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287171984-Apostila-de-Filosofia-7o-Ano

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APOSTILA DE FILOSOFIA 
E s c o l a : _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ 
A l u n o : _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ 
Organização: 
Prof. Esp. Francisco Vasconcelos Silva Júnior 
 
 3 
A BUSCA POR UMA EXPLICAÇÃO DO MUNDO! 
C
a
p
ít
u
l
o
 1
 
De acordo com a tradição histórica 
a fase inaugural da filosofia é conheci-
da como período pré-socrático (isto é 
anterior a Sócrates). Assim, esse perío-
do abrange o conjunto de reflexões 
filosóficas desenvolvidas desde Tales 
de Mileto, no século VII a.C., até o sur-
gimento de Sócrates, no século V a.C. 
Já estudamos no 6º ano que a filo-
sofia surge na Grécia Antiga na cidade 
de Mileto, situada na Jônia, litoral oci-
dental da Ásia Menor. Caracterizada 
por múltiplas 
i n f l u e n c i a s 
culturais e um 
rico comércio, 
Mileto abrigou 
aqueles que 
seriam a ser 
considerados 
como os três 
primeiros filó-
sofos. São 
eles: Tales, 
Anaximandro e 
Anaxímenes. 
D e s t a c a - s e 
entre os objeti-
vos desses primeiros filosofos, a cons-
trução de uma cosmologia. 
Desde o princípio os primeiros filó-
sofos buscavam investigar as causas, 
o princípio e o fundamento para a exis-
tência do mundo. A partir da busca 
pela compreensão da existência do 
mundo, deu-se então uma investiga-
ção e a busca pela a explicação dos 
fenômenos já existentes e até mesmo 
daqueles que poderiam existir, que até 
então ainda são objetos de pesquisa, 
por aqueles que adentram no campo 
do conhecimento. 
Para os f i lósofos pré -
socráticos, a arché ou arqué 
(palavra grega que significa ori-
gem), seria um princípio que de-
veria estar presente em todos os 
momentos da existência de todas 
as coisas; no início, no desenvolvi-
mento e no fim de tudo. Princípio 
pelo qual tudo vem a ser. 
Para esses filósofos comumen-
te chamados de pré-socráticos 
todas as coisas são diferencia-
ções de uma mesma coisa e são 
a mesma coisa. Um desses filóso-
fos Diógenes de Apolônia explicou 
o raciocínio que levou os primei-
ros filósofos a ideia da Arché: 
[...] se as coisas que são agora 
neste mundo - terra, água, ar e 
fogo e as outras coisas que se 
manifestam neste mundo -, se 
alguma destas coisas fosse dife-
rente de qualquer outra, diferente 
em sua natureza própria e se não 
permanecesse a mesma coisa 
em suas muitas mudanças e dife-
renciações, então não poderiam 
as coisas, de nenhuma maneira, 
misturar-se umas as outras, nem 
fazer bem ou mal umas as outras 
[...] 
Assim, é a origem, mas não 
como algo que ficou no passado e 
sim como aquilo que, aqui e ago-
ra, dá origem a tudo, perene e 
permanentemente. 
 
 4 
Os filósofos de Mileto 
C
a
p
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u
l
o
 2
 
A filosofia possui um lugar mítico de 
origem, Mileto. Trata-se de uma antiga 
colónia grega situada na Jónia, metade 
sul da costa ocidental da Ásia Menor. 
Os filósofos de Mileto eram também 
chamados de naturalistas, por estarem 
envolvidos em reflexões relativas à 
physis (natureza num sentido amplo 
como realidade primeira e fundamen-
tal) na tenta-
tiva de en-
contrar uma 
e x p l i c a ç ã o 
para a ori-
gem, ou o 
p r i n c í p i o 
(arché) de 
todas as coi-
sas. Foram 
eles: Tales 
de Mileto, 
Anaximandro de Mileto e Anaxímenes. 
Destaca-se entre os objetivos desses 
primeiros filósofos, a construção de 
uma cosmologia (explicação racional e 
sistemática do universo). 
2.1 Tales de Mileto 
Segundo a tradição clássica da filo-
sofia ocidental, o primeiro teórico a 
formular um pensamento 
mais sistemático fundado 
em bases racionais foi o 
grego Tales 625 a.C. – 558 
a.C.). Sendo o fundador des-
sa nova forma de pensar, 
ele é considerado o primeiro 
filósofo de que se tem notí-
cia, inaugurando a linhagem 
filosófica dos pré-socráticos 
(filósofos que vieram antes 
de Sócrates). 
Foi considerado o precursor do pen-
samento filosófico, por que pen-
sou a matéria de maneira diferen-
te de como era pensada antes, 
com inferências divinas e invoca-
ções a deuses superiores. Ele 
acreditava que a coisa material 
sofria transformações ao longo do 
tempo. Com isso, o filósofo inau-
gurou o método de observação e 
especulação diferente das expli-
cações teológicas e religiosas pa-
ra todas as coisas, em vigor na 
época. Aristóteles o considerava 
como o primeiro filósofo. 
Procurando fugir das antigas 
explicações mitológicas sobre a 
criação do mundo, Tales queria 
descobrir um elemento físico que 
fosse constante e, todas as coi-
sas, algo que foi o principio unifi-
cador de todos os seres. Segundo 
Tales, a origem de todas as coi-
sas estava 
no elemento 
água: quan-
do densa, 
transformar-
se-ia em ter-
ra; quando 
a q u e c i d a , 
viraria vapor 
que, ao se 
resfriar, retornaria ao estado líqui-
do, garantindo assim a continui-
dade do ciclo. Nesse eterno movi-
mento, aos poucos novas formas 
de vida e evolução iriam se de-
senvolvendo, originando todas as 
coisas existentes. 
O grande mérito de Tales, na 
verdade, não foi a sua explicação 
aquática da realidade: foi o fato 
Localização de Mileto no mapa 
atual 
 
 5 
 
de que, pela primeira vez na história, o 
homem buscava uma explicação total-
mente racional para o seu mundo, dei-
xando de lado a interferência dos deu-
ses. 
2.2. Anaximandro de Mileto 
Anaximandro de Mileto (610 a.C.- 547 
a.C.) foi discípulo de Tales. Assim como 
seu mestre, procurou compreender o 
princípio (arkhé) que origina toda a reali-
dade. Porém, em suas investigações, 
não encontrou em nenhum ele-
mento físico este princípio, mas 
no que chamou de ÁPEIRON. 
Segundo Anaximandro, é a partir 
da transformação de cada coisa 
no seu contrário, isto é, da mu-
dança entre pares de opostos da 
realidade, que podemos perce-
ber que elas estão imersas em 
um turbilhão infinito, ilimitado, 
indeterminado, mas que deter-
mina e limita todos os seres. A 
este turbilhão original denomi-
nou ápeiron. 
Para esse filósofo, pares de con-
trários são, por exemplo, quente-
frio e seco-úmido. Isto quer dizer que em 
cada coisa somente um de cada par po-
de existir, não podendo, pois, coexisti-
rem em um mesmo objeto, o quente e o 
frio. Por isso percebemos a ordem nesta 
determinação. Mas se nenhuma predo-
mina eterna-
mente (pois 
uma só existe 
quando a outra 
não está pre-
sente) é porque 
devem ser de-
terminadas por 
algo extrínseco 
(fora) a elas, 
algo ilimitado, 
mas que as li-
mita, o ápeiron (ilimitado, indefinido, in-
destrutível, indeterminado). 
Anaximandro pensava que nosso 
mundo é somente um entre diversos ou-
tros mundos que irão se desenvolver, 
evoluir e se desintegrar em um processo 
infinito. 
2.3. Anaxímenes de Mileto 
Anaxímenes de Mileto (585 a.C.-
528 a.C.) também fez parte da Esco-
la Jônica. Foi discípulo de Anaximan-
dro e como este, também afirmou 
ser uma só a natureza ou princípio 
(arkhé) subjacente a todas as coi-
sas. No entanto, mesmo que acredi-
tasse ser este princípio ilimitado, 
não o pensou ser indefinido. 
Tentando uma possível concilia-
ção entre as concepções de Tales e 
as de Anaximan-
dro conclui ser o 
ar o principio de 
todas coisas. Isso 
porque o ar repre-
senta um elemen-
to invisível, quase 
inobservável e, 
no entanto, ob-
servável: ―o ar é a 
própria vida a for-
ça vital, a divindade que anima o 
mundo, aquilo que dá testemunho à 
respi ração‖ . 
A n a x í me n e s 
acreditava que 
a alma feita de 
ar, observando 
que o vivente 
r e s p i r a 
(refrigera o 
corpo) en-
quanto que o 
morto não o 
faz. 
Anaxímenes 
encontrou no ar empírico uma série 
de propriedades que desempenhari-
am melhor que os outros elementos 
as funções de arché. 
 
