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1
01
Aula 
O surgimento 
da Filosofia – 
Os Pré-Socráticos
1
Filosofia
Por que a Filosofia surgiu na Grécia?
Quando falamos em Grécia, é evidente que você não 
deve pensar nesse país que existe hoje. A Grécia que foi 
berço da Filosofia abrigou algumas centenas de milhares 
de pessoas espalhadas em cidades-Estados, muitas das 
quais rivais entre si. Os gregos não eram, portanto, um 
país como entendemos hoje, mas eram um povo, com 
uma língua, cultura e religião comuns. Com a expansão 
comercial, tornaram-se catalisadores de outras culturas 
e ideias. É dessa Grécia, que teve em Atenas seu principal 
centro cultural e artístico, que estamos falando.
Situados historicamente, voltemos à nossa questão: 
por que a Filosofia surgiu na Grécia e não em algum 
outro ponto daquela região que os livros de História 
chamam de “Antiguidade Oriental e Clássica”?
Há pelo menos três razões para entendermos essa 
questão. Mas há ainda outra observação importante: 
não é verdade que outros povos não “filosofassem”, 
pensando sobre a morte, por exemplo. Pelo contrário, 
muitos construíram religiões inteiras tendo a morte 
como ponto central, basta lembrarmos dos egípcios e 
dos astecas. Igualmente, muitos povos antes dos gregos 
pensaram sobre as estrelas, os números, a origem das 
coisas, o finito e o eterno, etc. Mas só os gregos trans-
formaram isso tudo em Filosofia. Então vamos às razões:
 • A primeira razão está associada à religião dos gregos. 
Os mitos de origem e muitas das explicações sobre a 
natureza do comportamento dos homens ganharam 
sua primeira versão com a religião. Para os gregos, no 
início era o caos, e então, da união entre o céu e a ter-
ra, surgiram deuses e homens. E as ações humanas, 
como as guerras, eram muitas vezes ditadas pelo 
capricho desses deuses. Bem, de resto, não foi muito 
diferente nos mitos de criação dos deuses nórdicos, 
orientais, africanos e americanos.
Então, por que a religião grega contribuiu para o 
surgimento da Filosofia e as outras religiões não?
Acontece que deuses gregos não eram muito confiá-
veis. Eram poderosos, imortais, até aí tudo bem. Porém, 
tinham muitos defeitos: ciumentos, invejosos, avarentos, 
dissimulados, briguentos. É fato que possuíam também 
muitas virtudes: generosos, bondosos, prestativos.
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2 Extensivo Terceirão
Enfim, eram quase humanos. Tanto que nem mora-
vam tão longe. A morada dos deuses, no monte Olimpo, 
não chegava nem a 3 mil metros de altura! E eles viviam 
descendo o morro e convivendo entre os homens. Che-
garam a ter vários filhos com humanos!
Agora compare com os poderosos deuses dos anti-
gos. Os hebreus, por exemplo: um Deus tão poderoso 
que nem seu nome podia ser dito! Com deuses como os 
gregos, as perguntas básicas sobre a existência humana 
(De onde vim? O que faço aqui? Para onde vou?) não 
eram satisfatoriamente respondidas. Pense mais uma 
vez na religião hebraica: o Deus deles responde a estas 
perguntas ou nem responde, mas todo mundo sabe que 
ele tem as respostas, afinal é um Deus muito poderoso. 
E isso basta. 
Para os gregos não bastava. Para eles era preciso 
encontrar algo mais consistente para acalmar a alma 
atormentada pelo espanto da vida e da morte daquelas 
pobres criaturas.
 • A segunda razão diz respeito a uma característica 
típica dos gregos: a necessidade que eles tinham de 
sistematizar tudo o que aprendiam com os outros 
povos. Não adiantava saber que a relação em um 
triângulo retângulo era expressa pelos números 3, 
4 e 5. Era preciso associar essa informação a todas 
as outras relativas aos triângulos e buscar outras 
relações possíveis pelo encadeamento das ideias. 
Não fosse isso, os gregos não teriam chegado à soma 
do quadrado dos catetos e ao quadrado da hipote-
nusa! E nem a tudo o resto que hoje chamamos de 
geometria e que devemos tanto a eles.
Assim, sistematizando e generalizando, os gregos 
transformaram as informações dos povos com os 
quais tinham relação de vizinhança ou relação 
comercial. Dessa particular característica surgiu algo 
primordial para o pensamento filosófico: o princípio. 
Não bastava aos gregos saber relatos incompletos 
ou mesmo contraditórios sobre a origem do mundo, 
dos deuses e dos homens. Era importante saber 
a base sobre a qual erigiram-se mundo, deuses e 
homens. E esse princípio, perceberam claramente, 
não era visível, palpável, reconhecível, mas, com 
certeza, explicava as coisas visíveis e palpáveis. 
Muitos filósofos debruçaram-se sobre essa questão, 
como veremos ao longo dos nossos encontros.
Do que é feito o cosmos? 
Escola de Mileto
Como já vimos, havia os deuses e os mitos de criação 
na Grécia, como, de resto, em praticamente todos os po-
vos que se organizavam nessa época. No entanto, nem 
todos estavam satisfeitos com as respostas oferecidas 
pelos mitos e pela tradição. Um desses inconformados 
era um habitante da cidade portuária de Mileto, Tales. 
Para ele, por trás de todas as coisas que ele via surgindo 
e desaparecendo, deveria existir um princípio, algo 
comum a tudo e que poderia ser racionalmente iden-
tificado. 
Talvez, sem se dar conta, Tales estava desenvolvendo 
uma postura revolucionária na história do pensamento. 
Vamos conhecer mais.
Tales de Mileto – a água
Tales (623-558 a.C.) resolve não 
acreditar simplesmente no que 
lhe era ensinado e, movido 
por sua curiosidade, obser-
vação e, principalmente, 
inconformismo, busca uma 
resposta mais satisfatória 
para suas dúvidas. Aliás, 
sabe-se que Tales prestava 
atenção e interessava-se 
por tudo. Credita-se a ele, 
por exemplo, a previsão de um 
eclipse, o que lhe teria valido a fama 
de “mago” e ainda a safra extraordinária 
de azeitonas, o que o fez comprar antecipadamente 
prensas que depois lhe renderam um bom dinheiro!
Mas o que poderia estar por trás de todas as coisas 
que existem? Qual seria a origem de tudo? Tales obser-
vou que, em tudo que surgia, um aspecto comum se 
repetia: a umidade. Nada nasce a seco! A própria cidade 
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 • A essa característica que acabamos de tratar, soma-
va-se uma terceira: a de estender ao todo aquilo que 
aprendiam, generalizando seus conhecimentos. 
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Aula 01
3Filosofia 1
Diante de tantas demonstrações, Tales formulou a 
primeira teoria filosófica de que temos conhecimento: a 
água é a origem de todas as coisas!
Hoje pode parecer, por um lado, óbvia tal afirmação 
e, por outro lado, um tanto ingênua. Afinal, se a água é a 
origem de todas as coisas que existem, como explicar os 
objetos sólidos, por exemplo?
Não importam as refutações que fazemos hoje ao 
pensamento dos antigos. Aliás, este é um cuidado que 
precisamos ter em mente: o pensamento dos filósofos 
não são conhecidos para serem julgados, mas para 
serem compreendidos. Essa compreensão é que vai 
permitir a nós, no presente, dotar-nos de ferramentas 
para prosseguirmos a questionar o que somos e o que 
fazemos aqui.
O fato, porém, é que Tales, com a sua teoria cosmo-
lógica (porque, a partir dela, tenta explicar a origem do 
cosmos e de tudo o que há nele), revelou, pela primeira 
vez, a ideia de uma origem comum de todas as coisas, 
não perceptível pelos sentidos, porém apreensível pela 
razão. Essa unidade percebida pela razão está além da 
multiplicidade de coisas que estão ao nosso alcance 
mais imediato. Ou seja, Tales dava o primeiro passo para 
formular um dos campos mais importantes da filosofia, 
a Metafísica.
Anaximandro – o ápeiron
Um outro aspecto fascinante da Filosofia – e hoje, 
das ciências em geral – é a capacidade de refutar e 
aprimorar o pensamento de alguém. O que não pode ser 
refutado e aprimorado é o que chamamos de dogma. 
Falaremos mais tarde como as posições dogmáticas 
foram problemáticas para o desenvolvimento do pensa-
mento e como, sob certos aspectos, ajudaram também. 
Mas voltemos ao nosso amigo Tales.
de Mileto enchia-se devida com os barcos que o mar 
trazia. Ninguém podia ficar sem beber água. O sêmen é 
úmido! Tudo tem ou envolve água. 
Duas questões sobre o ponto de vista de Tales eram 
problemáticas: por que a água era a origem de todas 
as coisas? Como a água dava origem a todas as outras 
coisas?
Anaximandro, discípulo de Tales, enfrentou essas 
questões sem desmentir inteiramente seu mestre. 
Para isso ele imaginou que a solução fosse atribuir ao 
princípio de todas as coisas determinadas uma coisa 
indeterminada a qual ele chamou de ápeiron.
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O ápeiron é a arché, ou seja, o começo de todas 
as coisas, estando em todas as coisas, mas, não sen-
do, ele mesmo, uma coisa conhecida.
Vê-se aqui um avanço importante em relação ao 
pensamento de Tales e, ao mesmo tempo, uma abertura 
para uma concepção desse arché que instigou a imagi-
nação de muitos pensadores ao longo do tempo.
Anaxímenes – o ar
Discípulo de Anaximandro, e inconformado em 
não poder se dar nome ao princípio iniciador de todas 
as coisas, Anaxímenes atribuiu ao ar a qualidade de 
substância originária. A qualidade de transformação 
do ar – ele não tem forma rígida, ora estando quente, 
frio, condensado, rarefeito – permitia que se atribuísse 
a ele esse papel de matéria geradora de matérias, uma 
solução cosmológica bastante engenhosa.
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4 Extensivo Terceirão
E para que servem essas elucubrações todas, você 
poderia perguntar? Que importância tem saber a origem 
das coisas se o que eu vejo são as coisas mesmas e elas é 
que me importam?
Será?
Pitágoras, os números e o desejo 
de harmonia do Universo
Nascido na ilha 
de Samos, na costa 
da Ásia Menor, viveu 
a maior parte da 
vida no sul da Itália e 
lá desenvolveu uma 
espécie de filosofia 
religiosa, tendo a 
matemática como principal ferramenta de dissemi-
nação de suas ideias. Pitágoras defendeu duas ideias 
que depois (e até hoje) ganharam mundo: a separação 
entre a alma e o corpo e a imortalidade da alma, que 
reencarnava eternamente, até finalmente ser capaz 
de abandonar o corpo e seguir sua jornada para a luz. 
