora, e podemos encontrar veados, esquilos, lobos, raposas, lebres, coelhos, quatis, 
pássaros, répteis, anfíbios e muitos insetos. 
4.1.4 Floresta Tropical
A Floresta Tropical também é conhecida como Pluvial, Latifoliada, Tropical Chuvosa ou Sempre-verde. 
Inúmeras denominações para identificar essa vegetação que cresce em clima quente da região entre os 
trópicos, com alto índice de chuvas. É o bioma que recebe a maior quantidade de energia solar. Essas 
condições estão presentes em três grandes áreas, como a bacia do Amazonas na América do Sul e áreas na 
América Central e ao longo da costa atlântica do Brasil, que constituem a Floresta Tropical Americana. A 
área do extremo sul da África, ao longo do Congo, constitui a Floresta Tropical Africana e a Floresta Tropical 
Indo-Malásia, que cobre parte da Ásia – ilhas como a das Filipinas, Bornéu e Nova Guiné.
As florestas possuem duas estações no ano, a úmida e a seca, e temperatura que dificilmente é 
inferior a 21º C. Os solos, de formação muito antiga, são desprovidos de húmus e argila e assumem a 
cor avermelhada dos óxidos de ferro, com pouca capacidade de reter nutrientes. A vegetação forma 
um dossel contínuo de árvores altas de até 40 metros de altura com algumas árvores emergentes 
(que alcançam até 55 metros). As florestas tropicais formam diversos estratos abaixo das copas, com 
pequenas árvores, arbustos e herbáceas, que normalmente estão bem espaçadas devido à tão pouca luz 
que penetra. A estratificação vertical acaba resultando no aparecimento de microambientes com seus 
próprios microclimas.
A diversidade de espécies é maior que em qualquer outra parte do planeta, e a produtividade 
primária das florestas tropicais excede a de todos os outros biomas terrestres. Devido às temperaturas 
constantemente altas e à umidade abundante, a serapilheira se decompõe rapidamente e a vegetação 
imediatamente assimila os nutrientes liberados. Essa rápida reciclagem de nutrientes sustenta a alta 
produtividade da floresta, mas deixa o ecossistema muito vulnerável a perturbações. Quando as florestas 
tropicais são cortadas para implantação da agricultura ou venda da madeira, os nutrientes são retirados 
daquele ambiente, expondo o solo à erosão e improdutividade.
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A Floresta Tropical possui fauna e flora extremamente diversificadas: pode apresentar mais de 
quinhentas espécies de árvores, enquanto a floresta temperada pode ter cerca de uma dezena. Esse 
bioma possui árvores cobertas de epífitas, cipós, trepadeiras, samambaias, avencas e bromeliáceas, e os 
vegetais apresentam folhas largas e cutículas finas. O dossel é muito denso e a entrada da claridade 
é menor próxima ao solo. As folhas caem progressivamente (não em uma única estação) e, como sua 
decomposição é rápida, o solo é quase nu. 
A vida animal é escondida tanto pela folhagem densa como pela cobertura da noite. As aves são 
geralmente arborícolas (animais que vivem em árvores) e, apesar de apresentarem cores intensas, como 
os tucanos, papagaios e as araras, são camufladas pela folhagem. Os animais de solo são pequenos e de 
coloração escura, difíceis de serem observados; a maioria dos mamíferos é arborícola, como os macacos 
e preguiças, e de hábitos noturnos. Entre as diferentes espécies terrestres, temos: porco do mato, quati, 
gambá, ornitorrinco, cobras, quelônios, sapos, pererecas, e muitos insetos.
4.1.5 Campos
Os Campos encontram-se situados tanto em regiões tropicais como nas temperadas. Ocupam 
grandes extensões no interior dos continentes e se caracterizam por apresentar grandes variações de 
temperatura – alta durante o dia e baixa durante à noite –, bastante luz e muito vento. A vegetação é 
herbácea ou gramínea, devido ao baixo teor pluviométrico e ao solo normalmente ácido, o que impede 
a existência de grandes árvores. Esse bioma tem mais deficiência de água que de energia. Podemos 
identificar Campos Temperados e Campos Tropicais.
Os Campos Temperados possuem um clima mais seco e a vegetação é praticamente rasteira 
(gramínea). Os Campos da América do Norte são denominados Pradarias e os da América do Sul, 
Pampas. Na Ásia e Europa, recebem o nome de Estepes. Os verões são quentes e úmidos, e os invernos 
são frios; a estação de crescimento aumenta ao sul, durando quase o ano todo. A precipitação é 
baixa, os detritos orgânicos não se decompõem rapidamente e os solos são ricos em matéria orgânica, 
apresentam baixa acidez e são abundantes em nutrientes. A maioria das espécies vegetais desses 
campos tem caules subterrâneos e sementes resistentes ao fogo. Encontram-se muitos animais 
roedores (ratos), cobras e aves de rapina.