 6 
A ESCOLA PITAGÓRICA E O CULTO A MATEMÁTICA 
C
a
p
ít
u
l
o
 3
 
Pitágoras de Samos (570 a.C. – 490 
a.C) nasceu na ilhade Samos, na cos-
ta jônica. Por volta de 
530 a.C sofreu perse-
guição politica por 
causa de suas ideais 
sendo obrigado a dei-
xar sua terra de ori-
gem. Em Crotona fun-
dou uma sociedade 
secreta dedicada ao 
estudo dos números. 
Julga-se que esta so-
ciedade, cujos membros 
se tornaram conhecidos 
como pitagóricos, desen-
volveu uma parte signifi-
cativa de conhecimento 
matemático e isso em 
segredo absoluto. 
Pode considerar-se que 
os pitagóricos eram uma 
ordem religiosa e uma 
escola filosófica. Para os 
filósofos da escola pita-
górica "O número é tu-
do", isto é 
o "número 
e r a a 
su b s t â n -
cia de todas as coisas". 
O que pretendiam afir-
mar era que não só to-
dos os objetos conheci-
dos tinham um número, 
ou podiam ser ordena-
dos e contados, mas 
também que os números 
eram a base de todos os 
fenómenos físicos. Por 
exemplo, uma constelação no céu po-
dia ser caracterizada não só pela sua 
forma geométrica como também 
pelo número de estrelas que a 
c o m p u n h a m , 
bem como ela 
própria podia 
ser a represen-
tação de um 
número. Conta-
se Pitágoras 
que chegou a 
essa ideia ob-
servou que os 
sons produzidos por cordas vi-
brantes são harmoniosos quando 
os comprimentos das cordas po-
dem ser expressos como razões 
de números inteiros. 
Segundo o pesquisador em filo-
sofia Thomas Giles, ―pela primeira 
vez se introduziria um aspecto 
mais formal na explicação da rea-
lidade, isto é a ordem e a cons-
tância‖. Assim a essência dos se-
res, teria uma estrutura matemá-
tica da qual derivariam problemas 
como: finito e infinito, par e impar, 
unidade 
e multi-
plicidade 
etc. 
P i t á g o -
ras dizia 
que no 
fundo de 
t o d a s 
coisas a 
diferen-
ça entre 
os seres 
consiste, 
essencialmente, em uma questão 
de números (limite e ordem das 
P
it
á
g
o
ra
s
,5
7
1
 a
 4
9
6
 a
.C
 
 
 7 
 
coisas). 
Os pitagóricos descobriram que a har-
monia na música correspondia a razões 
simples entre núme-
ros. De acordo com 
Aristóteles, os pitagóri-
cos pensavam que to-
do o céu era composto 
por escalas musicais e 
números. A harmonia 
musical e os desenhos 
geométricos levaram 
esses pensadores a 
acreditar que tudo se 
resumia a números. 
Os pitagóricos pensa-
vam que as razões nu-
méricas básicas da música envolviam 
apenas os números 1, 2, 3 e 4, cuja so-
ma é 10. E 10, por sua vez, é a base do 
nosso sistema de nu-
meração. Representa-
vam o número 10 como 
um triângulo, ao qual 
chamaram tetraktys. 
As contribuições da 
escola pitagórica pode 
ser encontradas no 
campo da matemática, 
da musica e da astro-
nomia. A essas contri-
buições junta-se uma 
série de crenças místi-
cas relativas à imortalidade da alma, à 
reencarnação dos pecadores, a prescri-
ção de rígidas condutas morais. 
Os pitagóricos seguiram venerando 
certos padrões numéricos, especialmen-
te o chamado ―número especial dez‖ es-
se numero era visto como místico, uma 
vez que continha os quatros ele-
mentos, fogo água, ar e terra: 
10=1+2+3+4. Chamado pelos gre-
gos de Tetractys. 
―O triangulo e o numero 10—o 
decado—tornaram-se objetos de 
adoração pelos pitagoreanos. 
No pensamento pitagórico, o nu-
mero 10 é o numero prefeito, por-
que ele formado pela soma dos qua-
tros primeiros números inteiros, co-
mo mostrado no tetraktys. 
Pitágoras morreu por volta de 
500 a.C. e não deixou nenhum re-
gistro escrito do seu trabalho. O cen-
tro de Crotona foi destruído por um 
grupo rival político, sendo a maioria 
dos seus membros morta, e os res-
tantes dispersaram-se pelo mundo 
grego levando a sua filosofia e o 
misticismo dos nú-
meros. 
Os discípulos mais 
famosos de pitago-
ras foram Filolau de 
Tarento (século V 
a.C), um importante 
matemático e astrô-
nomo; desenvolveu a 
doputrina pitagórica 
com certo rigor cien-
tifico; Hicetas de Si-
racusa (século V a.C) 
destacou-se por afirmar a rotação 
da Terra sobre seu eixo; Hipocrátes 
de Quino (470-419 a.C) e Alcméon 
(século VI a.C) foram importantes 
matemáticos da escola pitagórica. 
 
Representação do Tetraktys. 
Teorema de Pitágoras: A soma dos 
quadrados dos catetos é igual ao 
quadrado da hipotenusa. 
 
 8 
Heráclito de Éfeso 
C
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 4
 
Heráclito de Éfeso (535-470 a.C), 
concebia a realidade do mundo como 
algo dinâmico, isto é em constante mu-
dança. Descendente dos reis de Éfeso, 
colônia ateniense na costa da Ásia Me-
nor, abriu mão do título 
honorífico em favor de 
seu irmão. Altivo, ele 
desprezou a plebe e 
hostilizou a nascente 
democracia em Éfeso, 
se recusando a escre-
ver sua constituição. 
Assim como os pensa-
dores de Mileto, Herá-
clito observava que a 
realidade é dinâmica e 
que a vida está em 
constante transforma-
ção. Mas diferentes 
dos milésimos, que 
buscavam na mudança aquilo que per-
manece, decidiu concentrar sua refle-
xão sobre o que muda. 
Segundo Heráclito, no universo tudo 
flui, tudo esta em cons-
tante movimento e 
transformação, dai sua 
escola filosófica ser 
chamada de mobilista. 
Para ele a vida era um 
fluxo constante, impul-
sionado pela lutas de 
forças contrarias: a or-
dem e a desordem, o 
bem e o mal, o belo e o 
feio, a construção e a 
destruição, a justiça e 
a injustiça, a alegria e 
a tristeza etc. Assim 
afirmava que luta é 
mãe, rainha e principio 
de todas as coisas. É pela luta 
das forças opostas que o mundo 
se modifica e evolui. 
Atribui-se a esse a filosofo a 
celebre frase: ―É impossível que 
alguém se banhe num mesmo rio 
duas vezes‖; porque ao entrar pe-
la segunda vez tanto ela quanto o 
rio já não são os mesmos. 
Ao contrário da maioria dos 
filósofos antigos, Heráclito é ge-
ralmente visto como independen-
te de escolas e movimentos, pro-
vavelmente um autodidata. Seus 
escritos conjugavam ciência, rela-
ções humanas e teologia. Apesar 
de influenciado por seus prede-
cessores, ele foi crítico do pensa-
mento vigen-
te e chamava 
os poetas épi-
cos de "tolos" 
e Pitágoras 
de "impostor". 
O Obscuro, 
como era co-
nhecido Herá-
clito, conce-
beu o FOGO 
como o princí-
pio eterno 
que causa a 
mudança e 
c o n c e b e 
Deus como a 
harmonia ou 
síntese entre os contrários. É uma 
concepção de realidade que per-
mite compreender o mundo so-
mente no seu devir e na unidade 
dos opostos. Quer dizer que a do-
ença torna valorosa a saúde e 
Yin Yang é um princípio da filosofia chi-
nesa, onde yin e yang são duas energias 
opostas. Yin significa escuridão sendo 
representado pelo lado pintado de preto, 
e yang é a claridade. Para Heráclito a 
vida era um fluxo constante, impulsiona-
do pela lutas de forças contrarias:. 
De acordo com Heráclito o Fogo 
era o principio primordial de to-
das as coisas, isso porque o fogo 
representa a dinâmica de trans-
formação da natureza que há em 
todas as coisas. 
Heráclito de Éfeso - 535 a 475 a.C. 
 
 9 
 
que jamais entenderíamos o 
significado da justiça se não 
houvesse a ofensa. O sentido, 
o significado está na harmo-
nia, na concili-
ação entre os 
vários pares de 
contrários. 
É interessante 
observar como 
a filosofia de 
Heráclito per-
manece atual. 
No que se refere à maté-
ria, Essa é mutável e con-
cebida pelos cientistas 
c o m o 
eterna-
mente em transforma-
ção (como afirmou o 
químico Lavoisier no 
século XVIII, ―na natu-
reza nada se cria, na-
da se perde, tudo se 
transforma‖). A atuali-
dade de seu pensa-
mento também pode 
ser observada no Princípio 
da incerteza de Heisenberg, 
físico que ajudou a desenvol-
ver a mecânica quântica no 
século XX, que diz ser impos-
sível afirmar com exatidão a 
posição de um elétron em 
um átomo em razão da me-
todologia de aferição. 
Apesar de não ter sido bem 
visto entre seus contemporâ-
neos e estudiosos posterio-
res, Heráclito é considerado 
um dos mais destacadosfiló-
sofos pré-socráticos e o primeiro 
grande representante do pensamen-
to dialético. Sua 
teoria influenciou 
filósofos como 
Hegel, Nietsche, 
Heideger entre 
outros. 
Lavosier (1743 - 1794): 
“na natureza nada se 
cria, nada se perde, tudo 
se transforma”. 
 