É aí que entrava a matemática: para purificar o corpo 
e permitir a libertação da alma, era preciso conhecer e 
praticar regras de acordo com a harmonia das coisas. 
Para Pitágoras, essa harmonia só poderia ser expressa 
matematicamente.
E por que os pitagóricos chegaram a esta relação en-
tre práticas moralmente precisas e desenvolvimento do 
estudo da matemática? Porque acreditavam que havia 
uma ordem perfeita por trás da imperfeição das coisas 
e que esta ordem perfeita (do Universo) se expressaria 
por meio de números. Um exemplo foi a descoberta de 
Daí os pitagóricos acreditarem que tudo pode ter 
uma leitura a partir de números e que o mundo das 
almas libertas do jugo dos corpos seria, assim, perfeito e 
harmônico. Para Pitágoras, libertar a alma do corpo seria 
uma boa razão para se viver a vida.
Heráclito e Parmênides: 
Metafísica
O pensamento filosófico não andou em linha reta 
e nem sempre uma ideia foi herdeira de outra. De uma 
maneira geral, as diversas posições dos pensadores 
gregos refletiam uma preocupação comum que era 
a de buscar uma explicação racional para a origem 
e para a natureza do cosmos, a cosmogonia (que é 
um outro jeito de falar cosmologia). À medida que as 
questões eram apresentadas e discutidas, a preocu-
pação principal focou-se na delimitação da realidade 
comum aos seres, a Metafísica (além da Física), isto 
é, a natureza que está além da percepção dada pelos 
sentidos. A partir desse ponto, no início do século 
5 a.C., a Filosofia daria um salto que colocaria a razão 
como centro fundamental da compreensão de tudo o 
que nos cerca. 
Heráclito (aprox. 535 a.C. - 475 a.C.) viveu as 
dificuldades da invasão persa às cidades-Estado da 
Ásia Menor. Viu sua cidade, Éfeso, ser destruída, viu 
a luta de persas e gregos, a vitória desses últimos, a 
ascensão de Atenas e a democratização de sua cidade. 
Aristocrata, Heráclito não aceitou a nova ordem e 
retirou-se de Éfeso, vivendo como um ermitão o resto 
de seus dias. Seus escritos, herméticos, complexos, 
valeram-lhe o apelido de “o Obscuro”.
que os intervalos da escala tonal podem ser expressos 
por meio de números inteiros. A música se expressa por 
meio dos números e ler partituras é, de certa forma, um 
exercício matemático.
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8:15 1:2
(297 Hz)
(330 Hz)
(352 Hz)
(396 Hz)
(440 Hz)
(495 Hz)
(528 Hz)
uma oitava
uma quinta
uma quarta(264 Hz)
Aula 01
5Filosofia 1
Sua maior contribuição para a Filosofia foi a afirma-
ção de que tudo flui. Ao contrário da aparente calma e 
imutabilidade das coisas, para Heráclito, tudo é conflito, 
oposição constante, mudança permanente. Não po-
demos entrar duas vezes ao mesmo rio, não somente 
porque o rio já não é o mesmo, mas também porque não 
permanecemos iguais.
Essa dinamicidade das coisas só pode ser apreendida 
pelo logos. Assim, mais uma vez, a Filosofia grega apon-
ta a razão como responsável pela leitura e compreensão 
do mundo, não o mundo que está diante dos olhos, mas 
o que se encontra na profundidade das coisas. O pensa-
mento metafísico, daquilo que está além do empírico, 
do perceptível, é o conhecimento verdadeiro. O logos 
é que enxerga. A visão apenas apreende o singular, o 
fragmento. Para conectar o indivíduo com o mundo, é 
preciso construir a ponte com a razão. E isso não é fácil e, 
por isso, segundo Heráclito, possível apenas para alguns. 
Daí a bronca dele com a democracia...
Mas, como uma realidade dinâmica pode ser verda-
deira? 
Afinal, uma coisa verdadeira não é algo definido e 
estático? 
Heráclito vai afirmar que o vir a ser é a realidade, a 
constante transformação das coisas, a tensão entre a 
permanência e a mudança, só possível de ser conhecida, 
nessa dinâmica, pela razão treinada.
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Apesar disso, a posição de Heráclito estava longe de 
ser pacífica. Parmênides que o diga.
Esse pensador que viveu no sul da Itália e sofreu forte 
influência do pensamento pitagórico, afirmava que só 
o Ser existe, porque só o Ser pode ser conhecido. O Não 
Ser – o vazio, o oco, o nada – não existe. Como o vazio 
não existe, o Ser não se move e o movimento é ilusão dos 
sentidos. Como o Ser existe, essa existência não pode ser 
determinada por um tempo, logo ela diz respeito a todo o 
tempo. Ou seja, o Ser é incriado, existe desde sempre e não 
deixa de existir nunca. Fora disso, é ilusão, ou como diziam 
os gregos, doxa, opinião, hipóteses não verificáveis.
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6 Extensivo Terceirão
Na verdade, tanto Heráclito como Parmênides acre-
ditavam em uma realidade por trás das coisas visíveis e 
essa realidade era somente apreensível pela razão. Fosse 
essa realidade o Ser ou uma regra (tudo muda), o fato 
que ambos contribuíram fortemente para a Metafísica. 
Mas, quem tinha razão?
Empédocles, Anaxágoras e Demócrito foram pen-
sadores que buscaram estabelecer um meio-termo, 
uma síntese das proposições de Heráclito e Parmênides. 
E a solução foi a seguinte: Para esses pensadores, o 
imutável e o incriado existem mas não há um ser assim, 
há vários. Esses seres eternos e imutáveis compõem-se 
entre si (como uma espécie de lego cósmico) formando 
complexos de seres que duram um certo tempo e depois 
transformam-se ou diluem-se, dando origem a outros e 
outros e outros seres. 
Pronto! Estava explicado o vir a ser de Heráclito, sem 
precisar descartar o Ser de Parmênides.
Empédocles imaginou quatro Seres que formariam 
a composição de todas as coisas que conhecemos:fogo, 
terra, ar e água.
Anaxágoras (que foi contemporâneo de Péricles, 
o administrador do apogeu de Atenas) imaginou que 
todas as substâncias existentes e que podemos perceber 
são formadas da soma de todas as substâncias básicas. 
Nós, por exemplo, somos compostos de todas as subs-
tâncias que ingerimos (cálcio, ferro, zinco, magnésio, 
etc.). Assim, existem substâncias que são únicas (Ser) 
e que, ao mesmo tempo, compõem complexos que 
existem e deixam de existir, permanecem e se dissolvem 
no tempo (vir a ser).
Concepções religiosas à parte, os pitagóricos 
avançaram na construção filosófica em dois pontos 
importantes: 
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Atomistas e a primeira 
síntese filosófica
Quem teria razão a respeito do Ser, Heráclito ou 
Parmênides? 
Se fosse Heráclito, então não haveria certeza sobre 
nada permanentemente e o mundo seria fenômeno, 
eterna mudança e dinâmica. Se fosse Parmênides, então 
tudo o que vemos se mover e se transformar é ilusão 
e vivemos em um mundo Matrix, no qual tudo o que 
parece não é.
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Vale a pena saber
Zenão de Eleia foi um dos mais próximos discí-
pulos de Parmênides e um defensor arguto de suas 
ideias, particularmente a que afirmava que o Ser é 
uno, eterno e imutável e o movimento é ilusão. Para 
provar isso, Zenão formulou alguns argumentos 
muito interessantes. Um deles era o da corrida entre 
Aquiles de pés ligeiros e uma tartaruga. Como Aqui-
les era muito ligeiro, ele deu uma vantagem de cem 
metros para a tartaruga. Ora, segundo Zenão, com 
essa vantagem, Aquiles nunca poderia mais alcan-
çar a tartaruga.
Você sabe por quê?
A preocupação de Parmênides é a do amadureci-
mento do pensamento metafísico: a de afirmar o que 
pode ser pensado racionalmente. Daí ele afirmar: Pensar 
e ser é a mesma coisa!
Assim, a pensamento grego dá uma primeira volta 
completa: da negação dos mitos – embora os gregos, como 
nós, nunca tenham abandonado as crendices inteiramen-
te – ao ponto em que a razão torna-se a única capaz de 
afirmar a realidade. O verdadeiro era o que era observável, 
racionalizado e dito. Fora disso, era o mundo do Não Ser.
Aula 01
7Filosofia 1
 • busca por uma explicação abrangente capaz de 
explicar fenômenos singulares;
 • distinção entre a realidade fática, palpável, e a reali-
dade racional, pensada. 
Assim como os matemáticos de hoje, pensar com 
base nos números não exige nenhum contato perma-
nente com a experiência sensível. E não foi pouca coisa. 
Veremos como essas duas “descobertas” pitagóricas 
vão influenciar enormemente o modo de o Ocidente 
conduzir o pensamento.
Finalmente, Demócrito imaginou esses seres imutá-
veis e incriados como átomos, isto é, seres indivisíveis 
mas tão pequenos que não são visíveis. Esses átomos 
teriam formas diferentes e isso é que permitiria, por 
combinação, o surgimento de formas complexas as 
mais diversas. Mais uma vez a ideia do Lego! Segundo 
Demócrito, não haveria uma motivação específica 
para os átomos se agregarem, dando origem a outras 
formas. Isso ocorria mecanicamente. Assim, o vir a ser, 
derivado da aglutinação e separação dos seres, era 
fruto do acaso.
Uma questão chamou a atenção dos pensadores 
diante das soluções apresentadas por Empédocles, 
Anaxágoras e Demócrito: como os seres se moviam para 
formar os complexos? Que força os impulsionava? Se 
esses seres eram imutáveis e incriados, ou seja, existiram 
desde sempre, como se deu o primeiro movimento?
Como você pode ver, cada passo dado pela Filosofia 
enseja novas perguntas. Essa última, você verá mais 
adiante como se buscou a resposta. Mas creio que seja 
possível a você já praticar uma atitude filosófica bem 
interessante: levantar hipóteses. Então, mãos à obra!
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Testes
Assimilação
01.01. (UEMA) – Leia a letra da canção a seguir.
característica dessa realidade representada, também, na 
música de Lulu Santos é o(a)
a) fluxo.
b) estática.
c) infinitude.
d) desordem.
e) multiplicidade.
01.02. (UNIMONTES – MG) – O poeta brasileiro Carlos 
Drummond de Andrade, por sua vez, lamentou:
Nada do que foi será
De novo do jeito que já foi um dia
Tudo passa
Tudo sempre passará
A vida vem em ondas
Como um mar
Num indo e vindo infinito
Tudo que se vê não é
Igual ao que a gente
Viu há um segundo
Tudo muda o tempo todo
No mundo […]
 SANTOS, Lulu; MOTTA, Nelson. Como uma onda. In: Álbum MTV ao vivo. Rio 
de Janeiro: Sony-BMG, 2004.