Campos Tropicais são caracterizados por apresentarem período de chuvas mais constantes e clima 
mais quente do que na região dos Campos Temperados. Mesmo assim, apresentam uma ou duas épocas 
de secas prolongadas, predominando uma vegetação de pequeno porte, composta de árvores e arbustos. 
Localizam-se nas regiões intertropicais, que cobrem grandesáreas da África, onde são chamadas de 
Savanas, e do Brasil, onde recebem o nome de Cerrado.
Nesses campos, principalmente na África, as estações são reguladas pelas chuvas, e não pela 
temperatura, e a fauna é constituída de animais de grande porte, tais como: búfalos, elefantes, girafas, 
zebras, rinocerontes, leões, leopardos etc. Existem também aves corredoras, como o avestruz, e pássaros, 
como o gavião.
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As Savanas verdadeiras existem apenas onde o clima é favorável. No entanto, muitas vêm sendo 
criadas pelo fogo, pelo pastoreio ou por ambos e estão crescendo onde a cobertura vegetal foi destruída 
pela atividade humana. A fauna, por sua vez, vem desaparecendo pela pressão do gado doméstico. 
O aumento da população de gado e a pastagem excessiva estão convertendo parte da Savana em 
Desertos. O aumento da população humana agrava ainda mais a situação.
4.1.6 Desertos
Os Desertos são Biomas de localização variada, onde as temperaturas podem chegar a 45ºC ou 
mais, com a quantidade de água evaporada muito maior que a quantidade de chuvas. As condições 
do Deserto variam de aridez extrema à umidade, apenas para suportar algumas poucas espécies de 
organismos. Os grandes Desertos do mundo estão dispostos na Terra em dois cinturões, um confinado 
grosseiramente à área em redor do Trópico de Câncer e outro em redor do Trópico de Capricórnio. O 
Deserto do Saara na África é o maior e mais inóspito do mundo; o do Atacama, no Chile, é um dos 
lugares mais áridos da Terra; e ainda encontramos Desertos na Austrália, na América do Norte, no 
Tibete e na Arábia Saudita.
A escassez de chuvas pode estar relacionada à posição de montanhas, que barram o vento e ajudam 
a manter as condições áridas. Alguns desertos estão tão distantes do oceano que quando as massas de 
ar chegam a eles já perderam toda a umidade. A vegetação é escassa e muito espalhada, com regiões 
nuas entre as regiões de vegetação. As plantas anuais florescem, frutificam e morrem no espaço de 
poucas semanas após as chuvas, evitam, assim, a seca e crescem apenas quando há umidade elevada. As 
plantas suculentas armazenam água em seu caule e seu sistema radicular é muito espalhado. A flora do 
Deserto possui uma espessa cutícula que reduz as perdas de água.
Os animais são adaptados para reter e economizar água: possuem um número reduzido de glândulas 
sudoríparas, produzem uma urina concentrada com mínima eliminação de água, têm as fezes secas e 
adquirem água e alimentos das plantas suculentas. A fauna é pobre: há camelos, cobras, lagartos e ratos.
 Observação
Os biomas refletem nitidamente a influência da latitude no planeta, 
maior diversidade entre os trópicos onde a incidência dos raios solares são 
maiores, clima mais quente e mais umidade no ar. 
E quanto aos biomas brasileiros, você sabia que temos vários? Você sabe quais e quantos são?
4.2 Biomas brasileiros
O Brasil é um país de extensa área territorial, em sua grande maioria localizada na zona intertropical. 
Apresenta uma grande variedade de climas e solos, que permitem a existência de várias espécies de 
biomas típicos das diferentes regiões brasileiras. 
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4.2.1 Floresta Amazônica
É a maior e mais rica Floresta Tropical do mundo: estende-se por vários países da América do Sul 
– cerca de 60% está no Brasil, abrangendo os estados do Amazonas, Pará, Acre, Amapá, Rondônia, 
Maranhão, Mato Grosso, Tocantins e Goiás. É cortada por inúmeros rios. A temperatura média anual 
é de 26ºC e a variação para a temperatura mínima é de cerca de um ou dois graus, com mudanças 
sazonais mínimas e atividade das plantas contínua, resultando em um exuberante crescimento. A 
diversidade vegetal chega a milhares de espécies, sem ocorrer dominância de nenhuma. A Floresta 
Amazônica possui uma das maiores e mais interessantes comunidades de insetos, que têm um meio 
excelente para seu desenvolvimento. O fato de existir uma grande oferta de alimento vegetal, aliado à 
uma temperatura constante e uma umidade elevada, ocasiona, em paralelo, o crescimento de animais 
que deles se alimentam, desde morcegos e aves até tatus e tamanduás.