 10 
OS PENSADORES DE ELÉIA 
C
a
p
ít
u
l
o
 5
 
As diversas explicações para origem 
do universo que estudamos nos capítu-
los anteriores despertaram na época, 
uma nova indagação: Porque tantas 
explicações diferentes sobre a origem 
do universo? Porque tantas opiniões 
contrarias? 
Como foi visto Heráclito de Éfeso, 
acreditava que a luta dos contrários 
formava a unidade do mundo. Já para 
os pensadores da cidade Eléia a partir 
do seu principal representante, Parmê-
nides, os contrários jamais poderiam 
coexistir. Foi a partir dessa discussão 
sobre os contrários, sobre o ser e o 
não ser, que se iniciaram a lógica e a 
ontologia e suas relações reciprocas. 
5.1 Parmênides de Eléia 
Nascido em Eleia, atual Vélia (Itália), 
Parmênides é considerado o fundador 
da escola eleática. Ele foi admirado 
por seus contemporâneos 
por ter levado uma vida 
regrada e exemplar. 
Parmênides foi o mais 
influente dos filósofos 
que precederam Platão. 
Em sua doutrina se desta-
cam o monismo e o imo-
bilismo. Ele propôs que 
tudo o que existe é eter-
no, imutável, indestrutí-
vel, indivisível 
e, portanto, 
imóvel. 
Para esse filosofo, a 
transformação das coisas, o 
fato de se moverem, de se 
deteriorarem, envelhecerem 
e morrerem era algo incom-
patível com a ideia de ser. 
Para Parmênides, o ser 
só pode ser pensado como algo 
que não muda, que permanece 
sempre do que jeito que é. 
Parmênides considera que o 
pensamento humano pode atingir 
o conhecimento genuíno e a com-
preensão. Essa percepção do do-
mínio do "ser" corresponde às coi-
sas que são percebidas pela men-
te. O que 
é perce-
bido pe-
las sen-
sa ç õ e s , 
por outro 
lado, é, 
segundo 
ele, en-
ganoso e 
falso, e 
pertence ao domínio do não-ser. 
Trata-se de uma oposição direta 
ao mobilismo defendido por Herá-
clito de Éfeso, para quem "tudo 
passa, nada permanece". Seu 
pensamento influenciou a chama-
da "teoria das formas", de Platão. 
Apenas para tornar mais clara 
a sua doutrina, podemos dividi-la 
em: 
 Unidade e a imobilidade do 
Ser 
 O mundo sensível é 
uma ilusão 
 O Ser é Uno, Eterno, 
Não-Gerado e Imutável 
 Não se confia no que 
vê 
Ele acreditava que frio 
era falta de calor e que 
escuro era falta de luz. 
O argumento que em-
Parmênides de Eléia - 530 
a 460 a.C. 
 
 11 
 
basava toda a sua lógica era que não 
pode haver um pensamento que corres-
ponde a um nome que não é um nome 
de uma coisa que realmente existe. 
Quando você pensa, você pensa em al-
guma coisa, quando você usa um nome, 
este deve corresponder a alguma coisa. 
A grande importância de Parmênides 
na história da 
filosofia, está 
na forma que 
ele formulou 
esse argumen-
to, muitos di-
zem que ele in-
ventou a lógica, 
mas o que ele 
realmente in-
ventou foi a metafísica baseada na lógi-
ca. 
 
5.2 Zenão de Eléia 
Zenão de Eleia nasceu por 
volta do ano de 489 a.C. 
Era discípulo de Parmêni-
des e defensor árduo de 
seu pensamento. 
Segundo Aristóteles, Ze-
não foi o fundador da Dia-
lética como arte de provar 
ou refutar a verdade de 
um argumento, partindo 
de princípios admitidos por 
seu interlocutor. 
Zenão foi discípulo de Par-
mênides e coloca a serviço 
de seu mestre seus conhe-
cimentos lógicos inventan-
do vários argumentos com 
o objetivo de desacreditar os críticos da 
visão de mundo exposta por Parmêni-
des, com quem visitou Atenas e conhe-
ceu Sócrates. 
Ele é conhecido sobretudo pelos para-
doxos formulados basicamente sobre a 
tese da impossibilidade do movimento 
que hoje são conhecidos como parado-
xos de Zenão. Seguindo as pegadas de 
seu mestre Parmênides, através da dia-
lética, ele tenta afirmar a teoria da imu-
tabilidade do ser reduzindo ao absurdo o 
seu contrário. A tese contestada por Ze-
não é a tese dos Pitagóricos que 
acreditam na multiplicidade do ser 
em relação ao seu número. Contes-
ta também a tese de Anaxágoras, 
seu contemporâneo. 
Um dos famosos paradoxos que 
Zenão utilizava para contestar a teo-
ria do mobilismo é o da flecha. Nes-
te, um arqueiro mira um alvo e lan-
ça a flecha de seu arco. Mas, pen-
sou Zenão, em cada instante de 
tempo determinado, a flecha ocupa 
um espaço determinado (pensem 
numa imagem fotográfica desse mo-
vimento sucessivo de instantes) o 
que significa que em cada tempo 
finito a flecha está em repouso. Ora, 
como entender que ela está simulta-
neamente em repouso e movimen-
to? O movimento gera o repouso? 
Não, isso é uma contradição, aos 
olhos dos antigos. 
Com esse tipo de argumento, Ze-
não mostrava a insustentabilidade 
das teses dos defensores do mobi-
lismo e defendia a posição do seu 
mestre de que pensamento, ser e 
linguagem guardam uma relação 
íntima de tal modo que o nosso co-
nhecimento só pode ser concebido 
se seguidas as leis lógicas da razão. 
Zenão de Éleia - 490 a 430 a.C 
 
 12 
OS SOFISTAS 
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 6
 
Na Grécia Antiga, o período pré-
socrático foi dominado, em grande par-
te, pela investigação da natureza. Essa 
investigação consistia na busca de ex-
plicações racionais para o universo 
manifestando-se na procura de um 
principio primordial de todas as coisas 
existentes, seguiu-se a esse período 
uma nova fase filosófica, caracterizada 
pelo interesse no próprio homem e nas 
relações politicas do homem com a 
sociedade. Essa nova fase foi marcada 
no inicio, pelos sofistas. 
Os sofistas eram professores viajan-
tes que, por determi-
nado preço vendiam 
ensinamentos práti-
cos de filosofia. Ensi-
navam conhecimen-
tos úteis para o su-
cesso nos negócios 
públicos e privados. 
Cada sofista tinha o 
domínio de um con-
junto de conhecimen-
tos que ensinava pa-
ra seus alunos. Mas 
em geral, pratica-
mente todos os sofis-
tas ensinavam a ha-
bilidade de falar bem. 
Nesse período em 
Atenas, expressar-se bem em público 
era muito importante, porque as princi-
pais decisões para a cidade e para os 
cidadãos atenienses eram tomadas 
em assembleias, por meio de votação. 
Podemos considerar a retórica como 
a arte da persuasão, a qual, por meio 
de argumentos bem construídos, leva 
os outros a concordarem como a opini-
ão de quem a exerce. Entretanto, na 
retórica o que se coloca em foco 
não é necessariamente a verdade 
acerca dos fatos, mas os aspec-
tos que podem melhor convencer 
e persuadir. Por isso, muitos filó-
sofos acusavam os sofistas de 
não terem compromisso com a 
verdade. 
Etimologicamente o termo sofis-
ta significa ―sábio‖. Entretanto, 
com o decorrer do tempo ganhou 
sentido de ―impostor‖, devido, 
sobretudo às criticas de Platão. 
Desde então se considerou a 
sofistica, apenas uma atitude vici-
osa do espirito, uma arte de mani-
pular raciocínios, de produzir o 
falso, de iludir os ouvintes, sem 
qualquer amor pela verdade. 
5.1 Protágoras de Abdera 
Nascido na cidade Abdera, pro-
vavelmente em 
480 a.C., é 
considerado o 
primeiro e um 
dos mais im-
portantes so-
fistas. Ensinou 
por muito tem-
po em Atenas, 
tendo como 
principio bási-
co de sua dou-
trina a ideia de 
que o homem 
é a medida de 
tudo o que 
existe. 
O enunciado 
que resumo sua doutrina revela 
que ele, de forma critica e perspi-
caz, percebeu o valor da relativo 
Os sofistas eram professores viajantes que, por 
determinado preço vendiam ensinamentos práti-
cos de filosofia. As lições sofistas tinham como 
principal objetivo o desenvolvimento da argumen-
tação, da habilidade da retórica, do conhecimento 
de doutrina divergentes. 
“O homem é a medida de 
todas as coisas; daquelas 
que são, enquanto são; e 
daquelasque não são”. 
Protágoras de Abdera 480 a 
410 a.C. 
 
 13 
 
da verdade que havia nas teorias dos 
filósofos do período cosmoló-
gico. 
Conforme a concepção de 
Protágoras, todas as coisas 
são relativas às disposições 
do homem, isto é o mundo é o 
que homem constrói e destrói. 
Por isso não haveria verdades 
absolutas. A verdade seria 
relativa a determinada pes-
soa, grupo social ou cultura. 
Parecia claro para Protágoras 
que não existe verdade em 
sentido absoluto, porque ela 
depende de convenci-
mento, podendo, por-
tanto, assumir valor 
relativo ou subjetivo, 
isto é que é verdade 
para um pode não ser 
verdade para outro. O 
homem é a medida 
de todas as da verda-
de. Se assim é, o co-
nhecimento pode as-
sumir um caráter prá-
tico, uma vez que tudo depende 
de convencimento, daí a impor-
tância da boa argumentação. 
 
5.2 Górgias de Leontini 
Górgias de Leontini, consi-
derado um dos grandes ora-
dores da Grécia, aprofun-
dou o subjetivismo relativis-
ta de Protágoras a ponto de 
defender o ceticismo abso-
luto, negando de forma ra-
dical a possibilidade do co-
nhecimento. É dele a ex-
pressão máxima do ceticis-
mo formulada em três teses 
básicas; 
I. nada existe; 
II. Se existisse, não poderia 
ser conhecido; 
III.Mesmo se fosse conheci-
do, não poderia ser comunicado a 
ninguém. 
 