Da mesma forma como canta o poeta contemporâneo, 
que vê a realidade passando como uma onda, assim tam-
bém pensaram os primeiros filósofos conhecidos como 
pré-socráticos que denominavam a realidade de physis. A 
“Como a vida muda.
Como a vida é muda.
Como a vida é nuda.
Como a vida é nada.
Como a vida é tudo.”
Nas trilhas de Drummond, lembramos a mudança. Recorda-
mos que a vida muda e muda sempre. ”Um homem não toma 
banho em um mesmo rio duas vezes, pois, no dia seguinte, 
o rio e o homem não serão os mesmos”. 
Tal formulação da questão da mudança foi registrada pelo 
pensador grego pré-socrático:
a) Heráclito.
b) Tales.
c) Xenofonte.
d) Pitágoras.
8 Extensivo Terceirão
01.03. (UEG – GO) – d) O conhecimento mítico segue um rigoroso procedimento 
lógico-analítico para estabelecer suas verdades.
e) A verdade do mito obedece a critérios empíricos e cien-
tíficos de comprovação.
01.06. (UEL – PR) – 
Tales foi o iniciador da reflexão sobre a physis, 
pois foi o primeiro filósofo a afirmar a existên-
cia de um princípio originário e único, causa de 
todas as coisas que existem, sustentando que 
esse princípio de tudo é a água. Tudo se origina 
a partir dela. Essa proposta é importantíssima [ ] 
podendo com boa dose de razão ser qualificada 
como a primeira proposta filosófica daquilo que 
se costuma chamar de começo da formação do 
universo.
REALE, Giovanni. História da filosofia. São Paulo: Loyola, 1990.
A passagem do mito à filosofia iniciou-se com os pré-
-socráticos. O primeiro deles foi Tales de Mileto, que iniciou 
o estudo da cosmologia. A cosmologia é definida como:
a) A investigação racional do agir humano.
b) A investigação acerca da origem e da ordem do mundo.
c) O estudo do belo na arte.
d) O estudo do estado civil e natural e seu ordenamento 
jurídico.
01.04. (UNICENTRO – PR) – “O número é a essência de todo 
o existente. Toda a harmonia do cosmo é justificada pelos 
números”.
Essa frase está relacionada a
a) Leucipo.
b) Sócrates.
c) Pitágoras.
d) Aristóteles.
e) Anaxímenes.
Aperfeiçoamento
01.05. (UEL – PR) – 
”Zeus ocupa o trono do universo. Agora o mun-
do está ordenado. Os deuses disputaram entre si, 
alguns triunfaram. Tudo o que havia de ruim no 
céu etéreo foi expulso, ou para a prisão do Tártaro 
ou para a Terra, entre os mortais. E os homens, o 
que acontece com eles? Quem são eles?”
VERNANT, Jean-Pierre. O universo, os deuses, os homens. Trad. de Rosa Freire 
d’Aguiar. São Paulo: Companhia das Letras, 2000. p. 56.
O texto acima é parte de uma narrativa mítica. Considerando 
que o mito pode ser uma forma de conhecimento, assinale 
a alternativa correta.
a) A verdade do mito obedece a regras universais do pen-
samento racional, tais como a lei de não contradição.
b) O mito busca explicações definitivas acerca do homem e 
do mundo, e sua verdade independe de provas.
c) As explicações míticas constroem-se, de maneira argu-
mentativa e autocrítica.
“Entre os ‘físicos’ da Jônia, o caráter positivo in-
vadiu de chofre a totalidade do ser. Nada existe 
que não seja natureza, physis. Os homens, a di-
vindade, o mundo formam um universo unifica-
do, homogêneo, todo ele no mesmo plano: são as 
partes ou os aspectos de uma só e mesma physis 
que põem em jogo, por toda parte, as mesmas 
forças, manifestam a mesma potência de vida. As 
vias pelas quais essa physis nasceu, diversificou-
-se e organizou-se são perfeitamente acessíveis à 
inteligência humana: a natureza não operou ‘no 
começo’ de maneira diferente de como o faz ain-
da,cada dia, quando o fogo seca uma vestimenta 
molhada ou quando, num crivo agitado pela mão, 
as partes mais grossas se isolam e se reúnem.”
VERNANT, Jean-Pierre. As origens do pensamento grego. Trad. de Ísis Borges 
B. da Fonseca. 12.ed. Rio de Janeiro: Difel, 2002. p.110.
Com base no texto, assinale a alternativa correta.
a) A diversidade de fenômenos naturais pressupõe uma mul-
tiplicidade de explicações e nem todas estas explicações 
podem ser racionalmente compreendidas.
b) A razão é capaz de compreender parte dos fenômenos 
naturais, mas a explicação da totalidade dos mesmos está 
além da capacidade humana.
c) O nascimento, a diversidade e a organização dos seres 
naturais têm uma explicação natural e esta pode ser 
compreendida racionalmente.
d) A explicação para os fenômenos naturais pressupõe a 
aceitação de elementos sobrenaturais.
e) Para explicar o que acontece no presente é preciso com-
preender como a natureza agia ’no começo’ , ou seja, no 
momento original.
01.07. (UFU – MG) – 
“Princípio dos seres ele [Anaximandro] disse (que 
era) o ilimitado Pois donde a geração é para os 
seres, é para onde também a corrupção se gera se-
gundo o necessário ; pois concedem eles mesmos 
justiça e deferência uns aos outros pela injustiça, 
segundo a ordenação do tempo.”
Pré-Socráticos. Coleção “Os Pensadores”. São Paulo: Abril Cultural, 1978.
A partir da análise do texto de Anaximandro, é correto afirmar 
que a filosofia, em contraposição ao mito, se caracteriza por 
a) conceber o tempo como um passado imemorial sem 
relação com o presente. 
b) os seres divinos concedem, por alianças ou rompimentos, 
justiça e deferência uns aos outros. 
Aula 01
9Filosofia 1
c) o mundo ser explicado por um processo constante e eter-
no de geração e corrupção, cujo princípio é o ilimitado. 
d) narrar a origem do mundo por meio de alianças e forças 
geradoras divinas. 
01.08. (IFPI) – Sobre os Pré-Socráticos, associe as ideias/feitos 
expressos nas máximas abaixo a seus respectivos pensadores: 
1. O estado inicial de todas as coisas tem de ser indeter-
minado, ou seja, não se identifica com nenhum outro 
elemento já descoberto. 
2. Foi o primeiro a afirmar que a Lua recebe sua luz do Sol. 
3. O mundo é um fluxo perpétuo onde nada permanece idên-
tico a si mesmo, mas tudo se transforma no seu contrário. 
4. O ser é uno, contínuo, único e eterno; sem princípio nem 
fim. 
5. Foi o primeiro a conceber a água como substrato e força 
geradora de tudo. 
( ) Parmênides de Eleia. 
( ) Tales de Mileto. 
( ) Anaximandro de Mileto. 
( ) Anaxímenes de Mileto. 
( ) Heráclito de Éfeso. 
A sequência numérica, de cima para baixo, que contém a 
associação correta é: 
a) 4, 5, 1, 2, 3 
b) 4, 5, 3, 2, 1 
c) 5, 4, 1, 2, 3 
d) 1, 2, 3, 4, 5 
e) 5, 4, 3, 2, 1
01.09. (UNIOESTE – PR) – 
 II. O surgimento da filosofia não coincide com o fim do uso 
do pensamento mítico. 
 III. Tales de Mileto, no século VI a.C., ao propor a água como 
princípio original do mundo, rompe, definitivamente, com 
o pensamento mítico. 
 IV. Mitos estão presentes ainda nos textos filosóficos de Platão 
(século IV a.C.), como, por exemplo, o mito do julgamento 
das almas. 
 V. Os primeiros filósofos gregos, chamados “pré-socráticos”, 
em sua reflexão, não se ocupavam da natureza (Physis).
Das afirmativas feitas acima 
a) apenas a afirmação V está correta. 
b) apenas as afirmações III e V estão corretas. 
c) apenas as afirmações II e IV estão corretas. 
d) apenas as afirmações I, II e IV estão corretas. 
e) apenas as afirmações I, III e V estão corretas.
01.10. (UNICENTRO – PR) – A passagem do Mito ao Logos 
na Grécia antiga foi fruto de um amadurecimento lento e 
processual. Por muito tempo, essas duas maneiras de ex-
plicação do real conviveram sem que se traçasse um corte 
temporal mais preciso. 
Com base nessa afirmativa, é correto afirmar: 
a) O modo de vida fechado do povo grego facilitou a pas-
sagem do Mito ao Logos. 
b) A passagem do Mito ao Logos, na Grécia, foi responsabi-
lidade dos tiranos de Siracusa. 
c) A economia grega estava baseada na industrialização, e 
isso facilitou a passagem do Mito ao Logos. 
d) O povo grego antigo, nas viagens, se encontrava com 
outros povos com as mesmas preocupações e culturas, o 
que contribuiu para a passagem do Mito ao Logos. 
e) A atividade comercial e as constantes viagens oportuni-
zaram a troca de informações/conhecimentos, a obser-
vação/assimilação dos modos de vida de outros povos, 
contribuindo, assim, de modo decisivo, para a construção 
da passagem do Mito ao Logos.
Aprofundamento
01.11. (UFMA) – O homem sempre buscou explicações 
sobre os aspectos essenciais da realidade que o cerca e 
sobre sua própria existência. Na Grécia antiga, antes da filo-
sofia surgir, essas explicações eram dadas pela mitologia e 
tinham, portanto, um forte caráter religioso. Historicamente, 
considera-se que a filosofia tem início com Tales de Mileto, 
em razão de ele ter afirmado que ”a água é a origem e a 
matriz de todas as coisas”. 
Nesse sentido, pode-se dizer que a frase de Tales tem caráter 
filosófico pelas seguintes razões:
a) Porque destaca a importância da água para a vida; porque 
faz referência aos deuses como causa da realidade e, 
porque nela, embora apenas subentendido, está contido 
o pensamento: “tudo é matéria”.
“Não é fácil definir se a ideia dos poemas homéri-
cos, segundo a qual o Oceano é a origem de todas 
as coisas, difere da concepção de Tales, que con-
sidera a água o princípio original do mundo; seja 
como for, é evidente que a representação do mar 
inesgotável colaborou para a sua expressão. Em 
todas as partes da Teogonia, de Hesíodo, reina a 
vontade expressa de uma compreensão construti-
va e uma perfeita coerência na ordem racional e 
na formulação dos problemas. Por outro lado, a 
sua cosmologia ainda apresenta uma irreprimível 
pujança de criação mitológica, que, muito mais 
tarde, ainda age sobre as doutrinas dos “fisiólo-
gos”, nos primórdios da filosofia “científica”, e 
sem a qual não se poderia conceber a atividade 
prodigiosa que se expande na criação das concep-
ções filosóficas do período mais antigo da ciência” 
Werner Jaeger.