A maioria dos animais se esconde em galhos altos de árvores e alcança até trinta metros de altura 
durante o dia, aguardando a noite para realizar suas atividades. A fauna arborícola ainda é representada 
por pequenos roedores, preguiças, esquilos, macacos, cobras, formigas térmitas, muitos pássaros de 
plumagem colorida, como beija-flores, tucanos, papagaios, periquitos e aves de rapina, e ainda conta 
com os maiores répteis do mundo: além das cobras encontramos lagartos e crocodilos.
A Floresta Amazônica conta com uma diversidade de vegetais e animais. No entanto, o solo é pobre, 
constituído basicamente por argila e areia, e as plantas se alimentam do próprio material orgânico que 
cai no chão. Apesar da exuberância, apresenta um alto índice pluviométrico, e a evaporação, seja dos rios, 
oceano ou da própria floresta, é muito alta, o que propicia grandes volumes de chuvas. O bioma da floresta 
é extremamente frágil. A vegetação é mantida e o volume de folhedo adicionado ao solo é bem menor que 
o da Floresta Temperada, pois a decomposição acontece muito rapidamente, devido às condições de clima 
e temperatura. As raízes das árvores possuem micorrizasMas, você sabe o que são micorrizas?
Designamos micorrizas os locais onde ocorre uma associação mutualística entre as raízes das plantas 
e os com fungos. Estes são verdadeiros recicladores da natureza: efetuam a decomposição de material 
orgânico, facilitando a obtenção dos nutrientes para as plantas.
A presença das micorrizas nas raízes pode ajudar a explicar por que a retirada da Floresta Amazônica 
para agricultura não alcança o resultado esperado: o solo em si é pobre em nutrientes, e a fonte de 
alimento para a vegetação é mantida por elas. Uma vez retirada a cobertura vegetal em prol do plantio de 
lavouras, em pouco tempo o solo se mostra hostil e há ocorrência de muitas plantas invasoras e pragas. 
Algumas culturas que foram mais bem sucedidas se instalaram em locais de clima mais temperado, que 
favorece a permanência da matéria orgânica por mais tempo, fornecendo maior nutrição do solo. 
Mas, se retirar a cobertura vegetal causa um problema de enfraquecimento do solo, seria possível 
corrigir essa deficiência com a prática da adubação? Será que ninguém pensou nisso antes?
Já tentaram, mas o que foi constatado é que adição de fertilizantes no solo também não alcança os 
resultados esperados, porque o alto índice de chuvas e a quantidade de areia no solo fazem com que 
esse fertilizante seja drenado com facilidade. Os pesticidas adicionados às plantas também são drenados 
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pelas chuvas; e a atividade agrícola resultante acaba sendo dispendiosa. A rotação de culturas torna-
se o meio mais viável de produção, mas é deficitário, pois não suporta uma produção comercial. Na 
maioria das vezes, o que ocorre é um novo desmatamento, onde se aproveita uma ou duas colheitas e 
parte-se para uma nova área, o que vem devastando a floresta. Outra consequência do rompimento do 
equilíbrio com os desmatamento são as queimadas, resultando no extermínio de muitos animais, o que 
pode desencadear o crescimento incomum de outras espécies pela falta de predadores, como acontece 
facilmente com os insetos.
Dentro da própria floresta, quando intacta, são identificados três diferentes formações de matas, 
muito distintas: a Mata de Terra Firme, a Mata de Igapós e a Mata de Várzea. No entanto, também é 
possível encontrar vegetações não florestais,como a Caatinga Amazônica, Campos de Várzea e Campos 
de Cerrado, entre outras dentro da área da floresta.
A Mata de Terra Firme, nas regiões de florestas longe de rios e que não sofrem alagamento, 
caracteriza-se por apresentar grandes árvores, com as copas densas, como a castanha-do-pará, o 
guaraná, o cedro, o pau-rosa, os cipós e as epífitas. Corresponde a 90% da Amazônia. As árvores são de 
maior porte – podem chegar a 60 metros de altura.
A Mata de Igapós tem parte da floresta localizada próxima aos rios, em terras baixas, sempre 
inundadas; a vegetação apresenta adaptações a alagadiços, o solo é muito ácido e mal arejado. As 
principais espécies que sobrevivem nessas matas são as vitórias-régias, as bromélias, as orquídeas, os 
aguapés e as palmeiras. Nesses locais, encontramos árvores com raízes escoras e tabulares, que ajudam 
na sustentação da planta.