Para Górgias, os filósofos produziram 
teses tão contraditórias em relação 
a existência do ser que acabaram 
afirmando o contrario, ou seja, a 
existência do não-ser, isto é, do na-
da. Sendo que o nada não pode ser 
pensado, não sendo pois, conhecido 
ou comunicado. 
De fato Górgias pôs de cabeça pa-
ra baixo o pensamento de Parmêni-
des ao afirmar que o ser não existe 
e que o não-ser existe. 
Partindo dessas argumentações, 
Górgias conclui que não existe um 
conhecimento certo das coisas, ele 
procurou mostrar tão somente o po-
der das 
p a l a -
v r a s , 
não co-
mo ex-
pressão 
da ver-
d a d e , 
mas co-
mo for-
ça de 
persua-
são. Daí 
o poder 
da reto-
rica enquanto arte de persuadir e 
produzir crenças. 
As obras de retórica de Górgias 
ainda em existência (Encômio de 
Helena, Defesa de Palamedes, So-
bre a Não-Existência e Epitáfio) fo-
ram preservados através de uma 
obra chamada Technai, um manual 
de instrução retórica, que consistia 
de modelos a serem memorizados, 
e demonstrava diversos princípios 
da prática retórica.10 Embora al-
guns estudiosos tenham alegado 
que cada uma dessas obra apresen-
ta afirmações contrastantes, os qua-
tro textos podem ser lidos como 
contribuições interrelacionadas à 
arte (technê) e à teoria (então pro-
missora) da retórica. 
O homem é a medida de todas coisas. A 
frase de Protágoras tem sido reinterpre-
tada durante os séculos, a partir dessa 
frase afirma-se que o conhecimento do 
mundo é uma criação humana; portanto 
se constitui mediante o uso de nossa 
capacidade de perceber e entender as 
coisas, que varia de pessoa para pessoa, 
e de formar consensos¹. 
“Bom orador é capaz de conven-
cer qualquer pessoa sobre qual-
quer coisa”. 
Górgias de Leontini 487 - 380 
a.C. 
Oratória é a arte de falar em público de forma 
estruturada e deliberada, com a intenção de 
informar, influenciar, ou entreter os ouvintes. 
 
 14 
SÓCRATES DE ATENAS: ―SÓ SEI QUE NADA SEI‖ 
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 7
 
Sócrates nasceu em Atenas, prova-
velmente no ano de 470 aC, e tornou-
se um dos principais pensadores da 
Grécia Antiga. Podemos afirmar que 
Sócrates fundou o que conhecemos 
hoje por filosofia ocidental. Era filho de 
um escultor e de uma parteira. Em Ate-
nas, recebeu uma 
educação clássica, 
que incluía ginásti-
ca, música e gra-
mática. Pouco se 
sabe a respeito de 
sua juventude. 
Sócrates vivia de 
maneira humilde, 
percorrendo des-
calço as ruas de 
Atenas. Tornou-se 
o filósofo por exce-
lência, "amigo do saber". Passou a en-
sinar em praça pública, sem cobrar 
pelos seus ensinamentos, ao contrário 
do que faziam os sofistas. 
O pensamento de Sócra-
tes marca uma reviravolta 
na história humana. Até en-
tão, a filosofia procurava 
explicar o mundo baseada 
na observação das forças 
da natureza. Com Sócrates, 
o ser humano voltou-se pa-
ra si mesmo. Como diria 
mais tarde o pensador ro-
mano Cícero, coube ao gre-
go "trazer a filosofia do céu 
para a terra" e concentrá-la 
no homem e em sua alma 
(em grego, a psique). A pre-
ocupação de Sócrates era 
levar as pessoas, por meio 
do autoconhecimento, à sabedoria e à 
prática do bem. Seu método con-
sistia em fazer perguntas que 
conduziam o discípulo à desco-
berta da verdade. 
Sócrates concebia o homem 
como um composto de dois princí-
pios, alma (ou espírito) e corpo. 
De seu pensamento surgiram du-
as vertentes da filosofia que, em 
linhas gerais, podem ser conside-
radas como as grandes tendên-
cias do pensamento ocidental. 
Uma é a idealista, que partiu de 
Platão (427-347 a.C.), seguidor 
de Sócrates. Ao distinguir o mun-
do concreto do mundo das idéias, 
deu a estas status de realidade; e 
a outra é a realista, partindo de 
Aristóteles (384-322 a.C.), discí-
pulo de Platão que submeteu as 
ideias, às quais se chega pelo es-
pírito, ao mundo real. 
Nas palavras atribuídas a Só-
crates por Platão na 
obra Apologia de Só-
crates, o filósofo ate-
niense considerava 
sua missão "andar 
por aí (nas ruas, pra-
ças e ginásios, que 
eram as escolas ate-
nienses de atletis-
mo), persuadindo jo-
vens e velhos a não 
se preocuparem tan-
to, nem em primeiro 
lugar, com o corpo ou 
com a fortuna, mas 
antes com a perfei-
ção da alma". Por is-
so, o autoconheci-
mento era um dos pontos básicos 
Sócrates de Atenas - 469 a 399 a.C 
―Só sei que nada sei‖ Foi a re-
posta de Sócrates a pergunta 
feita pelo oráculo de Delfos ao 
lhe indagar sobre o que ele sa-
bia. 
 
 15 
 
da filosofia socrática. ―Conhece-te a ti 
mesmo‖, frase inscrita no Oraculo de 
Delfos, era a recomendação básica feita 
por Sócrates a seus discípulos. 
Defensor do diálogo como método de 
educação, Sócrates considerava muito 
importante o contato direto com os inter-
locutores - o que é uma das possíveis 
razões para o fato de não ter deixado 
nenhum texto escrito. Suas ideias foram 
recolhidas principalmente por Platão, 
que as sistematizou, e por outros filóso-
fos que conviveram com ele. 
Em meio ao desmoronamento do im-
pério ateniense e à guerra civil interna, 
quando já era septuagenário, Sócrates 
foi acusado 
de desres-
peitar os 
deuses do 
Estado e de 
c o r r o m p e r 
os jovens. 
Julgado e 
condenado 
à morte por 
e n v e n e n a -
mento, ele 
se recusou a 
fugir ou a 
renegar su-
as convicções para salvar a vida. Ingeriu 
cicuta e morreu rodeado por seus ami-
gos, em 399 a.C 
6.1. O método Socrático 
O método socrático 
consiste em uma téc-
nica de investigação 
filosófica feita em 
diálogo que consiste 
em o professor con-
duzir o aluno a um 
processo de reflexão 
e descoberta dos 
próprios valores. Pa-
ra isso ele faz uso de 
perguntas simples e 
quase ingênuas que 
têm por objetivo, em 
primeiro lugar, revelar as contradições 
presentes na atual forma de pensar do 
aluno, normalmente baseadas em valo-
res e preconceitos da sociedade, e 
auxiliá-lo assim a redefinir tais valo-
res, aprendendo a pensar por si 
mesmo. 
É dividido em dois momentos fun-
damentais: 
A ironia que denuncia as verda-
des feitas e o falso saber daqueles 
que pretendiam reduzir o verdadeiro 
ao verosímil 
A maiêutica, técnica através da 
qual se consegue observar como é 
que uma ciência desconhecida se 
transforma progressivamente numa 
ciência conhecida. Segundo Platão, 
Sócrates fora buscar a sua arte da 
maiêutica a sua mãe que era partei-
ra. Sócrates 
considera-
va a sua 
arte como a 
arte de par-
turejar; só 
que agora 
são ho-
mens que 
dão à luz e 
é do partodas suas 
almas que 
se trata. Sócrates revelava aos ou-
tros aquilo que eles próprios sabiam 
sem de tal terem consciência. Ele 
pretendia que o seu questionamen-
to sistemático levasse os outros a 
um ponto crucial de consciência crí-
tica, procurando a verdade no seu 
interior, dando assim lugar ao "parto 
intelectual". A maiêutica é, assim, a 
fase positiva, construtiva, do méto-
do socrático que permite o acordo 
através das certezas universais obti-
das pela definição após a discus-
são. 
"A Morte de Sócrates", por Jacques-Louis David(1787) 
 
 16 
O CONHECIMENTO 
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 8
 
Quando estudamos o nascimento 
da filosofia na Grécia, vimos que os 
primeiros filósofos dedica-
vam-se a um conjunto de 
indagações principais: 
―porque e como as coisas 
existem?‖, ―O que é mun-
do?‖. Essas indagações co-
locavam no centro a per-
gunta: ―o que são as coi-
sas?‖. De fato desde seus 
primórdios, a Filosofia se 
ocupou do problema do co-
nhecimento. Os primeiros 
filósofos na Grécia que 
questionaram sobre o mun-
do (cosmos), sobre o ho-
mem, a natureza e etc., ten-
taram encontrar a verdade 
em um prin-
cípio único 
(arché) que 
a b a r c a s s e 
toda a reali-
dade, isto é, 
sobre o Ser. 
Conhecimen-
to é o ato ou 
efeito de co-
nhecer, é ter 
ideia ou a 
noção de 
alguma coi-
sa. É o saber, a instrução e a informa-
ção. 
Conhecer é incorporar um conceito 
novo, ou original, sobre um fato ou fe-
nômeno qualquer. O conhecimento 
não nasce do vazio e sim das experiên-
cias que acumulamos em nossa vida. 
O Conhecimento faz do ser humano 
um ser diverso dos demais, na medida 
em que lhe possibilita fugir da 
submissão à natureza. A ação dos 
animais na natureza é 
biologicamente determi-
nada, por mais sofistica-
das que possam ser, 
por exemplo, a casa do 
joão-de-barro ou a orga-
nização de uma col-
meia, isso leva em con-
ta apenas a sobrevivên-
cia da espécie. 
Confiantes de que so-
mos seres capazes de 
conhecer o universo e 
sua estrutura, os gregos 
se perguntavam como 
era possível o erro, a 
falsidade e a ilusão, já que não 
era possível falar sobre o Não Ser 
e sim somente sobre o Ser. Foi 
preciso, pois, estabelecer a dife-
renciação entre o mero opinar e o 
conhecer verdadeiro, entre o que 
percebemos pelos sentidos e 
aquilo que compreendemos pelo 
pensamento, raciocínio ou refle-
xão, estabelecendo, assim, graus 
de conhecimento e até mesmo 
uma hierarquia entre eles. Isso 
porque o conhecimento não era 
entendido como a mera apreen-
Arvore do conhecimento, o motivo que levou o ho-
mem a ser expulso do paraíso. 
Os gregos se perguntavam 
como era possível o erro, a 
falsidade e a ilusão, já que 
não era possível falar sobre 
o Não Ser e sim somente 
sobre o Ser. 
 