Considerando o texto acima sobre o surgimento da filosofia 
na Grécia, seguem as afirmativas abaixo: 
 I. O surgimento da filosofia não coincide com o início do uso 
do pensamento racional. 
10 Extensivo Terceirão
b) Porque enuncia algo sobre a origem das coisas; porque o 
faz sem imagem e fabulação e porque nela, embora apenas 
subentendido, está contido o pensamento: ”tudo é um”.
c) Porque narra uma lenda; porque narra essa lenda através 
de imagens e fabulação e porque nela, embora apenas 
subentendido, está contido o pensamento: “tudo é 
movimento”.
d) Porque enuncia uma verdade revelada por Deus; porque o 
faz através da imaginação e, porque nela, embora apenas 
subentendido, está contido o pensamento: ”o homem é 
a medida de todas as coisas”.
e) Porque enuncia algo sobre a origem das coisas; porque 
o faz recorrendo a deuses e à imaginação e, porque nela, 
embora apenas subentendido, está contido o pensamen-
to: “conhece-te a ti mesmo”.
01.12. (UNICENTRO – PR) – Sobre o período Pré-socrático, 
assinale a alternativa CORRETA.
a) Os primeiros pré-socráticos, como Tales de Mileto, 
Anaxímenes e Platão, são conhecidos como “monistas”, 
porque identificam apenas um elemento constitutivo 
de todas as coisas.
b) Para Heráclito, o ser é o múltiplo, não apenas no sentido 
de que há uma multiplicidade de coisas, mas por estar 
constituído de oposições internas. Para ele, o dinamismo 
de todas as coisas pode ser explicado pelo fogo primor-
dial, expressão visível da instabilidade, símbolo da eterna 
agitação do devir.
c) Para o filósofo Anaximandro, o princípio constitutivo de 
todas as coisas é um ser eterno, suprassensível e imutável, 
ao qual ele nomeia de Noûs.
d) Demócrito é o precursor da matemática, atribui aos nú-
meros a máxima perfeição original.
e) Os primeiros filósofos foramchamados de pré-socráticos 
devido a uma classificação posterior da filosofia, que tinha 
como referência a figura de Sócrates. Todavia, nem todos 
os pensadores pré-socráticos viveram antes de Sócrates, a 
exemplo de Péricles, que foi contemporâneo ao pai da filosofia.
01.13. Anaximandro de Mileto, discípulo de Tales, também 
foi um dos filósofos que se dedicou às investigações de 
caráter cosmológico.
Sobre os preceitos defendidos por esse pensador, assinale 
a alternativa correta.
a) Anaximandro compreendeu que a arché se trataria me-
ramente de um elemento material específico (physis).
b) Para Anaximandro os elementos materiais como as estre-
las, vulcões, ar, água, animais, por exemplo, não poderiam 
ser considerados o princípio gerador de todas as coisas, 
pois, os elementos materiais são, por sua própria natureza, 
finitos e limitados. Para ele, somente do infinito e do eter-
no podem surgir inúmeros mundos finitos e temporários.
c) Anaximandro, após observar sistematicamente o mundo 
natural, propôs que não apenas a água poderia ser con-
siderada arché desse mundo em si e, por isso mesmo, 
incluiu mais um elemento: o fogo.
d) Anaximandro entende que o ápeiron (ilimitado) seria a 
substância que teria originado a natureza e a realidade, 
a partir do movimento de associação e dissociação dos 
elementos materiais (physis), de caráter finito.
e) Segundo Anaximandro, o átomo é arché da realidade. 
Afinal, tudo é feito de algo invisível e indivisível.
01.14. Anaxímenes de Mileto foi discípulo e sucessor de 
Anaximandro, vivendo por volta do século VI a.C. Praticamen-
te nada se sabe sobre sua biografia, mas segundo alguns de 
seus escritos constatamos que para ele:
a) Anaxímenes de Mileto disse que o ar é o elemento 
originário de tudo o que existe, existiu e existirá, e que 
outras coisas provêm de sua descendência. Quando o ar 
se dilata, transforma-se em fogo, ao passo que os ventos 
são ar condensado. 
b) Anaxímenes não aceitava a ideia de que o infinito era 
o princípio de todas as coisas. Porém, aceitava que este 
princípio fosse indefinido, como afirmava a filosofia de 
Anaximandro.
c) Anaxímenes fez a união entre os pensamentos que o 
antecederam e concluiu que o princípio de todas as coisas 
não pode ser afirmado, já que tal princípio não está ao 
alcance dos sentidos.
d) Anaxímenes discordava da ideia de Anaximandro de 
que o ar era o princípio de todas as coisas, considerando 
o infinito o elemento que se prestava a ser a origem de 
todas as coisas.
e) Anaxímenes aceitava a ideia de seu mestre Tales de que 
o infinito era o princípio de todas as coisas. Não aceitava, 
porém, que este princípio fosse indefinido, considerando 
o fogo o elemento que se prestava a ser a origem de 
todas as coisas.
01.15. No que se refere ao pensamento do filósofo Heráclito 
de Éfeso, assinale a alternativa correta:
a) Para Heráclito, o homem consegue se banhar duas vezes 
no mesmo rio.
b) Heráclito de Éfeso negou o movimento e negou termi-
nantemente a luta dos contrários como gênese e unidade 
do mundo antigo.
c) Percebendo a constante permanência que se encontra em 
todas as coisas, Heráclito constata que as coisas sempre 
são definitivamente estáticas; essa constante permanên-
cia é chamada devir ou vir-a-ser. 
d) Heráclito de Éfeso interessou-se pelo dinamismo do 
universo. Afirmou que nada permanece o mesmo, tudo 
muda; que a mudança é a passagem de um contrário ao 
outro e que a luta e a harmonia dos contrários são o que 
gera e mantém todas as coisas.
e) De acordo com a teoria heraclitiana, tudo à nossa volta 
segue um fluxo perpétuo de nascer, crescer, envelhecer, 
morrer, renascer e crescer. Logo, para ele, o mundo é 
regido pela permanência, ou seja, tudo é estático.
Aula 01
11Filosofia 1
01.16. (UEPG – PR) – Em relação à teoria parmenidiana e o 
fragmento abaixo, assinale o que for correto. 
De onde vem o mundo? De onde vem o universo? 
Tudo o que existe tem que ter um começo. Portan-
to, em algum momento, o universo também tinha 
de ter surgido a partir de uma outra coisa. Mas, se 
o universo de repente tivesse surgido de alguma 
outra coisa, então essa outra coisa também devia 
ter surgido de alguma outra coisa algum dia. Sofia 
entendeu que só tinha transferido o problema de 
lugar. Afinal de contas, algum dia, alguma coisa 
tinha de ter surgido do nada. Existe uma substância 
básica a partir da qual tudo é feito? A grande ques-
tão para os primeiros filósofos não era saber como 
tudo surgiu do nada. O que os instigava era saber 
como a água podia se transformar em peixes vivos, 
ou como a terra sem vida podia se transformar em 
árvores frondosas ou flores multicoloridas.
Adaptado de: GAARDER, J. O Mundo de Sofia. Trad. de João Azenha Jr. São 
Paulo: Companhia das Letras, 1995. p.43-44. 
Via da Verdade 
“[...] Pois bem, dir-te ei – e tu escuta a minha pa-
lavra – quais as únicas vias de pesquisa que se 
podem pensar: uma que (o ser) é e não é possível 
que não seja – é o caminho da persuasão, porque 
vai direto a verdade – a outra que (o ser) não é 
necessário que não seja; [...].” 
Adaptado de: “Parmênides”. In: Giovanni Reale. História da Filosofia Antiga. 
Trad. De Marcelo Perine. São Paulo: Loyola, 1993. Vol.1. pp. 107-108 (Série 
História da Filosofia). 
01) Não é possível afirmar a existência do não ser porque o 
não ser não é.
02) O texto descreve a forma com que Parmênides perce-
bia o universo.
04) O ser nunca muda, o ser simplesmente é e o não ser 
não é. 
08) Parmênides afirma que existe apenas um caminho para 
se chegar à verdade, definido como via da opinião, já 
que cada indivíduo, através dos sentidos, percebe de 
forma diferente as mudanças que ocorrem na physis. 
01.17. (UFU – MG) – Parmênides (515 a.C. -440 a.C.) deixou 
seus pensamentos registrados no poema Sobre a nature-
za, do qual restaram apenas fragmentos cultivados pelos 
filósofos do mundo antigo, uma das passagens célebres 
preservadas é a seguinte:
“Necessário é o dizer e pensar que (o) ente é; pois 
é ser,
e nada não é; isto eu te mando considerar.
Pois primeiro desta via de inquérito eu te afasto,
mas depois daquela outra, em que mortais que 
nada sabem
erram, duplas cabeças, pois o imediato em seus
peitos dirige errante pensamento; (...)”
PARMÊNIDES. Sobre a natureza. Trad. de José Cavalcante de Souza. São Paulo: 
Nova Cultural, 1989, p. 88. Coleção ”Os Pensadores”.
Com base no texto e nos conhecimentos sobre o surgimento 
da filosofia, assinale a alternativa correta. 
a) Os pensadores pré-socráticos explicavam os fenômenos 
e as transformações da natureza e porque a vida é como 
é, tendo como limitador e princípio de verdade irrefutável 
as histórias contadas acerca do mundo dos deuses. 
b) Os primeiros filósofos da natureza tinham a convicção de 
que havia alguma substância básica, uma causa oculta, 
que estava por trás de todas as transformações na natu-
reza e, a partir da observação, buscavam descobrir leis 
naturais que fossem eternas. 
c) Os teóricos da natureza que desenvolveram seus sistemas 
de pensamento por volta do século VI a.C. partiram da 
ideia unânime de que a água era o princípio original do 
mundo por sua enorme capacidade de transformação. 
d) A filosofia da natureza nascente adotou a imagem homé-
rica do mundo e reforçou o antropomorfismo do mundo 
dos deuses em detrimento de uma explicação natural 
e regular acerca dos primeiros princípios que originam 
todas as coisas. 
e) Para os pensadores jônicos da natureza, Tales, Anaxímenes 
e Heráclito, há um princípio originário único denominado 
o ilimitado, que é a reprodução da aparência sensível que 
os olhos humanos podem observar no nascimento e na 
degeneração das coisas.
Analise as assertivas abaixo.
I. A opinião humana busca o que é (ser) naquilo que não 
é (ser).
II. O mundo dos sentidos é (ser), portanto, o único digno 
de ser conhecido.