A Mata de Várzea, por sua vez, está situada entre as Matas de Terra Firme e a de Igapós, e é inundada 
periodicamente durante a cheia dos rios, predominando vegetação de porte médio, com cacaueiros, 
palmeiras, jatobás e a famosa seringueira produtora de borracha, tão marcante no desenvolvimento da 
região no século passado. 
O alerta que há muito tempo ecologistas e estudiosos de outras áreas vêm fazendo é sobre a 
possibilidade de formação de um deserto na região, resultante da destruição da floresta para venda da 
madeira, e das atividades agropecuárias, que são favorecidas pela abertura de novas estradas.
Exemplo de aplicação
Descubra onde vive a maior espécie de peixe de água doce, a maior flor e a maior espécie de cobra 
do mundo, realizando uma pesquisa sobre os biomas existentes no planeta. 
4.2.2 Caatinga
A Caatinga desenvolve-se em região de clima seco – as chuvas ocorrem somente no inverno e 
são bastante irregulares (a seca pode durar até nove meses). Estende-se pelo interior dos estados do 
Maranhão, Piauí, Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco, Alagoas, Bahia e parte do norte de Minas 
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Gerais. Os rios da região, geralmente, são intermitentes (secam na época das secas), com exceção do 
rio São Francisco. O solo é arejado, bastante permeável e considerado fértil, e o plantio depende da 
ocorrência de chuvas. 
A vegetação possui árvores esbranquiçadas, sem folhas durante os meses de seca, daí a denominação 
“caatinga” (= mata branca). Somente na época de inverno é que a paisagem fica verdejante. Existem 
muitas formas de vegetação na Caatinga, como o Sertão, o Agreste e o Cariri. Porém, de maneira geral, 
todos possuem vegetação predominantemente constituída por arbustos, temperaturas elevadas e 
umidade baixa, com chuvas irregulares, que acentuam o problema da região.
Os solos são quimicamente férteis, têm boa permeabilidade, são arejados – apesar dos restos de 
animais e plantas não poderem ser decompostos devido à falta de umidade de microrganismos no solo 
– e se encontram fragmentos de rochas na superfície. A vegetação da Caatinga é adaptada ao clima 
seco (cactos são típicos da região e apresentam caules suculentos para armazenamento de água), perde 
as folhas na época da seca, apresenta raízes desenvolvidas e as folhas são transformadas em espinhos 
para evitar a perda de água por transpiração. Entre as plantas mais comuns da Caatinga, encontramos 
barriguda, mandacaru, guipá, xique-xique, catingueira, juazeiro, coroa de frade, mamoeiro e umbuzeiro.
A fauna da Caatinga inclui veado catingueiro, gambá, preá, tatupeba, aves como carcará e 
ararinha-azul, répteis como jiboia, calango e cascavel, anfíbios como o sapo cururu, inúmeras espécies 
de invertebrados – principalmente insetos – e aves de rapina. 
4.2.3 Cerrado
É localizado na região central do Brasil, abrangendo os estados de Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, 
Goiás e Tocantins e áreas esparsas dos estados de São Paulo e Paraná. Possui vegetação similar a das 
Savanas, com árvores baixas e retorcidas, arbustos e campos cobertos de gramíneas. O clima é quente 
com períodos de chuvas e de secas. O solo é ácido, devido à presença de alumínio, que é tóxico para a 
vegetação, e pobre em sais minerais. Essas características interferem no tipo de vegetação.
A princípio, pensava-se que o desenvolvimento da vegetação do Cerrado era limitado pela escassez 
de água, mas as plantas não se comportam como adaptadas às condições de seca. A maioria das plantas 
do Cerrado transpira livremente, sem fechar seus estômatos nas horas mais quentes do dia, mesmo no 
período de seca pronunciada. A vegetação apresenta raízes profundas, que atingem camadas de solo 
onde a água não é problema, porque os lençóis freáticos se encontram a uma grande profundidade, e 
só a camada superficial do solo é que sofre com a seca.
Entre as principais espécies de vegetais, estão a sucupira, o ipê do cerrado, a peroba do campo, o 
jacarandá do campo, o angico e grande quantidade de plantas herbáceas, como o capim-barba-de-bode e 
o capim-flecha. Dentre as principais espécies animais, destacam-se o tatu, o tamanduá, o veado campeiro, 
o lobo-guará, a onça pintada, o sagui, as cutias e inúmeras espécies de insetos, incluindo a formiga saúva. 