 17 
 
são particular de objetos (pois isso seria 
conhecimento de algo), mas pretendido 
como o modo universal de apreensão 
(não o conhecimento de várias coisas, 
mas o que é realmente o conhecer). 
O conhecimento 
leva o homem a 
apropriar-se da 
realidade e, ao 
mesmo tempo a 
penetrar nela, 
essa posse con-
fere-nos a gran-
de vantagem de 
nos tornar mais 
aptos para a ação consciente. A ignorân-
cia dificulta as possibilidades de avanço 
para melhor, mantém-nos prisioneiros 
das circunstâncias. O co-
nhecimento tem o poder 
de transformar a opacida-
de da realidade em cami-
nho iluminada, de tal for-
ma que nos permite agir 
com certeza, segurança e 
precisão, com menos ris-
cos e menos perigos. 
O conhecimento humano tem 
dois elementos básicos: um sujeito 
e um objeto. O sujeito é o homem, o 
ser racional que quer conhecer 
(sujeito cognoscente). O objeto é a 
realidade (as coisas, os fatos, os 
fenômenos, os processos) com que 
coexistimos. o homem só se torna 
sujeito do conhecimento quando 
está diante do objeto a ser conheci-
do. A realidade só se torna objeto do 
conhecimento perante um sujeito 
que queira conhecê-la. Portanto só 
haverá conhecimento se o sujeito 
conseguir apreender o objeto, isto é, 
conseguir representá-lo mentalmen-
te. 
 
LEITURA COMPLEMENTAR 
O QUE É O CONHECIMENTO FILOSÓFICO? 
 
O conhecimento filosófico é um conhecimento que tem a interrogação como base. 
Esse conhecimento usa o questionamento e o pensamento como base, ele é um 
conhecimento do dia a dia, mas ao contrário do conhe-
cimento vulgar ou empírico, o conhecimento filosófico 
se preocupa em questionar o relacionamento do indiví-
duo com o meio em que está inserido. 
Esse conhecimento é racional e não se baseia em expe-
rimentações, que é o caso do conhecimento científico. O 
conhecimento filosófico não se preocupa em verificar se 
as conclusões tiradas são válidas cientificamente. Esse 
conhecimento está em busca de conclusões sobre a vi-
da, o universo ultrapassando o limite imposto pela ciên-
cia. 
O objeto de análise do conhecimento filosófico são as 
ideias, elas são raciocinadas e dessa maneira os filóso-
fos buscam a verdade. A proposta do conhecimento filo-
sófico é fornecer ideias e conteúdos que transformem a 
realidade. Esse conhecimento questiona o homem e as 
coisas da vida. É um conhecimento racional, sistemático, geral e crítico. 
O conhecimento filosófico é 
um conhecimento que tem a 
interrogação como base. 
 
 18 
CIÊNCIA E FILOSOFIA 
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Ciência do latim scientia, etimologi-
camente quer dizer: co-
nhecimento, saber. Aris-
tóteles definia ciência 
como sendo o conheci-
mento das coisas por 
suas causas. E reconhe-
cia quatro causas: mate-
rial, formal, eficiente e 
final. Para Descartes to-
da ciência é um conheci-
mento certo e evidente. 
C a u s a m a t e r i a l 
(aquilo de que uma coisa 
é feita), 
Causa formal (aquilo que faz com 
que uma coisa seja o que é), 
Causa eficiente (a que transforma a 
matéria) 
Causa final (o objetivo com que a 
coisa é feita). 
Podemos afirmar que a ciência é 
uma forma particular de conhecimento 
fruto do raciocínio e da observação 
aperfeiçoada, da 
razão e da expe-
riência. Desse 
modo, para co-
nhecer basta ob-
servar; para sa-
ber, faz-se neces-
sário a compara-
ção e a generali-
zação. 
Historicamente, 
já na Grécia Anti-
ga se pensava 
sobre a ciência. 
Aristóteles (384 
a.C.-322 a.C.), 
por exemplo, es-
creveu sobre a 
origem da vida, afir-
mando a possibilida-
de de existir vida a 
partir de algo inani-
mado. A teoria da 
a b i o g ê n e s e 
(geração espontâ-
nea) que ele defen-
dia perdurou por 
diversos séculos. 
Além da origem da 
vida, Aristóteles 
também se preocu-
pou em elaborar um 
meio de estudar as espécies, sen-
do ele o primeiro a propor uma 
divisão do reino animal em cate-
gorias. 
No decorrer da história, a figu-
ra mais importante para a filoso-
fia da ciência é Francis Bacon 
(1561-1626), filósofo inglês res-
p o n s á v e l 
pela base 
da ciência 
moderna, 
o método 
indutivo. A 
i n d u ç ã o , 
método de 
a partir de 
fatos parti-
c u l a r e s 
chegar a 
conclusões 
universais, 
já existia, 
mas é Ba-
con o res-
p o n sá v e l 
por seu aprimoramento e divulga-
ção. 
Aristóteles (384 a.C.-322 a.C.), escreveu 
sobre a origem da vida, afirmando a pos-
sibilidade de existir vida a partir de algo 
inanimado. 
Francis Bacon (1561-1626), filósofo 
inglês responsável pela base da ciên-
cia moderna 
 
 19 
 
Após Bacon, muito se pensou e escre-
veu sobre a ciência, especialmente devi-
do aos avanços e descobertas dos sécu-
los seguintes. René Descartes desenvol-
veu seu método, houve as contribuições 
e discussões de Galileu Galilei, Isaac 
Newton, Gottfried Leibniz e outros. Deste 
aumento considerável de pensadores 
que detiveram tempo acerca do campo 
da filosofia da 
ciência pode-
se escolher 
alguns para 
comentar su-
as importan-
tes ideias. En-
tre eles, David 
Hume e Karl 
Popper. 
O grande 
mérito da ci-
ênciaé fazer com que nós nos aproxime-
mos cada vez mais das coisas, de tal 
forma que possamos compreende-las 
em suas entranhas, o que nos dá um 
conhecimento mais profundo da estrutu-
ra do mundo e o que torna o nosso sa-
ber cada vez mais especializado. 
Tudo leva a crer que no campo do 
conhecimento o homem alcançou 
um tempo de maturidade. Ao contra-
rio do que possa ter parecido a al-
guns a hegemonia do saber cientifi-
co em nossa época não descartou e 
nem poderia a importância do saber 
filosófico e isso precisamente por-
que é através da filosofia que pode-
mos res-
gatar a 
visão de 
totalida-
de das 
relações. 
O papel 
da filoso-
fia é es-
tabelecer 
uma dis-
c u s s ã o 
critica acerca das questões que in-
teressam a todos indistintamente. A 
principal caraterística do saber filo-
sófico é que ele é, necessariamente, 
um saber critico. Cumpre notar tam-
bém a necessidade de uma análise 
critica dos rumos da própria ciência, 
 
 20 
FORMAS DE CONHECIMENTO 
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A necessidade de explicar as coisas 
levou o ser humano a trilhar diferentes 
caminhos, o que significa que ele des-
cobriu ao longo da historia diferentes 
formas ou diferentes graus de conheci-
mento. Esses podem ser classificados 
em cinco formas diferentes: conheci-
mento vulgar ou senso comum, conhe-
cimento mítico, conhecimento religio-
so. Conhecimento cientifico e conheci-
mento filosófico. 
8.1. conhecimento vulgar 
O conhecimento vulgar corresponde 
ao senso comum e abrange aquelas 
coisas que quase toda a gente sabe. 
Reporta-se àquilo que vamos apren-
dendo des-
de muito 
cedo e, por 
vezes, até 
de uma for-
ma quase 
inconscien-
te. 
As crenças 
e opiniões 
que parti-
lhamos, as 
tradições e 
jogos, as 
c e l e b r a -
ções e ofí-
cios, as tarefas e lendas dizem respei-
to ao senso comum. Adquire-se atra-
vés da repetição de experiências, do 
testemunho e do exemplo dos outros 
(família, amigos, vizinhos, etc.), com a 
prática e também com os erros. 
É um conhecimento superficial e 
mais direcionado para um domínio prá-
tico, porque não procura as causas e 
os porquês dos fenómenos e porque 
tem em vista o funcionamento 
das coisas e a realização de tare-
fas. 
É um saber que não se baseia 
em métodos ou conclusões cientí-
ficas, e sim no modo comum e 
espontâneo de assimilar informa-
ções e conhecimentos úteis no 
cotidiano. 
O senso comum é uma heran-
ça cultural que tem a função de 
orientar a sobrevivência humana 
nos mais variados aspectos. Atra-
vés do senso comum uma criança 
aprende o que é o perigo e a se-
gurança, o que pode e o que não 
pode comer, o que é justo e o que 
é injusto, o bem e o mal, e outras 
normas de vida que vão direcio-
nar o seu modo de agir e pensar, 
as suas atitudes e decisões. 
8.2. Conhecimento mítico 
O conhecimento mítico trata-se 
de uma modalidade de conheci-
mento ba-
seado na 
intuição e 
que deriva 
do entendi-
mento de 
que exis-
tem mode-
los naturais 
e sobrena-
turais dos 
quais brota 
o sentido 
de tudo o 
que existe. 
É um tipo 
de conheci-
mento que 
Na charge o acima o cartunista, apresenta um dita-
do popular muito conhecido. Filho de peixe, peixi-
nho é. 
Os gregos utilizavam os mitos para 
explicar a origem do mundo, e tam-
bém para mostrar a importância da 
obediência as regras. Na imagem 
acima vemos o titã Atlas que foi 
punido por Zeus a segurar o céu. 
 