III. Não se pode dizer “não-ser é”, porque “não-ser” é impen-
sável.
IV. Dizer “não-ser é não não-ser”, é o mesmo que afirmar 
”não-sernão é”.
Assinale a alternativa que contém as assertivas corretas.
a) I e III
b) II e III
c) II e IV
d) I e IV
01.18. (UEL – PR) – Leia o texto a seguir e responda à pró-
xima questão.
12 Extensivo Terceirão
01.01. a
01.02. a
01.03. b
01.04. c
01.05. b
01.06. c
01.07. c
01.08. a
01.09. d
01.10. e
01.11. b
01.12. b
01.13. b
01.14. a
01.15. d
01.16. 07 (01 + 02 + 04)
01.17. a
01.18. b
01.19. a
01.20. b
Gabarito
Com base no texto e nos conhecimentos sobre a filosofia de 
Parmênides, assinale a alternativa correta. 
a) Pensar e ser se equivalem, por isso o pensamento só pode 
tratar e expressar o que é, e não o que não é – o não ser. 
b) A percepção sensorial nos possibilita conhecer as coisas 
como elas verdadeiramente são. 
c) O ser é mutável, eterno, divisível, móvel e, por isso, a razão 
consegue conhecê-lo e expressá-lo. 
d) A linguagem pode expressar tanto o que é como o que 
não é, pois ela obedece aos princípios de contradição e 
de identidade. 
e) O ser é e o não ser não é indica que a realidade sensível 
é passível de ser conhecida pela razão. 
01.20. (UFPR) – 
Os corcéis que me transportam, tanto quanto o âni-
mo me impele, conduzem-me, depois de me terem 
dirigido pelo caminho famoso da divindade [...] E a 
deusa acolheu-me de bom grado, mão na mão di-
reita tomando, e com estas palavras se me dirigiu: 
[...] Vamos, vou dizer-te – e tu escuta e fixa o relato 
que ouviste – quais os únicos caminhos de investi-
gação que há para pensar, um que é, que não é para 
não ser, é caminho de confiança (pois acompanha a 
realidade): o outro que não é, que tem de não ser, 
esse te indico ser caminho em tudo ignoto, pois não 
poderás conhecer o não-ser, não é possível, nem 
indicá-lo [...] pois o mesmo é pensar e ser.
PARMÊNIDES. Da Natureza, frags. 1-3. Trad. José Trindade Santos. 2. ed. São 
Paulo: Loyola, 2009. p. 13-15.
Quando soube daquele oráculo, pus-me a refletir 
assim: “Que quererá dizer o Deus? Que sentido 
oculto pôs na resposta? Eu cá não tenho cons-
ciência de ser nem muito sábio nem pouco; que 
quererá ele então significar declarando-me o mais 
sábio? Naturalmente não está mentindo, porque 
isso lhe é impossível”. Por longo tempo fiquei 
nessa incerteza sobre o sentido; por fim, muito 
contra meu gosto, decidi-me por uma investiga-
ção, que passo a expor.
PLATÃO. Defesa de Sócrates. Trad. Jaime Bruna. Coleção Os Pensadores. Vol. II. 
São Paulo: Victor Civita, 1972, p. 14.
O texto acima pode ser tomado como um exemplo para 
ilustrar o modo como se estabelece, entre os gregos, a passa-
gem do mito para a filosofia. Essa passagem é caracterizada:
a) pela transição de um tipo de conhecimento racional para 
um conhecimento centrado na fabulação.
b) pela dedicação dos filósofos em resolver as incertezas 
por meio da razão.
c) pela aceitação passiva do que era afirmado pela divindade.
d) por um acento cada vez maior do valor conferido ao 
discurso de cunho religioso.
e) elo ateísmo radical dos pensadores gregos, sendo Sócra-
tes, inclusive, condenado por isso.
Desafios
01.19. (UEL – PR) – Leia o texto a seguir.
Aula 02
13Filosofia 1
Filosofia
1
Sofistas e Sócrates
Do seu porto, Pireu, o comércio e as informações 
sobre todo o mundo antigo circulavam e muitos artistas 
e pensadores fluíam para a cidade. As transformações 
econômicas e as reformas políticas tinham ampliado 
a participação na administração pública para todos os 
cidadãos. Embora isso não significasse tanta gente – 
cerca de 10% da população – era mais do que Atenas 
conhecera em toda a sua existência. 
Essa formulação democrática provocou uma mu-
dança muito importante no desenvolvimento da Filoso-
fia grega. A preocupação cosmológica e metafísica, que 
marcara os textos dos pensadores até então, desloca-se 
para o campo da teoria do conhecimento e o estudo da 
natureza cede lugar às preocupações sociais e culturais. 
A objetividade que até então fora a preocupação dos 
filósofos abre alas para o conhecimento mediado pelo 
homem. Aliás, o homem passa a ser o centro da preocu-
pação dos filósofos.
E por que ocorreu essa mudança?
Na Atenas das disputas públicas e democráticas, nas 
quais o pensamento aristocrático linear e unidirecional 
não tinha mais vez e os novos ricos, os comerciantes, 
e mesmo os não ricos podiam expressar sua opinião 
e definir os rumos da cidade, debater sobre como 
convencer os espíritos e como demonstrar mais ade-
quadamente um argumento verossímil tornaram-se 
uma questão mais premente que saber a natureza do 
cosmos ou o que se escondia para além do mundo sen-
sível. Pelo contrário, em uma cidade fervilhante, tudo 
parecia à flor da pele. Os sofistas souberam enxergar e 
entender essa realidade. E deram um passo importante 
para tornar a filosofia ainda mais instigante.
Mudança nos temas da 
Filosofia
As especulações metafísicas perdem terrenos em 
prol das observações empíricas. Estudos sobre História, 
com Heródoto e Tucídides, linguagem com Pródico, 
música, poesia, artes plásticas, com Policleto, medicina 
com Hipócrates marcam o período. O conhecimento 
aristocrático, voltado apenas para espíritos elevados, 
tendo como finalidade uma formação para a sabedoria, 
integral e profunda, perde terreno para a praticidade 
do conhecimento voltado para fins do conhecimento 
útil, da informação necessária e das técnicas de con-
vencimento nos debates públicos. Por conta dessa nova 
realidade, muitos pensadores passam a disponibilizar 
seus conhecimentos e habilidades em troca de dinheiro, 
tornando-se uma espécie de “pensadores profissio-
nais”, cujo “produto” era o repertório de informações e 
métodos de persuasão que possuíam, e a capacidade 
de ensiná-los para qualquer um que se dispusesse a 
aprender. O conhecimento, enfim, democratizava-se 
como a própria Atenas. 
Sofistas
O pensamento sofístico parte do pressuposto 
relativista e subjetivista. Para eles, o que percebemos 
do mundo é indissociado da nossa própria e singular 
natureza humana. Somos singulares e temos uma forma 
de perceber as coisas que também é singular. Logo, a 
recepção dessa sensação de contato com o mundo é 
única, não podendo ser objetivamente determinada.
KLENZE, Leo von Klenze. Acrópole de Atenas. 1846. 1 óleo sobre tela, 
color.; 103 cm x 148 cm. Neue Pinakothek, Munique, Alemanha.
Atenas, século V a.C.
A vitória sobre os persas e a administração de Péricles 
fizeram da cidade-estado de Atenas o coração da cultura 
grega no século V. a.C.
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om
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on
s 
14 Extensivo Terceirão
Percebam que essa abordagem teve um impacto 
bastante forte no campo do comportamento (moral) 
e nas questões públicas (direito). Na medida em que 
um fato pode ser percebido de maneira diferente por 
duas pessoas, é preciso que se construa um consenso 
no que diz respeito a qual das compreensões deve 
pautar o comportamento geral. E esse consenso não 
é definitivo. As mesmas pessoas podem começar a 
perceber uma mesma coisa de forma diferente com 
o passar do tempo. Logo, a construção de consensos 
é permanente e exige processos adequados para que 
não torne a convivência social impossível.
Havia perigos no ar: de essa relativização tornar im-
possível qualquer balizamento de verdade. Daí vários 
pensadores se voltarem contra os sofistas. Essas críticas 
foram tão fortes que até hoje é comum referirmo-nos a 
esta palavra (sofista) com um sentido negativo!
Principais sofistas: 
Protágoras e Górgias
O homem é a medida de todas as coisas. Essa 
frase, atribuída a Protágoras, é a síntese da posição 
sofista. Segundo ele, o conhecimento não é ditado 
apenas pela coisa apreendida pelos nossos sentidos, 
mas também pela forma como reagimos a essa per-
cepção. Como temos reações diferentes, não é possível 
afirmar que algo é objetivamente verdadeiro nem 
que, ao contrário, algo seja falso. Assim, a verdade 
não é a expressão de algo que existe objetivamente, 
apreendido por uma razão treinada: é tão somente o 
que se convencionaafirmar como tal, pelo consenso 
das pessoas.
Essa regulação da verdade, na medida em que era 
feita subjetivamente, exigia pessoas bem formadas, 
daí a importância de dar ensinamentos a elas. Quanto 
mais pessoas capazes de discernir o melhor possível 
as sensações do real, melhor formulação subjetiva 
será realizada sobre essas sensações do real e mais 
refinado será o consenso alcançado. Esse consenso é o 
que podemos chamar de senso de moral e justiça que 
acompanha as sociedades e vai se modificando confor-
me novas formas de perceber o real ganham status de 
consenso. É só lembrar, por exemplo, da escravidão. Há 
200 anos, poucas eram as pessoas que consideravam 
a propriedade de um humano algo contrário à moral 
e à justiça. Hoje, podemos afirmar, é exatamente o 
contrário.
A posição dos sofistas batia de frente com a Me-
tafísica e sua convicção da possibilidade de conhecer 
a essência do real por meio da razão. Górgias, outro 
pensador do sul da Itália, foi o mais ardoroso crítico 
da posição metafísica. Seus textos, particularmente 
o Sobre o não ser, procuraram desmontar as razões 
apresentadas pelos metafísicos, principalmente por 
Parmênides, e demonstrar a impossibilidade de conhe-
cer o ser. Mesmo que fosse admissível uma realidade 
objetiva, ela era, segundo Górgias, impossível de ser 
expressa por meio de palavras, que são invenções 
humanas e não pertencem ao ser, não podendo assim 
traduzi-lo, mas apenas informar sobre ele, passando 
sempre pela perspectiva humana.