As aves são poucas; temos a codorna, o periquito e o pica-pau-do-campo. Os répteis são encontrados nos 
buracos de tatus, cupinzeiros e sauveiros. O modo de vida subterrâneo da maioria dos animais parece ser 
adequado para escapar da forte insolação e a procura de alimento costuma ser noturna. 
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A queimada é um fator importante atingindo o cerrado. O fogo é anualmente ateado pelo homem 
com a finalidade de estimular o crescimento da vegetação herbácea para a o pasto. Essa prática favorece 
a sobrevivência e crescimento do capim sobre os arbustos. Além disso, o fogo produz a liberação de 
nutrientes minerais a partir dos detritos secos acumulados. Em longo prazo, o fogo pode ser um fator de 
empobrecimento do solo em relação aos elementos retirados, que são volatilizados na fumaça, ademais, 
há destruição de animais, artrópodes, ninhos e ovos de aves.
4.2.4 Pampas
Os Pampas são localizados, em sua maioria, no Rio Grande do Sul, onde também recebem 
o nome de Campos e estendem-se até o Uruguai e nordeste da Argentina. Ocupam áreas de 
planícies, onde predomina a vegetação de gramínea, adaptadas a viver sob insolação, vento, solo 
seco e baixa pluviosidade.
O clima é subtropical, com verão quente e inverno bem frio, e as chuvas são regulares e constantes. 
Próxima a regiões de rios ou litorâneas, a vegetação é mais desenvolvida, surgindo algumas árvores, tais 
como o pau-de-leite, a sombra de touro e o salgueiro. A fauna é composta por roedores, raposas do 
campo, guaraxins etc.
4.2.5 Mata Atlântica
Na época da colonização do Brasil, a Mata Atlântica cobria a costa brasileira, desde o Ceará até 
o Rio Grande do Sul. Todavia, ao longo dos anos, passou pela exploração de portugueses, franceses e 
holandeses. Atualmente, só restam de 5 a 8% dela. O pau-brasil, árvore que deu o nome ao país, era 
abundante e hoje é encontrada em pontos isolados ou em museus. É uma típica floresta tropical úmida e 
quente. É considerada um dos biomas mais ricos em espécies, tanto de animais como vegetais; possui o 
maior número de espécies endêmicas do mundo e o mais ameaçado de extinção; e é muito semelhante 
à Floresta Amazônica, tanto na composição como na aparência.
A Mata Atlântica se dispõe sobre uma cadeia de montanhas que acompanha o litoral brasileiro e 
obriga os ventos úmidos que sopram do mar a subirem. Com isso, resfriam e o excesso de vapor de água, 
que condensa e precipita em forma de nevoeiro e chuva, mantendo o ambiente suficientemente úmido 
e capaz de suportar a floresta densa.
O solo é rico em nutrientes, a quantidade de serapilheira presenteé grande, originando muito húmus, 
e as raízes são profundas. É uma mata estratificada: o estrato superior é formado pelas copas das árvores, 
que chegam a atingir quarenta metros de altura. Entre as principais espécies, temos: jequitibá-rosa, 
pau-brasil, jacarandá e peroba. O segundo estrato é formado por árvores de porte menor, como: ipê, 
manacá, quaresmeira e palmeira. A parte interna da mata possui uma grande variedade de epífitas e 
pteridófitas. A fauna é composta por inúmeras espécies, tais como: onça-pintada, jaguatirica, capivara, 
anta, mico-leão-dourado e aves como o macuco, a arapaia etc.
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Exemplo de Aplicação
Realize uma sinopse do documentário:
MATA Atlântica e os ciclos da vida. Dir. Túlio Schargel e Fernão Lara Mesquita. Brasil: Grita filmes; 
Bossanova filmes, 2007. 52 minutos.
4.2.6 Mata de Araucárias
Típica de clima temperado, a Mata de Araucária é encontrada principalmente nos estados do 
Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. As chuvas são mais distribuídas ao longo do ano. 
Distinguem-se duas estações: inverno e verão, claramente definidos pela variação de temperatura. 
Seu nome está relacionado à espécie de pinheiro (Araucária angustiflolia), vegetação predominante. 
O tronco do pinheiro chega a um metro de diâmetro com até trinta metros de altura e possui muitas 
ramificações; os ramos que ficam à sombra são eliminados. Devido ao grande valor de sua madeira, 
vem sendo impiedosamente dizimado. 
Ao contrário das florestas, é uma mata aberta, onde a vegetação é semelhante, e o número de espécies 
tanto vegetais como animais é pequeno. Entre as espécies destacam-se canela, imbuia, erva-mate, cedro 
e algumas epífitas como as samambaias. Entre os animais, existem alguns roedores, insetos e aves, como 
a gralha-azul, que se alimenta do pinhão (semente do pinheiro) e é a principal dispersora de semente.