 21 
 
ajuda o ser humano a "explicar" o mundo 
por meio de representações que não são 
logicamente raciocinadas, nem resultan-
tes de experimentações científicas. 
8.3. Conhecimento Religioso 
É um conhecimento sistemático do 
mundo como obra de um criador divino; 
suas evidências não são verificadas: es-
tá sempre implícita uma atitude de fé 
perante um conhecimento revelado. 
Assim, o conhecimento religioso ou 
teológico parte do princípio de que as 
"verdades" tratadas são infalíveis e indis-
cutíveis, por con-
s i s t i r e m e m 
"revelações" da 
d i v i n d a d e 
(sobrenatural). 
8.4. Conhecimento 
científico 
O conhecimento 
científico é real 
(factual) porque 
lida com ocorrên-
cias ou fatos, isto 
é, com toda "forma 
de existência que 
se manifesta de 
algum modo" 
Constitui um co-
nhecimento contingente, pois suas pre-
posições ou hipóteses têm a sua veraci-
dade ou falsidade conhecida através da 
experimentação e não apenas pela ra-
zão, como ocorre no conhecimento filo-
sófico. 
É sistemático, já que 
se trata de um saber 
ordenado logicamen-
te, formando um sis-
tema de ideias 
(teoria) e não conhe-
cimentos dispersos 
e desconexos. 
Possui a característi-
ca da verificabilida-
de, a tal ponto que as afirmações 
(hipóteses) que não podem ser compro-
vadas não pertencem ao âmbito da ciên-
cia. 
Constitui-se em conhecimento falível, 
em virtude de não ser definitivo, absolu-
to ou final e, por este motivo, é apro-
ximadamente exato: novas proposi-
ções e o desenvolvimento de técni-
cas podem reformular o acervo de 
teoria existente. 
Com este tipo de conhecimento o 
homem começou a entender o por-
quê de vários fenômenos naturais e 
com isso vir a intervir cada vez mais 
nos acontecimento ao nosso redor. 
Este conhecimento se bem usado é 
muito útil para humanidade, porém 
se usado incorretamente pode vir a 
gerar enormes catástrofes para o 
ser humano e tudo mais ao seu re-
dor. 
8.5. Conhecimento Filosófico 
O conhecimento filosófico é um 
conhecimento que tem a interroga-
ção como base. Esse conhecimento 
usa o questionamento e o pensa-
mento como base, ele é um conhe-
cimento do dia a dia, mas ao contrá-
rio do conheci-
mento vulgar ou 
empírico, o co-
nhecimento filo-
sófico se preo-
cupa em questi-
onar o relacio-
namento do in-
divíduo com o 
meio em que 
está inserido. 
Esse conheci-
mento é racio-
nal e não se 
baseia em ex-
perimentações, 
que é o caso do 
conhecimento 
científico. O co-
nhecimento filosófico não se preo-
cupa em verificar se as conclusões 
tiradas são válidas cientificamente. 
Esse conhecimento está em busca 
de conclusões sobre a vida, o uni-
verso ultrapassando o limite impos-
to pela ciência. 
O Pensador: é uma das mais 
famosas esculturas do escultor 
francês Auguste Rodin. Retrata 
um homem em medi-
tação soberba, lutando com 
uma poderosa força interna. 
 
 22 
O CONHECIMENTO NA ANTIGUIDADE 
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 1
1 
Já sabemos que o conhecimento é a 
relação que se estabelece entre sujeito 
que conhece ou deseja conhecer e o 
objeto a ser conhecido ou que se dá a 
conhecer. Na Grécia Antiga temos vá-
rias visões e métodos de conhecimen-
to: 
Sócrates - Estabelecendo seus mé-
todos: ironia e maiêutica. 
Platão - Doxa - A ciência é baseada 
na Opinião 
Aristóteles - Episteme - A ciência é 
baseada Observação (Experiência) 
 
11.1 Sócrates 
Sócrates (c 470-399 a.C.) colocou a 
reflexão filosófica, iniciada pelos pré-
socráticos, na via da verdade que ha-
via sido abandonada por al-
guns sofistas deslumbrados 
pela retórica, o bem falar ou o 
bem expor suas opiniões. Se-
gundo Aristóteles, ele contri-
buiu para a teoria do conheci-
mento com a definição de 
universal e com o uso do raci-
ocínio indutivo. Sócrates, en-
tretanto, não define o próprio 
ser humano. Por quê? Por-
que, ao contrário da natureza, 
o ser humano não pode ser 
definido em termos de propri-
edades objetivas, só em ter-
mos da sua consciência. E 
para alcançarmos uma visão 
clara do seu caráter, para 
compreendê-lo, precisamos 
examiná-lo, frente a frente, através do 
diálogo. 
O método socrático, que é um méto-
do indutivo, envolve duas fases. A pri-
meira, chamada ironia, consiste em 
fazer perguntas ao interlocutor 
que o obriguem a justificar, sem-
pre com maior profundidade, seu 
ponto de vista, até que ele perce-
ba que tipo de falha ou equívoco 
pode estar contido emseus argu-
mentos. Esta é a fase destrutiva, 
pois leva as pessoas a admitirem 
a própria ignorância à respeito de 
um assunto. São destruídas as 
opiniões do senso comum e do 
conhecimento espontâneo, mui-
tas vezes baseados em estereóti-
pos e preconceitos. A segunda 
parte, chamada maiêutica (parto), 
é a construção de novos concei-
tos baseados em argumentação 
racional. Assim, Sócrates, com 
suas perguntas, aniquila o saber 
constituído para, depois, ainda 
através de perguntas e da contra-
posição de ideias, reconstruí-lo a 
partir de uma base mais sólida e 
de um raciocínio coerente e rigo-
roso. 
11.2 Platão 
Na época que Platão viveu 
(séc. IV a. 
C.), era 
muito co-
mum a 
c o n c e p -
ção de 
que o ho-
mem co-
nhece a 
partir dos 
seus sen-
tidos. No 
enta nto , 
para mui-
tos sábios 
Sócrates contribuiu para a teoria 
do conhecimento com a defini-
ção de universal e com o uso do 
raciocínio indutivo. 
O processo de conhecimento se 
desenvolve por meio da passagem 
progressiva do mundo das aparên-
cias para o mundo das ideias. 
 
 23 
 
da época, o conhecimento não só come-
çava como também não poderia ir além 
da sensibilidade. É notável neste período 
a máxima protagoriana: “o homem é a 
medida de todas as coisas”. Isso equiva-
le dizer que cada ser está tão somente 
encerrado em suas representações sub-
jetivas que ou era impossível uma verda-
de absoluta (mas uma particular, de ca-
da um) ou 
que era 
impossível 
q u a lq u e r 
c o n h e c i -
mento. 
Um dos 
aspec tos 
mais im-
portantes 
da filosofia 
de Platão 
é a sua 
teoria das 
ideias, com a qual procura explicar como 
se desenvolve o conhecimento humano. 
Segundo ele, o processo de conhecimen-
to se desenvolve por meio da passagem 
progressiva do mundo das sombras e 
aparências para o mundo das ideias e 
essências. 
Para Platão o conhecimento para ser 
autentico, deve ultrapassar a esfera das 
impressões sensoriais, o plano da opini-
ão, e penetrar na esfera racional da sa-
bedoria, o mundo das ideias. Para atingir 
esse mundo homem não pode ter ape-
nas ―amor as opiniões; precisa possuir 
amor ao saber‖. 
A opinião nasce, portanto da percep-
ção da aparência e da diversidade das 
coisas. O conhecimento, por 
sua vez, é elaborado quando 
se alcança a ideia, que rom-
pe com as aparências e a 
diversidade ilusória. 
11.3 Aristóteles 
Aristóteles foi um dos mais 
expressivos filósofos gregos 
da antiguidade, ele critica a 
teoria das ideias de Platão, 
principalmente a divisão en-
tre um mundo sensível e um 
mundo inteligível, pois ao abordar a 
realidade, reconhecia a multiplicida-
de dos seres 
pe r c e b i d o s 
pelos senti-
dos. Assim 
tudo que ve-
mos, pega-
mos ouvimos 
e sentimos é 
aceito como 
elemento da 
r e a l i d a d e 
sensível. 
Para Aris-
tóteles, a ob-
servação da realidade leva-nos à 
constatação da existência de inúme-
ros seres individuais, concretos, mu-
táveis, que são captados por nossos 
sentidos. 
Ao retomar a problemática do co-
nhecimento, distingue três tipos de 
saber: 
I. A experiência ou conhecimento 
sensível, dado pelo contato direto 
com a própria coisa, é um conheci-
mento que se forma por familiarida-
de com cada coisa, é imediato e 
concreto e só nos permite chegar ao 
conhecimento do individual. Não é 
transmissível. Portanto, o conheci-
mento sensível é o conhecimento do 
particular. 
II. A técnica ou o saber fazer é o 
conhecimento dos meios a serem 
usados para se chegar aos fins de-
sejados. Uma vez que encerra uma 
ideia, pode ser ensinada. A técnica 
dá o quê e o porquê das coisas. 
III. A sabedoria (sofia) é o único 
tipo de conhecimento a determinar 
as causas e princípios primeiros; a 
única a poder dizer o quê as coisas 
são, por que são e demonstrá-las. 
O conhecimento, para Aristóteles, 
é uma somatória de todos esses 
modos de conhecer, sem haver rup-
tura ou descontinuidade entre eles. 
Na verdade, um não invalida o ou-
tro. Ao contrário, enriquece-o e, nes-
te ponto, contradiz Platão. 
Representação do mito da caverna. Utilizado por Platão para exem-
plificar como podemos nos libertar da condição de escuridão 
(ignorância) que nos aprisiona através da luz da verdade 
(conhecimento), 
Aristóteles (384-322 a.C.) 
 