Os sofistas ficaram conhecidos como os iluminis-
tas gregos, pois criticaram a religião, as crendices 
populares e propuseram uma origem contratual 
das sociedades, antecipando, em vários séculos, as 
posições de Voltaire, Locke e Rousseau. Pensadores, 
como Pródico, questionavam valores como bom 
e mau, afirmando que é a forma como os homens 
se apropriam das coisas que lhes conferem essas 
características; Aristóteles faz referência a um certo 
Licófron como defensor da ideia de uma organização 
social e política consensual, fruto de um contrato. En-
fim, os sofistas lançam muitas das ideias que o mundo 
contemporâneo ainda hoje discute, principalmente 
sobre comportamento, sociedade e Direito. Mas um 
dos maiores méritos dos sofistas é que sem suas 
ideias, Sócrates, Platão e Aristóteles provavelmente 
não teriam tido a relevância que tiveram.
Sócrates
Um dia, um grego chamado Querefonte foi ao 
oráculo de Delfos e fez a seguinte pergunta à velha 
sábia que respondia aos viajantes: Existe alguém mais 
sábio que Sócrates? Ao que a anciã respondeu: Não. 
Ninguém é mais sábio que Sócrates.
Filho de uma parteira, soldado na Guerra do Pelo-
poneso, sempre descalço e com roupas amarfanhadas 
e sujas, cabelo desgrenhado, nariz 
achatado e rosto de bolacha, Sócrates 
certamente passaria hoje, nas ruas da 
cidade grande, como um mendigo 
ou um demente. Principalmente 
quando, ensimesmado, ficava horas 
e horas de pé, rígido, com o 
olhar perdido, mergulhado 
em suas reflexões. Ou aca-
baria sendo preso por causar 
inconvenientes diálogos 
com os transeuntes, 
sempre com perguntas 
incômodas, desmon-
tando argumentos e 
certezas de qualquer 
um que aceitasse suas 
provocações.
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 descalço e com roupas amarfanhadas 
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Aula 02
15Filosofia 1
Sócrates não deixou nada 
escrito. Ele afirmava que não era 
possível dialogar com um texto 
e que preferia saber com quem 
trocava ideias. Por isso ele passava 
os dias na Ágora, o local das dis-
cussões e votações dos atenienses, 
questionando quem se dispusesse 
a conversar com ele. Aos 70 anos, 
depois de causar constrangimento 
em muita gente, incluindo gente 
poderosa, Sócrates acabou conde-
nado a beber veneno por querer 
subverter os jovens e introduzir 
“novos deuses”. 
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Por que um homem com esse 
perfil tão controverso conseguiu 
cravar seu nome na imortalidade 
histórica e ser considerado, até 
hoje, o mais importante pensador 
da Filosofia ocidental?
Sócrates foi um polemista, cri-
ticando particularmente os sofistas 
e seu relativismo. Preocupava-se, 
principalmente, com o rigor dos 
conceitos. Sem eles, não era possí-
vel conhecer nada verdadeiramen-
te. No entanto, Sócrates não teve 
a pretensão de afirmar conhecer 
todos os conceitos. Pelo contrário, 
sabia que a busca que empreendia 
era para ele também. Por isso 
espantou-se tanto com a resposta 
do oráculo. Depois compreendeu: 
exatamente por ser o único a ter 
consciência de que quase nada 
sabia é que era o mais sábio!
Sócrates demonstrou – e por isso 
angariou tantos opositores – que as pes-
soas formulam verdades fundamentadas 
em conceitos que desconhecem ou que 
afirmam de forma distorcida ou incom-
pleta. Assim como sua mãe trazia seres à 
luz, o pensador ateniense acreditava que 
sua missão era trazer ideias para a luz, 
os conceitos verdadeiros, desmontando 
certezas até então inabaláveis e discursos 
que, fundamentados nesses conceitos 
defeituosos, eram inválidos e inúteis.
Para atingir seu objetivo de verificar a veracidade dos conhecimentos dos 
atenienses, Sócrates conversava. O diálogo foi a pedra angular de seu mé-
todo. Sócrates ouvia e perguntava e depois replicava e treplicava, até deixar 
seu interlocutor vencido pela sua própria incapacidade de dar consistência 
às suas ideias. Observem que Sócrates não ensinava nada: ele usava dos 
conteúdos da outra pessoa como base para seus questionamentos e das 
respostas ditas pelo interlocutor para questioná-lo mais uma vez. 
Parece uma coisa cruel, não? Mas não é. O importante é saber que o 
objetivo do pensador era o conhecimento verdadeiro e ele acreditava que 
esse conhecimento existia e podia ser obtido pela depuração das palavras e 
esta depuração poderia ser obtida pela percepção das próprias contradições 
que cometemos ao usarmos esses conceitos no cotidiano.
Esse diálogo socrático dividia-se em dois componentes que podemos 
denominar de método: a ironia e a maiêutica (que em grego quer dizer 
“parto das ideias”). O primeiro consistia em fazer o interlocutor deparar-
-se com as contradições do seu saber presumido; o segundo, o suporte, 
por meio de outras indagações, para encaminhar o interlocutor ao co-
nhecimento verdadeiro.
E qual a finalidade desse esforço todo?
Primeiro porque Sócrates acreditava que todos sabemos o conceito ver-
dadeiro das coisas, sem o saber. Por meio do questionamento adequado e da 
suspensão dos conceitos distorcidos, qualquer um pode conhecer. 
Segundo porque o conhecimento verdadeiro conduziria ao compor-
tamento adequado. Por exemplo: o comportamento virtuoso derivaria da 
apreensão correta do conceito abstrato de virtude. Para Sócrates, o que 
precisamos fazer para nos comportar de maneira virtuosa é conhecer o 
conceito verdadeiro de virtude.
Logo, os comportamentos ruins, segundo Sócrates, eram derivados da 
falta de conhecimento, de um engano. Por isso buscar conhecer o bem é a 
forma mais correta de tornar-se bom e praticar o bem. Os atos imorais deri-
vam da ignorância e, por isso, Sócrates afirmava que praticar uma injustiça 
era pior do que sofrê-la, já que isso indicava o despreparo e o desconheci-
mento do agressor.
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16 Extensivo Terceirão
Testes
Assimilação
02.01. (UNESP – SP) – 
Contrariando os sofistas, Só-
crates acreditava em uma verdade 
objetiva, em uma purificação da 
alma humana e na sua imortalida-
de. Com ele, temas importantes da 
Metafísica são resgatados, embora 
as conquistas dos sofistas, parti-
cularmente relativas à moral e ao 
direito, não tenham sido deixadas 
de lado por Sócrates. 
Suas ideias – já que ele não 
deixounada escrito – chegaram 
até nós graças, principalmente, 
aos textos de Platão. Principal 
discípulo de Sócrates, Platão usará 
as ideias do mestre para formular 
um dos mais completos sistemas 
de pensamento que o Ocidente co-
nheceu. Muitos chegam a afirmar 
que não se disse nada de original 
depois de Platão. Exageros à parte, 
um pouco dessa fascinante traje-
tória será o assunto das próximas 
aulas.
em praça pública. Os cidadãos eram convocados para votar 
quando havia um assunto que fosse de interesse comum. 
Com isso, os gregos exerciam um tipo de democracia na qual
a) todos os cidadãos votavam em um grupo seleto pre-
viamente indicado que dava a palavra final sobre temas 
específicos.
b) o conjunto dos cidadãos convocados a votar variava con-
forme a gravidade do assunto e os interesses em disputa.
c) os eleitores podiam recorrer da decisão quando era 
realizada a votação de um assunto de interesse comum.
d) eram considerados cidadãos todos os homens que viviam 
na cidade, e excluídas da cidadania todas as mulheres.
e) todos os cidadãos tinham participação direta em todas 
as decisões que fossem de interesse comum.
02.03. (CESPE – UnB) – Considerando o contexto histórico 
da democracia ateniense, assinale a opção correta.
a) A concepção ateniense de democracia na antiguidade 
grega atribuía a todos os habitantes da cidade o título 
de cidadãos.
b) A ideia de justiça, sobre a qual se funda a democracia, 
exigia que todos fossem considerados iguais. Seguin-
do esse ideário igualitário, a sociedade ateniense 
esforçava-se para que não houvesse estratificação 
social na sua população.
Por isso também Sócrates aceitou a sentença de morte sem contestar e 
sem buscar atenuante e nem mesmo a fuga, embora sugerida pelos amigos. 
A coerência entre pensar e agir era a síntese do pensamento do filósofo. 
DAVID, Jacques Louis. A morte de Sócrates. 1787. 1 óleo sobre tela, color.; 129,5 cm x 196,2 cm. 
Metropolitan Museum of Art, Nova Iorque, Estados Unidos.
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O aparecimento da filosofia na Grécia não foi um 
fato isolado. Estava ligado ao nascimento da pólis.
Marcelo Rede. A Grécia Antiga, 2012.
A relação entre os surgimentos da filosofia e da pólis na Grécia 
Antiga é explicada, entre outros fatores,
a) pelo interesse dos mercadores em estruturar o mercado 
financeiro das grandes cidades.
b) pelo esforço dos legisladores em justificar e legitimar o 
poder divino dos reis.
c) pela rejeição da população urbana à persistência do 
pensamento mítico de origem rural.
d) pela preocupação dos pensadores em refletir sobre a 
organização da vida na cidade.
e) pela resistência dos grupos nacionalistas às invasões e ao 
expansionismo estrangeiro.
02.02. (FCC – SP) – Democracia é uma forma de governo 
que nasceu na Grécia antiga. Para os gregos, os interesses 
dos cidadãos e da cidade eram decididos em assembleia 
Aula 02
17Filosofia 1
c) A concepção de democracia na Atenas do século 
VIII a.C. não pode ser identificada com a concepção de 
democracia moderna nem pode ser identificada com 
um igualitarismo social tomado em sentido moderno.
d) A ideia de liberdade, sobre a qual também se funda 
a democracia, exigia que todos fossem considerados 
como cidadãos livres. Portanto, faziam-se esforços 
para que os escravos fossem reconhecidos em sua 
dignidade de seres humanos e fossem libertados do 
regime de escravidão.
e) Os trabalhadores eram respeitados como sujeitos de 
direito civis e políticos e exaltados como agentes de 
transformação social.
02.04. (CESGRANRIO – RJ) – Na democracia da pólis, cujo 
exemplo maior é o da Atenas no século IV a.C., muito pou-
cos de fato poderiam ser considerados cidadãos, estando 
excluídos da participação política:
a) escravos, crianças, mulheres e homossexuais.
b) mulheres, crianças, escravos e estrangeiros.
c) mulheres, escravos e os mais pobres.
d) homens, mulheres e crianças.
e) todos que não servissem ao exército.