4.2.7 Zona dos Cocais
A Zona dos Cocais está localizada nos estados do Rio Grande do Norte, Ceará, Piauí e Maranhão, é 
considerada uma região de trânsito entre a Floresta Amazônica, a Caatinga e o Cerrado. A vegetação 
predominante é a de palmeiras, na qual se destaca o babaçu, utilizado na exploração do óleo; existe 
também a carnaúba, que predomina em terrenos alagados, produtora de cera, e o buriti. É uma vegetação 
que resiste ao desmatamento, pois se reproduz em pouco tempo.
4.2.8 Pantanal
A região do Pantanal situa-se nos estados do Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, estendendo-se pela 
Bolívia e Paraguai. É um ecossistema muito rico em espécies animais e vegetais. A região está cercada 
por terras mais elevadas e, em função dessa topografia, muitos rios desembocam no Pantanal e seus 
escoamentos são lentos, favorecendo a entrada de grande quantidade de nutrientes, o que torna o solo 
fértil. Os rios da bacia do Paraguai extravasam suas águas de outubro a março, inundando extensas 
áreas; no resto do ano, o solo permanece enxuto. Há áreas que, mesmo no período seco, permanecem 
alagadas, formando numerosas lagoas.
A flora do Pantanal é muito diversificada, pois apresenta vegetações comuns a outras regiões, 
como o Cerrado, a Caatinga, a Mata Densa e as Florestas Ciliares, que acompanham as margens dos 
rios e servem de abrigo para uma grande variedade de espécies de animais e plantas adaptadas à 
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água. Nas lagoas e rios, flutuam aguapés, vitórias-régias, plantas submersas e, nas margens, plantas 
de brejo, como a taboa.
A fauna é constituída principalmente por aves: estima-se que o Pantanal possui a maior concentração 
de aves do continente, e estão entre as espécies encontradas o martim-pescador, o biguatinga, a garça, 
o pato selvagem, o jaburu, o colhereiro, o gavião carcará, o tuiuiú – que é a ave símbolo do Pantanal – e 
a ema, encontrada em pequenos bandos. Outros animais completam a fauna, como a ariranha, a onça, o 
porco-espinho, os jacarés – encontrados em bandos numerosos –, as capivaras, os preás e as pacas, além 
de peixes como o pintado, o pacu, a traíra e a piranha.
4.2.9 Vegetação litorânea (Dunas, Mangues e Restinga)
As Dunas localizam-se logo após os limites atingidos pelas áreas de marés altas, ao longo do litoral. 
Caracterizam-se por suas areias que mudam de lugar de acordo com a direção do vento, apresentar 
alto teor salino e possuir flora de pequeno porte (as principais espécies são as gramíneas). A fauna é 
composta por alguns crustáceos, como caranguejos, e aves, como gaivotas.
As Restingas estão presentes em quase toda a costa brasileira. São formações arenosas e resultam da 
mistura de vários ecossistemas em que vivem espécies de animais e vegetais de continentes, do oceano 
e da própria Restinga. A vegetação mais próxima à praia é composta de gramíneas e à medida que se 
afasta da praia, já apresenta arbustos, palmeiras e algumas espécies de cactáceas. A fauna é composta 
por algumas espécies de répteis, como os lagartos, e muitos invertebrados, principalmente insetos.
Os Mangues são ecossistemas encontrados na costa brasileira. Formam-se em locais em que os rios 
desembocam no mar, havendo encontro de água doce com salgada. Apresentam solo lodoso e salgado, pobre 
em oxigênio e rico em nutrientes, que são depositados pelas águas dos rios e oceanos. Toda a vegetação dos 
Mangues está adaptada às áreas alagadas: as árvores possuem raízes do tipo escoras, para sustentar a árvore 
no solo lodoso, ou apresentam pneumatóforos, raízes respiratórias que emergem do solo. 
Os manguezais são importantes para a reprodução de inúmeras espécies, como peixes, camarões, 
ostras, caranguejos e muitas outras espécies. A fauna abriga inúmeras espécies de aves como gaivotas, 
garças, socos, gaviões e flamingos, alguns répteis e algumas espécies de caranguejos que vivem 
permanentemente nesses locais. Uma discussão maior sobre os manguezais se encontra em ecossistemas 
aquáticos, no início do título três deste material. 
 Observação
Entre os sistemas ecológicos naturais, temos os ecossistemas terrestres, 
baseados na integração do solo, clima e vegetação, que determinam os 
diferentes biomas encontrados, e os ecossistemas aquáticos, baseados 
em características físicas, como salinidade, movimentação das águas e 
profundidade. Eles não são classificados como biomas por não possuírem o 
equivalente à vegetação terrestre. 