 24 
O CONHECIMENTO NA IDADE MÉDIA 
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2
 
O período conhecido como idade 
média compreende o século V até o 
XV, ambiente que prevalece a crença 
religiosa cristã e um grande apelo ao 
sobrenatural. Nesse período, o conhe-
cimento humano estava muito atrelado 
ao modo de concepção da vida que a 
religiosidade propagava 
 A Idade Média é tida como a Idade 
das trevas, pois considerava-se que o 
conhecimento tivesse parado ou mes-
mo recuado, voltando a se desenvolver 
somente após o Renascimento. Entre-
tanto, é durante a Idade Média que se 
desenvolveu algumas filosofias como a 
escolástica e a patrística vinculadas a 
Igreja Católica que tentavam vincular 
razão e fé. O poder da Igreja Católica 
na Idade Média se confundia com o 
próprio conhecimento produzido neste 
período, uma vez que as escolas e uni-
versidades eram da Igreja. 
12.1 A Patrística: Argumentos platô-
nicos em favor da fé 
No processo de desenvolvimento do 
cristianismo, tornou-se necessário ex-
plicar seus precei-
tos às autoridades 
romanas e ao povo 
em geral. A Igreja 
Católica sabia que 
esses preceitos 
não podiam sim-
plesmente ser im-
postos pela força. 
Tinham de ser 
apresentados de 
maneira convincen-
te, mediante um 
trabalho de pregação e conquista espi-
ritual. 
Foi assim que os primeiros padres 
da igreja se empenharam na ela-
boração de diversos textos sobre 
fé e as revelações cristãs. O con-
junto desses textos ficou conheci-
do como patrística. É a Patrística, 
basicamente, a filosofia responsá-
vel pela elucidação progressiva 
dos dogmas cristãos e pelo que 
se chama hoje de Tradição Católi-
ca. O principal expoente dessa 
corrente do pensamento cristão é 
Santo Agostinho. 
12.1.1 Santo Agostinho 
Santo Agostinho (354 - 430 
d.C) foi um filósofo, escritor, bispo 
e teólogo 
cristão res-
p o n s á v e l 
pela elabora-
ção do pen-
s a m e n t o 
cristão medi-
eval e da 
filosofia pa-
trística. Foi 
também o 
maior filoso-
fo dos 15 
séculos que 
s e p a r a m 
Ar is tóte les 
de Tomás de 
Aquino. Para 
Agostinho, o 
caminho pa-
ra a verdade 
estava na fé, 
mas a razão era o melhor meio 
para provar a validade das verda-
des. Famosa é a sua frase: 
―Compreender para crer, crer pa-
ra compreender‖. 
Agostinho de Hipona: foi um dos 
m a i s i m p o r t a n -
tes teólogos e filósofos dos pri-
meiros anos do cristianismo 
 
 25 
 
Foi influenciado pelo pensamento de 
Platão, cuja essência, era a de que a al-
ma era aprisionada pelo mundo sensí-
vel. A partir desse pensamento, elaborou 
a doutrina da iluminação divina, na qual, 
a percepção do verdadeiro tem por cau-
sa a luz que provém de Deus. 
Santo Agostinho dizia que o homem é 
por natureza um ser inquieto e essa in-
quietação vem do fato dele ser imperfei-
to, de ele esta sempre procurando des-
cobrir a verdade, mas ele só pode en-
contra-la com a interferência de Deus. 
Agostinho assimilou a concepção de 
que a verdade, como conhecimento eter-
no, deveria ser buscada intelectualmen-
te no mundo das ideias. Assim somente 
o intimo de nossa alma iluminada por 
Deus, poderia atingir a verdade das coi-
sas. Da mesma forma que os olhos do 
corpo necessitam da luz do sol para en-
xergar os objetos do mundo sensível, os 
olhos da alma necessitam da luz divina 
para visualizar as verdades eternas da 
sabedoria. 
12.2 Escolástica 
A partir do século IX varias escolas, 
organizadas pelo imperador Carlos Mag-
no que cultivavam o saber teológico e 
filosófico surgiram, nesse período de 
produção filosófico-teológica que surgiua escolástica (palavra derivada de esco-
la). 
Foi na escolástica que a relação entre 
fé e razão ganharam contornos bem de-
finidos, tinha o mesmo pro-
pósito da patrística ou seja , 
demonstrar que podemos 
conhecer a verdade, desde 
que a razão não entre em 
choque com a fé. Nesse 
contexto podemos dividir a 
escolástica em três fases. 
Primeira fase (do século IX 
ao fim do século XIII) carac-
terizada pela confiança na 
perfeita harmonia entre fé a 
razão 
Segunda fase (do século XIII 
ao principio do século XIV) 
caracterizada pela elabora-
ção de grandes sistemas 
filosóficos merecendo des-
taque as obras de Tomas de Aquino. 
Terceira fase (do século XIV até o 
século XVI) decadência da escolásti-
ca, marcada por disputas que real-
çam as diferenças entre fé e razão. 
O principal representante desse 
pensamento foi Tomás de Aquino, a 
partir dele que o aristotelismo aden-
trou o pensamento cristão da épo-
ca. 
12.2.1 Tomás de Aquino 
Tomás de Aquino (225 – 1274) 
Filósofo e teólogo italiano. A sua 
obra marca 
uma etapa fun-
damental na 
e s c o l á s t i c a . 
Procurou siste-
matizar a dou-
trina cristã da 
Igreja, inspiran-
do-se nos ensi-
namentos de 
A r i s t ó t e l e s , 
com isso de-
senvolveu uma 
série de argu-
mentos que 
tinham como 
proposito de-
fender as idei-
as cristãs, pro-
vando a existência de Deus e reafir-
mando sua autoridade máxima. 
Para ele Filosofia e Teologia são 
dois caminhos diferentes mas que 
podem levar ao mesmo ponto. 
Afirmava que havia uma relação 
intima entre Filosofia e Teologia que 
poderia ser sintetizada nos seguin-
tes princípios: 
Fé e razão são modos distintos 
de conhecer; 
Só a uma verdade porque Deus é 
o seu único autor; 
Só podemos conhecer os misté-
rios de Deus através da fé; 
Através da razão podemos de-
monstrar as verdades reveladas e 
negar argumentos contrários a elas. 
De acordo com Tomás de Aqui-
no, para o conhecimento de 
qualquer verdade, o homem 
precisa da ajuda divina. 
 
 26 
O conhecimento na idade moderna 
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3
 
Se na Idade Antiga e Média se têm 
d i f e r e n t e s e x p l i c a ç õ e s p a r a 
o conhecimento, não se tem como 
problema, como dúvida, a capacidade 
humana em conhecer. As transforma-
ções trazidas no Renascimento, leva-
rão pensadores do século XVI 
a questionar a própria capacidade hu-
mana de conhecer. 
As principais correntes, que na Ida-
de Moderna buscam explicar o pro-
cesso de conhecimento na relação suj
eito e objeto, são a do racionalismo e a 
do empirismo. 
Os racionalistas, que 
têm seu grande re-
presentante em Des-
cartes, de um mo-
do geral priorizam a 
razão no processo 
de conhecimento e 
aceitam a existên-
cia de ideias inatas, 
independentes da 
experiência. Já os 
empiristas, entre 
e l e s B a c o n , L o c k e , H u -
me, enfatizam o importante papel da 
experiência sensível para aquisi-
ção do conhecimento. Não aceitam a 
tese das ideias inatas ou de um co-
nhecimento independente ou anteri-
or à experiência. 
Entre as transformações que ocorre-
ram na sociedade Europeias e que se 
relacionaram com a construção de 
uma nova mentalidade, podemos des-
tacar: 
 A passagem do feudalismo para 
o capitalismo 
 A formação dos estados nacio-
nais 
 O movimento da reforma 
 O desenvolvimento da ciên-
cia natural 
 A invenção da imprensa 
13.1 Racionalismo 
O racionalismo a teoria filosófi-
ca que dá a prioridade à razão, 
como faculdade de conhecimento 
relativamente aos sentidos. Nas-
ce com Descartes, e atinge o seu 
auge em B. Espinoza, G. W. Leib-
niz e Ch. Wolff. 
Os racionalistas consideram 
que só é verdadeiro conhecimen-
to aquele que for logicamente ne-
cessário e universalmente válido, 
isto é, o conhecimento matemáti-
co é o 
p r ó p r i o 
m o d e l o 
do conhe-
cimento. 
A s s i m 
sendo, o 
rac iona -
lismo tem 
que admi-
tir que há 
determi-
n a d o s 
tipos de conhecimento, em espe-
cial as noções matemáticas, que 
têm origem na razão. Não quer 
isso dizer que neguem a existên-
cia do conhecimento empírico. 
Admitem-no. Consideram-no po-
rém como simples opinião, des-
provido de qualquer valor científi-
co. O conhecimento, assim enten-
dido, supõe a existência de ideias 
ou essências anteriores e inde-
pendentes de toda a experiência. 
René Descartes - 1596 a 1650: consi-
derado o pai do racionalismo. 
 
 27 
 
Os princípios da razão que tornam 
possível o conhecimento e o juízo moral 
são inatos e convergem na capacidade 
do conhecimento humano 
A defesa da razão e a preponderância 
desta corrente filosófica se transformou 
na ideologia do iluminismo francês e, no 
contexto religioso, criou uma atitude crí-
tica em relação à revelação, que culmi-
nou na defesa de uma religião natural. 
13.2. O empirismo 
O empirismo considera como fonte de 
todas as nossas re-
presentações os da-
dos fornecidos pelos 
sentidos. Assim, to-
do o conhecimento é 
«a posteriori», isto é, 
provém da experiên-
cia e à experiência 
se reduz. Foi defini-
do pela primeira vez 
pelo filósofo inglês 
John Locke no sécu-
lo XVII. Locke argu-
mentou que a mente 
seria, um "quadro 
em branco" sobre o 
qual é gravado o co-
nhecimento, cuja 
base é a sensação, 
ou seja, todo o processo do conhecer, do 
saber e do agir é aprendido pela experi-
ência, pela tentativa e erro. 
Segundo os empiristas, inclusivamen-
te as noções matemáticas seriam cópias 
mentais estilizadas das figuras e objetos 
que se apresentam à percepção. ―Os 
pontos, as linhas, os círculos que 
cada um tem no espírito são sim-
ples cópias dos pontos, linhas e cír-
culos que conheceu na experiência" 
Assim, "a linha reta seria uma 
simples cópia do fio de prumo, co-
mo o plano, simples cópia da super-
fície do lago, o círculo da lua ou do 
sol, o cilindro do tronco de árvore e 
a noção de número deriva da per-
cepção empírica de coleções de ob-
jetos‖. 
Sendo uma teoria que se opõe ao 
racionalismo, o empirismo critica a 
metafísica e conceitos como os de 
causa e substância. Segundo o em-
pirismo, a mente humana é uma 
"folha em branco" ou uma "tábula 
rasa", onde são gravadas impres-
sões externas. Por isso, não reco-
nhece a existência de ideias natas 
nem do conhecimento universal. 
 