Aperfeiçoamento
02.05. (UEG – GO) – No século V a.C., Atenas vivia o auge 
de sua democracia. Nesse mesmo período, os teatros esta-
vam lotados, afinal, as tragédias chamavam cada vez mais 
a atenção. Outro aspecto importante da civilização grega 
da época eram os discursos proferidos na ágora. Para obter 
a aprovação da maioria, esses pronunciamentos deveriam 
conter argumentos sólidos e persuasivos. Nesse caso, alguns 
cidadãos procuravam aperfeiçoar sua habilidade de discur-
sar. Isso favoreceu o surgimento de um grupo de filósofos 
que dominavam a arte da oratória. Esses filósofos vinham 
de diferentes cidades e ensinavam sua arte em troca de 
pagamento. Eles foram duramente criticados por Sócrates 
e são conhecidos como:
a) maniqueístas (bem ou mal)
b) hedonistas (busca pelo prazer)
c) epicuristas
d) sofistas
02.06. (FUNCAB – RJ) – Os sofistas, mestres da retórica e da 
oratória, opunham-se aos pressupostos de que as leis e os 
costumes sociais eram de caráter divino e universal. 
Deu-se assim, entre eles, o: 
a) naturalismo. 
b) relativismo. 
c) ceticismo filosófico. 
d) cientificismo. 
e) racionalismo. 
02.07. Na Grécia antiga, principalmente na cidade de 
Atenas no século V a.C., desenvolveu-se uma corrente de 
pensadores conhecidos como Sofistas. Tidos como “sábios”, 
eram pagos para ensinar os jovens principalmente à arte 
da argumentação. ”Sofista” é o termo que significa sábio, 
especialista do saber. 
Sobre os sofistas é correto afirmar:
a) Eram professores viajantes que, por determinado preço, 
vendiam ensinamentos práticos.
b) Eram sábios, detentores de alto saber filosófico.
c) Interessavam-se pelo saber autêntico das coisas.
d) Tinham como objetivo desenvolver o poder da argumen-
tação, baseado na verdade real e na essência das ideias.
e) Eram filósofos que estudaram na escola de Platão.
02.08. “O homem é a medida de todas as coisas.” Vimos em 
sala que um dos principais Sofistas que viveu em Atenas foi 
Protágoras de Abdera, a quem se atribui a afirmação acima. 
Sobre sua correta interpretação, considere:
I. Protágoras é considerado o ”pai dos sofistas”, uma vez 
que seus discípulos seguiam a sua frase citada acima.
II. Protágoras quis dizer que a verdade só é verdade na 
medida em que alguém a considera como tal.
III. Podemos dizer que Protágoras não acredita na verdade 
absoluta, pois para ele as coisas só são verdadeiras para 
um indivíduo, que a interpreta como tal, e não de maneira 
coletiva, por todos.
a) Todas são verdadeiras.
b) Apenas a I é falsa.
c) Apenas a II é falsa.
d) Apenas a III é falsa.
e) Apenas a II é verdadeira.
02.09. (UNIMONTES – MG) – 
Via de regra, os sofistas eram homens que tinham 
feito longas viagens e, por isso mesmo, tinham 
conhecido diferentes sistemas de governo. Usos, 
costumes e leis das cidades-estados podiam variar 
enormemente. Sob esse pano de fundo, os sofistas 
iniciaram em Atenas uma discussão sobre o que 
seria natural e o que seria criado pela sociedade.
GAARDER, J. O Mundo de Sofia. São Paulo: Companhia das Letras, 1995.
Sobre os sofistas, é incorreto afirmar que:
a) eles tiveram papel fundamental nas transformações 
culturais de Atenas.
b) eles se dedicaram à questão do homem e de seu lugar 
na sociedade.
c) eles eram mercenários e só visavam ao lucro na arte de 
ensinar.
d) eles foram os primeiros a compreender que o ”homem é 
medida de todas as coisas”.
18 Extensivo Terceirão
Sobre o contexto histórico e sociopolítico que marca o 
debate entre Sócrates e os sofistas, conforme aludido no 
texto, considere as afirmativas a seguir. Nele encontramos:
I. Debate com atenção voltada para as questões que alme-
jam assegurar os fundamentos da natureza.
II. Tematização das questões de ordem metafísica com a 
pretensão de racionalização do divino.
III. O interesse pela problemática ético-política perpassa o 
debate que marca o contexto de ambos.
IV. Compromisso bastante direto, ainda que com posiciona-
mentos distintos, em relação ao exercícioda democracia.
Assinale a alternativa correta.
a) Somente as afirmativas I e II são corretas.
b) Somente as afirmativas I e IV são corretas.
c) Somente as afirmativas III e IV são corretas.
d) Somente as afirmativas I, II e III são corretas.
e) Somente as afirmativas II, III e IV são corretas.
Aprofundamento
02.11. (UNICENTRO – PR) – Analise as assertivas e assinale a 
alternativa que aponta as corretas.
I. Assim como os sofistas, Sócrates dizia que a verdade 
existe e podemos conhecê-la. Eis porque suas preleções 
eram aulas onde essa verdade era ensinada. Tais preleções 
eram solilóquios, isto é, apenas Sócrates falava enquanto 
os outros o escutavam.
II. Tanto para Sócrates quanto para os sofistas, o conheci-
mento não é um e stado (o estado da sabedoria), mas 
um processo, uma busca, uma procura da verdade. Isso 
não significa que a verdade não exista, e sim que deve ser 
procurada e que sempre será maior do que nós.
III. Como os sofistas, Sócrates se interessa pela virtude. 
Todavia, os sofistas, mantendo-se no plano dos costu-
mes estabelecidos, falavam da virtude no plural, isto é, 
falavam de virtudes (coragem, temperança, amizade, 
justiça, piedade, prudência), mas Sócrates fala no sin-
gular: a virtude.
IV. Diferentemente dos sofistas, Sócrates mantém a separa-
ção entre aparência e realidade, entre percepção sensorial 
e pensamento. Por isso, sua busca visa alcançar algo muito 
preciso: passar da multiplicidade das aparências opostas, 
da multiplicidade das percepções divergentes, à unidade 
da ideia (que é a definição universal e necessária da coisa 
procurada).
a) Apenas I e III.
b) Apenas II e III.
c) Apenas IV.
d) Apenas III e IV.
e) Apenas II, III e IV.
02.12. (UNCISAL – AL) – Na Grécia Antiga, o filósofo Sócrates 
ficou famoso por interpelar os transeuntes e fazer perguntas aos 
que se achavam conhecedores de determinado assunto. Mas 
durante o diálogo, Sócrates colocava o interlocutor em situação 
delicada, levando-o a reconhecer sua própria ignorância. Em 
virtude de sua atuação, Sócrates acabou sendo condenado à 
mortes sob a acusação de corromper a juventude, desobedecer 
às leis da cidade e desrespeitar certos valores religiosos.
Considerando essas informações sobre a vida de Sócrates, 
assim como a forma pela qual seu pensamento foi transmi-
tido, pode-se afirmar que sua filosofia:
a) transmitia conhecimentos de natureza científica. 
b) baseava-se em uma contemplação passiva da realidade.
c) transmitia conhecimentos exclusivamente sob a forma 
escrita entre a população ateniense.
d) ficou consagrada sob a forma de diálogos, posteriormente 
redigidos pelo filósofo Platão.
e) procurava transmitir às pessoas conhecimentos de na-
tureza mitológica
02.13. (UFU – MG) – A respeito do método de Sócrates, assinale 
a alternativa que apresenta a definição correta de maiêutica.
a) Um método sintético, que ignora a argumentação dos 
interlocutores e prontamente define o que é o objeto 
em discussão.
b) Uma estratégia sofística, que é empregada para educar 
a juventude na prática da retórica, visando apenas ao 
ornamento do discurso.
c) Um método analítico, que interroga a respeito daquilo 
que é tido como a verdadeira justiça, o verdadeiro belo, 
o verdadeiro bem.
d) Uma iluminação divina, que deposita na mente do filósofo 
o conhecimento profundo das coisas da natureza.
02.14. (UNESPAR – PR) – Platão, filósofo grego e um dos pensa-
dores mais influentes da história da filosofia, deixou quase toda sua 
filosofia escrita em forma de diálogos. Na maioria deles, Sócrates 
é a personagem principal que debate com demais interlocutores 
os temas relevantes que constituem, de certa forma, o todo da 
filosofia de Platão. A forma de diálogo pode ser caracterizada como:
a) A demonstração de que Platão e os autores de sua época 
desconheciam outra forma de escrita;
b) Apenas uma forma que facilitava lembrar o texto, visto 
que se tratava de uma cultura da oralidade;
c) Uma estratégia adequada que privilegiava a construção 
do pensamento de forma dialética através da maiêutica 
socrática;
d) A demonstração de que Platão não dominava completa-
mente os problemas que ele discutia e, por isso, precisava 
recorrer às ideias de outras pessoas;
e) Uma estratégia pedagógica para facilitar o uso das obras 
na Academia, escola fundada por Platão.
O pensamento de Sócrates e dos sofistas deve ser 
entendido, portanto, tendo como pano de fundo 
o contexto histórico e sociopolítico de sua época, 
pois tem um compromisso bastante direto e ex-
plícito com essa realidade.
MARCONDES, D. Iniciação à História da Filosofia. Dos Pré-Socráticos a Witt-
genstein. Rio de Janeiro: Zahar, 2007. p.40.
02.10. (UNICENTRO – PR) – Leia o texto a seguir.
Aula 02
19Filosofia 1
Dentre as características da filosofia socrática inferidas dos 
escritos de Platão, o trecho acima retrata:
a) o uso da dialética como meio de alcançar as verdades 
imutáveis da alma.
b) o constante recurso a analogias e abundantes exemplos 
para testar definições.
c) a crença na reminiscência ou recordação como meio de 
acessar o conhecimento.
d) a convicção de que a investigação se inicia com um 
reconhecimento do não saber.
02.16. (CESPE – UnB) – O método filosófico de Sócrates 
consiste em:
a) afastar-se do mundo, para meditar melhor a respeito 
das ideias, que são a realidade fundamental da natureza.
b) ver, em todos os seres, a união indissolúvel da matéria 
unida à forma, tomando a natureza e os seus reinos como 
objetos de estudos.
c) alegar a própria ignorância para, na interlocução com os 
que julgam saber mais, descobrir a verdade.
d) duvidar de toda a realidade para, então, a partir do próprio 
pensamento, construir um sistema de conhecimento que 
considere correto, tendo, por consequência, a convicção 
da própria existência.
02.17. (PUCPR) – Leia os enunciados abaixo a respeito do 
pensamento filosófico de Sócrates.
I. O texto Apologia de Sócrates, cujo autor é Platão, apre-
senta a defesa de Sócrates diante das acusações dos 
atenienses, especialmente, os sofistas, entre os quais está 
Meleto.
II. Sócrates dispensa a ironia como método para refutar as 
acusações e calúnias sofridas no processo de seu julga-
mento.
III. Entre as acusações que Sócrates recebe está a de “cor-
romper a juventude”.