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Sabendo agora que os biomas climáticos são dependentes da latitude do planeta e que conseguimos 
reconhecer diferentes biomas dentro do território brasileiro, devido a sua extensão geográfica, podemos 
perceber o quanto dessas regiões ainda poderíamos conhecer pessoalmente, não é mesmo?
No entanto, sabemos que os desequilíbrios provocados ao meio ambiente devido principalmente 
às ações antrópicas desenfreadas vêm prejudicando a natureza em demasia, o que pode sobremaneira 
ameaçar a ideia de um dia conhecer um bioma com o qual nunca tivemos contato.
E para poder controlar essas agressões ao meio, precisamos conhecer os reais perigos a que todos os 
seres vivos estão sujeitos. 
O que você consideraria desequilíbrio ambiental? Vamos discutir um pouco sobre este assunto?
4.3 Desequilíbrios ambientais
A dependência dos seres vivos em relação às características do meio ambiente varia muito entre as 
espécies. Os animais, por exemplo, em seu conjunto, caracterizam-se, antes de tudo, por uma mobilidade 
muito maior que os vegetais. Essa mobilidade os torna muito menos dependentes das condições 
ambientais que os vegetais em geral. Eles tanto podem procurar o seu alimento como buscar abrigo ou 
fugir de seus inimigos, ou ter ainda mais facilidade que os vegetais em encontrar outros organismosda 
mesma espécie para se reproduzir. 
Os vegetais, sem dispor dessa mobilidade, dependem, essencialmente, da existência de condições 
favoráveis à sua vida, no próprio local em que se acham plantados. O ambiente para o vegetal é o local 
físico, em que ele se encontra fixado, e para o animal, o ambiente, além de mais amplo, é de certa forma 
mais estável, uma vez que ele pode procurar quase sempre o local que lhe possa oferecer as condições 
mais favoráveis e mais confortáveis. Para o homem, finalmente, que desenvolveu o mais alto grau 
dessa capacidade de deslocamento e de construção de abrigos e refúgios, acrescentando a ela uma 
capacidade exclusiva de condicionar o meio em que vive às suas necessidades, a noção de ambiente 
tomou um sentido totalmente diferente, atingindo seu mais alto grau de estabilidade. Essa aptidão nos 
leva ao conceito de ambiente artificial, em oposição ao ambiente natural.
Sua capacidade de improvisar é ilimitada e ele a utiliza para modificar o ambiente que o cerca, de 
modo a torná-lo mais adequado ao seu tipo de vida. Aliás, o próprio “tipo de vida” foi por ele modificado, 
não tendo mais o sentido natural de satisfação de necessidades fisiológicas básicas. Surgiram, assim, 
“necessidades ideais”, que se traduzem em conforto, padrões estéticos e satisfação de aptidões 
intelectuais resultantes da atividade mental, que lhe são peculiares e exclusivas. 
O homem não se acha necessariamente filiado a qualquer tipo de ecossistema. Essa independência 
deriva da capacidade, por ele desenvolvida, de utilizar em seu benefício várias fontes físicas ou 
químicas de energia. Essa capacidade lhe permite obter alimentos (energia) a partir de qualquer tipo 
de ecossistema, capturar presas em qualquer ambiente, transformar moléculas orgânicas (ou mesmo 
inorgânicas) em produtos de mais fácil assimilação ou, ainda, reduzir gastos fisiológicos de energia 
através da mecanização do seu trabalho e aquecimento do ambiente em que vive.
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O risco de completo desequilíbrio dos ecossistemas terrestres existe, pois, como consequência da 
independência energética do ser humano: quanto maior for a facilidade de utilização direta de uma 
fonte de energia disponível, menor será sua fonte de reposição, o sistema de autocontrole natural 
é menor e a estabilidade do sistema se torna mais vulnerável a perturbações, levando à falha de 
seu equilíbrio. O homem provoca amplas modificações de seu ambiente ecológico, provavelmente 
desde que começou a utilizar o fogo. A queima das matas para o plantio e a devastação de florestas 
para obtenção de combustível deram origem aos primeiros desertos e problemas de erosão. A 
agropecuária intensiva em certas regiões levou ao esgotamento dos nutrientes minerais da terra e 
à sua consequente esterilização, e em muitos casos à compactação do solo pelo pisoteio do gado.