Stuart Mill 
Ribeiro e Silva, 1973, p. 390) 
John Locke ((1632 — 1704) foi 
u m f i l ó s o f o i n g l ê s 
e ideólogo do liberalismo, sendo 
considerado o principal represen-
tante do empirismo 
O empirismo é caracterizado pelo conhecimento 
científico, quando a sabedoria é adquirida por 
percepções; pela origem das ideias por onde se 
percebe as coisas, independente de seus objeti-
vos e significados. 
 
 28 
O que é Lógica? 
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 1
4
 
 “É lógico que eu vou!”, “É lógico 
que ela disse isso!‖. Quando dizemos 
frases como essas, a expressão ―é lógi-
co que‖ indica, para 
nós e para a pessoa 
com quem estamos 
falando, que se trata 
de alguma coisa evi-
dente. A expressão 
aparece como se fos-
se a conclusão de 
um raciocínio implíci-
to, compartilhado 
pelos interlocutores 
do discurso. Ao dizer 
―É lógico que eu vou!‖, es-
tou supondo que quem me 
ouve sabe, sem que isso 
seja dito explicitamente, 
que também estou afirman-
do: ―Você me conhece, sa-
be o que penso, gosto ou 
quero, sabe o que vai acon-
tecer no lugar x e na hora y 
e, portanto, não há dúvida 
de que irei até lá‖. 
Quando estamos falando 
com alguém, usamos argu-
mentos que se relacionam entre si, por 
meio deles, chegamos a uma conclu-
são. Usamos argumen-
tos quando queremos 
defender nossos pon-
tos de vista a expor 
aquilo que acreditamos 
ser justo ou verdadeiro. 
Ao dizer ―É lógico 
que ela disse isso!‖, a 
situação é semelhante. 
A expressão seria a 
conclusão de algo que 
eu e a outra pessoa 
sabemos,como se eu estivesse 
dizendo: ―Sabendo quem ela é, o 
que pensa, gosta, 
quer, o que costu-
ma dizer e fazer, e 
vendo o que está 
acontecendo ago-
ra, concluo que é 
evidente que ela 
disse isso, pois era 
de se esperar que 
ela o dissesse‖. 
Lógica é uma par-
te da filosofia que 
estuda o funda-
mento, a estrutura e as expres-
sões humanas do conhecimento. 
Em outras palavras, lógica é arte 
que nos faz proceder, com ordem, 
facilmente e sem erro, no ato pró-
prio da razão. 
14.1 O nascimento da lógica? 
Embora os sofistas e também 
Platão tenham se ocupado com 
questões lógicas, nenhum deles o 
fez com a amplitude e o rigor al-
cançados por Aristóteles. O pró-
prio filósofo, porem não denomi-
nou seu estudo de lógica. Palavra 
que só apareceu mais tarde. 
A obra de Aristó-
teles dedicada 
a lógica chama-
se analíticos e 
como o próprio 
nome diz, trata 
da análise do 
p e n s a m e n t o 
nas suas partes 
integrantes. Es-
sa e outras 
obras foram 
Aristóteles com a lógica, queria mostrar que o 
pensamento é algo sério rigoroso, que obe-
dece a certas regras, a certos princípios. 
 
 29 
 
reunidas como o titulo Organon, que sig-
nifica ―instrumento‖ e, no caso, instru-
mento para se proceder corretamente o 
pensar. 
Como instrumento do pensar lógica 
significa: 
 Estudos dos métodos e princípios 
da argumentação; 
 A investigação das condições em 
que a conclusão de um argumento 
se segue necessariamente de 
enunciados iniciais chamados de 
premissas; 
 O estudo que estabelece as regras 
da forma correta das operações do 
pensamento e identifica as argu-
mentações não válidas. 
Um dos objetivos da lógica é determi-
nar se a argumentação utilizada por al-
guém para se chegar a uma certa con-
clusão é válida ou não. A lógica tem sido 
utilizada em todas as áreas da ciência: 
exatas, biológicas e humanas. É de uso 
comum por parte do matemático, do ci-
entista da computação, do engenheiro, 
do advogado, do biólogo, do historiador, 
etc. 
Aristóteles com a lógica, queria mos-
trar que o pensamento não é uma malu-
quice, ele não é algo que exprima de 
qualquer modo, pelo contrario o pensa-
mento é algo sério rigoroso, que obede-
ce a certas regras, a certos princí-
pios, com isso Aristóteles dizia que a 
lógica poderia desmascarar os dis-
cursos falaciosos. 
A Lógica ao mesmo tempo em 
que define as leis ideais do pensa-
mento, estabelece as regras do pen-
samento correto, cujo conjunto 
constitui uma arte de pensar. E co-
mo o raciocínio é a operação intelec-
tual que im-
plica todas 
as outras 
o pe r aç õ e s 
do espírito, 
d e f i n e - s e 
muitas ve-
zes a lógica 
como a ciên-
cia do racio-
cínio cor-
reto. A Lógi-
ca é então 
necessária 
para tornar 
o espírito 
mais pene-
trante e para ajudá-lo a justificar 
suas operações recorrendo aos prin-
cípios que fundam a sua legitimida-
de. 
Embora os sofistas e também Platão 
tenham se ocupado com questões 
lógicas, nenhum deles o fez com a 
amplitude e o rigor alcançados por 
Aristóteles. 
LEITURA COMPLEMENTAR 
Piada Lógica! 
Um professor de Matemática quis pregar uma peça em seus alunos e lhes dis-
se: 
- Meninos, aqui vai um problema: Um avião saiu de Amsterdã com uma veloci-
dade de 800 km/h, à pressão de 1.004,5 milibares; a umidade relativa era de 
66% e a temperatura 20,4 graus C. A tripulação era composta por 5 pessoas, a 
capacidade era de 45 assentos para passageiros, o banheiro estava ocupado e 
havia 5 aeromoças (mas uma estava de folga). A pergunta é… Quantos anos eu 
tenho? 
Os alunos ficam assombrados. O silêncio é total. Então o Joãozinho, de lá do 
fundo da sala, manda a sua resposta: 
- 44 anos, fessor! 
O professor, muito surpreso, o olha e diz: 
- Caramba, está certo. Eu tenho 44 anos. Mas como adivinhaste? 
E Joãozinho: 
- Bem,… Eu deduzi porque eu tenho um primo que é meio babaca e ele tem 22 
anos!!!! 
 
 30 
Elementos da Lógica 
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Quando tratamos do conhecimento 
não podemos deixar de recorrer à lógi-
ca, palavra grega originada do termo 
logos e significa juízo, discurso, razão, 
pensamento, conceito. Desse modo 
essa parte da filosofia pode ser defini-
da como a ciência das leis ideais do 
pensamento e arte de aplica-la correta-
mente na procura e na demonstração 
da verdade. 
15.1 Inferências, Argumentos e raci-
ocínio: 
Muitas vezes nos deparamos com 
algumas situações na vida e somos 
levados a uma conclusão. Isso recebe 
o nome de inferência. Inferir quer dizer 
levar, pôr diante um raciocínio, chegar 
a uma conclusão. 
Essa forma de raciocínio nos ajuda 
a criar nossas próprias descobertas. 
Quando nos referimos ao argumen-
to na lógica, estamos falando do racio-
cínio de um fato que permite declarar 
a validade, provando ou refutando 
uma proposição. 
A proposição é a representação lógi-
ca do juízo. O juízo consiste num julga-
mento sobre as ideias e pode ser falso 
ou verdadeiro, o juízo será verdadeiro 
se afirmar que ―o que é, é‖ – será falso 
quando afirmar que ―o que é não, não 
é‖. A argumentação é pois, a represen-
tação lógica do raciocínio. 
Do ponto de vista da lógica, existem 
dois tipos de raciocínio: os dedutivos e 
os indutivos 
Raciocínio Indutivo: é aquele que 
parte de casos particulares para con-
cluir uma verdade geral. 
Ex.: 
Ferro conduz eletricidade 
O ferro é metal 
O ouro conduz eletricidade 
O ouro é metal 
O cobre conduz eletricidade 
O cobre é metal 
Logo, os metais conduzem ele-
tricidade. 
 
Raciocínio dedutivo: é aquele 
que parte de uma lei geral para 
um caso particular. Nesse tipo de 
raciocínio o que é verdade para 
um todo é igualmente verdade 
para as partes que compõem es-
se todo. 
Ex.; Todo vertebrado possui 
vértebras. Todos os cães são ver-
tebrados. Logo, Todos os cães 
têm vértebras. 
 
15.2 Silogismo 
Silogismo é um argumento de-
dutivo composto de três proposi-
ções, ligadas entre si, sendo que 
das duas primeiras, chamadas de 
premissas, tira-se uma terceira, 
chamada de conclusão. Todo silo-
gismo é sempre dedutivo, ele vai 
do geral ao particular. O silogismo 
é formado por três termos e três 
preposições. 
Ex.: 
Todo cachorro é mamífero. 
Todo mamífero é vertebrado. 
Logo todo cachorro é vertebrado.

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