IV. Sócrates é acusado de ensinar as coisas celestes e terrenas, 
a não acreditar nos deuses e a tornar mais forte a razão 
mais débil.
V. Sócrates nega que seus acusadores são ambiciosos e re-
solutos e, em grande número, falam de forma persuasiva 
e persistente contra ele.
Assinale a alternativa que apresenta apenas as afirmativas 
CORRETAS.
a) II, IV e V.
b) I, III e IV.
c) I, III e V.
d) II, III e V.
e) I, II e III.
02.18. (CESPE – UnB) – 
“SÓCRATES: E agora, Mênon, vê que progressos 
ele já fez em termos de memória? De início não 
sabia que linha forma a figura de oito pés e mes-
mo agora não sabe, mas antes achava que sabia e 
respondeu confiante como se soubesse, sem ter 
consciência das dificuldades; ao passo que agora 
sente a dificuldade em que se encontra e, além de 
não saber, não acha mais que sabe.”
PLATÃO. Mênon. In: MARCONDES, Danilo. Textos básicos de filosofia. Rio de 
Janeiro: Jorge Zahar, 1999, p. 35.
02.15. (CPII – RJ) – 
Sócrates experimentara o filosofar como póle-
mos, isto é, o embate e combate pela evidência 
e verdade (aletheia), contra o perigo da aparên-
cia e da opinião (doxa). E pautara esse filosofar 
“polêmico” (no sentido acima) no exercício do 
diálogo. Do diálogo socrático fazia parte a ironia. 
“No uso comum, a palavra ironia tem uma gama 
infinita de sentidos. Mas em todos eles perpas-
sa uma atitude mental que considera o conhe-
cimento uma névoa que embacia e deforma a 
realidade. Nossa existência-no-mundo, forma-
da a partir dessa névoa, torna-se terrivelmente 
mesquinha. O pensador irônico percebe a mes-
quinhez de tal existência. Sócrates foi mestre da 
ironia porque, na discussão das palavras, condu-
zia a todos à evidência e à convicçãodo ‘sei que 
nada sei’”.
Arcângelo R. Buzzi. Filosofia para principiantes: a existência humana no 
mundo. Petrópolis: Vozes, p. 82, 9.ª ed., 1998, p. 82 (com adaptações).
De acordo com as ideias apresentadas no texto acima, assi-
nale a opção correta.
a) A ironia em Sócrates tinha um sentido meramente 
depreciativo e, nesse sentido, era idêntica ao sarcasmo 
puro e simples.
b) Toda opinião é necessariamente falsa, pois é baseada na 
aparência, e não na essência das coisas.
c) Para Sócrates, como educador, o importante era que 
o homem se tornasse capaz de ter opiniões sobre a 
realidade.
d) A ironia socrática era o modo de interrogar por meio do 
qual Sócrates levava o seu interlocutor ao reconhecimento 
de sua própria ignorância, fazendo a crítica das opiniões 
baseadas nas aparências assumidas pelos homens no 
cotidiano.
e) Na concepção socrática, o não saber é mera ignorância, 
portanto é o maior impedimento ao pensamento filo-
sófico.
20 Extensivo Terceirão
Gabarito
02.01. d
02.02. e
02.03. c
02.04. b
02.05. d
02.06. b
02.07. a
02.08. a
02.09. c
02.10. c
02.11. d
02.12. d
02.13. c
02.14. c
02.15. d
02.16. c
02.17. b
02.18. d
02.19. e
02.20. a
Sócrates [...] é culpado de corromper os moços 
e não acreditar nos deuses que a cidade admite, 
além de aceitar divindades novas (24b-c). 
Ao final do escrito de Platão, Sócrates diz aos juízes: 
Mas, está na hora de nos irmos: eu, para morrer; 
vós, para viver. A quem tocou a melhor parte, é 
o que nenhum de nós pode saber, exceto a divin-
dade. (42a). 
PLATÃO. Apologia de Sócrates. Trad. Carlos Alberto Nunes. Belém: EDUFPA, 
2001. p. 122-23; 147.
c) A acusação a Sócrates pauta-se na identificação da insufi-
ciência dos seus argumentos, e a corrupção que provoca 
resulta das contradições do seu pensamento.
d) A crítica de Sócrates à tradição sustenta-se no repúdio às 
instituições que devem ser abandonadas em benefício da 
liberdade de pensamento.
e) A sentença de morte foi aceita por Sócrates porque morrer 
não é um mal em si e o livre pensar permite apreender 
essa verdade.
02.20. (UNICAMP – SP) – A sabedoria de Sócrates, filósofo 
ateniense que viveu no século V a.C., encontra o seu ponto de 
partida na afirmação “sei que nada sei”, registrada na obra Apo-
logia de Sócrates. A frase foi uma resposta aos que afirmavam 
que ele era o mais sábio dos homens. Após interrogar artesãos, 
políticos e poetas, Sócrates chegou à conclusão de que ele se di-
ferenciava dos demais por reconhecer a sua própria ignorância.
O “sei que nada sei” é um ponto de partida para a Filosofia, pois:
a) aquele que se reconhece como ignorante torna-se mais 
sábio por querer adquirir conhecimentos.
b) é um exercício de humildade diante da cultura dos sábios 
do passado, uma vez que a função da Filosofia era repro-
duzir os ensinamentos dos filósofos gregos.
c) a dúvida é uma condição para o aprendizado e a Filosofia 
é o saber que estabelece verdades dogmáticas a partir de 
métodos rigorosos.
d) é uma forma de declarar ignorância e permanecer distante 
dos problemas concretos, preocupando-se apenas com 
causas abstratas. 
Com base no texto e nos conhecimentos sobre a disputa 
entre filosofia e tradição presente na condenação de Sócrates, 
assinale a alternativa correta.
a) O desprezo socrático pela vida, implícito na resignação à 
sua pena, é reforçado pelo reconhecimento da soberania 
do poder dos juízes.
b) A aceitação do veredito dos juízes que o condenaram à 
morte evidencia que Sócrates consentiu com os argu-
mentos dos acusadores.
Desafios
02.19. (UEL – PR) – Sócrates, Giordano Bruno e Galileu fo-
ram pensadores que defenderam a liberdade de pensamento 
frente às restrições impostas pela tradição. Na Apologia de 
Sócrates, a acusação contra o filósofo é assim enunciada: 
21Filosofia 1
Filosofia
1Aula 03
Platão 
As duas primeiras ideias
Platão (que na verdade se chamava Arístocles) era filho 
de uma família nobre, acostumada ao exercício dos cargos 
públicos. Porém, o acontecido com Sócrates leva Platão 
a se afastar de Atenas e partir para uma cidade próxima, 
Megara. Depois irá para a Sicília, onde orienta e influencia 
o rei local (numa relação que não foi bem-sucedida para 
o filósofo). Quando volta para Atenas, funda uma escola, 
a Academia, com o objetivo de formar novos cidadãos 
para a cidade cuja democracia havia rebaixado a política 
a arranjos e negociatas e, na opinião de Platão, a decisões 
tomadas pela massa ignorante e sem conhecimento.
Sua inconformidade era particularmente voltada con-
tra os sofistas. O subjetivismo e o relativismo, o apren-
dizado da retórica para obter a adesão dos espíritos, a 
transformação da razão mais fraca em razão mais forte, 
como apregoava Protágoras, doía aos ouvidos de Platão.
Platão não aceitava isso. Tinha que existir um parâ-
metro que não variasse de homem para homem, mas 
que subjugasse todas as ações, um parâmetro objetivo, 
universal, cujo fim fosse um Bem que não fosse útil ou 
prazeroso, apenas um Bem em si. Ao contrário de Pro-
tágoras e sua máxima “O homem é a medida de todas 
as coisas”, Platão buscava uma medida à qual todos os 
homens se submetessem. E qual seria essa medida? 
Como alcançá-la?
Influências
No período no qual passou no sul da Itália, Platão 
conheceu melhor três importantes filosofias da época e 
nelas buscou fundamento para sua própria filosofia: 
 • Em Parmênides buscou as características da realida-
de verdadeira: imutáveis e eternas. 
 • Em Demócrito, a ideia de que o verdadeiro não é um 
só, mas, múltiplo. 
 • Em Pitágoras, a noção de que a verdade só pode 
ser expressa abstratamente, sem a necessidade de 
contato com a experiência e que a matemática seria 
o meio mais adequado dessa expressão.
As Ideias (como Platão as chamou) são, portanto, 
modelos verdadeiros, imutáveis e eternos, cujo conhe-
cimento só é possível pela razão treinada. Essa razão 
treinada é a única capaz de estabelecer relações entre 
essas Ideias, reconhecendo a identidade ou diferença 
entre elas, a hierarquia, a compatibilidade, etc.). Essa 
capacidade de relacionar as Ideias, Platão chamou de 
dialética. Até então essa palavra era usada como a ca-
pacidade de esclarecer os termos de um diálogo, usada 
por Sócrates e que Platão considerava muito importante 
para chegar a uma Ideia, desbaratando as opiniões em 
torno de um conceito. Mas, a dialética platônica era mais 
do que isso: era o diálogo com a realidade das Ideias, o 
conhecimento de um mundo cuja entrada só era possí-
vel aos filósofos mais dedicados e profundos. Era o reino 
do conhecimento verdadeiro.
Uma coisa era importante para Platão: todas as Ideias 
confluíam para o Bem. Isso conferia ao seu pensamento 
um caráter teleológico, ao contrário dos primeiros filóso-
fos (pensadores da cosmogonia, lembra?), de Tales a De-
mócrito, que não viam finalidade nos seres, concebendo 
a realidade como uma circunstância. Platão não podia 
imaginar a realidade sem um fim e esse fim era o Bem. 
É fato que ele nunca descreveu exatamente de que bem 
se tratava, mas não tinha relação com bens subjetivos 
ou políticos ou econômicos ou culturais. Tratava-se de 
um estado no qual a razão, no grau mais elevado de sua 
capacidade, atingia. 
Na medida em que as Ideias eram imutáveis e eternas, 
elas não pertenciam à realidade que experimentávamos. 
Tratava-se de uma realidade superior mas não tangível, 
perceptível aos sentidos. Por isso, afirmava Platão, Herá-
clito podia afirmar que o que vemos é um vir a ser e que 
não podemos nos banhar duas vezes nas mesmas águas. 
É fato. O mundo da experiência é mutável e perecível e a 
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22 Extensivo Terceirão
ele cabem as considerações de Heráclito. Mas, essa é uma 
parte da realidade e não toda a realidade. 
Há um mundo das Ideias, formado pelos modelos 
das coisas que vemos e sentimos, só que nesse mundo 
esses modelos são as coisas perfeitas. Um exemplo são 
os polígonos, figuras abstratas cujo conhecimento é 
dado à razão, figuras perfeitas

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