Existem grandes diferenças entre outras comunidades e as sociedades humanas. Na espécie humana, 
não existem castas biologicamente diferenciadas, todos os elementos da comunidade são potencialmente 
iguais e a divisão de trabalho é feita por uma solução resultante, em parte de hábito ou treinamento, em 
parte de tendências voluntárias, aptidões mentais e pressões sociais. Aliás, a diferenciação morfológica 
teria pouco sentido, uma vez que o homem emprega instrumentos em substituição a órgãos naturais 
para realização de seu trabalho.
O homem, apesar de viver em sociedade, mantém um grau de individualidade que não é encontrado 
em nenhum outro ser vivo. A existência de uma atividade mental ou consciente dá a cada membro dessa 
sociedade uma personalidade, o que implica um alto nível de originalidade, termo que não se aplica 
aos demais seres vivos. Evidentemente, a ausência de originalidade permite, por exemplo, à colônia de 
insetos, uma rigidez de estrutura, um automatismo em suas atividades muito maior do que poderia 
existir em qualquer sociedade humana. 
Todos os seres vivos necessitam do meio ambiente para sua sobrevivência; respiramos o mesmo 
ar, essa matéria gasosa que circunda o globo terrestre, constituinte da atmosfera, formado por uma 
mistura de vários elementos e compostos distintos, e, embora historicamente a sua composição tenha 
sofrido um processo de evolução, pode-se considerar que, para fins práticos, a sua composição não 
varia, pelo menos com relação aos seus componentes principais.
Do ponto de vista ecológico, os dois componentes mais importantes do ar são o oxigênio e o gás 
carbônico. O nitrogênio é, naturalmente, de importância primordial, como elemento da biomassa dos 
seres vivos, porém, a sua ocorrência na atmosfera é tão grande que as preocupações com a sua reciclagem 
são secundárias, muito embora a grande demanda de fertilizantes sintéticos venha acumulando 
consideravelmente a quantidade de nitrogênio que é fixada diretamente no ar por processos industriais. 
O gás carbônico é, essencialmente, originado de calcinações (tais como as que se realizam durante a 
atividade vulcânica, a partir de carbonatos) e combustões, merecendo especial destaque, nesse caso, 
todo o processo de respiração. Por essa razão, nos locais de intensa atividade biológica, como junto 
aos solos cobertos por espessa vegetação ou sobre terrenos pantanosos, rico em matéria orgânica em 
decomposição, o ar representa maior concentração de gás carbônico. 
A combustão, naturalmente, substitui o processo normal de decomposição ou de respiração orgânica, 
produz energia em forma de calor com consumo de oxigênio e combustível com a liberação de gás 
carbônico. A própria queima do álcool vem contemplar um processo de reciclagem já iniciado por 
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uma atividade de respiração anaeróbica, que é a fermentação do açúcar, no qual não houve consumo 
de oxigênio e com pequena liberação de gás carbônico. Porém, na escala em que tais combustões são 
realizadas pelo homem, essa fase de reciclagem (a decomposição) torna-se muito mais rápida que a 
fase oposta (de síntese). Reservas fósseis de matéria orgânica que foram acumuladas durante centenas 
de milhões de anos estão sendo extintas em pouco mais de um século. Além disso, a devastação das 
florestas para queima da madeira bem como outras utilizações e a poluição das águas podem vir a 
comprometer as fontes de oxigênio que permitiram sua reposição.
Os principais poluentes do ar podem ser classificados quanto à sua origem, como poluentes 
primários, aqueles emitidos diretamente pelas fontes, ou poluentes secundários, formados 
na atmosfera por interações químicas entre os poluentes primários e constituintes normais da 
atmosfera; podem ser divididos quanto à sua natureza química, como compostos sulfurosos, 
compostos nitrogenados, compostos orgânicos, óxidos de carbono, halógenos, matéria particulada 
e compostos radioativos.
A inalação de dióxido de enxofre (SO2), que é um dos mais frequentes contaminantes atmosféricos, 
mesmo em concentrações muito baixas, provoca espasmos passageiros dos músculos lisos dos brônquios 
pulmonares e, aumentando-se progressivamente essas concentrações, observa-se aumento da secreção 
mucosa nas vias respiratórias superiores e depois inflamações graves nas mucosas. Todos esses sintomas 
são agravados quando o ar é frio. Ocorre redução do movimento ciliar no trato respiratório, cuja função 
é eliminar o excesso de muco e partículas estranhas. Todos esses efeitos atuam de maneira prejudicial à 
respiração e à função dos pulmões. A exposição contínua dos seres humanos a esse gás desenvolve uma 
resistência moderada. Em alguns casos, pode ocorrer o contrário: a presença constante do gás provoca 
aumento de sensibilidade, como uma reação alérgica. Em certas condições, o SO2 pode se transformar 
em óxido sulfúrico (SO 3)

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